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Patologias e Patogenias das construções

As patogenias são defeitos que se instalam nas edificações e que a tornam doentia. Na sua
evolução, pode ocorrer uma deterioração das partes afetadas e até mesmo a ruptura,
comprometendo a estabilidade da edificação.
Em outras palavras, às vezes, uma simples trinca pode ser o sinal de que algo grave está
acontecendo com o prédio.

Certas patogenias causam, nas pessoas, sensações desagradáveis do tipo: mal cheiro, aspecto
desagradável, sensação de insegurança, falta de ar, calor, etc.

Podem também provocar noites mal dormidas. Você acorda com dores pelo corpo todo e acha que
o culpado é o colchão.

A Lixiviação

A Lixiviação é um processo patológico em que o cimento é


dissolvido pela água e é carregado para fora da laje.
As causas são diversas, podendo ser desde a acidez da água
da chuva até certos tipo de detergente empregados na
lavagem do piso. 
Perdendo cimento, o concreto vira, com o tempo, só areia.
Então as placas do revestimento começam a soltar-se.

As trincas, em geral, são ocorrências muito comuns nas casas e prédios. Surgem em função de
muitas causas diferentes e são conhecidas também como fissuras ou rachaduras.
Tem gente falando que fissura é um trinca bem pequenininha e que rachadura é uma trinca
grande. Quem fala essas coisas não sabe o que está falando. Quer ver quais são as diferenças?

FISSURA
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta aberturas finas e alongadas na sua
superfície. Exemplo: A aplicação de uma argamassa rica em cimento apresentou, após a cura,
muitas fissuras em direções aleatórias. Veja um caso típico:  

Todos os materiais retraem (diminuem de


tamanho) quando secam.
Quanto mais água na argamassa, maior a
retração.
Quanto mais fresco o cimento, maior a
retração.
Quanto mais quantidade de cimento na
argamassa, maior a retração.

As fissuras são, geralmente, superficiais e não implicam, necessariamente, em diminuição da


segurança de componentes estruturais
TRINCA
Estado em que um determinado objeto ou parte dele se apresenta partido, separado em partes.
Exemplo: A parede está trincada, isto é, está separada em duas partes. Em muitas situações a
trinca é tão fina que é necessário o emprego de aparelho ou instrumento para visualizá-la. Veja um
caso típico:  

Os raios solares incidindo diretamente


sobre a laje de cobertura produzem
muito calor. Em dias quentes de verão,
principalmente nas latitudes baixas, isto
é, entre a linha do Trópico e do Equador,
a laje de cobertura atinge temperaturas
altas, 70ºC ou mais. Isso faz a laje
dilatar.

Como a laje está solidamente engastada nas paredes, ao dilatar ela leva junto parte da parede.
Então surgem trincas inclinadas nos cantos das paredes.

Veja a foto de um caso real:

As trincas, por representar a ruptura dos elementos, podem diminuir a segurança de componentes
estruturais de um edifício, de modo que mesmo que seja quase imperceptível deve ter as causas
minuciosamente pesquisada.
Lembre-se: no caso do Edifício Pálace II, no Rio de Janeiro, que caiu matando diversas pessoas.
Um dos moradores havia solicitado a opinião de um engenheiro uma semana antes e este havia
dito: "Isto é normal".

RACHADURA
Estado em que um determinado objeto ou parte dele apresenta uma abertura de tal tamanho que
ocasiona interferências indesejáveis. Exemplo: Pela rachadura da parede entra vento e água da
chuva. Veja um caso típico:
Fundação (estacas, alicerces, sapata,
broca) são coisas sérias. Um
pequeno descuido põe toda a
construção a perder.
Não inicie uma obra sem contratar
um bom seguro de obra. O seguro
de obra é conhecido como Seguro de
Risco de Engenharia.
As rachaduras, por proporcionar a manifestação de diversos tipos de interferências, deve ser
analisada caso a caso e serem tratadas antes do seu fechamento.

São muitas as causas que provocam o aparecimento de trincas.


As mais comuns são as seguintes:

1 - RETRAÇÃO:
A argamassa de revestimento, a tinta e outros materiais que são aplicados úmidos, diminuem de
tamanho (retração) ao secar.

Veja um caso de parede

Trincas causadas expansão da alvenaria


A parede precisa respirar. Aliás, os tijolos
precisam respirar.
Durante o dia varia a umidade do ar. Ao
amanhecer o ar está bastante úmido. As paredes,
que possuem um efeito higroscópico, absorvem
essa umidade e produzem uma expansão (se
tornam maiores). Lá pelas 10 horas, com o sol, o
ar se torna mais seco. As paredes perdem
umidade e retraem (encolhem).
Se o revestimento das paredes não tiverem
condições de acompanhar esse movimento de
expansão/retração, então destacam.

Veja um caso de piso

Fissuras por Retração

2 - ADERÊNCIA:
As pinturas e os revestimentos que precisam ficar
bem "grudados" na parede, por algum motivo,
apresentam perda de aderência e começam a
descascar.

Veja um caso de pastilha - Trincas devido ao


destacamento de revestimento
Pastilhas, Azulejos, placas de mármore e granito não são muito fáceis de ficam "bem grudadas" na
parede.
Este fato é agravado em paredes externas que recebem muito sol.
O problema pode estar no azulejo que foi mal fabricado, pode estar na argamassa de
assentamento que já estava vencida (elas só duram 6 meses depois de fabricadas) pode estar no
emboço que é aquela camada que serve para aprumar a parede ou ter outros problemas mais
complicados.
Se estamos falando dos azulejos de um banheiro é pouca coisa é fácil e barato resolver.

Mas se estamos falando do revestimento de uma fachada de prédio, então o caso é sério,
complicado e caro. Veja a foto de um caso real:

Vendo que não tinha jeito de segurar os azulejos no


lugar e depois de ter "tentado de tudo", este
condomínio não teve dúvidas: meteu um parafuso nos
azulejos:

Veja outro caso de azulejo

Trincas pelo destacamento de azulejos


Há muitos casos de azulejos "de primeira" que
apresentam muitos problemas.
Pode acontecer:

1 - Problema no azulejo durante a fabricação. Não


queimaram o esmalte direito.

2 - Problema no assentamento. Colocaram uma junta


de dilatação muito pequena.
3 - Problema no armazenamento. Deixaram o azulejo tomar chuva.

3 - DILATAÇÃO: 
Os materiais aumentam e diminuem de tamanho em função da variação da temperatura do meio
ambiente.

- Veja um caso de laje

Trincas devido à dilatação térmica da laje de cobertura


Os raios solares incidindo diretamente sobre a laje de cobertura, produz muito calor. Em dias
quentes de verão, principalmente nas latitudes baixas, isto é, entre a linha do Trópico e do
Equador, a laje de cobertura atinge temperaturas altas, 70ºC ou mais.
O concreto é péssimo condutor de calor, de modo que a parte de baixo da laje não esquenta tanto
(ainda bem). Essa diferença de temperatura vai envergar a laje, fazendo com que ela fique
ligeiramente abaulada para cima. O desenho a seguir apresenta o abaulamento de forma
exagerado para fins didáticos:
Veja um caso de mureta - Trincas devido à dilatação térmica da mureta da cobertura

Os raios solares incidindo diretamente sobre a cobertura,


produz muito calor. Os componentes como lajes,
platibandas e muretas, expostos aos raios solares sofrem
dilatação com o surgimento de trincas.
Nessas trincas podem ocorrer a infiltração de água da
chuva.

Veja um caso de materiais - Trincas devido à dilatação de materiais diferentes

Os materiais
possuem
coeficiente de
dilatação
diferentes. Isto
quer dizer que ao
receberem o calor
do sol, um deles
vai dilatar mais
que o outro.
Enão, devemos
levar em
consideração este
fato e permitir
que os materiais
tenham
comportamentos
independentes
sem que um afete
o outro.

4 - MUITO CIMENTO:
A argamassa de revestimento, quando tiver muito cimento sofre uma grande retração.
5 - AMARRAÇÃO:
As paredes devem ficar bem "amarradas" na estrutura do prédio.

Veja um caso de parede - Trincas por falta de amarração da alvenaria

Veja a foto de um caso real em que foram colocados ferros para amarrar a parede à viga superior:

Nem sempre, talvez por


preguiça, a construtora faz
uma boa amarração da
alvenaria (parede) com a
viga superior. Como
conseqüência surgem
trincas horizontais próximo
ao teto.

6 - DILATAÇÃO: 
Os materiais em geral aumentam e diminuem de tamanho em função da variação da umidade do
meio ambiente

Veja um caso de janela - Trincas por infiltração no peitoril


Os peitoris de janela devem ficar bem
impermeabilizados e não deixarem entrar nem
um pingo de água da chuva.
Simplesmente colocar pedras ou cerâmica só
para efeito estético não funciona. A água vai
penetrar e causar muitos problemas, estragar
móveis, criar bolor na parede, etc.
7 - TREPIDAÇÃO: 
Elevadores, compressores e mesmo os veículos que trafegam na rua, produzem vibrações  que
afetam as partes do prédio.

Veja um caso de piso - Trincas por deficiência da argamassa de assentamento

Muitas vezes se erra na dosagem do concreto. Muitas vezes se coloca água de mais (para facilitar a
concretagem). Outras vezes se deseja economizar e coloca-se menos cimento. Há casos também
em que usaram um cimento já vencido. O cimento não dura mais que 4 meses depois de fabricado.
Veja um caso de parede - Trincas por porta que bate

O batente se chama batente justamente por que a porta vai


bater nele. Então deve resistir às pancadas dadas pela
porta.
Em contrapartida, o batente deve ficar bem preso na
parede.

8 - RECALQUE:
O excesso de peso, a acomodação do prédio, a fraqueza do material ou do terreno fazem com que
a peça se deforme ou afunde. 

Veja um caso de vizinhos - Trincas pelo afastamento


de prédios

Os prédios não ficam grudadinhos um nos outros. Aliás,


cada prédio tem um comportamento estrutural próprio.
Então, os vãos entre eles devem ficar bem tampados. Tanto
o vão de cima como o vão lateral.
Veja um caso de muro de arrimo - Trincas por muro de arrimo

Cuidado com o barranco, com o talude. Não basta fazer uma parede grossa para segurar o
barranco. É necessário um Muro de Arrimo (calculado por um engenheiro de estruturas) com uma
boa Drenagem.

9 - CAPACIDADE:
Por erro de cálculo ou por deficiência na hora da confecção, as peças podem ficar fracas.

Veja uma caso de piso - Trincas


devido à falta de drenagem do contra-
piso

Não adianta caprichar na


impermeabilização da cobertura. Muitas
firmas fazem até uma prova, enchendo a
manta com água, para mostrar que o
serviço ficou bem feito.
Mas a água que chega até a manta, precisa ter um escape. Precisa ter uma drenagem para ir
embora.
Veja a foto de um caso real em que a água empossada sobre a manta de impermeabilização causa
muitos problemas.

Veja um caso de negligência - Trincas por falta de cuidados

Comete-se muitas "barbeiragens" durante


a construção.
Veja a foto de um caso real em que o
colocador das guias não levou em
consideração que no local havia uma junta
de dilatação térmica.:

Veja um caso de coluna - Trincas por ataque da chuva

A chuva causa muitos tipos de problemas nas edificações


Veja a foto de um caso real em que a chuva, batendo na
parte de baixo da coluna, infiltrou até atacar a ferragem:

Veja um caso de terceiros - Trincas


causadas por terceiros

Hoje em dia (até para diminuir o custo do


condomínio) é comum alugar o espaço da
cobertura para propaganda, para colocar uma antena de rádio ou TV e até mesmo para instalar
uma estação rádio base para telefonia celular.
Mas deve-se tomar muitos cuidados para que o terceiro não prejudique o seu prédio. Contrate um
Perito para acompanhar todo o serviço que será realizado pelo terceiro.
Veja a foto de um caso real em que a estrutura de sustentação de uma estação rádio-base está
danificando o prédio por causa de um apoio mal projetado.

Veja um caso de autoportante - Trincas em alvenaria autoportante

Está muito na moda a Alvenaria


Autoportante.
O construtor deve seguir toda uma
Especificação Técnica complicada e só usar
materiais apropriados. Os blocos de concreto
comuns não servem para Alvenaria
Estrutural.

Há casos de Alvenaria Estrutural em que a


construtora empregou blocos comuns de
concreto.

Veja um caso real - Caso em Içara / Santa


Catarina

Veja a foto de um caso real no município de


Içara em Santa Catarina com 3 casos fatais -
Folha de S.Paulo de 11/08/2005.
13 - COLAPSO DE MATERIAIS:
Os materiais precisam receber proteção.

Veja um caso de parede - Fissuras devido ao colapso do revestimento

Falta de pintura e de manutenção do


revestimento externo de paredes leva à perda do
carbonato de cálcio que é o componente que
mantém junto os grãos de areia. A falta de
pintura regular, permite que a água da chuva
lave o revestimento, levando ao colapso do
revestimento.
Veja a foto de um caso real:

Veja um caso de piso - Trincas por colapso no revestimento asfáltico

O asfalto é um material muito sensível a óleos e graxas.


Por isso não devemos asfaltar locais em que os veículos
freiam muito ou locais em que os veículos ficam
estacionados e fazem manutenção.
Veja a foto de um caso real:

Veja um caso de pintura - Trincas por


colapso do emboço
Infiltração da água da chuva ataca o revestimento, lava a cal e faz com que o revestimento perca
aderência e solta a pintura. A pintura sai inteira.
Veja a foto de um caso real:

14 - DESTACAMENTOS:
Azulejos, pisos e revestimentos podem se soltar.

Veja um caso de concreto - Trincas devido ao destacamento do revestimento

Problemas encontrados durante a fase de


construção podem desenvolver problemas
muitos anos depois.
O concreto armado possui no seu interior
armadura de ferro que deve ser protegido
da presença de água. Quem garante isso
é o concreto bem adensado, bem vibrado
quando foi lançado.

15 - INFILTRAÇÃO:
Água e outros elementos podem se infiltrar causando danos.

Veja caso 1- Trincas devido à infiltração de água

Infiltração ataca ferragem e produz destacamento


Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema
de infiltração de água na garagem, este condomínio
não teve dúvidas: Colocou uma série de telhas
plásticas para evitar que os pingos caissem sobre os
carros. O pior que esta mancha é difícil de tirar.

Este outro fez até um encanamento para conduzir a água para


o esgoto.

Veja caso 2 - Trincas causadas por infiltração de


água

A laje de cobertura precisa receber uma boa


impermeabilização.
16 - MANUTENÇÃO:
Falhas, imperícias, falta de conhecimento.

Veja um caso - Trincas por deficiência na manutenção

Manutençào é coisa séria e deve ser feita


regularmente.

Veja um caso real:

A foto de um caso real no município de Recife em


Pernambuco com 7 casos fatais - Folha de S.Paulo de
29/06/2006.
17 - FALHA DE INSTALAÇÃO:
Negligência e imperícias.

Veja caso 1- Trincas por instalação mal executada

São muitas as "barbeiragens" praticadas na construção.


No caso abaixo, fixaram uma haste com parafusos chumbados
diretamente na laje de cobertura. O problema é que esse
parafuso, muito comprido, furou a manta de impermeabilização.

Veja caso 2 - Trincas por muitos problemas na laje de cobertura

Laje exposta é problema:


1 - Esquenta muito. Precisa então colocar um isolante
térmico.
2 - Infiltra água da chuva. Precisa então colocar uma
manta impermeabilizante.
3 - Coloca-se hastes para pára-raios, sinaleiro, antena
de TV, etc. Só que esses elementos não devem ser
fixados diretamente na laje.
4 - A laje exposta dilata muito causando problemas
nas paredes laterais.
Veja a foto de um caso real:
18 - PATOLOGIAS:
Microorganismos e insetos podem se instalar nos prédios.

Veja caso 1 - Trincas causadas por patologia

Patologia são doenças que se instalam nos prédios e é


difícil erradicar. Fungos, bolores, algas, mofos. São
muitos os tipos de microorganismos e muito complexo
estudar a profilaxia.
Algicida? Bactericida? Fungicida? Antimofo? Pois é! Se
você tem um desses problemas, já tentou de tudo e o
problema continua, então é hora de contratar um
Patolgista de Edificações.

Veja caso 2 - Trincas causadas por cupim

Nas cidades de clima tropical, como é o caso de São


Paulo, estamos enxotando os predadores dos cupins
para bem longe. Não tem passarinho, nem mesmo
pombos.
Então os cupins reinam e se proliferam à vontade.
Além de atacar os móveis de madeira, os cupins
atacam também a construção.

 
19 - CORROSÃO:
Saiba o que é Corrosão eletroquímica ou corrosão catódica.

Corrosão da armadura ocorrem por causa de um fenômeno conhecido com Corrosão Eletroquímica.

Trincas decorrentes de Corrosão Galvânica

O FENÔMENO:

Qualquer componente metálico, quando colocado


dentro de um meio aquoso tem os seus elétrons positivos
atraídos pelos elétrons negativos do meio.
Esse fenômeno, conhecido como galvanismo, é o princípio das
pilhas galvânicas. O polo negativo é chamado de cátodo e o
positivo de ânodo.
A presença de determinados sais no meio aquoso potencializa o
fenômeno.

Como resultado dessa atração, o metal perde o elétron positivo, isto é, ocorre uma reação química
em que o metal (duro) é transformado em um sal solúvel.

O sal, sendo solúvel, é carriado pela água. A isso


chamamos de corrosão ou mais especificamente
corrosão eletroquímica, também conhecida como
corrosão catódica.

Esse fenômeno acontece:


Num cano de água enterrado ou embutido no concreto;
Num cano de gás enterrado ou embutido no concreto;
Na armadura do concreto de caixas d´água;
Na armadura do concreto aparente de fachadas;
Na armadura do concreto de áreas úmidas;
Na armadura das fundações de um prédio;
Nas partes do concreto que recebem água com freqüência.

COMO RESOLVER?

Uma das soluções é aplicar um revestimento de um material cujo


óxido não seja solúvel.
O zinco por exemplo, produz sais insolúveis. Na presença do
oxigênio produz óxido de zinco que é insolúvel. Na presença do gás
carbônico produz carbonato de zinco que é insolúvel. Na presença
de cloretos (água do mar) produz cloreto de zinco que é insolúvel.
Na presença de enxofre produz sulfato de zinco que é insolúvel.
É por isso que o zinco é aplicado em boa parte de tubos. O
processo de aplicação de zinco chama-se galvanização e o tubo
protegido é conhecido como tubo galvanizado.
MAS NEM SEMPRE É POSSÍVEL APLICAR ESSE REVESTIMENTO.

Então podemos "oferecer" ânions aos "esfomeados"


cátions através de um outro material cuja atividade aniônica
seja mais intensa.
Essa técnica é conhecida como proteção catódica. Mais uma
vez, o zinco é o metal ideal para essa proteção. A adição de
certos "aditivos" como o irídio potencializa a propriedade
aniônica do zinco.
O material que oferece ânions é chamado de ânodo de
sacrifício e vai perdendo matéria ao longo do tempo. Deve
estar eletricamente ligado ao metal que desejamos
proteger.
Como vai perdendo material, chega um dia em que a
proteção catódica deixa de funcionar.

MAS ...

Como podemos oferecer proteção à armadura em


situações como esta de pilares sujeitos à ação freqüente de
água?
Não basta escovar (mesmo que seja com escova de aço) a
armadura enferrujada e refazer o revestimento de
concreto (mesmo que enriquecido com aditivos especiais)
pois esse revestimento ainda vai permitir a penetração da
água.

Existe, no mercado, uma tela chamada TELA-G que ao ser


aplicada por sobre a armadura do pilar, faz uma proteção
catódica onde a tela funciona como anodo de sacrifício e,
dessa forma, a armadura do pilar deixa de sofrer o
ataque, isto é, a corrosão catódica.
É uma tela especial fabricada com zinco e outros
ativadores.
Outra opção disponível no mercado são pastilhas denominadas pastilha-Z que são empregadas
como os espaçadores comuns e amarrados na armadura, ficando entre a armadura e a forma.
Da mesma forma que os espaçadores comuns, são feitas de cimento e areia, porém com uma
diferença - contém no seu interior uma placa de material de alta atividade aniônica e funcionam
como anodo de sacrifício.
Todas essas soluções baseadas na inclusão de anodos de sacrifício devem ser calculadas pois o tipo
de tela e a quantidade de pastilhas dependem do grau de agressividade catódica do meio.

20 - ÁLCALI - AGREGADO:
Conheça o fenômeno chamado de Reação Álcali-Agregado e veja os danos.

Veja - Trincas decorrentes da Reação Álcali-Agregados


O FENÔMENO:

Em uma massa de concreto, os


agregados (britas e areia) possuem
certos componentes como os silicatos
que reagem com os componentes do
cimento como a cal, o gesso, o sódio e
o potássio.

São reações químicas muito lentas (mais e dez anos) e produzem depois de muitos anos, a
expansão de certos produtos causando o surgimento de trincas. Foram constatados tensões
elevadíssimas, coisa da ordem de 400 MPa, isto é, 4.000 kg/cm2.
A sua detecção é complexa, envolve análises petrográficas e muitos ensaios laboratoriais.
O fenomenmo é potencializado com a presença de água. Assim, obras em contato com a água
como fundações de pontes, reservatórios de água, chuvas intensas e locais de alta concentração de
umidade são as que têm maior tendência de surgimento desse fenômeno.
COMO EVITAR:
As soluções mais práticas para se evitar a ocorrênia do fenômeno são:
Usar um outro agregado, menos propenso para essa reação;
Usar cimento do tipo Alto Forno ou Pozolânico;
Impedir o acesso de água ou umidade até o componentes estrutural por meio de isolamentos.
 
21 - CIMENTO:
Veja quais são os tipos de cimentos produzidos no Brasil
Veja -O que é o CIMENTO e quais são os seus tipos.

Cimento é qualquer substância que serve para ligar partículas.


Cimento Portland é o cimento produzido pela queima e moagem da portladstone, calcário
encontrado em abundância na cidade de Portland. Hoje em dia, cimento é portland é o cimento
produzido a partir de qualquer tipo de calcário.
Além da resistência mecânica, o cimento possui outras propriedades importantes como o calor
produzido na reação de endurecimento e também resistência quimica ao ataque de agentes
externos como a água do mar ou mesmo alguns silicatos presente no solo ou nos agregados
empregados no concreto.
QUAIS SÃO OS TIPOS FABRICADOS NO BRASIL:
SIGLAS CP I CP II CP III CP IV CP V
Cimento de
Cimento Cimento de Cimento do
TIPO Cimento Composto Alta
Comum Alto Forno Pozolana
Resistência
CP II- CP II- CP II-
25 CP I-25 CP III-25 CP IV-25  
E-25 Z-25 F-25
CP II- CP II- CP II-
RESIS- 32 CP I-32
E-32 Z-32 F-32
CP III-32 CP IV-32  
TÊNCIAS
CP II- CP II- CP II-
40 CP I-40 CP III-40    
E-40 Z-40 F-40
*         CP V-ARI

NOTA: Os números 25, 32 e 40 são as resistências mínimas que o cimento deve ter aos 28 dias. A
unidade de medida da resistência é o MPa (mega pascal) e é indicada assim: 25 MPa e lê-se vinte e
cinco mega pascais. Os leigos podem multiplicar esse número por 10 e entender em quilogramas
por centímetros quadrados, ou seja, 25 MPa = 250 kg/cm2. O cimento CP-40 é mais caro que o
cimento CP-25 mas é altamente vantajoso pois as peças podem ser mais delgadas (finas)
melhorando a aparência das obras.
Para facilitar a identificação e a diferenciação, a norma brasileira recomenda colocar, além da sigla
do cimento, uma tarja colorida. Assim, o CP-25 não tem tarja, o CP-32 tem uma tarja verde e o
CP-40 uma tarja azul.
As siglas E, Z e F dizem respeito, respectivamente a: Escória granulada de alto-forno, com adição
de Pozolana, com adição de Filer calcário.

COMPONENTES DO CIMENTO:

Silicatos de Cálcio: Principal componente do cimento. Todos os tipos de cimento o possui. É o


componente que dá resistência mecênica ao cimento. Na reação de hidratação produz calor. Os
silicatos mais comuns são o Silicato Tricálcico [3CaO.SiO2] e o Silicato Dicálcico [2CaO.SiO2].
Aluminato de Cálcio: Também presente em grande quantidade, o aluminato reage mais
rapidamente com a água e produz grande quantidade de calor. Para frear essa ânsia colorífica,
adiciona-se gipsita (sulfato de cálcio dihidratado [CaSO4.2H2O]). É desejável que todo aluminato
presente no cimento seja consumino da hidratação pois a sua permanência, quando em contato
com solos gessíferos, água do mar e efluentes industriais produzem compostos expansíveis que
podem fissurar o concreto.[3CaO.Al2O3]

Cal: Componente indesejável pois a sua hidratação é expansível e produz fissurações superficiais
no concreto. A cal é produzida durante a reação de hidratação.
Álcalis: Os álcalis criam problemas com os agregados que contém sílica resultando em expansão e
produtos lixiviáveis. Nas obras em contato com a agua como piscinas, caixas d´água e fundações
de pontes evita-se o emprego de cimento com alto teor de álcalis. Os alcalis mais comuns são o de
sódio [Na2O] e o de potássio [K2O].

Pozolana: A pozolana é o material adicionado ao cimento para dar liga pois ela é muito pegajosa. A
pozolana natural é a Cinza de Vulcões e a pozolana artificial é aquela fabricada. Cinzas Volantes
são aquelas produzidas pela queima de carvão mineral e Cinzas Ativas são aqueles produzidas na
queima de, por exemplo, casca de arroz, bagaço de cana e outros produtos.
A pozolana aumenta a resistência química do cimento.Reage também com alguns produtos
intermediários da reação de hidratação e ajudam a retardar a pega e a diminuir o calor produzido.
Por isso, a sua adição ao cimento, é indicada para concreto de grandes massas como barragens.
É indicada também quando o agregado tiver tendência a reagir com os álcalis pois a pozolana
reage com os álcalis.

Escória de Alto Forno: Sua função é muito parecida com a da pozolana com a vantagem de conferir
maior resistência mecânica e principalmente maior durabilidade ao concreto. Isso é facilmente
compreensível pois a pozolana é um produto de origem orgânica.
Entretanto, há desconfiança (pesquisa em andamento) de que os sulfetos existentes na escória
venham a atacar a armadura, de modo que, não se recomenda o emprego de cimento com este
componente em injeções nas bainhas de cabos de protensão.

Filer: São finos de calcário. Tem a propriedade de aumentar o teor de hidratos e aceleram a pega.
Como não alteram muito as propriedades do cimento e são muito baratos, é utilizado em
abundância para baratear o custo do cimento.

DURABILIDADE DO CIMENTO:

O cimento é produzido em duas etapas:


Na primeira etapa, os componentes são juntados em um forno especial que funciona a altíssima
teperatura (1.5000C). Nessa temperatura, os componentes se fundem e o forno solta pequenas
bolas chamadas de clinquer.
Na segunda etapa, o clinquer é moído em moinhos especiais até ser transformado em um pó
finíssimo chamado cimento. Esse cimento é "louco" por água e logo que é colocado em contato
com ela inicia uma reação química chamada hidratação.
Por isso, o cimento deve ser armazenado e transportado em embalagens ou silos hermeticamente
fechados para que não haja nenhum contato de água ou mesmo de umidade do ambiente. Um
saco de cimento guardado num porão úmido não dura mais de algumas semanas.
Mesmo quando armazenado em ambiente seco (como nas lojas) o cimento não deve ter mais que
três meses entre o dia em que foi moído e o dia em que vai ser misturado com os agregados e
água.
Um cimento com mais de três meses já vai apresentar uma boa parte das moléculas já reagidas
com a umidade absorvida do ambiente e sua resistência será bem menor do que aquela prevista na
fabricação.

Trincas e suas Causas

Antes de pensar em "tampar" uma trinca, é importante descobrir e eliminar a causa, o que está
causando a trinca, pois a trinca é apenas uma conseqüência, um sintoma de alguma coisa ruim que
está acontecendo com a sua casa ou prédio. Se você apenas tampar a trinca sem eliminar a causa,
a trinca vai voltar.
1 - Trinca horizontal próximo do teto pode ser devido ao adensamento da argamassa de
assentamento dos tijolos ou falta de amarração da parede com a viga superior.

2 - Fissuras nas paredes em direções aleatórios pode ser devido à falta de aderência da pintura,
retração da argamassa de revestimento, retração da alvenaria ou falta de aderência da argamassa
à parede.

3 - Trincas no piso podem ser produzidas por vibrações de motores, excesso de peso sobre a laje
ou fraqueza da laje. Verificar se há trincas na parte de baixo (ver ítem 4). Se tiver é grave. Peça o
PARECER de um engenheiro de estruturas.

4 - Trincas no teto podem ser causadas pelo recalque da laje,  falta de resistência da laje ou
excesso de peso sobre a laje. Pode ser grave. Peça o PARECER de um engenheiro de estruturas.

5 - Trincas inclinadas nas paredes é sintoma de recalques. Um dos lados da fundação não
agüentou ou não está agüentando o peso e afundou ou está afundando. Geralmente é grave.  Peça
o PARECER de um engenheiro de estruturas.

6 - O abaulamento do piso pode ser causado por recalque das estruturas, por expansão do sub-
solo ou colapso do revestimento.
Quando causados por recalques, são acompanhados por trincas inclinadas nas paredes.
Os solos muito compressível, com a presença da água, se expandem e empurram o piso para cima.

7 - As trincas horizontais próximas do piso podem ser causadas pelo recalque do baldrame ou
mesmo pela subida da umidade pelas paredes, por causa do colapso ou falta de impermeabilização
do baldrame.

8 - Trinca vertical na parede é causada, geralmente pela falta de amarração da parede com algum
elemento estrutural como pilar ou outra parede que nasce naquele ponto do outro lado da parede.
Esses são apenas ALGUNS exemplos de fenômenos que causam o surgimento de trincas nas casas,
apartamentos e fábricas.

A Chuva e sua Interferência


A chuva é analisada por muitas
pessoas como um fenômeno
simples em que gotículas de
água caem do céu.
Na verdade, a formação da
chuva, a sua precipitação e a
evaporação para a formação de
novas chuvas é um fenômeno
complexo e deve ser analisada
de forma integrada.

Vocês devem se lembrar do


termo CICLO HIDROLÓGICO
que a professora de ciências
ensinou na 5ª série.
Refere-se ao ciclo que a água
percorre diariamente, isto é,
num certo instante ela é
nuvem. No outro ela é chuva e
cai sobre o solo. No outro a
chuva vira rio e vai formar os
mares. Finalmente, a água do
mar evapora, pela ação do sol,
e vira nuvem novamente.

Centenas de anos atrás,


bem antes de começar a
formação da cidade, aquela
região era despovoada,
tinha uma floresta
exuberante.
Devido à floresta, a
evaporação provocada pelas
árvores era intensa, a
umidade alta e chovia
sempre.
O solo era altamente
permeável, ajudado pelas
raízes da vegetação densa,
e a maior parte da água da
chuva penetrava e infiltrava
no solo.
A formação da cidade altera a
configuração do escoamento das
águas.
Reciprocamente, o novo
escoamento altera o clima da
região.

Com a formação da cidade, o


solo vai se tornando cada vez
mais impermeável.
Quem é que ocasiona esse
aumento na impermeabilidade do
solo?
As casas, os prédios, as
indústrias e as edificações em
geral tornam mais de 40% do
solo impermeável.
Das áreas institucionais, mais de
50%, que são as ruas e
avenidas, também são
impermeabilizadas.
Tudo isso tem reflexo no clima da
região. Antes o clima era tropical
e úmido. Agora é quente e seco,
como se fosse um deserto.

O clima tropical úmido propicia uma


chuva muito fina, também conhecida
como nevoeiro, neblina, serração ou
garoa. O princípio de formação é o
mesmo, isto é, a condensação da
umidade do meio ambiente. A
vegetação densa é a principal
formadora de umidade.
No clima de deserto, não há umidade
a ser condensada. Superfícies
quentes produzem Térmicas
Ascendentes que rompem a camada
de nuvens e, ao atingirem elevadas
altitudes, produzem gelo.
O contínuo desenvolvimento de
uma cidade, avançando sobre
áreas de mata nativa e, também,
demolindo antigos casarões para
substituírem por grandes
empreendimentos comerciais,
diminuem a permeabilidade do
solo.
Como conseqüência, menos água
de chuva irá infiltrar-se no sobsolo,
sobrando mais água para escoar
pelas ruas e avenidas.
As galerias de águas pluviais que
antes "davam conta do recado",
passam a não atender às novas
demandas.
Há bairros, alguns deles nobres,
totalmente desprovidos de galerias
de águas pluviais.

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