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CAPÍTULO 2
O ciclo (ou cadeia), que representa o fornecimento e transporte de nutrientes, não é mais
forte do que o elo mais fraco!
meteorização
Fase sólida Fase sólida
mineral com mineral sem
elementos elementos
adsorvidos fixação adsorvidos
adsorção
fixação
desorção
meteorização
Fase líquida
(solução do solo)
absorção
imobilização
excreção
mineralização
decomposição
transporte
Partes aéreas da
Xilema da planta transporte planta
Para viver a planta retira os nutrientes do ciclo pelo processo de absorção de nutrientes
na forma de catiões e aniões, excepto o Boro que é absorvido na forma molecular não
desassociada (H3BO3). Os iões mais comuns são:
Estria Caspariana
Floema
Endoderme
Zona de alongação
Córtex
Zona meristemática
FASE I: Entrada da solução com os iões no espaço “Water free space (WFS)”. Este espaço
inclui os espaços intercelulares e os espaços entre o plasmalema e a parede celular
(Figura 23).
A entrada da solução do solo ocorre pelo fluxo de massa, que é um movimento de água
no solo para as raízes da planta; esta corrente é causada pela transpiração da planta.
A característica dos iões acumulados no espaço WFS é a de poderem ser removidos por
lavagem com água.
Vaso xilema
(a)
(b)
Faixa Caspariana
FASE II: Adsorção dos catiões tem lugar nas paredes celulares, nos locais com carga
negativa. Estes locais consistem de grupos carboxílicos:
O= C−R
O -
NB. Há muito poucos grupos positivos que podem adsorver aniões; a quantidade deles é
desprezível, então quase não há adsorção de aniões.
Os grupos com carga negativa formam um outro espaço: o espaço Donnan (“Donnan
Free Space -DFS”). Neste espaço os catiões acumulados só podem ser removidos por
lavagem com uma solução de sais livres (de outros catiões!), porque se trata dum
processo de troca catiónica para a remoção de catiões originais.
Os espaços WFS e DFS formam o espaço “Aparent Free Space – AFS”, espaço livre
aparente :
FIGURA 25.
b) Transporte Activo
Dentro da célula as concentrações de iões são mais elevados que fora, até 10.000 vezes.
Fala-se de acumulação de iões nas células e de razão de acumulação que indica a
diferença de concentrações dentro e fora da célula.
Não é possível explicar esta acumulação só com base no transporte passivo (gradiente do
potencial electro-químico). Evidentemente que muitos iões são transportados para o
interior da célula contra o gradiente electro-químico. Fala-se de transporte “uphill”. Este
transporte é um processo activo porque exige energia. Esta é obtida pelo metabolismo da
planta.
Membrana
K1 K3
R MR R
Me + + Mi
Figura 26
K2 K4
+ energia
As raízes penetram o solo e entram em contacto directo com alguns iões na solução do
solo. Para a maioria das plantas, cerca de 1-2% dos nutrientes absorvidos estão
disponíveis na superfície das raízes através do fluxo de massa. Durante o fluxo de
massa, a água e os iões são movidos para a superfície das raízes (Foth & Ellis, 1988).
Quanto maior for a concentração iónica na solução do Solo, maior será a quantidade
de iões transportados para as raízes pelo fluxo de massa.
Uma parte dos elementos vai ser acumulada no vacúolo e deve atravessar o tonoplasto,
uma outra membrana a volta do vacúolo, processo esse que também precisa de energia.
Exemplo: A Tabela 8 mostra conteúdos (%) de Na+, K+, Mg2+, e Ca2+ em várias culturas
crescidas em soluções com iguais concentrações de nutrientes:
Tabela 8.
Total de catiões na planta (%)
Planta Na K Mg Ca
Trigo(Fagopyrum) 0.9 39 27 33
Girrassol (Helianthus) 2.3 54 17 27
Milho (Zea mays) 2.9 70 16 11
Batata (Solanum) 4.1 44 25 27
Halofito (Atriplex) 19.7 39 31 10
Fonte: Foth & Ellis (1988)
Parece que o milho e girassol consomem relativamente muito potássio (K). A batata
absorveu mais que 50% da Ca + Mg. Enquanto as culturas excluíram claramente o sódio
(Na), o halofito absorveu muito deste elemento. É o resultado da selectividade no
processo de absorção, causada pela especificidade dos carregadores, a qual é
determinada geneticamente.
FIGURA 27.
Tabela 9
Conc. na sol. do Solo (µmol Veloc.de absorção(µmol Rb/h)
Rb/L) Cevada trigo milho
1 10 5 2
5 15 8 3
10 17 9 4
25 23 12 5
50 26 14 7
+ +
(N.B. Rb foi aplicado para substituir o K ).
Porque a temperatura tem um efeito forte sobre a velocidade das reacções dos
carregadores, é claro que a velocidade de absorção aumenta com o incremento da
temperatura, isto é, mais iões podem ser absorvidos à temperaturas mais elevadas às
concentrações iguais (X) por unidade de tempo. Veja Figura 28.
FIGURA 28.
A excreção de elementos para fora das raízes constitui a corrente de iões das raízes da
planta para a solução do solo.
Por exemplo: Normalmente a planta absorve mais aniões do que catiões (na base de
equivalência), veja Figura 29.
Figura 29.
A planta compensa esta carga positiva (excessiva) que resta com a excreção de iões OH-
e/ou HCO3-, ou pela absorção adicional de iões H+ quando estes estão presentes. O
resultado deste(s) processo(s) é que o ambiente à volta da raiz torna-se alcalino ou mais
alcalino.
Saída de elementos causado pela danificação das paredes celulares e/ou quando as
membranas já não funcionam (membranas com fendas), por exemplo nos solos salinos
em que concentrações elevadas de sais causam plasmólise.
As raízes formadas numa fase posterior irão tender a ocupar as regiões do solo que não
estejam ocupadas, onde água e nutrientes são mais abundantes. Como consequência, as
raízes no solo tendem a dispor-se uniformemente e em direcção lateral.
A penetração de raízes de cereais de pequenas porte, como o aveio e trigo é tipicamente
pequena quando comparada a do milho que geralmente invade o solo a profundidade que
pode atingir a cerca de um metro ou mais no período de colheita. Nestas condições há
dificuldades de suprir a planta de água, pois a mobilidade da água retida no solo, entre a
capacidade de campo e o ponto de emurchecimento permanente, é limitada (Foth & Ellis,
1988).
Isto significa que, atrasando a aplicação do fertilizante, após o período normal de rápida
absorção, haverá redução de oportunidades de absorção de nutrientes e também dos
aumentos de produção.
Para os nutrientes, o K acumula-se mais rapidamente no milho do que o N, e o N mais
rapidamente do que o fósforo (P) (veja a figura 30). Por outro lado a quantidade de K no
colmo do milho decresce com o desenvolvimento do mesmo (Foth e Ellis, 1988)
Percentagem de maturidade
Figura 30.
Acumulação de potássio (K),
nitrogénio (N), fósforo (P) e
matéria seca (MS) no milho.
(Adaptado de Thompson,
1957)