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INDUSTRIAIS
Resumo
Os recursos hídricos estão ameaçados pela degradação e poluição dos mananciais, pelas
alterações climáticas e também pelo consumo elevado. Dentro do novo paradigma de
desenvolvimento urbano, algumas cidades brasileiras aprovaram Leis que obrigam captar e
armazenar a água da chuva na própria edificação visando evitar enchentes. Este estudo teve
como objetivo geral investigar o aproveitamento da água de chuva nas edificações, na cidade
de Ponta Grossa no Estado do Paraná, a qual apresenta índices pluviométricos que permitem
a captação da água de chuva em todos os meses do ano. Destaca-se a visita técnica realizada
à empresa de transporte coletivo local, onde se observou o sistema de captação,
armazenamento e utilização da água de chuva. Por meio de um estudo de caso, desenvolvido
numa indústria de fundição de ferro, obteve-se o volume potencial de água a ser captado na
cobertura da edificação, através da análise dos índices pluviométricos da região, da área de
coleta da água de chuva e do coeficiente de escoamento, identificou-se ainda a demanda de
água potável e as atividades onde o uso da água da chuva seria pertinente. Verificou-se a
simplicidade do sistema de aproveitamento da água de chuva nas edificações, a sua
eficiência, bem como a sua importância para o meio ambiente. Através deste estudo,
concluiu-se que aproveitar a água da chuva nas edificações significa mais que reduzir o
consumo e as despesas com água tratada, representa um passo importante para que todos
tenham acesso à água de boa qualidade.
Palavras-chave: Água de Chuva, Utilização, Captação.
1. Introdução
É notório que a água é a principal fonte de vida e que este líquido é único e finito. Não
se tem conhecimento de outro material com as mesmas propriedades na natureza. A
preciosidade da água e a sua importância para a sobrevivência humana são os fundamentos
para a preservação dos recursos hídricos e a redução do consumo de água.
2. Materiais e Métodos
A área de atuação deste estudo foi o Município de Ponta Grossa, o qual possui
286.647 habitantes e localiza-se no centro-leste do estado do Paraná (PMPG, 2003).
V = C X P X Ac
Onde:
V = volume potencial médio de águas pluviais (m³)
C = coeficiente de escoamento superficial da área de coleta (C=0,80)
P = altura total média de chuva (m)
Ac = área de coleta das águas pluviais (m²)
Portanto para a área de coleta Ac = 7.962,79 m², o volume médio mensal das águas
pluviais aproveitável pode ser observado na Quadro 02.
O objetivo inicial deste estudo era abastecer a cisterna da reserva de segurança com
capacidade de 120 m³ e o reservatório superior da reserva de incêndio 30 m³, perfazendo um
total de 150m³. Analisando-se os dados do quadro anterior verifica-se que, em todos os meses
do ano, o volume de água pluvial captado é suficiente para abastecer a cisterna e o
reservatório de segurança, inclusive excede a esta demanda. Por conseguinte sugeriu-se que a
empresa promova o aproveitamento do excedente de água de chuva captado em outras
atividades, as quais seu uso seja pertinente.
Na indústria são consumidos em média 1083 m³ de água tratada por mês, somando-se
a esta 264m³ mensais de água retirada de poço artesiano, perfazendo um total médio de 1347
m³ de água potável. Parte desta água poderia ser substituída por água da chuva, em atividades
como mistura de areia, cabine de pintura, refrigeração de fornos e de torres. Pode ser utilizada
também para a limpeza do prédio, do pátio e ainda para abastecer as descargas de banheiros.
Visando uma melhor analise dos dados, estabeleceu-se uma relação entre a demanda
de água potável e não potável da empresa, o volume de água consumido e o volume potencial
de água de chuva captado, conforme exposto no Quadro 03.
Verifica-se, Figura 01, que apenas nos meses de abril, agosto e novembro o volume
potencial de água de chuva captado é inferior a demanda de água não potável. O consumo de
água varia em função da produtividade da empresa, podendo ocorrer em todos os meses do
ano uma demanda maior ou menor de água que a apresentada no quadro anterior.
Figura 01 – Diagrama da Relação entre Volume de Água de Chuva e Demanda de Água Não Potável.
1400
1200
1000
VOLUME (m³)
800
Volume de água de chuva(Vap)
Demanda de água não potável
600
400
200
0
jan. fev. mar. abr. mai jun. jul. ago. set. out. nov. dez.
TEMPO
Tomando-se por base o ano de 2002, no qual o consumo total de água tratada da
Nos lugares assolados por estiagens prolongadas, utilizar a água de chuva pode ser
questão de sobrevivência humana, pois em muitos casos esta é a única fonte de água e pode
ser utilizada para fins potáveis.
Cabe ressaltar que as previsões realizadas neste trabalho foram baseadas nas médias
mensais observadas na estação pluviométrica do Município de Ponta Grossa, com período de
48 (quarenta e oito) anos de observação. Para se aumentar a confiabilidade das estimativas
podem ser realizados estudos de aprofundamento estatístico na base de dados. Esse
procedimento permitirá o desenvolvimento de cálculo mais preciso para dimensionamento do
reservatório de armazenamento de água de chuva.
O ser humano é o construtor do mundo, depende dele o rumo a ser seguido para que
todos possam viver num mundo melhor, no qual a sociedade não vise tão somente lucros
financeiros e bem estar individual, sem a preocupação com o futuro do planeta.
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