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Aula Catecumenato – Introdução aos Sacramentos

Leonardo Martins

Os Sacramentos São Símbolos que produzem espiritualmente as realidades que


significam. Não são ritos meramente simbólicos, mas que produzem a realidade simbolizada.
Todos os sacramentos produzem um aumento de graça na alma de quem os recebe, ou
produzem a própria graça em quem não a tem. A graça é uma qualidade sobrenatural, uma luz
divina que é recebida e infundida, criada por Deus na pessoa que a recebe para que ela possa
participar da vida divina, para que o indivíduo não seja apenas homem biologicamente (um animal
racional) mas filho de Deus.
Essa graça tem uma característica que é o crescimento, ela se desenvolve, é um organismo
sobrenatural e é justamente o pleno desenvolvimento e crescimento da graça a que chamamos de
santidade, que vemos nos santos da história da Igreja. Qualquer pessoa que tentasse imitá-los
ficaria exaurido, porque está acima das forças humanas, é algo sobrenatural. Por exemplo,
qualquer pessoa que tentasse imitar as obras humanitárias da Santa Madre Teresa, não teria
forças, pois a força que a sustentava vinha do alto.
Pela necessidade de receber essa graça, é preciso entender que a conversão não é apenas
uma mudança de mentalidade como acontece em alguém que muda para um partido político
diferente, a conversão ao cristianismo, realmente insere sobrenaturalmente no individuo uma
graça que se permitirmos que se desenvolva, ela irá se desabrochar na filiação divina e na
santidade.
Os modos de crescer na graça são múltiplos, e os sacramentos são alguns desses modos
mais eficazes. Os sacramentos, se recebidos com as disposições corretas, podem aumentar
verdadeiramente a graça sobrenatural aperfeiçoando a pessoa.
Existem outras maneiras de Deus infundir a graça, como a oração mas maior
instrumento para a canalização da graça que já houve em todos os tempos é a própria pessoa de
Cristo, n’Ele Deus se encarnou e se fez homem para usar da humanidade do Cristo ressuscitado
como instrumento da graça. Por isso os sete sacramentos são instrumentos da natureza humana
do Cristo subordinados à Ele. Em outras palavras, quando os sacramentos infundem a graça, na
verdade estão sendo apenas instrumentos nas mãos de Jesus Ressuscitado para infundir,
derramar, a graça dentro de nós.
Este aumento não é teórico, pode-se percebê-lo principalmente no caso da confissão e da
Eucaristia. Se investigado minunciosamente no interior da alma, ali é muito visível que eles são
instrumentos de uma graça realmente conferida e que nós somos muito necessitados desta graça.
Tendo compaixão dos homens a Igreja foi criada por Nosso Senhor Jesus Cristo principalmente
para dispersar estes sacramentos pela humanidade, perpetuando assim os frutos de nossa
Redenção.
Podemos nos perguntar: se, a graça nos pode vir através da oração, ou até mesmo Deus
pode conferi-la sem a oração, porque é necessário que existam sete dos sacramentos? Assim como
todo instrumento numa oficina de carpintaria tem uma função própria, os sacramentos, enquanto
instrumentos nas mãos do Carpinteiro divino, também possuem cada um características próprias e
funções específicas além de efeitos principais e secundários. Por exemplo: como efeito principal, o
Batismo, além de conferir a graça, nos torna filhos de Deus, como secundário perdoa a culpa
passada em quem a tem; a confissão, além de infundir a graça, perdoa os pecados, e também é
capaz de fortalecer contra as más inclinações; a Eucaristia, além de nos dar a graça e o autor da
graça alimenta nossa alma como o pão alimenta o corpo, e por ser o sacramento do amor, existe
para nós aprendermos a amar o Cristo como ele mesmo ama;
Aproveitemos então deste breve estudo para que saibamos nos dispor, e utilizar melhor
daqueles instrumentos que Nosso Senhor nos deu para nossa salvação através da Igreja Católica.
Aula Catecumenato - O Sacramento da Ordem
Leonardo Martins
Natureza e Missão do Sacerdócio: A Ordem é o Sacramento que constitui os ministros
do Senhor. No antigo testamento Deus escolheu a tribo de Levi, dos Filhos de Jacó, para que delas
saíssem os sacerdotes. O Sacerdote é aquele que oferece o sacrifício a Deus em nome do povo para
adorá-lo, render graças, reparar as ofensas e fazer petições [Números 3,1-16] (Resumo da
História do Antigo Testamento, n° 54, Catecismo de S. Pio X.).
Este sacerdócio é figura de Cristo, o Sacerdote Único e perfeito que oferece um Sacrifício
também perfeito a Deus. Enquanto na antiga lei, o sacerdócio era apenas figura, oferecendo
sacrifícios rituais de animais e coisas, na nova lei Cristo quem é a fonte do novo sacerdócio pelo
qual quer continuar a obra da Redenção dos homens. Pela nova lei, o sacerdote é um outro Cristo,
alguém que, pelo poder de Cristo, tem acesso ao poder de seu sacerdócio eterno.
O novo Sacerdócio brota do coração de Jesus, que, tendo compaixão de seu povo, quis
escolher homens para exercer na Terra a missão que Ele confiou até que Ele volte no fim dos
tempos [Mateus 9, 35].
As sagradas Ordens: A Ordem é o sacramento que dá o poder de exercitar os ministérios
sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem
o recebe o caráter de Ministro de Deus. Chama-se Ordem porque consiste em vários graus, uns
subordinados aos outros. Jesus Cristo instituiu este Sacramento na Última Ceia, quando conferiu
aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de Consagrar a Eucaristia, e no dia de Sua
ressurreição, deu a eles o pleno poder, tornando-os capazes também de perdoar os pecados [João
20,22] (C.S.P.X, C. VIII, n°811s).
Ora, os pecados são ofensas à Deus, portanto, somente Deus pode perdoar os pecados.
Quando Jesus confere esse poder aos apóstolos, está portanto dando a Eles acesso a Seu próprio
poder, por isso, além de Oferecer o sacrifício perfeito do corpo e Sangue de Cristo, e perdoar os
pecados, também é missão do sacerdote ser pastor das ovelhas de Cristo, pregar o evangelho e a
conversão, curar os enfermos e levar as almas para o céu.
A cura das Almas: A forma pela qual os sacerdotes perdoam os pecados cometidos após o
batismo é pelo sacramento da Penitência, ou Confissão, pelo qual para alcançar o perdão o fiel
deve detestar seus pecados com arrependimento, confessá-los ao sacerdote com o propósito de não
mais cometê-los e sujeitar-se à pena que o sacerdote impôs para reparar o mal cometido (C.S.P.X,
C. VI, n°670s), e também pelo sacramento da Unção dos Enfermos, onde o sacerdote unge o
doente com um óleo sagrado que traz o alívio espiritual e físico aumentando a graça e tirando a
fraqueza [Tiago 5, 13-15] (C.S.P.X, C.VII, n°805s).
Os sacramentos brotam da cruz: Como na antiga lei, o novo sacerdócio é Instituído por
Cristo em função de um sacrifício, porém este da Nova Lei é um Sacrifício permanente, que
milagrosamente não se esgota pois também é um sacramento, que deve ser oferecido a Deus pelas
mãos dos seus sacerdotes perpetuamente. Este novo sacrifício e Sacramento, chama-se
Eucaristia e a seu oferecimento chamamos de Missa. Sem padres não há missa, sem missa não
há mundo.
Desta forma vemos como que há nos sacramentos uma hierarquia, onde todos se ordenam a
um que é o maior. Pela Necessidade do “oferecimento do Sacrifício, Eucaristia” (missa), Deus
institui os sacerdotes (Ordem), que devem ser batizados e batizar, perdoar os pecados, curar as
almas (Penitencia, unção dos enfermos) e ordenar os fiéis à Santificação (Crisma e Matrimonio).
A Hierarquia Sagrada: Os Graus deste sacramento da Ordem são: o Episcopado, grau
mais elevado onde estão os Bispos, que contém a plenitude do sacerdócio, capazes de fazer novos
bispos e sacerdotes e de transmitir este poder da Ordem, dado por Jesus Cristo; o Presbiterado, ou
sacerdócio simples onde os Padres, como os bispos fazem missa, perdoam pecados, etc; depois o
diaconato, com os Diáconos que desde o tempo dos apóstolos são os que assistem os bispos nas
celebrações e missões, porém sem ter o poder para perdoar pecados e oferecer o sacrifício[Atos
6,1]; seguido das ordens menores.
Os Bispos são sucessores diretos dos Apóstolos, que pelo poder dado por Cristo, fazem
novos bispos, e assim a Igreja se perpetua na história. Dentre os apóstolos, Cristo deixou um líder
que era São Pedro, chefe da Igreja visível no mundo e a quem chamamos de Papa, portanto todos
os papas são bispos escolhidos para governar a Igreja e sucessores diretos de Pedro [Mateus
16,13].
Vocação: “Ninguém pode conferir a si mesmo a graça, ela precisa ser dada e oferecida.
Ninguém pode se intitular, Papa, Bispo, padre, diácono. Da mesma forma que ninguém pode, na
sociedade, se intitular médico, advogado, deputado ou juiz sem ser habilitado por alguém. Para ser
ministro de Deus, é preciso receber a graça pela sucessão dos apóstolos, e isso supõe ministros
desta graça autorizados e habilitados pelo próprio Cristo.” (Prof Felipe Aquino, Escola da Fé,
24/10/19).
Para ser sacerdote é preciso ter vocação, ser chamado por Cristo que chama quem quer, e
por isso devemos estar atentos ao chamado de Cristo, pedindo fervorosamente a Ele que lhe
manifeste qual é Sua vontade, tomar conselho com um diretor sábio e prudente, e examinar com
cuidado se tem a aptidão necessária para os estudos, para os ministérios sagrados e as obrigações
deste estado. (C.S.P.X, C.VIII 819s)
Tendo em vista a importância do sacerdócio para a igreja e para a salvação das almas,
devemos cuidar e respeitar os padres como pais. Quem despreza os sacerdotes peca gravemente
contra o quarto mandamento do decálogo, por quem o fere, fere ao próprio Cristo a quem ele é
imagem.
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Notas: Para fazer uma boa confissão, são necessárias cinco coisas: 1ª exame de consciência, 2ª dor de ter
ofendido a Deus, 3ª propósito de nunca mais pecar, 4ª acusação dos próprios pecados, 5ª satisfação ou penitência.
Antes de tudo, devemos pedir de todo coração ao Senhor que nos dê luz para conhecer nossos pecados e força para
os detestar (C.S.P.X, C.VI – II, n°688s).
“O verbo de Deus se encarnou em razão do pecado do homem, para repará-lo e assim fazer renascer a vida
divina nas almas, para que elas possam novamente ser agradáveis a Deus, glorifica-lo neste mundo e na
eternidade.
Assim Jesus, no seu amor misericordioso quis assumir de uma certa maneira os pecados da humanidade e
se oferecer em sacrifício de redenção e de propiciação a seu Pai, para restaurar nas almas a vida do Espírito Santo,
e a da caridade, por uma participação de sua própria vida, que se tornou a única fonte de vida e de salvação para os
homens.
O sacrifício do calvário aparece então como a luz que brilha nas trevas, como a única fonte de vida no meio
do deserto. Como Deus nos comunicará esta vida nova? Pela perpetuação do Calvário. Não haverá mais que um
sacrifício da cruz, mais que uma hóstia, mais que um Padre que é o próprio Jesus. Nunca se insistirá suficientemente
sobre esta maravilhosa invenção da Misericórdia divina, que iluminará então toda a Providência de Deus na
realização da Igreja, do sacerdócio, e de todos os sacramentos, dos quais a Eucaristia, fruto do sacrifício e fonte de
nossa santificação, será o centro e de certo modo a razão de ser.” (Os Sacramentos de Jesus Cristo, Cap VII de: A vida
Espiritual Segundo Santo Tomás de Aquino, Mons. Marcel Lefebvre)
Vocação
Diáconos
Aula Catecumenato - O Sacramento do Matrimônio
Leonardo Martins

Natureza do Matrimônio: Há nos homens um chamado que está no fundo das almas e
que não pode ser ignorado. O chamado de todo adulto, em seu amadurecimento pleno é o da
paternidade, seja biológica ou espiritualmente. Dentre os sacramentos que constituem uma missão
terrena para os homens, há aquele que santifica essa vocação natural, o Matrimônio.
Matrimônio quer dizer exatamente aquilo é a missão natural da Mulher: ser mãe:
(matri+múnus – Papel de mãe); de forma análoga podemos dizer que pertence ao papel do
homem possuir a terra (patri+múnus: Patrimônio).
O Matrimônio foi instituído por Deus no paraíso terrestre, entregando Eva como esposa
para Adão, e decretando que vivessem como uma só carne; [Genesis 2,24] e foi elevado à
dignidade de Sacramento por Jesus Cristo, garantindo assim ao casal graças especiais para a
manutenção e sustento desta união santa e indissolúvel [Mateus 19].
Definição: O Matrimônio é um sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo que,
assim declarada, estabelece uma união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, e lhes dá
a graça de se amarem um ao outro santamente, e de educarem cristãmente seus filhos (C.M.S.P.X.
m°826s).
Necessidade: Como todo sacramento é um símbolo que produz o que simboliza, o
Matrimonio, por sua vez, significa e produz a união indissolúvel de Jesus Cristo com a Santa
Igreja, sua esposa e nossa Mãe amantíssima, neste sentido garante aos esposos graças especiais
para que se amem santamente da mesma forma e com o mesmo amor que Cristo ama a Igreja e
para cumprirem fielmente todos os deveres matrimoniais. Tal capacidade seria impossível para os
homens, se não fosse por uma intervenção divina, já que para eles é impossível que amem e se
doem perfeitamente como Deus faz (Catecismo S.P.X. n°832).
Pela aliança matrimonial o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida
toda, e é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole (C.
Direito Canônico, n°617), visto que no início, Deus não achou bom que o homem ficasse só, e é
conveniente principalmente na velhice que haja um auxílio próximo [Gen 2,18]. (Catecismo dos
párocos n°)
Todas as graças que o matrimônio confere aos casados são ordenadas à salvação das Almas
Jesus Cristo em sua sabedoria quis abençoar e santificar uma inclinação natural da humanidade a
se juntar e construir uma família, de forma que tal ato, enriquecido com graças especiais, pudesse
infundir nos homens a vida divina aperfeiçoando suas almas e os levando à salvação e à santidade.

Se olharmos para a união natural de um homem e uma mulher, depois do pecado original,
seria loucura pensar que esta família

Modo:

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