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15 de Março de 1961 | Começo do terrorismo em Angola
Portugal, que nessa época tinha Honra e Orgulho, tinha decisão e desígnios
nacionais, respondeu prontamente enviando tropas em defesa da Província Ultramarina.
A sanha de cobiça e poder das potências estrangeiras não parou mais, desde aí,
de armar grupos terroristas que atacavam populações indefesas, em Angola,
Moçambique e Guiné.
Guerra é guerra!"
É uma das expressões que mais se ouvem na boca dos ex-combatentes: "Guerra
é guerra." Poderia ser "quem vai à guerra dá e leva", mas não é isso que dizem ainda
hoje, muito pelo contrário, porque o envio de um milhão de militares portugueses para a
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Guerra Colonial - ou guerra do Ultramar ou em África - parte da premissa de dar muito
e levar pouco.
Diga-se que foi mais a comoção popular na sede do império, o continente, que
mais obrigou o ditador a agir. Um governante que nunca admitiu que estava perante
uma guerra mas antes numa acção policial, mesmo que ela se estendesse nos anos
seguintes a mais duas frentes: Moçambique e Guiné.
A Salazar, foi exigida uma resposta que salvasse o Império português espalhado
pelo mundo. Numa época em que a própria organização das Nações Unidas criticava a
política colonial portuguesa e que o presidente norte-americano, o recém-eleito J. F.
Kennedy, boicotava abertamente o apoio a Portugal, partilhando o coro de duas dezenas
de novos países surgidos após a derrocada dos impérios coloniais francês, belga e
inglês.
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O massacre
Os generais Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, que têm estado a fazer a
história desta guerra de três frentes e que publicaram um espesso volume intitulado Os
Anos da Guerra, não hesitam em retratar Salazar como "um homem cansado", incapaz
de enfrentar a situação com uma política de defesa e com "respostas à acção militar (...)
sempre insatisfatórias". No livro reproduzem o comunicado publicado dois dias depois
do massacre nos jornais de Angola onde se pode confirmar o distanciamento da situação
real: "Verificaram--se na zona fronteiriça do Norte de Angola alguns incidentes a que
deve atribuir-se gravidade por demonstrarem a veracidade de um plano destinado a
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promover actos de terrorismo que assegurem, a países bem conhecidos, um pretexto
para continuarem a atacar Portugal perante a opinião pública internacional." Da
violência do massacre escreve-se apenas: "Sabe-se que há a lamentar a perda de
algumas vidas, mas não se conhecem pormenores. As autoridades que procederem a
uma rigorosa investigação fornecerão à imprensa mais elementos logo que sejam
obtidos. A situação encontra-se inteiramente sob o domínio das autoridades."
Filhos ignoram
Há quem diga que houve três gerações diferentes que foram vingar o massacre
original ao longo dos 13 anos de Guerra Colonial. A primeira, entre 1961 e 1965 partiu
num contexto de resposta racista. A segunda, de 1965 a 1970, deixou Lisboa preparada
para combater com técnica e determinação. A terceira, até à Revolução do 25 de Abril,
fez a guerra por obrigação, de forma muitas vezes descuidada e a cumprir uma
obrigação que lhes cortava a vida pessoal ao meio, porque estavam já empregados,
saíam da universidade ou tinham filhos.
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Conclusão
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Bibliografia
John Marcum, The Angolan Revolution, vol. I, The anatomy of an explosion (1950-1962), vol.
II, Exile politics and guerrilla warfare (1962-1976), Cambridge/Mass. & Londres: MIT Press,
1969 e 1978, respectivamente.
Jean Martial Arsène Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA e o MPLA (1961-1975),
Luanda: Mayamba, 2012.