PROCESSO PENAL

TRÍADE DO PROCESSO PENAL: DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

São garantias devidas a todas as partes

Exigem uma RELEITURA da legislação processual penal a luz da CF

DEVIDO PROCESSO LEGAL

Aspecto formal: observâncias de todas as garantias processuais (direito ao procedimento, à

publicidade, ao juiz natural, à razoável duração do processo, à vedação de provas ilícitas, ao
contraditório e à ampla defesa)

Aspecto material: razoabilidade da atuação estatal na persecução penal

# vedação da proteção insuficiente: direito da sociedade a condução processual eficiente, sem

dilações indevidas que levem a prescrições ou com produção de provas imprestáveis,por
exemplo

# vedação a medidas excessivas: proteção do acusado contra uso arbitrário de medidas

cautelares, de algemas

CONTRADITÓRIO

Feição FORMAL: ciência bilateral

Feição MATERIAL: direito de ciência, de manifestação, de participação, de consideração dos

argumentos.

Paridade de armas: igualdade material, mesmos mecanismos, sem prejuízo da proteção da

parte vulnerável.
Contraditório sobre a prova (diferido) x Contraditório para a prova (real)

AMPLA DEFESA

Plenitude de defesa no júri: argumentos extrajurídicos (clemência)

Autodefesa: exercida pelo réu, disponível, audiência, postulação autônoma e presença

Defesa técnica, exercida por profissional habilitado, indisponível, deve ser efetiva.
 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

Fontes dos princípios: CF, TIDH e legislação ordinária (CPP e Legislação Extravagante)

VEDAÇÃO DO USO DE PROVAS ILÍCITAS

Previsão na CF e na CADH

Limitação ético-jurídica a apuração dos fatos

Diferenciação entre PROVA ILÍCITA e PROVA ILEGÍTIMA não acolhida pela legislação

Positivação da prova ilícita por derivação, excepcionalizada pela teoria da fonte independente
e da descoberta inevitável (ônus da acusação)

Possibilidade de uso da prova ilícita em favor do réu

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Previsão na CF (não culpabilidade) e na CADH (presunção de inocência)

Eficácia externa (proteção contra estigmatização)

Eficácia interna: regra de tratamento (vedação de prisões automáticas e excepcionalidade das

medidas cautelares) e regra de instrução (ônus probatório da acusação, necessidade de
demonstração dos fatos acima de qualquer dúvida razoável, desoneração do réu de cargas
probatórias)
VEDAÇÃO A AUTO INCRIMINAÇÃO

Teoricamente: direito ao silêncio e direito de não contribuir ativamente com a acusação

Na prática: interrogatório como meio de defesa, vedação a interrogatórios informais, ilicitude

de conduções coercitivas

Não abarca falsa identidade e exame de raio-x

VERDADE REAL

Paradigma superado, exige-se atualmente a maior aproximação possível com os fatos

observadas as limitações fáticas e jurídicas existentes

Limitações à apuração dos fatos: testemunhas proibidas de depor, inadmissibilidade de provas

ilícitas, inexistência de revisão pro societate

PUBLICIDADE

Garantia processual de segundo grau: assegura todas as demais

Publicidade ampla e Publicidade restrita (intimidade e interesse público)

JUIZ NATURAL

Previsão na CF e na DADH

Juiz imparcial, independente e definido previamente.

Vedação de tribunais de exceção

Possibilidade de atuação de juízes em órgãos de segundo grau, nos termos da LOMAN

PROMOTOR NATURAL

Divergência acerca da existência

Autoridade imparcial definida abstratamente

Possibilidade de criação de força-tarefa (eficiência da apuração)

 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

Princípio da territorialidade: aplicação do CPP a todos os casos julgados no Brasil e atos de

cooperação praticados no Brasil: soberania nacional

Princípio da extraterritorialidade da legislação penal (DOURTINA):

Território neutro,

Território ocupado em caso de guerra,

Autorização do Estado em que será praticado o ato.

Exceções à incidência do CPP (ao princípio da unidade):

Tratados (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: diplomatas e familiares /

Cônsules em crimes funcionais);

Jurisdição Política (Presidente, Ministros de Estado, Ministros do STF);

Justiça Militar

Obs1: Crimes políticos são julgados pela justiça federal, com recurso ordinário ao STF

Obs2: Embora constituam território nacional, locais em que funcionem repartições

diplomáticas são invioláveis (necessidade de notificação por carta rogatória; restrição a
medidas investigativas e instrutórias, s.g. busca e apreensão)

CPP se aplica subsidiariamente à legislação extravagante: JECRIM, Maria da Penha

 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

Tempus regit actum: aplicação imediata e respeito aos atos anteriores

Obs: Diferente da legislação penal que é regida pela retroatividade da lei benéfica

Obs: Norma híbrida: norma com conteúdo penal e processual penal: aplicação
retroativa, se benéfica (s.g. Art. 366, do CPP, incidibilidade, norma mais gravosa, não
retroatividade)

Obs: Norma heterotópica: norma penal inserida num diploma processual ou norma de
natureza processual penal inserida num diploma penal
 INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

Art. 3º do CPP: interpretação extensiva, interpretação analógica, princípios gerais de direito

Interpretação EXTENSIVA: método interpretativo: alargamento do âmbito de incidência da

norma para além da literalidade do texto (Rol do RESE: Aditamento)

Interpretação ANALÓGICA: técnica legislativa: hipóteses casuísticas + fórmula genérica

(Diligências policiais acerca da personalidade do investigado)

PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: valores ínsitos ao sistema jurídico como um todo (s.g. boa-fé
objetiva) versus "PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL": normas com cogentes com maior
abstração e passíveis de juízo de ponderação

Analogia: método de integração (e não método de interpretação); aplicável em caso de

silêncio eloquente.

Apesar do silêncio do art. 15 do CPC, as normas processuais civis se aplicam ao processo penal
de forma SUBSIDIÁRIA e SUPLETIVA, s.g. substituição de testemunhas, motivação qualificada
das decisões, IRDR

Obs: não se aplicam ao processo penal a contagem em dias úteis e a suspensão do

prazos entre os dias 20/12 e 20/01; regulamentação específica da matéria: contagem
contínua dos prazos

JURISPRUDÊNCIA:

STF: Prazo para destrancamento de REx e REsp: 15 dias corridos (revogação do prazo de cinco
dias pelo CPC e contagem pelo CPP) X Agravo Interno: 5 dias corridos
 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

- Competência Privativa da União

Obs: Procedimento: Competência Concorrente

- Veículo Normativo: Lei Ordinária (Vedada MP)

Obs: Recepção do Regimento do STF como Lei Ordinária

- Vigência (Regime da LINDB): inclusão formal no ordenamento jurídico

- Validade: compatibilidade material e formal com a Constituição e com os Tratados

Internacionais de Direitos Humanos VERSUS Revogação: ab-rogação ou derrogação (redução
da maioridade civil: revogação da curadoria especial aos menores de 21 no processo penal)

PLUS ALEATÓRIO: "Art. 2º À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que

forem mais favoráveis."