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CIÊNCIA
A saída, imagina Deauvieau, está numa visão do futuro que substitua a velha ideia
linear de tempo e "progresso" por outra, baseada na responsabilidade. Construir
uma nova utopia é possível. Mas implica assumir posturas que já não se apoiam
principalmente em nosso lugar na produção de riquezas – mas em nossa
solidariedade com as gerações futuras, precaução com o planeta, preservação e
multiplicação dos bens comuns.
Mas ao longo de seu texto, Leblond reúne elementos que contestam esta falsa
segurança. O que chamamos hoje de "ciência" diz ele, é uma das múltiplas formas
possíveis de produção do saber. Seu método, desenvolvido a partir da Grécia e
baseado na abstração e na prova, é de fato um avanço em relação, por exemplo, às
formulações empíricas dos egípcios. Regride mais tarde, para ressugir no
Renascimento (com grande contribuição islâmica), associado à mecanização, ao
"domínio da natureza" e à produção de riquezas. Mas pode perfeitamente estar em
declínio. O comando mercantil que lhe deu força em outros tempos restringe
gravemente, hoje, a "possibilidade de pesquisas especultaivas, sem garantia de
sucesso imediato".
Não há ampliação de horizontes sem abandono das antigas referências. Assim como
a Teoria da Relatividade nos liberta da segurança ilusória de um "tempo único",
deveríamos estar abertos, conclui Leblond, a "outras formas de ciência". Mas não
poderemos fazê-lo sem o doloroso reconhecimento de que não temos as chaves do
saber... (Antonio Martins
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MAIS
> A Biblioteca Diplô oferece, além dos textos citados, fichas sobre Ciência, e Crise
do Cientificismo e do Desenvolvimentismo