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DANÇA CIRCULAR
AULA 3

 
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Profª Carmela Bardini

CONVERSA INICIAL

Em aulas anteriores, identificamos as bases que


norteiam os elementos fundantes das danças

circulares, apurando nosso olhar


sobre as simbologias presentes na composição coreográfica.

Como focalizadores, nós nos confrontamos com


questões de fundo sobre a didática de ensino

das danças circulares, no intuito


de buscar boas maneiras para conduzir aprendizagens significativas

e gerar
benefícios aos praticantes.

O próximo passo será estabelecer contato com


materiais didáticos e estudar a escrita simbólica,

uma forma de registro das


danças, criada por Anna Barton, de Findhorn, a fim de gerar registros mais

consistentes sobre o acervo de danças, o que na época representou a superação da


disseminação

oral.

Apesar de o registro em vídeo já ser bastante usual


e acessível de se produzir, ele é utilizado

entre os focalizadores como apoio, pois


não substitui o registro por escrito.

Na década de 1980, as músicas eram reproduzidas


em fitas k7. Quando os focalizadores

desejavam alterar a ordem das danças, ou


retomá-las, precisavam rebobinar a fita e buscar pelo

ponto inicial da música.


Com as inovações tecnológicas, muita coisa mudou, facilitando o modo de
compartilhamento das músicas.

Presenciamos também um crescente aumento na


produção de vídeos, e até mesmo

compartilhamentos nas redes sociais, algo que


até a década de 2010 era pouco recorrente. Existe

uma tensão entre o cuidado em


preservar as danças em sua forma original e a compreensão do valor

de disseminar
essas práticas. Isso também acontece, em parte, pelo fato de as danças
circulares não

terem caráter de apresentação. Assim, as filmagens sempre eram


muito restritas.

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Com a pandemia, em 2020, a necessidade do


isolamento social levou muitas pessoas a

praticarem as danças em casa,


individualmente ou em grupos, por meio de salas virtuais.

Nesta aula, o intuito é garantir o acesso à


expressão original do movimento, que serve como

base e referência para inspirar


as iniciativas no campo da saúde.

TEMA 1 – ESCRITA SIMBÓLICA

Acompanhe
o quadro com as posições básicas que servem de referência para acompanhar os

registros das danças em sua forma escrita. Ao fazer a leitura dos símbolos,
observe que o número de

combinações entre corpo e a direção é muito grande.

Quadro 1 – Escrita simbólica

  CORPO (referência
da parte da frente – barriga) DIREÇÃO
(representada pela flecha)

Corpo
voltado para o centro da roda
No
lugar / sem direção indicada
Ponto: representa o centro
da roda

Exemplos
básicos:

Corpo
voltado para o centro da roda Passos
para dentro da roda

Corpo
voltado para o centro da roda Passos
para fora da roda

Observe
como fica a legenda quando os passos vão no sentido da dança (corpo voltado para
a direita) e contradança

(corpo voltado para a esquerda):

Corpo
voltado para a direita, no sentido da dança Passos
para frente (na direção da dança: direita)

Corpo
voltado para a direita, no sentido da dança Passos
para trás (na direção da contradança: esquerda)

Corpo
voltado para a esquerda, no sentido da Passos
para frente, só que na direção da contradança:

contradança esquerda

Corpo
voltado para a esquerda, no sentido da
Passos
para trás (na direção da dança: direita)
contradança

Deslocamento
na diagonal:

Corpo
voltado para o centro da roda Passos
em diagonal para a direita para trás

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Giro:

         Corpo
tem como ponto de partida o ombro direito
Giro
no sentido anti-horário
para frente

No
quadro a seguir, vamos ver alguns códigos da legenda dos passos.

Quadro
2 – Códigos dos passos

D –
pé direito p –
pulo

E –
pé esquerdo c –
chute

lt –
lateral g –
giro
t –
atrás pf –
ponta do pé na frente do corpo

xt –
cruzar atrás pl –
ponta do pé ao lado do outro pé
f –
frente pt –
ponta do pé atrás do corpo

xf –
cruzar na frente fl –
flexionar os joelhos

j –
junto rep – reposição: voltar o peso do corpo

TEMA 2 – REPERTÓRIO DE DANÇAS GREGAS

Para
começar, vamos visualizar a escrita simbólica da dança syrtós, que já
praticamos em aulas

anteriores. Syrtós é uma dança grega, com dançarinos em


formação de cordão (roda aberta). O

focalizador pode realizar movimentos mais


circulares ou serpentear pela sala. Os passos empregam o

seguinte ritmo: longo,


curto, curto.

Quadro 3 – Dança syrtós

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Em
geral, consideramos que a escrita simbólica serve muito mais para quem deseja
relembrar

uma dança já vivenciada, do que para quem deseja conhecer e


experimentar uma dança pela

primeira vez.

Essa forma de organização também ajuda os


coreógrafos a enxergarem a estrutura formal da

dança, sendo muito útil em momentos


de registro.

2.1 TSAKONIKOS (RAMOS, 2012)

Origem: Grécia, Tsakonia no Peloponeso.

Coreografia: Tradicional.
Vídeo demonstrativo: <https://youtu.be/MOL7s7zMgxg>. Acesso em: 14 abr. 2021.

Sobre a dança: É dançada na Grécia como uma procissão. Neste material, utilizamos uma

versão ensinada por Maria-Gabrielle Wosien.

Formação: braço E sobre o D do parceiro à esquerda.

Versão n. 1: corpo lateralizado, com os braços dados, trazendo junto ao corpo o braço direito

de quem está à esquerda. Os quadris ondulam ao caminhar.

Quadro 4 – Tsakonikos

4x    4x 

D E D E D D E D E E

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frente frente frente frente toque frente frente frente eleva frente

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

2.2 TRATA (RAMOS, 2009)

Origem: Grécia.

Coreografia: Tradicional.

Vídeo demonstrativo: <https://youtu.be/qdP8JslKGNo>. Acesso em: 14 abr. 2021.

Arranjo musical: Grupo Rosalia – CD Rosalia: One Step Backwards.


Formação: pequenas linhas, mãos em cesto.

Quadro 5 – Trata

4x

D E D E D E

lateral Cruza f lateral ponta f repõe ponta f

1 2 3 4 5 6

4x

D E D E D E D E D E

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Girando
calcanhares   Girando
calcanhares

TEMA 3 – DANÇAS DE BERNHARD WOSIEN

São várias as danças criadas por


Benhard Wosien, entre as quais podemos citar: dança do Sol,

dança da Lua, dança


do agradecimento e estrela de cinco pontas.

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3.1 REI DAS FADAS (VALE, 2009)

Coreografia: Bernhard Wosien.


Música: tradicional irlandesa.
Vídeo demonstrativo: <https://youtu.be/hwENE3Z6v-8>. Acesso em: 14 abr. 2021.

Sobre a dança: os passos não são especificamente irlandeses, mas


ocorrem lá e em muitas
outras culturas populares europeias. A dança representa
simbolicamente os quatro elementos.

A parte 1 representa a terra; podemos


visualizar uma caminhada pela margem de um lago ao
amanhecer. Na parte 2, a
água, nos tornamos as ondas do lago. As partes 3 e 4 são o ar; uma

pequena
brisa começa a sobrar por entre os galhos das árvores, depois a brisa se torna
um
vento forte. A parte 5 simboliza o fogo, quando nos tornamos chamas ardentes
do Sol que está

agora nascendo e aquecendo o lago com sua luz.

Quadro 6 – Parte 1 – Terra: caminha 16 passos iniciando pelo pé


direito.

D E D E D E D E D E D E D E D E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Quadro 7 – Parte 2 – Água

D E D E

frente frente atrás atrás

1 2 3 4

* 4 vezes (16 tempos)

Quadro 8 – Parte 3 – Brisa: “frente e


costas”

D E D E

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frente frente atrás atrás

1 2 3 4

* 4 vezes (16 tempos)

Parte 4 – “Ventania”: o líder solta a mão direita e serpenteia


livremente até retornar ao círculo

fechado.

Quadro 9 – Parte 5
– Fogo

                

D E D E D E D E

frente frente frente eleva atrás atrás atrás eleva

1 e 2 e 3 e 4 e

* 4 vezes (16 tempos)

Como podemos perceber, nesta


dança os elementos da natureza (terra, água, ar e fogo) se
fazem presentes. Com
isso, temos a oportunidade de vivenciá-los em suas qualidades arquetípicas,

ou
seja, em suas imagens primordiais, fortalecendo a consciência dos símbolos. Com
um ritmo
vibrante, a dança transmite alegria e exige vitalidade do corpo.

3.2 LUZ E AMOR (RAMOS, 2012)

Origem: Letônia.

Coreografia: Bernhard Wosien.


Vídeo demonstrativo: <https://youtu.be/uj-_n4ciRnc>. Acesso em: 14 abr. 2021.

Sobre a dança: Wosien fez a coreografia celebrando a comunidade de Findhorn, na Escócia.


Formação: círculo, em pares, Lua a esquerda do Sol.

Quadro 10 – Luz e amor

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D E D E D E E D DEDEDEDE DE
LUA   
frente Junta frente junta frente junta atrás junta giro anti-horário atrás

E D Idem (8 passos) Idem (2 passos)


SOL Idem Lua Idem Lua
atrás junta Idem (mãos dadas) no lugar

Observação:
a Lua é o pontilhado. Ao final a Lua se posiciona do outro lado do Sol, mudando
de parceiros.

TEMA 4 – DANÇAS DE FUNDAÇÃO

São consideradas danças de fundação


as danças que Bernhard Wosien e seus discípulos diretos
criaram, formando o
primeiro acervo de danças que compõem o repertório de danças do movimento

de
danças circulares sagradas.

Friedel Kloke e suas filhas


Saskia Kloke e Nanni Kloke são grandes referências do movimento.
Elas foram
discípulas diretas de Bernhard Wosien, principalmente a mãe.

Ela relata, em cursos, que quando


queria explicar a Bernhard Wosien a simbologia dos gestos em

suas coreografias,
ensinava dizendo algo como: se os símbolos estiverem contidos na dança, ao
praticá-la, eu sentirei. Dessa maneira, demonstrava que os símbolos, mais do
que os ditos,

precisavam ser lidos pelo corpo de quem dança.

4.1 ALEGRIA SEM FIM

Coreografia: Friedel Kloke.

Formação: círculo, mãos soltas. Passos de valsa.


Vídeo disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=6FyKSzSy1YY>. Acesso em: 14 abr.

2021.

Quadro 11 – Alegria sem fim

D E D E D E

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frente frente frente frente frente frente

1 2 3 4 5 6

Braços elevam na altura do


coração

D E D E D E

atrás atrás atrás atrás atrás atrás

7 8 9 10 11 12

Braços vão ao alto com


impulso e abrem

2x:

D E D E D E

frente frente frente frente frente frente

7/13 8/14 9/15 10/16 11/17 12/18

Valsa

No lugar, leve flexão de


joelhos

19 20 21 22 23 24

Mãos vão ao alto com impulso


e retornam com as palmas no sentido da face

4.2 O PEQUENO PLANETA (KLOKE, 2009)

Coreografia: Nanni Kloke (2007)


Música: CD Meghan Nostalgia / Track: Si beag, si mor

Vídeo demonstrativo: <https://youtu.be/4A7bTCRyCJA>. Acesso em: 14 abr. 2021.


Compasso: ¾
Posição inicial: pequenos círculos de mãos dadas, em um grande círculo.

Figura 1 – O pequeno planeta

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Observação: a bola preta significa o centro e no entorno estão os


planetas. A seguir, as flechas representam um grupo de
pessoas que formam um
dos planetas.

Quadro 12 – O pequeno planeta

D E D E D E D E D E D E

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1º compasso 2º compasso 3º compasso 4º compasso

* em passos de
valsa, desfazendo o pequeno círculo e compondo o grande círculo.

D E D E D E D E D E D E

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

5º compasso 6º compasso 7º compasso 8º compasso

* em passos de
valsa, formando raios na direção do centro (cada planeta um raio).

D E D E D E D E D E D E

25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

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9º compasso 10º compasso 11º compasso 12º compasso

* em passos de
valsa, andando ombro a ombro.

D E D E D E D E D E D E

37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48

1º compasso 2º compasso 3º compasso 4º compasso

* em passos de
valsa, formando novamente o pequeno círculo.

Esta coreografia, de Nanni


Kloke, faz parte de uma suíte de danças inspiradas na obra O Pequeno
Príncipe, de Antonie de Saint-Exupéry.

Esse modo de
compor o trabalho, num conjunto de danças e dentro de um tema ou obra, já era
uma prática de Wosien. Inclusive, quando ele implantou as danças em Findhorn, ele
escolheu e

montou a peça “A roda de Jesus”, com base nos versículos de São João,
em que constam as Cartas

Apócrifas do Novo Testamento, com a descrição: “Jesus


convida seus discípulos para participar duma

roda, de mãos dadas a fim de


festejar com ele a despedida, antes de ser preso” (Wosien, 2000, p.
118).

TEMA 5 – DICAS PARA FOCALIZAR

Figura 2 – Focalizar

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Crédito: Bardini, 2018.

Preparamos uma série de dicas que podem apoiar


um focalizador em sua jornada de ensino das

danças circulares:

Ensinar
somente quando sentir segurança em relação à sua performance e ao conhecimento
que tem sobre a dança;

Manter-se
presente na roda, dançando com entrega plena, sem distrações;

Concentrar-se
no movimento e não se deixar levar por desarranjos de ritmo e movimento de

quem
está aprendendo;
Permitir
que cada um identifique suas dificuldades e as supere sem cobranças;

Levar
à roda repertório variado e não somente as danças preferidas, pois as pessoas
são

diferentes;

Como
numa subida e descida, reconhecer na vivência quais danças podem ser utilizadas
para
iniciar e fechar o ciclo e quais tem potencial para ocuparem o ápice da
aula.

Não
subestimar a capacidade de aprendizado de quem está na roda, mas também não
frustrar

os alunos com danças complexas, para as quais não estejam prontos;

É
importante que as pessoas aprendam os passos e compreendam o que estão fazendo,
para
que tenham uma experiência de apropriação da dança, de modo que não sejam
meros

reprodutores de movimentos.

Os
aprendizados sobre como atuar com o ensino da dança acontecem de forma
contínua. Com

o tempo de experiência, vamos apurando nossa própria metodologia,


afinal, cada focalizador tem seu

modo particular de ensinar e mesmo de conduzir


as danças, de selecionar o repertório e até mesmo
o público envolvido. O
contexto interfere na condução e nas escolhas. Afinal, há diversas finalidades

em questão na prática.

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NA PRÁTICA

Agora
que você já teve contato com as danças propriamente ditas, perceba com qual
delas

houve uma identificação maior. Então, observe os passos da dança, o grau


de dificuldade, a marcação

rítmica, enfim, a coreografia como um todo. Perceba


se a dança já está incorporada e se você
consegue dançar apenas com a escuta
musical. Verifique como você se sente ao realizar a dança e o

que ela ativa em


você.

Após
esse processo, procure um ou mais voluntários que estejam dispostos a aprender
a dança.

Explique o que você sabe sobre as danças circulares e suas simbologias;


utilize no centro do espaço

um objeto para delimitar o centro da roda e tome-o


como referência. Boa roda!

FINALIZANDO

Este conteúdo vivencial, teórico-prático e de


cunho pedagógico, vai servir de base para as
próximas aulas, quando
aprofundaremos os estudos de repertório, a partir da seleção de danças com

base
nos elementos da natureza e nos ciclos da vida.

Até o final das aulas, vamos localizar algumas especificidades


do trabalho com crianças, com

mulheres, mães com bebês, cadeirantes e idosos, enfatizando


o caráter integrativo e terapêutico das

danças.

REFERÊNCIAS

KLOKE, F. Espelho de
minha alma. Curitiba, 2010. Workshop.

KLOKE, N. O
Pequeno Príncipe. São Paulo, 2009. Workshop.

RAMOS, R. C. L. Aprofundamento
em Danças Circulares. São Paulo: Triom, 2012.

_____. Formação em
Danças Circulares. São Paulo: Triom, 2009.

VALE, W. Curso de
formação em Danças Circulares Sagradas. Curitiba/ PR, 2009.

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