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Inventário CX 405 1875

Inventariado: Francisco Alves de Assis

Inventariante: Maria Felícia de São José

Fl. 1

2º Ofício

1875

Juízo Municipal desta cidade de São João Del Rei

Inventário e partilha amigável dos bens que ficaram por falecimento de Francisco Alves
de Assis, de quem ficou viúva e inventariante Dona Maria Felícia de São José

O Escrivão Duarte

Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de Mil Oitocentos e Setenta e Cinco,
Qüinquagésimo Quarto da Independência e do Império do Brasil, aos 05 dias do mês de
Abril do dito ano, nesta cidade de São João Del Rei, Minas e Comarca do Rio das
Mortes, em o meu escritório, e sendo ali autuo a petição e documentos, que ao diante se
segue, do que faço esta autuação, eu Lucas Antônio Duarte, escrivão, que o escrevi.

Fl. 2

Ilmo Sr. Dr. Juiz Municipal

Dizem Maria Felícia de São José, viúva do finado Francisco Alves de Assis, Mariana
Gertrudes de Assis, casada com Custódio José de Araújo; Dalmina Laudelina do
Espírito Santo, casada com João Baptista Neto; José Paulino de Assis, casado com
Esméria Cândida de Jesus; Elisiária Paulina do Espírito Santo, casada com Jovêncio
Pereira Borgem; Francisca Baldoina de Assis, casada com Geraldo Pires de Alcântara;
Anna Elídia de Jesus, casada com Martiniano Neto da Silva; Luísa Bernardina da
(Assunção), casada com Antônio Moreira da Costa.

Este José Paulino de Assis representa por si e por compra que fez da herdeira Mariana
Umbelina do Espírito Santo, casada com Francisco Neto do Nascimento e co-herdeiros
da sua (sucessão) que eles suplicantes acordaram entre si, procederem a inventário e
partilhas e divisões amigável e convencional a qual consta do documento junto, para
que possa ter força de (coisa) julgada, é indispensável que seja julgada por sentença,
(por) isso pretende que V.S. assim mande autuar o dito inventário e partilhas e divisões
convencional, que (se lhe) faça conclusa para o (deliberar) portanto

Pede a V.S. se digne deferir aos suplicantes na forma requerida mandando autuar esta, e
que se lhe façam concluso.

Fl. 4

Nós abaixo assinados eu, Maria Felícia de São José, viúva do meu finado marido
Francisco Alves de Assis, e meus herdeiros Mariana Umbelina do Espírito Santo,
casada com Francisco Neto do Nascimento; Dalmina Laudelina do Espírito Santo,
casada com João Baptista Neto; José Paulino de Assis, casado com Esméria Cândida de
Jesus; Maria Gertrudes de Assis, casada com Custódio José de Araújo; Elisiária Paulina
do Espírito Santo, casada com Jovêncio Pereira Borgem; Francisca Baldoina de Assis,
casada com Geraldo Pires de Alcântara; Anna Elídia de Jesus, casada com Martiniano
Neto da Silva; Luísa Bernardina da (Assunção), casada com Antônio Moreira da Costa,
não havendo órfãos e achando-se em comum concordando nós todos em proceder
amigavelmente, e por nossa mútua convenção a fazer o nosso inventário e partilhas e
divisões de nosso falecido marido, pai e sogro Francisco Alves de Assis no dia 26 de
Junho de 1874 e de quem somos herdeiros em qualidade de filho e filhas do sobredito
falecido Francisco Alves de Assis temos feito e procedido no auto que (se segue), aos
29 dias do mês de Março de 1875.
E por nós foi convencionado e declarado que todos herdeiros trariam à Colação e
(entrarão) na (massa) da sucessão com a metade da soma que tínhamos recebido para o
casamento de nosso pai que também deviam conferir as quantias que lhes foram dadas
para seus primeiros estabelecimentos. O que tudo para maior igualdade da partilha deve
compor a massa geral da sucessão, foi igualmente convencionado os imóveis seriam
avaliados por Manoel Maria de Sá Fortes e Francisco Antônio do Nascimento, móveis
semoventes fossem avaliados pelos mesmos louvados acima declarados, que todos nós
temos escolhido que a Vossa mãe e sogra Maria Felícia de São José para as funções de
inventariante por ser ela quem ao tempo da morte de nos, o pai e sogro estava no casal e
por ter mais conhecimento do que lhe pertence e por que nela (pomos) toda a nossa
confiança e como a reconhecemos por mais os (peritos) inteligentes nós acordamos que
também seja eles quem faça os respectivos quinhões que nós recebemos da sua mão, e
de que no auto do recebimento lhe (daremos) a competente quitação e logo neste mesmo
ato foi presente o respectivo inventário do casal de nosso falecido pai e sogro Francisco
Alves de Assis e qual já se achava pela maneira seguinte:

1 tacho de cobre, com o peso de 20 libras, no valor de 8$000.

1 forno velho, com o peso de 10 livras, a $300, no valor de 3$000.

1 tachinho de cobre pequeno, no valor de 2$000.

1 oratório, no valor de 5$000.

1 caixão velho, no valor de 3$000.

1 tear velho e alguns pertences, no valor de 7$000.

1 almario velho, no valor de 6$000.

1 par de canastras, no valor de 18$000.

1 catre grande, no valor de 3$000.

1 dito velho, no valor de 2$000.

1 dito torneado, no valor de 2$500.

1 mesa velha, no valor de 3$000.

1 (basto velho, mal arreado), no valor de 4$000.


1 cavalo velho, no valor de 40$000.

1 macho de sela, no valor de 60$000.

1 vaca com cria, por nome Laguna, no valor de 60$000.

1 dita com cria, por nome Mimosa, no valor de 60$000.

1 dita com cria, por nome Chorona, no valor de 55$000.

1 dita com cria, por nome Saudade, no valor de 55$000.

1 dita com cria, por nome Lavrada, no valor de 45$000.

1 dita com cria, por nome Marquesa, no valor de 55$000.

1 dita com cria, por nome Cambraia, no valor de 60$000.

1 dita com cria, por nome (Coelha), no valor de 55$000.

1 touro, no valor de 30$000.

1 novilha, filha da Cambraia, no valor de 25$000.

1 dita, filha da Marquesa, no valor de 27$000.

1 dita, filha da Laguna, no valor de 27$000.

1 dita, filha da Mansinha, no valor de 20$000.

1 dita, filha da Mimosa, no valor de 18$000.

3 garrote de 2 anos, no valor de 36$000.

Fl. 5 v Escravos

O escravo Antônio, preto, de idade de 38 anos, matriculado em 22 de Abril de 1872, no


valor de 750$000.

A escrava Anna, preta, de idade de 18 anos, matriculada em 22 de Abril de 1872, no


valor de 650$000.
Fl. 5 v

Todas as benfeitorias, moinhos e quintal, no valor de 250$000.

5 alqueires e meio de terras, campos (no vão), no valor de 350$000.

11 alqueires de campos nas (Aroeiras), no valor de 880$000.

3 alqueires de culturas na mesma, no valor de 270$000.

Fl. 5 v

A dívida do herdeiro Jovêncio Pereira Borgem, a quantia de 34$000.

Haverá mais o meio dote com igualdade aos herdeiros, a quantia de 400$000.

Assim mais a herdeira Anna Elídia de Jesus, casada com Martiniano Neto da Silva, que
já se acha com seu poder, a quantia de 12$500.

Fl. 6

Soma todo o total a quantia de 4:391$000.

Fl. 7 v Pagamento ao herdeiro José Paulino de Assis

E bem assim em terras de campos e cultura na Fazenda das Aroeiras, na quantia de


279$624.

Assim mais na dita Fazenda nas benfeitorias, moinho e quintal, o valor de 31$250.

Assim mais 1 oratório, o valor de 5$000.

Assim mais 1 catre, no valor de 3$000.

Assim mais a parte do burro, pêlo de rato, no valor de 15$000.


Assim mais 1 vaca, de nome Laguna, no valor de 60$000.

Assim mais 1 vaca, de nome Chorona, no valor de 55$000.

Assim mais o meio dote da parte do mesmo e da compra que fez a Francisco Neto do
Nascimento, no valor de 100$000.

Soma tudo na quantia de 548$874.

Fl. 10

Divisão nas terras da Fazenda das Aroeiras entre os sócios Maria Felícia de São José;
José Paulino de Assis e sua mulher Esméria Cândida de Jesus. Este por compras feitas a
Francisco Neto do Nascimento e sua mulher Mariana Umbelina do Espírito Santo; de
João Baptista Neto e sua mulher Dalmina Laudelina do Espírito Santo e de Geraldo
Pires de Alcântara e sua mulher Francisca Baldoina de Assis e o sócio Martiniano Neto
da Silva e sua mulher Anna Elídia de Assis, ficando Custódio José de Araújo e sua
mulher Maria Gertrudes de Assis e este com a pequena parte que comprou a Geraldo
Pires de Alcântara e sua mulher Francisca Baldoina de Assis e o sócio Antônio Moreira
da Costa e sua mulher Luísa Bernardina da Assunção em comum nas terras do vão.

Pagamento e divisão feito à Maria Felícia de São José tendo princípio sua demarcação
principiado no Rio Elvas, no valo na divisa de Antônio Carlos do Nascimento, por este
acima até um marco de pedra fincada na divisa do interessado Martiniano Neto da Silva
e deste voltando à esquerda a um pau de jacarandá mais pequeno que se acha na (beira)
da roça beirando a cultura até outra pedra e desta a um pau de (camará) deste em rumo
direito ao Córrego descendo Córrego abaixo até o fundo do quintal subindo pelo valo d
quintal acima até o moinho voltando à esquerda beirando a cerda do mesmo fronteando
a primeira figueira que se acha no terreiro e desta pelo o trilho de cavaleiro até a
tronqueira na divisa com Antônio Carlos do Nascimento, voltando à esquerda pelas
divisas reconhecidas até o Rio Elvas e por este abaixo até onde teve princípio esta
demarcação. Ficando dentro deste círculo pertencendo à meeira.

Pagamento a José Paulino de Assis tendo princípio na tronqueira na divisa de Antônio


Carlos do Nascimento seguindo pelo o trilho de cavaleiro até a casa das Aroeiras donde
se acha uma figueira já mencionada no pagamento acima de sua mãe, desta ao tapume
do quinto seguindo este até ao Córrego voltando à esquerda por este acima até a divisa
do (interessado) Martiniano Neto da Silva seguindo esta até a divisa de Jovêncio Pereira
Borgem e seguindo esta até a divisa de Antônio Carlos do Nascimento seguindo esta
pelas divisas já reconhecidas até donde teve princípio ficando dentro desta demarcação
pertencendo ao interessado José Paulino de Assis e sua mulher.

Fl. 11

Pagamento ao interessado Martiniano e sua mulher tendo princípio a sua demarcação no


Córrego já mencionado e deste a rumo direito a um pau de (camará) o mais (debaixo)
deste a uma que se acha fincada na beira do campo e desta voltando à direita até (fronte
ao) primeiro pau de jacarandá e deste voltando à esquerda a rumo direito ao valo aonde
se acha uma outra pedra fincada no valo da divisa de Antônio Carlos do Nascimento e
pelo o mesmo valo até outra pedra que se acha fincada e desta à esquerda em rumo
direito fronteando a um pau (por onde de solta) cavalo voltando à esquerda à beira da
capoeira até um toco de (didal) que se acha abaixo da estrada e deste ao Córrego e por
este abaixo ate donde teve princípio, ficando dentro desta demarcação pertencendo à
herdeira Anna Elídia de Assis, casada com Martiniano Neto da Silva.

Pagamento à herdeira Elisiária Paulina do Espírito Santo, casada com Jovêncio Pereira
Borgem tendo princípio a sua demarcação no Córrego direito a um (tronco de didal) já
mencionado no pagamento do (interessado) acima e deste (abeirando) a capoeira
(atruncando) a estrada beirando a capoeira a frontear ao pau de (solto) cavalo e deste
em rumo direito ao alto aonde se acha uma pedra fincada na beira do valo na divisa de
Antônio Carlos do Nascimento voltando à esquerda pelas divisas já reconhecidas com o
mesmo Antônio Carlos e com a mesma interessada até onde teve princípio ficando
pertencendo dentro desta demarcação à mesma herdeira Elisiária Paulina do Espírito
Santo e seu marido Jovêncio Pereira Borgem.

Nesta conformidade e de acordo de nós todos temos concluído o presente inventário e


partilhas e divisões amigável e de nosso mútuo aprazimento e (declaremos) estar feito
com toda igualdade (inteireza), e por isso nós damos por quites uns para com os outros,
e desonerados de todas e quaisquer repetições, ações, direitos e pretensões, o que assim
temos estipulado debaixo de nossas assinaturas particulares, para ser executado em toda
a boa fé, contudo, para dar a este nosso ato voluntário e convencional (caráter) mais
(solene), nós comprometemos e obrigamos a requerer em Juízo a homologação do
presente ato de inventário, partilha e divisões, Fazenda das Aroeiras, 30 de Março de
1875.

Fl. 15

José Coelho (de Moura), escrivão da Coletoria da Renda Geral e da Matrícula Especial
de Escravos do Município de São João Del Rei

Certifico que revendo o livro 1º que (serve) nesta Coletoria para a matrícula especial de
escravos ordenada pela Lei de Ventre, 08 de Setembro de 1871, nele a fls. 6 consta que
Francisco Alves de Assis, morador neste Município, no Distrito de São Francisco do
Onça, em data de 22 de Abril de 1873, matriculou os escravos seguintes:

Nº de ordem da Relação 13

Nº de ordem na matrícula geral do município 78

Nº de ordem na relação 1

Cesário, de cor preta, idade de 39 anos, solteiro, filho de Thereza, serviço de lavoura.

Averbação: faleceu em (15) de Agosto de 1873.

Nº de ordem na matrícula geral do município 79

Nº de ordem na relação 2

Antônio, de cor preta, idade 35 anos, solteiro, filho de Thereza, serviço de lavoura.

Nº de ordem na matrícula geral do município 80

Anna, de cor preta, idade de 15 anos, solteira, filha de Maria, serviço doméstico.
É o que consta do respectivo livro de matrícula que fielmente copiei e dou fé, Coletoria
da Renda Geral do Município de São João Del Rei, 05 de Abril de 1875.

O escrivão

José Coelho de Moura

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