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Mallarmebasho
Mallarmebasho
A intertextualidade
1
Em japonês: furuike ya/ kawazu tobikomu/ mizu no oto; diversas vezes
traduzido/transcriado para a língua portuguesa, literalmente significa “o velho tanque/uma rã
salta/barulho de água”.
2
A tradução de Leminski para o poema de Bashô foi publicada em “A lágrima do
peixe”, em 1983.
desconhecido. O poeta pode dispor de seus dados lançados, ou de seus sapos em salto,
mas jamais abolirá o acaso-poço.
A disposição dos versos na página, com o recuo do segundo em relação aos
outros dois, sugere a ação do poeta, embora inútil: um “salto”, ou o “lance de dados” é
delineado. Aqui há outra característica da poesia moderna impressa em Leminski: a
exploração do significante, da “palavra-coisa”, do nível topográfico das palavras.
A união de um “revolucionário das formas” ocidental com outro oriental
simboliza a globalização da arte, fruto da “diminuição das distâncias” do mundo devido
aos avanços dos meios de comunicação e de transporte.
Em Literatura, entretanto, a universalização da Arte esbarra na dificuldade das
diferentes línguas. Por isso, como no poema de Leminski, cabe à tradução, ou à trans-
criação, possibilitar a difusão entre diferentes literaturas. Para Lefevre (apud LAGES,
2002, p. 76), “é o principal meio pelo qual uma Literatura influencia a outra”. A
liberdade de tradução constatada em Leminski justifica-se na transposição poética, pois
“as equações verbais são elevadas à categoria de princípio construtivo do texto”
(JAKOBSON, 1969, p. 72); deve-se comunicar a “informação estética”,
independentemente da escolha de termos.
3. A busca do silêncio
O verso que se destrói a cada instante ruma ao silêncio, embora ele seja utópico.
A intertextualidade, em Leminski, é um recurso que lhe permite não dizer nada, e
permanecer invisível atrás dos traduzidos. Seu intertexto é, assim, o limite do Nada: seu
haicai
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