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Tese Sobre a Transição para um
Sistema de Milícias
Leon Trotsky

28 de Fevereiro de 1920

Primeira Edição: em 1923, Tomo I e II, Livro 1, de Kak Vooruzhala Revolyutsiya.
Fonte: https://www.marxists.org/espanol/trotsky/em/31.htm
Tradução: João Paulo Pereira dos Santos Neto
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução:   licenciado sob uma Licença Creative Commons.

1. A aproximação do fim da guerra civil e as mudanças ocorridas na situação
internacional  em  favor  da  Rússia  Soviética  colocou  na  ordem  do  dia  o  assunto
das mudanças radicais no campo militar de acordo com as necessidades urgentes
do país em matéria econômica e cultural.

2. Além disso, importa determinar que a República Socialista deve considerar
perigoso para ela o fato de a burguesia continuar no poder nos principais estados
do  mundo.  A  evolução  futura  dos  acontecimentos  pode,  em  algum  momento,
arrastar  o  imperialismo  a  uma  aventura  nova  e  sangrenta  contra  a  Rússia
Soviética ao sentir que falta chão sob seus pés. Daí a necessidade de manter a
defesa militar da revolução em um nível adequado.

3.  O  atual  período  de  transição  pode  prolongar­se,  de  modo  que  devemos
responder com uma correspondente organização das forças armadas para que os
trabalhadores  possuam  a  formação  militar  necessária  com  a  mínima  separação
possível  de  seu  trabalho  produtivo.  O  único  sistema  possível  é  uma  Milícia
Vermelha formada sobre uma base territorial pelos trabalhadores e camponeses.

4. A essência do sistema de milícia soviética deve ser a aproximação geral do
exército  para  o  processo  de  produção,  de  modo  que  as  forças  vivas  de  certos
distritos  econômicos  sejam  paralelamente  as  forças  vivas  de  suas  respectivas
unidades militares.

5.  A  distribuição  territorial  das  unidades  de  milícia  (regimentos,  brigadas  e


divisões) deve coincidir com a distribuição territorial das empresas, de modo que
os  centros  industriais,  incluindo  o  seu  cinturão  agrícola  periférico,  tornam­se  as
bases das unidades de milícia.

6.  No  que  diz  respeito  à  organização,  a  milícia  operária  e  camponesa  deve
ser baseada em quadros rigorosamente treinados nos domínios militar, técnico e
político.  Estes  quadros  terão  um  registro  permanente  dos  trabalhadores  e
camponeses aptos para o combate, que foram submetidos a cursos de formação
e  que  são  capazes  de,  a  qualquer  momento,  ser  removidos  do  seu  ambiente
normal.

7.  A  transição  para  um  sistema  de  milícia  deve  ser  realizada,  sem  falta,
gradualmente,  dependendo  da  situação  militar,  diplomática  e  internacional  da
República  Soviética  e  tendo  em  conta  uma  condição  expressa:  a  capacidade  de
defender a Rússia Soviética deve permanecer sempre em seu nível adequado.

8. Para marcar o licenciamento gradual do Exército Vermelho, seus melhores
quadros devem ser distribuídos da forma mais racional, ou seja, em todo o país
e, dependendo das condições sociais e produtivas locais, para assegurar, desde o
início, a direção das futuras unidades de milícias.

9. O pessoal de quadros das milícias deverá ser logo gradualmente renovado
com  vista  a  uma  interdependência  mais  rigorosa  entre  o  comando  e  a  vida
econômica  da  respectiva  região;  esta  medida  deverá  permitir  aos  melhores
elementos  do  proletariado  local  integrar  o  efetivo  de  comando  da  divisão
territorial, que reuniria, por exemplo, empresas de mineração e seus agricultores
vizinhos.

10. Tendo em vista a renovação dos quadros, cursos de comando devem ser
distribuídos  geograficamente  de  acordo  com  as  condições  industriais  locais  e  as
necessidades  da  milícia;  os  melhores  representantes  locais  dos  trabalhadores  e
camponeses devem participar destes cursos.

11.  O  treinamento  militar  da  milícia  deve  garantir  essa  alta  capacidade  de
combate e se comporá de:

a. uma  preparação  prévia  para  o  serviço  militar  obrigatório;  nesta  área


os  militares  vão  unir  forças  com  a  educação  popular,  sindicatos,
organizações  do  partido,  União  da  juventude,  instituições  esportivas,
indústria etc.;
b. uma  instrução  militar  dos  cidadãos  em  idade  de  formação  a  ser
chamados sob a bandeira; o tempo gasto neste tempo de preparação
será cada vez mais reduzido, e os quartéis em todos os casos tendem
a se tornar uma espécie de escola político­militar;
c. breves  cursos  de  reciclagem,  a  fim  de  verificar  a  capacidade  das
unidades de combate da milícia.

12.  Prevista  para  a  defesa  militar  do  país,  a  organização  dos  quadros  da
milícia também deve adaptar­se ao recrutamento de mão de obra; ou seja, deve
ser  capaz  de  formar  unidades  de  produção  e  assegurar­lhes  as  instruções
necessárias.

13.  Sem  deixar  de  evoluir  rumo  a  essa  distante  meta  que  é  o  povo
comunista  em  armas,  a  milícia  deve  agora  salvaguardar  em  sua  organização
todas as características da ditadura da classe operária.

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Inclusão 21/03/2015

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