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Sobre a importância e necessidade de afirmar a/o Pedagoga/o neste seu dia

Há alguns anos, dando aula para uma turma de História, ouvi, de uma estudante, uma
afirmação da qual nunca me esqueci: o professore tem, no seu trabalho, a magia de devolver aos
estudantes a capacidade de sonhar! Tratava-se de uma das poucas estudantes que tinha a coragem
e a ousadia de afirmar, diante de seus colegas, que sim, queria ser professora! Mas, como qualquer
jovem que sonha e teme por seu futuro, confidenciava a mim, diante da turma, não saber se
perseguindo esse sonho teria, ao final do mês, condições de comer uma pizza com a família
que pretendia, também, constituir. Seu discurso, portanto, era muito claro: sofria a dor de se
ver premida entre a dignidade e a nobreza da profissão e a indignidade das condições a que,
na maioria das vezes, os profissionais do ensino, por princípio, são submetidos.
Não sei como ela resolveu seu dilema, mas torço para que tenha, enfim, se afirmado como
professora e que hoje, graças ao exercício profissional, ofereça à sua família, não só uma
pizza por mês, mas as condições de vida digna a que todos temos direito!
Hoje, no dia da/o Pedagoga/o, saí da cama lembrando-me desta passagem, particularmente
no tocante àquela afirmação inicial da então estudante de História. Se, segundo sua
percepção, os professores dominam, por ofício, a magia de devolver aos estudantes a
capacidade de sonhar, o que dizer de profissionais da pedagogia que tomam as crianças
pequenas – cada vez mais pequenas – pelas mãos, e às conduzem, desde os primeiros passos,
em seu ingresso no mundo além-lar, instrumentalizando-as na difícil arte de saber viver com e
como os outros, em um mundo que as antecede e que, ao mesmo tempo será, em pouco tempo,
de seu domínio? Se a estudantes não tão pequenos os professores devolvem a capacidade de
sonhar, pode-se pensar que junto a crianças pequenas, pedagogas/os desenvolvem essa
capacidade. Se se assim for, ser pedagoga/o é, parafraseando aquela estudante, dominar a
magia de ensinar às crianças a capacidade de sonhar: sonhar o mundo que, com sua presença
e ação, virá a ser melhor!
Certamente o ofício e as responsabilidades da/o Pedagoga/a vão muito além deste nobre e
tão necessário fazer. Mas hoje, dia destinado a homenagear essas/es profissionais, é
fundamental recuperar esse aspecto da profissão, exatamente por estarmos atravessando
tempos tão incertos, e termos que lidar, a um só tempo, com o medo do invisível que nos
ronda e ameaça, diuturnamente, de tirar de nós aquelas e aquelas a quem amamos, tornando
a vida de milhões de pessoas mundo afora e aqui, no Brasil, um retrato da miséria humana;
e, ainda, nos deparar, dia após dia, com a desesperança que a (des)ordem política insiste em
semear entre nós.
Não sou Pedagoga por formação, sou historiadora! Mas, pelas tantas ironias da vida e,
também, por opção, identifico-me profundamente com os profissionais da área. Permito-
me, por isto, me irmanar com as/os pedagogas/os, homenageando quem se dedica a este
ofício e conclamando a se afirmarem, hoje mais que nunca, com mais urgência que em
quaisquer outros tempos, no compromisso de ensinar às crianças e reacender nos jovens,
adultos e idosos com quem, por ofício, também trabalham, a necessária e urgente capacidade
de sonhar outros mundos possíveis!
Parabéns Pedagogas e Pedagogos pelo seu dia!

Geovania Lúcia dos Santos

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