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P. D. R.

2000 - 2006

PROGRAMA OPERACIONAL
DO
AMBIENTE

Ministério do Ambiente
e do Ordenamento do Território
Julho 2000
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ÍNDICE

CAPÍTULO I : ENQUADRAMENTO GERAL DO SECTOR DO AMBIENTE

INTRODUÇÃO___________________________________________________________7
TÍTULO I - A POLÍTICA DE AMBIENTE ENTRE 1996-1999____________________8
1 Água.............................................................................................................................................8
2 Ar...............................................................................................................................................11
3 Resíduos....................................................................................................................................12
4 A Conservação da Natureza e do Litoral................................................................................13
TÍTULO II - OS PROBLEMAS AMBIENTAIS POR RESOLVER_______________22
1 A qualidade do recurso água ..................................................................................................22
1.1 Águas superficiais.................................................................................................................................22
1.2 Águas subterrâneas................................................................................................................................23
1.3 Substâncias perigosas em meio aquático...............................................................................................23
2 A continuidade da infraestruturação básica...........................................................................23
2.1 Abastecimento de água.........................................................................................................................24
2.2 Tratamento de águas residuais.............................................................................................................24
2.3 Resíduos sólidos urbanos, industriais e hospitalares............................................................................25
3 Integração do ambiente nos diferentes sectores de actividade..............................................25
4 Ambiente Urbano.....................................................................................................................26
TÍTULO III - ACTUAÇÃO ESTRATÉGICA PARA 2000-2006__________________28
1 Principais Vectores...................................................................................................................28
2 Objectivos Ambientais 2000-2006...........................................................................................30
2.1 Recursos Hídricos.................................................................................................................................31
2.2 Resíduos................................................................................................................................................33
2.3 Ar e Ruído.............................................................................................................................................35
2.4 Conservação da Natureza e do Litoral..................................................................................................36
2.5 Educação ambiental...............................................................................................................................38
2.6 A melhoria do ambiente urbano............................................................................................................39
3 Integração do ambiente nas políticas de desenvolvimento....................................................39
3.1 Energia e Ambiente...............................................................................................................................40
3.2 Agricultura, Pescas e Ambiente............................................................................................................40
3.3 Indústria e Ambiente.............................................................................................................................41
3.4 Transportes e Ambiente.........................................................................................................................41
3.5 Turismo e Ambiente..............................................................................................................................42
3.6 Ambiente, Formação Profissional e Emprego.......................................................................................42
4 Articulação das diferentes fontes de financiamento...............................................................43
4.1 Saneamento básico................................................................................................................................43
4.2 Conservação e Valorização do Património Natural..............................................................................43
4.3 Valorização e Protecção dos Recursos Naturais...................................................................................44
4.4 Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais.................................................................................44

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4.5 Ambiente Urbano..................................................................................................................................45


4.6 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas......................................................46
5Mecanismos de articulação entre as diferentes intervenções.................................................46
6Ponto de situação da implementação das Directivas Comunitárias.......................................46
INTRODUÇÃO__________________________________________________________51
TÍTULO I - ESTRUTURA DO PROGRAMA OPERACIONAL DO AMBIENTE___52
TÍTULO II - EIXO PRIORITÁRIO 1: GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS
NATURAIS______________________________________________________________54
MEDIDA 1.1
Conservação e Valorização do Património Natural_____________________________56
MEDIDA 1.2
Valorização e Protecção dos Recursos Naturais________________________________61
MEDIDA 1.3
Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais_______________________________65
TÍTULO III - EIXO PRIORITÁRIO 2: INTEGRAÇÃO DO AMBIENTE NAS
ACTIVIDADES ECONÓMICAS E SOCIAIS_________________________________68
MEDIDA 2.1
Melhoria do Ambiente Urbano______________________________________________71
MEDIDA 2.2
Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas_________________73
TÍTULO IV – EIXO 3: ASSISTÊNCIA TÉCNICA_____________________________75
TÍTULO V – DISPOSIÇÕES DE EXECUÇÃO________________________________77
1 Autoridade de Gestão...............................................................................................................77
2 Unidade de Gestão....................................................................................................................78
3 Acompanhamento.....................................................................................................................79
4 Avaliação...................................................................................................................................80
5 Circuitos Financeiros...............................................................................................................82
6Controlo Financeiro..................................................................................................................83
7Parceria......................................................................................................................................85
8A Protecção do Ambiente e o Princípio do Poluidor- Pagador..............................................86
9Adjudicação de Contratos Públicos.........................................................................................87
10Indicadores da Reserva de Eficiência.....................................................................................88
11Informação e Publicidade.......................................................................................................90
12Sistema de Informação............................................................................................................90
13Orientações Gerais para as Intervenções Desconcentradas.................................................92
14Igualdade de Oportunidades..................................................................................................92

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15 Critérios de Selecção..............................................................................................................94
TÍTULO VI:
QUADROS DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA_____________________________95
Introdução______________________________________________________________102
Capítulo 1 - Análise dos Resultados das Avaliações Anteriores___________________103
1 Introdução...............................................................................................................................103
2 Síntese dos resultados esperados do PA 1994-1999..............................................................104
3 Da concepção do PA 1994-1999 à sua organização e funcionamento.................................107
4 Efeitos do PA e pertinência das recomendações então produzidas.....................................114
Capítulo 2 - Análise do Contexto de Intervenção______________________________118
1 Introdução...............................................................................................................................118
2 Níveis de infraestruturação ambiental básica......................................................................118
4 Recursos Hídricos...................................................................................................................122
5 Ar, Clima e Ruído...................................................................................................................125
6 Conservação da Natureza e Recursos Biológicos.................................................................127
7 Ambiente Urbano...................................................................................................................130
8 Síntese......................................................................................................................................132
Capítulo 3 - Avaliação da Concepção e Consistência da Estratégia Proposta_______137
1 Introdução...............................................................................................................................137
2 Apresentação do PO Ambiente.............................................................................................137
3 Avaliação da Coerência Externa...........................................................................................143
4 Avaliação da Coerência Interna............................................................................................150
5 Síntese......................................................................................................................................151
Capítulo 4 - Avaliação Quantificada dos Objectivos Ambientais_________________152
1 Introdução...............................................................................................................................152
2 Metas e objectivos quantificados .........................................................................................152
3 Indicadores de realização e de impacto do PO Ambiente....................................................157
5 Síntese......................................................................................................................................159
Capítulo 5 - Políticas e Impactos Esperados, Processos de Implementação e
Monitorização___________________________________________________________160
1 Introdução...............................................................................................................................160
2 Distribuição dos recursos financeiros..................................................................................160
3 Políticas e impactos esperados do PO Ambiente.................................................................162
4 Processos de implementação e monitorização.....................................................................164

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PARTE 1
ENQUADRAMENTO____________________________________________________168
1 Introdução..............................................................................................................................168
2 A política de ambiente entre 1996-1999 ..............................................................................169
2.1 Água....................................................................................................................................................170
2.2 Resíduos..............................................................................................................................................172
3 Os principais vectores de actuação estratégica entre 2000-2006.........................................174
4 Implementação da estratégia no período 2000-2006............................................................176
5 Os problemas por resolver no domínio do saneamento básico............................................178
5.1. Abastecimento de Água......................................................................................................................178
5.2. Drenagem e tratamento de águas residuais........................................................................................180
5.3. Resíduos Sólidos Urbanos..................................................................................................................180
PARTE 2
OBJECTIVOS ESRATÉGICOS PARA 2006_________________________________181
1 Ciclo integrado da água.........................................................................................................181
2 Resíduos Sólidos Urbanos .....................................................................................................182
PARTE 3
OS FINANCIAMENTOS PELO FUNDO DE COESÃO________________________183
1 As opções de financiamento..................................................................................................183
2 Os princípios básicos das intervenções..................................................................................184
2.1 Quanto ao enquadramento..................................................................................................................184
2.2 Quanto aos modelos de gestão e de financiamento.............................................................................184
2.3 Aplicação do Princípio do Poluidor – Pagador...................................................................................185
2.4 Gestão da Procura................................................................................................................................187
3 Investimentos em Ambiente...................................................................................................188
4 Identificação dos Projectos....................................................................................................189
4.1 Projectos relativos a Sistemas já implementados:...............................................................................189
4.2 Candidaturas relativas a novos sistemas a implementar:....................................................................190

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CAPÍTULO I :
ENQUADRAMENTO GERAL DO SECTOR DO AMBIENTE

* * 

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AMBIENTE • Portugal
INTRODUÇÃO

O crescimento da economia portuguesa durante a década de noventa, apesar de um


significativo abrandamento em 1993/94, correspondeu às expectativas geradas em torno
do processo de integração europeia. Um balanço da década a nível do crescimento
demográfico e da distribuição da população, bem como do desenvolvimento dos sectores
da agricultura, indústria e transportes, revela a necessidade ainda existente de modificar
qualitativamente o processo de desenvolvimento, no sentido de uma maior
sustentabilidade ambiental.

É nesse sentido que aponta a política de ambiente executada na segunda metade da década
de noventa, 96-99, particularmente auxiliada tanto pela transposição jurídica da maior
parte das directivas comunitárias, como pela concretização das medidas que a estratégia
de investimentos nacionais e comunitários viria a permitir, no âmbito do segundo Quadro
Comunitário de Apoio (QCA II).

Não foi possível durante a década de 90 atingir os níveis de protecção e de qualidade


ambientais compatíveis com a média dos nossos parceiros comunitários, no entanto se
muito ainda há a fazer, os progressos verificados nos últimos anos são a prova que a
política de ambiente começa a dar os seus frutos e a contribuir para a qualidade de vida
dos cidadãos nacionais.
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO I - A POLÍTICA DE AMBIENTE ENTRE 1996-1999

A política do ambiente definiu os seguintes objectivos de acção por domínio ambiental,


para a segunda metade da década de noventa:

Fonte. GOPS, 1996-1999


Água
1. Proceder a um levantamento dos recursos existentes e garantir na origem a fiabilidade e qualidade da
água para abastecimento
2. Aumentar os níveis de atendimento da população no que se refere a água para consumo humano e
drenagem e tratamento de águas residuais, promovendo também uma melhoria substancial da qualidade
da água nos meios receptores.
Ar e Clima
1. Melhorar a monitorização da qualidade do ar e das alterações climáticas
2. Proceder à integração de políticas sectoriais no sentido de promover a qualidade do ar
3. Adoptar normas de protecção e qualidade consistentes com os acordos internacionais efectuados na
matéria.
Resíduos
1. As principais medidas tomadas no âmbito do Sector Resíduos orientam-se no sentido de proceder a uma
correcta gestão dos resíduos urbanos, industriais e hospitalares, segundo o princípio da prevenção,
valorização e eliminação e pressupondo, desde logo, um maior nível de atendimento da população.
2. Neste âmbito, foi dada prioridade à criação de condições que permitissem planificar e pôr em prática a
qualificação do tratamento dos resíduos sólidos urbanos bem como a definição de um quadro legal
adequado que permitisse criar as infraestruturas necessárias a uma correcta gestão dos diversos tipos de
resíduos.
Conservação da natureza
1. Ampliar e reclassificar a Rede Nacional de Áreas Protegidas e a Reserva Ecológica Nacional
2. Levar a cabo uma política integrada de protecção e recuperação das áreas costeiras.

A prossecução dos objectivos de política de ambiente levou à execução devidamente


articulada de todo um conjunto de medidas por domínio ambiental. Neste ponto serão
explicitadas quer as medidas empreendidas quer os objectivos atingidos.

1 Água
A nível das origens da água, intentou-se o acréscimo da capacidade de abastecimento de
água através da promoção de grandes empreendimentos: Odeleite-Beliche (origem da
água do Sistema Multimunicipal do Sotavento Algarvio, com entrada em funcionamento
em Julho de 1998), Enxoé (principal origem de água dos concelhos de Serpa e Mértola,
com entrada em funcionamento em Maio de 1998) e Odelouca-Funcho (obra a iniciar em
2001 e destinada a constituir a origem de água do sistema Multimunicipal do Barlavento
Algarvio).

Ainda no domínio de uma maior capacidade de abastecimento, surge o Programa de


Origens da Água, que passa pela criação de uma rede estruturada que permita ultrapassar
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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

as actuais fragilidades das captações do interior Norte e Centro do país. Encontra-se


concluído o sistema de Trancoso e estão já em execução os sistemas de Apartadura,
Sardoal, Santa Marta de Penaguião e Vila Real.

No âmbito do abastecimento de água às populações através dos sistemas multimunicipais,


o Estado concessionou a empresas de capitais públicos, resultantes da associação do IPE -
Águas de Portugal com os municípios, a construção e exploração de infra-estruturas de
abastecimento de água que gerem sistemas de âmbito regional. Durante o ano de 1999
ficou garantido o abastecimento de água em “alta” a 117 concelhos das zonas mais
densamente povoadas do litoral do país.

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

Evolução do Abastecimento de Água


Níveis de atendimento globais (%)
NUTS II
1990 (a) 1995 (b) 1997 (c) 1999* (c)
Norte 65 70 71 78
Centro 68 84 89 95
Lisboa e Vale do Tejo 92 97 98 99
Alentejo 83 89 92 94
Algarve 82 82 88 91
CONTINENTE 77 84 86 90
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INE
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999

Foi iniciada a monitorização da qualidade das águas subterrâneas, encontrando-se


operacionais as redes de monitorização da Região do Centro e da Região do Algarve.
Espera-se que no final do ano 2000 se inicie a monitorização na Região Alentejo,
seguindo-se a Região do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo. O Programa Nacional de
Monitorização das Águas Subterrâneas, no âmbito do qual se inserem os sistemas de
monitorização regionais referidos, virá ainda a conferir um tratamento específico às zonas
de risco, como é o caso do Aterro Sanitário de Alcanena, a Bacia do Rio Alviela, o
perímetro de rega de Marvão e as Zonas Vulneráveis classificadas no Decreto-Lei nº
235/97 de 3 de Setembro.

No que se refere à drenagem e tratamento de águas residuais, o Programa Nacional de


Tratamento de Águas Residuais Urbanas inclui a construção e reabilitação de ETARs,
tendo sido considerados como prioritários os investimentos nas sedes dos concelhos e nas
Zonas Sensíveis (D.L. nº 152/97, de 19 de Junho).
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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Entre as principais medidas empreendidas neste domínio figura a celebração de


Contratos-Programa de Qualificação Ambiental com as Autarquias e a Parque Expo para
apoio de soluções integradas no domínio da drenagem e tratamento de águas residuais,
bem como o acréscimo do número de sistemas multimunicipais de tratamento de águas
residuais urbanas.

No âmbito dos sistemas multimunicipais, o Estado concessionou a empresas de capitais


públicos, resultantes da associação do IPE - Águas de Portugal com os municípios
interessados, a construção e exploração de infra-estruturas de tratamento de águas
residuais, ficando, assim, garantido através da SIMRIA (Ria de Aveiro) e da SANEST
(Costa do Estoril) o tratamento de águas residuais de 14 concelhos (cerca de 1,6 milhões
de habitantes).

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

Evolução da Drenagem de Águas Residuais


Níveis de atendimento globais (%)
NUTS II
1990 (a) 1995 (b) 1997 (c) 1999* (c)
Norte 36 44 51 59
Centro 39 52 54 71
Lisboa e Vale do Tejo 79 86 86 89
Alentejo 69 83 84 85
Algarve 76 68 81 84
CONTINENTE 55 63 68 75
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INE
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999

Evolução do Tratamento de Águas Residuais Urbanas


Níveis de atendimento globais (%)
NUTS II
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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

1990 1995 1997 1999 Capacidade instalada


(a) (b) (c) * (c) 1999** (d)
Norte 11 12 24 42 61
Centro 18 30 36 51 61
Lisboa e Vale do Tejo 26 47 53 64 79
Alentejo 32 58 59 74 81
Algarve 37 60 64 83 92
CONTINENTE 21 32 40 55 70
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INAG
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999
** tratamento efectivo sujeito à conclusão das redes em baixa

Por outro lado, encontram-se já em funcionamento várias soluções integradas de


tratamento de águas residuais industriais: o SIDVA - Sistema Integrado de Despoluição
do Vale do Ave, onde a indústria têxtil tem o maior peso; a ECTRI (Estação Colectiva de
Tratamento de Resíduos Industriais), servindo um elevado número de unidades industriais
metalúrgicas e metalomecânicas na área de Águeda; o Sistema de Alcanena, onde se
encontra sediado o maior número de estabelecimentos produtores de curtumes do país.
(Bacia do Alviela).

O Programa de Reabilitação da Rede Hidrográfica, Prevenção e Controlo de Cheias,


iniciado em 1996, soma 883 intervenções das quais 663 foram executadas entre 1996 e
1998, estando em curso as restantes 220. As acções contidas neste Programa orientam-se
para a recuperação da rede hidrográfica e para a garantia das condições de escoamento de
linhas de água.

2 Ar
Nos cerca de oito anos de vigência do Decreto-Lei nº 352/90, relativo à protecção do ar, e
apesar das pequenas alterações que foram sendo introduzidas, verifica-se que o mesmo se
apresenta insuficiente, tendo em conta os resultados dos estudos da comunidade científica,
bem como, a mais recente consciência das diversas nações apostando em proteger este
recurso natural. Por tal facto, foi entretanto publicado o Decreto-Lei nº 276/ 99 de 23 de
Julho que transpõe a directiva 96/62/CE relativa à gestão da qualidade do ar, estando em
preparação a revisão do quadro legal relativo às emissões para a atmosfera.

No âmbito da Conferência das Partes da Convenção das Alterações Climáticas realizada


em 1997, Portugal adoptou o Protocolo de Quioto, assumindo o compromisso de conter o
aumento das suas emissões de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono, óxido
nitroso, metano, hexafluoreto de enxofre, polifluorcabonetos, hidrofluorcarbonetos) em
27% para o período de 2008-2012 e tendo como referência o ano de 1990.

A nível da integração de políticas sectoriais merecem particular destaque as seguintes


medidas:

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

1. No domínio transportes/ambiente, efectuou-se um primeiro acordo no âmbito do


pacote “Auto-Oil”, alcançado em Junho de 1998, entre representantes do Conselho de
Ministros e do Parlamento Europeu, que estabelece um conjunto de medidas para reduzir a
poluição provocada pelos transportes rodoviários. Portugal decidiu deixar de comercializar
a gasolina com chumbo a partir de 31 de Julho de 1999, o que significará um primeiro
passo muito relevante na busca de qualidade ambiental. Foram criados os mecanismos que
permitirão aos veículos não preparados para o consumo de gasolina sem chumbo,
disporem de aditivos que possibilitarão aos seus utentes continuar a utilizá-los no período
de transição para a nova frota automóvel.
2. Com o objectivo de facilitar o cumprimento das obrigações decorrentes da aplicação da
Directiva 88/609/CEE, de 24 de Novembro, relativa à limitação das emissões para a
atmosfera de certos poluentes atmosféricos provenientes das Grandes Instalações de
Combustão, estabeleceu-se um programa nacional de redução das emissões das GICs, que
fixa tectos nacionais, faseados para as emissões destas instalações, homologado pelo
Ministério do Ambiente em Janeiro de 1997.
A implementação do Sistema Integrado de Gestão da Qualidade do Ar Urbano (SIGqa)
para as cidades do Porto e de Lisboa, possibilitará em tempo útil, informação precisa para
o apoio em processos de decisão, informando o cidadão sobre a qualidade do ar observada
nestas duas cidades.

3 Resíduos
Da estratégia de prevenção fazem parte a criação do Instituto de Resíduos, sob a tutela do
Ministério do Ambiente, como forma de dar resposta à importância crescente dos
problemas colocados pelos resíduos, bem como a entrada em vigor do Decreto Lei nº
239/97 onde se definem as normas de gestão de resíduos e se atribui ao Ministério do
Ambiente a competência para autorizar as operações de gestão referentes ao mesmo
sector.

Outra medida tomada no âmbito da prevenção refere-se às acções de planeamento


empreendidas e consubstanciadas pela elaboração de Planos Estratégicos para os Resíduos
Sólidos Urbanos (PERSU), para os Resíduos Hospitalares e para os Resíduos Industriais
(PESGRI). Estes planos procuram efectuar uma avaliação do estado actual dos sectores
respectivos e prever e projectar as soluções necessárias no mesmo contexto.

A valorização e eliminação dos resíduos carecia de sistemas de gestão integrada que não
apenas contemplassem as diversas tarefas implicadas pelos processos referidos, como
assegurassem um maior grau de cobertura territorial e populacional. Para o efeito foram
criados diversos sistemas multimunicipais através da concessão de projectos de gestão a
empresas de capitais públicos resultantes quer da associação entre a EGF Empresa Geral
de Fomento, SA e os Municípios, quer da associação entre municípios (sistemas
intermunicipais). Ambos os tipos de sistemas destinam-se a efectuar a recolha selectiva, o
tratamento e a valorização de resíduos, envolvendo no total 37 sistemas e 275 municípios.
Este processo é acompanhado pela recuperação e encerramento das lixeiras existentes.

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Evolução do Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (situação com implementação do


PERSU)

NUTS II Níveis de Atendimento Globais (%)


1997 (a) 1999 (a)
Norte 46 92
Centro 15 96
Lisboa e Vale do Tejo 66 100
Alentejo 14 51
Algarve 20 100
CONTINENTE 24 94
Fontes:
a) SEAMA
Nota: Considerando Tratamento Adequado apenas incineração, compostagem e aterros
sanitários

Em Agosto de 1999, foi elaborado o Decreto-Lei nº 321/ 99, que veio regulamentar as
condições de atribuição de licenças para aterros de resíduos industriais banais (não
perigosos), o que permitiu a apresentação de 19 candidaturas para a concepção,
construção e exploração desses aterros, estando as propostas em fase final de apreciação
no Instituto de Resíduos.

Entre os fluxos de resíduos, considerados prioritários, figuram as pilhas e acumuladores


usados, os óleos usados e os pneus usados.

No contexto dos objectivos de reciclagem e reutilização de embalagens, em 1997 foi


criada a Sociedade Ponto Verde, destinada a gerir o sistema integrado para o qual os
embaladores podem transferir a responsabilidade pelo destino final dos resíduos de
embalagens. A Sociedade Ponto Verde tem vindo a assinar contratos diversos com os
embaladores e as associações de recicladores, bem como com os sistemas autárquicos. Os
contratos celebrados com os embaladores permitem a cobertura pelo sistema integrado de
cerca de 65% das embalagens colocadas no mercado.

Efectuou-se ainda um Protocolo entre o Instituto de Resíduos e o Sector Farmacêutico


para implementação conjunta de um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de
Embalagens Farmacêuticas, que deu origem à criação da entidade gestora VALORMED,
cujo início de funcionamento se prevê para o primeiro semestre de 2000.

Foi aprovado o Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais ( PESGRI ). No


sentido de dotar a indústria de instrumentos e conhecimento sobre a redução de resíduos
na origem está em fase de preparação o Plano Nacional de redução dos Resíduos
Industriais ( PNAPRI ), a aprovar ainda no decurso do ano de 2000.

4 A Conservação da Natureza e do Litoral


Nos últimos anos assistiu-se a um esforço assinalável no sentido de consolidar e reforçar
competências, âmbito e capacidades de intervenção das instituições da Administração

13
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Pública com responsabilidade no domínio da Conservação da Natureza, fruto sobretudo


das obrigações decorrentes de Directivas Comunitárias e Convenções Internacionais.

O volume de meios financeiros postos à disposição das entidades, sobretudo no decurso


do II QCA, veio permitir o aumento e o aprofundamento do conhecimento científico
relativo aos valores do património natural existente em Portugal.

Do resultado de um levantamento e caracterização pormenorizada dos Habitats Naturais e


dos Habitats das espécies da Flora e da Fauna abrangidas pela Directiva Habitats
(Directiva 92/43/CEE) foram identificados os sítios importantes para a conservação da
natureza ao nível europeu, tendo sido submetidos à Comissão, a nível de Portugal
Continental, numa primeira fase, 38 Sítios que correspondem a 12.3 % do território
continental (mapa 1). Foram igualmente apresentadas 28 Zonas de Protecção Especial
para a Avifauna, que correspondem a 8.4% do território continental (mapa 2).

Paralelamente, registou-se um avanço na efectiva implementação das Áreas Protegidas,


quer ao nível da sua infra-estruturação quer ao nível do significativo reforço da sua
actuação no terreno, aspectos que permitiram uma intervenção progressivamente mais
credível e eficaz. Este facto contribuiu para que a Conservação da Natureza passasse a ter
uma dimensão espacial e política de âmbito nacional, até então nunca verificada.

A consolidação da Rede Nacional de Áreas Protegidas incidiu ainda na reclassificação das


áreas protegidas, visando principalmente uma maior adequação da sua tipologia
(reclassificaram-se 8 das 23 Áreas Protegidas a ser alvo deste processo - mapa 3 - os
Parques Naturais de Montesinho, da Serra da Estrela e da Arrábida, e as Reservas
Naturais do Paul de Arzila, das Dunas de S. Jacinto, do Paul do Boquilobo, da Berlenga e
da Serra da Malcata) e na criação de áreas protegidas, que permitiram a inclusão de áreas
com características muito particulares no âmbito da Conservação da Natureza
(nomeadamente ao nível dos rios internacionais – Parque Natural do Douro Internacional
– e do património icnológico e paleontológico - Monumentos Naturais das Pegadas de
Dinossáurios de Ourém, de Carenque, de Lagosteiros, da Pedra da Mua e da Pedreira do
Avelino).

Também a vertente regional da Rede Nacional de Áreas Protegidas foi desenvolvida,


através da criação de 3 Áreas Protegidas de âmbito regional: Paisagens Protegidas da
Serra de Montejunto, do Azibo e do Côrno do Bico.

Um aspecto igualmente importante ao nível da consolidação da Rede Nacional de Áreas


Protegidas foi a designação das primeiras Áreas Protegidas Marinhas, devidamente
enquadradas na Lei Quadro das Áreas Protegidas (Decreto-Lei nº 19/93, de 23 de Março)
através da publicação do Decreto-Lei nº 227/98, de 17 de Julho.

Todo este esforço contribuiu para que a Conservação da Natureza em geral, e a gestão das
áreas protegidas, em particular, tenham deixado de se assumir como questões sectoriais
centradas sobre os seus valores intrínsecos, e passassem a ser encaradas como uma
política transversal, interactiva com as políticas de utilização dos recursos naturais e de
planeamento do uso e transformação do solo, sendo neste âmbito de salientar, quer a
14
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Resolução de Conselho de Ministros nº 102/96, quer o lançamento de instrumentos


estruturantes para o desenvolvimento sustentável nestas áreas (nomeadamente o Programa
Nacional de Turismo de Natureza, o Acordo Pescas/Ambiente, o Programa de Desporto
em áreas protegidas, o Plano Nacional de Estágios e os Planos Prévios de Intervenção em
Fogos Florestais em Áreas Protegidas).

A um nível mais global, a Conservação da Natureza passou a ser merecedora, pela


raridade e vulnerabilidade dos valores em que assenta, de ser integrada nos processos
decisórios ab initio e de ser encarada como suporte de um verdadeiro processo de
desenvolvimento sustentável.

A forte procura e pressão que se verifica sobre o litoral português, têm originado situações
de desequilibro, determinando a artificialização da linha de costa, a degradação de
sistemas naturais e o empobrecimento da paisagem.

Várias medidas têm, nos últimos anos, vindo a ser tomadas pelo Ministério do Ambiente e
Ordenamento do Território, no sentido de permitir o planeamento integrado dos recursos,
definindo regras e impondo restrições à sua ocupação e utilização.

Foram identificados nove troços distintos de costa, tendo sido promovida a elaboração de
Planos de Ordenamento da Orla Costeira (mapa 5), um por troço, dos quais já se
encontram concluídos cinco ( Caminha - Espinho, Cidadela – S. Julião da Barra/ Cascais,
Sado - Sines, Sines - Burgau, Burgau - Vilamoura), cujas medidas estão a ser
implementadas.

Estes Planos vieram a integrar uma estratégia de intervenção para a orla costeira, definida
pelo Governo Português e aprovada em Julho de 1998, que encontra tradução no
Programa Litoral 98 e no Programa Litoral 99. Este último procurou reforçar as
intervenções mais directamente associadas à preservação e defesa dos valores ambientais
e às acções de requalificação de espaços sujeitos à degradação ou empobrecimento das
suas características ecológicas e naturais.

A existência de numerosos planos de água de dimensões variáveis, desde algumas


dezenas a milhões de hectares, levou ao aparecimento de condições excepcionais para a
prática de actividades recreativas associadas à fruição do plano de água ou à procura das
suas áreas envolventes para construção de habitações.

O Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, para gerir a ocupação e


utilização das albufeiras e suas áreas envolventes, tem utilizado como instrumentos
privilegiados os Planos de Ordenamento das Albufeiras (mapa 6). Estes Planos visam
garantir a salvaguarda das condições naturais e ambientais presentes, as disponibilidades
hídricas para as suas finalidades principais, bem como a articulação entre as diferentes
entidades com competências nos territórios objecto dos planos.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Mapa 1
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Mapa 3

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Mapa 4

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO II - OS PROBLEMAS AMBIENTAIS POR RESOLVER

Os problemas ambientais que se colocam a Portugal nas próximas décadas resultam da


presença e interacção de três factores: um passivo ambiental gerado pelos processos de
crescimento económico anteriores à integração de Portugal na União Europeia; uma
pressão acrescida sobre o meio ambiente e os recursos naturais, associada ao esforço de
convergência económica real a que a mesma integração conduziu e a uma abertura
crescente da economia nacional no que se refere a bens de consumo imediato e novas
tecnologias; e incidências derivadas do carácter global de alguns problemas ambientais.

As grandes questões ambientais daqui decorrentes podem perspectivar-se sob duas ópticas
distintas: ou fazem parte de um conjunto de problemas cuja solução se quer imediata, ou
constituem problemas ainda potenciais, de eclosão mais ou menos tardia, mas cujas
consequências devem ser antecipadas por uma prevenção eficaz. No que se refere aos
problemas ambientais que requerem soluções foram identificados os seguintes aspectos:

1 A qualidade do recurso água


Uma questão indissociável das disponibilidades hídricas é o problema da qualidade da
água, sabendo-se que os problemas de poluição ambiental dos meios hídricos são
agravados pela irregularidade climática do nosso país e pelo tipo de uso do solo. Os
verões secos e prolongados e a correspondente diminuição de valores de caudal conduzem
a capacidades muito reduzidas de autodepuração durante a estiagem. Por outro lado há
ainda a referir os problemas associados à poluição por substâncias perigosas, além da
poluição por óleos.

1.1 Águas superficiais

O armazenamento de água em albufeiras constitui ainda em alguns casos o meio receptor


de efluentes domésticos e industriais e ainda das escorrências dos solos agrícolas e
florestais. A afluência excessiva de nutrientes, material sólido e matéria orgânica, conduz
à deterioração da qualidade da água, originando processos de eutrofização, em particular.

A eutrofização das massas de água é um processo natural e lento, resultando do


enriquecimento do meio em nutrientes e promovendo o crescimento da vida aquática ao
nível das cadeias tróficas. Os blooms algais são a consequência mais directa dos estádios
de eutrofização e os dois nutrientes considerados com mais significado para o crescimento
destes organismos são o azoto e o fósforo. Das 71 albufeiras actualmente classificadas,
cerca de 40% do total da água nelas armazenada encontra-se em estado oligotrófico, 20%
em eutrófico e em 40% das massas lênticas o processo de eutrofização foi já iniciado.
22
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Estes blooms têm ocorrido tanto em águas correntes (rios Minho, Douro e Gaudiana)
como em lagoas (Quiaios, Mira e Salgueira) ou albufeiras, resultando de situações
isoladas ou conjuntas de abuso de adubação (fosfatos e nitratos), da presença de
explorações pecuárias não controladas e da ausência de esgotos urbanos com tratamento
insuficiente ou nulo.

1.2 Águas subterrâneas

No que se refere às águas subterrâneas, tem-se assistido à diminuição gradual da sua


qualidade, em função da existência de focos de rejeição de poluentes com origem nas
actividades agrícolas (abuso de adubos e fertilizantes) e industriais (águas residuais sem
qualquer tratamento ou com tratamento deficiente).

1.3 Substâncias perigosas em meio aquático

No âmbito da qualidade da água merece particular destaque a presença de substância


perigosas em meio aquático: em 26 de Novembro de 1997, a Comissão Europeia
deliberou alterar o artº 21º da Proposta de Directiva Quadro para a Água estabelecendo a
data limite de fim de 1998 para a obtenção de uma lista de substâncias sujeitas a
vigilância prioritária devido ao seu comprovado risco para o ambiente e a saúde humana,
via meios aquáticos. A prioridade assenta, pois, na monitorização dos meios hídricos
levada a cabo pelos Estados Membro e na adopção de modelos matemáticos para estudo
da dispersão.

Portugal não tem dados analíticos coligidos e organizados nem tem estabelecido, ainda,
um programa de monitorização das águas doces superficiais e das águas marinhas e
estuarinas que dê resposta em conformidade com o exigido pelas instâncias mencionadas.
Possui, apenas, um estudo sobre a existência das substâncias existentes no País,
produzidas e/ou importadas, que se inserem nas constantes da Lista II da Directiva
76/464/CEE candidatas à Lista I, e para quantidades reportadas superiores a 10
toneladas/ano. Praticamente todas caem no âmbito das seleccionadas pela OSPAR e
União Europeia.

2 A continuidade da infraestruturação básica


A análise dos níveis de atendimento verificados para o abastecimento de água, drenagem
e tratamento de águas residuais e recolha e tratamento de resíduos sólidos permite
concluir que Portugal se encontra ainda abaixo das médias europeias, bem como dos
valores tidos como compatíveis com a existência e manutenção da qualidade de vida das
populações.

Esta constatação é um indicador inequívoco da necessidade de dar continuidade à


infraestruturação a nível do saneamento básico. Todavia, com esta necessidade coexistem

23
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ainda duas outras, sendo ambas condição necessária para a eficiência e operacionalidade
dos sistemas de saneamento básico:

• A conservação ou reparação de infraestruturas já existentes e cujas actuais condições


de funcionamento comprometem a qualidade dos serviços prestados.
• A presença de técnicos e operadores devidamente qualificados que possam garantir a
manutenção e funcionalidade das estruturas existentes, permitindo assim a
concretização dos níveis de atendimento para os quais foram concebidas.

2.1 Abastecimento de água

A nível das origens e abastecimento de água, constituem problemas não resolvidos:

• Deficiências a nível da constância e pressão do abastecimento de água, tanto em


virtude de causa hidrológicas sem uma adequada resposta em termos de
armazenamento, como por mau funcionamento ou má conservação das componentes
do sistema de abastecimento.
• Fragilidade do abastecimento de água nas regiões do interior do país, caracterizadas
por uma rede de origens muito dispersa e de assinalável pequenez, com as incidências
daí resultantes, a nível da fiabilidade dos abastecimentos e respectivo controlo de
qualidade.
• Situações de ausência de qualidade das águas superficiais e subterrâneas associada a
uma rede de monitorização ainda deficiente.
• Carências de tratamento nas ETA’s por motivos técnicos e humanos
• Má conservação das estruturas de distribuição (fissuras e rupturas em estruturas
envelhecidas), numa agravada pela proximidade de redes de esgoto ou de explorações
agro-pecuárias e industriais.

2.2 Tratamento de águas residuais

Também no sector de drenagem e tratamento das águas residuais subsistem algumas


carências cuja solução é indispensável à plena eficiência do sistema em causa. Entre os
problemas identificados constam os seguintes:

• Baixos níveis de atendimento da população a nível integrado, ou seja, de drenagem-e-


tratamento de águas residuais. De facto, verificam-se situações em que estão presentes
as infraestruturas de drenagem de águas residuais, sem a necessária correspondência
em termos de tratamento.
• Subdimensionamento das ETAR’s, face ao crescimento urbano verificado.
• Inadequação dos processos de tratamento relativamente à natureza e qualidade dos
efluentes.
• Necessidade urgente de reabilitação das infraestruturas existentes.
• Carência de pessoal com a formação adequada para gestão e manutenção dos sistemas
de tratatmento

24
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.3 Resíduos sólidos urbanos, industriais e hospitalares

O sector dos resíduos sólidos urbanos é aquele que regista os maiores níveis de
atendimento, restando todavia a necessidade de proceder às seguintes acções:

• Valorização insuficiente: actuar em termos da valorização, a nível da reciclagem e da


valorização energética
• Deposição: concluir a selagem dos locais de deposição que não correspondam a
critérios ambientalmente correctos.
• Encontar as soluções de tratamento e deposição adequadas aos resíduos específicos.
• Educação/formação: proporcionar campanhas educativas que incentivem uma menor
produção de resíduos, e uma deposição adequada tanto em termos de recurso aos
locais próprios para a deposição, como em termos da deposição selectiva.

Tanto os resíduos industriais como os resíduos hospitalares carecem ainda de locais de


deposição e meios de tratamento adequados, em função da sua perigosidade. Os Planos
Estratégicos actualmente em curso constituem uma primeira abordagem fundamental à
resolução dos problemas associados.

3 Integração do ambiente nos diferentes sectores de actividade


Na linha do 5º Programa Quadro de Acção Comunitário “Em Direcção a Um
Desenvolvimento Sustentável” (1992-2000), a estratégia nacional no sentido de nos
dirigirmos para a convergência entre a eficiência económica e a protecção dos recursos
naturais, levou a uma conjugação de esforços dos Ministérios do Ambiente e da
Economia para a sensibilização dos empresários e consumidores para o facto de a
indústria não ser apenas considerada como fonte dos problemas, mas, também parte
integral da resolução dos mesmos.

Neste sentido, o acordo estabelecido entre os Ministérios do Ambiente e da Economia em


1995 tendo em vista a compatibilização das exigências ambientais com a competitividade
das empresas e uma melhor utilização dos fundos disponíveis para a indústria (POA e
PEDIP), estabeleceu que as candidaturas eram suportadas por uma análise ambiental e
que a existência deste diagnóstico, bem como a realização dos investimentos aí
identificados constituía critério de elegibilidade e selectividade dos mesmos.

As empresas portuguesas perante os normativos ambientais tomaram as suas opções no


sentido de corrigir e de se adaptarem à legislação em vigor. As opções adoptadas
consistiram não apenas na introdução de tecnologias menos poluentes, reduções de
consumo de água e de energia, mas sobretudo, pela aquisição de tecnologias de “fim de
linha”, isto é, sistemas de tratamento de águas residuais, sistemas de redução das emissões
atmosféricas e de minimização do ruído, bem como redução e tratamento de resíduos
sólidos.

25
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Apesar do esforço do tecido empresarial português de adaptação aos normativos em vigor,


há ainda sectores em que a internalização efectiva dos custos ambientais não é possível de
imediato.

No entanto, torna-se necessária uma crescente internalização dos custos associados ao


ambiente e que tal seja reflectido na veracidade dos preços.

4 Ambiente Urbano
Portugal passou nas últimas duas ou três décadas por transformações muito profundas na
estrutura de ocupação do seu território continental. Essas transformações reflectem
necessáriamente as profundas mudanças da estrutura económica e social e foram
acompanhadas de fluxos migratórios muito significativos que obrigam a um redesenho da
importância e das funções dos aglomerados urbanos.

Os principais problemas das cidades em Portugal são bem conhecidos:

• esvaziamento da função residencial dos centros históricos, que atravessam em muitos


casos processos paralelos de “terciarização”, de desertificação, de abandono e
degradação;
• processo acelerado de degradação de património edificado, em vastas zonas do
“casco” urbano, nas periferias mais antigas e nos bairros sociais associado à
inexistência de estímulos de mercado à reabilitação urbana (vd. impacto das opções
tomadas há décadas quanto ao regime de arrendamento urbano, sem acautelar medidas
de conservação dos imóveis);
• intensificação das extensões suburbanas, muitas vezes realizadas de modo caótico,
desprovidas, ou com deficiência , de infraestruturas técnicas e sociais e com fracas
condições de vivência urbana;
• segmentação etária do espaço da Grande Lisboa e do Grande Porto, com os “centros”
destas grandes áreas urbanas a envelhecerem acentuadamente, e as novas gerações a
serem deslocadas para “coroas suburbanas” cada vez mais distantes;
• crescente congestionamento do trânsito, associado, pelo menos em parte, ao
crescimento dos movimentos pendulares habitação-emprego;
• degradação acelerada da paisagem urbana, com destaque para a escassez de espaços
verdes e espaços públicos, atrofiados pela dinâmica da construção compacta, ou
desvirtuados pelo uso do transporte privado.

Assim, em Portugal, os problemas urbanos não são de uma mera gestão sustentável das
cidades, tema que constitui a tónica das abordagens comunitárias, mas têm
indissociavelmente uma dimensão estratégica que consiste em “reinventar” as cidades,
isto é, redefinir o seu papel numa nova organização do território. Se ambiente e
ordenamento são indissociáveis em qualquer lugar do mundo, em Portugal essa relação é
ainda mais estreita porque as muitas cidades buscam, ainda, desígnios estratégicos e
factores de diferenciação e competitividade em que a qualidade do ambiente urbano pode
desempenhar um papel decisivo. Nestas condições, uma intervenção em ambiente urbano
em Portugal não deve ser dissociada de uma forte componente de requalificação
urbanística e não deve deixar de atender aos desígnios estratégicos das cidades em que
actua.
26
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Por outro lado, existe em Portugal uma consciência crescente de que foram cometidos no
passado erros urbanísticos graves que seria bom, tanto quanto possível, corrigir, fazendo
dessa forma pedagogia e prevenindo a sua repetição no futuro.

Finalmente, deve ser referido que a experiência da Expo 98 teve um impacte muito
significativo em todo o País e veio contribuir para estabelecer um novo paradigma de
qualidade do espaço urbano e de valorização das suas componentes ambientais. Importa
tirar partido desta atitude, promovendo intervenções que reproduzam, tanto quanto
possível à escala de cada aglomerado urbano, as virtudes da Expo em termos de
requalificação do espaço público com forte componente de valorização ambiental.

A temática da requalificação urbana e valorização ambiental de cidades tem vindo a


merecer uma atenção crescente nos últimos anos em Portugal, se bem que, com excepção
da Expo 98, a generalidade das intervenções tem tido um a dimensão relativamente
modesta.

27
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO III - ACTUAÇÃO ESTRATÉGICA PARA 2000-2006

1 Principais Vectores
Os temas centrais, as metas e as acções prioritárias, que nortearão a acção política no
sentido de atingir no longo prazo as condições para um desenvolvimento sustentável têm
em consideração três aspectos essenciais:

O primeiro tem a ver com a realidade sócio-económica do país: ao contrário da maioria


dos países membros da União, Portugal ainda se encontra numa fase de desenvolvimento
em que a infra-estruturação básica necessita de ser modernizada e generalizada a uma
parte importante da população e do território nacional.

O segundo relaciona-se com a valorização e protecção das vantagens ambientais


intrínsecas do território nacional, enquanto factores de desenvolvimento económico
equilibrado e de prosperidade social.

O terceiro prende-se com a necessidade de fazer aplicar o quadro normativo nacional,


comunitário e internacional, não só aquele que por razões de natureza económica e técnica
ainda não foi totalmente implementado, mas também as directivas que serão
implementadas no período 2000-2006.

Assim, a estratégia ambiental para a próxima década assentará nos seguintes vectores de
actuação:

Primeiro vector: A gestão sustentável dos recursos naturais e a melhoria da qualidade


ambiental, considerados como direitos essenciais para todos os portugueses.

A gestão sustentável dos recursos naturais e o usufruto de uma qualidade ambiental


mínima devem constituir a principal linha de orientação estratégica do país e basear-se
nos seguintes pressupostos:

A equidade – O consumo dos bens ambientais deve ser ser objecto de acesso e
distribuição equitativos por toda a população e por todas as regiões do território nacional.
O carácter de bem público de uma parte significativa dos bens e serviços do ambiente não
deve ser condicionado por factores de rendimento e a sua provisão e ou regulação devem
continuar sob a responsabilidade das autoridades públicas;

A solidariedade - Os custos da protecção ambiental e do fornecimento de certos bens e


serviços, relacionados com esta devem ser baseados em princípios de justiça distributiva.

A responsabilidade partilhada - A responsabilidade pela protecção do ambiente é um


assunto que envolve a administração pública, os consumidores, os produtores e toda a
população, enquanto dever de cidadania. Partilhar essa responsabilidade através de um
28
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

alargamento significativo dos instrumentos e aplicar simultaneamente o normativo e


incentivos económicos, devem contribuir para uma acção política mais eficaz.

Segundo vector: a integração do ambiente na política de desenvolvimento territorial e nas


políticas sectoriais

A compatibilização do planeamento territorial e das políticas sectoriais com o ambiente


constitui uma das condições da sustentabilidade: avaliar ex-ante os impactes , prevenir os
danos, adaptar os instrumentos de intervenção, construir indicadores de pressão ambiental
das diferentes actividades e monitorizar os efeitos, são algumas das condições a preencher
para integrar objectivos de protecção ambiental nas políticas.

A definição de áreas de intervenção, territorial e intersectorial e/ou de sectores alvo,


susceptíveis de um esforço de integração requer:

O reconhecimento da interdependência entre as actividades económicas e o ambiente, a


avaliação do sentido e da intensidade dessas relações.

A exploração das oportunidades conciliando os objectivos de desenvolvimento territorial


e sectorial com objectivos de protecção do ambiente.

A arbitragem entre objectivos conflituais, quando estratégias de soma positiva não


puderem ser concretizadas.

A integração constitui o elemento primordial de uma estratégia ambiental, necessária


tanto ao nível dos objectivos como ao nível dos instrumentos utilizados para atingir esses
objectivos. Quanto à integração dos objectivos os princípios fundamentais serão:

Concretizar a integração das estratégias de controlo da poluição com uma melhor gestão
dos recursos.

Generalizar a aplicação do Princípio do Poluídor Pagador com o Princípio do Utilizador


Pagador.

Terceiro vector: a conservação e valorização do património natural no quadro de uma


estratégia de conservação da natureza e da biodiversidade.

A diversidade biológica e a variedade dos ecossistemas e paisagens são património


ecológico, cultural e económico do país e da Europa. A protecção e a valorização deste
património serão elementos fundamentais de uma “Estratégia Nacional para a
Conservação da Natureza e da Biodiversidade” para a qual este Programa constituirá um
importante instrumento.

29
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quarto vector: o estabelecimento de um partenariado estratégico com os diferentes actores


para a modernização ambiental das actividades económicas e das organizações.

O vector ambiente no Plano de Desenvolvimento Regional assume-se como estruturante e


de carácter horizontal tendo em vista o desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o seu
sucesso depende do diálogo e da contratualização com os vários actores que interveêm na
implementação prática das acções de desenvolvimento.

A Administração Central promoverá, em primeiro lugar, entre os seus diferentes


departamentos e ministérios a concertação necessária a uma abordagem integrada dos
problemas ambientais e, em seguida, fomentará as formas institucionais de cooperação e
de contratualização com os restantes agentes.

Quinto vector: O desenvolvimento da educação e da informação ambientais

O acesso à informação é crucial em democracia, mas a informação só é util se os cidadãos


a relacionarem com um quadro de conhecimentos e a usarem para resolver problemas,
formar opiniões e efectuar escolhas. É por isso que a educação se torna tão necessária. A
educação ambiental pode dar ao cidadão os instrumentos e a experiência que ele necessita
para compreender os processos que envolvem a protecção do ambiente e a sua relação
com o desenvolvimento de uma comunidade sustentável.

Com educação e o acesso a uma informação de qualidade, os cidadãos, a Administração e


o mundo empresarial poderão tomar decisões mais eficientes e mais equitativas no que
respeita ao uso dos recursos naturais e participar mais eficazmente no processo de tomada
de decisão, aos níveis local, nacional e mesmo da União Europeia e dos restantes países
da comunidade internacional.

A educação e a informação ambientais devem envolver todos os cidadãos partindo da


escola para a comunidade, e desta para a escola. Os consumidores e a opinião pública têm
um papel importante na criação de uma procura ambientalmente dirigida, quer na área dos
bens e serviços, quer no suporte a medidas de protecção do ambiente como o clima, os
oceanos e a defesa da biodiversidade em geral.

2 Objectivos Ambientais 2000-2006


Para o período 2000 - 2006, Portugal propõe-se implementar a estratégia, que em linhas
gerais foi exposta , recorrendo a um conjunto de instrumentos que permitam criar as
condições para a sustentabilidade do desenvolvimento do país no próximo século.

De entre os instrumentos de política, destacam-se os financeiros, em particular, os co-


financiados pelo Fundo de Coesão e pelos Fundos Estruturais que exercerão uma
influência decisiva na prossecução dos objectivos que se passam a enunciar.

30
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Com efeito, os investimentos em Ambiente que se realizarão no âmbito do PDR não serão
exclusivamente financiados por este Programa Operacional. Na realidade, para além dos
referidos investimentos no âmbito do Fundo de Coesão, haverá investimentos em
Ambiente a nível dos Programas Regionais, para projectos de interesse municipal que
apresentem complementaridade com os projectos financiados pelo Fundo de Coesão, para
projectos de melhoria do ambiente urbano e para projectos de conservação da natureza e
do litoral, e a nível de outras intervenções sectoriais, nomeadamente no Programa
Operacional da Saúde, numa lógica de aplicação do princípio do “poluidor – pagador”.

Neste contexto, é indispensável para a consecução dos objectivos fixados que sejam
articulados os apoios comunitários:

Para as três vertentes do saneamento básico (abastecimento de água e, drenagem e


tratamento de águas residuais e recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos) a
complementariedade dos investimentos financiados pelo Fundo de Coesão numa lógica de
Sistemas integrados, através dos financiamentos FEDER no âmbito das Intervenções
Operacionais Regionais dos investimentos a montante e a juzante das redes em baixa
necessárias para assegurar a plena eficácia de cada sistema.;

Para os investimentos sectoriais e no âmbito da integração do ambiente nas políticas de


desenvolvimento económico e social, a inclusão nas intervenções sectoriais apropriadas
aos investimentos de cariz ambiental indispensáveis à minimização dos impactes
ambientais resultantes das respectivas actividades

2.1 Recursos Hídricos

2.1.1 Níveis de atendimento

Nas últimas décadas e em particular no período do QCA II, efectuou-se um elevado


investimento para aumentar a cobertura de população com serviços de abastecimento de
água e de drenagem e tratamento de águas residuais.

Apesar de ainda se verificarem lacunas na cobertura da população com aqueles serviços,


sendo por conseguinte necessário colmatá-las, o investimento incidirá fundamentalmente
no reforço do ciclo integrado de água através de uma lógica de sistemas integrados
compatíveis com os planos de bacia, com particular incidência no tratamento das águas
residuais, na melhoria da qualidade da água fornecida e do serviço prestado. No que se
refere ao tratamento das águas residuais, será necessário continuar o esforço de
investimento na construção de infraestruturas, na melhoria do nível de tratamento dos
esgotos e na reutilização da água tratada para determinados usos. Neste sentido, foi
elaborado o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas
Residuais 2000-2006.

Serão objectivos a atingir em 2006, em termos de atendimento das populações, os


seguintes:

31
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Nível de atendimento global no ano 2006


População do Continente
Serviço Percentagem
Abastecimento de água 95
Tratamento de águas residuais 90

Cumulativamente, o nível de atendimento em cada sistema, criado ou a criar, será, no


mínimo, de 90%.

Relativamente à qualidade da água para produção de água para consumo humano e águas
balneares, o objectivo será reduzir em cerca de 80% a carga poluente no meio hídrico, até
2006, através da aplicação de medidas tendentes ao integral cumprimento das diversas
directivas comunitárias. E, ainda, a implementação de medidas previstas nos POOC, bem
como intervenções na rede hidrográfica que permitam uma melhor gestão dos recursos
hídricos.

2.1.2 Programa de Monitorização de Águas Superficiais


O Programa de Monitorização de Águas Superficiais (Climatologia, Hidrometria,
Qualidade da Água e Sedimentologia) teve sempre como objectivo subjacente a
permanente adequação da monitorização às necessidades de informação para a gestão e
planeamento dos recursos hídricos, bem como aquelas decorrentes do cumprimento do
normativo nacional e comunitário.

Neste princípio, a presente etapa de restruturação, que teve início em 1996 com o estudo
de sensores, rotinas de monitorização, frequências de amostragens e soluções de
telecomunicações, encontra-se na fase de optimização do desenho e implementação das
soluções, quer para as redes de referência quer para as redes específicas.

Por motivos de estratégia de investimento o País foi dividido em três regiões, sobre as
quais tem vindo a actuar a restruturação, a saber: Sul do Tejo; Entre Douro e Tejo; a
Norte do Douro.

Para a Região a Sul do Tejo a solução de rede encontra-se já adjudicada estando em fase
de elaboração de contrato.

A proposta para as redes na região Entre Douro eTejo, estão em fase de conclusão do
caderno de encargos, para abertura do concurso público internacional.

Quanto à região a Norte do Douro, os desenhos das redes estão em fase de conclusão,
havendo depois que preparar o caderno de encargos do concurso ainda que as
especificações quanto a sensores, frequências de amostragens e telecomunicações na
região já estejam identificadas.

Espera-se ter a rede nacional em funcionamento pleno em 2001.

32
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.1.3 Programa de Monitorização de Águas Subterrâneas


O Programa Nacional de Monitorização das Águas Subterrâneas (Quantidade e
Qualidade) tem também como objectivo a adequação da monitorização às necessidades de
informação para a gestão e planeamento dos recursos hídricos, bem como aquelas
decorrentes do cumprimento do normativo nacional e comunitário.

Por motivos de estratégia de investimento o País foi dividido em cinco áreas coincidentes
com as de jurisdição das Direcções Regionais de Ambiente, sobre as quais tem vindo a
actuar a restruturação.

Para a Região do Algarve a rede encontra-se já operacional.

A proposta apresentada pelo INAG para a região do Alentejo ainda não foi implementada,
devendo ocorrer, pelo menos numa primeira fase, ainda em 2000.

Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, a rede para o sistema aquífero do Tejo-Sado já se


encontra implementada e operacional, estando presentemente a ser definida a rede no
litoral.

Na Região Centro já se encontra em exploração a rede piezométrica no litoral, havendo


ainda que implementar a rede de qualidade extensível ao interior (Maciço Antigo).

Quanto à região a Norte do Douro, vão iniciar-se os trabalhos de campo com vista à
definição do desenho da rede.

Espera-se ter a rede nacional em funcionamento pleno também em 2001.

2.2 Resíduos

Do ponto de vista dos resíduos sólidos, as acções a desenvolver e os objectivos a atingir


são os que a seguir se explicitam:

2.2.1 Resíduos Sólidos Urbanos


No respeitante à componente de resíduos sólidos urbanos e após a primeira fase de
infraestruturação básica, passar-se-á a uma segunda fase que permitirá atingir as seguintes
taxas de atendimento compatíveis com as directivas comunitárias e consequentemente
com o nível médio da União Europeia:

33
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Nível de atendimento global no ano 2006


População do Continente
Serviço Percentagem
Tratamento e destino final
adequado para os resíduos 98
sólidos urbanos

No quadro da política dos 3Rs são definidos os seguintes objectivos para o ano de 2006
(em percentagem do total de resíduos tratados):

Tipo de valorização Percentagem


Material 17
Energética 20
Orgânica 25

Os principais investimentos a realizar neste domínio referem-se à valorização e serão


apoiados prioritariamente pelo Fundo de Coesão.

2.2.2 Resíduos Industriais


No período do PDR 2000-2006 deverão ser atingidos os seguintes objectivos:

Tipo de resíduos Recolha e destino Valorização


final adequado
(%) (%)
Resíduos industriais perigosos 100 12
Resíduos industriais banais 100 30

2.2.3 Resíduos Hospitalares


De acordo com o Plano Estratégico para os Resíduos Hospitalares estão previstas acções,
tendo em vista a triagem dos resíduos hospitalares perigosos em clínicas, consultórios,
centros de saúde, laboratórios e unidades de prestação de cuidados de saúde a animais.
Para destino final, o Plano propõe unidades de tratamento físico, complementadas por
duas unidades de incineração.

No período do PDR 2000-2006 serão atingidos os seguintes objectivos:

Serviço Percentagem
Recolha, tratamento e destino final
adequado para os resíduos 100
hospitalares

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.3 Ar e Ruído

O diagnóstico sistemático da evolução da qualidade do ar e a avaliação da exposição ao


ruído tem incidido em áreas sob influência marcante das actividades urbanas e industriais.
Considerando o novo quadro legal definido pelo Decreto-Lei nº 276/99 de 23 de Julho,
importa completar o diagnóstico da situação da poluição atmosférica do nosso país,
particularmente nas zonas urbanas e industriais. Para além da actuação nestas áreas, e
porque os compromissos e normativos comunitários vinculam obrigações e acções
técnico-administrativas de natureza local, regional e nacional, impõe-se estender o
conhecimento a todo o território nacional e ajustar a estrutura produtiva e do sector dos
transportes aos novos objectivos ambientais.

A monitorização da qualidade do ar a nível nacional é feita através de estações integradas


em:

• redes de medição, cuja gestão está a cargo das Direcções Regionais do Ambiente (29
estações a funcionar e 8 em fase de instalação);

• redes privadas pertencentes às grandes industrias poluentes (centrais térmicas,


cimenteiras e siderurgia).

As redes actuais, dada a localização das estações, apenas permitem avaliar a qualidade do
ar em certas áreas, o que é manifestamente insuficiente atendendo às novas Directivas
Comunitárias relativas à Qualidade do Ar.

Neste sentido, e para dar cumprimento às exigências comunitárias há que por um lado
reformular e/ou reforçar algumas redes, nomeadamente em termos de localização das
estações e dos poluentes a medir e por outro, instalar estações em áreas que necessitem de
uma avaliação contínua, quer porque estão abrangidas na definição de aglomerações, quer
porque os níveis de concentração assim o obriguem. Por este facto, e no âmbito da
Directiva Quadro da Qualidade do Ar, foram já definidas as zonas consideradas
aglomerações para o continente, de acordo com a nova legislação nacional, e foi definida
a metodologia para uma avaliação preliminar, a nível nacional, que irá ter lugar no
segundo semestre 2000, por forma a verificar as zonas onde obrigatoriamente se devem
instalar estações de medição em contínuo.

Assim pretende-se que sejam apoiados projectos de nível nacional e regional que
permitam a conclusão da rede de qualidade, com a criação de estruturas fixas e a
respectiva estrutura de comunicação, aquisição de unidades móveis para campanha de
medição da qualidade do ar e acções de sensibilização, estudos e acções de informação e
sensibilização nesta matéria.

Nesta perspectiva prevê-se, como objectivo a atingir em 2006, além da aquisição de


unidades móveis de medição da qualidade do ar, a instalação no continente de cerca de 50
estações fixas ( valor aferido quando terminado o estudo atrás referido), distribuídas do
seguinte modo:

35
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2000 2006

Norte 18 28

Centro 3 17

LV Tejo 14 20

Alentejo 5 15

Algarve 1 10

TOTAL 41 90

A monitorização da qualidade do ar será tratada e processada de forma a facilitar a sua


divulgação pública.

No respeitante ao ruído pretende-se para o futuro uma actuação mais preventiva dos
problemas, estabelecendo-se mecanismos que permitem actuar concertadamente com o
planeamento das actividades, nomeadamente, através da elaboração de mapas de ruído, de
planos de monitorização e da implementação de planos de redução, de acordo com o novo
Regulamento Geral do Ruído.

Os objectivos para o período do PDR consubstanciam-se na aplicação das directivas que


se encontram em fase de revisão e sobretudo para alguns dos poluentes, em particular
aqueles que se integram nos compromissos de Quioto e na estratégia da acidificação.

2.4 Conservação da Natureza e do Litoral

Assistiu-se nos últimos dez/doze anos a um esforço assinalável no sentido de consolidar e


reforçar o âmbito, as competências e a capacidade de intervenção das instituições da
Administração Pública com responsabilidades no domínio da Conservação da Natureza,
fruto sobretudo das obrigações decorrentes de directivas europeias e convenções
internacionais.

O volume de meios financeiros postos à disposição destas entidades, sobretudo no


decurso do QCA II, veio permitir o aumento e aprofundamento do conhecimento
científico relativos aos valores do património natural existente em Portugal. Ao mesmo
tempo, o avanço registado na efectiva implementação das Áreas Protegidas, quer ao nível
da sua infraestruturação quer ao nível do significativo reforço da sua actuação no terreno,
veio permitir uma intervenção progressivamente mais credível e eficaz, contribuindo para
que a Conservação da Natureza passasse a ter uma dimensão espacial e política de âmbito
nacional até então nunca verificada.

O alargamento da rede, em anos recentes foi de facto significativo. No entanto, ao reforço


e reclassificação das unidades constituintes da rede nacional de áreas classificadas, deverá
36
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

seguir-se a sua valorização na lógica preconizada de desenvolvimento integrado e


sustentável das actividades socio-económicas aí levadas a cabo. Importa, agora, dotar as
diversas figuras de protecção dos instrumentos e meios adequados à gestão da
conservação da natureza. Este aspecto, porém, não poderá remeter para segundo plano o
objectivo essencial das áreas classificadas que é, por excelência, a conservação e
valorização da natureza. Esta posição é tanto mais justificada quanto a lista nacional de
Sítios a incluir na Rede Natura 2000 se encontra completa.

A Estratégia da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ENCNB) assenta em quatro


conceitos fundamentais:

• A compatibilidade entre Homem e Natureza, rejeitando todas as noções


extremistas segundo as quais a conservação da natureza se faz melhor na ausência do
ser humano, como se este fosse contra-natura;

• a utilização sustentável dos recursos naturais, também como forma de promover a


conservação da natureza e o bem estar das populações;

• a conservação da natureza extensível a todo o território nacional, sustentando-se


um continuum entre regiões ou áreas que, de facto, contribua para a preservação e
identidade nacional do “Ecossistema Portugal”;

• a responsabilidade partilhada, segundo o qual a implementação da ENCNB


resulta da interiorização e integração da ENCNB nas diferentes políticas sectoriais e
sectores de administração, bem como da própria sociedade civil.

A Conservação da Natureza deixou assim, neste quadro, de se assumir como uma questão
sectorial centrada sobre os seus valores intrínsecos, mas passou a ser encarada como uma
política transversal, interactiva com as políticas de utilização dos recursos naturais e de
planeamento do uso do solo e a ser encarada como suporte de um verdadeiro processo de
desenvolvimento sustentável.

Neste contexto, serão objectivos a atingir no período do PDR 2000-2006:

Conservação da Natureza

Objectivos Percentagem
Território continental sob estatuto de protecção para 20
a conservação da natureza
Território sujeito a estatuto de Área Protegida 100
abrangido por Plano de Ordenamento
Território inserido em Áreas Protegidas com 100
estatuto de protecção integral na posse do Estado

A protecção e a valorização das zonas costeiras, bem como a reabilitação da rede


hidrográfica farão parte das prioridades da política de ambiente. A grande diversidade e
37
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

fragilidade do litoral e o facto de os recursos costeiros e hidrográficos serem o suporte de


diversas actividades económicas, justificam o empenhamento de toda a sociedade na sua
defesa e valorização, tendo por base os POOC’s e os instrumentos de gestão territorial,
bem como as estratégias regionais e sectoriais.

São objectivos para o período do PDR 2000-2006 os seguintes:

• Concretizar os estudos, as medidas e acções previstas nos Planos de Ordenamento da


Orla Costeira, incluindo os que se venham a revelar necessários implementar na
sequência do desenvolvimento e aprofundamento dos trabalhos.
• Promover acções de requalificação e defesa da da orla costeira, em especial as de cariz
preventivo e/ou as que constituem soluções alternativas à realização de obras.
• Promover a monitorização da orla costeira nas suas diferentes componentes.
• Promover acções de divulgação e sensibilização.

Conservação do Litoral

Objectivos 2006
Extensão da Costa Intervensionada (km) 200
Planos de Ordenamento de Albufeiras de 50
Águas Públicas elaborados (nº)

2.5 Educação ambiental

No Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, o Instituto de Promoção


Ambiental (IPAMB) desempenha um papel estratégico e de referência no domínio da
Educação para a Sustentabilidade, do acesso do cidadão à informação em matéria de
ambiente e da participação do cidadão e das ONG’s no processo de tomada de decisão.

As responsabilidades de promoção da cidadania exigem ao IPAMB, enquanto interlocutor


privilegiado de escolas, ONG’s (em especial ONGA’s), professores, técnicos e
animadores de Educação Ambiental, um empenhado trabalho de tratamento, actualização
e disponibilização de informação sobre ambiente, bem como na formação contínua.

Por outro lado, o reforço da participação dos cidadãos, ONG’s e da sociedade civil em
geral, no processo de tomada de decisão, tornam necessária a criação de instrumentos que
permitam uma maior eficácia da sua intervenção nesta área.

Neste contexto, constituem objectivos a atingir no período de vigência do PDR 2000-


2006:

Objectivos 2006
Projectos apoiados de Educação Ambiental (EA) em escolas 1 500
Alunos abrangidos por projectos de EA 300 000
Professores abrangidos por projectos de EA 20 000
Projectos de ONGA apoiados 1 000
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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.6 A melhoria do ambiente urbano

A urbanização é uma tendência que se tem vindo a acentuar na organização do território,


caracterizada pela concentração urbana das populações e pela generalização de padrões de
consumo e de estilos de vida urbana. Esta tendência tem provocado a degradação do
ambiente e da qualidade de vida das populações.

A qualidade ambiental será cada vez mais um recurso escasso se não forem adoptados os
princípios de sustentabilidade dos recursos naturais e que estão na base da concepção e do
funcionamento de sistemas de abastecimento de água, de tratamento de águas residuais e
de resíduos sólidos. Torna-se assim necessário inverter estes processos, através da
adopção de modelos de gestão urbana com elevadas taxas de eficiência na utilização dos
recursos ambientais, ar, água, solo, paisagem.

A melhoria do ambiente urbano pressupõe intervenções integradas, pois incide numa


diversidade de sectores e exige participações públicas e privadas. Sem prejuízo da
integração das acções sectoriais (urbanismo, transportes, energia, habitação e acção
social) os objectivos a atingir no domínio da qualidade do ambiente urbano são os
seguintes:

• Promover uma gestão integrada dos diferentes descritores ambientais: água, resíduos,
ar, ruído, espaços verdes, zonas ribeirinhas;
• Fomentar acções de gestão racional dos consumos energéticos, medidas de
racionalização dos transportes urbanos e de melhoria geral da qualidade ambiental das
cidades.
• Qualificar as zonas urbanas através de programas de recuperação de áreas degradadas,
racionalizar a expansão urbana, aumentando a oferta em locais já infraestruturados,
nomeadamente através da qualificação dos centros históricos das localidades;
• Reforçar os meios de informação e fiscalização do MA e a sua coordenação com os
Serviços de Protecção Civil.

Objectivos 2006
População abrangida por intervenções de 3
requalificação urbana (milhões de hab.)

3 Integração do ambiente nas políticas de desenvolvimento


O sucesso de uma estratégia de desenvolvimento sustentável passa pela capacidade de
encontrar formas de cooperação entre as políticas sectoriais e a política de ambiente.
Essas formas de cooperação são importantes a nível do projecto e da empresa onde os
esquemas de integração já existem, mas devem igualmente ser parte da formulação da
própria política sectorial, por forma a balizar formas e processos de actuação, desenvolver
instrumentos e incentivos e, sobretudo, criar novas mentalidades nos decisores, nos
executores e nos agentes económicos do sector.

39
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O esforço de integração do factor ambiente nas políticas sectoriais deve concentrar-se em


cinco aspectos:

• Na concretização da regulamentação existente;


• Na renovação do capital produtivo no sentido de fazer penetrar as tecnologias mais
limpas;
• Na análise e racionalização do ciclo de vida dos produtos;
• Na luta contra os desperdícios através da valorização dos resíduos;
• Na internalizacão dos custos externos.

Os investimentos relevantes para a minimização do impacto ambiental resultante da


actividade dos diferentes sectores deverão ser enquadrados nos instrumentos sectoriais
apropriados, numa lógica de aplicação do princípio do “poluidor-pagador”, reservando-se
o Programa Operacional do Ambiente para o incentivo complementar a soluções que
assegurem ou antecipem a adopção de tecnologias “amigas do ambiente” em detrimento
de soluções correctivas de “fim de linha”. Pretende-se, assim, melhorar o desempenho
ambiental das actividades económicas, incentivando a realização de investimentos de
natureza interna ao processo produtivo (novas tecnologias – BAT) ou de natureza externa,
que garantam uma “performance” ambiental além da legislação em vigor.

Por outro lado, procurar-se-à estimular acções de recuperação do passivo ambiental


acumulado nas situações em que , por não ser possível responsabilizar o agente poluidor,
não se aplica o princípio do “poluidor-pagador”.

3.1 Energia e Ambiente

A integração do ambiente no sistema energético só poderá ser feita num quadro


programado de longo prazo, através da promoção de energias de substituição e de um
esforço tecnológico significativo, tendo em conta as condições de competitividade da
economia. Os compromissos de Quioto vão constituir o enquadramento para este esforço
sendo que a integração do ambiente nas decisões energéticas se tornou agora uma
necessidade, que poderá ter menos custos se devidamente inserida num Plano.

A estratégia para as alterações climáticas, no caso de Portugal, passa pelo aumento


significativo da eficiência energética e pela expansão das energias renováveis.

3.2 Agricultura, Pescas e Ambiente

Uma agricultura sustentável depende das relações que mantém com o meio natural e com
a capacidade de conservar e melhorar a qualidade desse meio. As políticas agrícolas
ambientalmente correctas são um factor decisivo na preservação dos espaços e da
biodiversidade, na luta contra a desertificação e o despovoamento das áreas rurais e na
melhoria da qualidade dos produtos.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O Acordo Pescas/Ambiente tem em vista a articulação sectorial e a promoção de uma


actividade piscatória sustentada, de modo a podermos racionalizar a pesca em zonas
particularmente sensíveis.

O papel dos agricultores e pescadores portugueses deve ser valorizado quando as práticas
agrícolas se situam em zonas com um elevado significado ecológico como sejam as áreas
classificadas (APs, Sítios e ZPEs, por exemplo). Neste sentido serão prosseguidos os
seguintes objectivos:

• Redução e tratamento dos efluentes dos grandes sub-sectores poluidores: suinicultura,


tomate, destilarias e lagares de azeite;
• Estabelecimento de metas para a redução do uso de pesticidas;
• Certificação dos produtos oriundos das áreas classificadas;
• Dar prioridade à aplicação das medidas agro-ambientais nas áreas classificadas;
• Plano específico de ajuda para as zonas agrícolas integradas em Áreas Classificadas;
• Desenvolver um programa de recuperação e apoio aos portos de pesca artesanal
situados em Áreas Classificadas

3.3 Indústria e Ambiente

Os esforços da indústria nacional em cumprir o normativo ambiental da primeira geração


começam a dar os seus efeitos positivos para o ambiente. Porém as tecnologias de fim de
linha constituem ainda para muitos sectores e empresas o objectivo actual.

A primeira década do próximo século vai, contudo ser mais exigente, quer no tocante às
poluições e aos riscos tecnológicos, quer na substituição de técnicas e de produtos
perigosos para o ambiente e para a saúde. Neste contexto, as empresas terão de assumir
verdadeiras estratégias ambientais que passam por dois eixos de actuação: a adaptação às
tecnologias mais limpas e a introdução de sistemas de ecogestão.

De constrangimento externo, o factor ambiental deve desempenhar um papel importante


na renovação do tecido produtivo, no aumento da produtividade dos recursos materiais e
da energia - a ecoeficiência - e na busca de novos modos de produção sustentável.

3.4 Transportes e Ambiente

O impacto dos transportes e do tráfego sobre o ambiente e a saúde humana é considerável.


Conceber um transporte sustentável é uma tarefa que preocupa todos os países e constitui
um dos objectivos do 5º Programa de Acção e de Política em matéria de Ambiente da
União Europeia.

Num país em que se assiste a um desenvolvimento considerável das infraestruturas viárias


e consequente aumento do transporte, em particular do transporte individual, colocam-se
vários problemas: os impactes ambientais das infraestruturas, o aumento significativo e
súbito das emissões, o aumento do ruído e o congestionamento.

41
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Num quadro de crescimento rápido do sector, os danos ambientais podem ser mais graves
pelo que se impõe uma abordagem integrada de vários vectores: o desenvolvimento da
mobilidade, a protecção do ambiente e a consideração das escalas territoriais e temporais
apropriadas.

3.5 Turismo e Ambiente

O ambiente e a qualidade ambiental constituem o capital mais valioso da indústria


turística uma vez que são únicos e não substituíveis. Degradar o património natural
através de políticas de urbanização incontrolada significa inviabilizar a prazo uma
exploração racional e sustentada da actividade turística, para além de gerar custos
económicos sob a forma de infraestruturas sobredimensionadas e custos sociais de
poluição.

O ambiente pode ser uma fonte diversificada de actividade turística se a sua utilização for
feita numa óptica de sustentabilidade, com especial incidência nas áreas mais sensíveis
como a orla costeira, as áreas protegidas e os ecossistemas mais frágeis.

Neste sentido e tendo em conta as novas formas de turismo associadas ao ambiente,


constituirão objectivos para o período do Plano:

• Desenvolvimento do Programa Nacional de Turismo da Natureza (com uma linha


financeira de apoio específica), nas suas vertentes de alojamento e animação
ambiental;
• Incentivos económicos aos projectos e planos de desenvolvimento turístico com mais
valia ambiental;
• Ordenamento turístico das áreas sob jurisdição do Ministério do Ambiente em
particular da orla costeira.

3.6 Ambiente, Formação Profissional e Emprego

A existência de recursos humanos suficientes e qualificados para os constantes desafios


que as actividades ligadas ao ambiente protagonizam, num quadro de crescimento
ocorrido e esperado, exige uma inequívoca, rápida e sistematizada resposta ao nível da
atribuição de competências específicas na área do ambiente, sensibilização dos sujeitos de
actividades com elevado impacte ambiental e da proposta de comportamentos
profissionais alternativos.

Desempenhando o Instituto de Promoção Ambiental o papel de “pivot” na cooperação,


quer com o Ministério do Trabalho e Solidariedade, quer com os outros organismos da
tutela, instituições universitárias, associações de municípios, de sector e profissionais,
ONGA e empresas, para desenvolver estas competências, deverão as mesmas ser
reforçadas na componente estrutural, de ligação às entidades potencialmente utilizadoras
das competências criadas e de aumento das condições de empregabilidade.

42
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

4 Articulação das diferentes fontes de financiamento

4.1 Saneamento básico

Os investimentos a realizar nas três vertentes de saneamento básico (abastecimento de


água, drenagem e tratamento de águas residuais e recolha e tratamento de resíduos sólidos
urbanos) serão financiados prioritariamente pelo Fundo de Coesão no que diz respeito aos
grandes investimentos visando complementar o processo de infraestruturação básica do
território, com especial incidência nos investimentos em alta.

Os investimentos em baixa, complementares dos anteriores, serão financiados pelos


Programas Operacionais Regionais do Continente (Eixo 1 “Apoio a Investimentos de
Interesse Municipal e Intermunicipal”) por forma a assegurar a plena eficácia de cada
sistema, sendo condição de acesso ao Fundo de Coesão.

No entanto, poderão ser apresentados para co-financiamento pelo Fundo de Coesão


candidaturas de sistemas integrados, isto é, projectos com investimentos simultaneamente
em alta e em baixa.

Para a realização destes investimentos, será atribuída prioridade à utilização de modelos


de gestão do tipo empresarial que:

• Ofereçam garantias de funcionamento dos sistemas;

• Assegurem a sua auto-sustentabilidade;

• Apliquem tarifas reais, de modo a garantir a plena aplicação do principio do poluidor-


pagador.

Salienta-se ainda neste contexto a orientação de incentivar o incentivo à associação do


investimento privado, de modo a diminuir as taxas de comparticipação comunitária,
aumentando o efeito indutor dos Fundos Comunitários e complementando as necessidades
de investimento.

4.2 Conservação e Valorização do Património Natural

Os investimentos relativos à Conservação e Valorização do Património Natural são


essencialmente da mesma natureza quer no Programa Operacional do Ambiente quer na
Componente Desconcentrada do Ambiente, enquadrando-se no programa Operacional do
Ambiente os investimentos a realizar em Áreas Protegidas de âmbito nacional e na
componente desconcentrada os investimentos a realizar nas seguintes áreas, desde que não
abrangidas por Áreas Protegidas de âmbito nacional:

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• sítios integrados na Lista Nacional de Sítios proposta para classificação de Zonas


Especiais de Conservação ao abrigo da Directiva 92/43/CEE;
• Zonas de Protecção Especial declaradas ao abrigo da Directiva79/409/CEE;
• áreas com estatuto de protecção consideradas nas Convenções Internacionais
ratificadas ou a ratificar pelo Estado Português;
• áreas com estatuto de Diploma Europeu, Reserva da Biosfera ou Reserva Biogenética;
• áreas integradas na Reserva Ecológica Nacional;
• em outras áreas com relevância para a conservação da natureza, não abrangidas pelas
figuras anteriores.

4.3 Valorização e Protecção dos Recursos Naturais

Caem no âmbito desta medida do PO Ambiente, os investimentos relativos a:

• regularização e reabilitação da rede hidrográfica, excepto as acções de limpeza e


desassoreamento e as infraestruturas de apoio das zonas fluviais e de recuperação do
património cujo investimento seja inferior a 50 mil contos;

• ordenamento, valorização e requalificação das albufeiras, excepto as infraestruturas de


apoio a albufeiras e a requalificação ambiental e reabilitação do património cujo
investimento seja inferior a 50 mil contos;

• ordenamento, valorização e requalificação da orla costeira , excepto a reabilitação de


sistemas dunares e a reabilitação e requalificação de áreas degradadas e frentes
urbanas cujo investimento seja inferior a 50 mil contos;

• segurança de barragens, excepto as acções para a recuperação e melhoria das


condições de segurança inferiores a 50 mil contos.

4.4 Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais

No âmbito desta medida, serão elegíveis na componente do Ambiente regionalmente


desconcentrada as candidaturas relativas a informação e gestão ambientais, abrangendo o
reforço das infraestruturas e instrumentos que permitam a obtenção e o processamento de
dados de natureza ambiental, bem como de estruturas de detecção de tendências de
fenómenos ambientais e naturais, cujo montante de investimento seja inferior a 20 mil
contos.

Os restantes investimentos, integrarão candidaturas a apoiar pelo Programa Operacional


do Ambiente.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

4.5 Ambiente Urbano

A articulação de investimentos relativos ao ambiente urbano será efectuada no quadro do


Programa Polis – Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das
Cidades.

O principal objectivo deste programa consiste em melhorar a qualidade de vida nas


cidades através de intervenções nas vertentes urbanística e ambiental, melhorando a
atractividade e competitividade de pólos urbanos que têm um papel relevante na
estruturação do sistema urbano nacional.

Os promotores apresentarão as sua propostas de investimento ao Gabinete Coordenador


do Programa Polis que, além de verificar a conformidade com os objectivos do programa,
orienta a instrução das candidaturas considerando as fontes de financiamento disponíveis,
a saber:

• Medida 2.1 do Programa Operacional do Ambiente “Melhoria do Ambiente


Urbano”:
Através desta Medida pretende-se apoiar preferencialmente as acções de carácter mais
ambiental, nomeadamente, acções de recuperação e valorização de estruturas
ecológicas inseridas na malha urbana, acções que visem a criação e/ou requalificação
de áreas verdes contemplando o equipamento considerado necessário, acções de
requalificação ambiental e urbana de espaço público para fruição pelos cidadãos,
acções de comunicação e sensibilização de âmbito nacional tendo em vista a melhoria
do ambiente urbano;

• Medidas do Eixo Prioritário 2 dos Programas Operacionais Regionais do


Continente, relativas à Qualificação das Cidades e Requalificação Metropolitana:
Através destas Medidas pretende-se apoiar preferencialmente as acções de carácter
mais infraestrutural e urbanístico, nomeadamente, acções que contribuam para a
restrição à circulação automóvel, em particular dos veículos de utilização individual
através, nomeadamente, da criação de áreas de estacionamento e da reestruturação da
rede viária e pedonal na malha urbana, acções de recuperação/ valorização ou
construção de edifícios com interesse patrimonial ou funcional integrados em
operações de requalificação urbana, acções que promovam a utilização dos modos de
transporte colectivo e/ou promovam modos de transporte urbanos mais favoráveis ao
ambiente, acções de requalificação ambiental e urbana de espaço público
potenciadoras da melhoria do desempenho das actividades económicas locais;

• Medidas do Eixo Prioritário 3 dos Programas Operacionais Regionais do Continente


relativas à Componente do Ambiente desconcentrada regionalmente: Através destas
Medidas pretende-se apoiar preferencialmente as acções de monitorização de
parâmetros ambientais e de informação e sensibilização do público, nomeadamente,
acções relativas à criação ou reforço de sistemas de monitorização, de tratamento e de
processamento de dados ambientais urbanos para apoio à decisão e/ou para divulgação
ao público, acções que contribuam para a caracterização e a gestão do ambiente
urbano, acções de comunicação e sensibilização de âmbito local ou regional tendo em
vista a melhoria do ambiente urbano.
45
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

4.6 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas

Esta Medida do Programa Operacional do Ambiente destina-se a incentivar acções que


proporcionem um desempenho ambiental acrescentado, constituindo portanto um
incentivo complementar a investimentos financiados pelos outros programas sectoriais.
Serão elegíveis na Componente do Ambiente regionalmente desconcentrada estudos e/ou
diagnósticos de fundamentação de projectos referentes à recuperação do passivo
ambiental e/ou requalificação ambiental, que servirão de apoio à decisão.

5 Mecanismos de articulação entre as diferentes intervenções

As Autoridades Públicas Ambientais participam nas Unidades de Gestão dos seguintes


Programas Operacionais: Agricultura, Pesca, Economia, Transportes, Ambiente e
Programas Operacionais Regionais do continente, e nas Comissões de Acompanhamento
dos Programas Operacionais, quando não integrem a Unidade de Gestão.

De acordo com o artigo 31º do decreto-lei 54-A/ 2000:

• “As unidades de gestão dos eixos prioritários relativos às acções integradas de base
territorial e incluídos nas intervenções operacionais regionais do continente são
aindacompostas pelos coordenadores das acções integradas de base territorial.”

• “As unidades de gestão dos eixos prioritários relativos a investimentos e acções de


desenvolvimento desconcentrados incluídos nas intervenções operacionais regionais
do continente são ainda integradas pelos coordenadores das intervenções da
administração central regionalmente desconcentradas dessas intervenções
operacionais.”

Para além das representações já referidas, a articulação entre o Programa Operacional do


Ambiente, os Programas Operacionais Regionais e o Programa Operacional do Ambiente
desconcentrado será feita por uma Comissão de Coordenação, que reunirá
trimestralmente, e que será constituída pelos representantes do MAOT nas unidades de
gestão e de acompanhamento e pelo gestor do Programa Operacional do Ambiente, que
presidirá.

6 Ponto de situação da implementação das Directivas Comunitárias

Relativas aos Recursos Hídricos

46
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

75/440/CEE – Transposta pelo DL-236/98, estão já entregues os relatórios dos


triénios1993/95 e 1996/98. Foram definidos os Planos de Acção para as zonas balneares
não conformes.

79/869/CEE – Transposta pelo DL-236/98, estão já entregues os relatórios dos


triénios1993/95 e 1996/98.

76/160/CEE – Transposta pelo DL-236/98, foram entregues os relatórios anuais. Foram


definidos os Planos de Actividades para preservação e melhoria da qualidade das águas
balneares.

76/464/CEE – Transposta pelos DL-236/98, 506/99, 46/94 e 82/176/CEE, 83/513/CEE,


84/156/CEE, 84/491/CEE, 86/280/CEE, 88/347/CEE – transpostas respectivamente pela
Portaria 1033/93 e pelos DL 53/99, 52/99, 54/99, 56/99. Estão já entregues os relatórios
dos triénios1993/95 e 1996/98. Foi definida a Rede Básica de Monitorização e está-se
presentemente a inventariar as unidades industriais que potencialmente lançam para o
meio aquático substâncias perigosas.

78/659/CEE – Transposta pelo DL-236/98. Estão já designados os troços de águas


salmonídeas e ciprinícolas. Estão já entregues os relatórios dos triénios1993/95 e 1996/98.

80/68/CEE – Transposta pelos DL-236/98 e 46/94, estão já entregues os relatórios dos


triénios1993/95 e 1996/98. Está a ser definida a Rede Básica de Monitorização e está-se
presentemente a inventariar as unidades industriais que potencialmente lançam
indirectamente para as águas subterrâneas, substâncias perigosas.

91/676/CEE – Transposta pelos DL-235/97 e 68/99, está em preparação o relatório para o


quadriénio 1996-1999. Está em curso a revisão das zonas vulneráveis.

91/271/CEE e 98/15/CEE – Transpostas pelos DL 152/97, 348/98 e 261/99, está já


entregue o relatório para o biénio 1996-1998. Foram construídas infraestruturas para
aglomerados com dimensão superior a 10000 e.p. descarregando para bacias sensíveis.

Na generalidade está-se na fase de implementação dos planos de acção sobre os quais


incidirá a verificação da eficiência e introdução de eventuais alterações.

Relativas à gestão dos Resíduos Urbanos, Industriais e Hospitalares

As directivas comunitárias no domínio dos resíduos encontram-se todas transpostas para


Direito Nacional, tendo os respectivos documentos legislativos de transposição sido
notificados oportunamente à Comissão da União Europeia.

De acordo com o que está estipulado no articulado das directivas têm sido enviados à
Comissão os relatórios de transmissão de informação relacionada com o cumprimento das
mesmas em Portugal.

47
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

No que respeita à implementação das directivas resíduos na gestão dos Resíduos


Urbanos, Industriais e Hospitalares, há a referir o seguinte:

Foram elaborados e aprovados Planos Estratégicos Sectoriais para cada um dos citados
fluxos, que na sua concepção e desenvolvimento integram a hierarquia de princípios
aprovada na Estratégia Comunitária de Gestão de Resíduos em vigor.

Estes Planos também foram obviamente notificados à Comissão.

O Plano Estratégico dos Resíduos Urbanos (PERSU), aprovado em 1997 prevê a criação
duma rede adequada de infraestruturas de tratamento para os resíduos urbanos, que inclui
obrigatoriamente a vertente da recolha selectiva de alguns materiais com vista ao
cumprimento dos objectivos de reciclagem constantes da Directiva 94/62/CE (Directiva
Embalagens). O modelo adoptado para assegurar o cumprimento desses objectivos
assenta na criação duma rede de eco-pontos, eco-centros e estações de triagem, que se
encontra em fase avançada de consolidação. Complementarmente a esta rede de
equipamentos foi criada uma sociedade gestora de embalagens e resíduos de embalagem
com a participação dos agentes económicos envolvidos na fabricação e utilização da
embalagem, e, destinada a viabilizar financeiramente a reciclagem dos materiais de
embalagem.

Ainda no âmbito da reciclagem encontra-se em fase avançada de qualificação um


conjunto de unidades de compostagem existentes, bem como a construção de novas
unidades de valorização da componente orgãnica dos resíduos urbanos.

Procurando dar cumprimento à hierarquia de princípios constante da Estratégia


Comunitária atrás referida, também foram construídos no país duas unidades de
valorização energética, encontrando-se ainda em construção uma unidade de digestão
anaeróbica para a componente orgânica dos resíduos urbanos.

A gestão deste fluxo é ainda garantida através duma rede de aterros concebidos,
construídos e explorados de acordo com as directrizes da Directiva 99/31/CE (Directiva
Aterros).

O PERSU previa ainda o encerramento de todas as lixeiras, o que se vem verificando à


medida que entram em funcionamento as novas estruturas de tratamento.

Encontram-se também em definição/implementação alguns sistemas tendentes a permitir


uma melhor gestão do fluxo das pilhas, dos óleos usados, dos resíduos de material
eléctrico e electrónico, dos veículos em fim-de-vida e das lamas das estações de
tratamento de águas residuais urbanas.

No que respeita à gestão dos resíduos hospitalares foi aprovado no ano de 1999 um Plano
Estratégico que, para além do diagnóstico da situação de partida (1997), define uma
estratégia de curto prazo (2000) e de médio prazo (2005).

A concretização dessas estratégias que se encontra em excelente desenvolvimento


permitirá garantir uma adequada gestão deste fluxo.

48
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Na estratégia de curto prazo está previsto o encerramento dos incineradores que não
cumprem o normativo comunitário o que se tem verificado ( já foram encerrados 19), a
construção de, no máximo dois novos incineradores, e a consolidação da actual rede de
tratamentos alternativos de descontaminação.

Para além deste investimento, estão-se a processar acções de formação, de sensibilização


e de fiscalização tendentes a aumentar o inventário da produção deste tipo de resíduos,
nomeadamente por parte dos consultórios médicos, postos de enfermagem e das unidades
de prestação de cuidados de saúde a animais.

Finalmente para a gestão dos resíduos industriais foi aprovado um Plano Estratégico o
PESGRI em 1999 e encontra-se em fase final de elaboração um Plano Nacional de
Prevenção para os Resíduos Industriais (PNAPRI).

No que respeita à prevenção da produção e de acordo com os pressupostos da Estratégia


Comunitária, foi considerado que uma intervenção eficaz neste domínio teria que ser
desenvolvida ao nível da produção de resíduos. Assim o PNAPRI, para além de definir,
estratégias genéricas conducentes à prevenção da produção de resíduos, analisa em
detalhe dez dos sectores industriais mais representativos da produção de resíduos em
Portugal. Para estes sectores são propostos guias específicos a divulgar largamente pelas
associações industriais, incluindo esses guias recomendações quer ao nível dos
procedimentos quer algumas alterações tecnológicas mais ou menos aprofundadas.

A gestão dos resíduos industriais em Portugal tem estratégias definidas que, para além da
prevenção, previligiam a reciclagem e a valorização energética face à deposição em
aterro.

Está em fase de análise de projecto uma rede de aterros para resíduos industriais
banais/não perigosos, que a curto prazo estará construída. Enquanto não estão em
funcionamento estes aterros verifica-se a deposição destes resíduos em aterros para
resíduos urbanos, com tarifas que não reflectem quaisquer financiamentos públicos.

O sub-fluxo dos resíduos perigosos, embora tendo uma estratégia definida, apresenta
alguns constrangimentos em termos de cumprimento das directivas comunitárias, uma vez
que, por dificuldades de aceitação por parte das populações das localizações seleccionadas
para algumas unidades de tratamento, ainda não foi possível a sua construção. Este
problema será ultrapassado a curto prazo. Entretanto, e, conforme já foi notificado à
Comissão, no âmbito do relatório da Directiva 91/689/CEE (Directva Resíduos Perigosos)
existem autorizadas em Portugal unidades para o armazenamento temporário de resíduos
perigosos, para o tratamento de óleos usados e lamas oleosas, de solventes, de
acumuladores de chumbo, de resíduos das unidades de tratamento de superfície, de
unidades da indústria de curtumes e ainda aterros para resíduos perigosos para algumas
unidades industriais especifícas. Têem também sido enviados para tratamento em
unidades autorizadas no estrangeiro, de acordo com o disposto no Regulamento
259/93/CEE, quantidades significativas de resíduos que não é possível tratar
adequadamente em Portugal.

Refere-se ainda que algumas unidades industriais têem sido autorizadas a armazenar os
resíduos que geram nas suas próprias instalações, desde que garantam as devidas
49
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

condições de controle e segurança, nomeadamente o respectivo registo de quantidades e


tipos.

As acções de fiscalização/inspecção desenvolvidas no âmbito da obrigação de os


produtores de resíduos declararem os resíduos que geram, muito têem contribuído para
que a gestão deste fluxo esteja cada vez mais consolidada com o cumprimento do
normativo nacional e comunitário.

CAPÍTULO II :
PROGRAMA OPERACIONAL DO AMBIENTE

 * * 

50
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

INTRODUÇÃO

A protecção do ambiente em Portugal enfrentará no princípio de século XXI dois grandes


desígnios: por um lado, dar continuidade e completar a infra-estruturação básica, fase
correspondente àquela que os nossos parceiros comunitários realizaram há três décadas,
por outro lado, contribuir para criar, no plano ambiental, as condições que permitam à
sociedade portuguesa enveredar, gradualmente, por um desenvolvimento sustentável,
reequilibrando o crescimento económico com um elevado grau de protecção e valorização
dos recursos naturais.

Para enfrentar estes desígnios, a sociedade portuguesa dispõe de condições e


oportunidades que não podem ser menosprezadas. A existência de um Plano Nacional de
Desenvolvimento Económico e Social para o período 2000-2006 ao qual se associa o III
Quadro Comunitário de Apoio constitui um suporte de referência para a definição de
políticas ambientais consistentes e capazes de dotarem o país de níveis de qualidade
ambiental compatíveis com as aspirações dos cidadãos.

O Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social – PNDES - contém uma visão


estratégica para a economia portuguesa para o período 2000-2006 que constitui uma
referência importante para a consideração das incidências ambientais associadas às
políticas de reestruturação da base económica, à reorientação do modelo de crescimento, à
ocupação do espaço e à utilização dos recursos naturais.

Esta abordagem positiva apela para uma atitude pró-activa das políticas ambientais e para
a definição de um conjunto de linhas de actuação estratégica, materializadas neste
Programa Operacional, tendo subjacente um conjunto de objectivos que respondam à
satisfação das necessidades e que devem ser atingidos durante a vigência do III QCA.

Para o período 2000 - 2006, Portugal propõe-se implementar a estratégia , que em linhas
gerais foi exposta no Capítulo I, recorrendo a um conjunto de instrumentos que permitam
criar as condições para o seu desenvolvimento sustentável e consequentemente para a
melhoria da qualidade de vida das populações.

É neste sentido que o Programa Operacional do Ambiente, indispensável à concretização


de objectivos iminentemente ambientais, visa requalificar e valorizar o património natural
e o ambiente urbano, bem como melhorar as infra-estruturas de informação,
sensibilização e gestão ambiental.

Com vista atingir os objectivos que se propõe alcançar, as acções a apoiar através deste
Programa Operacional integram-se fundamentalmente na requalificação, valorização e
promoção dos recursos ambientais do território continental português, na monitorização
do estado do ambiente e no reforço da integração do factor protecção do ambiente nas
actividades económicas e sociais.

51
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO I - ESTRUTURA DO PROGRAMA OPERACIONAL DO AMBIENTE

O Programa Operacional do Ambiente inclui três Eixos prioritários. O Eixo prioritário 1,


relativo à Gestão Sustentável dos Recursos Naturais (cujo objectivo é o apoio a
intervenções de carácter eminentemente ambiental), o Eixo prioritário 2, relativo à
Integração do Ambiente nas Actividades Económicas e Sociais (cujo objectivo se integra
numa lógica de transversalidade do ambiente)e o Eixo prioritário 3, relativo à Assistência
Técnica.

Apresenta-se, em seguida, o quadro resumo dos eixos prioritários do Programa


Operacional do Ambiente, com referência indicativa das medidas incluídas em cada eixo,
bem como, do investimento global e respectivo apoio comunitário a elas associado.

52
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

53
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO II - EIXO PRIORITÁRIO 1: GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS NATURAIS

Nos finais do século XX assistiu-se a um crescente reconhecimento da importância que a


gestão dos recursos naturais assume no contexto de um mundo em mudança.

A riqueza de valores faunísticos e florísticos e a diversidade de habitats, ecossistemas,


valores paisagísticas e culturais que o país encerra justificam que a nível das intervenções
sectoriais previstas para o próximo septénio se continue a dar uma particular atenção às
questões ambientais.

Trata-se, assim de, através de um Eixo próprio, identificar as diferentes Medidas através
das quais se podem consubstanciar as acções que dão corpo a um verdadeiro processo de
desenvolvimento sustentável.

Assim, foram identificadas como fundamentais as seguintes áreas de intervenção:

• conhecimento e gestão do património natural, com particular relevância nas áreas com
especial valor para a Conservação da Natureza, incluídas na Rede Nacional das Áreas
Protegidas;

• pela sua especificidade, as questões do litoral e dos recursos hídricos, enquanto


vectores essenciais de ordenamento do território e de desenvolvimento regional;

• a informação e divulgação, como formas de proporcionar um conhecimento amplo


sobre as questões ambientais, permitindo uma sociedade mais participativa neste
domínio.

Foram, por isso, previstas as seguintes medidas:

• Conservação e valorização do património natural

• Valorização e protecção dos recursos naturais

• Informação, formação e gestão ambientais

A tipologia de intervenção que estas Medidas pressupõem privilegiará, por isso, formas
mais eficazes de gerir os recursos naturais e o património natural, colocando a ênfase no
ordenamento de áreas classificadas e sensíveis, promovendo a interligação estreita com
actividades geradoras de riqueza e bem-estar para as populações, impedindo a delapidação
desses recursos por forma a manter a sua utilização pelas gerações vindouras, e mantendo
um nível de participação e entendimento da política em causa que seja garante da sua
continuidade e aperfeiçoamento sucessivo.

54
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Neste contexto, serão objectivos a atingir pelo Programa Operacional do Ambiente em


2006:

Eixo Prioritário 1 –Gestão sustentável dos recursos naturais


2000 2006

♣ Percentagem do território continental sob estatuto de protecção para a conservação 7,2% 7,5%
da natureza (área protegida de âmbito nacional)

♣ Percentagem do território sujeito a estatuto de Área Protegida abrangido por Plano 48,9% 100%
de Ordenamento

♣ Percentagem do território inserido em Áreas Protegidas com estatuto de protecção 75% 100%
integral na posse do Estado

♣ Percentagem de área classificada intervencionada 15% 50%

♣ Percentagem de ZPE e Sítios com planos de gestão 0 100%

♣ Proporção de espécies de interesse comunitário que ocorrem em Portugal alvo de 20% 100%
acções e medidas de conservação

♣ Extensão de costa a intervencionar (km) ¹ - 160

♣ Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas a elaborar (nº) 16 50

♣ Projectos a apoiar de Educação Ambiental (EA) em escolas - 1 500

♣ Alunos a abranger por projectos de EA - 300 000

♣ Professores abrangidos por projectos de EA - 20 000

♣ Projectos de ONGA a apoiar - 1 000

¹ este indicador será desagregado no Complemento de Programação

Seguidamente, apresenta-se uma descrição das Medidas que compõem este Eixo.

55
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

MEDIDA 1.1

Conservação e Valorização do Património Natural

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

Com esta medida pretende-se completar o trabalho de infraestruturação, desenvolvido no


período de programação anterior, nos domínios da conservação, valorização e promoção
do património natural do território continental português, incluído na Rede Nacional das
Áreas Protegidas. Nas Áreas Protegidas encontra-se um conjunto valioso e diversificado
do património natural português, verificando-se uma tendência crescente no número de
visitantes, atraídos não só pelas potencialidades paisagísticas como ainda pela riqueza do
património histórico e cultural. Este fluxo de visitantes, devidamente enquadrado e
controlado tem contribuído para a melhoria das condições económicas e sociais das
populações residentes, como consequência da dinamização da economia local. A
promoção do recreio e lazer de forma compatível com a preservação do valores naturais e
culturais, constitui um importante factor de demonstração de um modelo de
desenvolvimento sustentável.

Outro objectivo específico desta Medida é a preservação de zonas protegidas através do


apoio a projectos com intervenção nas áreas da Rede Natura 2000, nomeadamente nas
Zonas de Protecção Especial (ZPE) e nas Zonas Especiais de Conservação (ZEC).

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Esta medida tem incidência nas áreas da Rede Fundamental de Conservação da Natureza
e Protecção da Paisagem, a constituir, a qual incluirá a Rede Nacional de Áreas
Protegidas, a Reserva Ecológica Nacional, as áreas integradas na Lista Nacional de Sítios
proposta para classificação das Zonas Especiais de Conservação, as Zonas de Protecção
Especial, as áreas com estatuto de protecção consideradas nas Convenções Internacionais
ratificadas ou a ratificar pelo Estado Português, as áreas com o estatuto de Diploma
Europeu, Reservas da Biosfera ou Reservas Biogenéticas e ainda nas áreas com
relevância para a conservação da natureza, não abrangidas pelas figuras anteriores.

A selecção dos projectos a financiar no âmbito desta Medida terá em conta o seu
contributo para atingir os objectivos do Programa e do presente Eixo Prioritário, a
contribuição para a preservação do património natural, a conformidade com os objectivos
e disposições previstos nos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas e, ainda, a sua
consistência técnica e viabilidade económica.

56
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Tipologia de projectos a apoiar:

Para o Programa Operacional do Ambiente 2000-2006, estabeleceu-se como prioritária,


em termos de conservação e valorização do património natural, a seguinte tipologia de
acções:

• Estudos e acções de gestão para espécies e habitats;

• Criação de infraestruturas de apoio ao turismo de natureza, de interpretação,


informação e apoio a visitantes;

• Acções de apoio ao desenvolvimento local.

A identificação desta tipologia de acções teve por base uma perspectiva de apoio ao
incremento e melhoria das acções de gestão, com vista à manutenção da diversidade
biológica e ao uso sustentável dos recursos naturais. Foram, por isso, utilizados os
seguintes critérios para o estabelecimento das prioridades:

• As lacunas de conhecimento, principalmente com vista à gestão das espécies e


habitats – ou seja, aprofundar o conhecimento científico sobre algumas espécies e
habitats com especial valor para a Conservação da Natureza, mantendo
permanentemente actualizado este conhecimento e colmatando algumas lacunas já
identificadas, mas principalmente visando suportar cientificamente as acções de
gestão necessárias à sua protecção e recuperação e ao uso sustentável dos recursos;

• As necessidades da população residente e a sua interligação com a forma de actuação


nas áreas protegidas – e que está extremamente dependente da qualidade de vida da
população residente, dos benefícios económicos das actividades que promovem;

• As necessidades relacionadas com a visitação às Áreas Protegidas - que não são


referentes à sua promoção, mas sim ao seu ordenamento, perante a crescente procura
que já se verifica, visando um uso sustentável dos recursos, ou seja, menos
degradativa para os valores naturais, mas com benefícios económicos e sociais para a
população residente.

Estudos e acções de gestão para espécies e habitats

 Estudos de caracterização e suporte à elaboração de planos de ordenamento, planos


especiais de ordenamento do território, planos sectoriais e planos de acção bem como
programas de conservação de espécies e habitats.
 Consolidação do Sistema de Informação do Património Natural - SIPNAT - e, bem
assim, implementação de bases de dados (alfa-numéricas e geográficas) de Património
Natural para apoio à gestão e avaliação de áreas classificadas.
 Aquisição de terrenos respeitando as disposições da regra de elegibilidade nº 5, o
princípio da propriedade pública dessas aquisições e o carácter de protecção a tempo
57
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ilimitado, tendo em vista a promoção de uma “bolsa” de terrenos essenciais à política


de Conservação da Natureza.
 Acções de maneio de espécies e habitats (manutenção, recuperação, repovoamentos,
alimentadores, controlo de espécies exóticas, arborizações com espécies autóctones,
etc.)
 Implementação de uma Rede de Centros de recuperação de Fauna.

Criação de infra-estruturas de apoio ao turismo de natureza, de interpretação, informação


e apoio a visitantes

Ao nível da gestão das Áreas Protegidas (AP), torna-se essencial disciplinar e orientar o
crescente fluxo de visitantes, de modo a que as AP possam ser visitadas sem que daí
advenham riscos de degradação física e biológica para as paisagens e para o ambiente.
Nesse sentido e através desta Medida serão co-financiadas estruturas e acções do tipo:

 Centros e Postos de Informação.


 Centros de Interpretação e/ou Centros de Educação Ambiental.
 Ecomuseus e Núcleos Museológicos.
 Centros de Acolhimento, Casas de Abrigo e Casas de Retiro.
 Trilhos e Percursos de Interpretação.
 Sinalização.
 Parques de Campismo, Parques de Merendas.
 Edição de material de divulgação.

Acções de apoio ao desenvolvimento local

Um dos objectivos que a classificação de Áreas Protegidas prossegue é “a promoção do


desenvolvimento sustentado da região, valorizando a interacção entre as componentes
ambientais naturais e humanas e promovendo a qualidade de vida das populações”. A
população residente das Áreas Protegidas caracteriza-se por uma integração “natural” no
meio, que se identifica pelas paisagens por ela moldadas ao longo dos anos, e por
actividades tradicionais e modos de vida adaptados ao espaço onde se inserem.

Estudos demonstraram que a população residente nas Áreas Protegidas tem vindo a
decrescer, como resultado, fundamentalmente, da migração dos jovens para as grandes
zonas urbanas. Este fenómeno coloca em risco a conservação da natureza e em especial a
manutenção da biodiversidade, já que o equilíbrio dos ecossistemas dominantes no
território nacional depende da presença do homem e dos seus processos tradicionais de
gestão da paisagem.

Assim, acções tendo como objectivo a manutenção das actividades tradicionais e a


melhoria das condições de vida da população, serão apoiadas por esta Medida,
nomeadamente:

58
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• acções de certificação e divulgação de produtos regionais;

• infra-estruturas colectivas de suporte às actividades tradicionais;

• reabilitação de património histórico e cultural que potencie o desenvolvimento de


actividades económicas ligadas à visitação;

• requalificação de aglomerados rurais;

• recuperação e melhoria de caminhos e acessos;

• infra-estruturas de saneamento básico;

• acções de requalificação ambiental;

• instalação e apetrechamento de Núcleos de Técnicas Artesanais, entre outras.

O Complemento de Programação, a transmitir à Comissão Europeia no prazo de três


meses após a aprovação do Programa Operacional do Ambiente, incluirá os critérios de
selecção das candidaturas.

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 20% do co-


financiamento do FEDER.

4. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território / Gestor.

5. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

• Serviços do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,


• Municípios e suas Associações,
• Outras entidades, públicas ou privadas, mediante protocolo ou outra forma de
contratualização com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

6. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO
59
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

60
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

MEDIDA 1.2

Valorização e Protecção dos Recursos Naturais

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

Esta Medida tem como objectivos específicos:

• a protecção e requalificação da faixa costeira, de forma compatível com o preconizado


nos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC);

• a reabilitação e a valorização da Rede Hidrográfica Nacional e das Albufeiras, através


de intervenções que permitam uma gestão criteriosa dos recursos hídricos nacionais.

As principais linhas orientadoras que foram considerados na elaboração dos Planos de


Ordenamento da Orla Costeira são as seguintes:

• Definição clara das regras e princípios para as diferentes utilizações;

• Promoção da localização de actividades compatíveis com a utilização sustentável dos


recursos existentes;

• Salvaguarda eficaz de pessoas e bens;

• Gestão integrada e coordenada da orla costeira;

• Protecção dos valores naturais e patrimoniais, através da identificação das zonas


sensíveis e a tipificação de mecanismos de salvaguarda;

• Combate aos valores antrópicos que alteram a configuração da linha de costa, neste
quadro está prevista a requalificação de áreas degradadas resultado de ocupações
abusivas e utilizações desregradas da orla costeira, que compreende entre outros
aspectos a recuperação de sistemas dunares e a relocalização de usos e actividades,
considerados incompatíveis com a sensibilidade ecológica e a fragilidade dos sistemas
costeiros;

• Aprofundamento e divulgação de conhecimento de base técnico científico.

61
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

As principais linhas de orientação no âmbito do Programa de Reabilitação da Rede


Hidrográfica, Prevenção e Controlo de Cheias, são:

• Pelas características hidrológicas e geomorfológicas e ocupação urbana existentes na


Região de Lisboa (Margem Direita do Rio Tejo), poder-se-á considerar esta zona
como a mais vulnerável do país ao efeito das cheias.

• Na generalidade, as principais linhas de água, e em particular os troços finais,


atravessam importantes aglomerados urbanos sendo frequente a ocorrência de cheias,
das quais se destacam as de 1967 e 1983, tendo as primeiras provocado a morte a mais
de 500 pessoas e as segundas avultados prejuízos.

• Das situações de maior risco na Região de Lisboa, elegem-se, Cascais, Algés, Loures,
etc., que estão sujeitas respectivamente à influência das ribeiras das Vinhas, Algés e
rio de Loures.

• Para além dos casos referidos existem outras na Região de Lisboa e também no país,
como seja o caso da cidade de Águeda e de quase todo o Sotavento Algarvio.

• A actuação deverá incidir nas principais linhas de água que provocam problemas
como as que atrás foram referidas, não podendo na maioria dos casos deixar de ser
intervenções estruturantes , mas que complementadas por arranjos paisagísticos
adequados permitem criar espaços que serão usufruídos pelas populações como zonas
de recreio e lazer.

• As intervenções passam pela regularização fluvial, constando do aumento de


capacidade de escoamento das secções, eliminação dos pontos críticos (pontes,
pontões e aquedutos, etc.), criação de bacias de amortecimento dos caudais de ponta
de cheia, etc. Os espaços limitados pelas linhas de regolfo destas bacias podem ser
utilizados para fins lúdicos, bastando para o efeito o seu arranjo paisagístico .

Relativamente aos critérios para a escolha dos Planos de Ordenamento das Albufeiras, a
executar até 2006, poderá dizer-se que as prioridades serão as seguintes:

• albufeiras cujo uso principal da água seja para abastecimento público;

• albufeiras em que haja uma potencial incompatibilidade entre as diferentes utilizações


que possa proporcionar;

• albufeiras de maior dimensão.

62
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Esta Medida incide fundamentalmente nas áreas abrangidas pelos Planos de Ordenamento
da Orla Costeira (POOC), nos leitos das águas fluviais e respectivas margens e nas áreas
envolventes que tenham influência na sua qualidade ambiental.

As intervenções a apoiar na faixa costeira terão de ser compatíveis com os objectivos dos
POOC e abrangerão acções que visem, nomeadamente:

 a protecção física e biológica da costa com minimização dos efeitos erosivos, tais
como, a reabilitação de sistemas dunares e a estabilização de arribas e falésias;
 a requalificação e ordenamento do espaço público e dos respectivos usos, tais como, a
retirada de intrusões visuais e paisagísticas e a construção de infra-estruturas com
repercussões na qualidade da fruição balnear e na segurança de pessoas e bens;

Os recursos hídricos nacionais caracterizam-se pela sua irregular distribuição espacial e


temporal. Por outro lado, a distribuição espacial e sazonal das utilizações não coincide
com o padrão das disponibilidades naturais de água. A alteração deste desfasamento está
dependente da construção de infra-estruturas de regularização, bem como da assunção de
métodos de gestão criteriosos essenciais ao desenvolvimento sustentável e ao equilíbrio
dos ecossistemas. As principais acções a executar e as medidas a adoptar enquadram-se
nos objectivos dos planos específicos de uso do solo ( POOC’s e Planos de Ordenamento
de Albufeiras) e serão compatíveis com os Planos de Recursos Hídricos ( PBH’s e PNA).

Entre as acções a apoiar no âmbito desta Medida, destacam-se:

• regularização e renaturalização de linhas de água e o controlo de cheias;


• limpeza e desassoreamento de linhas de água e de sistemas lagunares;
• valorização das zonas fluviais e recuperação do património;
• elaboração dos POAL’s;
• defesa e reabilitação dos sistemas dunares;
• recarga de praias;
• reabilitação e requalificação de áreas degradadas e frentes urbanas;
• requalificação ambiental;
• obras de defesa em zonas de risco;
• valorização de praias;
• infraestruturas de apoio às actividades produtivas;
• estudos de base técnico-científicos e planos de pormenor;
• verificação das condições de segurança em barragens;
• acções de recuperação e melhoria das condições de segurança das barragens.

A selecção dos projectos a financiar no âmbito desta Medida terá em conta o seu
contributo para atingir os objectivos do Programa e do presente Eixo Prioritário, a
contribuição para a preservação dos recursos naturais, a conformidade com os objectivos
e disposições previstos nos Planos de Ordenamento da Orla Costeira, nos Planos de Bacia
Hidrográfica ou no Plano Nacional da Água e, ainda, a sua consistência técnica e
viabilidade económica.
63
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O Complemento de Programação, a transmitir à Comissão Europeia no prazo de três


meses após a aprovação do Programa Operacional do Ambiente, incluirá os critérios de
selecção das candidaturas.

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 27 % do co-


financiamento do FEDER.

4. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território / Gestor.

5. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

• Serviços do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,


• Municípios e suas Associações,
• Outras entidades, públicas ou privadas, mediante protocolo ou outra forma de
contratualização com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

6. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

64
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

MEDIDA 1.3

Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

O desígnio do desenvolvimento sustentável necessita de uma sociedade ambientalmente


sensibilizada e informada. Os actuais modos de produção e de consumo nem sempre são
compatíveis com a realização da sustentabilidade ambiental, pelo que, a produção de
informação ambiental rigorosa e actual, acompanhando a evolução dos conhecimentos
técnico-científicos, é essencial à tomada de decisão, quer por parte dos decisores
institucionais, quer por parte dos cidadãos individuais. Porém, o processamento da
informação tendo em conta os diversos destinatários, exige cuidados especiais para que o
resultado final seja o mais eficaz possível, quer se trate da minimização de impactes
ambientais e a detecção de tendências, quer da adopção de comportamentos
ambientalmente correctos e ainda a promoção de mercados de produtos e serviços
“amigos” do ambiente.

Outro objectivo específico desta Medida consiste na criação de infra-estruturas que


contribuam para a obtenção e processamento de dados e para a divulgação da informação
ambiental aos diferentes destinatários, incluindo-se neste contexto a sensibilização dos
cidadãos para o desenvolvimento sustentável e a promoção do emprego ”verde”.

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Através desta Medida pretende-se dotar Portugal de infra-estruturas e instrumentos que


permitam a obtenção e processamento de dados de natureza ambiental, designadamente,
nos domínios da qualidade do ar, do ambiente acústico, do clima, dos recursos hídricos,
bem como, de estruturas de detecção de tendências de fenómenos ambientais, naturais e
comportamentais, para apoio à decisão. Enquadram-se nesta tipologia de projectos:

• a criação e o reforço das redes de monitorização de parâmetros ambientais e


respectivos sistemas de informação;
• a remodelação e o reapetrechamento de laboratórios de qualidade do ambiente.

Não pretendendo financiar a construção de mais laboratórios (actualmente existe um de


nível nacional - Laboratório de Referência do Ambiente- e cinco de nível regional – um
por cada DRAOT), esta Medida visa aumentar as valências dos seis laboratórios, em
termos de parâmetros analíticos, em todas as vertentes ambientais. Acresce, ainda, a meta
de o Laboratório de Referência do Ambiente em estrita colaboração com as DRAOT’S
contribuir para a acreditação dos laboratórios regionais.

65
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Pretende-se ainda no que se refere ao ruído, financiar além da aquisição de equipamento


adequado, os estudos referentes aos modelos matemáticos, bem como a elaboração de
mapas de ruído (cartografia).

Outra componente a apoiar através desta Medida diz respeito à informação e


sensibilização ambiental dos diferentes grupos da sociedade, à promoção da participação
dos cidadãos e das suas organizações nos processos de decisão no domínio do ambiente e
do ordenamento do território e ainda, o fomento do emprego “verde. Enquadram-se nesta
tipologia de projectos:

• criação ou melhoria das estruturas de informação e sensibilização para o ambiente


e ordenamento do território;

• projectos de sensibilização ambiental, estudos comportamentais e produção de meios


de informação e de sensibilização ambiental.

A selecção dos projectos a financiar no âmbito desta Medida terá em conta o seu
contributo para atingir os objectivos do Programa e do presente Eixo Prioritário, a
contribuição para a informação e sensibilização ambiental dos cidadãos, para a obtenção e
processamento de dados ambientais e, ainda, a sua consistência técnica e viabilidade
económica.

O Complemento de Programação, a transmitir à Comissão Europeia no prazo de três


meses após a aprovação do Programa Operacional do Ambiente, incluirá os critérios de
selecção das candidaturas.

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 6 % do co-


financiamento do FEDER.

4. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território / Gestor.

5. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

66
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• Serviços do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,


• Municípios e suas Associações,
• Outras entidades, públicas ou privadas, mediante protocolo ou outra forma de
contratualização com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

6. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

67
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO III - EIXO PRIORITÁRIO 2: INTEGRAÇÃO DO AMBIENTE NAS

ACTIVIDADES ECONÓMICAS E SOCIAIS

A inclusão deste Eixo no Programa Operacional do Ambiente corresponde à preocupação


de garantir a consideração dos aspectos ambientais na política de desenvolvimento do
território e nas políticas sectoriais, por forma a criar as condições para um
desenvolvimento económico sustentável.

Numa sociedade crescentemente globalizada, e em que o sector terciário está ainda em


franca expansão, as cidades devem ser pólos essenciais do processo de desenvolvimento
económico e social. Essa função de alavanca do desenvolvimento não pode ser
desempenhada pelas cidades que não tenham um ambiente de qualidade e que não tenham
níveis elevados de atractividade.

A importância de concretizar uma política ambiciosa e promover uma concertação de


esforços para requalificar as cidades, melhorar a sua competitividade, reforçar o seu papel
na organização do território e melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes está assim
plenamente reconhecida e assumida.

É neste sentido que é criado o Programa Polis – Programa de Requalificação Urbana e


Valorização Ambiental de Cidades, cujo objectivo consiste em melhorar a qualidade de
vida nas cidades, através de intervenções nas vertentes urbanística e ambiental,
melhorando a atractividade e competitividade de pólos urbanos que têm um papel
relevante na estruturação do sistema urbano nacional.

O Programa Polis pretende desenvolver um conjunto de intervenções consideradas


exemplares com base em parcerias, especialmente entre Governo e Câmaras Municipais,
que possam servir de referência para outras acções a desenvolver pelas autarquias locais.

As questões urbanísticas e ambientais entrecruzam-se de uma forma quase indissociável.


Muitos dos problemas das nossas cidades estão ligados ao que pode ser caracterizado
como um “urbanismo expansivo” que tem prevalecido no País.

Julga-se que o Programa Polis poderá dar um contributo para a solução de alguns desses
problemas, quer pelas acções que se propõe desenvolver, quer pela importância
demonstrativa e paradigmática de muitas dessas acções.

Neste quadro de referência, formulam-se a seguir alguns princípios orientadores para a


estruturação e desenvolvimento do Programa:

68
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• O Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades deve


começar por fazer um esforço de afirmação em torno de um número limitado de
intervenções exemplares que tenham uma escala significativa e possam ter um efeito
demostrativo no País;

• Nas intervenções a realizar deve estar presente a preocupação de “ancorar” os


projectos de requalificação urbana em torno de um elemento ambiental marcante e
específico de cada cidade, que possa ser valorizado e reapropriado por essa cidade. As
linhas de água ou as frentes de mar constituem exemplos desse tipo de elemento;

• A preocupação de “re-centrar” as cidades, promovendo a revitalização dos centros


históricos e das suas múltiplas valências, de forma a evitar a desertificação e declínio
desses centros, deve estar sempre presente nas intervenções a realizar;

• Para além das preocupações estritamente urbanísticas e ambientais, deve-se promover


uma dinâmica de conhecimento, de cultura e de lazer, fazendo com que essas
componentes se integrem na exemplaridade das acções a desenvolver;

• Em alguns casos será útil apostar em intervenções que estão já em condições de serem
concretizadas, tirando partido de agentes locais motivados e de projectos já
elaborados. Noutros casos deverá o próprio programa suscitar iniciativas e
desencadear projectos, pondo em evidência a sua importância e oportunidade;

• Para além destas intervenções exemplares, com efeito de demonstração, poderão ser
apoiadas outras candidaturas que se revistam de interesse e contribuam para o
objectivo geral do programa.

• As cidades que têm o estatuto de Património Mundial, concedido pela UNESCO, são
cidades com um especial valor emblemático que não devem ser esquecidas por este
Programa. Essas cidades constituem em si mesmas paradigmas de requalificação
urbana baseada em “âncoras” patrimoniais de grande importância e defrontam-se com
desafios e exigências que o Programa Polis deve ajudar a enfrentar;

• O Estado tem apoiado a realização de numerosas acções de realojamento e a


construção de bairros sociais em que, frequentemente, os espaços públicos são
descurados. O Programa Polis não pode deixar de incluir também esta componente de
grande alcance social, contribuir assim para cidades mais equitativas e interclassistas;

• Deverão ser consideradas também algumas acções de menor dimensão destinadas a


complementar ou valorizar projectos já realizados ou a melhorar projectos muito
específicos da qualidade do ambiente urbano, tais como, a título de exemplo, medidas
para desviar o trânsito do centro das cidades, instalação de redes de monitorização
ambiental, intervenções de valorização urbanística ou ambiental junto de
estabelecimentos de ensino.

Ao atribuir 33% do apoio FEDER do Programa Operacional do Ambiente à Melhoria do


Ambiente Urbano, pretende-se contribuir de uma forma decisiva para a concretização do

69
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Programa Polis, prevendo-se que sejam beneficiados com estes investimentos 2,1 milhões
de habitantes.

Pretende-se também com este eixo incentivar acções que demonstrem representar uma
mais-valia ambiental, isto é, cujo desempenho ambiental dos sectores económicos
contribua, de uma forma voluntária, para um nível de protecção mais elevado do que o
exigido pela legislação em vigor. Assim, de constrangimento externo, a protecção do
ambiente deve desempenhar cada vez mais um factor de progresso técnico e
competitividade da economia portuguesa. A estratégia a seguir passa, nomeadamente,
pela internalização dos custos ambientais de modo a estimular investimentos que
minimizem a utilização de recursos naturais e as emissões poluentes, tendo presentes os
princípios da prevenção e correcção na fonte e do poluidor–pagador.

Para o efeito, atribui-se 13% da contribuição do FEDER do Programa Operacional do


Ambiente para apoiar a sustentabilidade das actividades económicas.

Nexte contexto, serão objectivos a atingir pelo programa Operacional do Ambiente em


2006:

Eixo Prioritário 2 – Integração do Ambiente nas Actividades Económicas


2000 2006
e Sociais
♣ Área verde a requalificar/ construir (m²) 2 000 000
♣ Extensão de linha de água urbana a requalificar (m) 10 000
♣ Extensão de linha de costa urbana a requalificar (m) 3 000
♣ População a abranger por intervenções de requalificação urbana (milhões de 2,1
habitantes)

♣ Número de empresas com registo no EMAS ou rótulo ecológico 3 150


Nota: estes indicadores serão desagregados no Complemento de Programação

Seguidamente, apresentam-se as Medidas que compõem este Eixo.

70
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

MEDIDA 2.1

Melhoria do Ambiente Urbano

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

O objectivo específico desta Medida consiste na valorização da qualidade ambiental das


áreas urbanas, na revitalização sustentada do espaço público urbano e na requalificação de
áreas urbanas degradadas ou em declínio, através da melhoria de indicadores ambientais e
apoiando, nomeadamente, acções que contribuam para a multifuncionalidade de espaços
urbanos e para a valorização de estruturas ecológicas inseridas na malha urbana.

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Enquadram-se nesta medida os projectos que visem a melhoria da qualidade ambiental e a


requalificação urbana, nomeadamente, através de acções de:

• reordenamento do espaço público urbano, com incremento da área pedonal em


condições de segurança e conforto;
• criação e ampliação de áreas destinadas à utilização multifuncional do espaço urbano,
valorizando as potencialidades ambientais existentes; nomeadamente através do
incremento da área verde urbana e da valorização de estruturas ecológicas;
• requalificação de zonas industriais, frentes ribeirinhas e costeiras urbanas;
• contribuição para uma gestão urbana sustentável, através da minimização do consumo
de recursos naturais, nomeadamente da água, das fontes de energia não renováveis e
do solo;
• redução e controlo das diversas fontes de poluição e monitorização de variáveis
ambientais;
• recuperação e revitalização de zonas históricas e outros espaços públicos urbanos em
declínio;
• informação e sensibilização dos cidadãos;
• contribuição para a melhoria do serviço e eficácia dos transportes públicos.

A selecção dos projectos a financiar no âmbito desta Medida terá em conta o seu
contributo para atingir os objectivos do Programa e do presente Eixo Prioritário, a
conformidade com os objectivos e disposições previstos no Programa Polis, a
contribuição para a implementação da legislação ambiental e urbanística, e, ainda, a sua
consistência técnica e viabilidade económica.

71
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O Complemento de Programação, a transmitir à Comissão Europeia no prazo de três


meses após a aprovação do Programa Operacional do Ambiente, incluirá os critérios de
selecção das candidaturas.

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 32 % do co-


financiamento do FEDER.

4. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território / Gestor.

5. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

• Serviços do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,


• Municípios e suas Associações,
• Outras entidades, públicas ou privadas, mediante protocolo ou outra forma de
contratualização com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

6. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

72
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

MEDIDA 2.2

Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

Pretende-se com esta Medida incentivar acções de carácter voluntário que proporcionem
um desempenho ambiental acrescentado nos cinco sectores da actividade económica,
estabelecidos como prioritários no 5º Programa de Acção Comunitária para o Ambiente.

O 5º Programa de política e de Acção para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


estabelece como sectores prioritários para integração das preocupações ambientais, a
Agricultura, a Energia, a Indústria, os Transportes e o Turismo. Por outro lado, a
legislação comunitária exige a integração do ambiente nas políticas sectoriais,
nomeadamente, as Directivas que estabelecem a Rede Natura 2000, a Directiva relativa à
Prevenção e Controlo Integrado da Poluição (IPPC), para além dos compromissos
internacionais como o Protocolo de Quioto. Assim, para além do esforço de investimento
sob a responsabilidade de cada sector, esta Medida tem um carácter suplementar no
sentido da melhoria do desempenho ambiental das actividades económicas, privilegiando
a abordagem do ciclo do produto ou do serviço.

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

Enquadram-se nesta Medida acções ou majoração de acções, nomeadamente nos sectores


da actividade económica, tais como:

• promoção da ecogestão e da certificação ambiental;


• acções de requalificação ambiental;
• acções inovadoras e de demonstração que proporcionem melhorias no desempenho
ambiental;
• acções que proporcionem mais-valia ambiental, relativamente à regulamentação em
vigor.

Esta Medida financiará, designadamente, majorações de incentivos a empresas a conceder


no âmbito do Programa Operacional da Economia.

A selecção dos projectos a financiar a majoração em mais-valia ambiental, no âmbito


desta Medida, terá em conta o seu contributo para atingir os objectivos do Programa e do
presente Eixo Prioritário, a capacidade de exceder as normas ambientais em vigor, desde
que obedeçam aos objectivos e disposições previstos no respectivo Programa Operacional
Sectorial e, ainda, a sua consistência técnica e viabilidade económica.

73
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O Complemento de Programação, a transmitir à Comissão Europeia no prazo de três


meses após a aprovação do Programa Operacional do Ambiente, incluirá os critérios de
selecção das candidaturas.

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 13 % do co-


financiamento do FEDER.

3. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território / Gestor.

4. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

• Empresas privadas elegíveis a sistemas de incentivos apoiados pelo presente


Programa;
• Entidades, públicas ou privadas, mediante protocolo ou outra forma de
contratualização com o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,
• Serviços do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território,
• Municípios e suas Associações.

5. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

74
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO IV – EIXO 3: ASSISTÊNCIA TÉCNICA

1. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

Pretende-se com este Eixo dotar a estrutura de gestão do Programa Operacional do


Ambiente com os meios necessários à sua promoção, funcionamento, avaliação e
controlo.

2. DESCRIÇÃO E CAMPO DE APLICAÇÃO

O montante máximo previsto respeitante às despesas de Assistência Técnica sujeitas a


plafond, de acordo com o previsto na regra de elegibilidade nº 11, é de 4 987 978 Euros.

No Complemento de Programação as medidas de Assistência Técnica serão repartidas nas


despesas previstas, respectivamente, no ponto 2 e no ponto 3 da Regra nº 11. Este
documento especificará, para as acções sujeitas a plafond, os montantes afectos a cada
categoria de acções, nomeadamente os custos relativos às acções previstas no ponto 2.2 da
mesma regra.

No âmbito deste Eixo destacam-se as seguintes acções:

• Sensibilização dos potenciais beneficiários;


• Edição de documentos diversos relacionados com o Programa Operacional do
Ambiente (POA), designadamente de divulgação, de orientação sobre procedimentos
ou de natureza técnica no âmbito dos objectivos do POA;
• Estudos de indicadores de realização e de impacto;
• Estudos necessários à implementação das Medidas, nomeadamente, auditorias e
avaliação de tendências;
• Aquisição de equipamento e aplicações informáticas para desenvolvimento do sistema
de gestão e de monitorização do Programa Operacional do Ambiente e de interligação
com o sistema de informação do QCA;;
• Contratação de pessoal afecto à gestão do Programa Operacional do Ambiente ;
• Criação de um sistema informático de acompanhamento e gestão do Programa
Operacional do Ambiente ;
• Aquisições de serviços necessárias à implementação do Programa Operacional do
Ambiental;
• Despesas relativas à avaliação técnica dos projectos.

75
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3 . PESO FINANCEIRO

Esta Medida é co-financiada pelo FEDER e representa aproximadamente 1 % do co-


financiamento do FEDER.

3. ENTIDADE RESPONSÁVEL

Gabinete do Gestor do Programa Operacional do Ambiente.

4. CATEGORIA DE BENEFICIÁRIOS

Gabinete do Gestor do Programa Operacional do Ambiente.

5. CALENDÁRIO DE REALIZAÇÃO

Janeiro de 2000 a Dezembro de 2006.

76
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO V – DISPOSIÇÕES DE EXECUÇÃO

O Programa Operacional do Ambiente será implementado através de um conjunto


coerente e integrado de acções plurianuais envolvendo diferentes actores, que garantirá a
contribuição e o envolvimento das entidades representativas dos diferentes pontos de
vista, designadamente as perspectivas que se coadunem com as políticas europeia e
nacional.

1 Autoridade de Gestão
A gestão técnica, administrativa e financeira do Programa Operacional do Ambiente é
exercida por um Gestor, nomeado pelo Conselho de Ministros sob proposta do Ministro
do Ambiente e do Ordenamento do Território, sendo o seu estatuto definido no
correspondente acto de nomeação.

O gestor do Programa Operacional do Ambiente constitui a autoridade de gestão prevista


no ponto i) da alínea d) do artigo 18º do Regulamento (CE) n.º 1260/1999 do Conselho,
de 21 de Junho, (Programa Operacional do Ambiente – Ministério do Ambiente e do
Ordenamento do Território, Rua de “O Século”, 51 – 2º, 1200-433 Lisboa) sendo que,
nomeadamente, lhe compete:

• Adoptar o Complemento de Programação definido na alínea m) do artigo 9º do


Regulamento (CE) nº 1260/99, após acordo da Comissão de Acompanhamento;
• Transmitir à Comissão, num documento único para informação, o Complemento de
Programação no prazo máximo de três meses a contar da Decisão da Comissão que
aprova o Programa Operacional;
• Adaptar, por sua própria iniciativa ou sob proposta da Comissão de
Acompanhamento, o Complemento de Programação, sem alterar o montante total da
participação dos Fundos Estruturais concedidos ao Eixo Prioritário em causa, nem os
objectivos do mesmo;
• Informar a Comissão Europeia da adaptação do Complemento de Programação, no
prazo de um mês após a aprovação pela Comissão de Acompanhamento;
• Garantir a regularidade das operações financiadas pelo Programa Operacional,
designadamente pela aplicação de medidas de controlo interno compatíveis com os
princípios da boa gestão financeira, bem como pela resposta às observações, pedidos
de medidas correctivas e recomendações de adaptação apresentados pela Comissão
Europeia nos termos dos n.º 2 do artigo 34º e n.º 4 do artigo 38º do Regulamento (CE)
n.º 1260/1999 do Conselho, de 21 de Junho de 1999;
• Propor a regulamentação e assegurar a organização dos processos de candidaturas de
projectos ao financiamento pelo Programa Operacional;

77
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• Aprovar ou propor a aprovação das candidaturas de projectos ao financiamento pelo


Programa Operacional, uma vez obtido o parecer da Unidade de Gestão;
• Assegurar o cumprimento por cada projecto ou acção das normas nacionais e
comunitárias aplicáveis, nomeadamente a sua compatibilidade com as políticas
comunitárias no que se refere ao respeito das regras de concorrência, à adjudicação de
contratos públicos, à protecção e melhoria do ambiente e à promoção da igualdade de
oportunidade entre homens e mulheres;
• Assegurar que são cumpridas as condições necessárias de cobertura orçamental dos
projectos;
• Apreciar da conformidade dos pedidos de pagamentos que sejam apresentados pelos
beneficiários finais e efectuar, ou assegurar que sejam efectuados, os referidos
pagamentos;
• Elaborar e submeter à Comissão de Acompanhamento os relatórios anuais e final de
execução do Programa Operacional;
• Assegurar a conformidade dos contratos com a decisão de concessão do
financiamento, e o respeito pelos normativos aplicáveis;
• Assegurar que seja instituído um sistema de controlo interno adequado à verificação
dos processos de candidaturas e dos pagamentos conforme aos normativos aplicáveis;
• Assegurar a recolha e o tratamento de dados físicos, financeiros e estatísticos fiáveis
sobre a execução para a elaboração dos indicadores de acompanhamento e para a
avaliação intercalar e ex-post e para as eventuais avaliações temáticas ou transversais;
• Utilizar e assegurar a utilização pelos organismos que participam na gestão e na
execução, de um sistema de contabilidade separada ou de uma codificação
contabilística adequada para as transacções abrangidas pelo Programa Operacional;
• Assegurar o cumprimento das obrigações nacionais e comunitárias em matéria de
informação e de publicidade;
• Organizar a avaliação intercalar e a respectiva actualização, em colaboração com a
Comissão, e colaborar na avaliação ex-post do Programa Operacional;
• Apresentar o relatório anual de execução e o relatório final de execução do Programa
Operacional à Comissão Europeia, depois de aprovado pela Comissão de
Acompanhamento;
• Praticar os demais actos necessários à regular e plena execução do Programa
Operacional.

2 Unidade de Gestão
O Gestor do Programa Operacional do Ambiente é assistido, no exercício das suas
funções, por uma Unidade de Gestão, à qual compete, sem prejuízo dos poderes que lhe
sejam conferidos no despacho da sua constituição, o seguinte:

• Elaborar e aprovar o respectivo regulamento interno;


• Dar parecer sobre as propostas de decisão do gestor relativas a candidaturas de
projectos ao financiamento pelo Programa Operacional;
• Dar parecer sobre os projectos de relatório de execução do Programa Operacional
elaborado pelo gestor.

78
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

A Unidade de Gestão é presidida pelo Gestor do Programa Operacional do Ambiente,


sendo a sua composição determinada por despacho do Ministro do Ambiente e do
Ordenamento do Território, compreendendo representantes deste Ministério.

O Gestor e a Unidade de Gestão são assistidos por uma Estrutura de Apoio Técnico.

3 Acompanhamento
O acompanhamento do Programa Operacional do Ambiente é assegurado por uma
Comissão de Acompanhamento, constituída no prazo máximo de três meses após a
decisão da Comissão Europeia relativa à participação dos Fundos, presidida pelo Gestor
do Programa Operacional do Ambiente e composta por:

• Membros da Unidade de Gestão do Programa Operacional;


• Um representante de cada entidade responsável pela gestão nacional dos fundos
comunitários envolvidos, quando este não integre a composição da unidade de gestão;
• Um representante do Ministro para a Igualdade;
• Os coordenadores das respectivas componentes sectoriais regionalmente
desconcentradas;
• Representantes dos ministérios, oriundos das instituições vocacionadas para apoiarem
tecnicamente a formulação e o acompanhamento das políticas públicas relevantes,
quando a natureza das matérias o justifique;
• Representantes dos parceiros económicos e sociais, incluindo organizações
representadas no CES, os quais serão nomeados na sequência das orientações
definidas por despacho do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território.
• Uma representação da Comissão Europeia e outra do Banco Europeu de
Investimentos, nos termos do Regulamento (CE) n.º 1260/1999, de 21 de Junho;
• Um representante da Inspecção Geral de Finanças, na qualidade de observador.

Compete especialmente à Comissão de Acompanhamento do Programa Operacional do


Ambiente:

• Confirmar ou adaptar o complemento de programação, incluindo os indicadores


físicos e financeiros a utilizar no acompanhamento do Programa Operacional;
• Analisar e aprovar, nos seis meses subsequentes à aprovação do Programa
Operacional, os critérios de selecção das operações financiadas ao abrigo de cada
medida;
• Avaliar periodicamente os progressos realizados na prossecução dos objectivos
específicos do Programa Operacional;
• Analisar os resultados da execução, nomeadamente a realização dos objectivos
definidos para as diferentes medidas, bem como a avaliação intercalar prevista no
artigo 42º do Regulamento (CE) nº 1260/1999 de 21 de Junho de 1999;
• Analisar e aprovar o relatório anual de execução e o relatório final de execução antes
do seu envio à Comissão Europeia;

79
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• Analisar e aprovar todas as propostas de alteração do conteúdo da decisão da


Comissão Europeia que aprova o Programa Operacional;
• Propor ao gestor adaptações ou revisões do Programa Operacional que permitam
alcançar os objectivos definidos ou aperfeiçoar a gestão do Programa, inclusivamente
a sua gestão financeira.
• Analisar os critérios de repartição entre projectos nacionais sectoriais e regionais
sectoriais.

A Comissão de Acompanhamento constituirá Grupos Técnicos de Avaliação, com o


objectivo de acompanhar o processo de avaliação.

Com o objectivo de assegurar o acompanhamento dos diversos Programas Operacionais,


funcionará, no âmbito e sob orientação da Comissão de Acompanhamento do QCA, o
Grupo de Trabalho temático no domínio do Ambiente.
A Comissão de Acompanhamento definirá, no regulamento interno, as modalidades de
cooperação e articulação com o Grupo Temático, nomeadamente concretizadas através :

• da disponibilização da acta da Comissão de Acompanhamento do Programa


Operacional do Ambiente, para informação do Grupo de Trabalho Temático;

• do sistema de informação do Programa Operacional do Ambiente, que deverá


disponibilizar informação actualizada ao Grupo de Trabalho Temático.

4 Avaliação
O Programa Operacional do Ambiente será objecto de uma avaliação intercalar que
analisará, tendo em conta a avaliação ex-ante, os resultados do Programa Operacional, a
sua pertinência e a realização dos objectivos e apreciará igualmente a utilização das
dotações, bem como o funcionamento do acompanhamento e da execução.

A avaliação intercalar analisará, tendo em conta a avaliação ex-ante, os primeiros


resultados dos Programas Operacionais, a sua pertinência e a realização dos objectivos,
apreciando igualmente a utilização das dotações e o funcionamento da execução e do
acompanhamento.

A avaliação intercalar será efectuada por avaliadores independentes sob a


responsabilidade do Gestor do Programa Operacional do Ambiente, em colaboração com
a Comissão Europeia, devendo a Autoridade de Gestão do QCA assegurar a coordenação
do calendário de lançamento das diferentes avaliações.

O Grupo Técnico para a Avaliação terá representantes da Autoridade de Gestão do


Programa Operacional do Ambiente, da Comissão Europeia e da Autoridade de Gestão do
QCA. O Grupo Técnico de Avaliação deve, nomeadamente, propor a metodologia dos
estudos de avaliação e acompanhar o lançamento e a realização dos estudos de avaliação

80
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

efectuados pelos avaliadores independentes, bem como pronunciar-se sobre os resultados


dos referidos estudos.

A avaliação intercalar será apresentada à Comissão de Acompanhamento do Programa


Operacional e seguidamente transmitida à Comissão Europeia, de forma articulada com a
avaliação intercalar do Quadro Comunitário de Apoio e, regra geral, três anos após a
aprovação do Programa, o mais tardar até 31 de Dezembro de 2003, tendo em vista a
revisão do Programa e a atribuição da reserva de eficiência e de programação.

No prolongamento da avaliação intercalar, será efectuada, até 31 de Dezembro de 2005,


uma actualização dessa avaliação para o Programa Operacional do Ambiente, a fim de
preparar as intervenções posteriores.

A Autoridade de Gestão do Programa Operacional do Ambiente procederá, em


colaboração com a Comissão Europeia, à selecção dos avaliadores independentes até final
de 2002 no que respeita à avaliação intercalar e até final de 2004 no que se refere à sua
actualização.

O Programa Operacional do Ambiente será ainda objecto de uma avaliação ex-post,


destinada a dar conta da utilização dos recursos, da eficácia do Programa Operacional e
do seu impacte, bem como tirar ensinamentos para a política de coesão económica e
social, tendo em conta os resultados da avaliação ex-ante já disponíveis. Esta avaliação
incide nos factores de êxito ou de insucesso da execução, bem como nas realizações e nos
resultados, incluindo no aspecto da sua sustentabilidade.

A avaliação ex-post é da responsabilidade da Comissão Europeia, em colaboração com a


Autoridade de Gestão, sendo realizada por avaliadores independentes. Esta avaliação
deverá estar concluída, o mais tardar, três anos após o termo do período de programação.

A Autoridade de Gestão facultará todos os elementos necessários à realização das


avaliações intercalar e ex-post, tomando as medidas necessárias para que essa informação
seja disponibilizada aos avaliadores independentes. Estes últimos, devem respeitar a
confidencialidade no tratamento dos dados a que tenham acesso.

A avaliação do Programa Operacional do Ambiente será realizada com a cooperação dos


organismos responsáveis pela gestão do Fundo Estrutural.

A avaliação do Programa Operacional do Ambiente será articulada com o Sistema de


Informação Global do QCA e com os Sistemas de Informação Específicos de cada Fundo
Estrutural e terá em conta os dispositivos de avaliação estabelecidos.

Por iniciativa do Estado-Membro ou da Comissão Europeia, após informação daquele,


podem ser lançadas avaliações complementares, eventualmente temáticas, nomeadamente
para identificar experiências transferíveis.

O Estado-Membro e a Comissão Europeia dotar-se-ão de meios adequados e reunirão


todos os dados necessários para que as avaliações sejam efectuadas da forma mais eficaz.
A avaliação utilizará neste contexto, os diferentes elementos que o sistema de

81
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

acompanhamento pode fornecer, completados se necessário, pela recolha de informação


destinada a melhorar a sua pertinência.

Os resultados de avaliação serão postos à disposição do público, mediante pedido –


salvaguardado o necessário acordo prévio da Comissão de Acompanhamento no caso da
avaliação intercalar.

5 Circuitos Financeiros
As contribuições comunitárias serão creditadas pelos serviços da Comissão Europeia
directamente em contas bancárias específicas, criadas pelo Estado-Membro junto da
Direcção Geral do Tesouro, e que corresponderão a cada uma das Autoridades de
Pagamento de cada um dos Fundos Estruturais.

A Autoridade de Pagamento efectuará transferências directas, em regime de adiantamento


ou de reembolso, para o Gestor do Programa Operacional do Ambiente, ou para entidades
por ele designadas, no Programa Operacional ou no Complemento de Programação.

O Gestor do Programa Operacional autorizará a transferência dos montantes, após a


confirmação dos comprovativos de despesa associados a cada pedido de pagamento, para
os correspondentes Beneficiários Finais, entendidos na acepção do descrito na alínea l) do
Artigo 9 do Regulamento (CE) n° 1260/99 do Conselho, de 21 de Junho.

É assegurada a transmissão atempada às Autoridades de Pagamento do FEDER das


informações necessárias para o estabelecimento e actualização das previsões dos
montantes dos pedidos de pagamento relativas a cada exercício orçamental.

A gestão dos programas assegurará que os beneficiários finais receberão os montantes da


participação dos Fundos a que têm direito no mais curto prazo possível.

Compete à Autoridade de Pagamento assegurar que os beneficiários finais receberão


integralmente os montantes de contribuição dos Fundos Estruturais a que tenham direito.
Nenhuma dedução, retenção ou encargo ulterior específico que tenha por efeito reduzir
estes montantes pode ser efectuada (artigo 32º, nº1, último parágrafo, do Regulamento
1260/99).

As Autoridades de Pagamento devem certificar que as declarações de despesas são


exactas e assegurar-se de que provêm de sistemas de contabilidade baseados em
documentos de prova passíveis de verificação.

Em conformidade com o art. 32º do Regulamento CE nº 1260/99, as Autoridades de


Pagamento deverão remeter anualmente as previsões de pedidos de pagamento a efectuar
no ano em curso e no ano seguinte.

As Autoridades de Pagamento incumbem às entidades responsáveis pela gestão nacional


dos fundos comunitários, no caso do FEDER à Direcção Geral do Desenvolvimento

82
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Regional – DGDR, ( Rua de S. Julião, nº 63, 1149-030 Lisboa), tal como está explicitado
no decreto-lei 54 A/2000, publicado no dia 7 de Abril, que institui a estrutura do QCA III,
e de acordo com o que ficou estabelecido no documento do QCA III.

6 Controlo Financeiro

De acordo com o artigo 34° do Regulamento (CE) 1260/1999 do Conselho 21 Junho de


1999, a Autoridade de Gestão é responsável pela regularidade das operações co-
financiadas e pela aplicação do sistema de controlo interno compatível com a boa gestão
financeira, bem como pela análise e resposta às observações e pedidos de medidas
correctivas apresentados pela Comissão Europeia ao abrigo do n° 4, primeiro parágrafo do
artigo 38°, ou às recomendações de adaptação formuladas ao abrigo do n° 2 do artigo 34°
do citado Regulamento.

Por forma a controlar a execução do Programa Operacional do Ambiente e,


nomeadamente, verificar se as acções financiadas foram empreendidas de forma correcta,
prevenir e combater as irregularidades e recuperar os fundos perdidos na sequência de
abuso ou negligência, encontra-se instituído um sistema nacional de controlo por órgãos
que exercerão os controlos a três níveis:

• O controlo de primeiro nível tem a natureza de controlo interno constituindo, portanto,


uma competência das autoridades de gestão. Compreende a fiscalização dos projectos
nas suas componentes material, financeira e contabilística, quer nos locais de
realização do investimento e das acções, quer junto das entidades que detém os
originais do processo técnico e documentos comprovativos de despesa. Estas
competências deverão ser desempenhadas directamente, podendo ser subcontratadas
empresas de auditoria ou outras, com capacidade de realizar as tarefas relativas ao
controlo físico, financeiro e contabilístico dos projectos apoiados. O controlo de
primeiro nível será exercido pela Autoridade de Gestão, devendo esta, sempre que as
situações se revestirem de maior complexidade, solicitar o apoio do organismo
nacional responsável pelo Fundo em causa. A Autoridade de Gestão deverá, ainda,
assegurar a separação da função de gestão da de controlo;

• O controlo de segundo nível dirige-se ao controlo externo sobre a gestão. Abrange a


análise e avaliação do sistema de controlo de primeiro nível e, sempre que tal se
mostre necessário para testar a eficácia deste, o controlo sobre as decisões tomadas
pelos órgãos de gestão e o controlo sobre os beneficiários finais, bem como o controlo
cruzado junto de outras entidades envolvidas, a fim de ter acesso às informações
consideradas necessárias ao esclarecimento dos factos objecto de controlo. O controlo
de segundo nível deverá ser exercido directamente pelos respectivos interlocutores
nacionais dos Fundos Comunitários ou por organismos de controlo expressamente
designados para o efeito, em estreita articulação com os departamentos competentes
para o controlo no âmbito dos diversos Ministérios, sempre que respeite a áreas
83
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

específicas de actuação destes. No âmbito do controlo das acções financiadas pelos


Fundos Comunitários, poderá haver recurso a subcontratação de auditorias externas de
natureza e com objectivos específicos;

• Controlo de alto nível, correspondente à coordenação global do sistema de controlo,


cuja responsabilidade incumbirá à Inspecção Geral de Finanças, será concretizado
através da articulação e coordenação das actividades desenvolvidas neste âmbito pelos
diversos serviços e organismos que intervêm no sistema de controlo dos fundos
estruturais, pela avaliação dos sistemas de gestão e controlo do primeiro e segundo
níveis e pela interacção com as instituições comunitárias de controlo, designadamente,
a comunicação das irregularidades detectadas pelo sistema de controlo aos serviços
competentes da Comissão Europeia, nos termos regulamentares aplicáveis.

A Comissão Europeia, na sua qualidade de responsável pela boa execução do orçamento


geral das Comunidades Europeias, certificar-se-á da existência e funcionamento fiável dos
sistemas de gestão e controlo do Estado-Membro, nos termos do n° 2 do artigo 38° do
Regulamento (CE) 1260/1999. Os serviços competentes da Comissão Europeia, em
parceria com a Autoridade de Gestão do Quadro Comunitário de Apoio e o organismo
responsável pela coordenação global do sistema de controlo financeiro, efectuam um
exame anual do funcionamento do sistema de controlo, antes do exame previsto no nº 2
do artigo 34º do citado Regulamento. As observações e eventuais medidas correctoras
serão transmitidas à Autoridade de Gestão, de acordo com o disposto nos números 4, 5, e
6 do artigo 38º do mesmo Regulamento.

A concretização da parceria referida no parágrafo anterior articula-se com a cooperação


entre os serviços competentes da Comissão Europeia e o organismo nacional responsável
pela coordenação global do sistema de controlo financeiro, no que respeita aos programas,
metodologias e aplicação dos controlos, a fim de maximizar o seu efeito útil.

Os serviços competentes da Comissão Europeia podem igualmente solicitar ao Estado-


Membro que efectue controlos pontuais para verificar a regularidade de uma ou mais
operações; nessas acções de controlo podem participar funcionários ou agentes da
Comissão Europeia, nos termos do disposto no nº 2 do artigo 38º do Regulamento (CE) nº
1260/1999.

Após verificação cabal, a Comissão Europeia pode decidir suspender a totalidade ou parte
de um pagamento intermédio se verificar nas despesas em questão uma irregularidade
grave que não tenha sido corrigida e para a qual se justifique uma acção imediata nos
termos do disposto no nº 5 do artigo 38º do Regulamento (CE) nº 1260/1999, à qual se
poderá seguir o procedimento previsto no artigo 39º do mesmo Regulamento se se
verificarem os respectivos pressupostos. A Comissão Europeia informará o Estado-
Membro das medidas a tomar e respectiva fundamentação, nos termos regulamentares
aplicáveis.

Em conformidade com o disposto no n° 3 do artigo 39 do Regulamento (CE) n°


1260/1999, no caso de irregularidades graves, no termo do prazo fixado pela Comissão e
na falta de acordo ou de correcções efectuadas pelo Estado-Membro, a Comissão
Europeia pode decidir, no prazo de três meses e tendo em conta as eventuais observações

84
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

do Estado-Membro, proceder às correcções financeiras necessárias suprimindo, parcial ou


totalmente, a participação dos fundos estruturais na intervenção em causa.

Os juros gerados pelas contas bancárias através das quais são efectuados os pagamentos
dos Fundos Estruturais devem ser orçamentados como receitas. A forma de contabilização
dos juros deverá permitir um controlo suficiente por parte das autoridades nacionais e das
instituições comunitárias. A utilização dos juros deve ser compatível com os objectivos
das intervenções estruturais e deve ser submetida aos mecanismos de controlo específicos
dos fundos públicos em Portugal.

As Autoridades de Gestão devem conservar durante um período de três anos subsequentes


ao pagamento pela Comissão Europeia do saldo relativo a cada Programa Operacional,
todos os elementos comprovativos relativos às respectivas despesas e controlos, em
conformidade com o disposto no n° 6 do artigo 38º do Regulamento (CE) 1260/1999.

7 Parceria

Na preparação do POA foram consultadas as seguintes entidades:

• Câmaras Municipais

• Direcções Regionais do Ambiente

• ICN - Instituto de Conservação da Natureza

• INR - Instituto dos Resíduos

• IPAMB - Instituto de Promoção Ambiental

• IPE – Águas de Portugal

• EGF – Empresa Geral de Fomento

Da consulta às referidas entidades, resultou a identificação das suas principais


necessidades de investimento. Por forma a proceder à validação técnica e científica desta
informação, foram encomendados os seguintes estudos, coordenados pela DGA e
comparticipados pela DG REGIO:

• LNEC - elaboração de três estudos na área do saneamento básico: águas de


abastecimento, resíduos sólidos urbanos e águas residuais urbanas.

• Universidade de Aveiro - apuramento das necessidades de investimento no que


respeita à qualidade do ar, por forma a dar resposta à legislação comunitária.

• empresa privada - estado de Conservação da Natureza.

85
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

No que se refere à execução e acompanhamento, a Comissão de Acompanhamento do


QCA III integrará um representante do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do
Território, bem como representantes na área da defesa do Ambiente designados pelo
Comité Económico e Social. As Autoridades Ambientais estarão também representadas
nas Unidades de Gestão dos Programas Operacionais com incidência directa em matéria
de Ambiente ou com incidência estruturante em ordenamento do território, estando nos
restantes casos representadas na Comissão de Acompanhamento.

8 A Protecção do Ambiente e o Princípio do Poluidor- Pagador

Compatibilidade com a política de Ambiente

As acções co-financiadas pelos Fundos Estruturais devem ser coerentes com os princípios
e objectivos do desenvolvimento sustentável e da protecção e melhoria do ambiente
referidos no Tratado e concretizados no programa comunitário de política e acção em
matéria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, referido na resolução do Conselho
de 1992.

As acções co-financiadas pelos Fundos Estruturais devem respeitar igualmente a


legislação comunitária em matéria de ambiente.

O Estado- Membro dará a garantia formal que não deixará deteriorar os sítios a proteger a
título da Rede Natura 2000 aquando da realização das intervenções cofinanciadas pelos
Fundos Estruturais. Compromete-se igualmente, a fornecer à Comissão Europeia no
momento da apresentação do Complemento de Programação as informações sobre as
medidas tomadas para evitar a deterioração dos Sítios Natura 2000 afectados pela
intervenção.

Papel das Autoridades Públicas Ambientais

As autoridades ambientais são associadas à execução dos Programas Operacionais ,


contribuindo nomeadamente:

- na definição dos objectivos e metas ambientais e de sustentabilidade para todos os


eixos prioritários de desenvolvimento do Programa;

- na definição da estratégia, do programa e das medidas específicas no domínio do


ambiente;

- na definição de indicadores ambientais e de sustentabilidade.

As autoridades públicas ambientais participarão ainda na definição das normas e dos


procedimentos de execução para os eixos prioritários, incluindo a colaboração com as
autoridades responsáveis na determinação dos critérios de elegibilidade e de selecção de
projectos.

86
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

As autoridades públicas ambientais estarão representadas no grupo técnico de avaliação do


QCA.

Durante a execução das acções previstas neste programa, estas autoridades serão associadas a
quatro níveis:

1. Serão responsáveis pela aplicação da política e legislação comunitária e nacional em vigor


no domínio do ambiente, sendo igualmente chamadas a emitir o seu parecer sobre os
projectos de investimento no âmbito do processo de avaliação de impacte ambiental;

2. Participam na Unidade de Gestão;

3. Participam nas Comissão de Acompanhamento;

4. Participam activamente no Grupo Temático “ambiente” a criar no âmbito da Comissão de


Acompanhamento do QCA;

Aplicação do princípio do Poluidor-Pagador

As Autoridades Portuguesas tomarão as medidas apropriadas para ter em conta a


aplicação do princípio do poluidor-pagador durante o período de programação, e
informarão a Comissão Europeia das medidas tomadas para a aplicação progressiva
daquele princípio antes da avaliação intercalar.

No que respeita à aplicação do princípio do “poluidor-pagador, os Complementos de


Programação especificarão que serão cumpridas as disposições comunitárias aplicáveis
para os sectores abrangidos.

9 Adjudicação de Contratos Públicos

No que respeita à adjudicação de contratos públicos:

• as acções ou medidas co-financiadas pelos Fundos Estruturais são executadas no


respeito pelas normas comunitárias e nacionais em matéria de adjudicação de
contratos públicos;

• os avisos enviados para publicação no jornal oficial das Comunidades Europeias


apresentarão as referências dos projectos em relação aos quais tenha sido solicitada ou
decidida a concessão de uma contribuição comunitária;

87
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• relativamente aos projectos incluídos nos Programas Operacionais cujo valor global
seja superior aos limites fixados nas Directivas “Contratos Públicos” de fornecimentos
(77/62/CEE), de obras (71/305/CEE, 89/440/CEE) ou de serviços (92/50/CEE), o
relatório da comissão de análise de propostas que suportam a decisão de adjudicação,
será mantido à disposição da Comissão de Acompanhamento.

10 Indicadores da Reserva de Eficiência

A atribuição da Reserva de Eficiência será efectuada com base em critérios de eficácia,


em critérios de gestão e em critérios de execução financeira.

A especificação dos critérios de eficácia, a selecção dos indicadores de acompanhamento


para um conjunto de medidas a determinar e os objectivos de realização em 2003 e 2006,
será efectuada nos Complementos de Programação em estreita concertação com a
Comissão Europeia – concretizada através de um Grupo de Trabalho conjunto, comum a
todos os programas, com as seguintes funções:

• Definir uma metodologia para especificar e quantificar os critérios relativos aos


indicadores de eficácia e propor indicadores pertinentes;

• Assegurar a coerência entre estes critérios nos diferentes programas;

• Assegurar a validação final dos resultados da quantificação;

• Assegurar-se da inclusão dos indicadores correspondentes a estes critérios nos


Relatórios Anuais de Execução e proceder, assim, à análise dos progressos obtidos;

Propôr indicadores adicionais de gestão e, de execução financeira.

As conclusões do Grupo de Trabalho conjunto relativas à metodologia de especificação e


quantificação dos critérios relativos aos indicadores de eficácia serão disponibilizadas até
25 de Julho 2000.

Os critérios e indicadores de gestão e de execução financeira comuns a todos os


Programas Operacionais e que de acordo com o Quadro Comunitário de Apoio devem
constar dos Programas Operacionais, são os seguintes:

88
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Critérios Indicadores Objectivos

Critérios comuns de gestão

Qualidade do Sistema de • Percentagem em valor das Medidas • Informação financeira o


Acompanhamento para as quais se encontram dados mais tardar 3 meses após a
completos disponíveis sobre a aprovação do PO: 100%
respectiva execução financeira e
física. • Informação física a partir de
01.01.2001: 100%

Qualidade do Sistema de • Montagem de um sistema de controlo • até ao final de 2000;


Controlo financeiro, de acordo com as
modalidades previstas no QCA e no
Programa Operacional;

• Percentagem das despesas dos Fundos


Estruturais cobertas por auditorias • igual ou superior a 5% a
financeiras e de gestão relativamente partir do final de 2000. (em
ao total da correspondente intervenção relação ao custo total dos
dos Fundos Estruturais. projectos aprovados no ano)

Qualidade dos Critérios Percentagem dos compromissos 100% a partir do ano 2000.
de Selecção respeitantes a projectos seleccionados em
função de critérios de selecção objectivos e
claramente identificados.

Qualidade do Sistema de Relatórios de avaliação intercalar de De acordo com as normas de


Avaliação qualidade adequado. qualidade predefinidas no Doc.
de Trabalho 4 (Critérios
MEANS): 100%

Critérios comuns de execução financeira

Absorção dos Fundos Percentagem das despesas relativas aos Atingir a 31.10.2003 um nível
Estruturais Fundos Estruturais apresentadas e de pedidos de pagamentos de
declaradas admissíveis anualmente à montante igual a 100% do
Comissão relativamente ao Plano montante inscrito no plano
Financeiro do Programa Operacional. financeiro para 2000 e 2001 e
50% (em média) do montante
inscrito para 2002 e 2003.

Critérios específicos de execução financeira


89
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Efeito de alavanca Valor dos investimentos realizados em Aespecificar


relação aos recursos públicos mobilizados. Programas/Medidas

11 Informação e Publicidade

A informação respeitante ao conteúdo e execução do Programa Operacional será acessível


a todos os potenciais interessados - desde a informação pública até à informação restrita
para utilização pelos organismos ou serviços da Administração, pelos parceiros sociais,
beneficiários finais e instituições comunitárias, visando:

• garantir a transparência, informando o público-alvo (parceiros sociais, agentes


económicos e potenciais beneficiários finais) sobre os Fundos Estruturais e
correspondentes modalidades de aplicação;

• aumentar a visibilidade da acção comunitária, sensibilizando a opinião pública para o


papel dos Fundos Estruturais no apoio ao desenvolvimento regional e coesão
económica e social em Portugal.

Recorrer-se-á, para atingir esse objectivo, a todos os meios disponíveis - desde a escrita,
utilizando a divulgação de "Newsletters", desdobráveis, panfletos, etc. até à electrónica,
com a produção de CDs e páginas na Internet, video-filmes, etc., designadamente em
articulação com o sistema de informação.

Em cumprimento do regulamento (CE) nº 1159/2000 de 30/05/2000, a implementação das


acções de Informação e Publicidade no âmbito do Programa Operacional, obedece a um
"Plano de Comunicação" definindo os objectivos, estratégia, públicos-alvo, dotação
orçamental prevista, organismo responsável pela sua execução e critérios de avaliação
para as acções desenvolvidas. Este plano deverá ser transmitido à Comissão Europeia no
complemento de programação.

No âmbito da gestão de cada programa será designado um responsável em matéria de


Informação e Publicidade.

12 Sistema de Informação

De acordo com o artigo 34º do Regulamento (CE) nº 1260/99 do Conselho, de 21 de


Junho de 1999, a autoridade de gestão é responsável pela criação e funcionamento de um
dispositivo de recolha e tratamento de dados físicos, financeiros e estatísticos fiáveis

90
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

sobre a execução do Programa Operacional do Ambiente, visando apoiar a gestão, o


acompanhamento e a avaliação.

O sistema de informação específico ao Programa, permitirá dar resposta ao mínimo


comum definido nas orientações da Comissão (lista indicativa referida no artigo 36º do
Regulamento 1260/99) e disponibilizará informação para a avaliação prevista nos artigos
42º e 43º.

Este sistema de informação será dotado dos recursos humanos necessários à estabilidade e
funcionamento do mesmo, sendo aqueles recursos sujeitos a acções de formação inicial e
periódicas de actualização de conhecimentos, no sentido de assegurar a eficiência do
sistema.

O sistema de informação electrónico do Programa Operacional do Ambiente integrará o


do Quadro Comunitário de Apoio e comportará os dados relativos aos Fundos Estruturais,
tendo em consideração as suas características próprias. A compatibilidade e a
transferência de dados entre o sistema nacional e os sistemas próprios de cada Fundo
serão asseguradas independentemente das suas características próprias. O sistema
permitirá a troca de dados informatizados com a Comissão Europeia segundo o modelo a
adoptar para o QCA e restantes programas operacionais.

Este sistema de informação integra dois níveis de acesso:

• um, que permite o acesso à informação para gestão, acompanhamento, avaliação e


controlo;

• e, outro, de informação para divulgação.

O nível que integra e trata a informação necessária ao processo de tomada de decisão, ao


acompanhamento, à avaliação e ao controlo, e providencia de forma casuística a
informação previamente definida, permite nomeadamente:

a) Garantir a actualidade e consolidação de toda a informação do Programa Operacional


do Ambiente e dos Fundos que o co-financiam, bem como a homogeneidade dos
instrumentos ao dispor da unidade de gestão;

b) Quantificar os indicadores considerados relevantes;

c) Criar registos históricos;

d) Disponibilizar informação do Programa em formato electrónico a todos os potenciais


interessados;

e) Adoptar predominantemente a “Internet” como veículo de comunicação;

f) Fornecer a informação actualizada de apoio à gestão, ao acompanhamento e à


avaliação do Programa;

g) Integrar módulos de apoio à decisão.

91
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

A alimentação do sistema será feita ao nível do projecto.A informação respeitante ao


Programa será acessível a todos os potenciais interessados, com o objectivo de assegurar a
maior universalização dos públicos-alvo usando, designadamente, a Internet.

A informação a disponibilizar será definida e tratada por perfis de utilização de acordo


com interesses dos diferentes públicos-alvo, sendo facultada a informação aos
interessados sem grandes exigências de requisitos tecnológicos.

O calendário das diferentes etapas de implementação do sistema de informação será


discriminado no Complemento de Programação.

13 Orientações Gerais para as Intervenções Desconcentradas

Através da aplicação do Princípio da Subsidiariedade e tendo em vista a crescente


complexidade das formas institucionais da administração territorial do Estado, pretende-
se garantir a obtenção de ganhos de eficiência resultantes de uma maior aproximação
entre os diferentes níveis de decisão política e administrativa e a sociedade civil, de uma
clara coordenação entre os diversos serviços e departamentos da administração pública e
de uma forte articulação das intervenções da administração central com os municípios,
por um lado, e com as organizações representativas dos agentes económicos e sociais, por
outro lado.

14 Igualdade de Oportunidades

A promoção da igualdade de oportunidades entre as mulheres e os homens corresponde a


uma preocupação comunitária e nacional que assumiu expressão, quer no PDR, onde
surgia como elemento essencial duma estratégia de desenvolvimento sustentável, quer no
QCA, onde o princípio da igualdade era expressamente referido como elemento
integrador das diferentes intervenções operacionais.

Assim, de acordo com as orientações assumidas pela Comissão Europeia na sequência dos
princípios incluídos na Agenda 2000, são quatro os domínios prioritários de intervenção
em matéria de igualdade de oportunidades.

• Melhoria do quadro de vida no sentido de responder mais eficazmente às necessidades


das mulheres;

• Aumento da acessibilidade das mulheres ao mercado de emprego;

• Melhoria da situação das mulheres no emprego;

• Promoção da participação das mulheres na criação de actividades económicas.

92
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Para cada um destes domínios, é possível identificar dois tipos de acções, correspondentes
a dimensões estratégicas separadas que, em conjunto, conduzem à igualdade de
oportunidades: a primeira abrange as intervenções destinadas a promover a equidade; a
segunda as acções que visam a atenuação das desigualdades. As medidas que se incluem
no âmbito desta segunda dimensão traduzem-se, geralmente, em acções positivas,
enquanto que as primeiras devem, normalmente, assumir um carácter transversal aos
vários domínios da acção política.

Pelo seu lado, neste âmbito, o QCA definia como objectivo global a melhoria do quadro
de vida da mulher através do reforço da sua participação na vida económica e
designadamente por intermédio de acções dirigidas à conciliação entre a vida profissional
e a vida familiar e da promoção do acesso da mulher ao mercado de trabalho e a melhoria
da sua situação profissional. Ao mesmo tempo, o QCA definia um conjunto de medidas
dirigido a facilitar o acesso das mulheres aos fundos estruturais, entre os quais se
destacava a integração das associações femininas na parceria e a sua participação no
processo de decisão, a definição de recursos financeiros afectos à promoção da igualdade
e acções de formação e sensibilização dirigidas à administração pública e ao público em
geral.

Por outro lado, em cada Programa Operacional do QCA, devem ser indicadas não só as
medidas específicas que visem promover a igualdade de oportunidades entre mulheres e
homens, como ainda a forma como esta dimensão horizontal da acção comunitária é tida
em conta na execução dos diferentes eixos prioritários e medidas.

Naturalmente, os programas operacionais do QCA assentam a sua estratégia de


intervenção na definição de objectivos centrais específicos de intervenção, de carácter
regional ou sectorial. Pode consequentemente acontecer que não seja possível, nem sequer
aconselhável, prever em todos eles medidas específicas em favor da igualdade entre os
sexos. Nestes casos, contudo, a necessidade de prever mecanismos e procedimentos que
assegurem a consideração da dimensão da igualdade de oportunidades nas fases de
selecção, acompanhamento, controlo e avaliação dos projectos adquire uma importância
especial, devendo tais procedimentos contribuir, designadamente, para eliminar as
barreiras ao acesso aos programas operacionais resultantes de qualquer tipo de
discriminação sexual.

Nesta perspectiva, ganha particular relevo, na fase de selecção, a identificação dos


projectos de acordo com os seus efeitos esperados quanto à igualdade de oportunidades
(efeitos positivos, neutros ou negativos). Sempre que possível esses efeitos devem ser
referidos de modo a permitir, em sede própria de acompanhamento e avaliação, as
correcções necessárias (no caso de se constatarem resultados negativos) e a eventual
divulgação de boas práticas (no caso contrário). Estes elementos relativos aos diversos
projectos serão retomados no sistema de informação global do QCA e nos sistemas de
informação específicos de cada Fundo Estrutural, por forma a permitir acompanhar a
contribuição positiva ou negativa dos diferentes programas comunitários para a melhoria
da situação em matéria de igualdade de oportunidades.

O Grupo de Trabalho Temático sobre Igualdade de Oportunidades, que desenvolve as


suas actividades junto da Comissão de Acompanhamento do QCA III, contribuirá para a

93
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

definição duma estratégia precisa neste domínio, aplicável ao conjunto do Quadro,


desenvolvendo nomeadamente indicadores de impacto e resultado que possam ser
aplicados em cada intervenção operacional, de forma adequada aos seus objectivos
específicos e às particularidades das acções prosseguidas.

15 Critérios de Selecção
• Os projectos mencionados no presente Programa são indicados a título de exemplo. O
seu financiamento efectivo está condicionado aos resultados da instrução e ao respeito
das disposições regulamentares e dos critérios específicos definidos no Complemento
de Programação;

• Os critérios de selecção a estabelecer no Complemento de Programação do Programa


Operacional do Ambiente devem ter em conta:

a) A necessidade de assegurar a coerência entre as acções referidas no Programa


Operacional do Ambiente e as retomadas nos Programas Operacionais Regionais;

b) As indicações estabelecidas no Quadro de Referência do Fundo de Coesão.

• Os critérios de selecção terão em consideração os princípios e objectivos do


desenvolvimento sustentável decorrentes da política e legislação nacional e
comunitária em matéria de ambiente;

• O Complemento de Programação terá em conta as recomendações do relatório da


Avaliação ex-ante, nomeadamente no que se refere aos indicadores e critérios de
selecção.

94
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TÍTULO VI:

QUADROS DE PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA

A estratégia definida no presente Programa e os instrumentos que a corporizam são


financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), por recursos
públicos nacionais provenientes do Orçamento de Estado e por recursos privados.

O investimento público previsto é de 456 milhões de Euros ao qual está associado um


financiamento comunitário de 332 milhões de Euros e um financiamento privado de 12
milhões de Euros.

Apresentam-se de seguida quatro quadros financeiros que identificam por eixos


prioritários, por fontes, por anos e por regiões os recursos que financiarão a execução do
Programa entre 2000 e 2006.

A elaboração dos quadros financeiros partiu de uma taxa média de co-financiamento do


FEDER de 75% das despesas públicas elegíveis.

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ANEXO 1 : AVALIAÇÃO EX-ANTE

101
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Introdução

Este relatório apresenta a análise e os resultados da avaliação ex-ante do Programa


Operacional do Ambiente, integrado no Plano de Desenvolvimento Regional 2000-2006.
Constitui a versão final, actualizada, correspondente à última versão do Programa
Operacional do Ambiente, preparado pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento do
Território, e datado de Abril de 2000.

A sua estrutura, conteúdo e aproximação metodológica teve como base os termos de


referência preparados pelo Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território para esta
avaliação, bem assim como as recomendações da Comissão Europeia/DG XVI sobre esta
matéria contidas, nomeadamente, no Working Paper 2 – The Ex-Ante Evaluation of 2000-
2006 Interventions, Objectives 1,2 and 3.

O relatório organiza-se nos seguintes cinco capítulos:

Capítulo 1

Análise dos Resultados das Avaliações Anteriores

Capítulo 2

Análise do Contexto de Intervenção

Capítulo 3

Avaliação da Concepção e Consistência da Estratégia Proposta

Capítulo 4

Avaliação Quantificada dos Objectivos

Capítulo 5

Políticas e Impactos Esperados, Processos de Implementação e Monitorização

102
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Capítulo 1 - Análise dos Resultados das Avaliações Anteriores

1 Introdução

Este capítulo tem como objectivo apresentar uma síntese dos principais resultados de
avaliações anteriores. Para este efeito tomamos como documento de referência a
Avaliação Intercalar do Programa Ambiente – Relatório Final de Fevereiro de 1997. A
aplicação do Fundo de Coesão em projectos de infraestruturas ambientais foi também tida
em consideração, embora de modo não explícito nesta avaliação, uma vez que estaria para
além do seu âmbito.

Começaremos por sintetizar os efeitos do anterior Programa já que haverá que assegurar,
entre outros objectivos, continuidade e articulação com o novo PO Ambiente.
Seguidamente será feita referência aos aspectos internos da concepção do anterior
Programa Ambiente (PA), tendo em atenção os critérios de pertinência, coerência e
oportunidade. No ponto seguinte abordar-se-ão os aspectos organizativos e de
funcionamento recorrendo, como nos casos anteriores, aos quadros síntese apresentados
na avaliação intercalar.

Finalmente é feita referência, em jeito de síntese, aos efeitos atingidos e às


recomendações então produzidas. Estes efeitos constituem, em boa medida, o ponto de
partida para o PO Ambiente 2000-2006, pelo que as anteriores recomendações, quando
pertinentes e aplicáveis decorridos estes anos, deverão ser tidas em consideração na
análise deste novo Programa Operacional.

103
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2 Síntese dos resultados esperados do PA 1994-1999

O Programa Ambiente (1994-99) surgiu no II QCA com o propósito de contribuir para a


prossecução dos objectivos do Eixo Prioritário 3: “Reforçar a qualidade de vida e a coesão
social”. O Programa Ambiente integrava-se, então, na Intervenção Operacional: Ambiente
e Revitalização Urbana, cujos objectivos eram:

• melhorar a gestão nacional dos recursos hídricos;

• reduzir o impacte da actividade produtiva;

• melhorar as condições e a qualidade de vida nas grandes aglomerações urbanas;

• conservar e valorizar o património natural;

• mobilizar o interesse da sociedade pela conservação do ambiente.

No quadro que se segue sumarizam-se os resultados esperados da aplicação do Programa


Ambiente tendo como base as seguintes dimensões analíticas:

• qualidade ambiental

• preservação e valorização do património natural

• impacte ambiental da actividade produtiva

• monitorização do estado do ambiente

• informação ambiental

• participação dos cidadãos na defesa e valorização do ambiente

• desenvolvimento regional

Tal como veremos no capítulo seguinte, em que se retrata de modo necessariamente


sucinto o nível de desenvolvimento dos principais domínios de intervenção das políticas
de ambiente à data de 1999, a contribuição do PA foi muito significativa para a actual
situação de partida, pese embora a sua dimensão financeira ter sido relativamente modesta
(cerca de 70 milhões de contos, ou seja aproximadamente 350 milhões de Euros).

De facto, mesmo tendo em atenção o crónico atraso face aos nossos parceiros da UE, o
avanço alcançado ao longo da segunda metade dos anos 90 em significativas frentes,
nomeadamente o saneamento ambiental, terá que ser, forçosamente, considerado como
muito positivo. Note-se que o quadro apresentado apenas pode retratar os primeiros anos
de aplicação do programa. No entanto, em algumas medidas, os compromissos então
estabelecidos já se aproximavam da totalidade das disponibilidades financeiras.
104
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Dimensões analíticas Elementos estratégicos Avaliação


Qualidade ambiental Grau de cobertura do Abastecimento:
território e da população - 7% da população com melhoria
em serviços básicos do serviço (Alentejo e Algarve)
valorizadores da qualidade Águas residuais domésticas:
ambiental - acréscimo de 2% da população
com sistemas de tratamento
Resíduos:
- acréscimo de 7% de concelhos
com sistemas de tratamento e
valorização de resíduos sólidos
urbanos;
- 6 lixeiras seladas/recuperadas;
Qualificação do ambiente - 615 ha de área urbana
urbano intervencionada
- 29 ha de zonas verdes criadas
Preservação e valorização Valorização do domínio - 100 km de linhas de água
do património natural hídrico valorizadas
- pouca relevância do
ordenamento fluvial e
regularização de caudais
Protecção da faixa costeira - 50 a 70% das zonas de risco
cobertas
- acréscimo significativo no
conhecimento e prevenção de
fenómenos de erosão
Intervenção em áreas - grande contributo para a criação
protegidas e sensíveis de estruturas de acolhimento,
interpretação e apoio à
conservação: 1 por cada 3 000ha
- fraca intervenção na
requalificação dos biótopos
Impacte ambiental da Utilização de tecnologias
actividade produtiva pouco poluentes
Cumprimento de
normativos sectoriais de
descarga e emissão de
efluentes líquidos e gasosos
Tratamento e
armazenamento de resíduos
sólidos industriais
Articulação de projectos
privados com sistemas - ECTRI*
colectivos

*
Este projecto apesar de aparecer listado na Medida 1 tem uma componente industrial muito importante

105
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Dimensões analíticas Elementos estratégicos Avaliação


Monitorização do Estado Qualidade e - 33% do território com rede de
do Ambiente operacionalidade do controlo de parâmetros
sistema de controlo e ambientais;
monitorização da qualidade - apoio ao sistema de
do ambiente monitorização da qualidade do
ar;
- rede de monitorização da
qualidade do ar na cidade do
Porto
Informação ambiental Intensidade, diversidade e - 438 campanhas de
qualidade da informação sensibilização/educação
ambiental à população ambiental;
estudantil - 87 projectos de
Ambiente e defesa do concepção/recuperação de 18
consumidor núcleos de informação/formação
ambiental;
- sistema de informação do
património e do direito do
ambiente.
Participação dos cidadãos Capacidade interventiva e - criação de um serviço de apoio à
na defesa e valorização de realização da sociedade participação do público
do ambiente civil organizada (IPAMB)
- edifício de apoio
Desenvolvimento Correcção das assimetrias - maior incidência da acção 1.4
regional em matéria de condições nas regiões mais desfavorecidas
básicas de vida do Norte e Centro em termos de
A questão da valorização infraestruturas básicas;
do potencial endógeno - maior concentração da acção 1.4
nas áreas mais povoadas do
litoral;
- os projectos de monitorização
ambiental assumem
essencialmente uma lógica
nacional que dificulta a
percepção dos problemas locais
e regionais;
- os projectos incluídos na acção
1.1 tendo uma incidência
espacial pré-determinada
permitem mais facilmente
promover um processo de
desenvolvimento local. Pelo
contrário, as iniciativas incluídas
na acção 1.3 apresentando uma
larga dispersão territorial
dificilmente constituirão
componentes de processos
integrados de desenvolvimento
local.
106
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3 Da concepção do PA 1994-1999 à sua organização e funcionamento

A avaliação intercalar do PA incidiu, entre outros aspectos, sobre a coerência interna e


externa do programa. No que respeita à sua concepção geral foram considerados os
seguintes critérios:

• pertinência

• coerência

• oportunidade.

Nas páginas seguintes permitimo-nos reproduzir os quadros então elaborados tendo como
entradas verticais estes três critérios e como entradas horizontais as seguintes sub-
dimensões analíticas:

• relação objectivos - contexto de lançamento

• relação metas - contexto de lançamento

• relação objectivos - dotação financeira do Programa

• relação modelo organizativo - objectivos

• relação objectivos - critérios

107
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Síntese dos elementos de avaliação do Programa Ambiente na perspectiva da concepção

Sub-dimensões
analíticas da Pertinência Coerência Oportunidade
concepção
Relação 1. Os objectivos do 2. A estrutura inicial do 9. O protocolo de
objectivos- POA podem ser POA constitui um quadro colaboração entre o
contexto de considerados como coerente entre objectivos MIE e o MARN
lançamento pertinentes face ao globais e específicos e as àcerca da gestão
estado do ambiente em diferentes medidas e acções conjunta das verbas
Portugal no início da nele contempladas; FEDER-Ambiente
década de 90, sendo 3. Praticamente todos os no âmbito do PEDIP
indiscutível que, objectivos operacionais do 2 careceu de
particularmente no que POA se traduzem em oportunidade do
respeita à prioridade acções; ponto de vista de
da melhoria da gestão 4. A decisão de fazer fazer atravessar a
nacional dos recursos participar activamente as política industrial
hídricos, o POA entidades pertencentes à pelas prioridades da
reflecte as prioridades orgânica institucional do política ambiental,
da política nacional de MARN nas diferentes na medida em que
ambiente de então. medidas do POA como consagra uma lógica
promotores de projectos é eminentemente de
coerente com o modo como política industrial
foi preparado e com as para gerir essas
prioridade assumidas; verbas;
5. Representando o POA 10. O POA assenta
uma parcela relativamente inicialmente numa
reduzida dos fundos perspectiva muito
FEDER-ambiente, a pessimista quanto à
estrutura inicial de gestão capacidade de
do Programa fica aquém resposta da
das necessidades internas sociedade civil para
de integração, sobretudo intervir nos aspectos
com o Fundo de Coesão; de informação e
6. A ausência do FSE no formação ambiental.
POA pode questionar-se
dadas as necessidades
evidenciadas à partida em
matéria de formação de
novas competências;
7. A inexistência inicial de
mecanismos de articulação
entre o POA e os PO’s
regionais na área do
ambiente;
8. A melhoria da qualidade
da monitorização ambiental
não aparece reflectida nos
objectivos do Programa.

108
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Sub-dimensões
analíticas da Pertinência Coerência Oportunidade
concepção
Relação metas- Carácter muito Níveis de exigência e de
contexto de incipiente dos rigor adicionais seriam
lançamento indicadores fisicos necessários em matéria de
contemplados como formulação de metas dada a
metas do Programa, forte presença de
reflectindo uma promotores públicos
ausência de pertencenntes à orgânica
experiência de institucional do MARN na
planeamento nesta concepção e execução de
matéria; algumas acções.
Manifesta precaridade
das metas para os
domínios da
monitorização da
qualidade ambiental.
Relação Dotação financeira do A opção na medida 2
objectivos- Programa insuficiente face pela atribuição de
dotação aos objectivos vastos do financiamentos a
financeira do Programa, sobretudo numa fundo perdido aos
Programa lógica de não articulação projectos
inicial com o Fundo de empresariais não
Coesão e com os POs parece oportuna face
regionais. Distribuição dos à tendência para
meios financeiros fazer diminuir a
disponíveis pelas diferentes importância relativa
medidas do POA desse tipo de
globalmente equilibrada comparticipações no
face aos objectivos, embora quadro do PEDIP 2,
com duas limitações: a facto que nem sequer
medida um ocupa uma foi compensado por
quota de financiamento uma maior
demasiado alta face à visibilidade do POA
capacidade de intervenção junto das empresas.
da política ambiental e a
medida três fica aquém das
necessidades sentidas nesta
matéria.

109
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Sub-dimensões
analíticas da Pertinência Coerência Oportunidade
concepção
Relação modelo O modelo organizativo O modelo organizativo A opção pelo
organizativo- adoptado revela-se considerado não acolhe modelo de gestão
objectivos globalmente adequadamente as assumido insere-se
pertinente, sobretudo implicações do protocolo numa política mais
se os mecanismos de celebrado entre o então geral seguida no
articulação existentes MIE e o MARN em matéria QCA II de consagrar
entre o Gestor do de gestão e acompanha- a figura de gestores
Programa e a equipa mento da medida do POA públicos para as
ministerial em colaboração com o intervenções
globalmente PEDIP 2; operacionais.
responsável pelas Dificuldades de exercício
orientações de política da função acompanhamento
ambiental forem técnico de projectos, dada a
melhoradas. composição inicial da
estrutura de apoio técnico.
O modelo organizativo
inicial não assegurava uma
articulação eficaz entre o
POA e a concretização do
Fundo de Coesão e os PO’s
Regionais;
Dificuldades do modelo
organizativo responder às
necessidades de articulação
dos objectivos gerais do
Programa com a sua
tradução regional, dada a
debilidade de meios
orçamentais e logísticos das
Direcções Regionais.
Relação Relação globalmente
objectivos- pertinente embora
critérios vendo reduzir a sua
operacionalidade num
quadro de aumento dos
níveis de compromisso
e de procura do PO
não susceptível de ser
respondida;
Dificuldades notórias
do POA ser utilizado
como instrumento de
política ambiental
através de medidas de
discriminação positiva,
dada a não
selectividade dos
critérios em utilização.
110
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Do ponto de vista da organização e funcionamento do programa a avaliação intercalar


produziu as sínteses que passamos a reproduzir nas páginas seguintes. A equipa de
avaliação invocou, fundamentalmente, os critérios da eficácia e da qualidade do
desempenho tendo em conta as diferentes fases de evolução do Programa e as mudanças
de gestão que se vieram a verificar.

Note-se que, a este respeito, o actual PO Ambiente em muito poderá beneficiar da riqueza
da experiência anterior que envolveu os serviços competentes do então Ministério do
Ambiente e que terão transitado para o actual Ministério do Ambiente e Ordenamento do
Território.

Síntese dos elementos de avaliação do Programa Ambiente na perspectiva da Gestão

Dimensões Organização, funcionamento e eficácia


analíticas
Divulgação 1. Necessidades de divulgação inicial minoradas dada a forte
participação como promotores de entidades públicas do MARN,
algumas das quais com intervenção directa na concepção do
Programa
2. A procura que o Programa revela por parte de entidades não
pertencentes à orgânica do MARN, designadamente Municípios e
Associações de municípios constitui um indicador de que a
divulgação do Programa tem sido efectiva;
3. Necessidades adicionais de divulgação minoradas dado o alto nível
de compromisso já assumido;
4. Espaço de divulgação ainda por aproveitar no que respeita à
participação de organizações da sociedade civil na medida 3, em
função da abertura proporcionada pela actual equipa de gestão;
5. Ausência de visibilidade no que respeita à participação do POA na
medida 2 gerida pelo PEDIP, tendo em conta o desconhecimento
revelado pelos promotores empresariais face a esta matéria.

111
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Organização 6. Modelo de gestão dependente de orientações superiores em


matéria de política ambiental segundo duas vias diferenciadas:
dependência directa face ao MARN e através das prioridades que
os promotores públicos pertencentes à orgânica do MARN
consagram através dos projectos apresentados para homologação;
7. Estrutura técnica de apoio inicialmente desprovida de valências em
matéria ambiental, o que dificultou as funções de interlocução
junto dos promotores de projectos e a função de acompanhamento
técnico de projectos;
8. Progressos significativos esperados após o reforço da equipa de
gestão mediante participação de técnicos do MARN responsáveis
pelo acompanhamento da medida 2 junto do PEDIP e do Fundo de
Coesão, eventualmente reforçados com a vontade política de uma
melhor articulação do programa com o Fundo de Coesão e com o
espaço das Intervenções Operacionais Regionais;
9. Dificuldades de extensão/cooperação da estrutura de gestão com a
estrutura regional do MARN, dadas as dificuldades de meios
logísticos e orçamentais das Delegações Regionais;
10. Especificidade introduzida pelo protocolo de colaboração entre o
Ministério da Indústria e Energia e o Ministério do Ambiente e
Recursos Naturais, segundo o qual uma parcela do FEDER-
Ambiente (medida 2) é gerida segundo uma lógica de política
industrial pelo PEDIP (IAPMEI).
Tramitação de 11. Reconhecimento generalizado de que o processo de tramitação é
candidaturas simples, operacional e facilmente compreendido pelos promotores
de projectos;
12. Dificuldades de informação a prestar aos promotores de projectos
ao longo do processo de tramitação;

112
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Dimensões Organização, funcionamento e eficácia


analíticas
Acompanhamento, 13. Inexistência de acompanhamento técnico dos projectos cujos
controlo e regulação promotores não são entidades pertencentes à orgânica institucional
de projectos e do do MARN, dada a composição da estrutura técnica de apoio;
Programa 14. Controlo de projectos essencialmente documental, pelas mesmas
razões anteriormente invocadas;
15. Opção inicial por uma política de externalização da função
auditoria de projectos, a qual será tendencialmente substituída por
um processo de internalização a concretizar através de reforço de
meios logísticos e financeiros das Direcções Regionais de
Ambiente e Recursos Naturais, reservando aqueles para projectos
sensíveis ou de grande magnitude;
16. Margem de manobra significativa em matéria de assistência
técnica ao programa para melhorar as condições de
acompanhamento técnico de projectos.
Sistema de informação 17. Eficaz do ponto de vista dos objectivos de regulação e controlo da
programação financeira do Programa;
18. Incapacidade do sistema em proporcionar informação relevante
para uma avaliação de impactes ou efeitos esperados dos projectos
e do programa em geral, dadas as dificuldades ainda sentidas de
concepção de um sistema de indicadores físicos;
19. Incapacidade de fazer reverter a favor do Programa a capacidade
técnica existente nos promotores públicos de projectos inseridos na
orgânica institucional do MARN;
20. Inexistência de qualquer informação organizada sobre as
características do protocolo oportunamente referido entre o MIE
(agora Economia) e o MARN.
Aspectos gerais 21. Programa inicialmente marcado pela presença relevante de
entidades públicas pertencentes à orgânica institucional do
MARN;
22. Níveis elevados de compromisso já assumidos que tornam a
Gestão do programa fortemente dependente de critérios de
selecção suficientemente operacionais para gerir o excesso de
procura e de orientações superiores em matéria de prioridades de
política ambiental;
23. Dificuldades de compatibilizar a gestão dos níveis elevados de
compromisso já assumidos com a orientação mais recente do
programa de promover a abertura à sociedade civil (medida 3) e
aos municípios em particular.

113
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

4 Efeitos do PA e pertinência das recomendações então produzidas

Na ausência de uma avaliação ex-post do PA 1994-1999, e tendo como base unicamente a


avaliação intercalar aqui referida, não será possível deduzir, com rigor, o contributo
isolado deste programa para melhorar os resultados anteriormente obtidos, neste domínio,
pelos Programas Regionais e pela inciativa comunitária ENVIREG, do I QCA 1989-1993.
No entanto também não foi este o objectivo único deste capítulo, mas antes a
apresentação de um conjunto de ensinamentos ou recomendações que possam vir a ser
pertinentes para a aplicação e condução do PO Ambiente 2000-2006, em análise.

Em primeiro lugar, o estabelecimento de objectivos e metas realistas é absolutamente


fundamental nestes programas. Em 1993, o Governo de então estabeleceu, nesta matéria,
metas demasiado ambiciosas para o periodo 1994-1999. Recorde-se que o Programa
Ambiente, em combinação com outros investimentos de âmbito nacional e regional,
deveria concorrer para atingir até 1999 os seguintes objectivos:

- população com sistemas de abastecimento de água – 95%

- população com colecta e tratamento de águas residuais – 90%

- população atendida com recolha e tratamento de resíduos urbanos – 98%;

- carga poluente industrial convenientemente tratada – 80%;

- território classificado como área protegida – 8%

Veremos no próximo capítulo que na maioria destes aspectos, as metas alcançadas


ficaram muito aquém das enunciadas sem que se possam atribuir responsabilidades,
unicamente, à condução do programa. Por melhor que os recursos pudessem ter sido
aplicados ficariam muito aquém das necessidades de investimento que tais metas
necessariamente comportariam. E não devemos esquecer que o PA 1994-1999 dispunha
apenas de cerca de 70 milhões de contos (350 milhões de Euros) na sua globalidade.

Pelo contrário, a estrutura do programa revelou-se genericamente adequada, evidenciando


uma eficaz articulação entre objectivos operacionais e objectivos específicos de cada uma
das acções previstas. A estrutura do programa traduzia uma lógica interna coerente,
adaptada à concretização dos grandes objectivos que, por sua vez, correspondiam às
principais disfunções ambientais e carências infraestruturais sentidas em Portugal, á data
de arranque do programa. Estas conclusões apontam para a pertinência de soluções de
114
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

continuidade, de articulação, mas também de evolução e inovação entre a gama dos


objectivos anteriormente considerados e a nova grelha ou tipologia de objectivos / apostas
contempladas pelo novo PO Ambiente. No capítulo terceiro deste relatório retomaremos
esta discussão.

A avaliação respeitante à coerência externa com outras fontes de financiamento na área do


Ambiente – Fundo de Coesão, Intervenções Operacionais Regionais e Programas de
Iniciativa Comunitária – concluiu que o PA permitiu estabelecer pontos de contacto e
complementaridades relevantes e oportunas. A formulação do PO Ambiente 2000-2006
deverá, assim, dar particular atenção e continuidade a estes aspectos.

A avaliação intercalar levantou, no entanto, dúvidas quanto à capacidade do PA


concretizar cabalmente os seguintes três objectivos estratégicos:

“a conservação e valorização do património natural, com especial destaque para as áreas


protegidas e a orla costeira”;

“a mobilização do interesse da sociedade pela conservação do ambiente, dotando


simultaneamente o País de melhores meios de monitorização da qualidade do ambiente
nas suas múltiplas facetas”;

“a melhoria da gestão nacional dos recursos hídricos que, em virtude do seu carácter
estruturante, modelam políticas de desenvolvimento e influenciam outros domínios do
Ambiente”.

Não será certamente por acaso que estes três objectivos foram retomados no PO Ambiente
2000-2006, como veremos no capítulo terceiro.

Um outro aspecto considerado crítico na avaliação intercalar do PA foi a alegada falta de


visibilidade do programa. Esta questão era vista como o resultado simultâneo de vários
factores, entre os quais:

• a reduzida dimensão financeira do programa face ao Fundo de Coesão e aos IOs


Regionais,

• a tramitação encontrada para os projectos industriais que recebiam, via PEDIP, apoio
do PA, sem que muitos dos destinatários finais se apercebessem de onde provinham
os fundos, e

• facto dos fundos do PA se misturarem com outras fontes de receita, colmatando


défices de organismos da administração central ligados ao Ministério do Ambiente,
permitindo, por esta via, suprir as dificuldades de execução de projectos já iniciados

115
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ou previstos. Note-se que a reduzida dimensão financeira do programa favorecia este


tipo de intervenção complementar.

Outras críticas foram ainda tecidas respeitantes à concepção dos regulamentos e sua
aplicação, nomeadamente quanto aos critérios de selecção dos projectos. Estas críticas, no
entanto, não se afiguram pertinentes para a natureza desta avaliação ex-ante em que, mais
do que tudo, importa reflectir, nesta fase de pré-arranque, sobre as grandes questões da
concepção geral do programa, os seus objectivos e os meios financeiros propostos.

Pode, no entanto, ler-se no relatório da avaliação intercalar:

“Pese embora estas críticas, as realizações do PA tiveram, apesar das dotações


relativamente modestas face à dimensão dos grandes problemas nacionais na área do
ambiente, efeitos de correcção sensíveis, quer a nível das áreas intervencionadas da faixa
costeira, linhas de água e áreas protegidas, quer a nível da elevação qualitativa e
quantitativa dos níveis de serviço das infraestruturas ambientais de saneamento,
abastecimento de água e tratamento e deposição de resíduos sólidos urbanos.”

Do conjunto das recomendações então apresentadas, a maioria das quais dirigidas para os
processos de selecção, tramitação e acompanhamento dos projectos contemplados pelo
programa, permitimo-nos seleccionar as seguintes:

“Reforçar os mecanismos de apoio técnico à estrutura de gestão do PA, não só tirando


partido das disponibilidades presentes na Medida 4 do programa que permitirão a
elaboração de estudos especializados e a contratação de consultorias específicas, como
envolvendo mais directamente as estruturas regionais do MA na apreciação técnica de
candidaturas, controlo, acompanha-mento no terreno e auditoria das realizações do
Programa.”

“Fomentar uma maior intervenção da sociedade civil e em particular das ONGs em


projectos de formação e informação ambiental (Medida 3).”

“Melhorar a articulação entre os diversos apoios financeiros (em particular PA – FC e


PA – IOs Regionais) a projectos de cariz ambiental, no que respeita à sua natureza,
dimensão, localização e complementaridade técnica e funcional.”

“Reforçar os meios financeiros do PA no sentido de permitir uma maior aproximação do


nível de realizações aos objectivos fixados no II QCA, e às prioridades do actual governo
com a apresentação do Programa das ETARs, do programa P.E.R.S.U. e dos Programas
Integrados nas Áreas Protegidas.”

116
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

“Promover a apresentação de projectos no domínio do ambiente urbano que vão para


além da mera infraestruturação dos espaços urbanizados no sentido de uma verdadeira
qualificação do quadro de vida dos cidadãos.”

Sendo certo que algumas destas recomendações mantêm a sua pertinência, retomaremos o
seu teor aquando da análise da concepção geral e estrutura proposta para o novo PO
Ambiente.

117
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Capítulo 2 - Análise do Contexto de Intervenção

1 Introdução

De acordo com as orientações metodológicas e as recomendações da Comissão Europeia /


DG XVI, referenciadas anteriormente (ver introdução ao relatório), este capítulo deverá
proporcionar uma leitura da evolução das variáveis caracterizadoras dos grandes domínios
contituintes do ambiente e recursos naturais em Portugal, por forma a situar e
contextualizar o arranque do PO Ambiente. Esta contextualização irá permitir evidenciar
um conjunto de lacunas e potencialidades, às quais o PO deverá responder, tendo como
base uma estratégia, a definição de objectivos e de prioridades de intervenção.

2 Níveis de infraestruturação ambiental básica

Os quadros seguintes sintetizam a evolução ao longo da década de 90, e a situação actual


do país com base em dados publicados pelo Ministério do Ambiente (MA, 1998)
estimados para o ano de 1999, tendo em conta a conclusão das obras até ao final do ano
de 1999. Os valores, em percentagem, indicam os níveis de atendimento globais para as
diversas regiões do Continente, efectivamente alcançados, e as variações médias anuais
nos periodos 1990-1995 e 1995-1999.

Quadro 2.1. Abastecimento de Água (%, %/ano)

Ano /Var. média anual Norte Centro LVTejo Alentejo Algarve Continente
1999 78 95 99 94 91 90
1995 70 84 97 89 82 84
1990 65 68 92 83 82 77
2.0 2.8 0.5 1.3 2.3 1.5
Var. méd. Anual 95-
99
Var. méd. Anual 90-95 1.0 3.2 1.0 1.2 0.0 1.4

Quadro 2.2. Drenagem de Águas Residuais (%, %/ano)


Ano /Var. média anual Norte Centro LVTejo Alentejo Algarve Continente
118
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

1999 59 71 89 85 84 75
1995 44 52 86 83 68 63
1990 36 39 79 69 76 55
3.8 4.8 0.8 0.5 4.0 3.0
Var. méd. Anual 95-
99
Var. méd. Anual 90-95 1.6 2.6 1.4 2.8 1.6 1.6

Quadro 2.3. Tratamento de Águas Residuais Urbanas (%, %/ano)


Ano /Var. média anual Norte Centro LVTejo Alentejo Algarve Continente
1999 61 61 79 81 92 70
1994 12 30 47 58 60 32
1990 11 18 26 32 37 21
Var. méd. Anual 94-99 9.8 6.2 6.4 4.6 6.4 7.6
Var. méd. Anual 90-94 0.3 3.0 5.3 6.5 5.8 2.8

Quadro 2.4. Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (%, %/ano)


Ano /Var. média anual Norte Centro LVTejo Alentejo Algarve Continente
1999 92 96 100 51 100 94
1997 46 15 66 14 20 24
1990 - - - - - -
23.0 40.5 17.0 18.5 40.0 35.0
Var. méd. Anual 97-
99
Var. méd. Anual 90-97 6.6 2.1 9.4 2.0 2.9 3.4

As duas últimas linhas de cada quadro representam comparativamente o esforço de


investimento efectuado na primeira e na segunda metade da década de 90. Representam
ainda o esforço de convergência, no plano nacional, entre as regiões melhor e pior
servidas no que respeita a estas infraestruturas básicas ambientais.

No caso do quadro 2.4., a variável tratamento de resíduos sólidos urbanos reporta-se


apenas a tratamentos considerados adequados, isto é que envolvam a incineração, a
deposição em aterro ou a compostagem. Não existem valores disponíveis para o início da
década tendo em conta este critério, no entanto crê-se que fossem muito próximos de zero
(MA, 1998). Neste caso optamos por incluir, a par dos dados actuais, os dados de 1997,
considerados valores de referência para o PERSU (Plano Estratégico de Resíduos Sólidos
Urbanos). Deste modo, os valores apresentados para as variações médias anuais no
periodo 1990-1997 deverão ser considerados com fortes reservas. Incluem-se neste
relatório a título meramente indicativo.
119
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Começando por considerar, nos quadros 2.1. a 2.4., os valores globais para o Continente,
poder-se-á desde logo concluir que o esforço de melhoria dos níveis de atendimento das
infraestruturas em análise tem sido tendencialmente proporcional à magnitude das
necessidades detectadas. Com efeito, aquele esforço tem sido muito maior para o
tratamento dos resíduos sólidos urbanos onde, como referimos anteriormente, se parte
quase do zero em 1990, do que para os sistemas de abastecimento de água que, no
extremo oposto, apresentavam já em 1990 uma taxa de cobertura de 77% (em termos
médios europeus esta era ainda uma taxa muito modesta).

Se compararmos as evoluções registadas nas duas metades da década de 90 é notória a


aceleração imprimida na segunda metade (94/95-99) num esforço de aproximação aos
padrões médios europeus. No plano interno, este esforço revela-se, tal como no periodo
anterior, globalmente proporcional ao nível de carências para cada uma das infraestruturas
analisadas. Note-se que este tipo de raciocínio, sobre valores efectivos de níveis de
atendimento, tem vantagem sobre a mera consideração dos esforços financeiros
efectuados, já que estes são, em valores unitários per capita, muito diferentes de
infraestrutura para infraestrutura.

Os dados patentes nestes quadros, representam um assinalável esforço de convergência,


levado a cabo nos últimos anos. No entanto detectam-se ainda fortes carências e
assimetrias, quer no balanço comparativo das infraestruturas analisadas, quer nos níveis
de atendimento regionais. Assim, os valores globais para o Continente revelam que ainda
cerca de 2.5 milhões de portugueses entraram no ano 2000 sem poder beneficiar de um
sistema público de drenagem de águas residuais, aumentando aquele valor para cerca de 3
milhões, se se considerar o efectivo tratamento dos efluentes domésticos.

Por regiões, o Norte apresenta as maiores carências nestes domínios, sendo de destacar a
elevada percentagem da sua população (cerca de 22%) sem abastecimento de água ao
domicílio, ou os ainda 41% sem sistemas de colecta de efluentes domésticos. Na região
Centro, regista-se o baixo nível de tratamento de águas residuais, com uma população
carenciada da ordem de 39%, valor aliás idêntico ao registado na região Norte. Na região
de Lisboa e Vale do Tejo este valor desce para 31%, não deixando, no entanto de ser
significativo, tanto mais que ao nível do tratamento de resíduos sólidos urbanos, pelo
contrário, a cobertura é total, aliás como na região do Algarve. A região do Alentejo
contrasta pela negativa com uma elevada carência de tratamento dos seus RSUs. Cerca de
apenas 51% da população se encontrava servida por adequadas infraestruturas no final de
1999.

120
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Se às carências quantitativas, que temos vindo a referir, associarmos as carências


qualitativas dos sistemas em operação, então fácil será concluir que os próximos sete anos
terão ainda de mobilizar significativos investimentos, sendo certo que será possível, com
realismo, ambicionar-se, no termo do periodo considerado, alcançar a plena satisfação das
necessidades básicas da população em infraestruturação ambiental. O desafio da garantia
da qualidade do funcionamento dos sistemas deverá intensificar-se através de uma
particular atenção prestada às actividades de exploração, gestão, controlo e monitorização.

No que respeita aos resíduos sólidos urbanos, a evolução registada no país nos últimos
três anos foi considerável, como já salientamos anteriormente, com regiões como o
Algarve e a Região de Lisboa e Vale do Tejo a atingirem o pleno da satisfação das
necessidades identificadas.

No entanto, com uma produção média anual a crescer ao ritmo de 3% ao ano, torna-se
cada vez mais importante dar a devida atenção ao desafio do aumento significativo dos
actuais níveis de reciclagem e valorização, em que os números oficiais (contidos,
nomeadamente, em MA, 1999, a propósito da reciclagem do papel e do cartão) são ainda
muito modestos por padrões europeus. Excepção a mencionar será o significativo
aumento da reciclagem do vidro que, em percentagem do seu consumo, passou de 26.8%
em 1990 para os 44.0% em 1997. Ainda assim, este valor é bastante baixo por padrões
médios europeus.

A articulação com os investimentos de âmbito estritamente municipal, terá que se


intensificar, para não atingirmos situações verdadeiramente indesejáveis como parecem
poder despontar de capacidades instaladas não totalmente potenciadas por carências dos
sistemas a montante ou a jusante. A aparente discrepância entre os valores dos níveis de
atendimento na região Norte dos sistemas de drenagem de efluentes domésticos e do
respectivo tratamento poderá ser disso indício. Com efeito, os últimos dados para esta
região apontam para uma capacidade instalada de tratamento de efluentes urbanos de 61%
já superior à capacidade de recolha dos mesmos efluentes que se cifrava em 59%.

Face ao padrão de povoamento disperso em boa parte do território nacional, e muito


particularmente nas regiões Norte e Centro, as carências de infraestruturação ambiental
acima apontadas irão implicar investimentos unitariamente mais elevados, já que as
anteriores prioridades de dotação das infraestruturas privilegiaram, numa lógica de
custo/benefício, as maiores nucleações urbanas, tendencialmente localizadas sobre a faixa
litoral. Será assim de prever a adopção de soluções tecnicamente menos comuns ou
mesmo inovadoras para atender à escala reduzida de muitos dos sistemas que ainda falta
construir.

121
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3 Resíduos

Na categoria genérica de resíduos, incluem-se para além dos resíduos sólidos urbanos
tratados no ponto anterior, os resíduos hospitalares e os resíduos industriais, sejam estes
banais ou perigosos. Os resíduos hospitalares compreendem, como se sabe, não apenas os
resíduos gerados em unidades hospitalares ou similares, como clínicas ou centros de
saúde, mas também os gerados em consultórios, laboratórios, ou unidades de tratamento
de animais.

Particular atenção deverá ser dada aos sistemas de recolha, transporte e tratamento final
dos resíduos hospitalares do tipo III e IV, classificados de acordo com a legislação
nacional como resíduos perigosos e específicos, respectivamente. Conjuntamente a sua
produção anual já ultrapassa pelo largo as 4000 toneladas/ano em regiões como a Norte e
a de Lisboa e Vale do Tejo, ou mesmo as 2000 toneladas/ano na Região Centro.

A produção anual de resíduos industriais perigosos estimava-se em cerca de 125 mil


toneladas, a justificarem tratamentos diversos, nomeadamente aterro, incineração, ou
tratamento fisico-químico. Quanto aos resíduos não perigosos os últimos dados
disponíveis apontavam para que a sua produção já ultrapassasse os 16 milhões de
toneladas/ano. Os níveis de reciclagem e valorização são ainda comparativamente baixos,
mas tem-se vindo a incrementar em anos mais recentes. Excepção a mencionar será o
espectacular aumento, aparentemente regular e sustentado, dos óleos usados recolhidos
que, em percentagem do seu consumo, passaram de uns meros 2.6% em 1990 para os
48.3% em 1997 (MA, 1999).

4 Recursos Hídricos

De acordo com um trabalho já realizado há alguns anos (MARN, 1993) mas que a este
respeito se encontra actualizado dado que os recursos hídricos de um dado território não
se alteram significativamente dentro de uma escala geracional, Portugal apresentava
disponibilidades em água superiores em cerca de três vezes a média dos restantes países
da União Europeia.

122
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Os caudais provenientes de Espanha, via rios Tejo, Douro e Guadiana, representavam


mais de metade (cerca de 55%) das disponiblidades hídricas de superfície. No entanto, as
águas subterrâneas, que não chegam a 7.5% das disponibilidades totais, ainda há uma
década atrás, início dos anos 90, eram responsáveis por 80% do consumo total. Este valor
terá tendência para descer com a entrada em funcionamento, a breve trecho dos sistemas
multimunicipais de abastecimento de água em alta às zonas mais populosas e
industrializadas do território nacional. Actualmente já se deverá aproximar dos 60%.

Com as perspectivas de a curto prazo se resolverem definitivamente as grandes carências


de abastecimento de água e drenagem e tratamento dos efluentes domésticos, importará,
no domínio dos recursos hídricos, orientar esforços para a valorização e recuperação
ambiental dos aquíferos, águas superficiais, em particular a rede hidrográfica principal,
zonas estuarinas e a faixa costeira.

O potencial de água disponível varia muito entre as cinco regiões administrativas do


Continente. Tendo como base o trabalho da DGRN (1992), cerca de 40.5% das
disponibilidades correspondem à Região Norte, 25% cabem à Região Centro, semelhante
valor, 24%, regista-se para a Região de Lisboa e Vale do Tejo, enquanto o Alentejo se
fica pelos 7% e o Algarve pelos 3,5%. Globalmente o balanço entre disponibilidades e
consumos é, naturalmente, favorável, com um saldo positivo de 9 mil milhões de metros
cúbicos (diferença entre 16 mil milhões de m3 de fornecimento e 7 mil milhões de m3 de
consumos).

No entanto é a variabilidade territorial e sazonal que está na origem de grande parte dos
problemas que neste domínio ainda se fazem sentir em Portugal. Por exemplo, regista-se
uma elevada carência no Alentejo com um balanço hídrico anual negativo de 58%.

O aumento das capacidades de armazenagem, possível com a construção de


aproveitamentos hidráulicos, é fundamental para reequilibrar estes balanços. Em
simultâneo, permitirá reduzir a pressão sobre os aquíferos subterrâneos. As situações
pontuais de défice dos aquíferos situam-se tendencialmente no litoral e tem provocado
alguns fenómenos localizados de salinização.

Sendo difícil a avaliação global da qualidade da rede hidrográfica nacional a partir dos
postos de medição da qualidade das águas superficiais existentes, tomaremos os
resultados apresentados em MA (1999) respeitantes a 16 estações de amostragem
significativas distribuídas pelo país. Cerca de 38% das estações indicavam águas muito
123
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

poluídas (classe D), enquanto 43% se situavam na classe C (poluído, águas de aceitável
qualidade) e 19% águas fracamente poluídas (classe B).

Os problemas graves de poluição hídrica tendem a circunscrever-se em torno das grandes


concentrações industriais e urbanas, sendo que a progressiva dotação de infraestruturas de
tratamento e as transformações do tecido produtivo industrial terão tendência para, em
conjunto, diminuirem as pressões sobre os recursos hídricos superficiais. Estimativas
apontavam (ver Relatório Final da Avaliação Intercalar da IO Ambiente de 1997) para
cerca de 25% do comprimento da rede hidrográfica principal ser classificada como
mediana a muito poluída. No total da água armazenada em albufeiras, 40% está no estado
oligotrófico e 20% no estado eutrófico. Em 40% das massas lênticas já se deu início ao
processo de eutrofização.

Para além destes aspectos, ainda se verificam situações francamente anómalas como as
detectadas a nível da qualidade das águas balneares interiores. Apenas em cerca de 25%
dos casos analisados se verificou conformidade com os níveis estabelecidos na legislação
(MA, 1999). Pelo contrário, a nível das águas balneares costeiras, a situação é, felizmente,
inversa, com cerca de 90% dos locais analisados apresentando parâmetros de qualidade
conformes com as exigências da legislação.

A entrada em funcionamento de sistemas de drenagem e tratamento de efluentes


domésticos tem vindo a ser responsável por uma significativa melhoria da qualidade das
águas costeiras, nomeadamente na Costa do Estoril (sistema multimunicipal SANEST) e
ao longo da costa algarvia. Recentemente, entrou em funcionamento a primeira fase do
sistema da Ria de Aveiro (SIMRIA) que, certamente, produzirá efeitos positivos na faixa
costeira da Região Centro e, sobretudo, permitirá aliviar em grande medida a carga
poluente descarregada directamente na Ria de Aveiro.

No futuro próximo, deveremos assistir no domínio dos recursos hídricos, como aliás em
outros domínios do ambiente, ao fortalecimento das acções de planeamento, gestão,
controlo e monitorização tendo em conta o esforço de preparação e implementação dos
POOCs (Planos de Ordenamento da Orla Costeira) e dos PBH (Planos de Bacia
Hidrográfica) que, contribuintes para o Plano Nacional da Água, cobrirão integralmente o
país. Os Planos de Ordenamento da Orla Costeira, que entrarão em vigor a breve trecho,
destinam-se a regulamentar o uso do solo numa faixa até 500 metros do limite da máxima
preia mar, ao longo de toda a costa portuguesa.

Quanto aos Planos de Bacia Hidrográfica, a sua preparação tem sofrido alguns atrasos, em
parte motivados pela complexidade, extensão e profundidade de tratamento dos diversos
124
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

temas por eles abrangidos. No entanto, todos estarão de acordo que será urgente dar por
terminado este exercício, para se passar á indispensável gestão integrada dos recursos
hídricos nacionais, tendo como base um sólido exercício de planeamento assente sobre a
geografia das bacias hidrográficas.

5 Ar, Clima e Ruído

Tendo por base o último relatório disponível do Estado do Ambiente em Portugal, (MA,
1999) em que é feita uma análise estatística das séries climatológicas longas da
tenperatura média do ar em Portugal, no periodo 1931-1997, é possível concluir que desde
1972 se tem vindo a verificar uma clara tendência crescente dos valores da temperatura
média anual à superfície, apresentando-se o último ano em análise (1997) como o mais
quente dos últimos 67 anos, com uma temperatura média anual de 16.57ºC. Note-se que
esta temperatura é superior nuns significativos 1.58ºC à média verificada entre 1961-
1990.

No que respeita à precipitação os dados também são inequívocos, apontando desta vez
para uma redução gradual da precipitação média anual, em particular à custa da
diminuição da precipitação na Primavera e no mês de Março, a partir de 1964, em todas as
regiões do país, mas com maior intensidade nas regiões da Beira Interior e do Alentejo.

No que respeita ao fenómeno da desertificação, a cartografia da relação entre a


precipitação anual e a evapotranspiração potencial de Penman aponta para uma incidência
deste fenómeno nas regiões do Alentejo e Algarve e na região mais interior de Trás-os-
Montes e nas Beiras Alta e Baixa, nestes casos numa estreita faixa sobre a fronteira com a
vizinha Espanha.

A conjugação das alterações climáticas atrás referidas, poderá traduzir-se a médio-longo


prazo em significativos impactes negativos ao nível das disponibilidades hídricas e, por
esta via, na produção de energia, na capacidade assimilativa dos meios hídricos receptores
naturais de efluentes, e naturalmente na própria agricultura.

Globalmente, as emissões poluentes atmosféricas, nomeadamente contribuintes para o


efeito de estufa, como o CO2, situam-se per capita muito abaixo dos níveis médios
europeus. Na generalidade, e à excepção de alguns epísódios localizados de poluição
urbana, a resultante qualidade do ar em Portugal é francamente boa. A este facto não

125
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

serão estranhos os baixos consumos energéticos per capita, correspondentes a cerca de


metade dos valores médios europeus.

Dados publicados para o periodo de 1990 a 1995 permitem concluir que, de entre os
diversos parâmetros analisados, se tem verificado um ligeiro aumento das emissões de
NOx e COVNM. No que respeita ao CO2 verifica-se que 60% das emissões provêm de
instalações de combustão, enquanto que relativamente ao CO, 60% das emissões provêm
dos transportes. O NOx resulta das emissões dos transportes rodoviários (45%), de outras
fontes móveis (20%) e da combustão (30%). Quanto aos COVNM, 50% provêm da
agricultura. Finalmente, no que se refere às emissões de SO2, 83% provêm de instalações
de combustão (dos quais 60% para produção de energia) (MA, 1999).

A população portuguesa tem vindo a ser progressivamente alertada para os malefícios de


exposições prolongadas a elevados níveis de ruído, seja de forma voluntária ou
involuntária. O ruído é dos sectores do ambiente em que se tem registado o maior número
de reclamações, embora os dados mais recentes apontem para uma certa estabilização do
volume anual de reclamações apresentadas, rondando as 600 a 700 reclamações anuais.
Dados sobre a incidência deste descritor ambiental apontam para cerca de 30% da
população portuguesa sujeita a níveis de ruído de origem automóvel no periodo diurno
iguais ou superiores a 55dB(A), MA (1999). Infelizmente o aumento generalizado de
tráfego automóvel, conjugado com os padrões de desenvolvimento urbano prevalecentes,
não apontam, antes pelo contrário, para a diminuição daquela percentagem de população
afectada, no curto/médio prazos.

126
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

6 Conservação da Natureza e Recursos Biológicos

Não sendo praticável, num capítulo como este, abordar de modo exaustivo os valores
biológicos que o país possui optamos por sintetizar alguma da informação contida em
textos de referência e que, de forma quantificada poderão dar uma ideia global da
importância de Portugal para a conservação da natureza num contexto europeu.

De cerca de 3 000 espécies de flora vascular, incluindo 86 endemismos lusitanos, 10%


necessitam de medidas de protecção, quer porque são raras, vulneráveis, ou em perigo de
extinção. Quanto à fauna, o país é rico e diversificado por comparação com outros países
europeus. Nos mamíferos, 40 em 90 espécies encontram-se de alguma forma ameaçadas.
Nos peixes temos 21 espécies ameaçadas em 39 identificadas (nas quais se registam 28
espécies autóctones). Nos répteis e anfíbios, os valores para espécies ameaçadas e não
ameaçadas são de 9 e 20, e 2 e 15, respectivamente. Finalmente quanto às aves, registam-
se 89 espécies ameaçadas para 211 não ameaçadas. Refira-se que das 300 espécies que
ocorrem no Continente, 293 tem estatuto de protecção (ver MA, 1999).

As chamadas Áreas Classificadas incluem todo um conjunto de espaços que se destacam


pelo valor patrimonial natural. Nesta denominação geral temos:

• a Rede Nacional de Áreas Protegidas

• os Sítios da Lista Nacional da Directiva Habitats

• as Zonas de Protecção Especial da Directiva Aves

• as Reservas da Biosfera do Programa MAB da UNESCO

• as Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa

• as Zonas Húmidas da Convenção de Ramsar

127
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

A Rede Nacional de Áreas Protegidas, inclui:

• 1 Parque Nacional

• 11 Parques Naturais

• Reservas Naturais

• 5 Monumentos Naturais

De acordo com o documento de apresentação da Estratégia Nacional de Conservação da


Natureza e Biodiversidade (MA, 1999), existem ainda 10 Sítios Classificados que não
foram reclassificados e 3 paisagens protegidas cuja gestão nunca chegou a transitar para
as autarquias locais. Em 1998, foi criado o conceito de Reserva Marinha e estabelecidas
as primeiras duas reservas marinhas: a Reserva Marinha da Reserva Natural das Berlengas
e a Reserva Marinha do Parque Natural da Arrábida.

Merece ainda destaque o conjunto das 18 ZPEs estabelecidas em cumprimento da


Directiva Aves, e os 31 sítios, correspondentes à primeira fase da lista nacional de sítios
definidos em cumprimento da Directiva Habitats, cobrindo uma área de cerca de 1 138
650ha, ou seja 12,8% do território nacional.

No seu conjunto, a Rede Nacional de Áreas Protegidas, cobre uma superfície total de 665
milhares de hectares, ou seja 7.5% do território nacional (MA, 1999). Nesta área habita
uma população da ordem das 200 000 pessoas (MA, 1998). Recorde-se que em 1997, a
totalidade das áreas protegidas do Continente não ultrapassava os 511 milhares de
hectares, ou seja, então não ultrapassava 5.8% do Continente.

O alargamento da rede, em anos recentes, foi de facto significativo. No entanto, num


território com uma forte tradição de povoamento, mais que aumentar ou discutir a
percentagem de área com estatuto especial de protecção importa dotar as diversas figuras
de protecção dos instrumentos e meios adequados à gestão da conservação da natureza.
Esta posição é tanto mais justificada quanto a Rede Natura 2000 se encontra em fase de
implementação. Atendendo às suas próprias características e funções, a Rede Natura 2000
deverá desempenhar um papel complementar relativamente à rede nacional de áreas
protegidas.

128
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Deste modo, o planeamento e gestão da conservação da natureza apresentam-se como os


grandes desafios para os próximos anos. Em simultâneo, dever-se-á dar novo alento à
criação de áreas de protecção de âmbito regional e local em estreita articulação com os
municípios e associações de municípios. A este nível de intervenção assume igual
importância a mobilização da Reserva Ecológica Nacional (REN), encontrando, pela
positiva, um papel e finalidade para os territórios que integram esta reserva, e que se
estima que para as várias regiões do país oscile entre os 40% e os 60% do território
nacional. Como é sabido, uma regulamentação restritiva tem fomentado o seu abandono,
com evidentes prejuízos para as economias locais e para o próprio ambiente.

Em particular importa rapidamente harmonizar o regime jurídico da REN com o Domínio


Público Hídrico (DPH), dado que estes conceitos sobrepôem-se geograficamente com
frequência, e continuam a utilizar instrumentos de gestão distintos. Na prática, em vez de
vermos reforçados os seus mecanismos de implementação, verificamos o seu progressivo
enfraquecimento, fruto das contraditórias disposições actuais, que acabam por ser
exploradas habilmente por interesses organizados no seu uso ou ocupação. Excusado será
dizer que se trata de faixas particularmente atractivas do território nacional sobre as quais
se exercem elevadas pressões de desenvolvimento.

Note-se que, no que respeita à REN, e apesar do seu carácter restritivo já referido, não
estará em causa o objectivo inicial de protecção dos cursos de água, cabeceiras de linhas
de água e áreas de máxima infiltração, praias, dunas, sapais, zonas declivosas, etc. O que
está em causa, fundamentalmente, tem sido o modo diverso e frequentemente
contraditório como os diversos municípios, às vezes vizinhos, tem interpretado o quadro
legal actual e delimitado as suas áreas de reserva.

A ausência de coordenação central e orientações técnicas emanadas do nível nacional é


também preocupante e explicará em parte os resultados pouco animadores alcançados até
à data. Basta darmo-nos ao cuidado de reunir numa mesma carta umas tantas RENs de
municípios adjacentes para, quase invariavelmente, se verificar que se encontra uma
manta de retalhos, que dificilmente poderá alguma vez servir de suporte a uma estratégia
de conservação da natureza com um mínimo de eficácia e coerência.

Por outro lado, o carácter extraordinariamente restritivo do regime da REN, acaba por
conduzir ao abandono de extensas superfícies do território nacional, sem qualquer
interesse, inclusivé para a conservação da natureza. À REN acabam por só ser atraídos
usos indesejáveis, de génese ilegal, como sejam despejos de sucatas, resíduos, lixos
diversos, etc.

129
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Para além da óbvia necessidade de se requacionar o papel da REN, o que estará em causa
nos próximos anos será o desafio do planeamento e gestão das áreas classificadas. Para
efeitos desta avaliação ex-ante é este o aspecto essencial no capítulo da conservação da
natureza.

É verdade que em anos recentes se tem feito um esforço significativo no arranque de


várias figuras de planeamento, como os Planos de Ordenamento da Orla Costeira, os
Planos de Ordenamento de Albufeiras ou, os mais ambiciosos Planos de Bacia
Hidrográfica. Nota-se contudo que os processos tem sido bastante morosos, não apenas
nas fases iniciais de preparação técnica, mas sobretudo nas fases mais burocratizadas de
apreciação e aprovação. Por outras palavras este esforço de planeamento estará ainda
longe de estar concluído e, certamente, ir-se-á projectar no periodo de vigência do QCA
III.

Por outro lado, não bastará preparar e fazer aprovar planos de ordenamento para dotar a
estratégia de conservação da natureza de coerência e eficácia. Importará investir, em
simultâneo, nos meios e instrumentos de gestão por forma a dar efectivo corpo àquela
estratégia no terreno. A este nível, o Programa Operacional do Ambiente poderá ter um
papel essencial e insusbtituível.

7 Ambiente Urbano

São muito escassos e dispersos os dados que nos permitam caracterizar o estado do
ambiente urbano nas principais cidades e áreas metropolitanas do Continente. De um
ponto de vista das principais disfunções ambientais, encontramos nas áreas urbanas, a
nível do ruído e da poluição atmosférica, os maiores problemas, em particular nos dois
espaços metropolitanos do Continente. Não é conhecido o número de residentes que
suportam níveis de ruído acima dos valores recomendados, nem as concentrações de
poluentes nas principais artérias das cidades. As redes de monitorização do ar existentes
apresentam um conjunto de resultados dispersos, sobre uma malha muito alargada, que
não nos permite responder quantitativamente ao desafio da caracterização daquelas
variáveis.

130
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

No entanto, a julgar pelos crescentes volumes de tráfego, especialmente do tráfego


automóvel particular, haverá certamente inúmeros pontos dos tecidos urbanos com níveis
preocupantes de poluição. Entretanto este recurso crescente ao automóvel particular como
meio de deslocação nas grandes cidades portuguesas, faz-se em detrimento dos sistemas
de transportes públicos.

É preocupante o modo como, em anos recentes, se tem verificado uma redução constante
e acentuada do volume total de passageiros nos transportes rodoviários e ferroviários nas
Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, levando aos actuais níveis de constante
congestionamento do tráfego. Este será, talvez, o principal problema de poluição do
ambiente urbano em Portugal, tanto mais que a recomposição funcional e territorial dos
espaços metropolitanos tem levado à crescente necessidade de geração de mais e maiores
percursos casa-trabalho. Referimo-nos à acentuada perda de residentes nos centros de
Lisboa e Porto, fenómeno que começa também a evidenciar-se em cidades de média
dimensão, e que, sendo compelidos para a periferia suburbana, acabam por continuar a
depender e deslocar-se diariamente para o centro onde continuam a encontrar os seus
postos de trabalho. Neste sentido, as políticas de revitalização e reabilitação urbanas
poderão constituir efectivas políticas de ambiente em espaço urbano.

Mas as questões do ambiente urbano não se esgotam nos problemas de poluição


atmosférica e do ruído, para também abarcarem a conservação da natureza em espaço
urbano. A promoção da qualidade do ambiente urbano não passa, como alguns parecem
fazer crer, por investimentos em mobiliário urbano ou intervenções de mera qualificação
estética e urbanística. Importa garantir a sustentabilidade ambiental destes espaços,
nomeadamente promovendo o aparecimento ou a requalificação dos espaços verdes, não
numa lógica parcelar de parques e jardins, mas numa lógica de funcionamento
ecossistémico, em que se privilegiam os atravessamentos dos espaços urbanos por
corredores verdes, pondo em contacto directo a cidade com o espaço rural e natural
envolvente.

A julgar pela generalizada pobreza do tratamento das questões ambientais nos


documentos base de gestão dos espaços urbanos de que dispomos actualmente, dos quais
se destacam os Planos Directores Municipais, importará avançar rapidamente para a
preparação de Agendas Locais 21, ou Estratégias Municipais de Sustentabilidade e
Requalificação Ambiental, que promovam a valorização do capital natural em espaço
urbano e cujas propostas e iniciativas possam ser vertidas em documentos de gestão
urbanística com efectivas consequências no território, como os Planos de Urbanização e
de Pormenor. A actual configuração do Ministério do Ambiente e Ordenamento do
Território trás, á partida, um novo alento à prossecução desta necessária aproximação
entre ambiente e urbanismo.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

8 Síntese

Os quadros que se seguem apresentam, para os principais sectores ou domínios da política


de ambiente, os pontos considerados fortes e fracos, bem assim como as respectivas
potencialidades, tendo em atenção as especificidades do suporte biogeofísico nacional, as
características dos processos de desenvolvimento económico e social e as respostas da
administração ambiental, através de medidas de política e dos instrumentos
regulamentares que tem vindo a ser seguidos.

132
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 2.5. Resumo dos Pontos Fortes Identificados

Descritor ambiental Pontos Fortes

Recurso Ar e Clima - Baixos níveis globais de emissões


- Reconversão do tecido industrial

Recursos Hídricos - Disponibilidades globais


- Crescentes níveis de infraestruturas de abastecimento e saneamento
- Dinâmica costeira

Ruído - Fontes fixas pouco numerosas

Recursos Biológicos - Riqueza, diversidade, endemismos

Conservação da Natureza - Rede consolidada de áreas protegidas


- Rede Natura 2000

Solos - Riqueza e diversidade


- existência da REN e da RAN
- baixo consumo de solo urbano

Resíduos - Infraestruturação em curso


- Baixos níveis de capitação
- Incidência relativa reduzida de resíduos perigosos

Infraestruturação - Aumentos substâncias dos níveis de atendimento


nos últimos anos

Ambiente Urbano - Rede de cidades médias em processo de consolidação


- Tecidos urbanos dos centros históricos

Educação e Sensibilização - Sistema educativo em expansão


- Presença forte de acções de educação ambiental (jovens)

133
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 2.6. Resumo dos Pontos Fracos Identificados

Descritor ambiental Pontos Fracos

Recurso Ar e Clima - Transportes nas áreas metropolitanas


- Dependência dos transportes rodoviários
- Aumento dos níveis de motorização

Recursos Hídricos - Variabilidade espacial e temporal dos recursos


hídricos
- Dispersão das fontes de poluição
- Pressões sobre o Litoral
- Consumo crescente

Ruído - Tráfego automóvel,


- Desenvolvimento urbano

Recursos Biológicos - Existência de espécies ameaçadas

Conservação da Natureza -Estruturas e instrumentos de gestão em fase de


desenvolvimento

Solos - Focos pontuais de contaminação (passivo ambiental)


- Erosão dos solos
- Padrão por vezes demasiado disperso de povoamento e
urbanização

Resíduos - Ausência de sistemas de tratamento para determinadas


categorias de resíduos
- Sistemas de controlo

Infraestruturação - Disparidades regionais


- Carências qualitativas nos sistemas
- Deficiências na gestão e controlo

Ambiente Urbano - níveis de ruído e poluição atmosférica nas AMs


- qualidade e funcionalidade deficiente das áreas
suburbanas
- subdotação de estruturas verdes
- ausência de preocupações de sustentabilidade urbana

Educação e Sensibilização - Fraca sensibilização de agentes produtivos e de alguns


sectores da administração

134
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 2.6. Resumo das Potencialidades identificadas

Descritor ambiental Potencialidades

Recurso Ar e Clima - Incremento do Gás Natural


- Desenvolvimento dos transportes públicos e dos
transportes ferroviários

Recursos Hídricos - Abaixamento das pressões sobre os aquíferos e a rede


hidrográfica
- Aplicação de instrumentos de planeamento e gestão
inovadores

Ruído - Níveis de sensibilização crescentes

Recursos Biológicos - Desenvolvimento de actividades económicas


complementares

Conservação da Natureza - Desenvolvimento de actividades económicas


complementares

Solos - Aperfeiçoamento do sistema de ordenamento


articulado com o ambiente
- Tendências de concentraçao urbana

Resíduos - Oportunidades de negócio (privados) na recolha e


tratamento
- Oportunidades de valorização e reciclagem

Infraestruturação - Articulação entre níveis de intervenção e entre


sistemas em alta e em baixa
- Melhoria da qualidade do ambiente e dos meios
receptores

Ambiente Urbano - desenvolvimento de uma cultura urbana


- emergência de uma segunda geração de instrumentos
de planeamento urbano com conteúdo ambiental

Educação e Sensibilização - Sociedade em transformação


- Consolidação global dos valores ambientais

135
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

A identificação dos pontos fortes e fracos nos diversos domínios/sectores do ambiente,


pressupõe uma particular atenção às especificidades nacionais, quer ao nível do suporte
biogeofísico, quer ao nível do percurso de desenvolvimento social e económico que o país
tem vindo a assistir. O passivo ambiental herdado tem a ver, fundamentalmente, com uma
industrialização tardia e selectivamente orientada de um ponto de vista espacial e
sectorial.

Nas questões ambientais deveremos assistir, nos próximos anos, à conclusão de um ciclo
de investimentos nas grandes infraestruturas públicas e/ou de utilização colectiva, do
abastecimento de água, recolha e tratamento de efluentes domésticos e gestão dos
resíduos sólidos urbanos.

Neste ciclo de desenvolvimento das políticas de ambiente também deverá ser feita uma
primeira referência à estruturação territorial das políticas de conservação da natureza, quer
orientadas para a definição e gestão das áreas protegidas, quer para a rede de protecção de
biótopos, como a Rede Natura 2000, quer ainda orientadas para determinados
ecossistemas fragilizados, mas fundamentais, de que a orla costeira e as beiradas fluviais
são, talvez, os principais exemplos.

Entretanto, com a conclusão deste ciclo de infraestruturação e estabilização da matriz


territorial de protecção/conservação da natureza, os domínios da qualificação ambiental,
da integração horizontal ambiente-sectores, e da sustentabilidade do desenvolvimento, já
iniciados no anterior quadro comunitário, com programas no âmbito do ambiente urbano
ou dirigidos aos sectores industriais, nomeadamente, deverão, progressivamente, tomar o
lugar dos primeiros, em termos de importância e da correspondente mobilização de
fundos.

Em contraponto, o padrão actual de conflitualidades ambientais, reflectirá, cada vez mais


- com tendência para uma progressiva intensificação no periodo de vigência do próximo
quadro comunitário de apoio – a passagem dos factores de impacte ambiental das
actividades de produção, para os sistemas de transportes e as actividades de consumo,
entendidas num sentido lato, por forma a incluírmos nestas a habitação e o
desenvolvimento urbano, ou o recreio e o lazer, por exemplo.

Como é sabido, estas actividades de recreio e lazer tanto têm a possibilidade de se


constituir como importantes parceiros de uma política de conservação da natureza activa e
mobilizadora, ou de uma política de valorização dos recursos naturais e paisagisticos,
como poderão ser sérias depredadoras destes mesmos recursos, se desarticuladas ou
136
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

indevidamente enquadradas em termos de ordenamento do território, como aconteceu,


num passado recente, em muitos trechos da faixa costeira.

Capítulo 3 - Avaliação da Concepção e Consistência da Estratégia Proposta

1 Introdução

Este capítulo tem como finalidade apresentar, em traços gerais, o Programa Operacional
do Ambiente, identificando a estratégia geral adoptada e os seus principais objectivos.

Seguidamente procede-se à avaliação da coerência externa do PO Ambiente tendo em


atenção as políticas nacionais e comunitárias na actualidade, o legado do Programa
Ambiente de 1994-1999 e das aplicações do Fundo de Coesão em matéria de ambiente no
II QCA (parcialmente revistas no capítulo primeiro) e o estado actual dos principais
indicadores do ambiente e recursos naturais em Portugal (capítulo segundo). Finalmente
será abordada, numa perspectiva de avaliação crítica, a designada coerência interna deste
Programa Operacional, cruzando os grandes objectivos e eixos programáticos com os
objectivos operativos propostos.

2 Apresentação do PO Ambiente

O PO Ambiente apresenta-se em dois grandes capítulos. O primeiro de enquadramento


geral do sector ambiente e o segundo de apresentação do PO propriamente dito.

No primeiro capítulo destaca-se uma breve resenha da política de ambiente entre 1996 e
1999, seguida da apresentação dos principais problemas ambientais que se considera
estarem ainda por resolver. Parte significativa da informação apresentada coincide ou
complementa a nossa visão do actual estado do ambiente incluída no capítulo anterior
deste relatório.
137
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Como matéria de avaliação destacamos a actuação estratégica preconizada para 2000-


2006 que se apresenta em quatro pontos, a saber:

- principais vectores
- objectivos ambientais 2000-2006
- integração do ambiente nas políticas de desenvolvimento
- articulação das diferentes fontes de financiamento

Os vectores da estratégia ambiental são:

- a gestão sustentável dos recursos naturais e a melhoria da qualidade ambiental


- a integração do ambiente nas políticas territoriais e sectoriais de desenvolvimento
- a conservação e valorização do património natural
- o estabelecimento de parcerias estratégicas com os principais actores do processo de
desenvolvimento
- o desenvolvimento da educação e da informação ambientais

No que respeita aos objectivos ambientais para 2006 temos, em síntese:

Cobertura dos serviços de (%)


i) abastecimento de água 95
redução da carga poluente 80 (Obs: em origens de água para
consumo e águas balneares)
ii) tratamento de águas residuais 90
iii) tratamento e destino final de RSUs 98
tipo de valorização material 17 (em % dos resíduos tratados)
energética 20 (idem)
orgânica 25 (idem)
iv) tratamento resíduos industriais perigosos 100
valorização 12
v) tratamento de resíduos industriais banais 100
138
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

valorização 30
vi) tratamento e destino final dos
resíduos hospitalares 100

No que respeita ao ar e ruído não se apresentam objectivos quantificados. Destaca-se a


prioridade à monitorização, ao cumprimento das directivas, aos compromissos de Quioto
e à estratégia da acidificação.

No que respeita à conservação da natureza, pretende-se cortar com a tradição passada de


um certo carácter sectorial, para se preconizar o seu carácter transversal em articulação
com o planeamento do uso do solo, numa lógica de desenvolvimento sustentável. São os
seguintes os objectivos quantificados apresentados para 2006:

i) território sob estatuto de protecção 20%


ii) Área Protegida com plano de ordenamento 100%
iii) Área de protecção integral em AP na posse
do Estado 100%

Para a orla costeira apresentam-se os seguintes objectivos, não quantificados:


- concretizar as propostas contidas nos POOCs
- promover acções de defesa e requalificação da costa de cariz preventivo
- promover a monitorização da costa e acções de divulgação e sensibilização

Como objectivos quantificados para 2006 apresentam-se:

i) extensão de costa intervencionada 200km


ii) planos de ordenamento de albufeiras
de águas públicas (em nº) 50

No tema da educação ambiental apresentam-se os seguintes objectivos quantificados

i) projectos de edu. ambiental em escolas 1 500


ii) alunos abrangidos 300 000
139
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

iii) professores abrangidos 20 000


iv) projectos de ONGs apoiados 10 000

Finalmente no que respeita ao ambiente urbano apresentam-se os seguintes objectivos não


quantificados:

i) promover a gestão integrada dos diferentes descritores ambientais


ii) fomentar a gestão racional da energia, a racionalização dos transportes e a
melhoria da qualidade ambiental
iii) recuperar áreas degradadas e racionalizar a expansão urbana
iv) reforçar a informação e a fiscalização por parte do MAOT e a sua coordenação
com a Protecção Civil

Como objectivos quantificados apresenta-se apenas a meta de :

• Pop. abrangida por intervenções de requalificação 3 000 000 hab.

Para além dos objectivos ambientais para 2000-2006 o enquadramento ao PO Ambiente


inclui, como dissemos, uma secção sobre a integração do ambiente nas políticas de
ambiente com destaque para os sectores da energia, agricultura e pescas, indústria,
transportes, turismo e formação profissional e emprego.

Antes da apresentação da estrutura interna do PO Ambiente convirá salientar a posição de


partida do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território ao considerar que os
investimentos que se prevêm vir a realizar ao abrigo do novo PDR, na área do ambiente,
não virão exclusivamente deste PO, mas também do Fundo de Coesão, dos POs Regionais
sempre que projectos de âmbito municipal possam complementar e rentabilizar as
intervenções suportadas pelo Fundo de Coesão, e ainda dos Programas Sectoriais no
sentido de materializar a horizontalidade das políticas de ambiente e os princípios do
Poluidor-Pagador e Utilizador-Pagador.

Assim, no que tocará às três vertentes do saneamento básico (águas, esgotos e resíduos),
os financiamento são remetidos para o Fundo de Coesão para os grandes projectos em alta
(ou mistos) e para os POs Regionais para os projectos em baixa. Os investimentos
relativos à gestão dos recursos naturais ficarão a cargo do PO Ambiente e dos POs
Regionais, nos casos de investimentos localizados e de menor importância. Os
investimentos relativos ao ambiente urbano estarão enquadrados no Programa POLIS,
entretanto lançado e contarão, para além do PO Ambiente, com o concurso dos Programas
140
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Operacionais Regionais. Os investimentos de apoio à sustentabilidade ambiental das


actividades económicas ficarão a cargo do PO Ambiente, enquanto incentivo
complementar dos fundos vindos dos POs sectoriais.

O PO Ambiente inclui três Eixos Prioritários. O Eixo Prioritário 1 (EP1) relativo à gestão
sustentável dos recursos naturais. O Eixo Prioritário 2 (EP2) relativo à integração do
ambiente nas actividades económicas e sociais. O Eixo Prioritário 1 decompõe-se, por sua
vez, em três medidas (ver quadro 3.1). O Eixo Prioritário 2 decompõe-se em duas
medidas (quadro 3.1). Há ainda um terceiro Eixo de assistência técnica.

Quadro 3.1. Estrutura do Programa Operacional do Ambiente


Programa Eixos Prioritários Medidas

1. PO Ambiente EP 1 M 1.1
Gestão Sustentável dos Conservação e Valorização
Recursos Naturais do Património Natural
M 1.2
Valorização e Protecção
dos Recursos Naturais
M 1.3
Informação, Sensibilização
e Gestão Ambientais

EP 2 M 2.1
Integração do Ambiente Melhoria do ambiente
nas Actividades urbano
Económicas e Sociais
M 2.2
Apoio à sustentabilidade
ambiental das actividades
económicas

Assistência Técnica

Nas páginas seguintes apresentam-se cópias dos quadros sintetizando a distribuição do


investimento e do apoio FEDER pelas diversas medidas e acções previstas no PO
Ambiente.

141
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 3.2. PO do Ambiente (em milhares de Euros)

Eixo Medida Domínio de Intervenção Investimento Apoio Investimento


x 1000 Euros FEDER (%)

1 GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS NATURAIS 236 726 177 545 52

1 Conservação e Valorização do Património

Natural 90 567 67 926 20

2 Valorização e Protecção dos Recursos

Naturais 119 557 89 668 26

3 Informação, Sensibilização e

Gestão Ambientais 26 601 19 951 6

2 INTEGRAÇÃO DO AMBIENTE NAS

ACTIVIDADES ECONÓMICAS E

SOCIAIS 214 304 151 370 47

1 Melhoria do Ambiente Urbano 144 098 108 074 32

2 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das

Actividades Económicas 70 206 43 297 15

3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA 4 988 3 741 1

TOTAL 456 017 332 656 100

Quadro 3.3. PO do Ambiente (em milhões de contos)

142
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Eixo Medida Domínio de Intervenção Investimento Apoio Investimento


6
10 contos FEDER (%)

1 GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS NATURAIS 47 459 35 595 52

1 Conservação e Valorização do Património

Natural 18 157 13 618 20

2 Valorização e Protecção dos Recursos

Naturais 23 969 17 977 26

3 Informação, Sensibilização e

Gestão Ambientais 5 333 4 000 6

2 INTEGRAÇÃO DO AMBIENTE NAS

ACTIVIDADES ECONÓMICAS E

SOCIAIS 42 964 30 347 47

1 Melhoria do Ambiente Urbano 28 889 21 667 32

2 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das

Actividades Económicas 14 075 8 680 15

3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA 1 000 750 1

TOTAL 91 423 66 692 100

3 Avaliação da Coerência Externa

A avaliação da coerência externa do PO Ambiente terá como referências:


i) o estado actual do ambiente e recursos naturais em Portugal;
ii) os investimentos do II QCA, em particular do Programa Ambiente e do Fundo de
Coesão;
iii) as actuais políticas nacionais de ambiente e ordenamento do território;
143
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

iv) as actuais políticas comunitárias de ambiente.

3.1. Relativamente ao estado actual do ambiente e recursos naturais em Portugal

Nas páginas 34 a 36 deste relatório fez-se um exercício de síntese, no sentido de


identificar os principais pontos fortes, pontos fracos e potencialidades do ambiente e
recursos naturais em Portugal, na actualidade. Importa agora começar por avaliar a
resposta do PO Ambiente aos pontos fracos então considerados.

A natureza dos problemas associados aos descritores ar, clima e ruído aponta para a
decisiva intervenção dos sectores transportes e ordenamento do território na prevenção e
controlo das causas (ver objectivos do Eixo Prioritário 2). Em termos territoriais estes
problemas incidem especialmente nos meios urbanos como se reconhece e valoriza na
Medida 1 do Eixo Prioritário 2:

• reordenamento do espaço público urbano, com incremento da área pedonal em condições de


segurança e conforto;
• (…)
• redução e controlo das diversas fontes de poluição e monitorização de variáveis ambientais;
• (…)
• contribuição para a melhoria do serviço e eficácia dos transportes públicos.

O conhecimento da profundidade e extensão das disfunções ambientais é, no entanto,


ainda deficiente e constitui matéria de intervenção da administração ambiental, por
excelência. O PO Ambiente poderá ainda contemplar estes aspectos no Eixo Prioritário 1,
Medida 3:

• criação e reforço das redes de monitorização de parâmetros ambientais e respectivos


sistemas de informação;
• criação e apetrechamento de laboratórios de qualidade do ambiente.

No que respeita aos recursos hídricos, um sector tradicionalmente crítico em Portugal, as


vulnerabilidades identificadas são várias e importantes. Em aparente concordância com os
pontos fracos apresentados, o PO Ambiente dá particular destaque à requalificação e
defesa da costa, bem como à reabilitação da rede hidrográfica, ver Medida 2 do Eixo
Prioritário 1:

• a protecção física e biológica da costa com minimização dos efeitos erosivos, tais como, a reabilitação
de sistemas dunares e a estabilização de arribas e falésias;
• (…)
• a regularização e renaturalização de linhas de água;
• ordenamento e requalificação das margens de linhas de água e de albufeiras;
• a limpeza e o desassoreamento de linhas de água e de sistemas lagunares;

144
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• (…).

Para além da defesa da faixa costeira e da valorização da rede hidrográfica nacional,


inclui na mesma medida a reabilitação e valorização das albufeiras. A dispersão das fontes
poluentes reclama, como é sabido, meios de controlo e monitorização mais eficazes
contemplados pela Medida 3 do Eixo Prioritário 1:

• criação e reforço das redes de monitorização de parâmetros ambientais e respectivos sistemas de


informação;

Como seria de esperar, atendendo às responsabilidades directas do Ministério do


Ambiente e Ordenamento do Território sobre as Áreas Protegidas e a gestão da rede
NATURA 2000, e à importância dos descritores recursos biológicos e conservação da
natureza, o PO Ambiente contempla directamente estes aspectos na Medida 1 do Eixo
Prioritário 1:

• Estudos de caracterização e suporte à elaboração de planos de ordenamento, planos especiais de


ordenamento do território, planos sectoriais e planos de acção bem como programas de conservação
de espécies e habitats.
• Consolidação do Sistema de Informação do Património Natural - SIPNAT - e, bem assim,
implementação de bases de dados (alfa-numéricas e geográficas) de Património Natural para apoio à
gestão e avaliação de áreas classificadas.
• Aquisição de terrenos tendo em vista a promoção de uma “bolsa” de terrenos essenciais à política de
Conservação da Natureza.
• Acções de maneio de espécies e habitats (manutenção, recuperação, repovoamentos, alimentadores,
controlo de espécies exóticas, arborizações com espécies autóctones, etc.)
• Implementação de uma Rede de Centros de recuperação de Fauna.

Os pontos fracos associados com o descritor solos tinham a ver com a contaminação, a
erosão e com o padrão dispersivo do povoamento. Os dois primeiros aspectos não estarão
directamente contemplados no PO Ambiente. O terceiro tem a ver com o ordenamento do
território que, fora das áreas com estatuto especial de protecção, é privilegiado na sua
componente urbana. De facto a forma mais eficaz de controlar a dispersão do povoamento
é através do fortalecimento das cidades e centros urbanos, associado em particular à
melhoria geral da qualidade do ambiente urbano.

No que toca à gestão e tratamento dos resíduos, e à infraestruturação ambiental o PO


Ambiente é pouco explícito, marcando um claro corte com as opções que estiveram na
base do anterior Programa Ambiente (1994-1999). No capítulo do enquadramento remete
estes aspectos para o Fundo de Coesão, no que diz respeito aos investimentos
estruturantes ou em alta, ou para os POs Regionais no caso dos investimentos locais em
baixa.

145
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

O ambiente urbano merece um tratamento preferencial na Medida 2 do Eixo Prioritário 2:

• reordenamento do espaço público urbano, com incremento da área pedonal em condições de


segurança e conforto;
• criação e ampliação de áreas destinadas à utilização multifuncional do espaço urbano,
nomeadamente, através da valorização das potencialidades ambientais existentes;
• requalificação de zonas industriais, frentes ribeirinhas e costeiras urbanas;
• contribuição para uma gestão urbana sustentável;
• redução e controlo das diversas fontes de poluição e monitorização de variáveis ambientais;
• recuperação e revitalização de zonas históricas e outros espaços públicos urbanos em declínio;
• informação e sensibilização dos cidadãos;
• contribuição para a melhoria do serviço e eficácia dos transportes públicos

O âmbito previsto das acções tende a privilegiar as questões da qualidade do ambiente


urbano e não tanto as questões do desenvolvmento urbano sustentável. A este respeito
faz-se apenas uma breve e única referência a um contributo para a "gestão urbana
sustentável". As razões de ser desta opção, de carácter político, poderão encontrar-se nos
graves problemas de qualidade ambiental e urbanística que corresponderam a um surto de
crescimento urbano sem precedentes em Portugal, que não permitirão que o país
acompanhe de imediato todo o debate europeu sobre formas de intervenção na cidade que
privilegiem a dimensão da sustentabilidade ambiental.

A educação e sensibilização surgem directamente cobertas pela Medida 3 do Eixo


Proritário 1:

• criação ou melhoria das estruturas de informação e sensibilização para o ambiente e ordenamento do


território;
• projectos de sensibilização ambiental, estudos comportamentais e produção de meios de informação e
de sensibilização ambiental.

Cruzando as considerações anteriores e relendo o quadro das potencialidades apresentado


na página 36, será à escala regional e fora das áreas classificadas, que o PO Ambiente se
nos afigura menos conseguido na preservação do nosso mosaico paisagístico. Em
contraponto importa registar o relevo dado à valorização ambiental e requalificação
urbana, justificando uma Medida própria com meios financeiros significativos.

Serão ainda de destacar as opções de privilegiar a promoção da qualidade ambiental,


remetendo aparentemente o debate da sustentabilidade para fase posterior, e a clara
desvalorização da componente de infraestruturação ambiental. Esta componente é
relegada para segundo plano, talvez no pressuposto que os grandes projectos já foram
lançados e caberá através de outros meios financeiros garantir a sua conclusão e o apoio
às ainda necessárias obras complementares, de dimensão local ou municipal.

146
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3.2. Relativamente aos investimentos do II QCA

Como é sabido, o actual governo não foi responsável pela concepção do último Programa
Ambiente nem pelas orientações políticas para a aplicação do Fundo de Coesão em
matéria de ambiente. Seria de esperar a introdução de mudanças. E estas aconteceram. A
actual estrutura do PO Ambiente marca efectivamente uma rotura com o passado numa
parte importante dos aspectos contemplados.

Toda a ênfase passada nos investimentos na infraestruturação ambiental é retirada do PO


Ambiente, sendo ainda substancialmente reduzido o apoio ambiental às actividades
económicas, designadamente à indústria. Estes investimentos são remetidos para os POs
regionais e sectoriais, respectivamente. Note-se que os objectivos anteriormente traçados
nestas matérias provaram ser demasiado ambiciosos. Por outras palavras haverá que
continuar a investir fortemente até que os padrões de cobertura dos serviços básicos
ambientais se alinhem pelas médias da UE.

Encontramos, no entanto, uma clara linha de continuidade no apoio à conservação e


valorização do património natural, no privilégio dado à Rede de Áreas Protegidas e
classificadas, em grande medida geridas directamente pelos próprios serviços do
Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, e à informação, sensibilização e
gestão ambientais. Sobre este último aspecto reconhece-se que não basta lançar programas
de educação e sensibilização ambiental, mas importa igualmente investir em sistemas de
controlo e monitorização ambiental de tal forma que o nível de conhecimento sobre as
disfunções ambientais se eleve permitindo um melhor e mais eficiente controlo e
aplicação da legislação ambiental.

A marca da diferença afigura-se, assim, justificada face à evolução da problemática


ambiental em Portugal e na UE. Traduz-se na revalorização dos aspectos da
requalificação ambiental urbana e da conservação da natureza.

3.3 Relativamente ás actuais políticas nacionais de ambiente

A avaliação da coerência externa do PO Ambiente passa também, como dissemos, pela


consideração das actuais políticas do governo nesta matéria. As faces porventura mais
visíveis destas políticas têm sido, num passado recente, o esforço de dotação de
equipamentos e infraestruturas básicas ambientais, o esforço de planeamento visível nos
147
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

recursos hídricos, na orla costeira e nas áreas protegidas, o reforço da rede nacional de
áreas protegidas e a aposta emblemática na qualificação do ambiente urbano, possível
graças á junção, num mesmo ministério, dos domínios do ambiente e do ordenamento do
território.

Qualquer um destes aspectos está, como aliás seria de esperar, contemplado no PO


Ambiente e, podemos considerar, numa perspectiva evolutiva. Concretizando, verifica-se
a preocupação de dar continuidade, mas de progressivamente externalizar, o esforço de
apoio fnanceiro com a tarefa básica do saneamento ambiental, passando da preocupação
central da obra à preocupação da gestão e operação. Ao actual esforço de planeamento
sistemático dos recursos naturais deverá seguir-se a concretização dos projectos de
valorização e revalorização dos recursos a que o PO faz explicitamente referência.

Ao recente reforço e reclassificação das unidades constituintes da rede nacional de áreas


classificadas, deverá seguir-se a sua valorização na lógica preconizada de
desenvolvimento integrado e sustentável das actividades socio-económicas aí levadas a
cabo. Este aspecto, porém, não poderá remeter para segundo plano o objectivo essencial
das áreas classificadas que é, por excelência, a conservação e valorização da natureza.

A aposta na qualificação do ambiente urbano vem finalmente culmatar uma lacuna da


política de ambiente em Portugal, pondo cobro (espera-se) à crónica dificuldade de
relacionamento entre os instrumentos de ordenamento do território e de gestão da
qualidade do ambiente, em particular à escala urbana.

Em síntese, a estrutura e conteúdo genérico do PO Ambiente afigura-se internamente


consistente com as políticas nacionais em matéria de ambiente e ordenamento do
território. No entanto, quando se colocam frente a frente os objectivos quantificados de
política do actual governo, sintetizados nas páginas 40 a 42, e os objectivos quantificados
do PO Ambiente, analisados em pormenor no próximo capítulo, verifica-se uma clara
opção política de considerar este Programa uma forma de apoio selectivo, evitando
pulverizar apoios por todas as frentes, para os concentrar nas causas, porventura, mais
importantes. Espera-se que a eficácia e determinação com que venha a ser conduzido
permita que tal conclusão venha a ser verdadeira.

148
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3.4. Relativamente às políticas comunitárias de ambiente

Quanto às políticas comunitárias, importaria distinguir entre o actual quadro legislativo


constituído por uma já volumosa série de directivas referentes aos mais diversos aspectos
ambientais, e as linhas de estratégia que se podem identificar em documentos de
orientação política oriundos da Comissão Europeia, desde o V Programa Quadro em
Matéria de Ambiente, ou nos critérios de selecção de projectos elegíveis a iniciativas
comunitárias, como o Programa LIFE.

No que respeita ao primeiro aspecto parece inegável a preocupação em conceber o PO


Ambiente como um instrumento de apoio ao cumprimento, por via da prática do controlo
e gestão ambientais, das exigências comunitárias, e sua tradução no direito nacional. A
extensa lista de directivas dirigidas para a Conservação da Natureza e para a
Biodiversidade, de que é exemplo o estabelecimento da Rede Natura 2000 no espaço
europeu, deverá encontrar um efectivo apoio à sua implementação no Eixo Prioritário 1,
Medidas 1 (na totalidade) e 2 (parcialmente).

A integração sectorial preconizada e materializada nas medidas que constituem o Eixo


Prioritário 2, reflecte também o reconhecimento da necessidade, mas também das
dificuldades de implementação de directivas orientadas para o controlo das disfunções
ambientais decorrentes das actividades económicas, como as que estabelecem o sistema
de prevenção e controlo integrado de poluição (IPPC), ou os compromissos de Quioto. As
finalidades e o modo muito selectivo como se apresentam os apoios a conceder,
nomeadamente na Medida 2, sugerem que os Princípios do Poluidor-Pagador e
Utilizador-Pagador, virão a ser devidamente respeitados:

• promoção da ecogestão e da certificação ambiental;


• acções de requalificação ambiental;
• acções inovadoras e de demonstração que proporcionem melhorias no desempenho ambiental;
• acções que proporcionem mais-valia ambiental, relativamente à regulamentação em vigor.

Note-se que quando se pretende resolver todo um passivo ambiental herdado, de há pelo
menos duas gerações, originado por processo de industrialização que, entretanto, sofreu
fortes mutações, o cumprimento integral daqueles princípios se afigura um objectivo
pouco realista.

No que respeita ao segundo aspecto, referido no início desta secção, e que tem a ver com
o panorama actual das grandes preocupações e medidas de política em matéria ambiental,
149
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

num espaço europeu onde há já muito tempo foram satisfatóriamente resolvidas as


questões básicas da infraestruturação ambiental, com que Portugal ainda se bate e baterá
por mais alguns anos, é identificável uma preocupação de aproximação, numa base que
privilegia, em nosso entender, o realismo em detrimento de alguma ousadia.

Como salientamos anteriormente, o periodo de 2000 a 2006 deverá assistir à conclusão do


ciclo da infraestruturação ambiental e, em simultâneo, à chegada de um novo ciclo, em
que os temas da integração sectorial e territorial, da requalificação ambiental e da
sustentabilidade emergirão como centrais. Se os temas da requalificação do ambiente à
escala urbana e da integração sectorial, parecem devidamente contemplados no PO
Ambiente, já a integração territorial e a valorização paisagística à escala regional e,
sobretudo, o tema da sustentabilidade (nomeadamente em espaço urbano), pediriam,
talvez, uma maior visibilidade.

4 Avaliação da Coerência Interna

Na avaliação da coerência interna do PO Ambiente tomamos como objecto de análise os


Eixos Prioritários, e a sua articulação com as medidas em que se decompõem.

Assim, haverá apenas alguns aspectos pontuais, à partida, a apontar ao modo como o PO
Ambiente foi concebido e estruturado. Os dois grandes Eixos Prioritários reflectem, por
um lado, as grandes áreas de intervenção ambiental e, por outro, a preocupação da
integração com os sectores que é, como já salientámos, uma característica central das
políticas de ambiente contemporâneas.

As medidas em que se decompõem os Eixos Prioritários são coerentes entre si e reflectem


o actual leque de responsabilidades da administração ambiental. Relativamente ao anterior
Programa Ambiente nota-se, como já salientamos repetidamente, uma maior ênfase na
qualificação do ambiente urbano em detrimento da componente de infraestruturação
ambiental básica.

Esta alteração é consentânea com os progressos entretanto verificados nesta componente,


e com a tentativa de aproximar a política de ambiente nacional das grandes preocupações
europeias que, como é sabido, se têm vindo progressivamente a centrar na dimensão
urbana, ao longo dos anos 90.

150
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

A avaliação da razoabilidade das metas propostas (objectivos quantificados) será feita no


próximo capítulo.

5 Síntese

A informação contida nas secções anteriores permitiu apresentar, em traços gerais, o PO


Ambiente e tecer considerações sobre a sua concepção, consistência da estratégia proposta
e estrutura geral. Para este fim identificamos e aplicamos um conjunto de critérios de
avaliação da designada coerência interna e coerência externa do PO.

No compto geral, concordamos com as opções tomadas, sendo pontuais os aspectos que
consideramos menos positivos ou omissos. As considerações críticas incidiram,
essencialmente, sobre a natureza das medidas, já que ao nível das acções propostas, para
além do seu breve enunciado, o documento base do PO não apresenta detalhe suficiente
que permita uma análise adequada àquele nivel de desagregação.

151
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Capítulo 4 - Avaliação Quantificada dos Objectivos Ambientais

1 Introdução

A problemática da definição de indicadores e da quantificação dos objectivos é complexa


e controversa, sobretudo em áreas como o Ambiente e Recursos Naturais, em que a
própria medição de muitos dos fenómenos sobre os quais pretendemos intervir é já de si
difícil. Por outro lado, é também difícil, em muitos casos, isolarmos a influência dos
factores de intervenção sobre disfunções ambientais que tem origem diversa e complexa.
As relações de causa-efeito nem sempre se podem estabelecer com segurança e daí as
dificuldades acrescidas para quem concebe os programas e pretende com eles alcançar
determinados objectivos, ou para quem os avalia e pretende, de forma tão isenta quanto
possível, os quantificar.

No caso da quantificação dos objectivos ambientais do QCA III, não são apenas as
dificuldades da substância da intervenção, mas também o facto da estratégia adoptada,
reforçando a dimensão horizontal das políticas de ambiente por via de integrações
sectoriais, tornar ainda mais difícil o exercício de isolar o esperado contributo do PO
Ambiente. Em certo sentido, esperando contribuições do Fundo de Coesão, dos POs
Regionais e dos programas sectoriais, o PO Ambiente terá essencialmente um papel de
catalizador que, facilmente poderá ser subestimado num exercício de quantificação de
objectivos.

De qualquer modo procuraremos, neste capítulo, contribuir para a avaliação da


quantificação dos principais objectivos ambientais, e para o debate sobre a definição de
indicadores, tendo em atenção as suas duas principais funções de acompanhamento das
realizações e de avaliação do impacte desta intervenção.

2 Metas e objectivos quantificados

A última versão do PO Ambiente a que se refere esta avaliação ex-ante inclui já um


esforço de quantificação dos objectivos para todas as medidas incluídas no programa.
Será também interessante confrontar a quantificação apresentada para os grandes
objectivos da política ambiental do governo, sintetizados nas páginas 40 a 42, com os
correspondentes objectivos quantificados no âmbito do PO Ambiente. Desta forma
poderemos aferir o que o governo espera como contributo deste programa para as suas
grandes metas. O quadro seguinte inclui os valores apresentados no PO.
152
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 4.1. Quantificação dos objectivos para o Eixo Prioritário 1.

Eixo Prioritário 1 – Gestão sustentável dos recursos naturais


2006
- Percentagem do território continental
1.1 Conservação e Valorização do Património
sob estatuto de protecção para a
Natural;
conservação da natureza (área protegida
de âmbito nacional) 7,5%
- Percentagem do território sujeito a
estatuto de Área Protegida abrangido por
Plano de Ordenamento 100%
- Percentagem do território inserido em
Áreas Protegidas com estatuto de
protecção integral na posse do Estado 100%
- Percentagem de área classificada
intervencionada 50%
- Percentagem de ZPE e Sítios com
planos de gestão 100%
- Proporção de espécies de interesse
comunitário que ocorrem em Portugal
alvo de acções e medidas de conservação 100%
1.2 Valorização e Protecção dos Recursos - Extensão de costa intervencionada (km)
160
Naturais; - Planos de Ordenamento de Albufeiras de
Águas Públicas elaborados (nº)
50
- Projectos de Educação Ambiental (EA)
1.3 Informação, Sensibilização e Gestão
em escolas 1 500
Ambientais
- Alunos abrangidos por projectos de EA 300 000
- Professores abrangidos por projectos EA 20 000
- Projectos de ONGA apoiados 1 000

A avaliação da pertinência e adequação das metas a atingir, ou dos objectivos


quantificados, pressupõe uma reflexão sobre a viabilidade de um percurso de execução
que depende do ponto de partida, do ponto de chegada e dos meios técnicos e financeiros
postos à disposição.

No Eixo Prioritário 1, encontramos a Medida 1, Conservação e Valorização do


Património Natural caracterizada por três objectivos. Sendo certo que no domínio da
conservação da natureza será sempre difícil quantificar objectivos que tenham a ver
directamente com a valorização de recursos biológicos, já não parece muito adequado
insistir, durante a vigência do próximo QCA, no aumento da percentagem de área do país
com estatuto especial de protecção. O MAOT apresenta um valor global de 20% para este
objectivo. No quadro do PO Ambiente, o objectivo apresentado (7.5%), refere-se às áreas
sob estatuto especial de protecção que serão objecto de intervenção pelo programa. Esta
interpretação resultou de um esclarecimento prestado pelo gabinete do POA, dado que, à
primeira vista, o objectivo apresentado parece querer referir-se ao aumento da área total
de protecção de âmbito nacional. Aquele valor já foi praticamente alcançado, aliás. De

153
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

qualquer modo, como dissemos anteriormente, a questão já não se deverá colocar em


termos da superfície das áreas de protecção mas na qualidade da gestão dessas áreas.

A este respeito o segundo objectivo da total abrangência das APs por planos de
ordenamento é não só realizável como absolutamente necessário. Desenha-se um periodo
de revisão dos PDMs e seria muito útil, para as sempre necessárias e difíceis negociações
entre as entidades gestoras das áreas protegidas e os municípios, que os planos de
ordenamento daquelas estivessem prontos antes da concretização da revisão dos PDMs.

O terceiro objectivo é particularmente pertinente porque representa um claro


compromisso da administração ambiental na gestão directa dos núcleos com estatuto de
protecção integral. Não se conhece a situação de partida para aferir até que ponto este
objectivo não será demasiado ambicioso, mas a clareza com que é apresentado só pode
merecer, da nossa parte, um franco aplauso.

O quarto objectivo - 50% da área total classificada intervencionada - suscita algumas das
dúvidas levantadas relativamente ao primeiro objectivo. Pressupõe-se, tal como no
primeiro, que a restante área será objecto dos POs Regionais.

Nos dois últimos objectivos, as metas apresentadas pelo PO e pela acção geral do MAOT
coincidem, pelo que o contributo do programa será decisivo. Se, daqueles, o primeiro
parece perfeitamente razoável e facilmente realizável, já o segundo sugere a
disponibilização de meios significativos e um claro compromisso de cumprimento das
políticas comunitárias de conservação da natureza.

A Medida 2, Valorização e Protecção dos Recursos Naturais, inclui intervenções na faixa


costeira, no sistema hidrográfico e nas albufeiras de águas públicas. A primeira e a
terceira área de intervenção estão cobertas pelos dois objectivos quantificados
apresentados. Com os POOCs praticamente concluídos, não admira que o objectivo
quantificado se dirija para o cumprimento de linha de costa intervencionada. Não sabemos
como se chegou ao valor de 160km, mas admitimos que tenha a ver com os trechos
identificados nos POOCs como mais sensíveis, instáveis, com forte erosão ou sujeitos a
fortes pressões de uso, que importa controlar ou acomodar com urgência. O valor geral
apresentado pelo MAOT é de 200km de costa intervencionada. O contributo do PO
Ambiente, não sendo neste caso exclusivo, será também decisivo.

154
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quanto às albufeiras, o esforço expresso no objectivo de quantificação vai no sentido do


planeamento. Sendo certo que já existem várias albufeiras com planos de ordenamento
preparados e em vigor, o objectivo proposto é pertinente e perfeitamente realizável. As
metas gerais do governo coincidem, aliás, com as metas apresentadas no PO.

Como nota crítica deixamos a constatação que na terceira área de intervenção - sobre o
sistema hidrográfico - não é proposto nenhum objectivo quantificado. A próxima
conclusão dos Planos de Bacia Hidrográfica irá permitir uma avaliação global das
necessidades de investimento para a qualificação do nosso sistema hidrográfico, pelo que
não será então difícil estabelecer um conjunto de metas realistas e pertinentes a este
respeito.

A Medida 3 sobre informação, sensibilização e gestão ambientais apresenta quatro


objectivos quantificados dirigidos para a informação e sensibilização. A natureza e
quantificação destes objectivos parecem adequadas embora porventura demasiado
ambiciosos. Mais uma vez coincidem com os objectivos gerais do MAOT, pelo que
também nesta matéria o contributo do PO se afigura decisivo.

Registamos com particular agrado a ênfase no estabelecimento, alargamento ou


consolidação das redes de dados e monitorização de informação ambiental e nos
laboratórios complementares. Estes aspectos são imprescindíveis à gestão ambiental e ao
efectivo cumprimento da legislação. Estes aspectos já tinham sido enunciados como
intenções do PA 1994-1999 que, no entanto, só foram parcialmente cumpridas. Espera-se
que o contributo do PO Ambiente permita, de uma vez por todas, a efectiva
operacionalização das redes nacionais e locais de monitorização da qualidade do ar, da
qualidade da água, do ruído, da contaminação dos solos, etc., etc.

Trata-se de investimentos essenciais, se queremos saber com rigor o estado do ambiente


em Portugal, numa perspectiva estática e dinâmica. À partida os volumes de
investimentos não se afiguram demasiado elevados para os recursos do PO Ambiente
(embora exigentes em recursos humanos qualificados), e não será de esperar que possam
vir a ser suportados por outras fontes de financiamento.

155
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quadro 4.2. Quantificação dos objectivos para o Eixo Prioritário 2.

Eixo Prioritário 2 – Integração do Ambiente nas Actividades


2006
Económicas e Sociais

2.1 Melhoria do Ambiente Urbano - População abrangida por intervenções


de requalificação urbana (milhões de
2,1
hab.)
- Número de empresas com certificação
2.2 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das
ambiental e/ou registadas no EMAS 150
Actividades Económicas

No Eixo Prioritário 2 a Medida 1, sobre ambiente urbano, apresenta-se com um objectivo


quantificado expresso na população beneficiada pelas intervenções urbanas. Face à
ambição do número apresentado, (o valor global apresentado pelo MAOT é ainda mais
elevado, 3 milhões de habitantes) certamente que se considerou que toda uma população
que reside ou trabalha num município beneficiaria de uma intervenção nesse município,
nem que esta seja pontual.

No entanto, teremos de concordar que no que toca ao ambiente urbano (integrado na


dimensão mais geral da integração territorial) seria difícil apresentar objectivos
quantificados precisos, quanto mais não seja pela novidade do tema e carácter
experimental com que certamente irá ser conduzido.

No futuro será desejável que se comecem a ensaiar objectivos mais concretos como sejam
a diminuição do tráfego automóvel no centro das cidades, medida em percentagem do
tráfego actual, o incremento das deslocações em transporte público, o aumento da área
verde nos espaços públicos urbanos, o comprimento reabilitado, recuperado ou
desentubado dos cursos de água e ribeiras urbanas, o aumento do nº de ruas destinadas
exclusivamente aos peões, a diminuição do nº de residentes sujeitos a níveis de ruído
acima dos valores recomendados, etc, etc.

Finalmente a Medida 2 sobre sustentabilidade das actividades económicas apresenta um


objectivo quantificado claramente expresso (o nº de empresas com certificação ambiental
e/ou registadas no EMAS). O valor é, à partida, razoável embora nada seja dito quanto ao
tipo e dimensão das empresas alvo. Por outras palavras se nas 150 empresas se incluirem
as maiores empresas nacionais certamente que as consequências ambientais para o país
desta medida serão muito significativas, caso contrário teremos resultados bem mais
modestos.

156
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

3 Indicadores de realização e de impacto do PO Ambiente

A experiência anterior de gestão e acompanhamento do PA 1994-1999, nem sempre se


mostrou totalmente positiva a julgar pelas apreciações contidas na avaliação intercalar e
que justificaram, inclusivé, a encomenda de um estudo para apresentação de uma série
alternativa de indicadores então designados físicos e de impacto.

A proposta de indicadores que se apresenta de seguida foi baseada em trabalhos anteriores


e na nossa leitura do âmbito dos projectos que poderão vir a ser elegíveis ao abrigo de
cada uma das medidas apresentadas. Optaremos por designar por indicadores de
realização os indicadores físicos que servem para controlar a execução das obras e o seu
acompanhamento. Por indicadores de impacto, referimo-nos aos indicadores que
propiciam uma apreciação dos efeitos esperados dos projectos. Para cada medida
tentamos apresentar um número relativamente pequeno de indicadores de âmbito
suficientemente abrangente para permitir enquadrar projectos diversificados.

Eixo Prioritário 1
Medida 1. Conservação e Valorização do Património Natural
Indicadores Unidades Ind. Realização Ind. Impacto
Estudos temáticos e de ordenamento nº √
Área abrangida por Planos de Ordenamento ha √
Acções de maneio de espécies e habitats nº √

Área de biótopo intervencionada ha √


Área de terrenos adquiridos para conservação ha √ √
Estruturas de informação/interpretação nº √ √
Estruturas de apoio ao turismo de natureza nº √ √
População em acções de desenvolvimento nº √

Emprego criado/apoiado/mantido nº √

População beneficiada pelos projectos nº √

Medida 2. Valorização e Protecção dos Recursos Naturais


Indicadores Unidades Ind. Realização Ind. Impacto
Linha de costa intervencionada Km √ √
Arribas e falésias consolidadas Km √ √

Dunas estabilizadas Km √ √

População beneficiada pelos projectos nº √

157
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Linhas e espelhos de água valorizados km/ha √ √


Ordenamento e requalificação das margens ha √ √

Medida 3. Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais


Indicadores Unidades Ind. Realização Ind. Impacto
Participantes em acções formação/edu. amb. nº √ √
Estruturas de formação/informação instaladas nº √

Capacidade das estruturas instaladas nº/ano √

Projectos de ONGs apoiados nº √ √

Projectos editoriais nº √

Material didáctico-pedagógico exemplares √


√ √
Laboratórios de ambiente nº
Redes e estruturas de rec. e trata/. dados nº √ √

Eixo Prioritário 2
Medida 1. Melhoria do Ambiente Urbano
Indicadores Unidades Ind. Realização Ind. Impacto
Redução das emissões atmosféricas % √
Redução dos níveis de ruído urbano dba √
Acções de demonstração/inovação nº √ √
Superfície urbana reabilitada ha √
Espaços verdes urbanos criados/reabilitados ha √

Projectos de infraestruturação e requalificação Km/ha e nº √

Medida 2. Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas


Indicadores Unidades Ind. Realização Ind. Impacto
Acções de apoio à ecogestão e certificação nº √ √
Majorações de acções sectoriais nº √

Redução das emissões atmosféricas % √

Redução da carga poluente orgânica % √

Redução da carga poluente inorgânica % √

158
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Acções de demonstração/inovação nº √ √

5 Síntese

Da análise efectuada merece-nos especial referência o esforço positivo de


quantificação de todos os objectivos, patente em todas as medidas do PO Ambiente
embora, em alguns casos, nem sempre em nosso entender tal esforço tenha sido feito
da melhor forma, pelo que deixamos algumas sugestões pontuais, para consideração
superior.

Quanto aos objectivos não quantificados, reconhecemos as dificuldades, senão mesmo a


contraproducência, de avançar com quantificações relativamente ao apoio à
sustentabilidade ambiental das actividades económicas, uma vez que estas terão a forte
concorrência dos sectores, cabendo ao PO Ambiente um mero papel de estímulo,
orientação e, na prática, majoração dos investimentos.

Apresentamos ainda um conjunto de quadros de indicadores de realização e de impacto


por medida do PO, esperando deste modo contribuir para o debate sobre a matéria dos
indicadores que, após o arranque das intervenções, se tem revelado sempre importante
para o seu sucesso.

Finalmente importará notar que os objectivos gerais apresentados no capítulo de


enquadramento do PO Ambiente para as políticas nacionais de ambiente e ordenamento
do território para o periodo de 2000 a 2006 são bem mais vastos. A síntese que
apresentamos nas págs. 40-42 dá clara indicação disso.

A opção na concepção deste PO foi claramente seguir uma política selectiva de aposta nos
grandes temas da conservação da natureza, dos recursos naturais e do ambiente urbano.
Os outros problemas ambientais, nomeadamente toda a infraestruturação ligada às
diversas vertentes do saneamento básico, foram remetidos para o Fundo de Coesão e para
os POs Regionais, na convicção que a sua solução, passando em grande medida pelas
autarquias e associações de municípios, assenta em medidas de anteriores governos que,
já lançadas ou mesmo em fase de conclusão, já não terão retorno.

159
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Capítulo 5 - Políticas e Impactos Esperados, Processos de Implementação e

Monitorização

1 Introdução

Neste último capítulo iremos tecer algumas considerações sobre os resultados esperados
com a aplicação do PO Ambiente, em relação com as políticas, os grandes objectivos, os
objectivos operacionais e as metas avançadas (objectivos quantificados). Será feita
referência às opções de distribuição dos recursos financeiros pelas diversas medidas que
constituem o PO Ambiente. Finalmente serão brevemente abordadas as principais
questões que se prevê virem a estar associadas aos processos de implementação e
monitorização do PO Ambiente.

2 Distribuição dos recursos financeiros

Com base nos quadros 3.2 e 3.3 apresenta-se, em termos percentuais, a distribuição
proposta do investimento pelas diversas medidas do PO Ambiente.

Quadro 5.1. Distribuição do investimento em percentagens, para um total de investimento


de 91 423 milhões de contos (456 017 milhares de Euros).
Eixo Medida Domínio de Intervenção Investimento (%)
1 GESTÃO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS 52
1 Conservação e Valorização do Património Natural 20
2 Valorização e Protecção dos Recursos Naturais 26
3 Informação, Formação e Gestão Ambientais 6
2 INTEGRAÇÃO DO AMBIENTE NAS ACTIVIDADES
ECONÓMICAS E SOCIAIS 47
1 Melhoria do Ambiente Urbano 32
2 Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas 15
3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA 1
TOTAL 100

160
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Na sua globalidade os recursos afectos ao Programa Ambiente são relativamente


modestos, representando pouco mais que uma actualização dos valores anteriormente
concedidos ao Programa Ambiente no QCA II. Em termos percentuais, o acréscimo do
volume de investimento será da ordem dos 30%.

A divisão de recursos pelos dois Eixos Prioritários, privilegia ligeiramente o primeiro.


Esta opção poderá não ter nenhum significado político ou estratégico mas tão somente
reflectirá o facto do Eixo Prioritário 1 cobrir a essência da intervenção directa do
Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território no domínio da Conservação da
Natureza, dado que o Instituto da Conservação da Natureza tem como responsabilidade
directa a gestão das Áreas Protegidas no Continente.

No entanto parece significativo o investimento orientado para a protecção e valorização


da faixa litoral e da rede hidrográfica, incluindo as albufeiras de águas públicas, superior
em 6 pontos percentuais ao destinado à conservação da natureza. Certamente que nesta
opção pesou o facto dos POOCs estarem praticamente concluídos, terem propostas de
intervenção que se espera que seja o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território
(MAOT) a realizar, e as obras de protecção e defesa costeira serem normalmente bastante
dispendiosas. Actualmente, é da responsabilidade do MAOT a gestão de toda a faixa
costeira não incluída nas administrações portuárias.

Proporcionalmente, os investimentos destinados à informação, sensibilização e gestão


ambientais, serão bastante menores, representando apenas 6% do investimento total. A
natureza imaterial de muitos dos projectos que serão contemplados por esta medida
justificam menores investimentos. Só se espera que os necessários investimentos na
dotação de uma rede de recolha e tratamento de dados ambientais seja devidamente
contemplada no seio desta medida.

Para além do ambiente urbano que domina, por assim dizer, o Eixo Prioritário 2 com 32%
do investimento total, a outra vertente deste Eixo Prioritário tem um carácter mais
supletivo e complementar das intervenções sectoriais, com repercussões no ambiente.

Por outras palavras, as grandes questões associadas à geração das diversas formas de
poluição e correspondentes disfunções dos meios receptores naturais, atribuíveis aos
sectores produtivos e transportes, serão também objecto de tratamento pelos POs
sectoriais, pelo que os recursos a mobilizar deverão ser muito superiores aos incritos no
PO Ambiente.

161
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Mais uma vez, os critérios de selecção dos projectos deverão ser particularmente
selectivos, já que, para além dos projectos de certificação ambiental, as obras a financiar
numa lógica de majoração, pelo PO Ambiente, deverão ter um carácter claramente
exemplar e singular.

3 Políticas e impactos esperados do PO Ambiente

Antes de abordarmos as políticas e os impactos esperados do PO Ambiente, valerá a pena


recordar o seu enquadramento no Plano de Desenvolvimento Regional (PDR) 2000-2006.
Dos quatro objectivos estratégicos do PDR, um refere-se directamente à “promoção do
desenvolvimento sustentável das regiões e à coesão nacional”. No entanto, estruturando-
se o PDR em três grandes eixos, o PO Ambiente integra-se no terceiro que visa “Afirmar
a valia do território e da posição geoeconómica do país”. Por outras palavras, a entrada
do ambiente no PDR é via território, pelo que será de esperar uma particular atenção à
integração ambiente-território. Este aspecto é traduzido explicitamente na redacção dada
às Medidas do PO. Iremos estruturar os impactos esperados do PO com base nestas
Medidas.

Na discussão que fizemos da quantificação dos objectivos, no capítulo anterior, referimo-


nos à razoabilidade, à pertinência e às probabilidades de se virem a concretizar as metas
avançadas no PO Ambiente para 2006. O PDR apresenta metas para os restantes domínios
do ambiente não tratados no PO e referidos no capítulo de enquadramento do Programa
(ver págs. 40 a 42 deste relatório). Para evitar repetições desnecessárias apresentamos
neste capítulo apenas uma síntese qualitativa das considerações anteriores:

-1ª - Conservação e Valorização do Património Natural


- Consolidação da Rede Nacional de Áreas Protegidas
- Valorização do património natural, particularmente na rede de áreas protegidas
- Manutenção da diversidade biológica

-2º - Valorização e Protecção dos Recursos Naturais


- Cumprimento da legislação nacional e comunitária em matéria de ambiente
- Valorização de toda a faixa costeira
- Valorização da rede hidrográfica

162
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

-3ª - Informação, Sensibilização e Gestão Ambientais


- Aumento do nível de conhecimento dos fenómenos ambientais e da capacidade
institucional de os monitorizar e controlar
- Aumento dos níveis de sensibilização ambiental da população
- Aumento dos meios de divulgação e informação ambiental
- Aprofundamento da consciência ambiental colectiva

-4ª - Melhoria do Ambiente Urbano


- Significativa aposta na valorização e qualificação do ambiente urbano
- Revitalização do espaço público urbano
- Aumento da multifuncionalidade dos espaços urbanos
- Valorização de estruturas ecológicas inseridas na malha urbana

-5º - Apoio à Sustentabilidade Ambiental das Actividades Económicas


- Vulgarização da ecogestão e da certificação ambiental
- Promoção de acções inovadoras e de demonstração que proporcionem melhorias no
desempenho ambiental
- Promoção de acções de carácter voluntário e que proporcionem mais-valia ambiental
nos cinco sectores considerados prioritários no 5º Programa de Acção Comunitária
para o Ambiente

A gama e o alcance dos efeitos esperados com o PO Ambiente poderá ser, deste modo,
bem mais significativa do que a sua dimensão financeira poderá deixar antevêr, sobretudo
se se concretizar a estratégia de deixar para o Fundo de Coesão e para os POs Regionais e
Sectoriais os maiores investimentos "em obra de construção civil". Manifestamente, estes
investimentos não poderão ser suportados por um programa que apenas dispõe de pouco
mais de 90 milhões de contos para serem gastos em 7 anos.

Sabendo antecipadamente que os serviços do MAOT serão responsáveis directos pela


gestão de uma fatia muito significativa das verbas totais postas à disposição, importará
garantir que os projectos escolhidos para apoio possam ter efeitos multiplicadores e
projecção exterior, evitando-se, por todos os meios, que se consumam na própria máquina
administrativa do ambiente. Como é sabido, não bastará termos um PO adequadamente
163
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

concebido e estruturado para lhe garantirmos o êxito. Este em muito dependerá do modo
como for levado à prática.

4 Processos de implementação e monitorização

A autoridade de gestão do PO Ambiente será assegurada por um Gestor, nomeado pelo


Conselho de Ministros sob proposta do Ministro do Ambiente e Ordenamento do
Território. O Gestor apoiar-se-á numa Unidade de Gestão a que preside. A unidade de
gestão será constituída segundo despacho do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do
Território. Em síntese a Unidade de Gestão tem como responsabilidades a elaboração e
aprovação do seu regulamento interno, a emissão de pareceres sobre as candidaturas ao
programa e a emissão de pareceres sobre os relatórios de execução do PO Ambiente.

O acompanhamento do PO é assegurado por uma Comissão de Acompanhamento,


presidida pelo Gestor, e integrando todos os membros da Unidade de Gestão para além de
representantes da Comissão Europeia e do Banco Europeu de Investimentos, e ainda
representantes dos parceiros económicos e sociais. Da Unidade de Acompanhamento
farão igualmente parte um representante de cada entidade responsável pela gestão
nacional dos fundos comunitários envolvidos, um representante do Ministro para a
Igualdade, os coordenadores das componentes ambiente regionalmente desconcentradas e
um representante da Inspecção Geral de Finanças, na qualidade de observador.

A Unidade de Acompanhamento terá como principais funções confirmar o complemento


de programação e suas alterações, os critérios de selecção dos projectos, a análise dos
resultados de execução, e a aprovação dos relatórios anuais e final de execução.

Para além destas unidades, o Gestor deverá ser assessorado por uma Estrutura de Apoio
Técnico (EAT). Embora no PO Ambiente não se desenvolvam as atribuições desta
estrutura técnica, dever-lhe-ão caber, como responsabilidades, os domínios da divulgação,
organização dos dossiers dos projectos, preparação das reuniões, instrução e apreciação
das candidaturas, organização do ficheiro informático do PO, verificação dos documentos
de despesa, tratamento dos indicadores físicos e financeiros do PO, preparação de pedidos
de pagamento e elaboração dos relatórios de execução.

Particular relevo é dado ao sistema de informação, ao desenho dos circuitos financeiros e


ao sistema de controlo. Relativamente a este último serão adoptados os procedimentos do

164
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

sistema nacional de controlo do QCA tal como previsto no PDR, pelo que não se julga
relevante expôr neste documento.

Tendo em consideração a experiência com o anterior PA será de destacar o cuidado que


deverá ser posto no funcionamento da estrutura de apoio técnico ao gestor do programa.
Embora muitas das entidades executoras dos projectos sejam, previsivelmente, serviços
do próprio Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, haverá casos em que
os proponentes dos projectos serão entidades externas. Nestes casos justifica-se que o
acompanhamento não seja meramente documental, mas que haja algum trabalho de
acompanhamento no terreno, e mesmo apoio técnico directo aos promotores dos
projectos.

Dado que se optou pela figura do gestor público para assegurar a gestão do PO, sob tutela
directa do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, como no caso do PA
1994-1999, haverá que dar particular atenção às orientações e prioridades em matéria de
política de ambiente, na condução do programa, já que muitas das entidades beneficiárias
do PO serão organismos do próprio Ministério, com os quais o futuro gabinete poderá vir
a entrar em conflito sempre que determinadas candidaturas não possam vir a ser
aprovadas.

Por outro lado, será também importante que os serviços do MAOT potenciais
beneficiários do PO vejam, no arranque do programa, perfeitamente definida a quota parte
do Orçamento Geral do Estado que permita realizar a contrapartida nacional, evitando-se
a geração de expectativas infundadas que serão sempre fonte de conflitos.

Finalmente uma palavra para a visibilidade do PO. À partida trata-se de uma qualidade
essencial para o seu sucesso. Haverá pelo menos dois factores que dificultarão a
visibilidade do PO. O primeiro tem a ver com o facto de grande parte do investimento
constante do Eixo Prioritário 1 acabar por ser realizado por organismos do próprio
Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território. Neste caso só um esforço extra
de publicitação das iniciativas poderá contornar esta situação.

Em segundo lugar, muitos dos apoios previstos ao abrigo do Eixo Prioritário 2 são
majorações de financiamentos provenientes de outros sectores. Importará, nestes casos,
garantir a visibilidade do papel do PO Ambiente, tirando partido do seu próprio processo
de selecção de projectos que, como foi anteriormente referido, deverá privilegiar os
projectos ambientalmente mais avançados e inovadores. Desta forma, ao associar-se aos
projectos potencialmente mais interessantes, o PO Ambiente poderá retirar os devidos
dividendos em termos de imagem pública.
165
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Referências

CE (1992) V Programa Quadro do Ambiente, Comissão Europeia, DG XI, Bruxelas.

CE (1999) Working Paper 2 – The Ex-Ante Evaluation of 2000-2006 Interventions,


Objectives 1,2 and 3. Comissão Europeia/DG XVI (versão draft).

DGRN (1992) Utilizações da Água em Portugal, Direcção Geral dos Recursos Naturais,
Lisboa.

GabPOA (1997) Avaliação Intercalar do Programa Ambiente, Relatório Final, Gabinete


do Gestor do Programa Ambiente, preparado por Paulo Pinho Lda e
Quaternaire SA., Ministério do Ambiente, Lisboa.

GabPOA (1997) Definição e quantificação dos indicadores físicos e de impacto do


Programa Ambiente, Gabinete do Gestor do Programa Ambiente,
preparado por Paulo Pinho Lda, Ministério do Ambiente, Lisboa.

MA (1998) Balanço da acção governativa do Ministério do Ambiente, no quadro do XIII


governo constitucional, Ministério do Ambiente, Lisboa.

MA (1999) Relatório do Estado do Ambiente, 1998, Ministério do Ambiente, Lisboa.

MA (1999a) Intervenção Operacional do Ambiente – enquadramento geral, PDR 2000-


2006, Ministério do Ambiente, Lisboa.

MA (1999b) Intervenção Operacional do Ambiente – intervenção nacional e componente


desconcentrada regional, PDR 2000-2006, Ministério do Ambiente,
Lisboa.

MA (1999c) Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade,


Documento Preliminar para Discussão Pública, Ministério do Ambiente,
Lisboa.

MARN (1994) Plano Nacional da Política de Ambiente, Ministério do Ambiente e


Recursos Naturais, Lisboa.

MEPAT (1999) Plano de Desenvolvimento Regional, 2000-2006, Ministério do


Equipamento, Planeamento e Administração do Território, Lisboa

MPAT (1994) Portugal, Quadro Comunitário de Apoio, 1994-1999, Ministério do


Planeamento e da Administração do Território, Bruxelas.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ANEXO 2 : QUADRO DE REFERÊNCIA DO FUNDO DE COESÃO

QUADRO REFERÊNCIA

Fundo de Coesão 2000-2006

167
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

PARTE 1

ENQUADRAMENTO

1 Introdução
O crescimento da economia portuguesa durante a década de noventa, apesar de um
significativo abrandamento em 1993/94, correspondeu às expectativas geradas em torno
do processo de integração europeia. Um balanço da década a nível do crescimento
demográfico e da distribuição da população, bem como do desenvolvimento dos sectores
da agricultura, indústria e transportes, revela a necessidade ainda existente de modificar
qualitativamente o processo de desenvolvimento, no sentido de uma maior
sustentabilidade ambiental.

É nesse sentido que aponta a política de ambiente executada na segunda metade da década
de noventa, 96-99, particularmente auxiliada tanto pela transposição jurídica da maior
parte das directivas comunitárias, como pela concretização das medidas que a estratégia
de investimentos nacionais e comunitários viria a permitir, no âmbito do segundo Quadro
Comunitário de Apoio (QCA II).

Não foi possível durante a década de 90 atingir os níveis de protecção e de qualidade


ambientais compatíveis com a média dos nossos parceiros comunitários, no entanto se
muito ainda há a fazer, os progressos verificados nos últimos anos são a prova que a
política de ambiente começa a dar os seus frutos e a contribuir para a qualidade de vida
dos cidadãos nacionais.

168
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2 A política de ambiente entre 1996-1999


A política do ambiente definiu os seguintes objectivos de acção por domínio ambiental,
para a segunda metade da década de noventa:

Fonte. GOPS, 1996-1999


Água
Proceder a um levantamento dos recursos existentes e garantir na origem a fiabilidade e
qualidade da água para abastecimento

Aumentar os níveis de atendimento da população no que se refere a água para consumo


humano e drenagem e tratamento de águas residuais, promovendo também uma melhoria
substancial da qualidade da água nos meios receptores.

Ar e Clima
Melhorar a monitorização da qualidade do ar e das alterações climáticas

Proceder à integração de políticas sectoriais no sentido de promover a qualidade do ar

Adoptar normas de protecção e qualidade consistentes com os acordos internacionais


efectuados na matéria.

Resíduos
As principais medidas tomadas no âmbito do Sector Resíduos orientam-se no sentido de
proceder a uma correcta gestão dos resíduos urbanos, industriais e hospitalares, segundo o
princípio da prevenção, valorização e eliminação e pressupondo, desde logo, um maior
nível de atendimento da população

Neste âmbito, foi dada prioridade à criação de condições que permitissem planificar e pôr
em prática a qualificação do tratamento dos resíduos sólidos urbanos bem como a
definição de um quadro legal adequado que permitisse criar as infraestruturas necessárias
a uma correcta gestão dos diversos tipos de resíduos.

Conservação da natureza
Ampliar e reclassificar a Rede Nacional de Áreas Protegidas e a Reserva Ecológica
Nacional

Levar a cabo uma política integrada de protecção e recuperação das áreas costeiras.

A prossecução dos objectivos de política de ambiente levou à execução devidamente


articulada de todo um conjunto de medidas por domínio ambiental. Neste ponto serão
explicitadas quer as medidas empreendidas quer os objectivos atingidos.

169
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.1 Água

A nível das origens da água, intentou-se o acréscimo da capacidade de abastecimento de


água através da promoção de grandes empreendimentos: Odeleite-Beliche (origem da
água do Sistema Multimunicipal do Sotavento Algarvio, com entrada em funcionamento
em Julho de 1998), Enxoé (principal origem de água dos concelhos de Serpa e Mértola,
com entrada em funcionamento em Maio de 1998) e Odelouca-Funcho (obra a iniciar em
2000 e destinada a constituir a origem de água do sistema Multimunicipal do Barlavento
Algarvio).

Ainda no domínio de uma maior capacidade de abastecimento, surge o Programa de


Origens da Água, que passa pela criação de uma rede estruturada que permita ultrapassar
as actuais fragilidades das captações do interior Norte e Centro do país. Encontra-se
concluído o sistema de Trancoso e estão já em execução os sistemas de Apartadura,
Sardoal, Santa Marta de Penaguião e Vila Real.

No âmbito do abastecimento de água às populações através dos sistemas multimunicipais,


o Estado concessionou a empresas de capitais públicos, resultantes da associação da IPE -
Águas de Portugal com os municípios, a construção e exploração de infra-estruturas de
abastecimento de água que gerem sistemas de âmbito regional. Durante o ano de 1999
ficou garantido o abastecimento de água em “alta” a 60 concelhos das zonas mais
densamente povoadas do litoral do país, correspondendo a população abrangida a mais de
6 milhões de habitantes.

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

Evolução do Abastecimento de Água

NUTS II Níveis de atendimento globais (%)


1990 (a) 1995 (b) 1997 (c) 1999* (c)
Norte 65 70 71 78
Centro 68 84 89 95
Lisboa e Vale do Tejo 92 97 98 99
Alentejo 83 89 92 94
Algarve 82 82 88 91
CONTINENTE 77 84 86 90
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INE
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999

Foi iniciada a monitorização da qualidade das águas subterrâneas, encontrando-se


operacionais as redes de monitorização da Região do Centro e da Região do Algarve. O
Programa Nacional de Monitorização das Águas Subterrâneas, no âmbito do qual se
inserem os sistemas de monitorização regionais referidos, virá ainda a conferir um
170
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

tratamento específico às zonas de risco, como é o caso do Aterro Sanitário de Alcanena, a


Bacia do Rio Alviela, o perímetro de rega de Marvão e as Zonas Vulneráveis classificadas
no Decreto-Lei nº 235/97 de 3 de Setembro.

No que se refere à drenagem e tratamento de águas residuais, o Programa Nacional de


Tratamento de Águas Residuais Urbanas incluiu a construção e reabilitação de ETARs,
tendo sido considerados como prioritários os investimentos nas sedes dos concelhos e nas
Zonas Sensíveis (D.L. nº 152/97, de 19 de Junho).

Entre as principais medidas empreendidas neste domínio figura a celebração de


Contratos-Programa de Qualificação Ambiental com as Autarquias e a Parque Expo para
apoio de soluções integradas no domínio da drenagem e tratamento de águas residuais,
bem como o acréscimo do número de sistemas multimunicipais de tratamento de águas
residuais urbanas.

No âmbito dos sistemas multimunicipais, o Estado concessionou a empresas de capitais


públicos, resultantes da associação da IPE - Águas de Portugal com os municípios
interessados, a construção e exploração de infra-estruturas de tratamento de águas
residuais, ficando, assim, garantido através da SIMRIA (Ria de Aveiro) e da SANEST
(Costa do Estoril) o tratamento de águas residuais de 14 concelhos (cerca de 1,6 milhões
de habitantes).

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

Evolução da Drenagem de Águas Residuais

NUTS II Níveis de atendimento globais (%)


1990 (a) 1995 (b) 1997 (c) 1999* (c)
Norte 36 44 51 59
Centro 39 52 54 71
Lisboa e Vale do Tejo 79 86 86 89
Alentejo 69 83 84 85
Algarve 76 68 81 84
CONTINENTE 55 63 68 75
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INE
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999

Evolução do Tratamento de Águas Residuais Urbanas


171
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

NUTS II Níveis de atendimento globais (%)


1990 (a) 1995 (b) 1997 (c) 1999* (c) Capacidade instalada
1999** (d)
Norte 11 12 24 42 61
Centro 18 30 36 51 61
Lisboa e Vale do Tejo 26 47 53 64 79
Alentejo 32 58 59 74 81
Algarve 37 60 64 83 92
CONTINENTE 21 32 40 55 70
Fontes:
a) DGA (valor de referência utilizado pelo PNPA em 1995)
b) INAG
c) Inquérito às Câmaras Municipais coordenado pelas DRAs
*valores previstos com base nas obras em curso e em conclusão em 1999
** tratamento efectivo sujeito à conclusão das redes em baixa

Por outro lado, encontram-se já em funcionamento várias soluções integradas de


tratamento de águas residuais industriais: o SIDVA - Sistema Integrado de Despoluição
do Vale do Ave, onde a indústria têxtil tem o maior peso; a ECTRI (Estação Colectiva de
Tratamento de Resíduos Industriais), servindo um elevado número de unidades industriais
metalúrgicas e metalomecânicas na área de Águeda; o Sistema de Alcanena, onde se
encontra sediado o maior número de estabelecimentos produtores de curtumes do país.
(Bacia do Alviela).

O Programa de Reabilitação da Rede Hidrográfica, Prevenção e Controlo de Cheias,


iniciado em 1996, prevê 883 intervenções. As acções contidas neste Programa orientam-
se para a recuperação da rede hidrográfica e para a garantia das condições de escoamento
de linhas de água.

2.2 Resíduos

Da estratégia de prevenção fazem parte a criação do Instituto de Resíduos, sob a tutela do


Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, como forma de dar resposta à
importância crescente dos problemas colocados pelos resíduos, bem como a entrada em
vigor do Decreto Lei nº 239/97 onde se definem as normas de gestão de resíduos.

Outra medida tomada no âmbito da prevenção refere-se às acções de planeamento


empreendidas e consubstanciadas pela elaboração de Planos Estratégicos para os Resíduos
Sólidos Urbanos (PERSU), para os Resíduos Hospitalares e para os Resíduos Industriais
(PESGRI). Estes planos procuram efectuar uma avaliação do estado actual dos sectores
respectivos e prever e projectar as soluções necessárias no mesmo contexto.

A valorização e eliminação dos resíduos carecia de sistemas de gestão integrada que não
apenas contemplassem as diversas tarefas implicadas pelos processos referidos, como
assegurassem um maior grau de cobertura territorial e populacional. Para o efeito foram
criados diversos sistemas multimunicipais através da concessão de projectos de gestão a
empresas de capitais públicos resultantes quer da associação entre a EGF Empresa Geral
172
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

de Fomento, SA e os Municípios, quer da associação entre municípios (sistemas


intermunicipais). Ambos os tipos de sistemas destinam-se a efectuar a recolha selectiva, o
tratamento e a valorização de resíduos, envolvendo no total 37 sistemas e 275 municípios.
Este processo é acompanhado pela recuperação e encerramento das lixeiras existentes.

As medidas de política empreendidas neste sector conduziram à seguinte evolução de


níveis de atendimento das populações:

Evolução do Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (situação com implementação do


PERSU)

NUTS II Níveis de Atendimento Globais (%)


1997 (a) 1999 (a)
Norte 46 92
Centro 15 96
Lisboa e Vale do Tejo 66 100
Alentejo 14 51
Algarve 20 100
CONTINENTE 24 94
Fontes:
a) SEAMA
Nota: Considerando Tratamento Adequado apenas incineração, compostagem e aterros
sanitários

Durante o mês de Junho de 1999, o Ministério do Ambiente apresentou uma proposta de


decreto-lei com vista a regulamentar as condições de atribuição de licenças para aterros de
resíduos industriais banais (não perigosos), aprovada pelo Conselho de Ministros. Esta
proposta abrange outros fluxos de resíduos, como os óleos usados, as pilhas e
acumuladores, pneus, etc.

Entre os fluxos de resíduos, considerados prioritários, figuram as pilhas e acumuladores


usados, os óleos usados e os pneus usados.

No contexto dos objectivos de reciclagem e reutilização de embalagens, em 1997 foi


criada a Sociedade Ponto Verde, destinada a gerir o sistema integrado para o qual os
embaladores podem transferir a responsabilidade pelo destino final dos resíduos de
embalagens. A Sociedade Ponto Verde tem vindo a assinar contratos diversos com os
embaladores e as associações de recicladores, bem como com os sistemas autárquicos. Os
contratos celebrados com os embaladores permitem a cobertura pelo sistema integrado de
cerca de 65% das embalagens colocadas no mercado.

Efectuou-se ainda um Protocolo entre o Instituto de Resíduos e o Sector Farmacêutico


para implementação conjunta de um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de
Embalagens Farmacêuticas.

173
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

No sentido de dotar a indústria de instrumentos e conhecimento sobre a redução de


resíduos na origem está em fase de preparação o Plano Nacional de redução dos Resíduos
Industriais ( PNAPRI ).

Não foi possível durante a década de 90 atingir os níveis de protecção e de qualidade


ambientais compatíveis com a média dos nossos parceiros comunitários, no entanto se
muito ainda há a fazer, os progressos verificados nos últimos anos são a prova que a
política de ambiente começa a dar os seus frutos e a contribuir para a qualidade de vida
dos cidadãos nacionais.

3 Os principais vectores de actuação estratégica entre 2000-2006


A protecção do ambiente em Portugal enfrentará no princípio de século XXI dois grandes
desafios:

• dar continuidade e completar a infra-estruturação básica;

• criar, no plano ambiental, as condições que permitam à sociedade portuguesa


enveredar, gradualmente, por um desenvolvimento sustentável, reequilibrando o
crescimento económico com um elevado grau de protecção e valorização dos recursos
naturais.

Para enfrentar estes desafios, Portugal disporá, no período 2000-2006 de condições e


oportunidades que não podem ser desperdiçadas, tendo em conta que o próximo período
de programação dos Fundos Estruturais será decisivo neste domínio. Assim, a existência
de um Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social para o período 2000-
2006 ao qual se associa o III Quadro Comunitário de Apoio constitui um suporte de
referência para a definição de políticas ambientais consistentes e capazes de dotarem o
país de níveis de qualidade ambiental, compatíveis com as aspirações dos cidadãos.

Os temas centrais, as metas e as acções prioritárias, que nortearão a acção política no


sentido de atingir no longo prazo as condições para um desenvolvimento sustentável têm
em consideração três aspectos essenciais:

• a necessidade de prosseguir o esforço de modernização da infra-estruturação básica e


da sua generalização a uma parte importante da população e do território nacional;

• a indispensabilidade da valorização e protecção das vantagens ambientais intrínsecas


do território nacional, enquanto factores de desenvolvimento económico equilibrado e
de prosperidade social;

• a necessidade de fazer aplicar o quadro normativo nacional, comunitário e


internacional, não só aquele que por razões de natureza económica e técnica ainda não
foi totalmente implementado, mas também as directivas que serão implementadas no
período 2000-2006.

Assim, a estratégia ambiental para a próxima década assentará nos seguintes vectores de
actuação:
174
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Primeiro vector: A gestão sustentável dos recursos naturais e a melhoria da qualidade


ambiental, considerados como direitos essenciais para todos os portugueses.

A gestão sustentável dos recursos naturais e o usufruto de uma qualidade ambiental


mínima devem constituir a principal linha de orientação estratégica do país e basear-se em
pressupostos de equidade, de solidariedade e de responsabilidade partilhada.

Segundo vector: a integração do ambiente na política de desenvolvimento territorial e


nas políticas sectoriais.

A compatibilização do planeamento territorial e das políticas sectoriais com o ambiente


constitui uma das condições da sustentabilidade: avaliar ex-ante os impactes, prevenir os
danos, adaptar os instrumentos de intervenção, construir indicadores de pressão ambiental
das diferentes actividades e monitorizar os efeitos, são algumas das condições a preencher
para integrar objectivos de protecção ambiental nas políticas.

A integração constitui o elemento primordial de uma estratégia ambiental, necessária


tanto ao nível dos objectivos como ao nível dos instrumentos utilizados para atingir esses
objectivos. Quanto à integração dos objectivos os princípios fundamentais serão:

Concretizar a integração das estratégias de controlo da poluição com uma melhor gestão
dos recursos.

Generalizar a aplicação do Princípio do Poluídor Pagador com o Princípio do Utilizador


Pagador.

Terceiro vector: a conservação e valorização do património natural no quadro de uma


estratégia de conservação da natureza e da biodiversidade.

A protecção e a valorização da diversidade biológica e da variedade dos ecossistemas e


paisagens serão elementos fundamentais de uma “Estratégia Nacional para a Conservação
da Natureza e da Biodiversidade”.

Quarto vector: o estabelecimento de um partenariado estratégico com os diferentes


actores para a modernização ambiental das actividades económicas e das organizações.

O ambiente assume-se como estruturante e de carácter horizontal tendo em vista o


desenvolvimento sustentável. O sucesso desta opção depende do diálogo e da
contratualização com os vários actores que intervêm na implementação prática das acções
de desenvolvimento.

A Administração Central promoverá, em primeiro lugar, entre os seus diferentes


departamentos e ministérios a concertação necessária a uma abordagem integrada dos
problemas ambientais e, em seguida, fomentará as formas institucionais de cooperação e
de contratualização com os restantes agentes.

175
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Quinto vector: O desenvolvimento da educação e da informação ambientais.

Com educação e o acesso a uma informação de qualidade, os cidadãos, a Administração e


o mundo empresarial poderão tomar decisões mais eficientes e mais equitativas no que
respeita ao uso dos recursos naturais e participar mais eficazmente no processo de tomada
de decisão, aos níveis local, nacional e mesmo da União Europeia e dos restantes países
da comunidade internacional.

A educação e a informação ambientais devem envolver todos os cidadãos partindo da


escola para a comunidade, e desta para a escola. Os consumidores e a opinião pública têm
um papel importante na criação de uma procura ambientalmente dirigida, quer na área dos
bens e serviços, quer no suporte a medidas de protecção do ambiente como o clima, os
oceanos e a defesa da biodiversidade em geral.

4 Implementação da estratégia no período 2000-2006


Para o período 2000 - 2006, Portugal propõe-se implementar a estratégia cujos principais
vectores foram anteriormente expostos recorrendo a um conjunto de instrumentos que
permitam criar as condições para a sustentabilidade do desenvolvimento do país no
próximo século.

De entre os instrumentos de política, destacam-se os financeiros, em particular, os co-


financiados pelo Fundo de Coesão e pelos Fundos Estruturais que exercerão uma
influência decisiva na prossecução dos objectivos fixados para o período.

Em linhas gerais prevê-se que a repartição dos apoios comunitários segundo a natureza
dos investimentos em ambiente a realizar adquira a seguinte configuração genérica, sem
prejuízo obviamente de eventuais adaptações ditadas pela evolução que se venha a
registar ao longo do período:

FEDER

PROGRAMA OPERACIONAL DO AMBIENTE


176
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Apoio prioritário a investimentos nos domínios da conservação e valorização do


património natural e dos recursos naturais, da educação, formação, informação e gestão
ambientais, da melhoria do ambiente urbano, e majorações de investimentos de mais-valia
ambiental no contexto da sustentabilidade ambiental das actividades económicas.

PROGRAMAS OPERACIONAIS REGIONAIS

(Vertente ambiente e componente desconcentrada do ambiente nestes programas)

Apoio prioritário aos investimentos visando completar o processo de infraestruturação


básica do território, com especial incidência nos investimentos em "baixa" no domínio das
três vertentes de saneamento básico (abastecimento de água, águas residuais e resíduos
sólidos urbanos), complementares e indissociáveis dos investimentos apoiados pelo
Fundo de Coesão, e ainda as acções complementares no que se refere à melhoria do
ambiente urbano.

FUNDO DE COESÃO

Utilização prioritária no apoio aos grandes investimentos visando completar o processo de


infraestruturação básica do território, com especial incidência nos investimentos em "alta"
no domínio das três vertentes de saneamento básico (abastecimento de água, águas
residuais e resíduos sólidos urbanos).

Constata-se portanto que nesta opção de enquadramento dos financiamento comunitários


os grandes investimentos nas três vertentes do Saneamento Básico (abastecimento de
água, drenagem e tratamento de águas residuais e valorização de resíduos sólidos
urbanos) serão apoiados pelo Fundo de Coesão e, complementarmente, pelos Programas
Operacionais Regionais. Reserva-se o Programa Operacional do Ambiente para apoiar os
investimentos de cariz eminentemente ambiental e para o apoio supletivo a soluções de
integração do ambiente nos outros sectores contendo mais-valia ambiental relativamente
às exigências mínimas legais em vigor, dentro de uma lógica de que "quem polui deve
despoluir, quem preserva deve ser compensado".

Neste contexto, é naturalmente indispensável para a consecução dos objectivos fixados


que se verifique uma condição essencial:

• A complementaridade dos investimentos financiados pelo Fundo de Coesão através de


financiamentos FEDER no âmbito dos Programas Operacionais Regionais dos
investimentos a montante e a jusante (redes em baixa de distribuição ou recolha,
consoante o caso) necessários para assegurar a plena eficácia de cada sistema, para as
177
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

vertentes do saneamento básico relativas ao abastecimento de água e à drenagem e


tratamento de águas residuais, e numa lógica de Sistemas integrados do Ciclo da
Água. Esta condição implica a afectação de um mínimo de 100 milhões de contos nos
Programas Operacionais Regionais para apoio a estes investimentos, e que serão
condição de acesso ao Fundo de Coesão para efeitos de financiamento dos
investimentos em alta de cada sistema integrado;

Tendo em conta a opção de canalizar os apoios do Fundo de Coesão para as três vertentes
do domínio do saneamento básico, procede-se em seguida à definição dos problemas por
resolver e aos objectivos específicos para o próximo período de programação.

5 Os problemas por resolver no domínio do saneamento básico


Apesar do esforço realizado no anterior período 94/99, através do Fundo de Coesão e
FEDER Ambiente, os níveis de atendimento atingidos para o abastecimento de água,
drenagem e tratamento de águas residuais e recolha e tratamento de resíduos sólidos
urbanos encontram-se ainda abaixo das médias europeias, bem como dos valores tidos
como compatíveis com a existência e manutenção da qualidade de vida das populações.

Esta constatação é um indicador inequívoco da necessidade de dar continuidade à


infraestruturação a nível do saneamento básico. No que se refere aos problemas ligados ao
saneamento básico que requerem ainda um esforço de investimento no sentido de garantir
a integração nos padrões europeus respectivos identificam-se os seguintes aspectos:

5.1. Abastecimento de Água

A nível da qualidade do recurso água, é de salientar que uma questão indissociável das
disponibilidades hídricas é o problema da qualidade da água, sabendo-se que os
problemas de poluição ambiental dos meios hídricos são agravados pela irregularidade
climática do nosso país e pelo tipo de uso do solo. Os verões secos e prolongados e a
correspondente diminuição de valores de caudal conduzem a capacidades muito reduzidas
de autodepuração durante a estiagem. Por outro lado há ainda a referir os problemas
associados à poluição por substâncias perigosas, além da poluição por óleos.

Águas superficiais

O armazenamento de água em albufeiras constitui ainda em alguns casos o meio receptor


de efluentes domésticos e industriais e ainda das escorrências dos solos agrícolas e
florestais. A afluência excessiva de nutrientes, material sólido e matéria orgânica, conduz
à deterioração da qualidade da água, originando processos de eutrofização, em particular.

A eutrofização das massas de água é um processo natural e lento, resultando do


enriquecimento do meio em nutrientes e promovendo o crescimento da vida aquática ao
178
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

nível das cadeias tróficas. Os blooms algais são a consequência mais directa dos estádios
de eutrofização e os dois nutrientes considerados com mais significado para o crescimento
destes organismos são o azoto e o fósforo. Das 71 albufeiras actualmente classificadas,
cerca de 40% do total da água nelas armazenada encontra-se em estado oligotrófico, 20%
em eutrófico e em 40% das massas lênticas o processo de eutrofização foi já iniciado.

Estes blooms têm ocorrido tanto em águas correntes (rios Minho, Douro e Guadiana)
como em lagoas (Quiaios, Mira e Salgueira) ou albufeiras, resultando de situações
isoladas ou conjuntas de abuso de adubação (fosfatos e nitratos), da presença de
explorações pecuárias não controladas e da ausência de esgotos urbanos com tratamento
insuficiente ou nulo.

Águas subterrâneas

No que se refere às águas subterrâneas, tem-se assistido à diminuição gradual da sua


qualidade, em função da existência de focos de rejeição de poluentes com origem nas
actividades agrícolas (abuso de adubos e fertilizantes) e industriais (águas residuais sem
qualquer tratamento, ou com tratamento deficiente).

Substâncias perigosas em meio aquático

No âmbito da qualidade da água merece particular destaque a presença de substância


perigosas em meio aquático: em 26 de Novembro de 1997, a Comissão Europeia
deliberou alterar o artº 21º da Proposta de Directiva Quadro para a Água estabelecendo a
data limite de fim de 1998 para a obtenção de uma lista de substâncias sujeitas a
vigilância prioritária devido ao seu comprovado risco para o ambiente e a saúde humana,
via meios aquáticos. A prioridade assenta, pois, na monitorização dos meios hídricos
levada a cabo pelos Estados Membro e na adopção de modelos matemáticos para estudo
da dispersão.

Portugal não tem dados analíticos coligidos e organizados nem tem estabelecido, ainda,
um programa de monitorização das águas doces superficiais e das águas marinhas e
estuarias que dê resposta em conformidade com o exigido pelas instâncias mencionadas.
Possui, apenas, um estudo sobre a existência das substâncias existentes no País,
produzidas e/ou importadas, que se inserem nas constantes da Lista II da Directiva
76/464/CEE candidatas à Lista I, e para quantidades reportadas superiores a 10
toneladas/ano. Praticamente todas caem no âmbito das seleccionadas pela OSPAR e
União Europeia.

A nível das origens e abastecimento de água, constituem problemas carecendo de um


esforço complementar na sua resolução:

• As deficiências a nível da constância e pressão do abastecimento de água, tanto em


virtude de causa hidrológicas sem uma adequada resposta em termos de
armazenamento, como por mau funcionamento ou má conservação das componentes
dos sistemas de abastecimento.

• A fragilidade do abastecimento de água nas regiões do interior do país, caracterizadas


por uma rede de origens muito dispersa e de assinalável pequenez, com as incidências
179
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

daí resultantes, a nível da fiabilidade dos abastecimentos e respectivo controlo de


qualidade.

• As situações de ausência de qualidade das águas superficiais e subterrâneas associada


a uma rede de monitorização ainda deficiente.

• As carências de tratamento nas ETA’s por motivos técnicos e humanos.

• A má conservação das estruturas de distribuição (fissuras e rupturas em estruturas


envelhecidas), numa situação de proximidade das redes de esgoto ou de explorações
agro-pecuárias e industriais.

5.2. Drenagem e tratamento de águas residuais

Também na vertente de drenagem e tratamento das águas residuais subsistem algumas


carências cuja solução é indispensável à plena eficiência dos sistemas em causa. Entre os
problemas identificados constam os seguintes:

• Níveis de atendimento da população insuficientes com a devida articulação de


drenagem e tratamento de águas residuais. De facto, verificam-se situações em que
estão presentes as infraestruturas de drenagem de águas residuais, sem a necessária
correspondência em termos de tratamento.

• Subdimensionamento de algumas ETAR’s, face ao crescimento urbano verificado.

• Inadequação de alguns processos de tratamento relativamente à natureza e quantidade


dos efluentes.

• Necessidade de reabilitação de algumas infraestruturas existentes.

• Carência de pessoal com a formação adequada para gestão e manutenção dos sistemas
de tratamento, levando à inoperacionalidade temporária de algumas instalações
existentes.

5.3. Resíduos Sólidos Urbanos

O sector dos resíduos sólidos urbanos é aquele que regista os maiores níveis de
atendimento, restando todavia a necessidade de proceder às seguintes acções:

• Apostar na valorização, que se revela ainda insuficiente, impondo uma actuação a


nível da valorização orgânica, da reciclagem e da valorização energética.

• Concluir as soluções de cofinamento em aterro e a selagem dos locais de deposição


que não correspondam a critérios ambientalmente correctos.
180
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• Encontrar as soluções de tratamento e deposição adequadas aos resíduos específicos.

• Proporcionar campanhas educativas que incentivem uma menor produção de resíduos,


e uma deposição adequada tanto em termos de recurso aos locais próprios para a
deposição, como em termos da deposição selectiva.

PARTE 2

OBJECTIVOS ESRATÉGICOS PARA 2006

1 Ciclo integrado da água


Nas últimas décadas e em particular no período do QCA II, efectuou-se um elevado
investimento para aumentar a cobertura de população com serviços de abastecimento de
água e de drenagem e tratamento de águas residuais. O investimento no período 2000-
181
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2006 será preferencialmente orientado na resposta aos problemas identificados e à


colmatação das lacunas na cobertura da população com aqueles serviços, com especial
incidência na faixa interior do país. O investimento articular-se-à fundamentalmente numa
lógica de reforço do ciclo integrado de água através de sistemas integrados, com particular
incidência no tratamento das águas residuais, na melhoria da qualidade da água fornecida
e do serviço prestado. No que se refere ao tratamento das águas residuais, será necessário
continuar o esforço de investimento na construção de infraestruturas, designadamente no
fecho de sistemas iniciados no QCA II, na melhoria do nível de tratamento dos esgotos e
na reutilização da água tratada para determinados usos.

Serão objectivos a atingir em 2006, em termos de atendimento das populações, os


seguintes:

Nível de atendimento global no ano 2006


População do Continente
Serviço Percentagem

Abastecimento de água 95%

Tratamento de águas residuais 90%

Cumulativamente, o nível de atendimento em cada sistema, criado ou a criar, será, no


mínimo, de 90%.

Relativamente à qualidade da água para produção de água para consumo humano e águas
balneares, o objectivo será reduzir em cerca de 80% a carga poluente no meio hídrico, até
2006, através da aplicação de medidas tendentes ao integral cumprimento das diversas
directivas comunitárias. E, ainda, a implementação de medidas previstas nos POOC, bem
como intervenções na rede hidrográfica que permitam uma melhor gestão dos recursos
hídricos.

Neste domínio é essencial enquadrar os investimentos a realizar em planos relativos a


Sistemas de Ciclo Integrado da Água, compatíveis com os planos de bacia, articulando,
no contexto de cada Sistema, os investimentos em alta e em baixa do ciclo integrado,
sendo os primeiros a apoiar pelo Fundo de Coesão e os segundos pelos Programas
Regionais, ou, a título complementar, pelo Programa Operacional do Ambiente, sobretudo
nas áreas protegidas e sensíveis

2 Resíduos Sólidos Urbanos


No respeitante à componente de resíduos sólidos urbanos e após a primeira fase de
infraestruturação básica, passar-se-á a uma segunda fase que permitirá atingir as seguintes

182
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

taxas de atendimento, compatíveis com as directivas comunitárias e consequentemente


com o nível médio da União Europeia:

Nível de atendimento global no ano 2006


População do Continente
Serviço Percentagem

Tratamento e destino final adequado 98%


para os resíduos sólidos urbanos

No quadro da política dos 3Rs são definidos os seguintes objectivos para o ano de 2006
(em percentagem do total de resíduos tratados):

Tipo de valorização Percentagem

Material 17

Energética 20

Orgânica 25

Os principais investimentos a realizar neste domínio referem-se à valorização e serão


apoiados prioritariamente pelo Fundo de Coesão.

PARTE 3

OS FINANCIAMENTOS PELO FUNDO DE COESÃO

1 As opções de financiamento

Conforme referido anteriormente, no contexto da distribuição por fontes de financiamento


dos apoios comunitários no domínio do Ambiente para o período 2000-2006, Portugal
considera que o Fundo de Coesão deverá continuar a apoiar preferencialmente os
investimentos relativos às grandes infraestruturas (investimentos em alta) das vertentes de
saneamento básico (abastecimento de água, águas residuais e RSU), designadamente:
183
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

• Nas vertentes Abastecimento de água e Águas residuais o apoio será


preferencialmente dedicado à conclusão ou extensão dos sistemas de abastecimento ou
de tratamento iniciados no QCA II, e à cobertura da faixa interior do País;

• Na vertente RSU os principais apoios incidirão sobre a valorização material e


orgânica, e, a título complementar, sobre as infraestruturas de destino final cuja
conclusão não foi possível no QCA II.

2 Os princípios básicos das intervenções

2.1 Quanto ao enquadramento

Enquadramento preferencial dos pedidos de financiamento para as vertentes


Abastecimento de água e Águas residuais numa lógica de sistema integrado do ciclo da
água (cobrindo vertentes alta e baixa do processo, designadamente captação, adução,
distribuição, drenagem, tratamento e rejeição) e pondo em evidência a complementaridade
dos investimentos e respectivas fontes de financiamento de modo a tornar visível as
sinergias geradas no sentido de potenciar o efectivo cumprimento das directivas
comunitárias no domínio do saneamento básico;

Enquadramento preferencial dos pedidos de financiamento para a vertente RSU na lógica


dos 37 sistemas já existentes (de carácter multimunicipal ou intermunicipal) criados no
contexto da aplicação do PERSU e pondo em evidência a complementaridade dos
investimentos e respectivas fontes de financiamento de modo a tornar visível as sinergias
geradas no sentido de potenciar o efectivo cumprimento das directivas comunitárias no
domínio do saneamento básico.

2.2 Quanto aos modelos de gestão e de financiamento

Prioridade à utilização de modelos de gestão do tipo empresarial que:

• Ofereçam garantias de funcionamento dos sistemas,

• Assegurem a sua auto-sustentabilidade,

• Apliquem tarifas reais, de modo a garantir a plena aplicação do principio do poluidor-


pagador;

Incentivo à associação do investimento privado, de modo a diminuir as taxas de


comparticipação comunitária, aumentando assim o efeito indutor do Fundo de Coesão, e
complementando as necessidades de investimentos estimadas.

184
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

2.3 Aplicação do Princípio do Poluidor – Pagador

• Estado português está consciente da necessidade de aplicação do princípio do poluidor


pagador, de forma progressiva e compatível com os objectivos da coesão económica e
social e considerando a aceitação social dos sistemas tarifários que daí resultarão. Por
isso o princípio do poluidor pagador está consagrado na legislação nacional para o
sector da água e dos resíduos, e vem tendo uma aplicação crescente em todas as
intervenções co-financiadas.

A fim de avaliar em que medida o sistema de tarifas existente para os sectores da água e
dos resíduos tem em conta a aplicação do princípio do poluidor-pagador, será elaborado
um estudo que faça o diagnóstico da situação e estabeleça objectivos que visem
considerar de forma acrescida o princípio do poluidor-pagador, permitindo a sua aplicação
de um modo progressivo. Estes objectivos serão avaliados em 2003.

• No que concerne aos sectores industriais, tal como se prevê nos Decretos-Lei n.º
46/94, de 22 de Fevereiro e no Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, a emissão ou
descarga de águas residuais na água ou no solo por uma instalação carece de uma
licença a emitir pela Direcção Regional do Ambiente na qual será fixada a norma de
descarga e demais condições aplicáveis, o mesmo sucedendo com a descarga destas
águas em colectores municipais sendo que, neste caso, a entidade competente para
autorizar é a entidade gestora do sistema, que comunicará à DRA as condições da
autorização para verificação da sua conformidade com as disposições legais.

• No que respeita às águas para consumo humano, águas residuais urbanas e resíduos
sólidos urbanos, a Lei das Finanças Locais, Lei n.º 42/98, de 6 de Agosto, determina,
no seu artigo 20º, que as tarifas e os preços a fixar pelos municípios, relativos aos
serviços prestados e aos bens fornecidos pelas unidades orgânicas municipais e
serviços municipalizados, incluindo os serviços de água para consumo humano, águas
residuais urbanas e resíduos sólidos urbanos, não devem, em princípio, ser inferiores
aos custos directa e indirectamente suportados com o fornecimento desses bens e
serviços.

• Por outro lado, a obrigação de o poluidor prevenir, corrigir ou recuperar o ambiente


suportando os encargos daí resultante tem expressão no artigo 3º da Lei de Bases do
Ambiente, Lei n.º 11/87, de 7 de Abril, no Decreto-Lei n.º 47/94, de 22 de Fevereiro,
no que respeita ao regime económico e financeiro das utilizações do domínio público
hídrico (artigo 8º), e no Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de Setembro, no que respeita aos
resíduos (artigo 6º).

• Quanto às condições a observar nos sistemas municipais e multimunicipais geridos de


forma empresarial por concessão nas condições previstas no Decreto-Lei n.º 379/93,
de 5 de Novembro, elas são ainda mais taxativas. Para os sistemas municipais
concessionados o artigo 5º do Decreto-Lei n.º 147/95, de 21 de Junho, determina que
a fixação das tarifas nos serviços municipais de águas, águas residuais e resíduos
sólidos urbanos concessionados deve assegurar a amortização dos investimentos a
cargo da concessionária, deduzidos de eventuais subsídios, a manutenção, reparação e
renovação dos bens e equipamentos afectos à concessão e os encargos de gestão,
185
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

reflectindo a estrutura de custos (art.º 5º). A possibilidade de comparticipações e


subsídios a fundo perdido ali previstos têm precisamente em vista as problemáticas da
coesão económica e social e aceitação social da tarifa.

Para os sistemas multimunicipais de recolha, tratamento e rejeição de efluentes o


Decreto-Lei n.º 162/96, de 4 de Setembro, no seu Anexo, Bases do Contrato,
estabelece na Base XIII os critérios para a fixação das tarifas nos quais este mesmo
princípio se encontra plenamente consagrado. Idêntica disposição pode ser encontrada
no Decreto-Lei n.º 294/94, de 16 de Novembro para os sistemas multimunicipais de
tratamento de resíduos sólidos urbanos (Base XII).

• Já em relação directa com o Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006) no Plano


Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais, no
capítulo dedicado à política tarifária, as preocupações da CE quanto à aplicação do
princípio do poluidor-pagador encontram plena consagração. Transcrevemos na
íntegra o que se ali diz :

“ 5.7 - Uma política de tarifas justas

A construção e operação de sistemas de abastecimento de água e de saneamento de


águas residuais, funcionando em boas condições no que respeita à qualidade da
água, à requalifícação e defesa do ambiente e à qualidade do serviço prestado aos
utentes, tendo em vista a total cobertura do País, a melhoria significativa das
condições de vida das populações e o desenvolvimento da nossa economia, implica
elevados custos de investimento e exploração que deverão ser assumidos pelos seus
directos beneficiários.

Compete à tarifa assegurar este objectivo, como decorre da aplicação do princípio


do utilizador-pagador, pelo que não se advoga qualquer política, de tarifa única para
todo o País.

Importa, por isso, que as soluções a adoptar no âmbito deste Plano Estratégico sejam
as que conduzam às menores tarifas possíveis, sem deixar, no entanto, de se ter em
devida consideração o real poder de compra das populações e as suas diferenças
regionais, especialmente no que se refere aos consumos domésticos básicos.

Neste contexto, o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território incentivará


a adopção das soluções que conduzam a uma maior justiça e rigor nas tarifas
praticadas e à correcção das grandes disparidades que se verificam actualmente no
País.”

• Por último, e no que respeita aos critérios nacionais de elegibilidade ao Fundo de


Coesão fixados naquele mesmo Plano Estratégico destacamos os seguintes, que vão
ao encontro das preocupações manifestadas pela C.E., não apenas em relação com o
princípio do poluidor-pagador mas também quanto ao cumprimento da legislação
comunitária para o ambiente:

“ 8.4.3 – Critérios de elegibilidade dos projectos de investimento a financiar pelo


Fundo de Coesão:
186
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

- que realizem uma optimização dos investimentos na perspectiva do interesse


público e as economias de escala possíveis à luz das condicionantes de ordem técnica
próprias de projectos desta natureza;

-que ofereçam garantias de sustentabilidade futura, ou seja, relativamente aos quais


esteja assegurado, através de adequadas soluções institucionais, que irão ser
explorados de forma tecnicamente qualificada e em condições de gerar as receitas
necessárias à cobertura de todos os encargos de exploração e manutenção, e das
reposições futuras;

-que respeitem as obrigações de Estado-membro relativamente aos níveis de


tratamento e prazos estabelecidos pela Directiva 91/271/CEE, de 21 de Maio
(transposta para a ordem jurídica interna pelo Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de
Junho);

-que se enquadrem nos programas de medidas visando a melhoria e a protecção da


qualidade das águas e dos ecossistemas aquáticos, nos termos do direito comunitário
( no essencial transposto para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de
Agosto), o que presume a sua integração num planeamento de recursos hídricos por
bacia hidrográfica;

-que satisfaçam todas as demais exigências da legislação nacional para o ambiente,


nomeadamente no que concerne aos objectivos nacionais em matéria de protecção
das origens de água, ao licenciamento de águas residuais industriais de competência
autárquica, à redução da poluição nas bacias drenantes das zonas sensíveis e zonas
vulneráveis, ao ordenamento do território, etc;

-que estejam em condições de avançar rapidamente para a fase de execução e que


tenham qualidade técnica, oferecendo por esse facto garantias de boa execução
financeira.

-Que estejam em conformes com as linhas de acção estratégica constantes deste


Plano Estratégico.”

2.4 Gestão da Procura

• As preocupações com a gestão da procuram têm consagração legal entre nós, desde
logo no artigo 10º da Lei de Bases do Ambiente, Lei n.º 11/87, de 7 de Abril, e nos
Decretos-Lei n.º 45,46 e 47/94, de 22 de Fevereiro, relativos ao planeamento de
recursos hídricos, ao regime de licenciamento das utilizações do domínio hídrico e ao
regime económico e financeiro das utilizações do domínio público hídrico,
respectivamente.

• De acordo com aquele conjunto articulado de diplomas as utilizações do domínio


hídrico, onde se incluem as águas, estão condicionadas a um regime de licenciamento
obrigatório e ao pagamento de taxa de utilização, devendo ainda observar o disposto
187
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

nos planos aprovados. Entre os requisitos dos planos está a “racionalidade, visando a
optimização da exploração das várias origens da água e a satisfação das várias
necessidades, articulando a procura e a oferta e salvaguardando a preservação
quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos, bem como uma aplicação económica
dos recursos financeiros” (artigo 2º do Decreto-Lei n.º 95/94). Quanto ao
licenciamento das utilizações, e em particular das captações de água, ele é em si
mesmo instrumento de gestão da procura. O mesmo pode dizer-se do regime de taxas
de utilização do domínio público hídrico, e do modelo tarifário já referido a propósito
do princípio do poluidor-pagador-ele é, em si mesmos, promotor da parcimónia do
uso e da protecção do recurso.

• Este objectivo têm também ampla consagração no Plano Estratégico de


Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (2000-2006). Não
apenas nas referências ao modelo tarifário que é ali promovido e nos critérios da
elegibilidade de projectos ao Fundo de Coesão que é preconizado, mas também nas
referências à preservação e promoção da qualidade das águas na origen, à reutilização
de efluentes, à redução de perdas e de consumos não facturados, entre os objectivos ali
propostos.

3 Investimentos em Ambiente

Estimativa das Necessidades e Disponibilidades

NECESSIDADES DISPONIBILIDADES

Fundo de PIDDAC Financiamen PO Regionais


Coesão to dos
Sistemas
(nomeadame
nte privado)
Milhões INAG INR FEDER Câmaras Outras
de contos
Municipais Fontes
Abastecimento de Água 357 120 25 137 51 18 6
Alta 220 120 25 75
Baixa 137 62 51 18 6

188
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Drenagem e Tratamento de Águas 492 140 278 51 18 5


Residuais
Alta 255 140 115
Baixa 237 163 51 18 5
Recolha e Tratamento de Resíduos 103 47 8 23 16 9
Sólidos Urbanos
Infraestruturas de destino final 34 16 3 5 5 5
Valorização material e orgânica 69 31 5 18 11 4
TOTAL 952 307 25 8 438 118 45 11

4 Identificação dos Projectos

4.1 Projectos relativos a Sistemas já implementados:

Abastecimento de Água / Águas Residuais

SIMLIS - 2ª fase

Sistema integrado de despoluição do Rio Lis e ribeira de Seiça (conclusão do sistema


actualmente a ser financiado pelo FC)

SIMRIA - 2ª fase

Sistema Multimunicipal integrado de despoluição da Ria de Aveiro (conclusão do sistema


multimunicipal da Ria de Aveiro, actualmente a ser financiado pelo FC)

DOURO E PAIVA

Sistema multimunicipal de abastecimento de água à área sul do grande Porto alargamento


aos municípios do Vale do Sousa.

SANEST

Melhoria no sistema de tratamento da Costa do Estoril.

Resíduos Sólidos Urbanos

LIPOR

Construção do aterro sanitário de apoio à central de incineração da Lipor

VALORSUL

Construção da central de valorização orgânica

RESIOESTE – 2ª fase

189
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Sistema multimunicipal de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos do Oeste


(conclusão do sistema actualmente a ser financiado pelo FC)

4.2 Candidaturas relativas a novos sistemas a implementar:

Abastecimento de Água / Águas Residuais

OESTE/ VALE DO TEJO

O Sistema a criar refere-se a abastecimento de água e tratamento de águas residuais


urbanas abrangendo os concelhos de :

Alcanena

Alenquer

Almeirim

Alpiarça

Azambuja

Cartaxo

Chamusca

Golegã

Rio Maior

Salvaterra de Magos

Santarém

Torres Novas

Alcobaça

Bombarral

Cadaval

Caldas da Rainha

Lourinhã

Nazaré

Óbidos
190
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Peniche

Torres Vedras

ZÊZERE E CÔA

O Sistema a criar refere-se a abastecimento e tratamento de águas residuais urbanas


abrangendo os concelhos de

Belmonte

Covilhã

Fundão

Manteigas

Penamacôr

Sabugal

MINHO E LIMA

O Sistema a criar refere-se a abastecimento e tratamento de águas residuais urbanas


abrangendo os concelhos de :

Caminha

Melgaço

Monção

Paredes de Coura

Valença

Vila Nova de Cerveira

Arcos de Valdevez

Ponte da Barca

Ponte de Lima

Viana do Castelo

191
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

TEJO-TRANCÃO

O Sistema a criar refere-se ao tratamento de águas residuais urbanas abrangendo os


concelhos de :

Arruda dos Vinhos

Lisboa

Loures

Mafra

Sobral de Monte Agraço

Vila Franca de Xira

PENÍNSULA DE SETÚBAL

O Sistema a criar refere-se a abastecimento e tratamento de águas residuais urbanas


abrangendo os concelhos de :

Alcochete

Almada

Barreiro

Moita

Montijo

Palmela

Seixal

Sesimbra

Setúbal

LITORAL-BAIXO ALENTEJO

O Sistema a criar refere-se a abastecimento e tratamento de águas residuais urbanas


abrangendo os concelhos de :

Almodôvar

192
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Barrancos

Beja

Castro Verde

Mértola

Moura

Serpa

Alcácer do Sal

Aljustrel

Ferreira do Alentejo

Grândola

Odemira

Ourique

Santiago do Cacém

Sines

GRANDE PORTO E NORTE DO GRANDE PORTO

O Sistema a criar refere-se ao tratamento de águas residuais urbanas abrangendo os


concelhos de

Espinho

Gondomar

Maia

Matosinhos

Porto

193
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Valongo

Vila Nova de Gaia

Braga

Montalegre

Póvoa do Lanhoso

Vieira do Minho

Resíduos Sólidos Urbanos

DISTRITO DE ÉVORA

Sistema para recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos dos seguintes concelhos:

Alandroal

Arraiolos

Borba

Estremoz

Évora

Montemor-o-Novo

Mora

Mourão

Redondo

Reguengos de Monsaraz

Vendas Novas

Vila Viçosa

BAIXO ALENTEJO

Sistema para recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos dos seguintes concelhos:
194
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Almodôvar

Barrancos

Beja

Castro Verde

Mértola

Moura

Serpa

Ourique

ALTO TÂMEGA

Sistema para recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos dos seguintes concelhos:

Boticas

Chaves

Ribeira de Pena

Valpaços

Vila Pouca de Aguiar

Montalegre

BAIXO TÂMEGA

Sistema para recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos dos seguintes concelhos:

Amarante

Baião

Cabeceiras de Basto

Celorico de Basto

Marco de Canaveses

Mondim de Basto
195
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

Milhões EURO

CANDIDATURA INVESTIMENTO APOIO


ESTIMADO PREVISTO

SIMLIS – 2ª fase 45 85%

SIMRIA – 2ªfase 50 85%

DOURO E PAIVA(alargamento ao 50 85%


Vale de Sousa)

SANEST 45 

LIPOR 7,5 50%

VALORSUL 19,8 50%

RESIOESTE 30,9 85%

Milhões CONTOS

CANDIDATURA INVESTIMENTO APOIO


ESTIMADO PREVISTO

SIMLIS – 2ª fase 9 85%

SIMRIA – 2ªfase 10 85%

DOURO E PAIVA(alargamento ao 10 85%


Vale de Sousa)

SANEST 9 a) __

LIPOR 1,5 50%

VALORSUL 4 50%

RESIOESTE 6,2 85%

a)Está em curso o trabalho de cálculo da tarifa média socialmente aceitável pelo que não é ainda possível indicar
quais os montantes e fontes de financiamento dos restantes projectos.

Esta descrição não pretende, de modo algum, ser exaustiva nem limitar a apresentação de outros
projectos futuros, nem vincular os investimentos apresentados pois são apenas estimativas.

196
Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

ANEXO.3 : REGIME DE AJUDAS DE ESTADO

Respeito pelas regras comunitárias em matéria de concorrência no domínio das ajudas de estado

Referência da Medida Título do Regime Número do regime Referência da carta Duração de


de ajudas ou da de ajuda (2) de aprovação (2) Regime (2)
(cod. e designação) ajuda (1)

Medida 1.1 Conservação e Nenhuma ajuda de


Valorização do Património Natural estado, no sentido
do artigo 87.1 do
Tratado, foi
acordada para esta
Medida.

Medida 1.2 Valorização e Nenhuma ajuda de


Protecção dos Recursos Naturais estado, no sentido
do artigo 87.1 do
Tratado, foi
acordada para esta
Medida.

Medida 1.3 Informação, Formação Nenhuma ajuda de


e Gestão Ambientais estado, no sentido
do artigo 87.1 do
Tratado, foi
acordada para esta
Medida.

Medida 2.1 Melhoria do Ambiente Nenhuma ajuda de


Urbano estado, no sentido
do artigo 87.1 do
Tratado, foi
acordada para esta
Medida.

Medida 2.2 Apoio à Nenhuma ajuda de


Sustentabilidade Ambiental das estado, no sentido
Actividades Económicas do artigo 87.1 do
Tratado, foi
acordada para esta
Medida.

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Programa Operacional do Ambiente 2000 - 2006

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