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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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SOM NAS IGREJAS

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Sumário
Ano. 25 - agosto / 2018 - Nº 285

O “selfie” de Jair Oliveira


24
Em seu trabalho mais pessoal, Jair Oliveira faz sua primeira coprodução com
Rogério Leão. A mistura de influências aconteceu no Flux Studio, em Nova
York, incrementada por alguns dos melhores músicos do mundo.

NESTA EDIÇÃO

28
08 Vitrine 18 Play Rec
O SEQ12 é um dispositivo
O grupo Florence and The Machine
eletrônico inovador da Mode
lança o seu quarto álbum de
Machines. Este equipamento


estúdio, composto por 10 faixas,
MIDI é um sequenciador que
todas escritas por Florence Welch.
de fato pode criar e fazer
arranjos de base musicais
como se fosse uma per-
22 Expansão DA Series
Ao completar 35 anos de formance ao vivo. A Harman anunciou novos mem-
bros para a série de sucesso de
atividade, a locadora de 10 Rápidas e Rasteiras amplificadores Crown DriveCore
Cuiabá sonoriza o mega show Install DA Series. Estes novos
Com uma programação
da dupla Jorge & Mateus membros sob a bandeira Crown de
extensa e ampla, a edição da
amplificadores instalados dão
utilizando o novíssimo sistema AES Uruguai dará continui-
suporte para as redes de áudio
Slinpec 214Y, da LS Audio. O dade ao desenvolvimento de
Dante e AES67.
estratégias para dar suporte e
sistema de apenas 2 vias, encorajar comunidades de
apresentou um som claro, colaboradores e profissionais 64 Eu e a música
nítido e com muita potência e da indústria do áudio.
“Como nada sugerisse que o show
definição, concorrendo com os 16 Gustavo Victorino estivesse para começar, resolvi voltar
PAs importados. Um sistema para dentro de casa, não sem antes
Confira as notícias mais perguntar a Macalé quem tocaria.
que veio para atender os quentes dos bastidores do Para minha surpresa ele respondeu:
grandes festivais e espaços mercado. “Sá & Guarabyra”. Mais surpreso
ainda fiquei ao notar que nem ele
para 20 ou 80 mil pessoas.
nem Charles me haviam reconheci-
do. Não conheço sequer um músico
que possa se dizer livre de ter
sonhado, ou vir a sonhar, com um
show mal sucedido”.
Expediente
Diretor
Nelson Cardoso
nelson@backstage.com.br
Gerente administrativa
Stella Walliter
stella@backstage.com.br
Financeiro
adm@backstage.com.br

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Coordenadora de conteúdo
Danielli Marinho
redacao@backstage.com.br
Revisão
Danielli Marinho
Alta potência em poucas dimensões Colunistas:
Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo Victorino,
Potência sonora aliada a um timbre poderoso e dimensões que Lika Meinberg, Luiz Carlos Sá, Pedro Duboc,
Ricardo Mendes e Vera Medina
cabem em qualquer projeto. O sistema VOA8 foi o escolhido para Colaborou nesta edição:
viajar com a turnê do Paralamas do Sucesso. O modelo permite Fernanda Fernandes
encarar os maiores desafios de uma ‘gig’ em apresentações ao ar livre. Ed. Arte / Diagramação / Redes Sociais
Leonardo C. Costa
arte@backstage.com.br
Capa
TECNOLOGIA Arte: Leonardo C. Costa
Foto: Divulgação

40 Áudio Fundamental 48 Ableton Publicidade / Anúncios


PABX: (21) 3627-7945
arte@backstage.com.br
Nesta edição o tema é sobre O Wavetable é o novo sin-
mix de monitor, uma arte tetizador incorporado ao Webdesigner / Multimídia
Leonardo C. Costa
pouco falada, mas que está Ableton Live 10. Esse novo multimidia@backstage.com.br
presente em cada show. E plugin sintetizador da Ableton é Assinaturas
Maristella Alves
ninguém melhor do que capaz de produzir sons do tipo: PABX: (21) 3627-7945
Markinho Maluf, técnico de Angelical, Monster Pads, efeitos assinaturas@backstage.com.br
monitor do Titãs para falar Sci-fi, e texturas de toda ordem. Coordenador de Circulação
Ernani Matos
um pouco sobre essa arte. ernani@backstage.com.br
52 Pro Tools Assistente de Circulação

44 Ricardo Mendes Aquele toque de canela em


Adilson Santiago
Crítica
broncalivre@backstage.com.br
Hoje a maioria dos produtores um cappucino, aquela
masteriza as próprias músicas que tomada no shopping quando Backstage é uma publicação da editora
estamos com 1% de bateria. H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda.
mixa. Para que a masterização
Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá
ocorra sem maiores problemas, é Nesta edição descubra as Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150
fundamental que alguns pérolas escondidas do Pro Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549
Tools - pequenas funções CNPJ. 29.418.852/0001-85
cuidados sejam tomados
Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É
na mixagem. que têm muito valor. permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada
cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos
anúncios veiculados.

CADERNO ILUMINAÇÃO
56 Vitrine iluminação 58 Iluminação cênica
O K-EYE S10 HCR, da Claypaky, é Além das novas tecnologias de
um LEDwash estático que permite iluminação, as estruturas de
total controle sobre a qualidade de iluminação cênica começaram a
todas as formas de branco e luzes incorporar outros elementos, como
coloridas. A nova tecnologia HCR recursos de vídeo, tubos de luz,
usada no K-EYE é uma plataforma fibra ótica e iluminação de
eletrônica exclusiva desenvolvida pela indução que podem oferecer
empresa em conjunto com a Osram. perspectivas promissoras.
CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br
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Davi
e
Golias
E xiste uma história bíblica que até hoje fascina adultos e crianças, a de
Davi e Golias. Essa incrível história do pastor franzino que enfren-
tou o gigante tirano usando as poucas armas que dispunha - a fé, uma
estratégia e algumas pedras – encontra ainda mais espaço quando com-
parada a momentos de dificuldade, seja ela financeira, pessoal ou de ou-
tra natureza. A narrativa ensina justamente a jogar com as armas que dis-
pomos e não com as do adversário. O franzino pastor derrotou o gigante
opressor quando percebeu que a sua volta havia os três recursos que o gi-
gante não havia percebido.
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Diversas vezes já nos vimos em situações parecidas como a de Davi. Segu-


ramente, algumas soubemos sair, mas em outras sucumbimos por não en-
xergar as “armas”, ou recursos que pudessem nos arrebatar de tal situação.
Quantas vezes só conseguimos enxergar o caminho depois de muito tem-
po, embora o cenário ainda fosse o mesmo?

Essa cegueira parece atingir hoje em dia a formação profissional dos jovens
do país. A impressão é que cada jovem profissional enfrenta um Golias, e
continua obedecendo à sua ordem, permanecendo submetido às regras do
gigante. É fato que o acesso à educação formal é custoso, não apenas em
relação ao dinheiro, mas também à disponibilidade de tempo. No entanto,
há uma gama de recursos disponíveis que fogem à forma tradicional de se
obter informação e formar conhecimento. É só olhar em volta.

Lutar contra Golias da mesma forma que a geração de 20 anos atrás o en-
frentou é um equívoco. É preciso valorizar e enxergar novas perspectivas,
como o acesso gratuito à educação e à informação oferecidos amplamente,
e ter ânimo, ou fé, para criar caminhos, usando outras estratégias e esco-
lhendo as “armas” que estão disponíveis.

Somente com essa tomada de consciência é que se poderá sair desse obscu-
rantismo educacional – no sentido amplo da palavra - que os jovens no
país vêm entrando. Jovens sem ânimo, jovens sensores, jovens idosos tris-
temente fazem parte de uma parcela significativa da população, deixando
para trás o essencial da juventude: enxergar o mundo de outro ângulo e
aportar qualidade à sociedade em que vive.

Boa leitura

facebook.com/backstage.revista
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VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br

IKON IK42
https://martin-audio.com
O iKON iK42 é um
amplificador de po-
tência avançada de 4
canais que combina
densidade muito alta
de potênica com per-
formance de áudio proe-
minente, DSP estado
da arte e controle de
rede. Além de um con-
trolador dedicado pa-
ra os line arrays Martion Audio Wavefront Precision e XE Series, de monitores de palco, o iK42 tam-
bém pode proporcionar amplifiação multicanal através do alcance do falante Martin Audio. Entre as
características, se destacam 4 canais de amplificação Classe D, mais de 20 mil watts de potência total
de saída, dependendo da impedância, alta performance DSP de 96kHz para todas as entradas e saídas
(48kHz quando usado filtros FIR), interface amigável e intuitiva, opera de 85V a 240V, rede Ethernet
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para operação de sistema, controle e monitoramento via software Martin Audio VU-NET™.

SEQ12 ANALOG E MIDI SEQUENCER


www.modemachines.com
O SEQ12 é um dispositivo eletrônico
inovador da Mode Machines. Este
equipamento MIDI é um sequenciador
que, de fato, pode criar e fazer arranjos
de base musicais como se fosse uma
performance ao vivo, atuando como
uma ferramenta que esteja trabalhan-
do sozinha ou junto com uma DAW
para incrementar possibilidades de
produção. Dotado de 12 Track Matrix
Sequencer, o SEQ12 possui 12 tracks
arranjadas numericamente abaixo de
cada matriz, o que significa que é
possível endereçar livremente um
dos 3 canais MIDI de saída para asse-
gurar um timing perfeito e três tipos
de trilhas: MONO, POLI e DRUM.
Assista o vídeo em https://youtu.be/
lKxNBnHhOkI
AT4021 E AT4022
www.audio-technica.com
Microfone condensador cardióide e mi-
crofone condensador omnidirecional.
O AT4021 é ideal para aplicações críti-
cas em estúdio e ao vivo. De perfil baixo,
oferece resposta em frequência plana e
ampla, níveis máximos de SPL e ampla
margem dinâmica. Seu baixo ruído é
perfeitamente adequado para o mais so-
fisticado equipamento de gravação. Seu
diafragma de baixa massa melhora a res-
posta a transientes, aumenta a faixa de
resposta e reduz a transferência de ruí-
dos mecânicos e de manuseio. O micro-
fone oferece reprodução excelente de sons de baixa frequência. O modelo AT4022 é um microfone
condensador omnidirecional de baixo perfil para gravação excelente para piano, violão e outros instrumen-
tos acústicos. Com resposta em frequência plana e ampla e extensa margem dinâmica, ideais para aplicações
críticas em estúdio e ao vivo, o AT4022 lida com altos níveis de SPL com facilidade. O padrão polar
omnidirecional do microfone preserva o "som" do local de gravação, proporciona resposta plana e liberdade
de efeito de proximidade. Seu diafragma de baixa massa melhora a resposta a transientes e reduz a transfe-
rência de ruídos mecânicos e de manuseio.

AURORA NET
http://www.dbtechnologies.com
A versão NET version 0.0.1 Beta 6 da
Aurora Net já está disponível para
download no site da dBTechnologies. A
versão atual permite um controle remo-
to em tempo real para o novo sistema de
line array de escala ativa, o VIO L212 e
para os novos subs ativos VIO S218, bem
como a completa linha VIO X de falantes
de processador digital AC 26N. O time
de desenvolvimento da Aurora Net tam-
bém adicionou novos recursos que per-
mitem um fluxo de trabalho mais suave:
ambiente de tela cheia, LED laranja no
visualizador de limiter (quando o valor do compressor é de 0 a -3dB) habilidade para carregar um projeto com
controles conectatos, novo roteamento ID na barra de ferramentas de visualização. A última versão do Aurora
Net também é capaz de gerar um alerta se o usuário estiver usando diferentes versões de firmware ou mesmo tipo
de falante. Para fazer o dowload da nova versão, acesse o site da empresa.

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Skank apresenta a MÚSICA INSTRUMENTAL AJUDA


CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO
capa do novo álbum Você sabe o que é crossover? O termo significa
mistura. O "Selah Ensemble", grupo formado por
Foto: Divulgação

músicos de estúdio e de orquestras conceitua-


das no cenário brasileiro, produziu o repertório
dentro desse conceito, unindo os gêneros erudi-
to e popular. Além de levar música de qualidade
a todos os públicos, a renda dos concertos do
grupo Selah Ensemble será totalmente revertida
para ações sociais. As apresentações serão em
teatros de médio porte. Após o primeiro concer-
to, devidamente registrado em áudio e vídeo se-
rão feitas divulgações online e novas apresenta-
ções em outros teatros e outros estados.

CONSTRUÇÃO DAS SONORIDADES


NA MÚSICA POP
Sergio Molina lança Musica de Montagem - A
Composição de Música Popular no Pós 1967.
Na obra, o autor trata sobre a construção das
sonoridades na música pop desde os Beatles.
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Partindo do princípio de que o pop é trilha sonora


de momentos importantes em todo o mundo (por
O pontapé da turnê de lan- uma ilustração do artista causa dele as barreiras culturais se abriram para
çamento do CD/DVD Os Emerson Camaleão, respon- novas experiências desde Beatles, Michael
Três Primeiros será dia 01 sável por capas de revistas Jackson e os novos sucessos ao redor do plane-
de setembro, no Credicard como MAD e Mundo Estra- ta), o desafio do autor é fazer entender como
Hall, em São Paulo, mas a nho. O projeto gráfico ficou ocorre a construção de sonoridades da música
banda Skank já divulgou a a cargo de Marcus Barão. O popular. Com uma linguagem objetiva e direta, a
capa do projeto que foi gra- lançamento do álbum, nas obra possibilita ao leitor, seja ele especialista ou
vado no Circo Voador, no lojas e plataformas digitais, leigo no tema, uma verdadeira viagem pelo mun-
do das sonoridades. O autor também aborda a
Rio, em novembro de 2017. pela Sony Music, está marca-
gravação de importantes músicas que marca-
A imagem, inspirada nos an- do também para o segundo
ram época, desde o samba amaxixado Pelo Te-
tigos pôsteres de circo, é semestre deste ano.
lefone, no Brasil, e do jazz Livery Stable Blues,
GAME XP nos EUA, de 1917, até sucessos mais recentes
de Gilberto Gil, Sting e Björk.
A organização da Game XP, cesso da estreia da Game XP,
formada pelos mesmos cria- em 2017, e seu caráter inova-
dores e produtores do Rock in dor. “Nosso objetivo é sempre
Rio e da CCXP, divulgou as no- ir além das fronteiras da músi-
SENSIBILIZAÇÃO MUSICAL
vidades da segunda edição ca e oferecer ao público um Sensibilizar famílias para a música é a proposta do
do maior evento gamer da conteúdo inesperado, inédito projeto de extensão “Iniciação musical ao longo
América Latina e primeiro e com qualidade impecável. A da vida”, coordenado pela professora Renata
Game Park do mundo. Os afi- inovação faz parte do nosso Franco Severo Fantini, do Departamento de Artes
cionados por jogos e novas negócio”, afirmou. Para Pierre e Comunicação (DAC) da Universidade Federal
tecnologias terão um verda- Mantovani, CEO da CCXP, o de São Carlos (UFSCar). A iniciativa oferece ativi-
deiro parque temático monta- Brasil está em posição de des- dades de iniciação à música para bebês, crianças
do nas Arenas Olímpicas (RJ) taque no mundo gamer e a e seus familiares. As inscrições para o próximo
durante os dias 06, 07, 08 e 09 Game XP proporciona um no-
semestre devem abrir em agosto e podem ser
de setembro. Luis Justo, CEO vo nível de entretenimento
feitas pelo e-mail musicalizaufscar@gmail.com
do Rock in Rio, ressaltou o su- para este público.
2018 AES LATIN AMERICAN CONFERENCE
Foto: Divulgação

edição 2018 de concorrência de gra-


vação latino-americana estudantil onde
sua instância final terá lugar no marco
da conferência, expondo os estudan-
tes de áudio de toda América Latina a
um entorno profissional de hierarquia e
facilitando o intercâmbio e camarada-
gem entre profissionais e estudantes
das nações latino-americanas.
A conferência tem caráter de interesse
turístico e cultural de seus respectivos
ministérios.
Os patrocinadores confirmados são:
Intendencia de Montevidéu, Meyer
Sound, Genelec, Audio Technica, WSDG,
Palacio de la Música e outros a confirmar.

Neste ano, a Conferência Latino Americana da AES, sera reali- Palestrantes confirmados:
zado em Montevidéu no Uruguai. O AES LAC é o maior e o mais • Bob McCarthy (USA)
importante Congresso da AES na America Latina. Os membros • Thomas Lund (FIN)
• Frank Filipetti (USA)
da seção América Latina e entusiastas de áudio de todos os
• Mario Faucher (CA)
países desta vasta região vão compartilhar seus conhecimen-
• Ian Corbett (USA)
tos e experiências, bem como aumentar seu network entre os • Nik Valentin (USA)
vários profissionais de áudio de toda a AL. • Alejandro Bidondo (ARG)
Com uma programação extensa e MEC, SIME), políticos, broadcasters • Sergio Molho (ARG)
ampla, esta edição da conferência (canais, andebu, asoprod, etc), médi- • Ivan Markovic (ARG)
dará continuidade ao desenvolvi- cos, acadêmicos, produtores, enge- • Jorge Asama (PER)
mento de estratégias que vão dar nheiros, formadores, técnicos, estu- • Rodrigo Meirelles (BRA)
suporte e encorajar a indústria e os dantes e experts internacionais da re- • Andrés Mayo (ARG)
profissionais da indústria do áudio, gião e da Europa que sejam responsá- • Pamela Cuenca (UY)
educadores, estudantes e audiófilos veis pela elaboração de normas com • Salvador Tercero (MEX)
de todos os paíse da America do Sul, um ponto em comum dos diferentes • Cristian Becerra (CHI)
Central, Caribe e Mexico entre os dia pontos de vista. • Mauricio Gargel (BRA)
24 e 26 de setembro, no Centro de Este marco se materializará através de • Joel Brito (BRA)
Conferências de la intendencia de seminários, documentos, oficinas e pai- • Darío Peñaloza (VEN)
Montevideo, no Uruguai. néis de discussão que serão programa- • Miguel Dominguez (ES)
O tema norteador desta conferência dos durante os 4 dias de conferência • Daniel orejuela (ECU)
será o Loudness e sua regulamenta- (24 a 27 de setembro). • César Lamschtein (UY)
ção; assim como na Europa, as nor- Fiel à tradição desta conferência, a pro-
mas de EBU e nos Estados Unidos as gramação incluirá uma grande gama de A programação inclui:
de ATSC regulam os níveis de sonori- eventos de divulgação de técnicas de • Seminário
dade dos canais abertos e a cabo; a produção musical, sonorização de es- • Tutoriais
normatização para as rádios que está petáculos, pós-produção de áudio para • Workshop
em curso e os níveis de som ao vivo audiovisual que atualizaram e enrique- • Tours técnicos
que estão cada vez mais levados em ceram a prática da comunidade do • Competição de gravação
conta para a saúde auditiva e, por últi- áudio nacional e da região. entre estudantes
mo, todos os serviços de streaming de O ambicioso programa convoca 26 ora- • Paineis
áudio por internet (entre eles, You- dores internacionais, com ênfase em suas • Artigos e posters científicos
Tube, iTunes, Spotify, Tidal, etc) representatividades regional, oferecendo • Exposições
implementaram recentemente siste- 51 eventos (palestras, masterclasses e ofi-
mas de normatização de nível. cinas) refletindo 7 áreas temáticas e Mais informações:
Neste congresso, vamos propor ge- totalizando 90 horas de experiência dispo-
www.aesuruguay.org/lac2018
rar um marco para convocar autori- níveis aos participantes.
aeslacuruguay2018@gmail.com
dades governamentais (URSEC, Por último, uma menção especial para a

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NOVO SINGLE E LYRIC VIDEO


Show com cavalos tem efeitos

NA TRILHA
Allen Stone, cantautor norte-america-
no de R&B e soul, divulgou o novo single
de iluminação mais modernos Warriors. A música chega acompanhada
Foto: Divulgação

de um lyric video. O single, produzido por


Jamie Lidell, aparecerá no próximo disco
de Stone, que está sendo finalizado.

NOVO CLIPE
Macaco lançou o primeiro single de seu
novo disco, acompanhado de clipe, pro-

BACKSTAGE
tagonizado pelo ator Alberto Ammann.
Produzido pelo próprio artista, Macaco
nos lembra, com esse energético novo
trabalho, que precisamos de um mundo
com mais gente valente. Assista ao clipe –
No final de maio, Pepe Agui- contou com a produção téc- https://youtu.be/MimZ-QaNSCQ
lar apresentou o show Jari- nica da Equipos Apolo. Os
peo acompanhado de 40 Ela- equipamentos Elation foram MÚSICA INÉDITA
tion Platinum FLX™ hybrid escolhidos pela sua potência Gavin James lança EP Always, com mú-
moving heads e 22 unidades e variação de cores equanto um sica inédita, além de duas versões do su-
de Elation SixPar 200 IP™ IP65 multiambiental foi im- cesso Always, o lançamento apresenta
color-changing Par lights portante para as luminárias The Middle.
12

with Antari F-7 Smaze™ alocadas ao longo da arena.


usados para efeito ambiente Unidades SixPAR 200 IP com PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA
Foto: Divulgação

e para produzir uma fina ca- chips de LED des seis cores,
mada de névoa. incluindo UV, foram coloca-
O Jaripeo é um show mexi- dos em volta do centro do
cano equestre que inclui local da apresentação e usa-
montaria em cavalos e cor- das para iluminar em cores
ridas de touros, costumes vibrantes as vestes tradici-
tradicionais mexicanos, e onais - a vestimenta masculina
música regional como Ma- Charro e o vestido de montaria
riachi ou Banda - e foi mo- feminino Adelita. O IP65 dos
dernizado usando efeitos de SixPar não apenas protegeram o A cerimônia em homenagem a Luiz Melo-
video mapping e efeitos di- equipamento contra água ou dia (1951-2017) acontece em 15 de agos-
nâmicos de iluminação. chuva, mas também contra a po- to, no Theatro Municipal do Rio de Janei-
O responsável pelo design eira pesada levantada pelos ani- ro, e marca parceria com a Petrobras, nova
de luz foi Ricardo Ortiz, que mais enquanto se apresentavam. patrocinadora do evento. Chico Buarque
e Mario Adnet têm quatro indicações
STEVIE B LANÇA CLIPE GRAVADO EM SÃO PAULO cada. A premiação teve recorde de inscri-
ções, com 1327 álbuns, 132 DVDs recebi-
O projeto valoriza o funk brasileiro e foi gravado no Eastside Sound
Studio, indicado sete vezes ao Grammy awards e que reúne artistas dos e 144 videoclipes. A cerimônia será
como Beyonce, System of a Down, Twisted Sister, Mariah Carey e conduzida pelas atrizes Debora Bloch e
Slash. Aos 60 anos, o cantor americano entrou para lista de convida- Camila Pitanga, foi idealizada e dirigida
dos do conterrâneo Chubby Chub (atual DJ do 50Cent) para o por José Maurício Machline. Esta edição
projeto inédito We Love Baile. Chubby Chub é DJ, produtor e dono conta com roteiro de Zelia Duncan, ceno-
do álbum We Love Baile Funk, responsável por reunir culturas e grafia de Gringo Cardia e direção musical
gêneros através de suas mixagens. A produção executiva é de
de João Carlos Coutinho. O canal de
Kikolatino & Pablo Ribeiro, produção musical da MAP Styles Video,
direção de Rodrigo Giannetto Real Filmes and Cinecam youtube do Prêmio da Música Brasileira
Productions, mixagem e masterização de @Medusomusic e o Canal Brasil transmitirão o prêmio ao
@Carlmartinmusic @djcia. vivo, na íntegra.
AUDIO-TECHNICA PATROCINA O PLAYING FOR CHANGE

A Audio-Technica anuncia o patrocínio global do Playing For


Change (PFC), um movimento global criado para inspirar e
conectar o mundo através da música, que nasceu a partir da
crença comum de que a música tem o poder de quebrar
barreiras e superar distâncias entre as pessoas. O principal
foco do Playing For Change é gravar e filmar músicos se
apresentando em seus ambientes naturais e combinar seus
talentos e poder cultural em vídeos inovadores conhecidos
como Músicas ao Redor do Mundo. Além disso, o patrocínio
da Audio-Technica também se estende para a Banda Playing
For Change e a Fundação Playing For Change — uma orga-
nização global sem fins lucrativos separada e dedicada à
criação de mudanças positivas por meio da educação musi-
cal e artística. A fundação desenvolve e apoia programas
musicais escolares em comunidades carentes ao redor do
mundo, oferecendo aulas gratuitas de música, dança e idio-
mas, que combinam tradições culturais com tecnologia.
Como patrocinadora exclusiva de microfones e fones de ouvido
Foto: (ao fundo, da esquerda para a direita) Greg Johnson (Diretor de
desenvolvimento de negócios da PFC); Jason Tamba, Robin Moxey, Tula do Playing For Change, a Audio-Technica fornecerá suporte glo-
(membros da banda PFC); Mark Johnson (Cofundador da PFC) e Chantz bal e equipamentos para o PFC e a Banda PFC, além de atuar
Powell (membro da banda PFC). (à frente, da esquerda para a direita) Mateo
Aupitre, Keiko Komaki, Titi Tsira (membros da banda PFC); Roxanne Ricks como porta-voz do PFC em eventos durante o ano. A empresa
(especialista em eventos e gerente de relacionamento com artistas da Audio-
Technica U.S., Inc.); Mermans Mosengo, Pablo Correa (membros da banda
também doará microfones e fones de ouvido à Fundação PFC
PFC); e Raan Williams (produtor da PFC), no Festival GoPro Mountains of como parte de seu esforço para ajudar comunidades carentes.
Music de 2018 em Vail, Colorado, EUA. Fotógrafo: Taylor Jenson.
Para mais informações, acesse www.audio-technica.com

CURSO DE SOM PARA CINEMA POR ENSINO A DISTÂNCIA


A Academia Internacional de Cinema escolas físicas em São Paulo e Rio de mente, com progressão de complexi-
(AIC) lança a primeira Escola de Cine- Janeiro”, explica Flávia Rocha diretora dade. Haverá conteúdo ao vivo, mate-
ma Online no Brasil, com cursos em de comunicação e mantenedora da AIC rial de apoio, exercícios de auto res-
diversas áreas do cinema. A proposta (https://goo.gl/uB8h8N). posta e exercícios práticos com
é levar formação especializada tam- A primeira bateria de cursos cobre as feedback individual.
bém para quem está em localidades áreas roteiro, som para cinema e TV, Todos os professores são especialistas
fora de São Paulo e Rio de Janeiro. edição e produção. Para o lançamen- por área e atuantes no mercado
“Somos a primeira escola com foco to, a AIC preparou uma promoção es- audiovisual. Os cursos online oferecem
exclusivo em produção audiovisual no pecial: pessoas cadastradas rece- a praticidade para o aluno estudar
Brasil e agora também oferecemos bem descontos exclusivos. As primei- quando e onde quiser, com a mesma
uma formação online, voltada princi- ras turmas têm previsão de início em qualidade e certificação dos cursos
palmente para quem está distante das agosto. As aulas ocorrerão semanal- presenciais da AIC.

RETORNO À AMÉRICA NOVAS DO ROUPA


A banda Sublime With Rome retorna à Amé- Roupa Nova, a banda com maior
Foto: Divulgação

rica Latina e ao Rio de Janeiro depois de longevidade no cenário musical, não


três anos para uma apresentação histórica se cansa de inovar e lançou em todas
no HUB RJ (Santo Cristo), no dia 15 de se- as plataformas digitais, 3 faixas do pro-
tembro (sábado). O grupo chega com um jeto Novas do Roupa, que conta com
novo álbum de 2018 e também apresenta 12 músicas inéditas e será lançado por
os hits de seus dois primeiros lançamentos, completo ao longo dos meses. Surpre-
Sirens, de 2015 e Yours Truly, de 2011. Nes- endendo mais uma vez o público, o
sa turnê, a banda celebrará os grandes álbum Novas do Roupa ainda traz par-
sucessos da era #Sublime, que tem mais ticipações especiais como a da mexi-
de 20 anos de existência. O Sublime with cana Maite Perroni em Destino ou Ca-
Rome é a união da célula que criou o Sublime com a voz emblemática do cantor sualidade e do cantor Luan Santana
Rome Ramirez. no reggae Amor Sob Medida.

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SEGUNDA INSTRUMENTAL
RC NA VEIA

Foto: Nelson Cardoso


Foto: Divulgação

As músicas do Rei Roberto


Carlos são tão clássicas, le-
vam tamanha parte tanto do
consciente quanto do incons-
ciente dos brasileiros, que to-
dos têm certeza que as co-
nhecem de cabo a rabo. O
DVD “RC na Veia” mostra jus-
tamente que o alcance dessas
canções eternas é ainda mai-
or. A tacada de mestre de
Dudu Braga, filho de Roberto
e baterista da banda, veio nos
arranjos do repertório e na Para comemorar os 30 anos de sucesso, música de qualidade. Nestes 30 anos, já pas-
relação de convidados para a
14

a Igreja Cristã Nova Vida da Freguesia, saram pelo evento músicos de primeira gran-
apresentação e gravação, na no Rio de Janeiro, promoveu no dia 9 de deza da MPB. A banda de abertura foi com-
Casa Natura, em São Paulo. julho, uma Segunda Instrumental espe- posta pelos seguintes músicos: Baterista:
A ideia do RC na Veia nasceu cial, apresentando como atração princi- Thiago Araújo, acompanhado por Baixista:
organicamente. Dudu é ba- pal o pianista Luiz Otávio, revelação des- Felipe Lydia; Guitarristas: Vítor Barbosa e
terista com extensa carreira coberta pelo baixista Arthur Maia. No Pedro Bezzoco; Tecladista: William Nogueira.
em grupos de classic rock e evento, o músico lançou o seu mais re- A banda principal foi composta por Pianista:
também produtor musical. cente trabalho Casa de Amigo, um CD Luiz Otávio, acompanhado por Baixista:
Na estrada, conheceu o vo- autoral e totalmente instrumental. Ricardo Cordeiro; Baterista: Elthon Dias; Sa-
calista Alex Capela, que agre- Há trinta anos que a Igreja Cristã Nova Vida xofonista: Marcelo Martins e Trompetista: José
gou o guitarrista e arranjador na Freguesia (Jacarepaguá – RJ) vem pro- Arimatéa. A próxima Segunda Instrumental
Fernando Miyata. A conta fe- movendo a Segunda Instrumental. Uma será no dia 10 de setembro de 2018, às 19 h.
chou com o baixista Juninho reunião dos melhores músicos evangélicos Mais informações: www.facebook.com/
Chrispim. e não evangélicos para tocar e aprender segundainstrumental

CAPITAL INICIAL ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL


LANÇA CLIPE DE O XI Encontro Regional Sudeste da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem)
NÃO ME OLHE ASSIM este ano acontecerá no campus sede da Universidade Federal de São Carlos
O Capital Inicial lança o clipe (UFSCar). Com o tema “Educação Musical em tempos de crise: percepções, impactos
da faixa Não Me Olhe Assim, e enfrentamento”, o evento apresentará trabalhos de pesquisadores, professores,
single de estreia do novo pro- profissionais e estudantes da área de Educação Musical o tema, frutos de pesquisa ou
jeto de inéditas da banda, de relatos de experiência.
que contará com 12 faixas. Os Grupos de Trabalhos (GTs) do evento estão estruturados em quatro eixos temáticos:
Com direção do premiado dimensões investigativas, epistemológicas e históricas da Educação Musical; Educação
J.Brivilati, o clipe é uma metá- Musical em contextos formais de ensino; espaços diversos e temáticas emergentes em
fora sobre os diversos julga- Educação Musical; e formação do educador musical. As normas para estruturação dos
mentos impostos ao outro textos, bem como demais informações sobre a submissão, estão disponíveis no site do
numa sociedade cheia de ta- Encontro (https://bit.ly/2lSvEkA).
bus e ideias morais. Confira: O XI Encontro Regional Sudeste da Abem acontecerá de 18 a 20 de outubro e a
https://www.youtube.com/ programação completa, as inscrições e mais informações serão disponibilizadas pelo
watch?v=IHRLSV56Aas site (https://bit.ly/2lSvEkA) e em sua página no Facebook (https://bit.ly/2tR8Nu3).
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GUSTAVO VICTORINO | www.backstage.com.br

coitadismo com quem deveria ter a res-


ponsabilidade de fazer a cabeça de jo-
vens que enxergam seu ídolo como
rumo ou proposta de vida.

SEMELHANÇA
Pouca gente sabe, mas o megassucesso
Despacito dos porto-riquenhos Luis
Fonsi e Daddy Yankee tem velada ins-
piração num clássico de Martinho da
Vila. A música Devagar, Devagarinho,
do mestre do samba, serviu de inspira-
ção para os latinos adaptarem uma sal-
sa claramente inspirada na música bra-
sileira. Até o nome original (Despacito,
Despacito = Devagar, Devagarinho)
revelou a semelhança que mais tarde foi
sublimada quando compactada apenas
em Despacito. A música disparou uma
febre pelos ritmos latinos entre os ame-
RETROCESSO ricanos que sempre foram céticos e re-
Apesar da luta de entidades, educadores sistentes aos estilos caribenhos e antes
16

O clima eleitoral e e profissionais, o ensino musical parece consumidos apenas por imigrantes ou
ter sido sufocado pela mediocridade na descendentes de hispanos.
a paralisação
gestão nacional da educação. Com car-
completa do gos e ministérios distribuídos politica- PRECONCEITO
mente a amigos e militantes políticos, o Por que a sexualidade dos artistas é tão
governo já em atacada e motivo de polêmica? No Bra-
governo brasileiro jogou a educação do
clima de fim de nosso país para o último lugar nas Amé- sil, diferentemente do que acontece no
ricas ao lado do Suriname, segundo o resto do mundo, a postura de alguns ar-
festa deve colocar à tistas que se assumiram homossexuais
ranking da OEA. Depois de anos de
prova uma das empenho nos bastidores e no antro da parece atrair críticas veladas que trans-
política brasiliense, educadores e asso- cendem a música e despejam apenas um
máximas da ciações civis não escondem o desencan- preconceito inaceitável em pleno sécu-
economia nacional to com os rumos tomados pelo ensino lo XXI. Como crítico, sempre olhei a
musical que acabou também arrastado música e de resto é com o seu nariz (?!?)
que é pragmática e pela falta de gestão e incompetência na que cada um deve se entender. Artistas
direta. Ou seja, se o condução da educação no Brasil. nacionais geniais como Cauby Peixoto,
Ney Matogrosso, Cazuza, Renato Russo
governo não EXEMPLO?!? e agora Lulu Santos merecem respeito
Todos estão solidários com a jovem can- por carreiras impecáveis e obras imor-
atrapalhar, o
tora Demi Lovato, afinal a menina pre- tais. E mesmo fazendo música ruim,
mercado brasileiro cisa de ajuda nessa hora complicada, nem @ Pablo Vittar deveria ser atacado
mas os exageros precisam ser contidos. por suas opções pessoais. Quem o faz é
se regula e anda um imbecil.
Ninguém é drogadito por acidente ou
sozinho. Embora patologia, senão pela própria vontade.
Confesso que me preocupo muito COBRANÇA
cético, torço para Algumas das principais marcas mundi-
mais com os milhões de fãs da cantora
que essa teoria que espalhados pelo mundo recebem ais de instrumentos e áudio começam a
essa mensagem na forma de um exem- cobrar de suas filiais brasileiras um de-
esteja certa. plo bastante triste e perturbador. Sou sempenho mais forte no enfrentamen-
sincericida e não me alinho à política do to da crise que persiste no setor. Essas
GUSTAVO VICTORINO | VICTORINO@BACKSTAGE.COM.BR

empresas não têm muita paciência musicais. Em 2017 o ministro rece- dentes e forçadas (quando não
com economias fracas e cuidam beu o pedido dos artistas durante a desafinadas) me desanimaram no
exclusivamente dos seus resulta- Festa Nacional da Música e prome- quesito qualidade musical. Que
dos. Sem disposição para prejuízos, teu empenho no que pode ser mais sejam felizes... longe de mim.
as multinacionais sabem que o uma conquista política do evento.
foco é cuidar do macro, sem indivi- É aguardar e torcer. BABAQUICE
dualizar crises ou problemas loca- Na noite da morte do cantor
lizados de gestão em cada região do REPOSIÇÃO Prince, em Minneapolis (EUA),
planeta. Se a coisa não melhorar, Alguns produtos com mais de 10 os fãs se reuniram para homena-
algumas delas podem até sair do anos de fabricação se tornaram gear o artista e cantaram a músi-
Brasil deixando apenas um escritó- verdadeiras bombas ambulantes ca Purple Rain, o maior sucesso do
rio ou representante por aqui. nas mãos de usuários que, em artista. Ficou tão bonito que um
caso de peças de reposição, vão vídeo amador do encontro foi
CRAQUE sofrer um calvário para recupe- postado na internet. Inacredi-
Uma hora de conversa com o Vla- rar o seu equipamento. E isso tavelmente a gravadora Univer-
dimir de Souza, da ProShows, e quando possível. As alterações sal Music, detentora dos direitos
você entende como a empresa com na engenharia dos equipamen- da obra do artista morto intimou
pouco mais de 15 anos de vida as- tos e as constantes mudanças de o jornalista Aaron Lavinsky, re-
sumiu o protagonismo no segmen- fornecedores, coisa comum na pórter do “Star Tribune”, que fez
to de iluminação, áudio e instru- China onde a maioria é fabri- a postagem, para que retirasse
mentos na América Latina. Ex- cada, deixa um gigantesco ponto imediatamente o vídeo sob pena
portando para dezenas de países de interrogação na hora de in- de responder a um processo por
com marcas próprias e um arrojo vestir em equipamentos mais violação dos direitos autorais.
incomum, o executivo dá uma ver- caros e sofisticados. Vá entender...
dadeira aula quando se fala em
empreendedorismo e inovação. A FUTURO SURPRESA
experiência de quem tornou o A banda Metallica parece estar A caminho de se tornar oitentão,
mundo pequeno para os seus negó- sempre pensando na frente para Paul McCartney parece ter tirado
cios serve como um semestre de se inserir cada vez mais no mun- a vida agora para se divertir. Na se-
qualquer faculdade voltada à ges- do digital. O metaleiros acabam de mana passada anunciou que apare-
tão empresarial. O cara é craque. fazer uma parceria com a Spotify ceria “a qualquer momento...” no
para receber planilhas com as Cavern Club, o lendário bar onde
FESTA NACIONAL DA músicas mais ouvidas pelos fãs os Beatles começaram a 57 anos
MÚSICA 2018 nos locais onde irão se apresen- atrás. Com um inacreditável pú-
O maior encontro da música bra- tar. Com isso, fazem um set list li- blico de pouco mais de 200 pessoas
sileira que esse ano acontece no teralmente ao gosto do público. que superlotavam a casa, o canho-
coração do Vale dos Vinhedos, A ideia é ótima e logo deverá ser to de ouro cantou sucessos, con-
em Bento Gonçalves, pode ter copiada por meio mundo. Claro versou com o público e até usou o
muito mais do que a nata da nos- que para isso é preciso ter reper- banheiro da casa para um salutar
sa música e alguns dos melhores tório consistente e com alterna- pipi depois do espetáculo.
espumantes e vinhos do mundo. tivas para um bom show.
A presença já confirmada do EXPLICADO
Ministro da Cultura, Sérgio Sá TENTEI Em resposta a uma nota que pu-
Leitão, pode vir acompanhada de Juro que tentei de tudo para en- bliquei nessa coluna a alguns
um anúncio que mais uma vez contrar algo audível no funk e no meses atrás sobre o uso exagera-
mostra a força do evento. Anseio sertanejo feminino que me trou- do dos graves pelos operadores,
da classe musical, uma alteração na xesse um mínimo de afinidade um leitor bem-humorado de Belo
Lei Rouanet beneficiaria direta- musical com essas meninas que Horizonte (Moacir Souza), via e-
mente a música brasileira com a su- fazem enorme sucesso e lotam lu- mail, rebateu na lata... “Você que-
pressão do artigo 26 do mesmo di- gares por onde se apresentam. ria o que com a música que tocam
ploma legal que restringe o financi- Não consegui. Letras ruins, ar- hoje para o grande público?”. Ponto
amento e o patrocínio de eventos ranjos primários e vozes estri- para ele...

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MUSIC FROM MAN OF LA MANCHA HIGH AS HOPE


Eliane Elias Florence And The Machine
Chega às principais lo- O grupo lança hoje o seu
jas do país o CD Music quarto álbum de estúdio.
From Man Of La Mancha, Composto por 10 faixas,
da pianista, ganhadora do todas escritas por Florence
GRAMMY®Eliane Elias. Welch, o álbum conta com
A trilha sonora é inspira- a colaboração de Kamasi
da no musical de 1964, de Washington, Sampha,
Dale Wasserman, com mú- Tobias Jesso Jr, Kelsey Lu
sica de Mitch Leigh e le- e Jamie xx, e produção
tras de Joe Darion, baseado em D. Quixote, de Cervantes. de Florence Welch, Emile Haynie, Thomas Bartlett,
Eliane gravou as faixas a pedido do compositor original, Doveman, Brett Shaw, Tobias Jesso Jr. O álbum chega
Mitch Leigh, juntamente com talentosos artistas que acompanhado de uma mistura de sentimentos, com a
trouxeram mais peso à sua tradicional levada jazz: alegria vencendo no final das contas, segundo a can-
Marc Johnson (baixo), Satoshi Takeshi (bateria), tora. A banda acaba de lançar a faixa Big God (https://
Manolo Badrena (percussão), Eddie Gomez (baixo) umusicbrazil.lnk.to/BigGod). A faixa também ganhou um
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Jack DeJohnette (bateria). A produção original da videoclipe, que conta com a direção de Autumn De
Broadway teve 2.329 apresentações e ganhou cinco Wilde e foi coreografado por Adam Khan e Florence
Tony Awards, incluindo Melhor Musical. Montado Welch. No clipe, a cantora é acompanhada por dan-
quatro vezes na Broadway, o musical foi tornando-se çarinas, que fazem uma dança de cores (assista
um dos espetáculos mais vistos do gênero. A música aqui:https://youtu.be/_kIrRooQwuk). Outra faixa
tema, The Impossible Dream, tornou-se um clássico, e a do disco, Hunger também já teve seu videoclipe divulga-
artista realiza uma interpretação inédita. Ouça e baixe do (https://umusicbrazil.lnk.to/hunger). O vídeo foi diri-
aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/TheImpossibleDream gido por AG Rojas e encontra a cantora dançando em um cor-
ou https://umusicbrazil.lnk.to/MFMOLM redor, pessoas admirando uma estátua e um caleidoscópio de
cores (assista aqui: https://youtu.be/5GHXEGz3PJg). Ouça e
baixe o álbum:https://umusicbrazil.lnk.to/HighAsHope

MIXED UP
The Cure

O álbum de remixes dos maiores su-


Foto: Divulgação
cessos da banda The Cure, Mixed
Up, de 1990, chegas às principais
lojas do país. Contando com 12 fai-
xas, o álbum traz em seu repertório
sucessos como Lullaby e Hot Hot
Hot!!! Robert Smith, o líder da
banda, destacou no novo remix a
faixa Pictures of You, feito por Brian
‘Chuck’ New. Segundo ele, esta música é o destaque do álbum.
“Esse remix mexeu com a música completamente, mas ao mesmo
tempo deixou o coração da canção intacto. Assim que ouvi, eu mudei todo o plano do Mixed Up. Minha ambição
era compilar um álbum que fosse contemporâneo, mas sem parecer datado, sem ser imediatamente óbvio,
inspirador, ritmicamente animador e sonoramente ótimo”, disse. A banda britânica de rock foi formada em 1976,
em Crawley, Inglaterra. Robert Smith é o único elemento constante desde a sua formação, sendo o principal res-
ponsável pela sua direção musical, assumindo o papel de cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor.
Ouça e baixe aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/MixedUp
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APPETITE FOR DESTRUCTION


Guns N' Roses
A banda Guns N’ Roses acaba de

Foto: Leo Costa


divulgar uma nova edição re-
masterizada do seu álbum de
estreia, Appetite for Destruction,
de 1987. Disponível nas princi-
pais lojas do país (nas versões
CD e CD Deluxe duplo) e em to-
das as plataformas digitais, o ál-
bum duplo traz sete faixas inédi-
tas, incluindo o single Shadow of your Love. O novo disco inclui
alguns dos maiores sucessos do grupo, como os hits Sweet
Child O’ Mine, Welcome To The Jungle, Nightrain e Paradise City.
Depois da formação do grupo de 1985, o Guns N’ Roses seguiu com suas atitudes descontroladas que tomaram
conta da cena de rock de Los Angeles. Eles seguiram cativando novos fãs em todo o mundo com o lançamento de
Appetite For Destruction, em 21 de julho de 1987, que se mantém até hoje como a melhor estreia de um álbum nos
Estados Unidos, com mais de 30 milhões de cópias vendidas ao redor do planeta. Além de It’s So Easy (https://
youtu.be/FMbl1ntpIXQ), a Geffen/UMe também lançará oficialmente 14 videoclipes que devem cobrir toda a
carreira da banda, todos em uma nova tecnologia 1080p HD. Welcome To The Jungle, Paradise City, Patience e duas
versões de Sweet Child O’ Mine também serão lançadas em versões remasterizadas. Ouça e baixe aqui: https://
umusicbrazil.lnk.to/AppetateForDestruction

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LANÇAMENTO| www.backstage.com.br
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HARMAN EXPANDE BENEFÍCIOS


Novos
membros da
bandeira
Crown
DriveCore
Instal Series
traz baixa
PARA DA SERIES
potência
Dante e
AES67 como
A Harman anunciou novos membros
para a série de sucesso de amplifica-
dores Crown DriveCore Install DA
áudio Dante ou AES67, a serie Crown
DCi Series proporciona uma combina-
ção balanceada de saída de potência,
Series. Estes novos membros sob a ban- contagem de canais e flexibilidade no
opções. deira Crown de amplificadores instala- carregamento dos falantes com uma
dos dão suporte às redes de áudio Dante tecnologia própria DriveCore para óti-
e AES67 com valores reduzidos de po- ma eficiência e uma qualidade de áudio
tência, jamais vistos em uma série DA exemplar. Isto traz o potente e lendário
redacao@backstage.com.br de amplificadores. Crown para um número maior de aplica-
Fotos: Divulgação Para aplicações que requerem redes de ções bem como aplicações que já tenham
sido padronizadas na rede Dante for a do canal sem a necessidade de Iain Gregory, diretor para grandes
em transporte de áudio. um transformador externo. locais e marketing da Harman
Estes novos membros da Crown Professional Solutions. “Com o
Dci DA Series traz as opões de OS NOVOS MODELOS SÃO: suporte para Dante e AES67 com-
300W e 600W, oferecendo a mesma Crown DCi 8|300DA – 8 canais binados, mais a capacidade avan-
robustez e capacidades do Dri- amplificados com 300W por canal; çada da Crown DriveCore Install
veCore Install DA Series da Crown Crown DCi 4|300DA – 4 canais Services, esses novos amplificado-
em menor voltagem. Além de ser amplificados com 300W por canal; res trazem habilidade para distri-
buição em qualquer local sem ne-
cessidade de aparatos e dispositi-
Esses novos membros da Crown Dci DA vos adicionais e cabeamento com-
Series traz as opções de 300W e 600W, plexo”, completou.

oferecendo a mesma robustez Mais informação:

capaz de enviar e receber redes de Crown DCi 4|600DA – 4 canais


áudio em Dante e AES67, o DCi amplificados com 600W por canal;
DA Series inclui um DSP alta- “Estes novos membros, de baixa
mente potente com falantes JBL, voltagem da Crown DCi DA Se-
rede de controle/monitoramento, ries demonstra nosso comprome-
design altamente eficiente e habi- timento em prover robustez e ca- https://www.crownaudio.com/en-
lidade para drive de 2/4/8/16 ohm, pacidade de soluções de amplifica- US/product_families/drivecore-
70V e 100V falantes carregáveis dores para qualquer aplicação”, diz install-da-series

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Em seu trabalho mais


pessoal, Jair Oliveira
faz sua primeira co-
produção com
Rogério Leão.
O “SELFIE” DE
A mistura de
influências aconteceu
no Flux Studio,
JAIR OLIVEIRA
em Nova York,
incrementada por
À s vezes os encontros ficam mais
fáceis longe da terra natal. Foi o
que aconteceu com Jair Oliveira e Rogé-
banda infantil dos anos 1980 Balão Má-
gico, entre outros trabalhos.
No último ano, Jair Oliveira decidiu se
alguns dos melhores rio Leão. O segundo já acompanhava de mudar e passar um período fora do Brasil.
perto o trabalho do primeiro desde os Mais precisamente em Nova York. A
músicos do mundo e tempos dos Artistas Reunidos, com os ál- ideia era provocar um pouco o acaso,
‘regada’ a instrumentos buns lançados pela então recém-inicia- quebrando a rotina de caminhos já per-
e equipamentos vintage. da gravadora Trama, no fim dos anos corridos. O produtor e guitarrista Rogé-
1990. De lá pra cá, Jair lançou Disritmia, rio Leão, que já foi colunista da Revista
3.2 e o DVD comemorativo de 30 anos Backstage, vinha há muitos anos traba-
Reportagem: Miguel Sá de carreira, completados em 2014, Jair lhando como produtor de trilhas de ci-
redacao@backstage.com.br Oliveira 30, mas desde criança já cantava nema, publicidade, teatro e videogames,
Fotos: Rogério Leão/Divulgação tanto com o pai, Jair Rodrigues, como na o que continuou a fazer em Nova York,
Início dos trabalhos já foi no Flux. Um estúdio tocado por engenheiro de som e produtores em Manhattan com ampla oferta de equipamentos

onde já mora há alguns anos. se ser cotidiano. Todas as músicas o próprio Jair, seu trabalho mais
E foi Rogério quem viu Jair Oliveira são ligadas ao meu pessoal, apesar pessoal, Selfie é o primeiro álbum
caminhando pela Times Square, de ser o primeiro trabalho que não no qual trabalha em coprodução.
relembrando a admiração que já ti- produzo sozinho”, diz Jair. “Nos meus outros discos, eu mes-
nha pelo trabalho do produtor. Não Além dos dois álbuns próprios, Jair mo produzi. Não estava acostuma-
demorou para que marcassem um produziu também trabalhos de ou- do a ter outra pessoa trabalhando
encontro para ‘trocar ideias’. En- tras pessoas, como Tom Zé, MPB4, comigo nas minhas músicas. O
contro que logo ganhou ‘liga’ e se Pedro Mariano, Simoninha, o pai Rogério tem menos essa ligação
tornou uma parceria para o novo Jair Rodrigues e outros. Desde o com o samba. Em compensação
álbum de Jair: o Selfie.

OS PRODUTORES Nos meus discos, eu mesmo produzi. Não estava


Jair conta que já tinha a ideia de
acostumado a ter outra pessoa trabalhando
produzir um trabalho nesse perío-
do fora do Brasil; “só não esperava comigo nas minhas músicas (Jair)
que fosse tão rapidamente”, fala
surpreso. “Começamos a trocar
uma ideia. Primeiro eu tinha suge- início dos anos 2010 que Jair Oli- tem uma ligação forte com as gui-
rido de gravar uma música. Aí fo- veira não lançava um álbum com tarras elétricas. Então tem alguns
mos acertando e acabamos fazendo músicas inéditas, ainda que colo- elementos de rock colocados no
o disco todo”, fala o músico. casse uma ou outra composição meu estilo de samba e jazz. Ele tam-
Rogério relembra que Jair queria nova em redes sociais. Havia bas- bém contribuiu muito nas bala-
algo diferente do que vinha fazen- tante material para escolher, mas o das”, acrescenta.
do. “Aí nos demos um bom tempo compositor não deixou de aprovei-
na pré-produção. Começamos as tar a nova fase na vida para fazer ESTÚDIO E
gravações, efetivamente, em ju- mais canções. “Já tinham algumas EQUIPAMENTOS
nho. Ainda que pré-produção já coisas que eu ia gravar mesmo. Ou- O início dos trabalhos já foi no
seja gravação, na verdade”, en- tras fui decidindo na medida em Flux. Um estúdio tocado por enge-
fatiza. “Uma das que eu e Rogério que fazia”, comenta o músico. nheiro de som e produtores em
começamos a trabalhar é uma cha- Por uma dessas coincidências da Manhattan, com ampla oferta de
mada Seres Incríveis, pensando nes- vida, apesar de ser, de acordo com equipamentos tanto virtuais como

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

O ENCONTRO DOS
MÚSICOS
Não adianta falar sobre equipa-
mentos e deixar os músicos em se-
gundo plano. Ainda mais em um
trabalho onde eles têm um papel
tão importante. Diversos instru-
mentistas foram convidados, sem-
pre no espírito do encontro e com
liberdade para que deixassem sua
marca, fossem músicos mais co-
nhecidos do grande público, como
o violonista e guitarrista Romero
Lubambo, ou músicos de estúdio.
“Nova York é uma cidade muito
interessante para quem trabalha
com arte, porque tem artistas do
mundo inteiro. Por exemplo, o
Rogério Leão (à esquerda) e Jair Rodrigues escolheram músicos de peso para ajudar a compor o CD Marcelo Wolosky, que é percus-
26

sionista do SnarkyPuppy e partici-


vintage originais, além de instru- tem outro clima, mas com muito pa do disco. Eu estava fazendo um
mentos musicais. São cinco salas, do meu estilo já estabelecido”, show no Symphony Space e ele
algumas delas ocupadas pelos pro- aponta. “O Flux tem essa sala enor- veio falar comigo depois do show.
fissionais – entre eles Rogério me, maravilhosa, e o acústico fun- Foi quando o conheci”, recorda.
Leão – e uma delas dedicada à gra- cionou bem. Era a melhor forma de Além do percussionista Marcelo
vação, com uma mesa Neve 53 de aproveitar o que a gente tinha”, Wolosky, também tocaram o bai-
36 canais dos anos 1970, onde fo- acrescenta Rogério Leão. xista Guto Wirtti, o baterista
ram gravados violões, vozes e ou- E nessa captação acústica, o mi- Lucio Vieira, que mora em Los
tros instrumentos acústicos. O es- crofone mais usado foi o Sanken Angeles e foi convidado para gra-
túdio tem ainda vários instrumen- CU-55 e o microfone de fita Coles var em NY, o tecladista Ivo Senra,
tos à disposição. Entre eles foram 4038. No Sanken, foram gravados que tocou cavaquinho e violão, o sa-
usados no disco um Guild GAD- vozes, violões de náilon, aço e xofonista Zé Luis e Wesley Amorim.
50E e teclados, pianos e órgãos cavaquinho. O processamento do “Ele é um violonista super bom de
Korg, Hammond, Wurlitzer ou sinal foi feito em compressores São Paulo que eu não conhecia.
Fender Rodhes. Neve 33609. Para a mixagem, Ro- Conheci aqui”, diz Jair, que ainda
Rogério expõe que o disco foi con- gério e Jair também têm à disposi- chamou, no Brasil, o baixista Ro-
cebido mesmo a partir de uma so- ção diversos equipamentos tanto binho Tavares e JR. “A produção
noridade acústica. “O Jair tocou virtuais como reais. São plugins da deu espaço para que eles tocas-
todos os violões de náilon, além de Avid e Universal Audio, além de sem como quisessem mesmo. Ne-
alguns de aço. Eu toquei violão de equipamentos vintage originais nhum deles tocou só como músi-
aço, guitarra elétrica, sempre de como o reverb EMT 140 Muth co de estúdio. Eles foram chama-
sete cordas, baixo e teclado”, fala. Mod. Stereo plate com drivers dos para dar mesmo uma contri-
Jair comenta que houve músicas Neve ou o reverb de fita Roland buição”, enfatiza Rogério. “Estou
onde nada eletrônico foi usado, RE-201 Space Echo. “O estúdio fazendo essa conexão São Paulo-
“mas em outras acabei programan- também tem uma relação próxima NY que é minha também”, finali-
do alguma coisa. O Rogério tam- com a Universal Audio. Já testa- za Jair Oliveira.
bém fez algumas texturas mais ele- mos diversos plugins deles, mas te-
trônicas, mas o disco segue basica- mos a maior parte dos equipamen- Para saber online
mente o meu estilo, mas com outro tos deles de verdade. Temos equi-
http://jairoliveira.com.br/
tempero. Só pelo fato de ser um pamentos da Eventide, Universal www.fluxstudios.net
disco em coprodução e de ser um Audio, como o LA/3A e muitos www.7cs.nyc
disco gravado em outra cidade já outros”, define Rogério Leão.
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

LADE SOM INAUGURA


NOVO SISTEMA DE SOM
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Ao completar
35 anos de
O show da dupla Jorge & Mateus, que
movimentou Cuiabá na noite do
dia 7 de julho, atraiu um público de
do pelo bom trabalho que a empresa ga-
úcha vem desenvolvendo com grande
aceitação pelos produtores e técnicos
atividade, a aproximadamente 15 mil pessoas ao nos shows no Brasil. “Por isso, a parceria
centro universitário Univag, na re- que fiz para o lançamento do sistema
locadora de
gião metropolitana da capital mato- Slinpec 214Y, um sistema com inova-
Cuiabá grossense. Quem resolveu sair de casa ções em termos de som. Cada caixa tem
sonoriza o para assistir os seus ídolos, pode tam- 2 falantes de 14 polegadas da B&C
bém testemunhar um show de qualida- mais dois drives de quatro polegadas
mega show de e de tecnologia. Além do desfile de com amplificação Powersoft modelo
Jorge e Mateus hits de sucessos do vasto repertório dos X4 e com os sub de 2 falantes de 18
cantores, o grande destaque ficou por polegadas amplificação Powersoft K20
utilizando o
conta do novo sistema de som fabricado gerando 1.600WRMS por falante”, ex-
novíssimo pela empresa gaúcha LS Audio. plica Lade.
sistema O Slinpec 214Y é um sistema de apenas
SISTEMA DE SOM 2 vias, mas que apresenta um som claro,
Slinpec 214Y. Para comemorar os 35 anos e ampliar a nítido e com muita potência e defini-
sua gama de oferta de sistemas, a Lade ção, concorrendo com os PAs importa-
Apuração:
Som adquiriu o novo sistema da LS dos de altíssimo nível. Um sistema que
Fernanda Fernandes
Edição: Audio por dois motivos. O primeiro é veio para atender os grandes festivais e
Redação da Backstage que a empresa ainda não tinha nenhum espaços para 20 e 80 mil pessoas com as
Fotos: Lade Som / Divulgação sistema nacional na empresa e o segun- características de timbre e pressão so-
nora que o povo brasileiro gosta.
O PA foi composto por 48 caixas
Slinpec 214Y com amplificação
Powersoft X4 mais 24 Slinpec
288Y (sub) com amplificação
Powersoft K20. Na house mix,
dois consoles (um para backup)
mix rack (Digidesign) e duas (uma
para backup) GranMA Light para
a iluminação. Havia também duas
consoles de mixagem (uma também
para backup) PMD-RH (Yamaha)
para atender à monitoração dos ar-
tistas. Não houve necessidade de
torres de delay.

PARCERIAS
Todo o sistema de som foi alinhado
pelos técnicos Samuel e Lucas (LS
Audio) com os ouvidos atentos de
Lade, Luís Paulo e Erick (da Lade
Som) através do software Ease
Focus, um recurso muito impor-
tante para que o público presente
pudesse ouvir o som de forma uni-
forme e efetiva.
Partindo desse princípio, Lucas
Sallet, que desenvolveu o produto
da LS Audio, ressalta que a ideia
era criar um sistema rápido, ro-
busto e com resultado de uma cai-
xa grande.
“Acredito que ficou um produto
muito diferenciado, se compara-
do a uma caixa normal de três
vias, que utiliza falante de 15”.
Esta é bem menor, bem mais rápi- Coluna do line array - LS Audio - modelo Slinpec 214Y
da de montar. Se compararmos
com o que a gente tem atualmente Outro parceiro no projeto foi a mais resistente e alto-falantes de
no mercado, ela está muito baca- B&C Speakers, que fornece diver- excelente qualidade que reprodu-
na”, afirmou. sos componentes, como um drive zem tanto o som grave quanto o

Jonathan Almeida (técnico de luz) Rack de amplificadores (Powersoft) Marcelo Felix (técnico de áudio)

29
mais apurados do que todos ou-
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

tros sistemas nacionais. Então, as


altas estão bem mais definidas. É
um sistema mais encorpado, ficou
perfeito, show de bola”, comemo-
ra, acrescentando que o conjunto
de todo o sistema oferecido foi
fundamental no momento em que
precisou fazer as equalizações dos
microfones dos dois cantores, que
têm características e posturas vo-
cais diferentes.
“Pude verificar, durante o show, a
felicidade dos técnicos na qualida-
de do som com um público que já
vinha exigindo um som de melhor
definição. Hoje não basta ter um
bom artista no palco e um som
que não atende as expectativas
30

Samuel e Lucas (LS Audio), Lademir Sette (Lade Som) e Gustavo Bohn (B&C Speaker) dos fãs”, comenta Lademir Sette,
proprietário da Lade Som. “A La-
médio. “Musicalmente, você con- ção a muitos importados”, afirmou de Som sempre entendeu que um
segue escutar melhor a música com Gustavo Bohn, gerente de vendas artista não pode apresentar todo o
a voz mais legível, os instrumentos para América do Sul da B&C. seu potencial e performance sem
mais definidos; então não vai ter uma excelente qualidade sonora.
instrumento que ora aparece, ora IMPRESSÕES Tenho percebido que os grandes
some, conforme entra na faixa de Marcelo Félix, técnico de PA da shows transmitem as emoções da
cruzamento das vias. dupla Jorge & Mateus, durante a música para as pessoas com todas
passagem de som, horas antes das as nuances que a música exige.
atrações subirem ao palco, tam- Alias, nós sempre tivemos a preo-
bém enalteceu a qualidade do sis- cupação de apresentar uma boa
tema. “O Lucas desenvolveu esse qualidade sonora para emocionar
novo sistema com os agudos bem e encantar as pessoas. Este novo

Ricardo Cintra

Então isso acaba permitindo que a


caixa, para o mercado brasileiro e
especialmente o segmento serta-
nejo, seja um ponto forte em rela- Console de mixagem PM5D - RH
Iluminação foi uma parceria entre Lade Som e Back and Light

sistema veio com estas caracterís- gunda cidade, depois de Fortaleza, de duração, que incluiu os princi-
ticas, de um som cristalino com a receber o show Único da dupla pais sucessos do álbum Terra sem
uma grande pressão sonora”, com- sertaneja Jorge & Mateus. Uma CEP, do início da carreira, até can-
pleta Lademir. apresentação com uma hora e meia ções do mais recente trabalho.

ILUMINAÇÃO
De acordo com as especificações
do rider técnico apresentado pela
dupla, a Lade Som Locadora, em
parceria com a empresa Back and
Light, montou todo o projeto de
designer e iluminação. A concep-
ção do projeto de iluminação do
show foi do técnico Jonathan Al-
meida. Segundo ele, a inspiração
veio de alguns modelos dos “grin-
gos”, com adaptações para o estilo
diverso dos dois cantores. O con-
junto de iluminação teve como des-
taques a interação do palco com os
telões de LED e com o público.

O ESPETÁCULO
A capital de Mato Grosso foi a se- Teste do projeto de luz

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br

Ney Quiñonero Lucas Salette Gustavo Bohn

A programação teve ainda a parti- 20 anos para cá, a venda de discos E, claro, parcerias como a que foi
32

cipação do cantor Jeferson Moraes é só para fomentar mesmo a ativi- firmada com a locadora Lade Som,
e da dupla Israel e Rodolfo. dade de shows, que é o carro-che- que sempre traz tranquilidade e se-
A exemplo das superproduções fe”, ponderou. gurança para os realizadores do
que lotam os espaços, é fato que o evento, como afirma Elson Ramos,
mercado de shows do gênero serta- PROMOÇÃO E REALIZAÇÃO da Ditado Produções. “É indiscu-
nejo é o que menos enfrenta crise Pensar, organizar e executar even- tível não procurar o Lade. O que
do setor de showbusiness. O diretor tos de grande porte, principalmen- me chama atenção é que eles têm
musical de Jorge & Mateus, Ney te shows em ambientes abertos, os melhores equipamentos, sem
Quiñonero, que também toca na requer, pelo menos, cinco meses de dúvida. Você fecha o negócio com
banda, faz uma avaliação do que se planejamento. Escolher a data, ele e a partir daquele momento
torna mais rentável hoje para o definir o local, desenvolver ações você não se preocupa mais com
artista. “Na verdade, o mercado de mídia para promover o show som e luz. A prestação de serviço
de vendas de discos mudou muito nas redes sociais, em rádios, pan- dele é muito boa”, reiterou.
nos últimos anos. Acho que de 15, fletagens, outdoors. Ricardo Cintra, outro promotor
do evento que trabalha com o
mercado de show business há 20
anos, produz, por ano, em todo o
estado de Mato Grosso, 12 apre-
sentações com a mesma configura-
ção do show de J&M em Cuiabá.
Para evitar dor de cabeça também
prefere fazer parcerias bem-suce-
didas, como a que fez com a Lade.
“A partir do momento que você
fecha um contrato com a Lade,
pode virar as costas e deixá-los
trabalhar, porque a gente sabe que
o material vai ser bem entregue,
com qualidade e que a gente não
vai ter problemas em shows desse
porte. É bom você ter uma empre-
Elson Ramos Caixas de sub (modelo Slinpec 288Y) sa nesse patamar, com know how,
com a responsabilidade que a
Lade tem”, considerou. DNA da Lade Som
A ESTRUTURA
Todo suporte e armação do show
em questão contou com dois ca-
marotes no chão (hoje em dia os
suspensos já não são mais tão usa-
dos para que acidentes sejam evita-
dos) e uma área VIP.
Segundo os promotores, deixar
tudo pronto e funcionando per-
feitamente não sai por menos de
R$ 600 mil reais (fora o cachê
dos artistas). A estrutura envol-
veu também a atuação de cerca
de 600 profissionais, distribuí-
dos em setores como segurança, Marli Deon Sette e Lademir Sette
produção de palco, buffet, bares, A empresa Lade Som é a maior tada, basta um passeiozinho
caixa, etc. locadora de som e iluminação nas mídias sociais e no próprio
Fazer um planejamento estratégi- do Estado de Mato Grosso e site da empresa (www.lade-
co, trabalhar com antecedência, está entre as 10 maiores locado- som.com.br) para se perceber
ras do Brasil. Este status não exis- que os grandes eventos que
seriedade e respeito ao público
te por acaso. ocorrem na região - regionais,
certamente faz toda a diferença Na verdade, desde a sua origem nacionais e internacionais - são
para se conseguir entregar de fato a empresa sempre teve como sonorizados pela empresa La-
tudo que foi vendido. “Como re- meta fazer o melhor. Por isso, a de Som. O empresário Lade
sultado, o público sente um mix empresa cria o seu mercado explica que "o segredo do su-
de sensações e emoções, volta sempre com suporte e muito in- cesso de uma empresa de so-
vestimento em know how. "Co- norização é fazer tudo com
para casa satisfeito, em êxtase,
mecei a minha atividade no Rio muita responsabilidade e hu-
com ótimas recordações. Mas é Grande do Sul, na cidade de mildade: investir bem, no senti-
fato também que investir em pro- Liberato Salzano, em 1983, com do de atender às demandas
dutos de alta tecnologia, com alto uma loja que vendia discos (vinil) técnicas e tratar todos os clien-
rendimento e de preferência eco- e fazia gravações nas fitas K7. tes, técnicos, produtores e todos
nômicos, como o que vimos, con- Entendi que esse mercado me os que estão envolvidos nos
proporcionava visibilidade para eventos com o mesmo cuidado e
tribui de forma decisiva para um
trabalhar com sistema de som e respeito. Nesse meio é preciso
resultado bom. É mais do que ten- foi o que eu fiz. No início atendia ter cuidado para não investir em
dência, é isso que o mercado fo- apenas a minha cidade e as ci- sonhos, em desejos pessoais,
nográfico brasileiro pede atual- dades no entorno, mas senti que mas, sim, comprar equipamentos
mente”, sintetizou Lade. poderia ter um mercado maior e, de boa aceitação por parte dos
por isso, resolvi mudar para Sor- técnicos e produtores", afirma.
Equipamentos / Palco riso (MT) que naquela época Esta filosofia, somadas a uma
(1988) estava despontando a gestão que prioriza o treinamen-
Palco todo vapor. Graças a Deus que to dos funcionários e equipe téc-
8 monitores LS Audio (Power Rack) as coisas evoluíram bastante e nica, uma frota de transporte e
Side Fill percebi que deveria me instalar instalações próprias e investimen-
numa capital para abarcar me- tos constantes nas melhores prá-
04 caixas Slinpec 288Y mais 08 cai-
lhor os eventos do Estado. A ticas administrativas e em produ-
xas Aero 20A da D.A.S. Audio mudança ocorreu em 1997 e tos de ponta, tornou a Lade Som
Front Fill desde então a empresa vem e Luz uma empresa identificada
04 caixas Aero 20A da D.A.S. Audio crescendo em estrutura e em res- pelas palavras Qualidade e
peitabilidade" afirma Lade. Profissionalismo e uma referên-
Amplificação
A afirmação do empresário cia para lançar novos produtos
08 Powersoft X4 e 06 Powersoft K20 Lade pode ser facilmente consta- no mercado da sonorização.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
34

O sistema

O DESAFIO
Soundscape foi
apresentado durante
performance da
Opera of the Future,
no coração do
Philadelphia Voices,
no Verizon Hall, no
Kimmel Center. O
EM CINCO DIMENSÕES
objetivo era
encontrar uma
solução que
P ara Ben Bloomberg, colaborador
técnico e artístico da Machover, a
meta era melhorar a música como arte
natural e sem amplificação. A d&b
Soundscape forneceu o espaço para
tornar isso possível”, declarou.
performática e desenvolver seu poder De acordo com ele, a performance era
contemplasse mais de transformação como contraponto uma apresentação ao vivo em uma sala
de 300 vozes e cotidiano do local. “Temos tantos de concertos reverberante com orques-
sons gravados e o desafio foi encon- tra completa, 350 vozes e os sons co-
orquestra. trar a resolução espacial para colocar letados da cidade, que incluiu a Or-
cada elemento sem que ele pareça questra de Filadélfia. “A Verizon Hall
lotado. Tod queria que seu público pu- acomoda 2.500 pessoas, portanto, não
redacao@backstage.com.br desse ampliar cada som individual- é um auditório profundo, mas bastante
Fotos: Jessica Griffin / mente, seja voz, instrumento ou gra- alto”, especificou Bloomberg. “O siste-
Divulgação vação, como faria em um concerto ma que instalamos era pequeno para
eram em estéreo, então pudemos
colocar o público dentro das expe-
riências que Tod capturou. Para o
cheesesteak, você experimentaria a
voz do cozinheiro no centro; o ba-
rulho de cozinhar ao fundo se mo-
via quando as coisas eram sacudi-
das ou raspadas na chapa. O cozi-
nheiro se moveu na frente da co-
mida e isso mudou a maneira de
como se ouviam os ruídos. No au-
ditório, a experiência era exata-
mente essa, como se você estivesse
no lugar de Tod quando ele fez a
gravação”, descreve.
Para o coro, o que se via e ouvia era
também com a orquestra. Ambos
um ambiente daquele tamanho, crofones e todas as gravações da ci- pareciam totalmente naturais.
principalmente alto-falantes da dade (foi criado um aplicativo de “Isso não foi fácil. Nós colocamos
série Y da d&b com alguns E6 para telefone que permitiu que todos da muito cuidado na montagem e co-
preenchimentos frontais e V- cidade contribuíssem, gravando locação dos três elementos (or-
SUBs para suporte low-end, todos algumas coisas). questra, coral e gravações) na mi-
alimentados com amplificadores Em um vídeo on-line, Machover xagem, para garantir que sempre
D20. Então, usamos d&b DS10 e descreve a gravação de um ícone da haja algo para focar. Nesse sentido,
o DS100 no meio. O DS100 é a pla- Filadélfia - o sanduíche de queijo o Soundscape foi fantástico em
taforma de processamento de ma- Philly - sendo cozido no King’s permitir que o público se envol-
triz e sinal do sistema Soundscape Steaks de Pat. “Eles me deixaram vesse de maneira íntima com a
da d&b”, explicou. colocar meu microfone quase na performance”, avaliou Bloomberg.
Ainda segundo Bloomberg, para a frigideira quando o cheesesteak es- “É isso que separa o Soundscape
apresentação, foi possível fazer tava fervendo”, conta. “As grava- de produtos similares no merca-
uma renderização de 180 graus do ções foram posicionadas virtual- do. Eu trabalhei com muitos des-
Soundscape, apenas cinco line mente no espaço ao redor da or- ses sistemas ao longo dos anos;
arrays, todos de Y8. Interessante questra; o microfone do coro po- muitas vezes você tem um bom
destacar que não havia sistema sicionado de acordo com sua loca- Matrix Delay ou um bom balance,
surround e que a orquestra não era lização real no palco”, completa. mas não os dois juntos. Com o
microfonada, o coro, sim, com mi- “Muitas das gravações de campo Soundscape você faz isso, e ele é
integrado a um modelo 3D da sala
da d&b ArrayCalc, por isso é o me-
lhor do mundo”, afirma o técnico.
“O equilíbrio do Delay e panning
(balance) é especialmente difícil
em uma sala de concertos que
não é voltada para música am-
plificada. Para uma parte da pe-
ça, Tod precisava que o público
fosse capaz de encontrar e ouvir
uma única voz no coral - era pos-
sível vê-la no meio da multidão
de 350 cantores, porque seus ou-
vidos lhe diziam onde procurar. O
Soundscape faz isso muito bem”,
concluiu Bloomberg.

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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
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Potência sonora
aliada a um timbre
poderoso e
dimensões que
NOVO SISTEMA DE
“SIDE FILL” ACOMPANHA
cabem em
qualquer projeto.
O sistema VOA8 foi

TURNÊ DO PARALAMAS
o escolhido para
viajar com a turnê
do Paralamas do
Sucesso. A estreia no
Rio foi durante o
show da banda, no
T rabalhar com um sistema que se
destaque pela sua potência, ro-
bustez, portabilidade, bom timbre e va-
dade, principalmente no palco, que é
onde estão os músicos. Nós viajamos
com os microfones próprios, e os ins-
lor agregado é o sonho de qualquer trumentos são sempre os mesmos. Só
Boulevard Olímpico profissional de áudio, principalmente que em cada local tinha um timbre,
(RJ), após uma aqueles que estão quase permanente- uma diferença, um problema, um lado
mente em turnês pelo Brasil. Com ca- falando diferente do outro”, expõe o
partida do Brasil na racterística que permitem encarar os técnico. A solução apareceu durante
Copa 2018. maiores desafios de uma ‘gig’ em apre- uma feira, no estande da Decomac. “Se
sentações ao ar livre, o sistema da não me engano em 2014, estive no
redacao@backstage.com.br IDEA, o VOA8 é isso e mais um pouco. estande da Decomac e vi um sistema
Fotos: Ernani Matos / “Na verdade a gente tinha uma necessi- pequeno que me lembrou um equipa-
Divulgação dade de ter uma constância na sonori- mento que existiu durante um tempo;
Monitor de palco

era um equipamento pequeno mui- com a IDEA. Durante alguns me- to, porque me chamou muito a
to eficiente e eu gostei muito do ses seguidos que a gente se encon- atenção pela praticidade e pelo ta-
timbre”, conta. “(Na época) o Sa- trou, eu perguntava a respeito do manho. Se o equipamento corres-
lomón (Soli), que é parceiro meu, sistema, até o dia em que o Soli me pondesse realmente à expectativa
estava trabalhando na Decomac. confirmou o fechamento deles que eu tinha seria muito bom.
Perguntei a respeito do sistema, ele com a marca. Então eu pedi uma
falou que estavam em negociação oportunidade de ter o equipamen- EXPERIMENTANDO O SOM
Depois do sistema todo acertado,
finalmente Soli enviou algumas
caixas para testes. “O sistema
VOA 8 tem um alto-falante de 8”
e um drive de uma polegada com
um timbre fenomenal; depois
soube pelo fabricante do porquê
daquele timbre, principalmente
na alta frequência, e aquilo me
surpreendeu, porque é muito pe-
queno, leve e prático. Nós que
estamos acostumados com aque-
les side fills velhos distorcendo,
batendo tela, etc, quando bota-
mos e eu comecei a escutar e a
mexer no processamento e tal,
pensei: chegamos num ponto
Leo Garrido (PA) ideal de nitidez, de potência e tudo

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SEGREDO DA ALTA
REPORTAGEM| www.backstage.com.br

FREQUÊNCIA
Para o show que foi apresentado
logo após a partida do Brasil con-
tra a Sérvia, no dia 27 de junho,
no palco montado no Boulevard
Olímpico, no RJ, Leo e Adriano
Melquiades usaram um sistema
VOA8, com um sub de uma caixa
com 2x18, além de 4 caixas VOA8
em stack. “São 4 caixas de line, é
uma caixinha muito pequena, e
isso fica como se fosse uma coisa
só. É um sub com cerca de 1,80m,
por 60cm de lado. Um módulo ex-
tremamente compacto, tudo passi-
vo, processamento, amplificado-
res por fora no rack. O sistema,
na verdade, não está no original
38

como os dois amplificadores na


época que estavam fazendo acer-
tos da fábrica. Daí o processador
AudioLab, que foi o que a gente
tinha na hora para fazer a audi-
ção, acabou virando um kit que a
gente chama de ‘kit sidefill’, que é
um absurdo, para o tamanho do
Monitoração de palco
sistema. O próprio fabricante fi-
cou surpreso quando o chamamos
que eu queria. nele praticidade, facilidade em para ver”, comenta.
Mas como fazer para ter o sistema montar e desmontar, e já vão pedin- De acordo com Leo Garrido, o segre-
funcionando para você no dia a dia? do informações à Decomac. do do diferencial na alta frequência
A tática de Leo Garrido foi conven-
cer a IDEA de deixar o sistema ro-
dar com a turnê do Paralamas. “Per-
guntei ao Soli se seria possível a
gente viajar com o sistema. Vendi a
ideia que o Paralamas é uma boa vi-
trine, porque a gente vai pra dentro
das empresas. E é o que tem aconte-
cido com frequência: surpresa com
o tamanho do equipamento, potên-
cia e eficiência que ele tem”, come-
mora. “Ficou muito prático viajar
com o sistema, muito mais fácil,
porque a sonoridade do palco é
sempre a mesma, a pressão sonora, e
tudo isso foi uma surpresa”.
Leo também destaca que todas essas
qualidades também são percebidas
pelas empresas que têm contato com
o VOA8. “Várias empresas vêem Framklim Garrido, Adriano Melquiades e Leo Garrido
“tirar” o som metálico no drive. “O
Santiago, que é um dos sócios, co-
mentou que foi uma membrana de-
senvolvida pela Beyma justamente
com o intuito de não ter essa agres-
sividade metálica no drive. Quer
dizer, é um sistema que está mais do
que aprovado, estamos viajando di-
reto com ele e torcendo para ter ou-
tro equipamento desses, porque o
Paralamas tem dois sistemas via-
jando na estrada”, comenta.
Além do VOA8, outro equipa-
mento integrou o setup da apre-
sentação, um par de monitores,
EXO e SM16. “São dois falantes de
Bi Ribeiro 8’’ e um drive que é um absurdo de
está no material do drive. “O drive é muito musical, e isso foi uma das eficiente. Chegaram hoje e é o pri-
feito com uma membrana de po- coisas que me chamou muito aten- meiro show que estamos fazendo
límero que não produz um som me- ção naquele estande lá em 2014, com eles”, completou.
tálico, ele tem um som muito agra- quando eu ouvi e fiquei impressio-
dável, lembra o tuíter de papel, não nado”, relembra. Para saber mais
tem arranhado, não tem nada elé- A membrana foi desenvolvida jus- http://www.ideaproaudio.com/
trico. Ele tem um som muito suave, tamente para dar mais suavidade e product-detail/voa8/

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ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br

MIX DE MONITOR
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Pedro Duboc é Técnico de Áudio e membro da Sobrac (Sociedade Brasileira de Acústica),


ABPAudio (Associação Brasileira de Profissionais de Áudio), ASA (Acoustical Society of
America) e AES (American Engineering Society).

Amigos do áudio,
nesta edição falaremos
sobre mix de monitor,
A s coisas mais importantes que apren-
di até hoje como técnico de monitor,
e garanto que fará sua vida de técnico
Comecei a me dedicar ao monitor ex-
clusivamente por volta de 2010 onde
mixava uma dupla sertaneja com uma
uma arte pouco melhorar pelo menos 50%: Yamaha 01v; todos os músicos de fone,
1 - Muita calma, paciência e respeito, todos os canais Pré Fader em todas as
falada, mas que está sempre! Afinal não se consegue nada vias; apenas efeitos em Pós Fader, afinal,
presente em cada no grito. até hoje, essa é a primeira lição para
show. E ninguém 2 - Quando o músico trouxer um pro- quem vai mixar monitores!
blema, não o devolva de bate pronto. A passagem de som era sempre aquela
melhor do que
Mostre que você está ali para resolver, lâmpada… Bumbo!… Agora Bumbo
Markinho Maluf, mesmo que não seja um problema cau- para o batera… bumbo para o baixista…
técnico de monitor do sado por você. bumbo para o guitarrista… e assim por
Titãs, para nos falar 3 - Se errar, assuma! Isso só fará com que diante. Na hora de ‘passar uma geral’ ti-
você ganhe mais confiança das pessoas. nha que remixar tudo!
um pouco sobre essa Primeiramente, acho importante ex- Não estava satisfeito com o resultado,
arte. Com a palavra, plicar como cheguei a essa forma de porque depois dessa volta toda na passa-
Markinho Maluf. mixar monitor que uso atualmente e gem de som os músicos desistiam e, em
deixar bem claro que é a minha opinião alguns casos, praticamente só queriam
redacao@backstage.com.br baseado em minhas experiências. Não ouvir ‘click’ e a si mesmos. O resultado
Fotos: Divulgação existe certo ou errado. drástico disso aparecia quando o cantor
empolgado “puxava” uma música
que não tinha programação. Re-
sultado: cada um para um lado…
Sempre usei o LR da console co-
mo minha via, onde fazia uma mix
no meu gosto e ouvindo tudo, as-
sim, se algum problema ocorresse,
eu ouviria.
Gostava de ficar pilotando os solos
das música. E uma solução que en-
contrei para que isso acontecesse
em todas as vias ao mesmo tempo -
afinal também queria que os músi-
cos ouvissem isso - foi passar os ca-
nais de solo (nesse caso sanfona,
violões e guitarra) para Pós Fader
nas vias (menos na via do dono do
instrumento para não o atrapalhar
com a variação de volume).
Outro problema: todas as vias referência espacial do local, e a no EPAH, fazendo o planejamen-
eram mono. Usei por um tempo função do técnico é recriar isso. E to e estruturação do PGM Música
a seguinte solução: mantinha o é obvio que não tem só voz e click Boa, onde na época se mixava no
AUX mono de cada músico onde no ambiente! monitor 108 inputs por até 48
enviava apenas o instrumento Nesse momento, comecei a enten- outputs, divididos entre 3 bandas
dele, porém, via Grupo, mixava der mais a função de técnico de ao mesmo tempo.
um LR que alimentava a entrada monitor. Não basta você saber Nos quatro anos seguintes Renato,
máster do Powerplay. Então fazia a mixar, você tem que saber lidar Eduardo (Pinter) e eu, fomos nos
mix entre o músico e a Mix Máster com as pessoas e passar confiança aprimorando e cada um adaptando
(estéreo) no Balanço de cada canal do suficiente para que o músico en- detalhes e conceitos para determi-
Powerplay (Aux / Master). Porém, ti- tenda o processo e você consiga nadas situações. Até hoje discuti-
nha suas limitações e a soma dos si- entregar um trabalho (mix) de mos bastante a respeito, comparti-
nais não funcionavam muito bem. qualidade. Claro que quanto mais lhando informações e experiênci-
as acerca de mix de monitor e con-
figurações de sistemas.
Passamos a usar o Plano X quando Graças a essa experiência, hoje se
tornou fácil para eu mixar qual-
começamos a trabalhar juntos no EPAH,
quer situação no monitor. Pode ser
fazendo o planejamento e estruturação do fone, caixa, muitos ins/outs, etc.
PGM Música Boa Agora que já deve ter entendido
como cheguei até aqui, vou ex-
plicar o conceito e a forma de
Quando conheci o Paulo Farat rápido você conseguir fazer isso, executar. Lembrando que não fui
mixando o RPM e ele me deu um in mais você será reconhecido! eu que inventei e não é o único
ear em Mix Mode para acompa- Aí tive a grande sorte de conhecer jeito de fazer, muito menos certo
nhar a mix de cada músico durante o Renato Carneiro, que, além da ou errado!
o show fiquei mais ‘p.’ ainda, por- amizade e tudo que me ensina até
que ele conseguia fazer um som de hoje, me ensinou um processo cha- Algumas observações importantes:
Disco em cada via, com todos ou- mado Plano X, que ele usa há um 1. A ideia é sempre fazer com que o
vindo todos, efeitos, etc! bom tempo e que funcionou per- músico ouça uma mix cheia, en-
A minha ideia sempre foi essa, feitamente para mim. tregue de forma rápida e confortá-
afinal quando o músico usa o Passamos a usar o Plano X quan- vel para que, antes de ele pedir algo
fone de forma correta, ele perde a do começamos a trabalhar juntos individual, já tenha uma referên-

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ÁUDIO FUNDAMENTAL| www.backstage.com.br

cia geral da mix. nicação e coisas do tipo) -10dB Off cessários e, quando ligo o canal
2. Independente de usarmos fone pré Fader (só ligo para os músicos de voz, a única pessoa que ouvirá
ou caixa, a ideia é a mesma. Porém, que solicitarem antes da passada será o próprio cantor, afinal essa
quando se usa caixa, devemos con- geral), e os canais que pertencem voz é pré Fader apenas na via dele.
siderar a maior influência do ‘som ao dono da Via, inicio em 0dB pré Não levanto ainda o Fader no
ambiente’, já que o ouvido do mú- Fader (o mesmo vale para o efeito Master (minha via). Caso o can-
sico não está tão isolado. relacionado ao seu instrumento, tor peça mais ou menos volume, o
3. Em caso de caixas, costumo
ajustar os tempos (delay) entre as
que têm relação. Eu, particular- Comunicação é muito importante para que
mente, sempre mixo com meu
fone, nunca com caixa. Se tiver não haja desencontros nem desespero em cima
usando caixas no palco, alinho do palco; e agiliza demais a solução de
previamente e depois monitoro possíveis problemas
tudo pelo meu fone.
4. Comunicação é muito impor-
tante para que não haja desen- mesmo nível, porém pós Fader). ajuste não será na mandada do
contros nem desespero em cima do * Todos os PANs já previamente AUX e, sim, no seu bodypack, afi-
palco; e agiliza demais a solução de feitos em todas as vias estéreos, nal a voz está em 0dB na mandada
possíveis problemas. considerando apenas o dono da via de AUX e modulando em um ní-
* Começo sempre checando todo ao centro da imagem estéreo. Em vel bom na base do sistema, então
o sistema de monitoração (possí- alguns casos, o músico prefere que é obvio que o único atenuador/
veis defeitos, ruídos, estrutura de seu instrumento siga a imagem excitador no meio do caminho
42

ganho entre os equipamentos, ali- estéreo da mix. que não afetará o equilíbrio do sis-
nhamento, RF, etc). * O soundcheck pode começar por tema é o volume do seu bodypack.
* Falando sobre a mix, parto sem- qualquer músico, e explico o por- Obs.:1 - Em caso de caixas, não cos-
pre com todos os canais musicais quê. Por exemplo: Vamos come- tumo iniciar com o Master da VIA em
em -10dB pós Fader para todas as çar com o cantor. Solo o canal em 0dB. Normalmente -10dB para que
vias, canais internos (click, comu- PFL, faço os processamentos ne- eu tenha uma margem de mixagem.
Obs.:2 - Em caso de músicos que te-
nham mais de um canal, comece sem-
pre pelo canal que ele ouve mais alto!
* Terminando os canais musicais,
tenho certeza que cada músico está
se ouvindo (apenas a si mesmo, por
enquanto) em um nível satisfatório.
Pergunto sobre os canais internos
para cada um deles, ligo a mandada e
ajusto quando necessário.
* Ok, estamos prontos para a
banda tocar uma música! Nesse
ponto é que rolam problemas psi-
cológicos sérios, onde você terá
que controlar. As frases: “Como
vou tocar se não tô ouvindo a ba-
teria!” “A música começa com
ProTools!” serão normais (risos).
O ideal seria a banda fazer um
groove bem à vontade.
* Agora sim, você irá fazer a SUA
mix! Quando você “levantar”
sua mix, automaticamente estará
levantando a mix completa para to- ficar tirando o fone para falar com
dos, mantendo uma margem de - alguém. Independente do projeto,
10dB entre a mix e o próprio instru- sempre tenho o meu Talkback e mais
mento de cada músico em sua VIA. vários para roadies, produtores, músi-
E aqui está a grande vantagem em cos, etc. A grande questão é como
relação ao grupo que eu mandava no ouvi-los sempre! Mesmo quando es-
máster do Powerplay: tenho todos tiver solando algo.
canais abertos em cada via, poden- Na DiGiCo, por exemplo, tenho a
do, assim, reequilibrar a mix a gosto função Auto Solo, onde determino
de cada músico. quais canais quero solar automatica-
Uma coisa eu garanto: a passagem de mente caso eu ative o solo em qual-
som será mais rápida, a qualidade das quer coisa (input, output…).
mixes será bem maior e, com certeza, Obs.: Claro que todos devem usar
haverá muito menos pedidos de ajustes! com responsabilidade a comunicação e
* Dica importante: Como agora a não esquecer de desligar os microfones
mix do show está nas suas mãos, sem- para que você não fique mixando com
pre a cada pedido feito analise a sua vazamento indesejado. Para esses ca-
mix (master) antes de aumentar de- sos, a DiGiCo tem um On/Off da
terminado canal apenas na via do mú- função com fácil acesso!
sico que pediu. Às vezes, você pode ter Mas dá para fazer só em DiGiCo? Não!
deixado passar um solo ou algum deta- Como faço em outras consoles:
lhe importante daquela música e ele Vou explicar analogicamente, me-
sentiu falta e, com certeza, se esse ajus- smo sabendo que em algumas con-
te for na sua MIX e não na dele, bene- soles dá para fazer esse roteamen-
ficiaria a todos os músicos. to digitalmente, porque dessa for-
* Como canais internos estão em pré ma já serve para qualquer console.
Fader, você pode ajustá-los da maneira 1- Via cabo, conecto os Outs (LR) do
mais confortável na sua mix. meu Monitor (CUE) em 2 canais de
* Algumas ferramentas facilitam input livres na console.
bastante a “manutenção” das mixes 2- Direciono esses canais (LR) em
durante o show, como por exemplo, 0dB pré Fader para uma via (AUX)
consoles onde você consegue contro- livre na console, exemplo 15/16.
lar VCA (CG) dentro das vias. Dessa 3- Mando todos os canais de comuni-
forma, você ajusta diversos canais cação em 0dB pré Fader para o mesmo
dentro de uma mix sem perder o AUX (15/16).
equilíbrio. Exemplo: o cantor quer Resumindo, meu CUE passa ser a via 15/
ouvir + bateria. Você aumenta atra- 16 onde tenho as comunicações + CUE!
vés do VCA a bateria toda dentro da Vias de roadies costumo fazer usando
via dele, sem perder tempo e sem de- Matrix, onde roteio a via do músico
sequilibrar a mix. Em situações ex- que ele representa + comunicações.
tremas como o pgm Música Boa, Normalmente tenho uma via usada
onde tínhamos 3 bandas tocando ao para equipe onde também tenho a
mesmo tempo, conse-guíamos atra- MIX completa -10dB somada às co-
vés de VCA aumentar ou abaixar ra- municações em 0dB.
pidamente bandas completas na via Para finalizar, a minha ideia é que a
de cada músico com apenas 1 fader. pessoa envolvida tecnicamente ou
musicalmente no show tenha uma re-
— Comunicações: ferência completa do que está aconte-
Como disse acima, comunicação é cendo. Mas tenho que fazer isso da for-
muito importante e eu, particular- ma mais rápida e clara possível.
mente, gosto de ter tudo dentro da É assim que trabalho atualmente e, a
minha mix para que eu não precise cada show, aprendo uma coisa nova!

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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br

MASTERIZAÇÃO
E M S T E M S
Ricardo Mendes é produtor,
44

professor e autor de ‘Guitarra:


harmonia, técnica e improvisação’

A masterização
durante um bom
tempo foi
M uitas pessoas já masterizam em
suas próprias casas em seus
laptops. Algumas pessoas fazem pior,
a vida toda? Chego a sentir calafrios de
tédio só de pensar nessa possibilidade.
Na época em que eu masterizava somen-
outras melhor, mas o fato é que até al- te em estéreo sempre voltava à minha
considerada um guns anos atrás muitas pessoas nem sessão de mixagem e fazia algum ajuste,
segredo trancado a sabiam que era necessário masterizar pois o processo de masterização acaba
sete chaves e uma música. alterando um pouco a percepção no
Mas a vida é uma roda cheia de surpresas equilíbrio da mixagem. Quando era uma
somente alguns
iniciados de uma
sombria seita Para que a masterização ocorra sem maiores
secreta teriam problemas, é fundamental que alguns cuidados sejam
acesso a ele... Hoje tomados na mixagem
já não é mais
assim, com uma
maior livre e mal o conceito de masterização come- masterização de uma música que eu
çou a ficar mais conhecido e compreen- mesmo havia mixado, não era um gran-
circulação de dido por um número maior de pessoas, de problema, pois era somente retornar
informações entre a apareceu uma nova maneira de se mas- à sessão de mixagem, fazer os ajustes e
comunidade terizar para a gente ter que aprender voltar para a sessão de masterização com
tudo de novo. Ainda bem! Já pensou ter a nova mixagem. Mas quando era a
do áudio. que fazer a mesma coisa do mesmo jeito masterização de uma música mixada em
outro estúdio, eu não tinha como
manipular os tracks individuais e
às vezes gastava muito tempo para
resolver um problema que seria re-
solvido em questão de segundos
apenas abaixando um dos tracks
na sessão de mixagem. Quando
eu não conseguia resolver de
jeito nenhum, tinha que pedir
para quem mixou que fizesse os
ajuste e me enviasse a nova versão
da mixagem.
Bem, eu já me sentia incomodado
com algumas situações como es- Figura 2
sas, mas felizmente a humanidade
tem gênios que descobrem o ób- Assim não haveria uma caixa dis- uma taxa de compressão (ratio)
vio. Alguém pensou: por que eu parando um compressor que afe- baixa, ataque lento e threshold
sou obrigado a masterizar com to- tasse o baixo. Assim seria possível alto. Não deixe o compressor tirar
dos os tracks reduzidos a um track adicionar agudo no back vocals mais do que 3 dBs do sinal de saída.
estéreo? Por que não subdividir a sem tornar o hi-hat da batera agu- Se não tiver certeza do que está
mixagem em grupos, como, por do demais... fazendo ao colocar um compressor
exemplo, bateria & percussão, bai- Quem teve essa ideia resolveu no mix bus, melhor não fazer. No
xos, guitarras & teclados, vozes & chamar esse processo de maste- caso de uma mixagem em Stems,
back vocals e masterizar cada um rização por Stems. Mas antes de não use compressor algum nos gru-
desses grupos individualmente? começar a masterização propria- pos que serão exportados (figura 2).
mente dita, vamos nos atentar a
estes detalhes, que servem tanto 3 – Não confie 100% nos seus ou-
para a masterização em Stems vidos sem uma referência. Coloque
quanto para a masterização tradi- na mesma sessão uma música do
cional em estéreo: mesmo gênero e compare as duas,
Hoje a maioria dos produtores alternando entre uma e outra.
masteriza as próprias músicas que Tome o cuidado de colocar as duas
mixa. Para que a masterização com o mesmo volume, pois se uma
ocorra sem maiores problemas, é estiver mais alta do que a outra, o
fundamental que alguns cuidados ouvido poder ser facilmente enga-
sejam tomados na mixagem: nado, preferindo a música que esti-
ver mais alta.
1 – Tome cuidado com o headroom.
Não deixe o nível da sua mixagem ir 4 – Ouça a sua mixagem em mais
a zero dB ou mesmo próximo disso. de um sistema e ambiente diferen-
O ideal é que os picos (momentos te. Escute no carro, no telefone, no
mais altos da música) estejam ba- laptop, no headfone, em outros es-
tendo em -6 dB. Dessa maneira túdios, etc. Quanto mais, melhor.
evita-se o clipping (distorção) e
ainda deixa espaço para fazer alte- Agora é hora de preparar os grupos
rações de equalizador (figura 1). para fazer os Stems. Evite colocar
no mesmo grupo instrumentos
2 – Não use limiter no mix bus de muito diferentes em termos de
jeito nenhum. Ele irá arruinar o frequência. Por exemplo, evite co-
“punch” da sua música. No caso de locar no mesmo track um baixo e
uma mixagem estéreo, se for usar uma flauta piccolo. Ou uma alfaia
Figura 1 compressor no mix bus, use com de maracatu com um shaker. Um

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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br

os efeitos, como reverb e delay,


que foram utilizados para os vo-
cais devem ir juntos neste grupo.

SUGESTÃO DE DIVISÃO DE
GRUPOS:
1 - Graves => bumbo, tambores
graves, bumbo eletrônico e similares
2 - Bateria e Percussão => caixa,
hi-hat, pratos, tons, percussão não
grave e similares
3 - Baixo => baixo, violoncelos,
baixo eletrônico e similares
4 - Harmonia => guitarra, vio-
lões, teclados e similares
5 - Vozes => voz principal, voz
secundária e backing vocals
Figura 3
Neste ponto irão se exportar (fazer
exemplo de um bom grupo seria bém, ao fazer o bounce de cada o bounce) os Stems para a mas-
colocar juntos um shaker e uma grupo, de incluir seus respectivos terização.
pandeirola. Ou surdo (surdão de efeitos. Ao fazer, por exemplo, o
46

samba) e tan tan. Lembre-se tam- bounce do grupo de vocais, todos FAÇA OS SEGUINTES
PASSOS:
1 – Sole todos os tracks de um
Stem, incluindo os canais de efei-
tos associados e ele, e faça o bounce
em estéreo. Repita essa operação
para cada Stem. Não se esqueça de
“dessolar” os canais do Stem ante-
rior (figura 3).

2 – Certifique-se de que está expor-


tando em 24 bits e na mesma reso-
lução (44.1, 48. 88.2, 96 kHz, etc) da
sua sessão de mixagem (figura 4).

3 – Não use dither, não normalize e


nem coloque nenhum tipo de li-
miter ou compressor na saída do
mix bus. Em uma mixagem que vai
ser enviada em Stems para a mas-
terização não faz sentido usar com-
pressor no mix bus.

Ficamos por aqui.


No próximo mês, continuaremos
a masterização em Stems.

Para saber mais


Figura 4 redacao@backstage.com.br
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TECNOLOGIA|ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

ABLETON
W AV E TA B L E
48

Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor, sound


designer, pianista/tecladista. Estudou direção de Orquestra, música para
cinema e sound design na Berklee College of Music, em Boston.

O Wavetable é o
novo sintetizador A bra via > Browser > Instru-
ments > Wavetable.
Um aviso: é pesado!! Usa muito pro-
conceito de wave synthesis, que é a base
tecnológica do Wavetable, não é uma
real novidade. Essa tecnologia surgiu
incorporado ao cessamento da sua CPU! Na verdade, o nos anos 80 e foi usada no PPG Wave e
Ableton Live 10.
Esse novo plugin
sintetizador da
Ableton é capaz de
produzir sons
estonteantes do tipo:
Angelical, Monster
Pads , efeitos Sci-fi,
e texturas de
toda ordem.

Figura 01 - Wavetable
som no Wavetable e não simples-
mente com um ou até seis sons ou
tipos de formas de onda (mas
pode também!).
Pode-se atuar em cada faixa de
frequência! Como você pode no-
tar na imagem acima, o processo
criativo fica muito mais visual (e
complexo, logicamente).
Esse processo chama- se Re -
Synthesis! Como é possível per-
ceber na imagem a seguir! Mas o
Wavetable também opera com fre-
quências simples como senóide,
Figura 02 - PPG Wave
triangular, quadrada, serrote, etc, e
logo depois pela Sequencial Cir- melhar muito a isto: modula ou se mistura com fre-
cuits no Prophet VS. Eram sin- Evidentemente, hoje a tarefa de quências complexas.
tetizadores muito complexos já usar um Palete (array) de synthesis Na imagem a seguir vemos o pro-
àquela altura. facilitou a vida e possibilita a cria- grama operando com formas de
onda mais simples:
Uma onda modulada (senoide X
Quadrada) no Osc 1 (seta verme-
lho) e uma onda senoidal pura do
Osc 2 (seta verde). Movendo esse
controle (setas rosa e verde claro),
no centro,você incrementa a mo-
dulação e interação.
Clicando nesse sub-menu indica-
do pela marca e retêngulo verme-
lho temos o Wavetable Palete
(formas de onda), Osc 1 & Osc 2.
No centro, à esquerda, temos nas
Figura 03 - Prophet Vs marcas verde, lilás e azul os 3 (três)
envelopes ADSR. Do lado direito,
PPG WAVE2.2 ção de sons realmente intrigantes. nas marcas laranja e rosa, temos os
Sequencial Circuits Prophet VS Veja o exemplo na imagem se- 2 (dois) LFOs (osciladores de mo-
Com a evolução dos CPUs e guinte: dulação em baixa frequência).
softwares tudo evoluiu para esse
maravilhoso mundo dos plugins
que usamos hoje em dia! Mas che-
ga de história e vamos aos fatos!
A grande diferença entre os sin-
tetizadores tradicionais com um,
três ou até seis osciladores que ge-
ram a forma de onda (Wave),
está na maneira com que cons-
truímos o som final, passando
essa onda (Wave) por vários Figura 04 - Piano Wavetable
módulos até conseguirmos o re-
sultado final (Synthesis). Visto Isso é um Piano Waveshape. Par- Voltando a falar do Palete de for-
por um osciloscópio 3D, após todo tindo dessa complexidade sonora mas de onda – Wavetable...
processo, o som final pode se asse- é que você começa a desenhar o Além do Palete de formas básicas

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ABLETON LIVE| www.backstage.com.br

Quando o plugin
não está expandido
(que, aliás, é
acionado ao clicar
nesse pequeno
triângulo à esquerda
indicado pela marca
vermelha), você pode
operar os parâmetros
Figura 05 - Resinhesis
no Matrix, que é o
tem um outro Palete de formas de Clique nesse pequeno ícones à
setor laureado pelo onda específicas (Basic Shapes) esqueda para modificar a visua-
retângulo roxo. que permite reproduzir sons com lização da forma de onda. Seta e
50

um, digamos, “DNA” (piano, gui- quadrados verdes (a seguir).


tar, trombone, sitar, etc). Seta e Observe esses parâmetros embai-
marca rosa. xo, à direita, ainda na imagem
anterior, indicadas pelas marcas
em vermenho. Ali você pode
modificar o formato das ondas de
modulação, alcançando modelos
híbridos muito interessantes e cri-
Figura 06 - Modul 2 osc 2
ativos para sua Syntheses!
Quando o plugin não está expan-
dido (que, aliás, é acionado ao
clicar nesse pequeno triângulo à
esquerda indicado pela marca
vermelha), você pode operar os
parâmetro no Matrix, que é esse
setor laureado pelo retângulo ro-
xo. Esses parâmetros corespondem
aos envelopes ADSR do plugin e
você pode operá-los por aí também,
ou por outros parâmetros (MIDI e
Mod Sources), selecionando a devi-
da “Aba”.
Ao centro, os filtros que dispen-
Figura 07 - Expanation
sam explicações. À esquerda (re-
tângulo verde) temos o Sub Osc e
à direita o Unison (retângulo
amarelo), que permite multiplicar
o número de vozes sobrepostas
(para fazer uns uníssonos Gor-
dões). Você pode fazer 6 tipos de
uníssonos, mas, infelizmente,
com um número limitado a oito
Figura 08 - Basic Shapes
Figura 09 - Visual

vozes (dobras). não se lamente, você com certeza


Finalizando, eu diria que o Wave- estará muito bem servido com o Figura 11 - Unison
table é uma máquina de produzir Wavetable da Ableton. Um gran-
sons de respeito! Se a sua máqui- de sintetizador! Para saber online
na não suporta um Xfer Serum, Boa sorte a todos.

Figura 10 - Matrix Facebook - Lika Meinberg

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TECNOLOGIA|PRO TOOLS| www.backstage.com.br

PÉROLAS ESCONDIDAS
DO PRO TOOLS
Pequenas funções - mas com muito valor
Cristiano Moura é produtor, en-
genheiro de som e ministra cur-
sos na ProClass-RJ

G
52

Sabe aquele raças a uma providencial tomada,


toque de canela a carona de uma visita pra lá de es-
petacular e o sossego mental que só uma
em um
xícara de café pode trazer, consegui reu-
capuccino, nir todas as dicas e gerar as imagens em
aquela tomada tempo recorde para sua apreciação.
Este é o tipo de função de Pro Tools que
no shopping
vamos falar neste artigo. Por trás das
quando você está “grandes e revolucionárias melhorias”
com 1% de que cada nova versão apresenta (as cha-
madas “key features”), existe um mi-
bateria, aquela crocosmos de pequenas funções, que es-
visita supresa de tão longe da atenção do departamento
alguém querido de Marketing da Avid, mas que podem
fazer toda a diferença no nosso dia a dia
em um no Pro Tools. Figura 1 - Scroll Into View

dia difícil? tela direto para a track selecionada. Para


Pois é RECURSOS DE NAVEGAÇÃO facilitar mais ainda, você pode usar o
Em uma sessão grande, o usuário vai se atalho Control + Shift + Click (mac)
exatamente encontrar rolando com o mouse para ou Start Key + Shift + Click (win).
como este cima e para baixo centenas de vezes em Resolvida a navegação de tracks, vamos
artigo foi busca do track correto. Algo extrema- para a navegação de tempo na sessão.
mente desconfortável depois de algu- Certamente você já quis navegar direto
viabilizado mas horas. para um momento específico no tempo,
para a Ao invés disso, vamos conhecer a fun- certo? Como, por exemplo, o “compasso
sua leitura. ção “Scroll into View”. É acessível pela 10” ou para o tempo “10:12:01”. Para
Track List com o botão direito (Fig. 1) e estas situações, utilizamos o contador
faz exatamente o que o nome diz: rola a central, que se chama “Main Counter”
Figura 2 - Main Counter Figura 5 - Memory Locations Window

(Fig. 2). Basta um click e digitar o caso, primeiro você precisa mapear cadores é um caminho válido, mas
valor apropriado, mas a função fica as partes da sua música com ajuda estamos aqui para falar do “algo a
bem mais confortável de usar se, ao dos “markers” (Fig. 4). mais”, e, neste caso, é a possibilida-
Uma vez que a sessão esteja ma- de de navegar usando apenas o te-
peada, você pode acessar a janela clado. Isto é feito digitando sempre
de Memory Location, que guarda no teclado numérico a sequência:
uma lista de markers. Ela fica lo- ponto (.) + Número do Marker +

Uma vez que a sessão esteja mapeada, você pode


Fig. 3 - Habilitando o Main Counter via teclado numerico acessar a janela de Memory Location, que guarda
invés do mouse, você acionar o uma lista de markers.
Main Counter com o teclado. Isso
é feito com o asterisco do teclado
numérico (Fig. 3).
Mas como navegar diretamente calizada no menu Window > Ponto (.) novamente.
para o refrão da música, onde você Memory Locations. O número do Marker é definido
não sabe o compasso exato? Neste Clicar para navegar entre os mar- pelo valor à esquerda do nome do
marker na janela de Memory Lo-
cations (Fig. 5).

PREFERÊNCIAS DO
PRO TOOLS
São muitas as preferências que
vêm desligadas por padrão, mas
que merecem sua atenção. Vamos
a elas:
Na Aba “Display”, temos a opção
“Organize Plug-in Menus by”. A
opção padrão é “Category” (Fig. 6),
Figura 4 - Exemplo de markers mas muito mais efetivo, na minha

53
TECNOLOGIA|PRO TOOLS| www.backstage.com.br

Fig. 7 - Lista de plug-ins por categoria e fabricante

de Dinâmica padrão”. Por serem


os processadores mais utilizados, é
possível deixá-los separados da
lista de outros plugins para acesso
rápido. Veja na Figura 8 como fica
Figura 6 - Lista de plugins apenas por categoria mais fácil.
opinião, é a opção “Category and ele vem configurado para “-INF”, E como ficaria se eu quisesse tam-
Manufacturer” (Fig. 7) onde os ou seja, sem sinal. bém eleger meu “Reverb Padrão”
itens da Avid ficam separados dos A ideia é até boa, pois evita uma re- ou meu “Delay Padrão”?
itens da Waves, por exemplo. alimentação no caso de um ro- Pois saiba que é possível separar da
Na Aba “Editing”, temos a opção teamento incorreto, mas o lado ne- lista qualquer plugin. Vamos ao tru-
de alterar o tipo de Crossfade que gativo é que muitos iniciantes es- que: acesse a lista e encontre o
é criado por padrão quando usa- quecem de levantar o fader do send plugin que você gostaria de separar
da lista para facilitar o acesso. Ao
54

mos a função Smart Tool. Sabe- e ficam meio perdidos, achando que
mos que o padrão é o Crossfade tem algo errado com a configuração encontrar, clique com Command
“Equal Gain”, mas a cada 100 pesso- do efeito ou roteamento. (mac) / CTRL (win) pressionado e
as que eu converso, 99 preferem o Então, de forma geral, prefiro des- pronto! Veja o resultado na Figura 9.
Crossfade “Equal Power”. Então se ligar a opção, e assim que eu crio E quer saber mais? Também funci-
este também é seu caso, basta cli- um send já posso ouvir o efeito em ona no menu Audiosuite. Experi-
car no botão “Crossfade” e ajustar contexto. mente fazer o mesmo processo, e
de acordo com sua preferência. Outra função sub-utilizada fica aprecie o resultado (Fig. 10).
Na Aba “Mixing”, temos logo a logo abaixo, chamada de “Default
primeira opção à esquerda, vemos EQ” e “Default Dynamics”, ou EDITANDO COM
que, por padrão, ao criar um send, seja “Eq padrão” e “Processador PRECISÃO E
CONFORTO MÁXIMO
Se estamos falando de editar com
precisão, estamos falando da fun-
ção “Nudge”. Caso você não co-
nheça, ela está sempre ativa e per-
mite que o usuário, ao selecionar
um clip, o mova para a esquerda e

Figura 8 - EQ e Compressor favorito logo no início da lista Fig. 9 - Outros plug-ins também podem ser separados da lista
Figura 10 - Normalize destacado da lista de plugins Audiosuite

direita com as teclas “+” e “-” do te- botão shift na combinação de teclas.
clado numérico por incrementos pré- Ou seja, para refinar o início da seleção,
determinados pela janela de configu- use Alt + Shift + Teclas do Nudge.

Figura 11 - Configuração do Nudge

ração de Nudge (Fig. 11). Por último, podemos manter o clip


Mas podemos chegar bem mais longe onde está e alterar apenas a posição
do que meramente mover para es- do conteúdo deste clip. Para isso, usa-
querda e direita, e é disso que vamos mos a tecla modificadora Control
falar agora. (mac) / Start Key (win).
Você pode usar o Nudge para aparar as E com essa visão expandida da utili-
bordas do seu clip, como se estivesse zação do Nudge eu vou ficando por
usando a função “Trim Tool”. É sim- aqui. Espero que tenha gostado das
ples: para aparar o início do clip, pres- dicas, e nos falamos de novo no pró-
sione o botão Alt ao usar a tecla de ximo mês! Abraços!
“+ e -”. Para o final, use o Command Para saber online
(mac) / CTRL (win).
Outra opção é usar o Nudge para refinar cmoura@proclass.com.br
uma seleção. Para isso, acrescentamos o

55
VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO

RUNIT WTX™
www.robe.cz
Esta caixa de ferramentas multifuncional,
com conexão sem fio DMX + RDM é uma
versão ampliada da Robe Universal Interface.
A unidade se comunica com PC ou Laptop via
USB e ainda proporciona possibilidades sem
fio para controle, monitoramento e geren-
ciamento DMX e RDM bi-direcional. A par-
tir de agora, o software pode ser carregado por
meio de um link cabeado. A comunicação sem
fio é com base em uma tecnologia robusta
CRMX que inclui um avançado recurso, como
coexistencia cognitiva automatizada, fideli-
dade DMX, baixa latência, encriptação robus-
ta, entre outras. Suporta sistemas opera-
cionais Windows 7, 98, ME, 2000, XP, Vista,
Servidores 2003, Linux, OS X.
56

K-EYE S10 HCR


https://www.claypaky.it
O K-EYE S10 HCR, da Claypaky, é um LEDwash estático que
permite total controle sobre a qualidade de todas as formas
de branco e luzes coloridas. A nova tecnologia HCR usada no
K-EYE é uma plataforma eletrônica exclusiva desenvolvida
pela Claypaky em conjunto com a Osram para ir ao encontro
das necessidades dos lighting designers de todo o mundo que
não estavam totalmente satisfeitos com a performance dos
dispositivos LED em comparação com as lâmpadas tradicio-
nais, particularmente por causa do alcance incompleto de
cores, pobreza no renderizamento das cores e falta de consis-
tência. Todas essas limitações têm sido superadas no K-EYE
HCR e agora é possível finalmente produzir todas as cores,
cada nuance e cada sombreamento com qualidade satis-
fatória. O coração do K-EYE HCR é uma fonte de luz LED
que consiste de um módulo de 6 cores: além das 3 clássicas
(RGB), a Claypaky adicionou Âmbar, Cyan e Lime. Este dis-
positivo exclusivo Claypaky proporciona uma ampla
gama de cores com cobertura de cor espectral excelente. Ou-
tro destaque é para o corpo do equipamento, em estrutura de
alumínio com cobertura plástica, molduras opcionais para
gelatinas externas e filtros frost e uma cobertura opcional
com ajuste no movimento do zoom.
CUEPIX 16 IP™
www.elationlighting.com
Cada vez mais, projetos e shows são concebidos em es-
paços ao ar livre, por isso, a Elation decidiu expandir
novamente na sua linha líder de produtos adaptados
ao meio ambiente. O Cuepix 16 IP é um LED blinder
poderoso e potente com matriz 4 x 4 com a tecnologia
de proteção IP65. Uma versão atualizada do Cuepix
Panel, o popular 5 x 5 LED que tem feito sucesso
desde que foi lançado há 5 anos. O modelo 16 IP
supre a necessidade para mais opções de efeitos. As
luzes são montadas em um truss rebaixado, geral-
mente como nos demais modelos parecidos, mas no
IP16 os designers podem adicionar uma cor de alto im-
pacto ou luz branca, eye candy ou efeitos de pixel
mapped, para produzir todos os tipos de efeitos sem
preocupar-se com o tempo ou custo e a inconveniên-
cia de coberturas de proteção. O IP 16 possui LEDs de
30W RGBA de longa duração e uma melhor distribui-
ção luminosa para alcançar uma performance superior.

ECAST LIGHTING CONTROLS


www.elationlighting.com/4cast-dmx-bridge
O e-Cast é um aplicativo capaz de controlar a ilu-
minação de palco desenvolvido para ser usado em
locais de tamanho pequeno ou médio, como casas
noturnas, auditórios ou eventos móveis. O eCast
App está disponível nas App Store e requer um
Elation 4Cast DMX Bridge como interface entre
os equipamentos de iluminação e um dispositivo
iOS. Fácil de programar, o eCast App pode con-
trolar até 576 luminárias e até 12 universos DMX
(6144 canais de luzes). O app inclui efeito gerador
de movimento, cor e efeito rápido e permite que o
usuário controle canais individualmente de luzes
‘mais inteligentes’ para criação de cenas, efeitos
especiais e shows. O eCast pode trabalhar com
qualquer Art-Net ou nós ACN, mas precisa pri-
meiro ser conectado a pelo menos um 4Cast
DMX Bridge para destravar as saídas. Também es-
tão incluídos Audio trigger e suporte MIDI.

57
ILUMINAÇÃO | www.backstage.com.br
58 CADERNO ILUMINAÇÃO

“Divide World Tour”, do cantor inglês Ed Sheeran (Amsterdam, 13/04/2017). FonteRalph Larmann

RUMO À MORFOLOGIA
São notórias e notáveis
as transformações
ocorridas desde a
entrada dos LEDs na
indústria do
NOVOS CAMINHOS PARA
entretenimento. Além
das novas tecnologias de A ILUMINAÇÃO CÊNICA?
iluminação, as
estruturas de iluminação
cênica começaram a Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-
incorporar outros tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design

elementos, além dos de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba e pesquisa-


dor em Iluminação Cênica.
recursos de vídeo, novas
formas e formatos, tais
como tubos de luz, e
novos caminhos, com
iluminação de fibra
N esta conversa, esses novos estu-
dos e novidades serão abordados,
sob a perspectiva da morfologia, ou
pansão e amplificação das produções
desses eventos, pelo mais intenso e am-
plo acesso ao LED - Light Emitting Diode -
estudo das formas, como também sen- como principal componente utilizado
ótica e iluminação de sações e sentidos, provocações e estí- em luminárias e paineis para video wall.
indução que podem mulos visuais. Nesse sentido, a indústria também não
O panorama atual da iluminação cênica se restringe mais a poucos e gigantescos
oferecer perspectivas para espetáculos e shows não oferece fabricantes; do contrário, cada vez mais,
promissoras, com mais mais surpresas, se analisado este cenário surgem novas e mais especializadas em-
eficiente otimização e pela incorporação dos avanços tecno- presas, de portes também diversifica-
lógicos das últimas décadas. Em com- dos, na construção de instrumentos de
logística reversa eficaz. pensação, também possibilitou a ex- iluminação cênica com particularida-
Banda americana Bon Jovi na “This House In Not For Sale Tour 2018”. Fonte: ACT Lighting.

des singulares e diferenciais que tos e uma disponibilidade de lumi- indústria do consumidor, aqui
não prezam mais pela competi- nárias de LED cada vez mais bri- identificado como os públicos que
vidade, mas pela personalização e lhantes e marcantes, propiciando consomem shows, festivais, even-
relativa exclusividade, em fun- duas possibilidades com mais eco- tos e ações promocionais diversas.
ção de resultados únicos. Tal nomia (de consumo e aquisição): Como tem sido abordado em di-
constatação pode ser percebi- configurações mais expressivas e versos momentos das conversas
da nos eventos do setor – como a
LIGHTFAIR International, realiza-
da anualmente nos Estados Uni- ... os públicos já não são mais meros espectadores;
dos da América e que possui uma
cada vez são inseridos como protagonistas, pelas
seção sobre iluminação cênica (ou
teatral) com a exposição de fabri- diversas interações produzidas e realizadas.
cantes nesse segmento (em 2018,
foi realizada na cidade de Chicago,
Illinois, no início de maio). profusas, em detrimento de outras, que são sugeridas neste espaço da
Se essa mais significativa oferta de mais otimizadas e simplificadas. Revista Backstage, os públicos já
equipamentos poderia ainda suge- Contudo, novos caminhos têm não são mais meros espectadores;
rir suspeitas e dúvidas sobre a qua- surgido, e com eles expectativas de cada vez são inseridos como prota-
lidade dos produtos disponíveis, acontecimentos ainda projetados gonistas, pelas diversas interações
isso realmente não tem ocorrido. com concepções utópicas ou ima- produzidas e realizadas.
O que de fato ocorre é uma mais ginativas. As pesquisas com per- Somam-se a isso as pesquisas com
ampla acessibilidade a esses artefa- cepção visual têm aproximado a a morfologia da iluminação. Se a

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ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO

Banda inglesa Radiohead na “In Rainbows Tour” (2007). Fonte: The New York Times Online
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iluminação cênica tem sido objeto de am o traçado das linhas para a geração
estudos sob diversos aspectos - con- de figuras, formas ou sequências de
cepção, instrumentos, efeitos e resul- pontos (pixels).
tados, entre outros -, a morfologia se A partir do desenvolvimento das
associa aos princípios de composição tecnologias de LEDs, essas luminárias
dos projetos, que também propiciam evoluíram para outras, que produzem
contextualização visual, conforto e os efeitos das lâmpadas neon, mas
sensações únicas ou coletivas. com uma solução eletroluminescente
Como destaque, o aprimoramento de contínua e brilhante, em substituição
luminárias lineares flexíveis. Criadas àquelas fitas de LEDs (que, por serem
há mais de dez anos, essas luminárias, arranjos de células, provocam des-

Se um dos princípios da iluminação cênica é


emoldurar objetos, essas luminárias lineares
possibilitam configurações regulares e abstratas.

aplicadas nas produções de espetácu- continuidade luminosa perceptível).


los, inevitavelmente se associavam Se um dos princípios da iluminação
inicialmente a outros recursos estru- cênica é emoldurar objetos, essas lu-
turais, de maneira a serem fixadas e minárias lineares possibilitam confi-
dispostas em planos, formando linhas gurações regulares ou abstratas, ele-
horizontais e verticais, cujos princi- mentos geométricos isolados ou re-
pais objetivos estiveram relacionados petidos, orientações em todos os pla-
ao preenchimento cênico pelos ele- nos, ou mesmo letreiros ‘retrô’, com
mentos geométricos mais básicos, ou associação direta aos efeitos produzi-
ainda pela criação de texturas, com a dos pelas lâmpadas Neon utilizadas
utilização de superfícies difusoras e para esta finalidade.
variações de intensidade e cores. Iso- Se essas luminárias propiciam resul-
ladamente, arranjos de células interli- tados visuais impressionantes, tam-
gadas (como fitas de LEDs) permiti- bém estão alinhadas a outra inova-
Luminárias lineares flexíveis na produção do palco do programa American Idol. Fonte: LED Neon Flex

ção que cada vez se expande mais, re- convergências de soluções, diferen-
lacionada ao controle de ilumina- ciação conceitual e tipificação de
ção. Nesse âmbito, a personalização oportunidades. Nessa mesma linha,
produzida com a possiblidade de iso- o interesse de Lighting Designers que
lamento das células (ou pixels) na- buscam nesses elementos estéticos e
quelas luminárias, ou em outras com funcionais soluções diversas para
a segmentação ou redução de dispo- projetos, que prezam pela renovação,
sitivos em áreas ou seções, desenvol- pelo formato, ou ainda por outro as-
ve-se na mesma velocidade que sur- pecto, tal como a eficiência lumino-
gem e evoluem os aplicativos conce- sa, ou ainda, pela versatilidade ou
bidos para tal finalidade. Além des- simplificação das formas.

Os espaços cênicos são, em sua essência, estruturas


morfológicas pois, na leitura visual, podem ser
associados a figuras geométricas conhecidas
ou formas irregulares

sas funcionalidades, a otimização e Os espaços cênicos são, em sua essên-


simplificação dos processos ainda se cia, estruturas morfológicas pois, na
torna outro significativo avanço, leitura visual, podem ser associados a
pois as possibilidades de criação e rá- figuras geométricas conhecidas ou
pida resposta para cenas e formas vi- formas irregulares. No entanto, cada
suais reproduzidas com essas lumi- vez se destacam as produções que
nárias já permite a composição e or- potencializam essa premissa de proje-
ganização de cenários com intensifi- to, seja pela utilização de elementos
cação, além das expansões de sistemas cênicos com formas regulares em pro-
para smartphones, e integração com porções significativas, ou pelas estru-
consoles e demais equipamentos. turas aparentes de iluminação cênica,
Além disso, a morfologia também se dispostas simetricamente (para pro-
aplica a outras inovações, dinâmicas porcionar sensação de igualdade e
e atrativas, que oferecem também uniformidade aos públicos que assis-

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ILUMINAÇÃO | www.backstage.com.br
62 CADERNO ILUMINAÇÃO

“Reputation World Tour” da cantora americana Taylor Swift. Fonte: Isabel Infantes/PA Images

tem aos eventos em condições nesse mesmo contexto, justifi- imaginário, que conecta as infor-
iguais de visualização) e em forma- cam-se também pela realização de mações e produz referências visu-
tos únicos e imponentes. shows em estádios e arenas, o que ais, muitas delas marcantes e con-
Algumas das mais bem-sucedi- requer a amplificação de recursos gruentes a fatos diversos, recupe-
das turnês realizadas nos últimos visuais para o atendimento dos rados de memórias recentes ou
dois anos têm na morfologia do públicos em todos os setores de emocionalmente registradas no
espaço o conceito de inspiração lugares comercializados. subconsciente.
e configuração dos recursos cêni- Sobretudo, a morfologia estética Com tudo isso, a morfologia vi-
sual e estética ainda é um campo
a ser explorado, pelas diversas
Sobretudo, a morfologia estética também possibilidades, pelas múltiplas
aplicações, ou pelos resultados inu-
conecta as pessoas com elementos familiares,
sitados ou lúdicos. Cabe ao Lighting
conhecidos e assim confortáveis... Designer a busca de parâmetros sen-
soriais e padrões atrativos aos olhos
dos públicos, estimulando percep-
cos e visuais. Naturalmente, o também conecta as pessoas com ções e sensações variadas, fo -
desenvolvimento de estruturas elementos familiares, conhecidos e mentando conexões e interações,
exuberantes também se alinha assim confortáveis, proporcionan- produzindo cenários singulares e
às expectativas dessas apresen- do sensações mais agradáveis e visi- inesquecíveis.
tações, pelos expressivos resul- velmente estimuladoras para sen- Abraços e até a próxima conversa!
tados em vendas e downloads sações aprazíveis e atrativas. Mes-
de canções nos aplicativos para mo nas formas irregulares ou abs- Para saber mais
smartphones, ou direitos de ima- tratas, padrões de linhas retas ou redacao@backstage.com.br
gem e merchandising. Ainda sinuosas se fazem presentes no
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LUIZ CARLOS SÁ | www.backstage.com.br

EU E
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Foto: George's Studio

A MÚSICA
INTERMEZZO PARA REFLEXÃO NUMA NOITE DE INVERNO...

E stava em São Paulo, em frente a duas lindas ca-


sas art-nouveau quase geminadas, uma pouco
mais imponente que a outra. Elas seriam a nova sede
grand complet. Perguntei a ela se havia visto minha
mulher, Verlaine, que ficara de me encontrar por ali.
Sandra me lembrou de que não conhecia Verlaine pes-
do ressuscitado Lei Seca, bar dos amigos Paulo Ri- soalmente, mas que certamente saberia se a tivesse
beiro e Markus Kleissl que frequentei quase diaria- visto, amigas de Facebook que eram. Entrei então para
mente quando morei em São Paulo, entre as décadas dentro do que me pareceu uma habitação coletiva de
de 70 e 90. Estava impossível entrar, era o dia da luxo, com dezenas de quartos ocupados por gente de
reinauguração do Lei e uma multidão bloqueava a por- todos os gêneros, cores e idades, todos correndo de lá
ta. Quando olhei lá pro final da bela escadaria de ma- pra cá, ocupadíssimos com os preparativos da estreia.
deira trabalhada que dava acesso à única porta, vi mi- Dei de cara com minha sobrinha Elaine, que me
nha amiga Arlete Borba (que conheci no Lei Seca ori- olhando de cima abaixo e falando alguma coisa sobre
ginal) fazendo sinal para que eu entrasse pela outra eu “não estar vestido de acordo”, entrou num quarto
casa e desse a volta. Só então entendi que havia alguma e saiu de lá com um elegantíssimo blazer. Peguei o
comunicação entre as duas. blazer e fui procurar um banheiro pra me vestir. Abri
Fiz o que ela pediu e subi pela escadaria da casa menor, uma das portas assinalada pela figura tipo-anão-de-
semelhante à principal, no topo da qual encontrei mi- jardim de um tirolês fazendo xixi e me vi num ba-
nha amiga Sandra Marcarian, vestida e maquiada au nheiro enorme, onde depois de descer uma pequena
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escada de mármore, quase tropecei na mureta de um me haviam reconhecido. Levantei-me rápido e saí
laguinho cheio de carpas, como esses de lanchonete procurando alguém que pudesse me esclarecer aquela
de beira de estrada, que contrastava flagrantemente confusão, mas quando olhei o palco, vi que a banda já
com a parede coberta de centenários azulejos portu- estava a postos, afinando os instrumentos e dando
gueses, interrompidos por um vasto espelho bisotado uma rápida passada no som.
onde fui me olhar, só pra descobrir que Elaine estava Corri até a escada de acesso, mas fui barrado por um
com a razão e eu vestia uma velha camiseta, minha segurança que me exigia o devido crachá. Eu não me
bermuda preferida e um par de sandálias havaianas lembrava de ter recebido nenhum, mas ao meter a
brancas, estas já bem usadas e encardidas. mão no bolso interno do blazer achei o tal crachá,
Nossa. Depois de várias tentativas consegui vestir o com minha foto e tudo. Aliviado, subi e procurei pela
blazer, que a princípio parecia ser de um tamanho estante que teria meus violões. Não estava lá. Então
menor que o meu, mas que acabou por servir. Saí do notei que a banda era composta por gente que eu não
banheiro súbita e completamente bem vestido, calça conhecia. Um roadie de longos cabelos pintados de
jeans, sapatos e tudo o mais. Fui passando por várias verde puxou-me para o canto e colocou-me uma pa-
salas decoradas com extremo bom gosto onde conti- leta na mão, dizendo que o espetáculo ia começar e
nuava aquela balbúrdia organizada, agora com menos que a apresentadora já nos chamaria.
gente. Numa das salas, dezenas de cachorros se espre- Perguntei pelo setlist, por meus violões, pela nossa
guiçavam entre almofadas indianas; noutra, senho- banda original, mas ele sumiu por dentro de uma co-
res de terno - mas sem gravata - discutiam política xia confusa, cheia de panos pendurados e cases de ins-
aos gritos (esta sala cheirava fortemente a uísque e trumentos largados pelo chão. De repente, Arlete
charutos); e finalmente, na que me pareceu mais surgiu no palco e nos anunciou. O roadie voltou e
agradável, jovens casais hippies vestidos a caráter, pendurou-me uma Fender Strato no ombro, surdo
sentados à beira de um balcão, degustavam drinques aos meus protestos e pedidos pelos violões. Fui en-
coloridos em longas taças. trando palco adentro, mas notei que não havia nin-
Quem os atendia era o mesmo barman que me servira guém no microfone do Guarabyra. O baixista, um
as melhores margaritas que jamais tomei na vida, louro muito alto e magro, parecido com o Eduardo
quando eu tinha meu estúdio Vice Versa, na rua Dussek, franzia a testa e apontava para meus pés. Os
Alves Guimarães, bem ao lado do restaurante Don sapatos haviam sumido e as surradas havaianas bran-
Curro, ô delícia... Fui lá pedir uma. Mas o barman, de cas estavam de volta. Cheguei à conclusão de que te-
olhos nos meus olhos, recusava-se com um indelével ria que cantar de qualquer jeito, mas a banda atacou
sorriso a deixar que a margarita chegasse às minhas uma música que eu jamais tinha ouvido. Insisti e saí
mãos enquanto eu não o chamasse pelo nome. improvisando, tudo parecia ir dando certo, mas de-
“Chiquinho!” - lembrei-me, triunfante. Uma enor- pois de poucos minutos, os músicos pararam de tocar.
me e enfeitada taça veio afinal escorregando pelo O baixista acendeu um cigarro e sentou-se no case,
balcão até onde eu estava. Saí dali de margarita em conversando com a tecladista, uma senhora com cara
punho e fui desembocar numa espécie de auditório ao de professora de piano e os braços cobertos de tatua-
ar livre, com dezenas de fileiras de cadeiras de armar, gens. Parei de tocar também, perplexo ao notar que o
lotadas por um público animado e diverso. público continuava atento como se o show estivesse
Procurei um lugar vago e acabei por descobrir o que seguindo normalmente, marcando inclusive o ritmo
me pareceu ser a única cadeira vazia, onde me sentei com os pés. Olhei para trás. O batera me olhou de
entre Macalé e Charles Gavin, que depois de me volta e atirou as baquetas para o alto, com um sorriso
cumprimentarem, continuaram – mesmo comigo no amarelo no rosto. Foi a conta. Joguei a Strato para o
meio – uma complicadíssima e incompreensível con- roadie à la Claudio Venturini e fui saindo do palco,
versa sobre sistemas de aquecimento de ambientes. mas não reparei que haviam retirado a escadinha:
Só aí percebi que estava com frio. Tirei o celular do tropecei, desequilibrei-me e enquanto ouvia um
bolso para ligar para minha mulher e tentar en- “ohhh!” consternado do público, fui caindo, caindo,
contrá-la, mas não havia sinal. Fiquei ali encolhido. caindo... e acordei.
Como nada sugerisse que o show estivesse para co- Não conheço sequer um músico que possa se dizer li-
meçar, resolvi voltar para dentro de casa, não sem vre de ter sonhado – ou vir a sonhar - com um show
antes perguntar a Macalé quem tocaria. Para minha mal sucedido. Pelo sim, pelo não, nunca mais como
surpresa ele respondeu: “Sá & Guarabyra”. Mais sur- feijoada no jantar.
preso ainda fiquei ao notar que nem ele nem Charles Que, aliás, estava ótimo.

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