Consagração
aos Santos Anjos
As sete tarefas e os dons do ESPÍRITO SANTO
Queridos irmãos e irmãs, para tra-
balharmos na formação do nosso
caráter, devemos estudar as virtu-
des humanas e também considerar
as graças e os dons que DEUS nos
oferece, para sabermos discernir e
usá-las corretamente. Nesta pri-
meira carta vamos meditar sobre como podemos viver me-
lhor as nossas tarefas na Obra dos Santos Anjos, pedindo
para cada uma delas a ajuda angelical e os dons do ESPÍ-
RITO SANTO.
Sabemos que o homem, mediante o esforço, deve pra-
ticar atos correspondentes às virtudes para alcançá-las ple-
namente. Não obstante, o ESPÍRITO SANTO vêm em nossa
ajuda com os Seus dons, aperfeiçoando-as. Distinguimos
sete virtudes principais, às quais todas as outras estão co-
ordenadas: são as três virtudes teologais (fé, esperança e
caridade) e as quatro virtudes cardeais (prudência, forta-
leza, justiça e temperança). Para cada virtude existe tam-
bém um dom que a aperfeiçoa, assim:
 a sabedoria aperfeiçoa a caridade;
 o entendimento aperfeiçoa a fé;
 a ciência aperfeiçoa a esperança;
 o conselho aperfeiçoa a prudência;
 o dom da fortaleza aperfeiçoa a virtude da fortaleza;
 a piedade aperfeiçoa a justiça;
 e o temor de Deus aperfeiçoa a temperança.
Para ficarmos firmes na fé, especialmente no mundo
de hoje, precisamos da ajuda divina. O ESPÍRITO SANTO
nos ajuda a cumprir as nossas tarefas na Obra dos Santos
Anjos. Lembremo-nos igualmente que os Santos Anjos
colaboram na aplicação dos dons do ESPÍRITO SANTO,
uma vez que estes são Seus servos. Assim, pediremos os
dons que nos podem ajudar nas respectivas tarefas. Eis
aqui as correlações:
1) para viver na contínua presença de DEUS (adora-
ção), pedimos o temor de DEUS;
2) para amar o silenciar, o obedecer e o escutar o
nosso Anjo (contemplação), pedimos o entendi-
mento;
3) para praticar a caridade ativa (expiação), pedimos
a sabedoria;
4) para sermos servos de Maria (missão), pedimos o
conselho;
5) para renovar nossa aliança com os Santos Anjos,
pedimos a fidelidade – fortaleza;
6) para praticar a reza do Angelus Domini, pedimos
a piedade;
7) para buscar a nossa força na Cruz e na santa Missa
(na comunhão eucarística), pedimos a ciência;
CARTA DE FORMAÇÃO 2 º ano n.º 1
Vejamos mais detalhadamente como os dons divinos nos
podem ajudar:
1) Para viver na contínua presença de DEUS (ado-
ração), pedimos o temor de DEUS.
Os membros da Obra dos Santos Anjos devem esfor-
çar-se, por uma vida na presença de DEUS, para adquirir
um conhecimento sempre mais claro de Sua Pessoa e uma
santa reverência diante d’Ele. Assim, o homem se acerca
ao mesmo tempo aos Santos Anjos imitando a sua fideli-
dade, humildade e prontidão para servir.
Quando o homem começa a viver na presença de
DEUS, Ele começa a ser o centro da sua vida. A pessoa
conversa com DEUS, consulta Sua Santa vontade, durante
a oração, sobre os assuntos da vida e as decisões a tomar.
O homem passa ao segundo plano, tudo se concentra no
Senhor. Pela vida na presença de DEUS, fica no coração a
saudade d’Ele e, ao mesmo tempo, um santo temor de não
ofender ao Amado. A pessoa é mais sensível e atenciosa
para com as coisas divinas, porque está consciente de que
DEUS vê e observa tudo, e o homem, quando se sente ob-
servado, logo se comporta de outra maneira.
A primeira coisa que os Santos Anjos exigem é a
reverência: o santo temor de DEUS, reverência à Igreja, a
cada sacerdote, à palavra de DEUS, aos consagrados, sejam
pessoas ou objetos, reverência também diante das autori-
dades, das outras pessoas, dos anciãos, dos doentes e dos
pobres. Aprendamos dos Anjos da Guarda a começar o
nosso dia e os nossos trabalhos com a oração. O “viver na
presença de DEUS” começa com a oração. O ideal seria
que durante o dia nos lembrássemos de DEUS muitas vezes
e fizéssemos atos de adoração. Pequenas jaculatórias po-
dem ajudar-nos a manter a atenção dirigida a DEUS.
Santa Teresa de Ávila diz que, em face de tantas ten-
tações, o Senhor nos concede dois remédios: amor e te-
mor. O amor nos fará apressar o passo, o temor nos fará
olhar bem onde pomos os pés para não cairmos. O santo
temor é diferente do temor mundano, que nos faz fugir dos
incômodos; também é diferente do temor servil, que nos
afasta do pecado por medo das penas do inferno. O santo
temor repousa na alma e louva continuamente a DEUS. S.
Tomás de Aquino ensina que este dom é consequência do
dom da sabedoria e sua manifestação externa. O santo te-
mor produz um grande horror ao pecado e nos liberta da
tibieza. Pelo santo temor a alma compreende melhor a
grandeza de DEUS. Com este dom a alma abomina o pe-
cado venial deliberado e trabalha fortemente na própria
santificação, ele a ajuda a detectar logo tudo o que possa
contristar o ESPÍRITO SANTO. O santo temor leva-nos com
facilidade à contrição, ao arrependimento por amor filial:
Amor e temor de DEUS são dois castelos fortes na luta
contra o mal. Ele nos leva com suavidade a desconfiar pru-
dentemente de nós mesmos, a fugir com prontidão das
ocasiões de pecado e inclina-nos a sermos mais delicados
para com DEUS.
Peçamos ao ESPÍRITO SANTO que nos conceda a ati-
tude de uma santa reverência, para sermos dignos de ca-
minhar na presença de DEUS.
2) Para amar o silenciar, o obedecer e o escutar o
nosso Anjo (contemplação), pedimos o entendi-
mento.
As pessoas que andam de mãos dadas com o Anjo,
devem aprender o silêncio. Deve ser um silenciar bon-
doso, que vem da tranquilidade interior e duma união pro-
funda com DEUS e sem desejos desnecessários. Diante
deste poder silenciar está o poder de desprender-se de
tudo, o que seria somente um peso de costumes e ligações
desnecessárias. Somente assim a alma pode tornar-se livre
para o “estar em DEUS.”
O silêncio é condição também para podermos escutar
a voz do Santo Anjo, que fala baixinho através da consci-
ência. Saber o que ele manda é condição para poder obe-
decê-lo corretamente. Nosso Senhor disse: “Não aqueles
que Me dizem: Senhor, Senhor, vão entrar no Reino dos
Céus, mas aqueles que cumprem a vontade do Meu PAI
que está nos Céus” (Mt 7,21). Esta vontade se revela, no
dia a dia, pela voz da consciência, quer dizer, pelo Santo
Anjo. Mas para podermos cumprir a vontade de DEUS é
necessário que pratiquemos o silêncio muitas vezes du-
rante o dia, porque então DEUS, através do Santo Anjo,
nos poderá falar. A Mãe Gabriela dá o conselho para as
pessoas que por profissão devem falar muito (vendedores,
comerciantes, professores, etc.), que deveriam reservar es-
paços no seu tempo livre para guardar o silêncio, fazendo
assim um contrapeso. Os membros da Obra dos Santos
Anjos se distinguem pelo seu amor ao silêncio. Preferem
fazer sua ação de graças em silêncio, depois da Santa Co-
munhão, guardando este tempo e só depois conversar, fora
da igreja. Na Obra dos Santos Anjos preferimos adorar ao
Santíssimo Sacramento em silêncio, sem com isso despre-
zar outras maneiras.
A segunda tarefa, o silenciar para escutar a voz do
Santo Anjo e a obediência à vontade de DEUS, corres-
ponde à segunda direção fundamental na Obra dos Santos
Anjos, a Contemplação: pela contemplação silenciosa
chegamos a entender melhor a vontade de DEUS e a uma
maior disponibilidade.
Mediante o dom do entendimento, o ESPÍRITO
SANTO concede ao fiel um conhecimento mais profundo
dos mistérios revelados. A alma participa com facilidade
do olhar de JESUS que tudo penetra e que incita a reveren-
ciar a grandeza de DEUS. O caminho para chegarmos à
plenitude deste dom é a oração pessoal, em que contem-
plamos as verdades da fé. Por isso é necessário fomentar
o recolhimento interior, o silêncio e a busca da vontade de
DEUS pela obediência. Desta maneira se purifica o cora-
ção, porque somente os puros de coração têm capacidade
de ver a DEUS. Pelo silêncio nos tornamos homens espiri-
tuais, que percebem as coisas de DEUS. Quando o ESPÍ-
RITO SANTO encontra uma alma pura, vai-se apossando
dela e conduzindo-a.
3) Para praticar a caridade ativa (expiação), pe-
dimos a sabedoria.
Os Santos Anjos da Guarda praticam a caridade para
conosco. Advertem-nos diante dos perigos, corrigem as
nossas faltas e nos ajudam a progredir na vida cristã, nos
dão bons conselhos, nos instruem para remediar a nossa
ignorância, nos animam para que não nos deixemos levar
pela debilidade da nossa vontade própria. Os Santos Anjos
propõem a vontade de DEUS, sem tirar-nos a liberdade
para aceitá-la ou não, eles não se impõem.
Da mesma maneira devemos imitar o exemplo dos
Anjos Custódios e praticar a caridade com o próximo, a
correção fraterna onde sentimos que é oportuno e praticar
também as outras obras de misericórdia e demais obras de
caridade. Os membros da Obra dos Santos Anjos devem
estar atentos às necessidades dos demais, ajudá-los e so-
corrê-los, sem alarde, quer dizer, sem buscar gratidão ou
reconhecimento.
O amor ativo, na Obra dos Santos Anjos, se vive tam-
bém de uma forma mais escondida: pela expiação. Por ex-
piação entendemos a penitência que se faz pelos outros.
Fazemos expiação principalmente pela intenção de querer
ajudar a outros com nossas orações, sacrifícios e trabalhos.
Também uma hora de adoração ao Santíssimo poderia pu-
rificar-me das penas temporais que eu possa ter que expiar
no purgatório.
A sabedoria aperfeiçoa a caridade. A sabedoria
não se aprende nos livros, é um dom de DEUS. Quando
temos na boca uma fruta apreciamos o seu sabor muito
melhor do que se lêssemos as descrições que dela fazem
os livros de Botânica. Do mesmo modo, quando estamos
unidos a DEUS e O “saboreamos” por íntima experiência,
isso nos faz conhecer muito melhor as coisas divinas do
que todas as descrições a respeito delas. A alma, mediante
a caridade, chega a um conhecimento profundo de DEUS e
este conhecimento recebe do amor a sua luz e o seu poder
de penetrar os mistérios. Não podemos aspirar a nenhum
conhecimento mais alto de DEUS do que este conheci-
mento “saboroso”, que enriquece e facilita a nossa oração
e toda a nossa vida em Seu serviço e no serviço aos ho-
mens.
Por isso a prática da caridade é tão importante para
nós na Obra dos Santos Anjos, porque somente assim che-
gamos a realizar bem as outras tarefas, quando a caridade
é iluminada pela sabedoria divina. A sabedoria confere à
alma uma experiência da doçura de DEUS e com a pro-
funda visão proporcionada por este dom o cristão, que se-
gue de perto o Senhor, contempla toda a realidade com um
olhar mais elevado.
4) Para sermos servos de Maria (missão), pedi-
mos o conselho.
MARIA é a Rainha dos Anjos e a nossa mãe. Eles nos
mostram MARIA como Rainha e de nós podem aprender o
que significa a sua “maternidade”.
Ser servo significa estar sempre disposto. Assim
como os Santos Anjos estão atentos a qualquer desejo da
sua Rainha e logo executam as suas ordens, da mesma
forma também nós devemos ser aqueles servos de MARIA
que com gosto e alegria para ela trabalham. Somente quem
ama a Nossa Senhora como sua Mãe, se sentirá bem na
Obra dos Santos Anjos, porque esta é uma obra mariana.
Sendo assim, os membros da Obra, numa determinada
etapa da sua vida, se consagram a ela e frequentemente
acontece que várias pessoas já se consagraram a Ela antes
de entrar para a Obra.
Amemos a MARIA como a uma boa Mãe. A melhor
devoção a Nossa Senhora, como escreve São Luis Maria
Grignion de Montfort, é a imitação das suas virtudes.
O dom do conselho é uma intuição sobrenatural, me-
diante a qual a alma conhece o que DEUS quer dela e para
o que deve decidir-se dentro duma série de possibilidades.
Para receber o dom do conselho é necessário muita confi-
ança e pobreza no espírito, pois quando nos deixamos do-
minar pelas nossas próprias opiniões e planos, dificil-
mente DEUS vai agir. Mas se abandonarmos nossos planos
e opiniões, aí sim, este dom nos guiará e através dele a
alma poderá possuir, pela graça, uma íntima união com
DEUS e com o próximo, por meio de uma comunhão de
corações e estima mútua.
O ESPÍRITO SANTO é o nosso melhor Conselheiro.
JESUS, referindo-se às situações extremas dizia: “não vos
preocupeis nem com a maneira com que haveis de falar
nem com o que haveis de dizer, porque naquele momento
vos será dado o que devereis dizer. Porque não sereis vós
que falareis, mas será o ESPÍRITO do vosso PAI que falará
em vós” (Mt 10,20). Não somente nas situações extremas
podemos esperar a assistência do ESPÍRITO SANTO e dos
Santos Anjos, mas também nas coisas ordinárias da nossa
vida e em qualquer circunstância, ou seja, sempre que bus-
carmos realizar a vontade de DEUS.
Mediante o dom do conselho, o ESPÍRITO SANTO
aperfeiçoa a virtude da prudência, que diz respeito aos
meios que se devem empregar para resolver cada situação.
Ele, também através do santo Anjo, é princípio perma-
nente das nossas ações, inspira a escolha dos meios para
realizarmos a vontade de DEUS em todas as nossas tarefas
e conduz-nos pelos caminhos da caridade. Atua de uma
maneira silenciosa, suave e ao mesmo tempo forte. Con-
cede resoluções firmes que podem mudar a vida ou ser a
origem de uma melhora eficaz.
MARIA é o sacrário do ESPÍRITO SANTO, portanto,
onde o ESPÍRITO encontra MARIA, ou um filho dela, ali
Ele virá e permanecerá. Assim, com confiança, pedimos
ao ESPÍRITO SANTO que nos transforme e nos torne seme-
lhantes à Sua Esposa, a Serva humilde, e se formos humil-
des, se reconhecermos as nossas limitações, sentiremos a
necessidade de recorrer, nas diversas circunstâncias, a um
tão grande Conselheiro. O orgulhoso que penas saber tudo
melhor, se fecha diante dos conselhos divinos, mas se nos
considerarmos servos inúteis, porque fizemos somente o
que devíamos fazer (Lc 17,10), então seremos verdadeiros
servos de MARIA, abertos para a ação do ESPÍRITO SANTO.
Para facilitar a ação desse dom devemos acostumar-
nos a considerar na oração as decisões importantes da
nossa vida e a desapegar-nos do critério próprio. E se for-
mos completamente sinceros, estaremos ao mesmo tempo
servindo a nossa Senhora. Se nos dispusermos a servir,
não faltará a luz do Santo Anjo, porque ele sabe o que é
servir. Assim poderemos ouvir também a palavra do Se-
nhor: Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor.
5) Para renovar nossa aliança com os Santos An-
jos, pedimos a fidelidade – fortaleza.
A quinta tarefa nos anima a renovar com frequência,
e até mesmo diariamente, o compromisso que assumimos
com os Santos Anjos. Isto pode ser feito pela invocação
dos Santos Anjos com a fórmula da consagração, com ou-
tras orações ou até com palavras próprias, para que esta
aliança se torne sempre mais frutuosa. Uma consagração
não é um ato feito somente uma vez, mas deve ser vivida
ao longo da vida, na fidelidade do dia a dia. DEUS não es-
quece nenhuma promessa, nem mesmo o Anjo a esquece.
A promessa de fidelidade no santo batismo, na crisma, na
ordenação sacerdotal, no matrimônio, na consagração re-
ligiosa, na consagração aos Santos Anjos, não se pode
simplesmente extinguir ou declarar nula. Por isso, para po-
der perseverar, pedimos o dom da fortaleza. Por fortaleza
entendemos, em termos gerais, aquela coragem para dar a
vida no martírio, mas ela é também muito necessária para
a constância e a fidelidade. Portanto, na renovação diária
da nossa consagração ao Santo Anjo peçamos a graça da
fidelidade e da perseverança. Conscientes da nossa própria
fraqueza, a renovação diária da consagração nos dará
força para a luta, para a qual DEUS nos chamou.
Movidos pelo dom da fortaleza, não confiamos em
nossos próprios esforços e temos consciência da própria
fragilidade e incapacidade. Por outro lado, ouvimos dizer
o Senhor, particularmente nos momentos difíceis: Eu es-
tarei contigo. Assim podemos dizer com São Paulo: Tudo
posso n’Aquele que me dá forças. O dom da fortaleza
ajuda, apesar de todas as dificuldades, a seguir fielmente
os caminhos do Senhor. A virtude da fortaleza, aperfeiço-
ada pelo dom do ESPÍRITO SANTO, não suprime a fra-
queza, própria da natureza humana, mas permite superá-
la. Precisamente porque ama, o cristão é capaz de enfren-
tar os maiores riscos.
O dom da fortaleza leva a sacrificar a própria vida em
testemunho da fé. O Senhor espera de nós o heroísmo nas
pequenas coisas, no cumprimento diário dos nossos deve-
res. Todos os dias temos necessidade do dom da fortaleza,
porque todos os dias devemos praticá-la para vencer os
caprichos pessoais, o egoísmo e a comodidade. Por outro
lado, devemos ser firmes, vencendo o respeito humano,
num ambiente que muitas vezes se mostrará contrário à
doutrina de JESUS CRISTO. O dom da fortaleza deve ser
pedido frequentemente, para termos a fortaleza interior e
cumprirmos as exigências do nosso Santo Anjo. Este dom
converte-se assim num grande meio contra a tibieza.
6) Para praticar a reza do Angelus Domini, pedi-
mos a piedade.
Rezamos esta oração pela manhã, ao meio-dia e à
tarde. Assim nos lembramos da nossa salvação no mo-
mento da Encarnação. Ao rezá-la em determinadas horas
do dia, ela se tornará como que um “breviário” dos fiéis.
 Por exemplo, na primeira Ave Maria podemos medi-
tar na confiança que DEUS depositou em seu Anjo ao en-
comendar-lhe uma missão tão importante. O Anjo trans-
mitiu a vontade divina a Nossa Senhora e ela consentiu,
depois de haver entendido que DEUS não lhe tiraria a gló-
ria da virgindade, mas ao contrário lhe acrescentaria outra,
a da maternidade divina. Na segunda Ave Maria podemos,
com a resposta da Santíssima Virgem, unir o nosso “sim”
à vontade de DEUS: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se
em mim segundo a tua palavra. E na terceira Ave Maria
ouvimos ecoar: E o Verbo Se fez carne. Estas palavras fa-
zem tremer os demônios, ao lembrar-se que neste mo-
mento começou a sua derrota. DEUS exigiu dos Anjos que
respeitassem o Seu Filho encarnado na natureza humana.
As palavras O Verbo Se fez carne e habitou entre nós re-
cordam a vitória de CRISTO, de MARIA e de São Miguel,
por isso os demônios se retiram imediatamente onde se
reza esta oração.
O sentido da filiação divina é efeito do dom de pi-
edade. Ele nos move a tratar a DEUS com a ternura e a
termos o carinho de um bom filho para com seu pai. Na
Bíblia este dom se exprime especialmente nas preces que
o povo eleito dirige constantemente, nos louvores e súpli-
cas a DEUS, nos sentimentos de adoração e confidências
íntimas. JESUS nos ensina a exprimir esta confiança íntima
com a palavra “PAI”. Pela piedade manifestamos nossa de-
pendência de DEUS e o nosso afeto e ternura.
Especialmente na oração do Angelus podemos
oferecer a DEUS a nossa ternura, com isto, por três vezes
ao dia nos lembramos da bondade da paternidade divina.
Desta confiança na paternidade divina nasce a serenidade,
mesmo em meio a situações difíceis. O dom da piedade
também nos move ao amor filial à nossa Mãe do Céu, à
devoção aos Anjos e Santos. A alma que é constante na
oração, neste trato filial com nosso PAI no Céu, obtém
como fruto a serenidade, o abandono cheio de confiança
na providência.
7) Para buscar a nossa força na Cruz e na santa
Missa (na comunhão eucarística), pedimos a ci-
ência.
Os membros da Obra dos Santos Anjos são convi-
dados a duas celebrações: à Santa Missa com a Comunhão
diária, e à meditação da Paixão do Senhor (Passio Do-
mini), em cada quinta-feira à noite e na sexta-feira à tarde,
enquanto lhes for possível.
A Santa Missa é a fonte de graças para podermos cor-
responder ao chamado à expiação. Podemos levar espiri-
tualmente conosco à Santa Missa todas aquelas pessoas e
especialmente os sacerdotes, pelos quais deveremos res-
ponder diante de DEUS. Não podemos entender o sacrifí-
cio da cruz, somente podemos abraçá-lo com o coração,
na fé cega. Devemos amá-lo e renová-lo no nosso coração,
pela participação do sacrifício que diariamente é oferecido
sobre o altar. A participação na Missa nos torna um com o
sacrifício de CRISTO e nos dá a força para levarmos a nossa
cruz. A Santa Missa é o melhor ato de adoração a DEUS.
Embora na Missa e no mistério da cruz se realiza o
amor mais perfeito e, portanto poderíamos relacionar esta
tarefa também com o dom da sabedoria, não obstante, nós
a relacionamos com o dom da ciência, pois a ciência mais
alta é a ciência da cruz. Pela ciência conhecemos o plano
de DEUS para com as coisas criadas. A ciência é um dom
contemplativo, cujo olhar penetra, igual ao dom do enten-
dimento e da sabedoria, no próprio mistério de DEUS. Per-
cebe-se com toda clareza que a criação inteira se ordena a
Ele. Este dom é uma disposição sobrenatural pela qual se
participa da ciência divina. Ele ajuda-nos a dar graças ao
Senhor depois de participarmos na obra que mais glória
Lhe dá: a Santa Missa.
Mediante o dom da ciência, o cristão sabe discer-
nir o que conduz a DEUS. Na Obra dos Santos Anjos que-
remos santificar-nos e mediante este dom desempenhamos
com amor as ações diárias. Amamos as coisas da terra,
mas também pela ciência, podemos descobrir o imenso
valor da cruz, dos sacrifícios que se pode oferecer a DEUS.
Na luz deste dom, se reconhece a brevidade da vida hu-
mana sobre a terra, a inutilidade de tanto esforço humano,
mas também o grande tesouro, escondido nos mistérios di-
vinos.
Pelo dom da ciência, todas as coisas do mundo
aparecem numa luz clara, de maneira que compreendemos
com toda a nitidez o fim sobrenatural do homem e a ne-
cessidade de subordinar a ele todas as realidades terrenas.
Uma visão puramente material da realidade acabaria por
desembocar na ignorância das verdades de DEUS, mas o
ESPÍRITO SANTO nos ajuda a viver o desprendimento dos
bens materiais, a compreender o valor da pobreza espiri-
tual e o valor do sofrimento. Ensina-nos a aprender a ci-
ência da cruz e pela cruz alcançar os bens sobrenaturais.
Encontraremos a força da cruz, e descobriremos especial-
mente o valor da participação no santo Sacrifício da
Missa. Para cumprirmos nossas tarefas devemos pedir
sempre o auxilio do Espírito Santo, e oxalá possamos rezar
cada dia esta oração:
ESPÍRITO de santo temor de DEUS, concedei-nos a consciên-
cia da contínua presença de DEUS em todos os momentos da
nossa vida;
ESPÍRITO de entendimento, permiti-nos ouvir sempre a
Vossa voz através do santo Anjo;
ESPÍRITO de sabedoria, deixai-nos saborear sempre os frutos
produzidos pela caridade;
ESPÍRITO de conselho, mostrai-nos como podemos servir
melhor a Nossa Senhora;
ESPÍRITO de fortaleza, concedei-nos a perseverança e a fide-
lidade aos nossos compromissos;
ESPÍRITO de piedade, infundi em nós sentimentos de filhos
agradecidos para com o seu PAI;
ESPÍRITO de ciência, conduzi-nos pelo caminho da cruz a di-
zer ‘sim’ todos os dias às exigências do Vosso amor. Amém.
Tarefa: faça uma tabela relacionando as sete virtudes (3 teolo-
gais e 4 cardeais), os sete dons do ESPÍRITO SANTO e as sete
tarefas da Obra dos Santos Anjos e medite sobre isto.
Receba a nossa bênção sacerdotal!