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TDE baseado na leitura dos capítulos 4,5,6 do livro O que é psicanálise?

Articulado
com a videoconferência.

Confesso que eu tinha uma certa dificuldade de absorver todo o funcionamento do


aparelho psíquico, mas essa leitura conseguiu transformar os fragmentos de conceitos que
eu tinha em mente, em um sistema interligado.
Eu não sei se a minha visão está correta, se a lógica é essa, mas foi como eu assimilei.
• o id, anjo caído, arraigado no inconsciente,
• o superego ultrapassando fronteiras entre o consciente e inconsciente e
• o ego atuando como um garoto propaganda no ambiente externo, não é feito
só de consciência, pois possui funções inconscientes, os mecanismos de
defesa.
E a receita do bolo... Isso mesmo, descobri que existe receita do funcionamento do
aparelho psíquico ideal, e é assim:
1. o id supre energia pulsional, que
2. o ego, autorizado pelo superego,
3. transforma as exigências das pulsões em pensamentos conscientes.
Parece bom, parece fácil, mas bolos desandam e assim como o superego pode ser a
cereja no topo do bolo, também pode vir a tornar tudo um verdadeiro desastre. Vou organizar
essa bagunça em tópicos para não perder o meu raciocínio.
• Se o superego por alguma razão desaprovar o pedido do ego em liberar
energia do id, temos:
1º. O ego cedendo ao id, deixa o superego insatisfeito que irá infernizar o ego
com o sentimento de culpa, ou:
2º. Se o ego obedecer ao superego, o id insatisfeito, continuará a pedir
incansavelmente para suas pulsões saírem.
Veja que até aqui, toda a minha percepção do aparelho psíquico era fragmentada, e
eu nem imaginava que toda essa confusão tinha jeito, mas tem. Dizem que na vida para tudo
dá-se um jeito, e aqui não é diferente, o ego, sendo um bom mediador, através do uso dos
mecanismos de defesa, convence o id de que a pulsão pode ser liberada de formas e em
direções diferentes.
Conjecturando, digo que nós somos o conteúdo do nosso inconsciente, acessado e
trabalhado pela nossa consciência. Talvez o consciente seja só um pedaço de inconsciente
que emergiu.
Bem, pelo o que eu entendi, nós não nascemos com tudo bonitinho. As coisas vão
acontecendo. Primeiro vem o bebezinho, só ele e o id, e esse bebezinho já chega cheio de
fome, essa fome é a primeira manifestação de libido, a libido eu já sabia que significa desejo
sexual. Conforme a mente do bebezinho se organiza surge o ego, ele não chegou pronto, foi
se tornando uma estrutura bonitinha, e tanta beleza acabou fazendo que o próprio ego se
tornasse o objeto da libido, nos apresentando o narcisismo. Daqui para frente só vai, o
bebezinho começa a direcionar a libido amorosa pelo ambiente externo, primeiramente para
a mãe. Eu sinceramente fiquei na dúvida em que momento o bebezinho recebeu o superego,
porque se ele (o bebezinho) nasce com o id, que é puro inconsciente e se o superego é um
viajante do tempo que vai do consciente ao inconsciente, estaria ou não o superego desde o
princípio, com o id (puro inconsciente que recebe visitas do superego)? Bem, eu não sei, mas
sei que quando o bebezinho ficar maiorzinho de certeza o superego vai aparecer para se
meter naquela fofoca do Complexo de Édipo.
Avançando para a psicanálise kleiniana, na fase de transformação do ego o bebê
projeta as coisas boas no seio bom e as sensações desagradáveis, no seio mau.
Transformando o seio, ao mesmo tempo, na origem de tudo o que é bom e de tudo o que é
mau. Chega um dado momento, denominado de cisão, que esse revezamento de bom e mau
acaba incomodando o ego, e então ele se divide e começa a tentar introjetar o bom e projetar
o mau. Quanto mais ele introjeta, mais forte ele fica e então acaba se fundindo em um só
ego. Para Melanie Klein nos primeiros meses de vida o bebê apresenta duas posições,
paranoide (estágio da raiva) e depressiva (momento da fusão do ego e onde se inicia o
complexo de Édipo). Eu já tinha lido em algum lugar que a pulsão sempre quer voltar para a
pulsão anterior, como se nós fossemos eternos insatisfeitos. Funciona assim, conforme a
criança se desenvolve vai passando por estágios e só chega ao próximo estágio com sucesso
se o anterior é superado. Se o estágio atual não atinge as expectativas, a criança fica fixada
em um objeto/situação de prazer do estágio anterior, isso é o que os psicanalistas chamam
de fixação.
São todos esses, entre outros inimagináveis pequenos detalhes, os responsáveis pela
nossa formação psíquica. Inicialmente todas as nossas experiências são direcionadas aos
nossos pais, toda nossa atenção é direcionada a eles, tudo o que é bom ou mau que
absorvemos vem deles, e devolvemos para eles. E é essa primeira forma de nos
relacionarmos que nos acompanhará pelo decorrer de toda nossa vida, a forma como
reagimos a um não, a uma perda, ao fracasso, também as emoções positivas como ao
sucesso e a alegria, todas as respostas são reflexo do nosso desenvolvimento psíquico,
desenvolvimento esse fundido na infância. Estudando a relação mente e corpo, psicanalistas
como Freud e Klein perceberam que muitos comportamentos na vida adulta eram reflexo de
comportamentos infantis, sabendo que a pulsão da vida vem da energia sexual eles se
dedicaram a estudar as fases psicossexuais na infância, e essa é a razão pela qual eles
basearam essas teorias na sexualidade a partir da infância.
O autor também quis propor uma visão de um ângulo fora da sexualidade infantil e
trouxe uma boa reflexão sobre a análise do nosso comportamento a partir da vida adulta.
Colocando o indivíduo no papel de enlutado, pois o mesmo não podendo viver sozinho, abre
um espaço dentro de si para o outro viver. Essa segunda parte da sexualidade abordada no
livro mostra que nós buscamos o pedaço que nos falta (o nosso pedaço do eu perdido),
através da troca. Eu vejo esse processo de troca se dando através das nossas pulsões
variando de acordo com a nossa percepção do ambiente, do outro e de nós mesmos (ego) e
que apesar dessa singularidade do indivíduo, a psicanálise busca construir padrões
comportamentais para solucionar os conflitos entre a mente e o corpo. Foi como eu entendi,
mas sei que não entendi tudo. Até acredito ter dito algumas bobagens, pois eu costumo
divagar e me perder por aí. Tanto que terminei me perguntando: Realmente o indivíduo é
singular? Como o indivíduo é singular se tem nele um buraco preenchido com pedaços de
outros alguéns? Quando os alguéns partem, deixam resquícios dentro de nós?
Enfim, espero que se o meu raciocínio estiver muito fora de contexto a professora
consiga me trazer de volta ao eixo.

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