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São Paulo, sexta, 18 de setembro de 1998

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SHOW
Acordeonista se apresenta de hoje a domingo no teatro
Crowne Plaza, mostrando músicas do novo CD
Oswaldinho lança "Ao Vivo (no
Estúdio)'
Eduardo Knapp/Folha Imagem

O
instrumentista
carioca
Osvaldinho
do Acordeon,
que toca seu
novo CD de
hoje a
domingo em
São Paulo

especial para a Folha 

Oswaldo de Almeida e Silva, o Oswaldinho do Acordeon,


carioca, 44, lança com um show de hoje a domingo, às 21h,
no teatro Crowne Plaza, o CD "Oswaldinho do Acordeon ao
Vivo (no Estúdio)".
O versátil acordeonista, que teve sua iniciação musical com o
pai, estudou em conservatório para aprender música erudita,
com o intuito de misturá-la ao forró. A idéia acabou por
trazer também rock, jazz e forró a seu som.
Oswaldinho já se apresentou com orquestra, em diversos
concertos. Festivais de jazz, perdeu a conta. Discos são 19,
além de inúmeras participações; a última, no CD "Acústico",
de Rita Lee.
O pai do músico, Pedro "Sertanejo" abriu, em 1965, a
primeira casa de forró em São Paulo, no Brás. Nesse
ambiente voltado para os migrantes nordestinos, cresceu
Oswaldinho, tocando muitas vezes ao lado de Luiz Gonzaga
e Jackson do Pandeiro, entre tantos.
"Nessa época, os nordestinos pediam férias em junho para
passar as festas de São João em suas cidades, mas muitos não
podiam viajar. Então, meu pai abriu essa casa, com zabumba,
sanfona e triângulo, para, além de matar a saudade do povo,
criar um ponto de encontro. De lá saiu também um selo
chamado Canta Galo, em que vários artistas nordestinos
iniciaram suas carreiras", diz o músico.
O CD do acordeonista traz, pela primeira vez, entre as 13
músicas gravadas, o tema do pianista de jazz Chick Corea,
"Spain", tocado em acordeon.
Leia a seguir trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
(CARLOS BOZZO JÚNIOR)

Folha - Como foi sua participação no disco de Rita Lee?


Oswaldinho do Acordeon - Trabalhar ao lado dela é sempre
gratificante, além de se poder conquistar outro público. O
pessoal que curte rock olha o acordeon e diz: "Pô, mó barato
essa ventosa aí!"
Folha - Você não se distancia do forró tradicional ao
utilizar em seu CD guitarras e acordeon MIDI?
Oswaldinho - Não, isso não descaracteriza meu trabalho. Se
você não inovar, vira museu. O que faço tem raiz, isso é o
mais importante.
Folha - Como definir esse CD?
Oswaldinho - É um show que fiz na Alemanha e resolvi levar
ao vivo para o estúdio. Conseguir um teatro para gravar ao
vivo e levar todo o equipamento é muito difícil.
Folha - Qual foi a grande transformação que sofreu o
forró?
Oswaldinho - Tem que tomar cuidado para não confundir o
forró de hoje com a música nordestina, que foi plantada por
Luiz Gonzaga e é a cultura de um povo, são músicas que
ficaram. Quando o Gonzagão morreu, essa música foi embora
com ele, porque o pessoal não soube mais fazer uma coisa
que ficasse. Antes, a música era de todo o Nordeste, hoje se
diz que o forro é do Ceará.
Folha - O que você pensa desse forró cearense, de Caviar
com Rapadura, ou Mastruz com Leite?
Oswaldinho - Musicalmente, não diz muita coisa. No forró,
existem três partes, A, B e C. No forró dessas bandas, é só A,
B, A, B, e sempre os mesmos arranjos. É tudo tão parecido
que eles têm que falar os nomes das bandas no meio das
músicas para se poder identificar o trabalho. Não existe uma
substância, existe um comércio. São bandas iguais, fazendo a
mesma coisa.
Folha - A classe média paulistana dança bem o forró?
Oswaldinho - Não, porque não se pode dançar o que não se
conhece. Eles teriam que ir a um salão de música nordestina
para aprender. O que estão fazendo é mais uma coreografia
de lambada, porque a dança do forró é natural: o passo
miudinho, o passo do xote, a dança rodada etc. O pessoal não
sabe o que é isso.
Folha - Com quem você gostaria de ter gravado?
Oswaldinho - Com o Chick Corea. Nesse CD, gravei "Spain"
em homenagem a ele.
² 
Disco: Oswaldinho do Acordeon ao Vivo (no Estúdio) Artista: Oswaldinho
do Acordeon Lançamento: Pau Brasil (tel. 011/814-9404 ou 870-2777)
Quanto: R$ 18, em média

² Show: Oswaldinho do Acordeon Quando: hoje e amanhã, às 21h,


domingo, às 20h Onde: teatro Crowne Plaza (r. Frei Caneca, 1.360,
Cerqueira César, região oeste da cidade, tel.: 289-0985) Quanto: R$ 15 
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