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5 Livros essenciais da literatura

argentina
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Feliz é o país que tem um escritor do porte de Jorge Luis Borges ou Julio Cortázar, dois
argentinos que estão entre os maiores gênios da literatura do século XX. Difícil
encontrar também quem se compare a Adolfo Bioy Casares, Juan José Saer, Roberto
Arlt, Ernesto Sábato ou Antonio Di Benedetto. A Argentina é um dos países mais
prolíficos da literatura em língua espanhola, e selecionar apenas alguns livros do seu
vasto catálogo não é uma tarefa fácil.

1- Alvo Noturno, de Ricardo Piglia


Um dos maiores escritores contemporâneos, o argentino Ricardo Piglia volta à ficção
treze anos depois de Dinheiro queimado com este romance noir ambientado no pampa
argentino. O jornalista Emilio Renzi, já conhecido de outros livros de Piglia, investiga o
assassinato do misterioso Tony Durán. A investigação policial é o ponto de partida para
um retrato das contradições da vida rural argentina dos anos 1970. Autor de romances
marcantes como Respiração artificial, de 1980, e Dinheiro queimado, de 1997, Ricardo
Piglia lança agora Alvo noturno. Recebido com entusiasmo pela crítica, poucos meses
depois de publicado o novo romance recebeu o importante prêmio literário venezuelano
Rómulo Gallegos. Piglia passou a última década dando pistas do texto ficcional em que
estava trabalhando – principalmente pistas falsas. Supostamente, a obra estaria sendo
escrita a partir do diário que o escritor mantém desde 1957. Contaria a história do
personagem Emilio Renzi no ano de 1982, tendo como pano de fundo a Guerra das
Malvinas. Porém, as mudanças foram significativas. Alvo noturno não é nada disso:
com exceção de Emilio Renzi, ainda presente na trama, nada persiste do que havia sido
anunciado. Trata-se, por assim dizer, de um romance policial-social. A ação, que se
passa num povoado do pampa argentino nos anos da ditadura militar – de que ficou a
herança traumática com que o país se debate até hoje -, ilumina com a agudeza
característica de Piglia a organização corrompida da sociedade rural, caracterizada pela
autoridade inconteste dos que mandam, pela impunidade de seus crimes e pela
perversidade das relações pessoais. A trama gira ao redor de Tony Durán, porto-
riquenho de Nova Jersey. A razão da ida daquele moreno elegante, sedutor, de passado
duvidoso, para o lugarejo argentino é obscura: dizem que mantinha um caso amoroso
com as gêmeas Belladona, as belas Ada e Sofía, filhas do mandachuva local. Outras
hipóteses falam em especulação, lavagem de dinheiro, e até um rumoroso caso
homossexual. Assunto predileto do povoado, um dia Tony aparece morto em seu quarto
de hotel. A investigação desnudará pouco a pouco uma sociedade paralisada pela lógica
da violência e do poder. Enviado por seu jornal, Emilio Renzi chega de Buenos Aires
para escrever a matéria – que o jornalista pretende transformar num amplo painel social.
Para isso, ao lado do comissário Croce, investiga as arqueologias familiares e
desconstrói os papéis dos protagonistas: ora seres destruidores, ora indivíduos inermes
diante do poderio do sistema validado pelo Estado: uma sociedade em que é impossível
sonhar, como evidencia o destino de Luca Belladona, que pagará sua resistência e sua
utopia com a solidão extrema.

2- A traição de Rita Hayworth, de Manuel Pui


Primeiro romance de Manuel Puig (1932-1990), A traição de Rita Hayworth é um
relato semiautobiográfico, entrecortado como um roteiro de filme, ambientado nos anos
1930 e 1940 na fictícia Coronel Vallejos - sua General Villegas natal, no interior da
Argentina -, cujas personagens buscam no cinema as fantasiosas soluções para suas
vidas provincianas.

3- O Aleph de Jorge Luis Borges


Em sua maioria, “as peças deste livro correspondem ao gênero fantástico”, esclarece o
autor no epílogo da obra. Nelas, ele exerce seu modo característico de manipular a
“realidade”: as coisas da vida real deslizam para contextos incomuns e ganham
significados extraordinários, ao mesmo tempo em que fenômenos bizarros se
introduzem em cenários prosaicos. Os motivos borgeanos recorrentes do tempo, do
infinito, da imortalidade e da perplexidade metafísica jamais se perdem na pura
abstração; ao contrário, ganham carnadura concreta nas tramas, nas imagens, na sintaxe,
que também são capazes de resgatar uma profunda sondagem do processo histórico
argentino. O livro se abre com “O imortal”, onde temos a típica descoberta de um
manuscrito que relatará as agruras da imortalidade. E se fecha com “O aleph”, para o
qual Borges deu a seguinte “explicação” em 1970: “O que a eternidade é para o tempo,
o aleph é para o espaço”. Como o narrador e o leitor vão descobrir, descrever essa idéia
em termos convencionais é uma tarefa desafiadoramente impossível.

4- A Invenção de Morel de Adolfo Bioy Casares


Na trama, o leitor acompanha a trajetória de um homem que, condenado por motivos
políticos, foge para uma ilha deserta do Pacífico conhecida por ser foco de uma
epidemia letal. Lá encontra máquinas misteriosas e um grupo de turistas, que se diverte
sem tomar conhecimento de sua presença. O refugiado apaixona-se por uma das
mulheres do grupo e então descobre Morel, inventor de uma máquina de imagens que
reproduz realidades passadas.

5- O Jogo da Amarelinha de Julio Cortázar


O jogo da amarelinha, o livro mais emblemático do grande escritor Julio Cortázar, foi
uma verdadeira revolução no romance em língua espanhola: pela primeira vez um
escritor levava às últimas consequências a ideia de transgredir a ordem tradicional de
uma história e a linguagem para contá-la. O resultado é este livro único, aberto a
múltiplas leituras, repleto de humor, de riscos e de uma originalidade sem precedentes.
Durante as últimas cinco décadas, O jogo da amarelinha vem sendo lido com
curiosidade, assombro, interesse ou devoção, e para comemorar os 50 anos de
publicação deste livro que mudou a história da literatura e sacudiu a vida de milhares de
jovens em todo o mundo, a Civilização Brasileira o relança em novo formato, com novo
projeto gráfico de capa e prefácio de Ari Roitman, consagrado tradutor de diversas
obras de Cortázar. “O Jogo da Amarelinha” teve imediatamente uma recepção
extraordinária nas mais variadas línguas e latitudes. Vivia-se um tempo de rupturas. Na
política, nas artes, nos costumes, por toda parte o novo forçava passagem para se
substituir ao velho. E por toda parte este livro capturou, com sua ousadia formal, com
seus personagens inesquecíveis, com sua visão de mundo complexa e sensível, a
atenção de multidões de leitores.

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