Você está na página 1de 2

116.

"Rito de York"
P. A minha Loja trabalha com o "Rito de York" e há falta de informações
sobre este Rito na Guiana. Poderia explicar a sua origem, história etc.? Há
algum ritual impresso para este Rito? (carta do Irmão C. R. Hopkinson, da
Guiana.)
R. O título "Rito de York" apresenta muitas dificuldades, porque ele
deriva NÃO do fato, mas de uma tradição (nas Old Charges) que uma grande
assembleia maçônica foi realizada em York pelo Príncipe Edwin, sob uma Carta
fornecida pelo rei Athelstan. Anderson, no seu Livro das Constituições, de
1738, afirma que isso ocorreu em 926 A.D.
Naturalmente, é verdade que York é um dos mais antigos centros de
Maçonaria na Inglaterra, mas, embora muitas das Old Charges e outros raros
documentos maçônicos tenham chegado até nós de York, nenhum deles se
relaciona a qualquer ritual antigo ou medieval e poderia ser descrito como
formando o todo ou parte de um Rito. De fato, o ritual agora praticado até mesmo
nas Lojas mais antigas de York, que contém várias ligeiras diferenças das versões
locais mais ou menos padronizadas, é em grande parte idêntico aos nossos
modernos rituais, desenvolvidos principalmente nos séculos XVI a XVIII.
Laurence Dermott, que foi Secretário da Grande Loja dos Antigos,
alimentou a idéia de que os Antigos estavam preservando o ritual dos maçons de
York (e escoceses), mas, apesar dos seus esforços em enfatizar a noção de que
havia vasta diferença entre os "trabalhos" das Grandes Lojas dos Antigos e dos
Modernos, as principais diferenças eram apenas duas:
(a) Os Antigos aderiam à sequência original das "palavras" dos Primeiro
e Segundo Graus, que os Modernos haviam invertido.
(b) Os Antigos sustentavam que o Arco Real era parte integral do
sistema do grau da Arte; os Modernos tratavam-no, corretamente, como
um acréscimo recente.

Nenhuma dessas diferenças tinha algo a ver com York, sendo que o título
"Rito de York", como descrição de um sistema de graus do Ofício, jamais foi
usado na Inglaterra. Quando ele é utilizado, é de modo bastante enganoso.
Em 1725, havia uma Grande Loja naquela cidade, que se constituiu como
"A Grande Loja de TODA a Inglaterra". A sua influência limitava-se aos
condados de York, Cheshire e Lancashire. Ela não garantiu ou autorizou Lojas
dependentes até 1761, ficou inativa de 1740 a 1761 e finalmente deixou de existir
em 1792.
Em 1780, ela forneceu a sua sanção ao funcionamento de cinco graus
separados, isto é, os três graus do Oficio, o Arco Real e o Cavaleiro Templário.
Baseando-se nisso, pode parecer possível levantar um argumento pela existência
de um genuíno "Rito de York", mas deve ser enfatizado que tais graus já existiam
antes de 1780 e que eles não eram, de modo algum, exclusivos a York.
A Grande Loja de York constituiu cerca de 13 Lojas e uma Grande Loja
durante o período inteiro da sua existência. A última foi a "Grande Loja ao Sul
do Rio Trent", a organização dissidente erigida por William Preston em 1779.
Ela só durou dez anos.
Nos Estados Unidos e em outros países onde o Rito Escocês Antigo e
Aceito se estabeleceu de modo muito intenso, o título "Rito de York" é aplicado
ao sistema mais antigo de graus adicionais que incluem o Grau de Marca, com
uma série de graus pertencendo ao Arco Real, às Ordens da Cruz Vermelha,
Cavaleiros de Malta, Cavaleiros Templários, etc., cada um com Estatutos ou
Regulamentos separados. O R.E.A.A. é obrigado pelas suas Constituições a não
ter jurisdição sobre os Graus do Oficio. Para ambos os Ritos, o único elo com a
Maçonaria "azul" é que os Irmãos não podem entrar nas suas Ordens a menos que
já tenham adquirido os três graus regulares da Maçonaria simbólica.
Hoje em dia, portanto, o título "Rito de York", quando aplicado ao ritual
do Oficio, representa uma alegação implícita de que aqueles que o praticam estão
usando as mais antigas e puras formas do ritual. Infelizmente, é uma alegação
além de qualquer prova.
Finalmente, até onde sei, não há ritual publicado em inglês alegando
reproduzir a totalidade do Rito de York, como ele é compreendido nos Estados
Unidos. Os rituais para os graus ou estágios individuais certamente podem ser
obtidos na Inglaterra, mas não seria possível confirmar que eles são idênticos às
suas contrapartes americanas.

O OFÍCIO DO MAÇOM – Harry Carr, Ed. Madras, 2007.

Você também pode gostar