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Comentado–julho 2018
(semana 4)
CAO-Crim
Boletim Criminal Comentado - julho 2018
(semana 4)
Assessores:
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Marcelo Sorrentino Neira
Paulo José de Palma
Ricardo José Gasques de Almeida Silvares
Rogério Sanches Cunha
1 Analista Jurídica
Ana Karenina Saura Rodrigues
Boletim Criminal
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Sumário
2-Tema PROVAS - STJ: Realização de novo interrogatório não reabre prazo para
diligências................................................................................................................................................9
DIREITO PENAL......................................................................................................................................11
1- Tema CONFLITO APARENTE DE NORMAS - STJ: Impossibilidade de concurso entre os crimes da Lei
de Drogas (arts. 33 a 37) e o delito de corrupção de menores (art. 244-B
ECA).......................................................................................................................................................11
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ESTUDOS DO CAOCRIM
Inserindo o abandono material no capítulo referente aos crimes contra a assistência familiar,
a lei tutela no art. 244 do CP a regular manutenção da família, buscando-se a garantia de
subsistência de seus membros.
Trata-se de crime próprio, podendo ser praticado somente por aquele que tem o dever legal
de garantir a subsistência da vítima (cônjuge, ascendentes e descendentes). No caso de
coobrigados, isto é, quando o dever de assistência recai sobre várias pessoas, cada um
responderá como autor da sua omissão.
Sujeito passivo será aquele que pode exigir o amparo por parte do agente (cônjuge, ou filho
menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou ascendente inválido ou maior de 60 anos e
ascendente ou descendente gravemente enfermo).
a) deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de dezoito
anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de sessenta anos, não
lhes proporcionando os recursos necessários (abandono material em sentido estrito);
Para nosso estudo interessa o segundo comportamento típico, quando o sujeito ativo falta ao
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada (sendo
necessária, nessa hipótese, a existência de sentença judicial alimentícia). Fragoso (1) entende
que a inobservância da ordem estabelecida pela Lei Civil na atribuição da obrigação de prestar
alimentos é irrelevante para o aperfeiçoamento do crime.
Deve o sujeito ativo agir de forma injustificada (elemento normativo do tipo), aquilatada no
caso concreto, apreciando as necessidades do paciente e as possibilidades do agente. Nesse
sentido vem decidindo o STJ:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ABANDONO MATERIAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INÉPCIA
DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE DESCRIÇÃO DO FATO TÍPICO. DESCRIÇÃO DE ILÍCITO CIVIL. INADIMPLEMENTO DE
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Na hipótese, embora o Parquet tenha feito menção de que o denunciado, sem justa causa, tenha faltado com
o pagamento de pensão alimentícia, não logrou demonstrar que a omissão foi feita de forma deliberada e sem
amparo legal, restando, portanto, ausente na descrição da conduta, o elemento normativo do tipo penal, sem
o qual não há falar em crime, mas tão somente em ilícito civil, que, conforme se verifica dos autos, já está
sendo analisado em sede própria (RHC 55.974/SP, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe 20/03/2015).
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para que se perfaça o delito é que a prestação não paga tenha sido judicialmente acordada,
fixada ou majorada.
A medida revela-se salutar sob pena de, em atitude censurável, a parte arrolar testemunhas
espalhadas pelo mundo, inviabilizando, com essa conduta, o desfecho do processo e
provocando a iminente prescrição.
PENAL. DECISÃO QUE INDEFERE SUBSTITUIÇÃO DE TESTEMUNHA. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO REJEITADO.
CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 222-A DO CPP. PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO – “Incabível a
substituição de testemunha a ser ouvida por rogatória, quando não evidenciada a imprescindibilidade da
prova, a teor do art. 222-A do CPP. O STF, nos autos da Ação Penal 470, reconheceu a constitucionalidade do
art. 222-A do CPP. Requisitos que não ofendem o direito constitucional à ampla defesa. Agravo regimental
desprovido” (STF – AP 477-SP, Rel. Ricardo Lewandowski, j. 07.10.2010, DJe 25.10.2010).
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“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME CAPITULADO NO ART.
171 DP CP. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TETEMUNHA RESIDENTE NO ESTRANGEIRO. CERCEAMENTO DE
DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. DISCRICIONARIEDADE VINCULADA DO JULGADOR. 1. Não demonstrada, de plano,
a imprescindibilidade da oitiva da testemunha, não há como afastar o indeferimento do pleito da defesa, uma
vez que o magistrado atuou em conformidade com os princípios da persuasão racional e discricionariedade
vinculada. 2. Agravo regimental improvido.” (AgRg no RHC 88.461/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR.
SEXTA TURMA, julgado em 14/11/2017, DJe 21/11/2017)
Essa comprovação – da imprescindibilidade – deverá ser apontada por meio de perguntas que
a parte interessada em ouvir a testemunha formulará para análise do juiz. Este, diante dos
quesitos apresentados, verificará se, efetivamente, a prova se revela imprescindível,
deferindo-a ou não.
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COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
Sabemos que determinados crimes, dada a sua natureza, deixam vestígios materiais (facta
permanentes), ao passo que outros, sem resultado naturalístico, não permitem que se
constatem vestígios (facta transeuntes). Em relação aos primeiros, por força de expressa
disposição do art. 158 do CPP, há necessidade da realização do exame de corpo de delito:
“Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1.º deste artigo não ficará impedido
de participar da elaboração do laudo definitivo.”
Como se extrai dos dispositivos acima transcritos, são dois os laudos que devem ser
elaborados. O primeiro, chamado laudo de constatação, deve indicar se o material
apreendido, efetivamente, é uma droga incluída em lista da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde), apontando, ainda, sua quantidade. Trata-se,
portanto, de um exame provisório, apto, ainda que sem maior aprofundamento, a comprovar
a materialidade do delito e, como tal, autorizar a prisão do agente ou a instauração do
respectivo inquérito policial, caso não verificado o estado de flagrância. É firmado por um
perito oficial ou, em sua falta, por pessoa idônea.
A par deste, há o laudo definitivo, presumivelmente mais complexo, que, como o nome indica,
traz a certeza quanto à materialidade do delito, definindo, de vez, se o material pesquisado
efetivamente se cuida de uma droga. Esse laudo, a teor do art. 159 do Código de Processo
Penal, deve ser elaborado por perito oficial ou, na sua falta, “por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”, nos termos do § 1º, do
mesmo dispositivo. Nada impede, outrossim, que o mesmo perito elabore o laudo de
constatação e, mais adiante, o laudo definitivo. É isso, aliás, que ocorre na prática.
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“1. A Terceira Seção desta Corte, nos autos do Eresp n.º 1.544.057/RJ, em sessão realizada
26.10.2016, pacificou o entendimento no sentido de que o laudo toxicológico definitivo é
imprescindível para a condenação pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de
se ter por incerta a materialidade do delito e, por conseguinte, ensejar a absolvição do
acusado. Ressalva do entendimento da Relatora. 2. Na espécie, não consta dos autos laudo
toxicológico definitivo, não tendo as instâncias de origem logrado comprovar a materialidade
do crime de tráfico de drogas, sendo de rigor a absolvição quanto ao referido delito.” (PExt no
HC 399.159/SP, j. 08/05/2018)
Tal rigor, porém, tem merecido alguma mitigação. Assim, em situações excepcionais, admite
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que a materialidade do crime de tráfico de
drogas seja comprovada pelo próprio laudo de constatação provisório. Trata-se de situações
em que a constatação permite grau de certeza correspondente ao laudo definitivo, pois
elaborado por perito oficial, em procedimento e com conclusões equivalentes e sobre
substâncias já conhecidas, que não demandam exame complexo:
“1. A Terceira Seção deste Sodalício pacificou entendimento segundo o qual ‘o laudo
preliminar de constatação, assinado por perito criminal, identificando o material apreendido
como cocaína em pó, entorpecente identificável com facilidade mesmo por narcotestes pré-
fabricados, constitui uma das exceções em que a materialidade do delito pode ser provada
apenas com base no laudo preliminar de constatação’. (EREsp 1544057/RJ, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/10/2016, DJe 09/11/2016)
2. In casu, o laudo de constatação preliminar das substâncias entorpecentes apreendidas,
assinado por perito da Polícia Civil, que embasou a condenação pelo Juízo de primeiro grau,
nos termos da jurisprudência deste Sodalício configura documento válido para a comprovação
da materialidade delitiva, reforçada pela confissão do acusado e depoimentos colhidos em
regular instrução.” (AgRg no AREsp 1.092.574/RJ, j. 07/06/2018)
Seja como for, é necessária a realização de um exame que constate a materialidade delitiva
para que se cumpra a disposição do art. 158 do CPP. Não é possível basear a condenação
apenas em depoimentos e na confissão do acusado.
Por isso, o STJ concedeu liminar em habeas corpus (HC 457.466/SC) para determinar a
suspensão de execução provisória da pena em um caso no qual o crime de tráfico havia sido
comprovado com base em prova testemunhal e na confissão do réu durante interrogatório.
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A ministra Laurita Vaz citou precedentes referentes à necessidade de realização do laudo, sob
pena de permanecer incerta a materialidade do crime, o que por sua vez obstaria a
condenação.
2-Tema PROVAS - STJ: Realização de novo interrogatório não reabre prazo para diligências
COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
Pode-se definir o interrogatório como sendo a resposta dada pelo acusado às perguntas que
lhe são formuladas para esclarecimento do fato delituoso e suas circunstâncias. Reveste-se de
enorme importância, já que consiste na única oportunidade em que o réu, de viva voz, no
exercício de sua autodefesa, pode apresentar sua versão dos fatos ao Juiz, ou seja, é o único
momento processual em que ocorre uma audiência entre acusado e julgador.
Para Eugenio Florian, “De las pruebas penales”, Temis: Bogotá, trad. Jorge Guerrero, 1998,
tomo II, p. 15, “o acusado tem importância para a investigação probatória a partir de dois
pontos de vista fundamentais: no primeiro, enquanto pode fornecer informações sobre fatos
relacionados à causa ou, em geral, elementos de convicção, e nesse sentido se converte em
órgão de prova; no segundo, enquanto sua pessoa pode ser observada pelo juiz ou pelo perito,
e nesse sentido se converte em objeto (sujeito passivo) de prova”.
Por conta disso, diz o art. 185 do CPP, o interrogatório pode ser realizado a qualquer
momento, havendo possibilidade, ainda, de ser renovado pelo Juiz, de ofício ou a pedido das
partes (art. 196), constituindo sua falta nulidade absoluta (art. 564, III, “e”).
Uma vez realizado o interrogatório, encerra-se a audiência de instrução (art. 400 do CPP) e é
dada às partes a possibilidade de requerer diligência relacionada com algum fato surgido
durante a instrução.
Pois bem. Nada impede que, cumprida também essa fase, surja alguma razão para que o
interrogatório seja novamente realizado, como aconteceu no caso julgado pelo STJ.
Em razão disso, a defesa pleiteou a reabertura do prazo do art. 402 para que diligências fossem
requeridas, o que lhe foi negado tanto na primeira quanto na segunda instância.
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“Tendo a corte estadual, diante da faculdade que lhe é conferida pelo artigo 196 da Lei Penal
Adjetiva, e sem anular os atos processuais anteriormente realizados, notadamente o
referente ao requerimento de diligências na forma do artigo 402 do mencionado diploma
legal, apenas determinado o novo interrogatório do réu, não há que se falar em cerceamento
do seu direito de defesa” (o número do processo não foi divulgado em razão de segredo
judicial).
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DIREITO PENAL:
Informativo: 595
Resumo: Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar
previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de
corrupção de menores, porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37),
não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com
base no art. 40, VI, da Lei n. 11.343/2006.
COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM
Segundo dispõe o art. 40, inciso VI, da Lei nº 11.343/06, as penas previstas nos arts. 33 a 37
da mesma Lei são aumentadas de um sexto a dois terços se sua prática envolver (fizer tomar
parte, contar com a participação) ou visar a atingir (objetivo de alcançar) criança (menor de
12 anos) ou adolescente (com doze anos completos, porém menor de 18) ou a quem tenha,
por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação
(alienado metal, enfermo, senil, ébrio etc.).
Ora, se a lei que disciplina a punição ao tráfico de drogas e a outros delitos envolvendo
psicotrópicos estabelece majorante específica para as situações que envolvem crianças ou
adolescentes, não é possível aplicar o concurso de crimes, seja porque, para evitar o bis in
idem, obsta-se que a majorante incida simultaneamente, seja porque afastar a majorante para
ceder lugar ao concurso de delitos tornaria letra morta o inciso VI do art. 40 da Lei nº
11.343/06.
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2-Negada liminar em mandado de segurança contra abertura de CPI das delações premiadas
Notícias STJ
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6- HC não pode ser usado para contestar decisão em agravo que negou direito a visita
25 de julho de 2018
26 de julho de 2018
27 de julho de 2018
10-Investigado por integrar suposto grupo criminoso que arrecadou quase R$40 milhões
permanece preso
11-Homem que esfaqueou companheira por ela ter pedido a separação deve continuar em
prisão preventiva
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