O poema “Ode ao burguês” reúne em si características predominantes
na primeira fase do modernismo brasileiro, Mário de Andrade como modernista da primeira geração (1922-1930) – pretende ‘destruir’ os padrões da arte conservadora, com o objetivo de criar uma ‘arte nova’, ‘mais livre’. No poema, podemos observar algumas dessas características: versos livres, estrofes heterogêneas, linguagem coloquial e agressiva, demonstrando o anseio do autor em destruir as muitas convenções burguesas. O que marca esse período é a construção de uma literatura genuinamente brasileira, que fala de seu povo, de seus costumes, ou seja, uma linguagem livre de arcadismos que aborda temas como o bom humor, a vida cotidiana, o nacionalismo e a ironia, rompendo com os padrões estéticos do passado através do uso da liberdade de expressão. Na função poética o que prevalece são palavras com funções estéticas, sendo trabalhadas de tal maneira que chame a atenção do leitor pois, é comunicada de forma que atrai o leitor, utilizando o sentido conotativo ou figurada. Em ‘Ode ao burguês’, predominantemente vemos o uso da função estética de tal maneira que ao valorizar o texto produzido por Oswald de Andrade, combinado com as figuras de linguagens encontradas no poema, a lírica moderna faz um paralelo promovendo uma ruptura com a lírica clássica, estilo europeia. O poema difunde ainda, ideias da arte popular, abrindo espaço para uma supremacia de linguagem, trazendo à tona mais da brasilidade, dos problemas encontrados na sociedade brasileira e não na sociedade europeia, como era de costume. Sendo assim, o poema fala de São Paulo, dos burgueses, da relação sociedade e dinheiro, dessa visão do Brasil sempre tentando importar costumes franceses, italianos, o que sobrou da colonização, os dominantes versus dominados; lembrando a nossa regionalidade quando fala dos lampiões, dos barões, comparando-os com os condes, duques e a moeda como troca-de-valia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIRMAN, Joel. Arquivo do modernismo e brasilidade em Mário de
Andrade. Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 54.2, p. 326-356, 2022.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Língua e Literatura. Revista dos
Departamentos de Letras da faculdade de Filosofia, letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Humanitas FFLCH/USP – outubro 2013.