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SENTIDO DA ORAÇÃO AMATSU-NORITO

A Amatsu-Norito é uma oração tradicional de caráter milenar entoada pelo povo


japonês, principalmente os seguidores do xintoísmo(1), ao longo do tempo. Segundo o
Departamento de Teologia da Sede Geral (15.06.71), acredita-se que Meishu-Sama
tenha adotado essa oração pela profundidade de seu sentido.
Por ser uma oração tão antiga, não há como precisar há quanto tempo foi
escrita, e nem quantas versões ela já gerou através dos diversos dialetos existentes no
Japão.
“Consta-se que vem sendo preservada como documento histórico a partir da Era
Heian (794-1192). É um importante documento que, seja como profecia, seja como
parte do folclore, da História e da literatura japonesa, preserva o passado, integra-se
no presente e desvenda o futuro do povo japonês.”(D.T)
Seu significado, como já expomos é bastante divergente segundo as diversas
facções do xintoísmo, literatos e pesquisadores de costumes japoneses antigos. Isso,
porque, com o tempo, as palavras evoluíram, a língua também mudou, fazendo com
que a compreensão da Amatsu-Norito(2) ficasse mais difícil mesmo para especialistas.
Meishu-Sama escreveu que “a oração Amatsu-Norito remonta uma época
anterior à de Jinmu, o primeiro Imperador do Japão. Foi escrita por um deus da
linhagem de Amaterassu-Oomikami(3), adorado pelo clã Yamato(4) e por isso suas
palavras possuem um espírito muito elevado e uma ação intensa, tendo o poder de
purificar o Céu e a Terra.”
E como observamos que a essência da Oração Amatsu-Norito é a crença no
espírito da palavra, colocamos o que Meishu-Sama nos diz sobre isso:
“O espírito das palavras emitidas pelo homem exerce uma influência muito
grande sobre todas as coisas. São inumeráveis as palavras relacionadas com o Mal, isto
é, aquelas que se usam para dizer mentiras, proferir lamúrias ou criticar o próximo. Tais
palavras geram máculas no Mundo Espiritual. Quando o acúmulo dessas máculas
ultrapassa determinado limite, surge uma espécie de toxina nociva à vida do ser
humano. Em conseqüência disso, sobrevém uma ação purificadora natural e
espontânea, que é uma Lei do Universo.”
“O Mundo Espiritual, maculado pelo Mal, pode ser purificado através de palavras
benignas , que, em forma de Luz, atuam sobre as máculas, dissolvendo-as. Como
exemplo, temos os hinos cristãos, sutras budistas, orações xintoístas etc., cujas
palavras de amor e louvor, purificam o Mundo Espiritual.”
“O nosso espírito purifica-se quando proferimos boas palavras, principalmente
quando pronunciamos o nome de Deus. Quando nós O evocamos, mesmo que Ele não
se faça presente, manifesta-se em seu lugar, uma divindade subalterna. Esse é o
motivo pelo qual, na oração Amatsu-Norito, são enunciados os nomes dos deuses.”
Assim, após essa análise, o D.T. diz que “devemos nos conscientizar de que o
Poder Divino(*) só se manifestará com a máxima intensidade quando houver a união
das três práticas: a oração Amatsu-Norito entoada com sinceridade, o Johrei ministrado
em atitude de prece e a dedicação sincera.”

(1) Xintoísmo, ou Xintó, é um nome produzido no século VI a partir da palavra


chinesa “shen” (ser divino) e “tao” (caminho), mas no japonês nativo isso foi traduzido
como “Kami no miti”, ou “Kan nagara no miti”, que significa o “caminho do Kami” ou o
“caminho de acordo com a vontade de Kami (Deus)”.
“Kami” ,na definição de Meishu-Sama, significa “Ka”(fogo) e mi (água), ordenado em
espírito e matéria (ou meio-matéria). A verdadeira força de Deus seria fruto da união
dessas forças vertical e horizontalmente.
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(2) “Oração do Céu”

(3) Amaterassu ou Amaterasu, a deusa do sol, é o Kami Supremo, ou Poder


Sagrado, do panteão xintoísta. Diz-se que ela é filha de Izanami e Izanagui, os
criadores do mundo japonês. Acredita-se que a linhagem Imperial japonesa descenda
dela. Jimmu, o primeiro Imperador do Japão era neto de seu neto.
Segundo a lenda, Amaterassu se retirou para uma caverna, depois que seu irmão
Susanoo(5), o deus do mar, jogou um potro esfolado pela janela do quarto onde ela
tecia. Quando ela desaparece, o mundo é envolvido em trevas eternas, abrindo o
caminho para que os deuses perversos (jashin) praticassem o mal e criassem o caos.
Os deuses do bem (seishin), na tentativa de retorno da
ordem e Luz, criam uma estratégia para que Amaterassu,
por curiosidade, saísse da caverna. Sua curiosidade é que
ouvira risos e achou estranho pois no caos não haveria
motivo de risos.
Ao sair, na 1ª abertura do Portal Rocha do Céu,
Amaterassu ofusca os deuses com a sua Luz. Os deuses do
mal tentaram tapeá-la usando um espelho, pois queriam
que ela achasse que havia um deus mais brilhante do que
ela. No entanto, os deuses do bem, a fim de evitar que ela
voltasse à caverna, cercaram a sua entrada com cordas, as
“shimenawa”, usadas hoje para mostrar que algo é sagrado.
Quando Amaterassu saiu da caverna, portava o colar,
presente de seu pai Izanagui, quando incumbiu sua filha do
“Taka ama hara”, ou “Takamo no Hara”, que seria o
“Governo dos Céus”. Trazia também a espada que seria
futuramente passada ao Imperador, seu descendente.
Atualmente, esses objetos fazem parte das insígnias imperiais e se encontram no
santuário de Atsuta, próximo a Nagóia.
A data de nascimento de Amaterassu, segundo Meishu-sama seria dia 15 de
junho, “quando o Sol nasce”.

(4) O Príncipe Shotoku (573-621 d.C) atuou como regente para sua tia, a
Imperatriz Suiko, e redigiu o 17º artigo da Constituição (em 604), a fim de aplicar as
crenças budistas e confucionistas no Japão. O processo foi aprofundado pela reforma
Taika, que começou em 645. Com a reforma, o Imperador foi declarado Filho do Céu,
descendente da deusa do sol Amaterasu, portanto, o governante divino.
No Templo Horyu dedicado ao Príncipe Shotoku, chamado de “Pavilhão do
Sonho”, encontra-se uma imagem onde está escrito “Kannon da Salvação do Mundo”,
cuja leitura em japonês é “Gusse Kannon” ou “Kyussei Kannon”. Para divulgar o
Budismo ele utilizou a arte, construindo o Pavilhão das Sete Torres. “Por isso as belas-
artes budistas daquela época eram muito intensas.”
O povo Yamato tem origem no Monte Fuji e é considerado da linhagem do Sol,
chamado pelo mestre de “o povo do dia”.

(5) Susanoo ou Sussano-no-Mikoto é o ancestral da cultura material, dos judeus.


Assim, pode-se dizer que o povo israelita é filho de Sussano e ele corresponde ao povo
judeu.

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(*) Poder Divino, Poder Kannon (aquele que olha os lamentos do mundo)-
Oriente, ou o Poder do Messias (Cristo, em grego que significa “o escolhido” ou o
“ungido”) são a mesma coisa. O poder daquele que salva a humanidade.

A idéia central da oração Amatsu-Norito é de uma súplica partida dos homens:

“Ó, deuses da purificação, criados por ordem do Pai e da Mãe que habitam o
Céu, justamente quando o deus Izanagui-no-mikoto se banhou na foz estreita de um
rio coberto por árvores permanentemente frondosas, na região Sul! Com todo respeito
e do fundo do coração pedimos que nos ouçam, tal como o equino, que ouve atento,
com os ouvidos aguçados, e, juntamente com os demais deuses do Céu e da Terra,
purifiquem todas as maldades, desgraças e pecados.

Miroku Oomikami (nome de Deus)(6), protegei-nos e concedei-nos a felicidade!


Oshie-Mi-Oya-Nushi-No-Kami (o salvador), protegei-nos e concedei-nos a
felicidade!

De acordo com a Vossa vontade, aumentai a bem-aventurança de nossas


almas.”

(6) Mikoto tem duas formas. A primeira corresponde ao ser humano mais
elevado e normalmente coloca-se esse título após a morte. A Segunda forma de Mikoto
é colocado no ser humano, que em vida, tinha posição e é hierarquicamente superior à
primeira forma. Um exemplo dessa última forma é Susanoo-no-Mikoto. Quando um
deus nasce sob a forma humana também usa Mikoto.
Ookami trata-se do Deus Supremo (Miroku Oomikami, Izunome Ookami) e Kami
é um deus comum.

“Taka ama hara”

Era costume dizer “Taka maga hara”, mas Meishu-Sama aconselhou “Taka ama
hara”, pois o espírito da palavra “maga” não era muito bom. Ensinou o mestre, que a
expressão designava “o melhor local de qualquer lugar, ou seja, o mais puro, o mais
sagrado.” Seria talvez, o que nós chamamos de Céu. Numa casa típica japonesa, seria o
“tokonoma” (altura de uma degrau em determinado cômodo da casa). Se nesse
cômodo houvesse o altar da Luz Divina, e lá se orasse, o tokonoma passaria a ser o
Céu desta casa.
Portanto, “Taka ama hara” é o local mais elevado, nobre e sagrado do Mundo
Divino.

“Kamurogui Kamuromi no-Mikoto”

“Kamu” como “Kami” significam deus, a sílaba “ro” é apenas para facilitar a
entonação e “gui” (ki) e “mi” identificam, respectivamente os sexos masculino e
feminino. Segundo Meishu-Sama, “os deuses Kamurogui e Kamuromi simbolizam Pai e
Mãe, espírito e matéria, positivo e negativo, esquerda e direita, homem e mulher. Pode-
se dizer que formam um casal. Doravante eles serão identificados com os deuses
Izanagui e Izanami, que são os ancestrais do povo japonês.”
Antes de aparecer nos ensinamentos essa versão, havia referências aos deuses
Takami-Mussubi e Kamumi-Mussubi.
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“Sume mi oya Kamu Izanagui-no-Mikoto”

A palavra “Sume” significa sagrado, sendo um tratamento de respeito ao deus


ancestral. Izanagui-no-Mikoto é considerado por Meishu-
Sama, o ancestral mais puro e mais sagrado, o Senhor
da vida e da humanidade.
A lenda de Izanagui e Izanami é uma das mais
importantes encontradas na coletânea sagrada chamada
“Kojiki”.
De acordo com a lenda, Izanagui e Izanami, a
última das sete gerações de deuses, foram mandados
pelas divindades celestiais para “completar e solidificar a
terra à deriva”. Izanagui mergulhou o seu arpão do céu
dentro do oceano e depois o retirou, e a água salgada
que dele pingou, coagulou-se, formando a primeira ilha,
Ono-goro-jima. Os dois se tornaram então, marido e
mulher e deram à luz as ilhas do Japão, bem como a
vários deuses, entre eles os do vento, das montanhas e
do fogo.
Ao dar à luz o deus do fogo, Izanami morre.
Izanagui, após cortar o deus do fogo em cinco pedaços,
vai encontrá-la no inferno. Izanami, sente-se ofendida
por ter sida seguida e ordena aos deuses que o
persigam, mas ele escapa.
Assim, ao parar, Izanagui lava o seu olho
esquerdo, nascendo Amaterasu, a deusa do sol, e
quando lava o seu olho direito nasce a deusa da lua.
(Tenho a impressão, que a expressão “lavar o olho”
refere-se ao ato de verter lágrimas pela tristeza da
perda definitiva da amante Izanami)
Existe uma frase no Kojiki que diz que a Coluna do
Céu foi virada por ambos os deuses. Inicialmente Izanami, a deusa esposa virou para
direita e o mundo não foi bem. Havia falhado, girando a favor da cultura material
(sendo, na minha opinião, a razão dela ter ido ao Inferno). Izanagui a repreendeu e
girou o mundo para a esquerda. Girar para direita é colocar a matéria diante do espírito
e girar para a esquerda o contrário. Curar com o Johrei é agir para a esquerda como
Izanagui-no-Mikoto.

“Tsukushi no himuka no tati hana no odo”

Meishu-Sama diz que “trata-se de um topônimo e refere-se a Kyushu, Ilha do


sul do Japão. A palavra “odo” designa o local em que o rio desemboca no mar, ou seja,
a sua foz. Aí, ou o rio deságua no mar ou a água do mar sobe rio acima. É um local
muito agitado, onde formam ondas, pelo movimento de entrada e saída da água.

“Awagui hara”

É um campo onde crescem árvores sempre verdes e frondosas, chamadas


awagui, abreviação de aohagui. Pode ser também o antigo nome da árvore chamada
Kashi, que corresponde ao nosso forte carvalho.
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“Missogui harai”

“Missogui” significa purificação pela água, mas pode significar também,


“missossogui”/ lavar o corpo ou “mizu-sossogui”/despejar água sobre. É portanto, uma
prática que consiste na limpeza dos pecados e das máculas da matéria e do espírito
através da água. Essa prática é muito antiga segundo a História da religiosidade
humana.
“Missogui”, pode ser considerado também “injetar espírito”. Com a penetração
da Luz Espiritual de Deus no corpo físico e espiritual, o espírito enfraquecido, revitaliza.
O “harai” é uma tradição xintoísta, realizada anualmente nos meses de junho e
dezembro. “Harai” significa purificação pela espanação ou limpar o espírito. A obtenção
da purificação por meio da sagrada “missogui harai”, base do xintoísmo, constitui o
sentido fundamental da Amatsu-Norito.

“Haraido no Okami tati”

“Nessa época nasceram quatro deuses que promovem


purificação em conjunto. Os quatro deuses da purificação
(“haraido”) são: Seoritsu-Himeno-Okami, Hayaakitsu-Himeno-
Okami, Ibukido-Nushino-Okami e Hayassassura-Himeno-
Okami. Ele não têm hierarquia, podendo deslocar-se para
qualquer lugar e utilizar-se livremente de “ryujin” (dragão).
São, portanto, deuses da limpeza”, explica Meishu-Sama.

“Amatsu Kami Kunitsu Kami”

Significa “deuses do Céu e da Terra”. São deuses que


habitam o “Amatsu Shinkai” (Mundo dos Deuses Celestiais) e
o Kunitsu Shinkai (Mundo dos Deuses Terrestres). “Kunitsu
Kami”, na atualidade, refere-se à nação ou os “Deuses da
Pátria”.

“Kan nagara tamati hae masse”

Meishu-Sama em seus ensinamentos explica a expressão “Kan nagara” como


obedecer a Deus, estar de acordo com a sua Vontade, aprender e seguir as Suas Leis.
Diz também, que “Kan nagara tamati hae masse” são palavras muito boas.
No xintoísmo encontramos a expressão “Mitamano fuyu o sakihae tamae” que significa
“multiplicai a felicidade da alma”. Ambas expressões possuem o mesmo sentido.
O hábito xintoísta de entregar tudo nas mãos de Deus, dizendo: “De acordo com o
grande caminho da Sua Vontade” ou “ De acordo com a Vontade Divina”, tem grandes
resultados, pois traz tranquilidade ao espírito, pois Deus é um espírito e por isso Ele
concede bençãos espirituais.

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O PODER DO KOTOTAMA

As orações AMATSU-NORITO e ZENGUEN-SANDJI têm um efeito maravilhoso


sobre as doenças e outros sofrimentos. Esse efeito tão admirável, deve-se ao enorme
poder do Kototama (espírito das palavras). No mundo espiritual ressoa o grande
Kototama - o Kototama das 75 vozes. Essas vozes silenciosas enchem o mundo
espiritual, mas não são perceptíveis ao ouvido humano. No entanto, quando o grande
Kototama é pronunciado pelo homem, exerce uma grande influência no mundo
espiritual.
O bom Kototama diminui as máculas no mundo espiritual. O mau Kototama, ao
contrário, as aumenta. Dependendo da ordem da colocação das 75 vozes do Kototama,
ter-se-á o bom espírito da palavra ou o mau espírito da palavra.
As palavras do bem tem uma vibração bela e pura. A grafia dos vocábulos do
Kototama belo e puro contém verdade, bem e beleza. Acima de tudo, soa de modo
agradável para o ouvido humano, porque penetra até a alma, onde se origina a
consciência do homem. O mau espírito da palavra, entretanto, não consegue penetrar
até a alma, atingindo apenas o nível da mente, que
encobre a alma.
Devo aprofundar-me um pouco mais nesse assunto. Como sempre digo, o
espírito secundário, isto é, o espírito animal, só influencia o domínio da mente.
Portanto, quanto mais densas forem as máculas da mente, mais forte será a
capacidade do espírito secundário. Isto é perigoso, porque bloqueia a luz da alma que é
a consciência, levando o homem a comprazer-se na prática do mal.
O som do mau Kototama é agradável para o espírito secundário, como provam
os fatos. Quem prefere um bom diálogo, é porque este tem uma ressonância agradável
para a sua alma. Quem prefere o mau Kototama é porque proporciona um intenso
prazer ao seu espírito secundário. Se, por exemplo, ouvirmos malfeitores conversando a
respeito de coisas malévolas, teremos uma sensação desagradável ou mesmo
insuportável. O homem mau, entretanto, compras-se nesse tipo de conversa.
O bom Kototama faz a alma vibrar. Conseqüentemente, aumenta a luz da alma e
diminui as nuvens da mente, enfraquecendo o espírito secundário. Em conseqüência
desse enfraquecimento, o homem passa a não gostar do mal. E, assim, através da
oração ZENGUEN-SANDJI, o espírito secundário, que atormentava o homem, debilita-se
ou se afasta. A oração também reduz as nuvens da mente e livra o homem dos
sofrimentos.
Naturalmente, o espírito das palavras da oração ZENGUEN-SANDJI é
extremamente bom e belo.
O ZENGUEN-SANDJI, quando o rezamos, purifica enormemente a atmosfera
espiritual do ambiente em que nos encontramos.
Mas há um ponto especialmente importante. O Kototama depende muito da
pureza do espírito do homem que o pronuncia. Quanto mais pura for a alma da pessoa,
mais poderosa será a força do Kototama, porque o seu nível espiritual é superior.
Portanto, os adeptos devem polir continuamente as suas almas e aperfeiçoar o
Kototama para se tornarem possuidores de almas elevadas.
(Meishu-Sama)

Kototama ( 言 霊 ): vocábulo japonês composto de “Koto” ( 言 - palavra), e


“tama” ( 霊- espírito). Os sons emitem uma vibração (positiva ou negativa) que influi de
modo decisivo na criação do ambiente espiritual. Por isto, nas orações orientais, é
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freqüente o emprego de mantras que, por sua mera emissão sonora, purificam o
ambiente.

A oração Zenguen-Sandji foi criada por Meishu Sama com base no Sutra do
Lótus Branco (antigo texto do budismo Mahayana, tem sido um dos mais influentes
textos religiosos do japão desde o Século VII).

O PODER DO “GUEN-REI”

Guen-rei é um vocábulo japonês composto de "Guen", que significa palavra, e


"rei", espírito. Quer dizer, portanto, espírito da palavra cujo poder exerce uma enorme
influência sobre as orações em geral, pois os sons emitem vibrações que determinam,
de modo decisivo, a criação de um estado espiritual positivo ou negativo. É por essa
razão que as preces Amatsu Norito e Zenguen Sandji, dotadas de sonoridade altamente
pura, têm um efeito extraordinário sobre as doenças e outros sofrimentos humanos.
Também aqui está a justificativa para o emprego de tantos mantras nas orações
orientais: são emissões sonoras com poder de purificar o ambiente, em conseqüência
da pureza que deixam fluir.
Além disso, embora não seja perceptível ao ouvido humano, ressoa,
impregnando todo o mundo espiritual, o grande Guen-rei das 75 vozes. Esses mesmos
veementes sons, ao serem emitidos pelos homens, também geram transformações
marcantes nos planos material e espiritual, eliminando máculas, se forem bem
pronunciados ou aumentando-as quando mal expressos. Então, para que o grande
Guen-rei produza resultados positivos, as 75 vozes deverão estar colocadas em
harmoniosa ordem. Caso contrário, ter-se-á, apenas, como conseqüência, o mau
espírito da palavra.
Assim é importante saber: termos que expressam coisas boas têm uma vibração
bela e pura.
Soam agradavelmente ao ouvido humano, traduzem verdade e beleza e
penetram na alma onde se encontra a origem da consciência humana. Conversas
maldosas, contudo, não conseguem ir além do nível mental que recobre a alma.
Aprofundando um pouco mais esta minha explicação e para maior entendimento
de todos, quero me deter num ponto fundamental: o espírito secundário só exerce
influência sobre o domínio da mente. Então, quanto maior número de máculas houver
nesse nível, mais força de ação terá o espírito secundário, o que representa um grande
perigo, pois, assim, ele consegue bloquear a luz da alma, levando o homem a
comprazer-se na prática do mal. É por isso que o som do mau Guen-rei traz muita
satisfação ao espírito secundário. Daí o cuidado que se deve ter para nunca emiti-lo,
bem como ficar atento à maneira pela qual são transmitidas idéias ou impressões a
respeito dos fatos. Um bom diálogo ressoa agradável à alma. Já, conversas de teor
negativo só poderão proporcionar prazer ao espírito secundário. Normalmente para os
bons, os assuntos de interesse dos malfeitores geram uma sensação de desconforto.
Para o homem mau, todavia, ouvir comentários a respeito de coisas malévolas, é
motivo de satisfação.
Portanto, só se deve praticar o bom Guen-rei que aumenta a luz da alma e
diminui as nuvens da mente, levando cada pessoa a abominar a prática do mal.
Desse modo, ao se rezar a oração Zenguen Sandji, cujo espírito da palavra é
extremamente perfeito, belo e poderoso, processa-se uma intensa purificação do
ambiente onde a oração está sendo feita. E também debilita o espírito secundário e
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afasta entidades negativas que, de um modo geral, atormentam os seres humanos.
Assim as nuvens da mente se reduzem e os sofrimentos diminuem consideravelmente.
Há, ainda, um outro ponto básico ao qual se deve dar maior importância: a
emissão de um Guen-rei harmonioso, bom e belo depende essencialmente da alma de
cada um. Quanto mais pureza apresentar, maior o poder do espírito das palavras que
forem pronunciadas.
Portanto, membros e freqüentadores devem estar polindo constantemente as
suas almas, para se tornarem possuidores de um Guen-rei de alta vibração positiva.

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