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PREVIC – Superintendência Nacional de Assessoria de Comunicação Social do MPS
Previdência Complementar (Diretoria
Colegiada) Impresso no Brasil/ Printed in Brazil
Diretor-Superintendente
José Maria Rabelo
Diretor de Fiscalização
Manoel Lucena dos Santos
Diretor de Administração
José Maria Freire de Menezes Filho
Procurador-chefe
Felipe Lima de Araújo
Diretoria Colegiada
Superintendência Nacional de Previdência Complementar - Previc
Resumo
Este estudo se propõe a demonstrar porque as Entidades Fechadas de Previdên-
cia Complementar (EFPC) têm dificuldade em chamar a atenção de seus participan-
tes para os assuntos que precisam comunicar, fruto de uma linguagem de difícil
compreensão e de baixíssima atratividade para a maioria quase leiga no assunto.
Esse baixo interesse reflete-se na sociedade, que olha esse segmento com distan-
ciamento e desconhece os valores que são gerados para o País.
A atenção das pessoas é, nos dias de hoje, um patrimônio sob disputa, o que
reforça a motivação para ser criativo, inovador e para se adotar um “idioma de
conciliação” que acabe com a “maldição do conhecimento” - um dos agentes que
interfere no processo de comunicação, tornando-o um desafio a ser superado.
A educação previdenciária e financeira pode vir a ser um bom recomeço de
diálogo com o participante e com a sociedade, desde que adote linguagem simples
e ferramentas modernas, como jogos educativos, por exemplo, em lugar da old face
dos EAD - Ensino à Distância.
Através de canais que lhe propiciem maior exposição, as EFPC precisam
tornar evidente a importância da atividade que desempenham para, finalmente,
conquistar o certificado de honra ao mérito que a sociedade nunca lhe deu.
Este estudo monográfico, antes de tudo, é uma reverência ao participante,
a quem devemos nossos melhores esforços de Comunicação.
Delimitação do Estudo
O presente estudo se limita a analisar os principais fatos e fatores que levaram a
Comunicação a ter um resultado deficiente na apresentação das EFPC ao seu merca-
do, na informação regular aos seus diversos públicos e na sua inserção na sociedade.
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Não serão tratados aqui aspectos atuariais, jurídicos, administrativos ou polí-
ticos. Tampouco serão abordados detalhes do cotidiano operacional das áreas de
Comunicação de uma EFPC.
Entendemos que as exceções existem e, portanto, aos nos referirmos às EFPC,
não estamos postulando uma generalização absoluta.
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que ainda há tantos que não aderiram, não se tornaram participantes, apesar de
poder fazê-lo?
A sociedade, por sua vez, até hoje não entende direito o que é uma previdência
privada. Se adicionarmos a especificação “fechada”, aí então é que teremos sobran-
celhas arqueadas, somadas a um olhar que nos diz: o quê?
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contribuição para acumulação do volume pretendido, mas o todo ou a totalidade
permanece, sem a qual não poderia existir o individual. Essa totalidade é gestora
do objetivo-fim e do seu compartilhamento.
O que difere essa forma organizacional em previdência é o poder de escolha
que o participante de uma EFPC tem sobre alguns aspectos que trazem conforto
psicológico e aumentam a sensação de proteção projetada sobre o seu futuro. No
entanto, essa representação de valor pode entrar em depreciação com a mesma
rapidez em que circularem notícias controversas.
Isso nos permite pensar que a sociedade pode também ter desenvolvido um
sentimento de exclusão, manifestado em forma de questionamentos, dúvidas e até
desdém: “as uvas estão verdes.” (Esopo), sentenciando as EFPC como um produto
elitista, alvo de críticas e desconfianças constantes.
“Não há uma polegada do meu caminho, que não passe pelo caminho do ou-
tro.” (Simone de Beauvoir)
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direitos, se organizando junto aos Sindicatos e formando os grupos de interesse.
Normalização – Essa fase se caracteriza pela estabilização de normas e de re-
lacionamentos, e pela maior aproximação e coesão entre os seus membros. Tanto
a fase de Tormenta quanto a fase de Normalização podem se repetir cada vez que
uma EFPC alterar alguma regra substancial, ou mudar o tipo de Plano, por exemplo.
Desempenho – Esse estágio é atingido quando tudo esta funcional e as intera-
ções do grupo são plenas.
Interrupção – O estágio final é caracterizado pela preocupação com a conclu-
são ou encerramento das atividades e desligamento de seus membros. O momento
da aposentadoria é uma representação bastante convergente com a configuração
desse estágio.
1.5 – Conclusão
Dito isso, é possível observar porque os grupos que se originaram pela associa-
ção de um interesse em comum - a previdência complementar que lhes era ofere-
cida pela empresa para a qual trabalhavam - se organizaram, em algumas oportu-
nidades, contra aquilo que eles entendiam ser uma ameaça.
A ameaça decorria da insegurança sentida por cada um desses membros sobre
o destino dos valores contributivos, mensalmente descontados do seu salário, cada
vez que notícias colocavam em xeque a credibilidade das EFPC, as quais, a partir da
instabilidade instaurada, buscavam esclarecer o que não precisaria se a forma e a
frequência da comunicação fosse amigável e tempestiva, respectivamente.
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prir os objetivos complexos compartidos.”. (Kreps, G.L. – La Comunicación en
las Organizaciones. P.56-7)
2.1 - Conclusão
A Linguagem utilizada pelas EFPC tem sido uma forte barreira para a comunica-
ção com os seus participantes. Ainda que seja tentado “trocar em miúdos” expres-
sões tão técnicas, a pouca flexibilidade concedida à Comunicação para usar signos
mais fáceis de serem absorvidos e entendidos, condena esse propósito à falência.
Por que dizer “o benefício proporcional diferido é um instituto a que o partici-
pante faz jus quando se desliga da patrocinadora”, quando podemos dizer: se você
for demitido ou trocar de emprego existe uma modalidade pela qual pode parar
de contribuir e receber seu benefício quando completar os tempos exigidos pela
previdência oficial e pela previdência complementar a que está vinculado. O nome
dessa modalidade poderia ser, por exemplo, “Dinheiro no cofre”. Para receber da-
qui a quanto tempo? cinco, seis, enfim, o número de anos que faltar para comple-
mentar as carências exigidas. Simples, leve e de fácil compreensão.
Obviamente que, “deixar o dinheiro no cofre”, é meramente uma figura de
linguagem, aqui trazida para demonstrar que ao utilizar signos previamente co-
nhecidos pelo participante é possível estabelecer conexões mentais imediatas da
mensagem que se quer levar até ele. Já está pacificado o entendimento que cofre é
sempre uma representação de segurança, um bom lugar para se deixar o dinheiro
até que possa ser utilizado. O cofre também remete ao conceito de acumulação, de
reserva para momentos futuros.
O ideal de naturalidade se faz tão mais necessário quanto mais técnica for a
linguagem que expressa seu conteúdo. É esperado que não haja a obrigação de
um idioma tecnicamente condicionado, como o que vemos hoje dentro do sistema
de previdência complementar fechada, mas sim uma simplicidade de exposição
de seus significados que permita à sociedade dele se apropriar naturalmente, sem
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maiores esforços, concedendo à linguagem um caráter de universalidade ao que
hoje é muito particular.
Segundo Peter Drucker, o valor de uma organização está em tornar produtivo
o seu conhecimento.
Ao abrir esse conhecimento à sociedade, representada pelos indivíduos que in-
tegram o setor, suas famílias, amigos e todos os outros indivíduos que integram a
população brasileira, as EFPC estarão trabalhando, entre outras questões, no fo-
mento que tanto preconizam.
“Quando você diz três coisas ao mesmo tempo, você não diz nada”¹ poten-
cialmente forte, mas quando você diz algo que todos identificam, isso é forte
o suficiente para ser o condutor da mensagem que você quer passar. (¹ Heath,
C. e D., Made to Stick, p. 31).
Uma rápida olhada para o mercado aberto nos oferece algumas reflexões
sobre a importância de um discurso simples, porém marcante, que defina um posi-
cionamento de imagem.
Quando um determinado Banco dizia “nem parece Banco”, você identificava
imediatamente qual era esse Banco. Quando um outro diz “O Banco da Daniela, do
Álvaro, do Marcelo, o Banco de todos os brasileiros” também imediatamente sabe-
mos quem é o dono desse conceito, apresentado em forma de slogan ou assinatura
de negócios.
Perceba que o primeiro buscava ser mais que um Banco, desencarnando a ima-
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gem que o inconsciente coletivo execrou. Ao declarar “nem parece Banco” ele não
só trabalhava essa desassociação, como apresentava uma série de ações em oferta
de serviços e de qualidade no atendimento, criando um arquétipo de identificação
com a necessidade de cada indivíduo em ser visto e tratado como único.
O mesmo fez o segundo Banco, porém de outra forma, cultivando no cliente o
senso de propriedade, o orgulho de pertencer e o sentimento patriótico.
Ambos buscaram uma reconciliação entre as relações quantificáveis e o históri-
co das ações e relações humanas. Trabalharam de forma sistêmica internamente e
apresentaram habilmente esse posicionamento ao público em geral.
Ainda que cada indivíduo seja levado a operar com esse ou aquele Banco por um
conjunto de motivos e não apenas por essa declaração, essa mensagem é suficien-
temente marcante para manter no léxico mental uma associação direta e univer-
sal, e fortalecer a conexão quando lhe são oferecidas as linhas de negócio.
Passar a essência da idéia na primeira mensagem, despindo-a do peso do que é
menos relevante, e transmitindo-a com palavras objetivas, de domínio comum, é
um consistente caminho para estabelecer um idioma de conciliação. Conciliação
de entendimentos, de propósitos compartilhados e atingidos.
“Simples = essencial + compacto. Uma idéia simples e bem idealizada pode ser
surpreendentemente poderosa para moldar o comportamento das pessoas”. ²
“Quando você diz três coisas, não diz nada. Quando seu controle remoto pos-
sui cinquenta botões, não é mais possível mudar de canal”. (Heath, C.e D.,
Made to Stick. 2007.p.45)
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Toda vez que entramos em um avião, antes de iniciar o vôo uma das comis-
sárias apresenta as regras de segurança, às quais ninguém nunca presta atenção. Em
um determinado vôo, uma delas quebrou o padrão e fez o seguinte comunicado:
Esse princípio é o mesmo recurso utilizado pelos teasers, que atuam como um
pré-lançamento de algo que virá, despertando a curiosidade e aumentando o inte-
resse em saber o que está por vir.
A Economia da Atenção, tema tão discutido nos dias atuais, nos demonstra que
a atenção das pessoas se tornou um patrimônio escasso e muito disputado. Vários
autores como Thomas Davenport e John Beck, ao escreverem o livro “A Economia
da Atenção”, demonstram como a Web acelerou esse processo. Mas é o físico e
escritor Michael Goldhaber quem nos oferece uma reflexão sobre a perspectiva da
sociedade contemporânea, que aqui reproduzimos: “Uma nova economia, espantosa-
mente diferente de qualquer uma que conhecemos – uma economia que ninguém esperava,
que ninguém pediu – está surgindo ao nosso redor. Ela está fadada a continuar, até, final-
mente, consumar a conquista de todos os nossos destinos econômicos(...). Chamo o que está
surgindo de economia da atenção pelo simples motivo de que o seu principal ingrediente e
força motriz será a tentativa de obter e preservar – não dinheiro, não bens materiais produ-
zidos em fábricas, não informações, mas o único artigo que é tanto imensamente desejável
quanto singularmente escasso – a atenção prestada por outros seres humanos.”.
Michael H. Goldhaber (The Attention Economy: Stars, Funs and the Next and
the new basis of effort and desires that is coming to dominate life in the Post-
Industrial, Post-Money, Post Material Cyberspace Era. Texto, maio 1996.
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importante para a ação, mas antes a quantidade de informação capaz de pene-
trar o suficiente num dispositivo de armazenamento e comunicação, de modo
a servir como um gatilho para ação. “(Pignatari, D.Informação, Linguagem,
Comunicação.2002. p.14).
3.6 - Conclusão:
“Como as palavras são baratas e as ações são caras”, Levitt, T. (A Imaginação de Ma-
rketing. 1999.p.163) quando praticamos uma comunicação pasteurizada, cujo compro-
misso é o de apenas cumprir um ritual normativo, nos distanciamos grandemente da
formação de um histórico de relações humanas que atinjam realmente o propósito de
comunicação sobre o serviço, os produtos e principalmente o desempenho das EFPC.
Comunicar é caro, em determinadas circunstâncias, canais e veículos. Mas a
comunicação de má qualidade pode se tornar ainda mais cara na medida em que se
traduza em desperdício de tempo e dinheiro para sua produção e, principalmente,
desperdício do objetivo e da imagem.
Exorcizar a Maldição do Conhecimento, praticar um idioma de conciliação, sim-
plificar o conteúdo das mensagens e gerar atratividade no modelo de comunicação
4. PLANEJAMENTO
“Planejamento é um processo, um ato de inteligência que se baseia em pes-
quisas, em situações reais etc. Os planos, projetos e programas são a materia-
lização desse processo”. Kunsch, M.M.K (Planejamento de Relações Públicas
na Comunicação Integrada.2003 p.16).
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Aqui não trataremos do planejamento das atividades de comunicação e seu ope-
racional, mas do planejamento das mudanças e do esforço coletivo para minimizar
seus impactos.
As EFPC convivem em um ambiente de alta regulação e fiscalização. E ambas
promovem fortes impactos no cotidiano das entidades e na comunicação com seus
participantes. Por ser um setor que ainda passa por aperfeiçoamentos, com boa
frequência surgem decretos, resoluções, instruções normativas etc. que estabele-
cem mudanças e/ou adaptações no operacional, e é missão da EFPC comunicar ao
participante o que mudou ou vai mudar.
Mudanças sempre andam acompanhadas de instabilidades. Instabilidades que
são geradas pelo desconhecimento sobre o que vai acontecer, como vai acontecer
e quando vai acontecer.
Planejar significa diminuir a vulnerabilidade e as chances de erro e, mais, per-
mite estabelecer claramente o que não pode acontecer.
É importante lembrar que o participante adquire um produto com determina-
das características a ele descritas quando efetiva a sua inscrição no Plano de Bene-
fícios oferecido por essa ou aquela EFPC. Qualquer coisa que interfira ou sinalize
que irá interferir no formato do produto que ele adquiriu gera instabilidade. O
mercado de previdência complementar tem como base de sustentação a credibili-
dade. “Eu passo anos a fio pagando isso porque eu acredito que terei o retorno lá
na frente”. É essa mesma credibilidade, aliás, que impulsiona o mercado de previ-
dência complementar, na medida em que aqueles que estão usufruindo o benefício
são referenciais para quem está pensando em aderir.
Qualquer coisa que possa interferir nessa credibilidade precisa ser cuidadosa-
mente planejada.
Há muito tempo, o Sistema não é mais um mercado sem concorrentes, princi-
palmente após o advento da portabilidade. Perder clientes, isto é participantes,
tornou-se, mais do que nunca, muito fácil.
4.1 - Conclusão:
Planejamento é um ponto crítico de sucesso para a comunicação eficaz. Plane-
jar para não improvisar, esse é o principal argumento para um preparo prévio e
adequado para comunicações de grande impacto.
Ao planejarmos conseguimos um entendimento das prioridades e dos riscos,
filtramos problemas menores, enquadramos a realidade e trabalhamos para a fina-
lidade através de um plano de ação.
Ao diminuirmos os erros aumentamos a satisfação, positivamos a imagem e
construímos relações.
Se para isso acontecer for preciso negociar prazos, então é importante que seja
feito.
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E para quem ainda não é participante, mas é um potencial comprador desse
produto, por exemplo: alguém que tivesse a possibilidade de escolher ingressar na
previdência complementar oferecida pela sua empresa, na qual ele acabou de ser
admitido, ou na oferecida pelo mercado aberto. Ele falaria com outras pessoas -
com sua esposa, como uma das hipóteses - leria artigos em revistas especializadas,
veria anúncios na televisão, faria pesquisas na Internet? Qual dessas impressões
teria maior impacto sobre esse possível participante?
E quem ainda não é um potencial consumidor de previdência nesse momento,
mas poderá vir a sê-lo no futuro, essa educação previdenciária e financeira deve
começar na infância ou na juventude?
Apontamos aqui alguns públicos e algumas vertentes que consideramos rele-
vantes e sobre os quais promoveremos um esforço de análise.
A característica do lúdico não restringe que ele seja virtual ou presencial. Am-
bos os canais são amplamente aproveitáveis.
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Gincanas para testar conhecimentos competindo por algum prêmio é uma téc-
nica de aprendizagem leve e ao mesmo tempo estimulante. Formar grupos no am-
biente de trabalho, preparando-os para a competição, planejar um ou mais eventos
com esse fim é uma boa forma de construir um modelo comprometido com o resul-
tado, mas ao mesmo tempo lúdico.
Jogos interativos com objetivo de passar conhecimento é outra ferramenta que tam-
bém obtém pontuação alta no interesse despertado. Ver modelo desenvolvido no anexo
2. As mídias virtuais são canais que oferecem excelente performance para esse fim.
Sem estabelecer preferências ou descaracterizar outros canais, conceitos ou
metodologias de ensino, o que se pretende aqui é tão somente ampliar o olhar e
introduzir um novo pensamento ou possibilidade de aprendizagem.
“Os negócios têm a ver com as pessoas, não com as coisas. Quando uma
organização concentra seus negócios no desenvolvimento das rela-
ções em seu mercado, fica difícil perder”. (McKenna, R. – Marketing de
Relacionamento.1992.p.87).
Como iniciaram a mudança? Com relatos. Primeiro esses relatos vieram em for-
ma de propaganda publicitária, na TV e em outdoors, protagonizados por artistas
que normalmente interpretavam papéis de “bonzinhos” - como forma de referen-
dar a credibilidade. Tempos depois, vieram os relatos de pessoas comuns, primeiro
nos anúncios de revista, algumas vezes na TV, e na Internet. Nos sites desses agen-
tes de previdência aberta isso é muito intenso.
Esses relatos apresentam um outro componente muito forte: a emoção. Um
código associativo que leva o indivíduo a estabelecer “uma ligação entre algo que
ele ainda não se importa com algo que ele já se importa”. Heath, C.e D., Made to Stick.
2007.p.155). Um exemplo disso é o indivíduo que não gosta de poupar, prefere “vi-
ver a vida”. Mas, ao ser lembrado que aquela poupança se destina ao bem-estar de
seu filho, caso ele como pai venha a faltar, é possível promover uma mudança de
comportamento ante a ideia de poupar.
Hoje, o mercado de previdência complementar aberta é um produto conhecido
e vem captando um grande número de adesões.
5.4 - Conclusão:
AS EFPC ainda não conquistaram seu espaço perante a opinião pública, como o
mercado aberto.
A despeito de o mercado aberto de previdência complementar ser também herdeiro
das referências negativas vinculadas aos montepios e as perdas que eles provocaram,
esse mercado conseguiu anular essa referência e criar uma outra totalmente nova, com
ares de modernidade, suportada pela boa prática da comunicação e do marketing.
A iniciativa da educação previdenciária é um excelente caminho a ser explora-
do pelas EFPC e pela Previc, desde que a forma seja inovadora e cativante.
Uma máxima da propaganda diz que “você precisa explicar ao público des-
tinatário o benefício do benefício”. É a tangibilidade do benefício que desperta o
interesse das pessoas, cita Dan Heath. Isto significa dizer que o benefício da previ-
dência complementar não é a aposentadoria apenas, é padrão de vida mantido, que
permitirá o nível de consumo que o cidadão sempre teve.
As ferramentas para realizar a educação previdenciária e financeira são
inúmeras, mas precisam ser modernas e apresentar linguagem atrativa; precisam
ajudar as pessoas a perceber seu potencial, e através desse potencial a sua capaci-
dade de realização de vivenciar experiências positivas e marcantes; que desperte
sentimento de segurança, proteção e estabilidade e que envolva a visão de família,
amor, amigos, afeição.
“Se uma pessoa, ou duas, ou três, ou quatro, ou o número que queiram, estiver
em aflição, e se eu fosse chamado a ajudá-la, faria tudo que estivesse em meu
poder para oferecer o meu melhor conselho. Hoje, a maioria dos homens está
doente, como que de uma epidemia, em função das falsas crenças a respeito
do mundo, e o mal se agrava porque, por imitação, transmitem o mal uns aos
outros, como carneiros. Além disso, é justo levar socorro àqueles que nos su-
cederão. Eles também são nossos, embora ainda não tenham nascido. O amor
aos homens nos leva a ajudar aos estrangeiros que venham a passar por aqui.
Como a boa mensagem do livro já foi difundida, resolvi utilizar esta muralha
para expor em público o remédio da humanidade”..
Parte de texto da ética de Epicuro mandado gravar na muralha de Enoanda, na Capadócia, por Diógenes, séc. II, D.C. (Peçanha,
J.A.M., Ética. 1992. p.57)
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6. CONCLUSÃO
Esse estudo conta uma história. Uma história de comunicação que ainda não
viveu os seus melhores momentos.
A previdência complementar fechada, a grande precursora da formação de
poupança previdenciária, sob o regime de capitalização, ainda não recebeu o seu
certificado de honra ao mérito da sociedade brasileira.
Sociedade essa que se beneficia da formação de estoques de capital de longo
prazo para financiamento do sistema produtivo, mas não sabe disso. Assim como
desconhece os grandes números desse setor: número de participantes e seus be-
neficiários; montante de benefícios pagos anualmente; postos de trabalho gerados;
ou que percentual do PIB o patrimônio global das EFPC corresponde.
Em vários momentos, com certeza, esses números já lhe foram apresentados.
Mas não houve identificação, proximidade, reconhecimento. Não houve atenção.
Mediante as análises feitas ao longo desse estudo, fica a proposta para que seja
quebrada a maldição do conhecimento e se estabeleça o uso de uma linguagem de
fácil compreensão, um idioma de conciliação.
Que novos padrões surjam e a criatividade não seja vista como vulgarização da
matéria ou desimportante, e que haja permissão mental de incorporar o novo e
processá-lo em energia transformadora, catalizadora da atenção da sociedade que
não seja por meio de escândalos.
Um novo posicionamento mercadológico também é requerido. O que ganha
uma empresa ao constituir a sua própria EFPC em lugar de contratar um plano de
previdência para os seus funcionários no mercado aberto? O fomento do segmento
precisa estar ancorado em questões estratégicas como essa. E tornar esse produto
a melhor alternativa, em termos de previdência complementar, para qualquer em-
presa que pense no assunto e, ainda, plantar o desejo mesmo naquelas empresas
que não pensam sobre isso.
É preciso somar à literatura disponível sobre o tema, todas de excelente con-
teúdo técnico, outras mais convidativas à leitura pelo cidadão comum, pelo jovem
universitário e pelas crianças que estão começando a descobrir o mundo.
É preciso dar amplitude sobre quem são as EFPC em mídias de grande alcance.
Despindo-se de reservas à exposição de seus produtos e do profundo conhecimen-
to que possuem na gestão de recursos de terceiros.
É preciso fazer uso, maciçamente, dos recursos digitais e das mídias virtuais que
hoje lideram e capturam a atenção da audiência que necessitam ter, e aí também se
insere a educação previdenciária e financeira, que não pode ter a old face dos EAD
(Ensino à Distância) que fracassaram no passado.
É preciso transformar “fechada”, em exclusiva. Exclusiva, mas acessível para
qualquer grupo de trabalhador: seja através da empresa com a qual possua vínculo
empregatício, seja por meio dos sindicatos, associações ou entidades profissionais,
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ANEXO 1
A Comunicação ideal depende de uma série de fatores que, juntos, colaboram
para obtenção do resultado que desejamos. Destacamos:
• Estabelecer os objetivos da comunicação devidamente adequados à estraté-
gia de comunicação. É o primeiro passo. Precisamos saber onde queremos chegar;
• Conhecer as características do público ou mercado alvo, o que permitirá de-
senvolver a mensagem adequada. Com quem estaremos falando?
• Ter a verba adequada à necessidade da comunicação. Não adianta ter um
fantástico plano de comunicação no papel. É preciso dar materialidade ao projeto,
acreditando que trará benefícios às EFPC tanto quanto um projeto para uma nova
matriz de risco ou o estudo para aplicação de nova tábua de longevidade;
• Utilizar todos os veículos de comunicação necessários à campanha, que se
adaptem e potencializem o projeto, atingido o público ou mercado desejado; e
• por fim - colocado nesta ordem apenas porque será trabalhado o seu desdo-
bramento - construir o conteúdo criativo da mensagem.
As técnicas, a seguir apresentadas, dedicam-se a estudar a forma de aumentar a
eficácia da comunicação persuasiva e os mecanismos que contribuem para reten-
ção da mensagem.
1. Técnicas para chamar a atenção e despertar o interesse.
2. Técnicas para facilitar a compreensão.
3. Técnicas para aumentar a credibilidade.
4. Técnicas para estimular a memorização.
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• HIPERBOLIZAÇÃO SIMPÁTICA – É a figura do exagero, talvez a técnica de ven-
das mais antiga do mundo, muitas vezes usada em conjunto com o humor, devendo ter
um conteúdo simpático para que não haja desconfiança inicial em relação à mensagem.
• CONCEITO OPOSTO – É a técnica da ironia para desarmar o público. Primei-
ro desvaloriza o produto e num segundo momento faz sobressair as suas virtudes
essenciais. Diz-se ao consumidor o contrário do que deveria ser dito.
• REFERÊNCIA INESPERADA – Utilização de elementos verbais ou visuais
com os quais o público está familiarizado, com a introdução de algo que desvia o
seu sentido habitual. Provoca estranheza e favorece a memorização.
• RESERVA ESPECTACULAR – Se o público é massacrado com tanta publici-
dade vamos tentar superar isso, falando-lhe baixinho ao coração. É a exploração da
pausa, dos elementos gráficos em vez do ruído. É uma técnica muito usada pelas
marcas de prestígio.
• EXPRESSÃO CONTRA A CORRENTE – Utiliza a contramão do momento. Se
a maioria da publicidade está utilizando músicas, faz-se um anúncio silencioso. Se
os anúncios das revistas têm policromia, faz-se um em preto e branco.
• TRANSFIGURAÇÃO QUALITATIVA – A proposta é tornar a mensagem mais
poderosa, através da qualidade das fotografias ou ilustrações, da beleza dos mode-
los, da música etc.
Considerações finais:
Os pontos destacados neste anexo integram outros estudos de grande abran-
gência. Selecionamos os que julgamos poder oferecer uma fonte de consulta rápida
aos interessados, e que fossem complementares ao nosso trabalho principal.
Extraído e adaptado dos livros: REIS, Carlos Francisco de Souza, o Valor (Des)
Educativo da Publicidade, Universidade de Coimbra, 2007; e CASTRO, João Pin-
to, Comunicação de Marketing, Ed, Sílabo, 2002.
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 41
ANEXO 2
1. Objetivo do jogo
Levar os jogadores a absorver conhecimento mediante estímulos produzidos
por desafios e conquistas.
2. Nº de Jogadores: indeterminado. O jogo é individual e o oponente é o conheci-
mento que o jogador possui ou é capaz de adquirir para avançar nas etapas do jogo.
3. Características do jogo: jogo digital para plataforma Web. Pode ser desen-
volvido para quem é participante ou não.
Público destinatário: “Arquipélago da Adesão” direcionado para quem ainda não
é participante; “Montanhas de Benefícios” direcionado para quem já é participante.
4. Nome do jogo: “A MELHOR VIAGEM”
5. Estratégia: associar o tema ‘viagem’ aos principais aspectos de uma EFPC,
despertando o interesse decorrente do prazer de viajar, fazer escolhas, descobrir
novos lugares, projetado a uma viagem no conhecimento das características e re-
gras de negócios de uma entidade fechada de previdência complementar.
6. Dinâmica: A dinâmica do jogo consiste em apresentar um conjunto de in-
formações para, logo a seguir, fazer perguntas que consolidem o aprendizado. Se
acertar, passa para uma nova etapa, se errar, retorna ao conjunto de informações.
7. Objetivos dos jogos:
Arquipélago da Adesão - conquistar as três partes que compõem a chave do
baú do tesouro (materialização do prêmio).
Benefício de conhecimento – Aspectos gerais da previdência complementar e
do funcionamento da Fundação gestora do game. O tesouro é se tornar participan-
te da Fundação X. Ao conseguir abrir o baú, o futuro participante solicitará sua
simulação de contribuição e a receberá junto com um artefato em forma de chave,
como prêmio simbólico. Essa chave poderá ser um peso de papel ou algo que esteja
sempre diante dos olhos do participante, no ambiente de trabalho.
Montanhas de Benefícios – completar o trajeto que o levará ao topo da mon-
tanha e conquistar, por exemplo, um mosquetão com o nome dele gravado (mate-
rialização do prêmio).
1ª tela
Arquipélago Montanhas
da adesão de Benefícios
2ª tela
(se a escolha for Arquipélagos da Adesão)
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 43
3ª tela
Arquipélagos da Adesão
Iniciar o jogo
4ª tela
Carta de navegação
Clique aqui
Carta de Navegação
Coordenadas da previdência complementar
2.Estão classificadas em duas
1.Uma entidade de previdência
categorias: fechadas, como é o caso
complementar existe para
da Fundação X, ou seja, só pode aderir
suplementar a aposentadoria do
quem for empregado de uma de suas
INSS e manter o padrão de vida
patrocinadoras; e as abertas que são
próximo ao que possuímos
comercializadas pelos Bancos, para
durante a vida laborativa.
qualquer cidadão.
3.A principal diferença entre ambas 4.Além disso, possui normas que
é que a Fundação X não tem fins objetivam proteger o seu patrimônio
lucrativos; é gerida por e passa por rigorosa fiscalização,
profissionais oriundos dos quadros que é feita pela Previc
das patrocinadoras; e repassa todo
o resultado dos investimentos para
os seus participantes. Voltar ao jogo
6ª tela
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 45
7ª tela
8ª tela
Rever coordenadas
e responder
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 47
11ª tela
12ª tela
Pegadas marcam
O caminho de
1 - A Fundação X possui 00 anos de existência, um ponto ao outro
com excelentes resultados na gestão de investimentos
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 49
16ª tela (se as respostas estiverem corretas)
Acelerar motores
Montanhas de Benefícios
A apresentação do jogo aqui nesse estudo será realizada em forma de script. Da
mesma forma que o jogo Arquipélago da Adesão, o jogo Montanha de Benefícios
não está completo, sendo apenas uma demonstração de possibilidade.
Esse jogo é destinado preferencialmente a quem já é participante.
Tela 1 (Regras)
A base Fundação será o seu ponto de partida. Para avançar e ganhar os bônus, você
deverá acertar as respostas das perguntas que lhe serão propostas. O conhecimento
para realizar as respostas será sempre apresentado previamente. É preciso atenção.
Você deverá escolher um roteiro para dar início à sua trajetória, não se esque-
cendo de consultar a previsão do tempo e levar na bagagem as instruções e os
equipamentos para a caminhada.
Selecione o trajeto. (imagens de lindas montanhas ao fundo e uma base como
ponto de partida, a qual poderá ter o logo da Fundação X).
Tela 3
(O participante escolhe Cumes da Aposentadoria)
Essa trajetória possui um conjunto de condições que precisam ser conhecidas
para você conquistar o objetivo.
Sempre que essas informações forem apresentadas, memorize-as para utilizá-
las no momento adequado.
Botão para clicar e conhecer as condições para participar da trajetória e alcançar o cume.
Tela 4
Para atingir o Cume você tem que se tornar participante. Como isso é possível?
. Você tem que ser empregado de uma das patrocinadoras da Fundação X
. Não pode estar com seu contrato de trabalho interrompido ou suspenso
. Deverá requerer sua inscrição, no prazo de 30 dias após a admissão, através de for-
mulários próprios fornecidos pela Fundação, juntamente com os documentos exigidos
. Informar ou indicar beneficiários
. Autorizar os descontos no seu salário-real-de-contribuição (botão lateral com
a mensagem: uau, preciso saber o que é isso!)
Tela 5
Agora que você conhece as regras para ser participante, precisará dos equipa-
mentos de caminhada aqui no jogo: bússola, cantil, corda, botas...
Botão clicável: obter equipamentos.
Tela 6
Para obter seus equipamentos é necessário responder às seguintes perguntas:
. Para ser participante é preciso:
a) Ser empregado de qualquer empresa.
b) Ter sido empregado da empresa Y.
c) Ser empregado de qualquer patrocinadora da Fundação com contrato
de trabalho sem interrupção ou suspensão.
A COMUNICAÇÃO COM OS PARTICIPANTES DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA E SEUS EFEITOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA | 51
d)Todas as respostas acima
. Sua inscrição como participante deverá ser requerida no prazo de:
a) Até 60 dias após sua admissão.
b) Até 30 dias após sua admissão.
c) Não há prazo, mas ultrapassado os 30 dias após a admissão, a inscrição estará
condicionada a aprovação por exame médico.
d) Não há prazo, qualquer um pode ingressar a qualquer tempo, sem restrições.
. Quem pode ser beneficiário do participante?
a) Cônjuge; companheira (o), filhos ou enteados até 24 anos ou inválidos.
b) Cônjuge, pais e irmãos.
c) Cônjuge, companheira(o), pais e sogros
d) Qualquer membro da família.
Tela 7
Se a resposta for certa:
Parabéns! Você já está participando com os equipamentos básicos. Aparecer
imagem dos equipamentos, como se eles tivessem sido ganhos.
Jogar automaticamente para a tela de bônus.
Se a resposta for errada, retornar para a tela de perguntas.
Aparecer a seguinte mensagem:
Ahhh... Resposta incorreta. Retorne e tente novamente.
Tela 8
Atenção! A resposta certa, no tempo disponível, vale um repelente como bônus.
Aparecer cronômetro no canto da tela.
. O que é salário-real-de-contribuição para o participante ativo? (Informação
disponível na página X do Regulamento)
a) O valor das contribuições mensais descontadas em seu salário.
b) O saldo do seu salário menos o valor de contribuição para o Plano.
c) A diferença entre os seus 12 salários anuais menos o valor do décimo terceiro.
d) O total das parcelas normais pagas pela patrocinadora ao participante (salá-
rio e gratificações), sobre as quais incidem os descontos para a Previdência Oficial.
Tela 9
(se o participante não conseguir responder a tempo)
Ôps, o tempo terminou!
Você não ganhou o bônus, mas ganhou o conhecimento.
Memorize-o, pois em algum momento poderá lhe ser solicitado novamente.
Botão para prosseguir com o jogo.
Tela 11
Para pontuar saiba que:
O plano de benefícios compreende: aposentadoria normal, aposentadoria por
idade, aposentadoria antecipada, aposentadoria por invalidez, pensão por morte.
Tela 12
Quais os requisitos para um participante usufruir o benefício por tempo de contribuição:
a) 55 anos de patrocinadora, 3 anos de Fundação, 8 anos aposentado pelo INSS.
b) 55 anos de idade; 30 anos de vínculo ao INSS (sexo masculino); 5 anos de
contribuição à Fundação X; já estar recebendo uma aposentadoria por tempo de
contribuição pelo INSS.
c) 55 anos de idade, 15 anos de contribuição à Fundação X, 25 anos de vínculo ao
INSS (sexo masculino),
Tela 13
Se a resposta for certa:
Parabéns! Resposta correta. Você avançou 1 hora de caminhada.
Jogar automaticamente para a tela de bônus.
Aparecer imagem do mapa do percurso e o avanço do jogador.
Se a resposta for errada, retornar para a tela de perguntas.
Aparecer a seguinte mensagem:
Ahhh... Resposta incorreta. Retorne e tente novamente.
Botão de retornar.
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Tela 14
Atenção! A resposta certa, no tempo disponível, vale como bônus uma mula
para ajudar no transporte dos equipamentos. Cronômetro no canto da tela.
O que é o Abono Anual? (informação disponível na página X do Regulamento)
Tela 15
Ôps, o tempo terminou!
Você não ganhou o bônus, mas ganhou o conhecimento.
Memorize-o, pois em algum momento poderá lhe ser solicitado novamente.
Se acertar a resposta no tempo do cronômetro deverá aparecer a mula ao lado
dos equipamentos.
Botão continuar o jogo
Tela 16
Alerta! Um enxame de muriçocas já o localizou e vem em sua direção. Use o
repelente que ganhou como bônus. Se não conquistou o bônus, só lhe resta correr
para o abrigo invalidez.
Botão repelente e botão abrigo invalidez.
As duas alternativas deverão constar da tela, mas o repelente só estará ativo
para quem ganhou o bônus. Quem não ganhou o bônus só terá a alternativa de
correr para o abrigo invalidez.
Tela 17
Se o participante conseguiu o repelente, a próxima tela será o acampamento
que identifica o término da primeira etapa (mostrar o avanço no mapa) e a in-
dicação de que ele conquistou a primeira parte da corda (prêmio do vencedor). A
segunda parte da corda e o mosquetão (freio de alpinista) aparecerão esmaecidos,
como partes a serem conquistadas.
Se a única opção foi o abrigo da invalidez, ele deverá jogar a parte relativa ao
abrigo invalidez para poder avançar no jogo.
Tela 18
Estar abrigado em momentos difíceis é fundamental para uma caminhada segura.
Conheça o abrigo invalidez. Para superar essa fase e prosseguir no jogo você
terá que pontuar.
Botão pontuar.
RESUMO
1 Devido à indisponibilidade das séries históricas de retornos, o estudo não abrangeu os dois novos segmentos introduzidos pela
Resolução CMN Nº 3.792, de 24 de setembro de 2009, investimentos
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Shapiro (2005), não é fácil atribuir com certeza a época de surgimento
dos planos de aposentadoria, mas é aceito que esses planos já estavam disponíveis
para os militares do Império Romano. Contudo, ressalta o autor que, somente no
fim do século XIX, as empresas começaram a estabelecer planos de benefícios de
aposentadoria similarmente às linhas atuais; e que, somente no final do século XX,
as análises dos custos dos planos de benefícios ganharam alguma sofisticação.
Os planos de aposentadoria estão divididos em planos públicos e privados. No
Brasil, a limitação do benefício oferecido pela previdência pública e a complemen-
tação das aposentadorias dos funcionários pelas empresas, como uma ferramenta
estratégica de gestão de recursos humanos, colaboraram para a criação das entida-
des fechadas de previdência complementar.
Uma entidade fechada de previdência complementar é uma instituição sem fins
lucrativos, cujo objetivo é complementar a aposentadoria pública recebida pelo
aposentado, em um nível compatível à renda percebida durante sua atividade. No
Brasil, as entidades fechadas de previdência complementar são popularmente co-
nhecidas como “fundos de pensão”.
Boulier e Dupré (2003) propõem que a gestão de um fundo de pensão deva bus-
car a segurança no pagamento das pensões, a minimização dos custos aos partici-
pantes e patrocinadores, e a estabilidade nas contribuições pagas.
Os planos de benefícios das EFPC de caráter previdenciário, conforme a Reso-
lução do Conselho de Gestão da Previdência Complementar nº 16, de 22/11/2005,
podem ser de três tipos:
Na análise de Bodie, Marcus e Merton (1985) não há, a priori, uma dominância
de uma modalidade de plano em relação à outra. Apesar disso, segundo Pinheiro
(2007) observa-se, mundialmente, uma migração dos planos do tipo Benefício De-
finido para planos do tipo de Contribuição Definida. De modo geral, os motivos
dessa migração decorrem do fato de que os planos de Benefícios Definido não estão
atrelados aos montantes arrecadados e à rentabilidade dos ativos durante o perío-
do de acumulação, o que os torna difíceis de se gerenciar e mais arriscados para os
patrocinadores do que um plano de Contribuição Definida.
Apesar da migração, os planos do tipo Benefício Definido são bem vistos entre
os participantes, por permitirem a repartição do risco atuarial entre os indivíduos,
em uma relação de mutualismo. Além disso, um plano de Contribuição Definida
pode ser muito severo a um participante que vive além da expectativa de vida cal-
culada para o custeio de sua aposentadoria, podendo deixá-lo sem fundos em um
período em que já cessou sua capacidade laborativa.
As entradas e saídas monetárias projetadas no fundo de pensão, decorrentes
das contribuições dos participantes e patrocinadores, e dos benefícios pagos aos
assistidos, constituem o fluxo de caixa atuarial.
Para se avaliar qual deveria ser a provisão do montante dos recursos em um
determinado momento do tempo, segundo Chan, Silva e Martins (2006), o atuário
calcula a Reserva Matemática RM, que é dada pelo valor presente esperado dos
benefícios futuros menos o valor presente esperado das contribuições futuras, ge-
rando a seguinte fórmula:
aposentadoria
programada
Idade de
invalidez
Entrada
Idade de
em
sistema
entrada
Aposentadoria
por invalidez
ω
Morte do Aposentado
Aposentadoria
programada
ω
Aposentado
Morte do
Pensão ao beneficiário
ω (p)
ω (p)
Reversão da
aposentadoria
avaliação
momento
Idade no
Reversão da aposentadoria
em pensão
da
em pensão
ω (p)
Segundo Winklevoss (1993), a lei dos grandes números permite que os fluxos
de caixa sejam ponderados pela probabilidade do evento, uma vez que, nessa lei,
afirma-se que para um grande número de experimentos, o percentual de ocorrên-
cias de um determinado evento tende a ser igual à probabilidade de ocorrência
desse evento.
5 As tábuas atuariais são tabelas que relatam a evolução de uma população inicial sobre um determinado evento. Tábuas que
sofrem decrementos ao longo do tempo por um único evento são chamadas de tábuas unidecrementais. As tábuas atuariais unide-
crementais mais utilizadas nos fundos de pensão, relata Pinheiro (2007), são as de mortalidade de válidos, de entrada em invalidez,
de mortalidade de inválidos, de rotatividade e de composição familiar. Outro tipo de tábua utilizada pelos atuários são as tábuas de
comutação, que combinam os dados biométricos das tábuas atuariais com a taxa de desconto.
FCP
Sendo t = Bt é
que, − oCbenefício
t prometido noFCP t = Bt t;
período − C t é a contribuição pro-
FC t = tt;pFCP t é o fluxo de caixa prometido no período
metida no período F
C t = tt;pFCP
t ét o
fluxo de caixa atuarial no período t; t p = probabilidade de ocorrência do fluxo
de caixa prometido no período t; vt = taxa de desconto do período t; e RM0 valor
presente dos fluxos atuariais do fundo de pensão no período t 0.
Os cálculos atuariais são realizados através de premissas a respeito do futuro.
Segundo Rodrigues (2008), as premissas atuariais podem ser classificadas em: (1)
Premissas econômicas (taxa de Inflação de longo prazo; ganho real dos investi-
mentos; escala de ganhos salariais; indexador dos benefícios; teto de benefício do
sistema público; e custeio administrativo; (2) Premissas biométricas (mortalidade
de válidos; entrada em invalidez; e rotatividade); e (3) Premissas genéricas (com-
posição familiar; idade presumida de aposentadoria; idade de entrada no emprego;
idade de adesão ao sistema público de aposentadoria; e formas opcionais de esco-
lha de benefícios).6
A escolha das premissas atuariais deve ser a mais fidedigna possível, para não
sub ou sobreavaliar o passivo da instituição. Cairns (1994) ressalta que a prática vi-
gente entre os atuários é adotar parâmetros mais conservadores nas premissas, ao
invés de serem mais conservadores diretamente na função objetivo da instituição,
por exemplo, reduzindo a chance de insolvência tolerável. Há desvantagem no ato
de agir dessa maneira, uma vez que, alterando o valor mais provável das premissas
não se sabe certamente o quanto de risco foi reduzido após a escolha dos ativos e
da taxa de contribuição a ser descontada dos participantes. Ademais, a escolha de
valores diferentes daqueles que seriam os mais prováveis para as premissas, tende
a propiciar a transferência de riqueza entre as gerações de participantes do fundo
de pensão.
6 Para aprimorar a aderência das premissas atuariais à população em estudo, Promislow (2006) sugere o uso de tábuas de morta-
lidade personalizadas para os indivíduos. Por exemplo, como os homens, por alguns motivos não muito claros, vivem menos que
as mulheres, a sugestão é que devem ser adotadas tábuas distintas para os sexos. Outro ponto sugerido pelo autor para um cálculo
atuarial mais sofisticado é a utilização de tábuas para fumantes e não fumantes para considerar o conhecido fato de que fumantes
vivem menos. Sobre as premissas de invalidez, Rodrigues (2008) discute que a prática dos fundos de pensão é adotar tábuas mais
em decorrência de sua disponibilidade do que propriamente uma base científica, já que a antiguidade das tábuas existentes não
incorpora as mudanças conceituais da invalidez ao longo do tempo (por exemplo, afastamento por doenças psicológicas).
7 Por esse indicador o valor do superávit em um ano qualquer será igual ao valor presente do ativo líquido do último período.
Por exemplo, utilizando os dados da tabela, no ano três o valor do superávit é dado por 7,572 – 7,449 = 0,123 ou por 0,146x(1/
(1,10x1,08)) = 0,123. Essa propriedade implica que não é possível que o indicador 2 aponte insolvência enquanto o Indicador 3
aponte solvência. A recíproca não é verdadeira, pois pelo Indicador 2 é possível saldar compromissos correntes com recebimentos
futuros.
Minimizar f ( x )
x =( x1 , x2 ,..., xn )
Sujeito a :
Gi ( x ) = 0 i = 1,..., me
Gi ( x ) ≤ 0 i = me + 1,...., m
8 A Pesquisa Operacional teve origem na II Guerra Mundial, quando grupos de cientistas de diversos campos do conhecimento
faziam pesquisas para operações militares. Segundo Hillier e Lieberman (2006), a PO teve um impacto impressionante na melhoria
da eficiência de inúmeras organizações pelo mundo e deu uma contribuição significativa para o aumento da produtividade das
economias de diversos países.
Figura 2- Comparação de performance entre algoritmos genéricos e específicos para um determinado tipo de problema
Fonte: Linden (2008).
A estrutura do problema, explorada nos algoritmos específicos, está relacio-
nada ao grau das equações e inequações da função objetivo e restrições, uso de
9 O algoritmo mais simples e direto para a solução de um problema de otimização é conhecido como “método da força bruta”, o
qual busca calcular todas as possíveis soluções e decidir pela melhor. Entretanto, uma característica desejável de um algoritmo é
o quão rapidamente ele converge para a solução da tarefa e o uso desse método provavelmente conduzirá a um longo tempo de
espera.
10 No Apêndice foram abordadas as características geralmente exploradas nos problemas de Pesquisa Operacional, bem como
uma exposição breve de seus métodos associados. A elucidação desses conceitos, apesar de não ser fundamental para entendimen-
to deste trabalho, é necessária para o entendimento de vários trabalhos de ALM, que os utilizam de maneira recorrente.
X1 X2
Figura 3- Evolução da população Inicial (em preto) de um Algoritmo Genético para uma população final (em branco) em um
problema de minimização de duas variáveis.
Sujeito a:
n n
σ 2 p ≡ ∑∑ xi x j ρ ij σ iσ j ≤ k
i =1 j =1
Sendo que, E é o excedente remanescente entre o valor dos ativos e o valor dos
passivos; Pi o valor do ativo 1, valor do ativo 2, e valor presente do passivo L; V a
variância do excedente; Vari a variância do ativo 1, variância do ativo 2, e variância
do passivo L; Covij = covariância entre i e j; e xi = peso do ativo i.
Segundo o modelo proposto, o problema do fundo de pensão pode ser resolvido
fixando-se um valor esperado para o excedente. Vale ressaltar que Wise (1984b)
defendeu o uso do valor zero para o excedente, por considerá-lo um valor não vie-
sado (unbiased match). Em seguida, deve-se minimizar o valor da variância, esco-
lhendo ativos cujos termos de covariância (entre ativos e passivos) façam com que
a variância fique mais próxima possível de zero. O resultado do modelo não seria
mais um modelo de fronteira eficiente bidimensional, mas um modelo tridimen-
sional, conforme ilustrado na Figura 5 a seguir:
Figura 5 - Variância (V) como uma função do Preço (P) e do valor esperado do excedente (E).
Fonte: Wilkie (1985)
Na relação de dominância para o desenho da fronteira eficiente, Wilkie (1985)
relata que é preferível o portfólio que: (a) para o mesmo P e E, aquele que possui o
menor V; (b) para o mesmo P e V, aquele que possui o maior E; (c) para o mesmo E
11 O conceito de função utilidade foi desenvolvido por Von Neumann e Morgenstern (1944) e constituem um grande avanço na
representação do processo de escolha dos agentes econômicos.
12 O problema de otimização pode ser, a partir da programação dinâmica, dividido em subproblemas e resolvido seqüencialmente
do último período para o primeiro. A otimização dentro de cada subproblema é realizada através do uso de técnicas do cálculo di-
ferencial, dado pelas condições de Kuhn-Tucker e a reformulação do problema com restrições, para um problema sem restrições,
com o uso dos multiplicadores de Lagrange. Para maior compreensão da metodologia de resolução ver Apêndice Ùnico.
13 A Resolução CGPC nº 26 determina que antes da revisão, a entidade deve adotar tábua biométrica AT-2000 (ou alguma mais
conservadora) e taxa de avaliação atuarial de, no máximo, 5% ao ano. Para uma discussão interessante do efeito desse normativo
na destinação dos superávits dos fundos de pensão, ver Souza (2009).
14 Para detalhes sobre o funcionamento das metodologias, ver Apêndice Ùnico
15 Outros exemplos bem-sucedidos de modelos de Programação Estocástica em fundos de pensão referidos pelos autores são:
Modelo de Russel-Yasuda Kasai, discutido em Cariño, Myers e Ziemba (1995), e o modelo da Towers Perrin, discutido em Mulvey
(1996).
16 Segundo Booth et al. (1999) modelos estocásticos de longo prazo geralmente incorporam séries passadas e variáveis econômi-
cas para realizar simulações de longo prazo. O modelo estocástico de longo prazo desenvolvido por Wilkie (1995) é um modelo
desse tipo.
3. METODOLOGIA
1. Modelagem determinística dos fluxos de caixa previstos para pagamento pela EFPC;
2. modelagem estocástica das rentabilidades dos ativos e da inflação;
3. modelagem da dinâmica dos valores dos ativos e passivos em cada ano da
projeção;
4. modelagem da função objetivo para a EFPC; e
5. estruturação das metodologias de solução do problema de Pesquisa Operacional.
A técnica dos Algoritmos Genéticos foi adotada como metodologia padrão de
Pesquisa Operacional. Os resultados foram comparados com a abordagem tradicio-
Legenda:
1- Evento Morte/Vida pela Tábua de Mortalidade de Válidos
2- Evento Validez/Invalidez pela Tábua de Entrada em Invalidez
3- Evento Ativo/Aposentado pela chance de aposentadoria
4- Evento Morte/Vida pela Tábua de Mortalidade de Inválidos
5- Evento Morte/Vida dos dependentes pela Tábua de Mortalidade de Válidos
FCk = Fluxo de caixa atuarial após os múltiplos eventos no caminho de ocorrências k.
O fluxo de caixa atuarial total de cada participante é dado pela soma dos fluxos
de caixa prometidos em cada combinação possível de eventos ponderados por sua
probabilidade de ocorrência, ou seja: FC = ∑ FC k × p ( k ) e n ( k ) .
n
k =1 ∑ p =1 k =1
Para cálculo dos eventos conjuntos foram utilizados os seguintes conceitos ele-
mentares de estatística:
K
(a) Ocorrência conjunta de ambos os eventos: P( E1 ∩ E 2 ,∩... ∩ E K ) = ∏ P( E k )
Por essa equação, por exemplo, pode-se calcular a probabilidade de morte con-
k =1
1 2 K k
k =1
Figura 7 - (a) Diagrama de possibilidades de dois eventos simultâneos; e (b) diagrama de possibilidades de três eventos simultâneos
Os cálculos, acima, foram executados para uma pequena amostra de 170 parti-
cipantes de uma EFPC brasileira, na posição de outubro de 2009, composta por dois
17 Para o cálculo de decrementos na população provocados por mais de um motivo, Bowers (1997) define uma fórmula de proba-
m
bilidade de múltiplos decrementos no mesmo sentido do conceito apresentado: q = 1 − ∏ (1 − q' ) , para k = 1,2,....m; onde q (T ) MD é a
(T ) M
D
k =1
(k )
x
probabilidade de múltiplo decremento e q' (xk ) é a probabilidade independente de decremento pelo motivo k.
18 A previsão de como serão os fluxos das contribuições, para uma EFPC, necessárias para honrar o pagamento dos benefícios do
fundo, é chamada de método de financiamento. Segundo Iyer (2002), qualquer função de contribuição que satisfaça a equação
fundamental que iguala o valor presente da série de contribuições futuras ao valor presente das despesas futuras constitui um
método de financiamento teoricamente possível para um novo sistema de previdência. No entanto, ressalta o autor, questões
práticas e legais impõem restrições sobre os valores possíveis das contribuições, benefícios e reservas do fundo de pensão. A impo-
sição dessas e de outras restrições conduz a métodos de financiamentos diversos. Nas EFPC brasileiras, todos os métodos possíveis
para o custeio dos benefícios programados ou continuados, de acordo com a Resolução CGPC nº 18, de 28 de março de 2006, devem
obedecer ao regime de capitalização, pois objetivam constituir um fundo de longo prazo para o custeio dos benefícios futuros.
πi
i =1
21 É importante perceber que a alocação estática significa somente que no ano inicial da avaliação (t=0) o modelo não considera,
de maneira intrínseca, a possibilidade de mudanças futuras nos pesos dos ativos.
Onde,
então A =é1,o '
25 R
Mvalor dos ativos calculados sem a adoção da restrição; RMt é a re-
t t
11,1,, sese
sese AAAt t t<<<000 (para algumt/t/t
(paraalgum
(para algum t/t/ttt====1,2,...,80
1,2...,80)
1,2,...,80
1,2,...,80 )))
Inad
Inad
Inad
000,,, caso casocontrário
caso contrário
contrário
∑ Inad i
Minimizar i =1
xRV , xIM ω
A aproximação adotada converge para a verdadeira probabilidade de ocorrên-
cia de Inad, quando o número de cenários ϖ tende para o infinito. Apesar de não
haver um número certo, Poojari e Varghese (2003) sugeriram um número entre
1.000 e 2.000 simulações para aproximação. Para efeito deste estudo, foi adotado
um valor de ϖ = 10.000.
4. RESULTADOS
Seguindo a metodologia proposta, foram estimados os fluxos de caixa reais (sem
considerar inflação) das políticas de contribuição atual (FC135) e reduzida (FC124)
para o horizonte de 80 anos. O resultado pode ser observado no seguinte gráfico:
OP 1,00000 -0,01986 0,15827 0,28090 0,52119 OP 1,00000 0,01672 0,82656 0,13353 0,39396
RV -0,01986 1,00000 0,16902 0,05762 0,02073 RV 0,01672 1,00000 0,07647 -0,41424 -0,09985
IM 0,15827 0,16902 1,00000 0,06511 0,10676 IM 0,82656 0,07647 1,00000 0,12827 0,27277
RF 0,28090 0,05762 0,06511 1,00000 0,34782 RF 0,13353 -0,41424 0,12827 1,00000 0,10240
INF 0,52119 0,02073 0,10676 0,34782 1,00000 INF 0,39396 -0,09985 0,27277 0,10240 1,00000
OP – Operações com Participantes, RV – Renda Variável, IM – Imóveis, RF – Renda Fixa, INF - Inflação
FUNÇÃO
CENÁRIO RENDA VARIÁVEL IMÓVEIS
OBJETIVO
FUNÇÃO
CENÁRIO RENDA VARIÁVEL IMÓVEIS
OBJETIVO
16-a 0,4088 0,2211 0,2114 0,1218 0,0688 0,0669 0,0492 0,0195 0,5163
16-b 0,4606 0,2094 0,1956 0,1536 0,0614 0,0690 0,0511 0,0361 0,5086
A situação inicial dos ativos foi um dos fatores determinantes para provocar
Ano
B
(escala logarítmica)
Valor em R$
Ano
Gráfico 4- Projeção dos fluxos de caixa atuariais nominais e valor dos ativos antes dos pagamentos do período com solução
ótima do cenário 12 com (a) e sem (b) limite máximo para valor dos ativos.
PORTFÓLIO ALGORÍTMO
CRITÉRIO PORTFÓLIO MARKOWITZ
CENÁ- GENÉTICO
RIO TIR Rent Escolha Rent Es- Variância RV IM ALM(x) RV IM ALM(x)
PMV perada Esperada
1 0,1248 0,1512 PMV 0,1512 0,00010 0,0000 0,0018 0,0000 0,0000 0,0800 0,0000
2 0,1438 0,1512 PMV 0,1512 0,00010 0,0000 0,0018 0,0127 0,0371 0,0787 0,0000
3 0,1264 0,1512 PMV 0,1512 0,00010 0,0000 0,0018 0,0000 0,1555 0,0800 0,0000
4 0,1460 0,1512 PMV 0,1512 0,00010 0,0000 0,0018 0,0598 0,0482 0,0676 0,0021
9 0,1095 0,1117 PMV 0,1117 0,00001 0,0061 0,0000 0,0642 0,0012 0,0644 0,0000
10 0,1285 0,1117 TIR 0,1285 0,00529 0,2598 0,0800 0,5477 0,2729 0,0772 0,5478
11 0,1111 0,1117 PMV 0,1117 0,00001 0,0061 0,0000 0,3322 0,0399 0,0472 0,0048
12 0,1307 0,1117 TIR 0,1307 0,00808 0,3208 0,0800 0,6118 0,2783 0,0744 0,6062
REFERÊNCIAS
ALENCAR, M. C. M. A defesa do contrato previdenciário. Aspectos relevantes e
proposições.Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2226, 5 ago. 2009. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13166>. Acessado em: 05 set. 2010.
BELLMAN, R. Dynamic Programming. Princeton: Princeton University Press,
1957.
Formas funcionais
A forma funcional de um problema de Pesquisa Operacional relaciona-se ao
grau das equações e inequações das restrições e função objetivo do problema.
Quando todas as equações e inequações do problema são de 1º grau, o problema é
classificado como um problema de programação linear; caso contrário o problema
é considerado de programação não linear.
Problemas de programação linear são muito mais fáceis de serem resolvidos do
que problemas de programação não linear de mesmo tamanho. A propriedade que
torna os problemas lineares tão mais fáceis é o fato que a solução ótima sempre
estará na fronteira do espaço de decisão. Essa propriedade pode ser intuitivamente
observada na figura a seguir:
A’ D’
C’
Função Objetivo
D C B’
A Espaço de Decisão
B
X
1
Figura 8 - Exemplo de um problema de programação linear com restrições
22 Conforme Linden (2008), problemas de complexidade elevada podem rapidamente se tornar intratáveis computacionalmente
para um número pequeno de entradas. O autor exemplifica que, para um problema de n=100 elementos, com um algoritmo que
oferece um tempo de processamento proporcional a 2n, em um computador que processa 109 operações em um segundo, serão le-
vados 1021 segundos (ou 1013 anos) para ser processado, um período de tempo 103 vezes maior que a idade estimada do universo.
23 Para ser mais preciso, para mais de duas variáveis de decisão, um hiper-polígono.
24 O algoritmo avalia a melhoria nos vértices adjacentes pela comparação dos coeficientes de inclinação dos respectivos lados
do polígono projetado na função objetivo. Caso haja melhoria em ambos os vértices adjacentes, o algoritmo escolhe aquele que
possui o coeficiente de inclinação maior (no caso de uma maximização) ou menor (no caso de minimização). Na Figura 8, o vértice
A’ representa um ponto de máximo, pois os coeficientes de inclinação das retas formadas pelos vértices adjacentes A’B’ e A’D’ são
negativos. Se o algoritmo estiver avaliando o vértice B’ em um problema de maximização, ele avançará para o vértice A’, pois o
coeficiente de inclinação da reta B’A’ é maior do que B’C’.
25 Uma matriz A = A é negativa semidefinida se, e somente se,
T
xTA
x ≤ 0 , ∀x ≠ 0 . Uma matriz A = AT é positiva semidefinida se, e somente
se, x Ax ≥ 0 , ∀x ≠ 0 .
T
Figura 9 - Relação entre as curvas de nível e os Multiplicadores de Lagrange em um problema não linear com restrições.
Condição extra 3: zi ≥ 0
O uso da restrição das condições extras é justificado, pois elas atendem a todas
as possibilidades de localização do ponto ótimo: quando o ponto se encontra em
uma região que a restrição não foi utilizada em seu limiar ou é irrelevante zi ≥ 0 e
a derivada ∂L( x, Ë, z) ∂zi avaliada em zi* é igual a zero (Figura 10 - Possibilidades 2
e 3); e quando a restrição é utilizada em seu limiar zi* = 0 e a derivada ∂L( x, Ë, z) ∂zi
*
avaliada em zi é diferente de zero (Figura 10- Possibilidade 1).
Figura 10 - Possibilidades de um ponto de ótimo em uma função de maximização com restrição do tipo zi > 0
Fonte: Jehle (1991)
Decomponibilidade
Algumas formalizações dos problemas de Pesquisa Operacional nos conduzem a
problemas de larga escala27 , que tornam métodos comuns de resolução de problemas
pouco eficientes. Entretanto, conforme sugerido por Bradley, Hax e Magnanti (1977),
alguns problemas de Pesquisa Operacional possuem uma determinada estrutura que
27 Problemas de larga escala são relativamente freqüentes em algumas abordagens para modelagem dos problemas de ALM, no-
tadamente as conhecidas como modelagens de programação estocástica com recursos.
r s n
Minimizar ∑c x
j =1
j j + ∑c x
j = r +1
j j + ∑c x
j = s +1
j j
r
Sujeito à : ∑a
j =1
ij xj = bi �(i = 1,2,...., t ),
∑a
j = r +1
ij xj = bi �(i = t + 1, t + 2,...., u ),
∑a
j = s +1
ij x j = bi �(i = u + 1, u + 2,...., m)
x j ≥ bi �(i = 1,2,...., n)
Observe que as variáveis x1 , x2 ,..., xr , as variáveis xr +1 , xr + 2 ,..., x s , e as variáveis
xs +1 , xs + 2 ,..., xn não aparecem em conjunto nas mesmas restrições. Como consequ-
ência, o problema pode ser solucionado, resolvendo um problema menor nas vari-
áveis x1 , x2 ,..., xr , outro nas variáveis xr +1 , xr + 2 ,..., x s e um terceiro nas variáveis
xs +1 , xs + 2 ,..., xn . Bradley, Hax e Magnanti (1977) argumentam que um problema re-
solvido desta maneira faz com que a complexidade computacional caia da ordem de
m3 para k(m/k)3 ou m3/9, no caso do problema apresentado, sendo m o número de
restrições do problemas e k o número de subsistemas.
Conejo et. al. (2006) argumentam que dois tipos de estruturas dificultam a solução
do problema: uma marcada por restrições complicadoras, outra por variáveis com-
plicadoras. As restrições complicadoras e as variáveis complicadoras são aquelas que
dificultam a solução do problema, atrapalhando sua solução direta por blocos.
De maneira geral, Bradley, Hax e Magnanti (1977) sugeriram algumas estruturas
de problemas, conforme apresentados na Figura 11. Problemas do tipo “Subsistemas
Independentes” são os problemas decomponíveis mais fáceis de resolver, pois não
possuem estruturas complicadoras. Problemas do tipo “Bloco Primal Angular” pos-
suem um grupo de restrições complicadoras, ou seja, restrições que utilizam todos
os blocos de variáveis de subsistemas independentes. Problemas do tipo “Bloco Dual
Angular” apresentam variáveis complicadoras nas restrições, como o uso de variá-
veis inteiras. Algumas outras formas típicas aparecem do uso de variáveis e restri-
ções complicadoras, como no caso do problema tipo “Escadaria”, muito comum em
problemas de otimização multiestágio, onde as variáveis de decisão são revistas com
o passar do tempo.
Fronteira Bloco
Angular Triangular Escadaria
Figura 12- Exemplo de representação de um problema de programação dinâmica e suas etapas de solução
Fonte: Hastings (1973), (Adaptado).
Quando a transição de um estado (n,i) para um estado (n,j) para uma ação está
associada a uma probabilidade p(n,i,j,k), o problema é chamado de programação
dinâmica probabilística de tempo discreto e variáveis discretas ou de Programação
Markov. Nesse sentido, uma pequena modificação na equação anteriormente apre-
sentada é necessária para a solução do problema. Tal passo é feito considerando
que o retorno r(n,i,j,k) representará o retorno esperado de tomar a ação k no estado
(n,i), ou seja, será igual à probabilidade de transição p(n,i,j,k) entre (n,i) e (n,j) sobre
a ação k vezes o retorno de transição c(n,i,j,k) entre (n,i) e (n,j) sobre a ação k. Assim,
usando a recorrência, a equação para um problema “programação dinâmica pro-
babilística” é determinada por:
N
f (n, i ) = Min r (n, i, k ) + ∑ p(n, i, j , k ) f (n − 1, j )
j =1
Estocasticidade
Até este momento, grande parte dos métodos de solução de problemas apre-
sentados é para ambientes determinísticos. Problemas estocásticos estão sujeitos
a variáveis cujos resultados são impossíveis de serem previstos com certeza, por-
tanto tais problemas trazem um novo ramo do conhecimento para a Pesquisa Ope-
racional: a estatística.
O estudo dos problemas estocásticos tem grande importância nos estudos de fi-
nanças, especialmente nos problemas de ALM em fundos de pensão, nos quais exis-
tem variáveis aleatórias econômicas, como a rentabilidade dos ativos do fundo, e
atuariais, como o crescimento dos salários; as datas de mortes; de aposentadorias;
de entradas em invalidez; dos casamentos; de nascimento dos filhos; e inúmeras
outras variáveis que afetam a vida dos participantes do fundo.
O problema que surge com o uso de variáveis aleatórias na função objetivo e
restrições em um problema de PO, segundo Steuer, Qi e Hirschberger (2005), é que,
dessa forma, o problema não é bem definido. Uma abordagem possível neste passo
é redefinir o problema em um problema determinístico equivalente, fazendo uso
de estatísticas, como a média, variância, assimetria, curtose, quantis e probabilida-
des em substituição das variáveis aleatórias28.
Uma alternativa ao uso de estatísticas para a eliminação das variáveis aleató-
rias é a simulação de realizações destas variáveis. Kall e Wallace (1994) sugeriram
que um problema com variáveis aleatórias poderia seguir os seguintes passos de
transformação: 1º Passo: Formulação do Problema Estocástico Inicial; 2º Passo:
Introdução de Decisões de Recurso e Penalidades; e 3º Passo: Discretização de
valores com o uso de realizações (cenários). O seguinte exemplo hipotético, ela-
borado pelos autores, permite compreender a dinâmica existente entre os passos:
28 Especificamente, a inclusão de restrições que envolvem probabilidades conduz ao ramo da programação matemática chamada
Chance-Constrained Programming. Henrion (2004) divide a Chance-Constrained Programming em problemas de dois tipos: (a)
Individual Chance-Constrained Programming, quando a restrição de probabilidade se aplica individualmente a cada período,
P (g ( x ) ≥ ξ ) ≥ p
j
j ( j = 1,...., m) ) , ou seja, cada restrição g j ( x ) ≥ ξ j deve ser verdadeira em p% das vezes e podem ser calculadas como um dos
limites do intervalo de confiança, obtido diretamente da distribuição de probabilidade de ξ j ; e (b) Joint Chance-Constrained Pro-
gramming, que envolvem restrições do tipo P(g j (x ) ≥ ξ j ( j = 1,...., m )) ≥ p , ou seja, todas as restrições g (x ) ≥ ξ devem ser verdadeiras em
j
j
p% das vezes. O cálculo pode não ser tão fácil em problemas de Joint Chance-Constrained Programming, pois depende do cálculo
da distribuição conjunta multivariada que envolve todas as equações g j ( x ) ≥ ξ j .
Min 2 x1 + 3 x2
Sujeito a:
x1 + x2 ≤ 100
~
(2 + η~1 )x1 + 6 x2 ≥ 180 + ζ 1
~
3x1 + (3.4 − η~2 )x2 ≥ 162 + ζ 2
x1 ≥ 0
x2 ≥ 0
[ ]
n
Min 2 x1 + 3 x2 + ∑ pi 7 y1 (ξ i ) + 12 y 2 (ξ i )
i =1
Sujeito a:
x1 + x2 ≤ 100
α (ξ ) x1 +
i
6 x2 + y1 (ξ )
i
≥ h1 (ξ i ) ∀i
3x1 + β (ξ i ) x2 + y 2 (ξ i ) ≥ h2 (ξ i ) ∀i
x1 ≥ 0
x2 ≥ 0
y1 (ξ )
i
≥ 0 ∀i
y 2 (ξ i ) ≥ 0 ∀i
I N I
min c1 1 x + ∑ p i c2iT 2 x i min ∑ ∑p
T in
ni
cninT n x in
i
1 x ,2 x
i
i =1 n x n =1 in =1
A1 1 x = b1 B in
x + Anin n x in = bnin
n −1 n −1
B1i 1 x + A2i 2 x i = b2i x in
n
x, xi ≥ 0
1 2
B0in = 0
30 Para maior eficácia no método de otimização estocástica, é comum o uso de técnicas de redução de cenários e de formação de
cenários com arquitetura de árvore (com estágios e estados bem definidos).
1º Lugar no tema:
Risco da longevidade
e os fundos de pensão
31 Por exemplo, Martin Wolf,106 Paul Krugman,67 Nouriel Roubini,90 Joseph Stiglitz,94 George Akerlof e Robert Shiller 2.
70
60
SELIC
Percentual (anualizado)
50 TJLP
Prime (EUA)
40
30
20
10
0
jul/95
jul/96
jul/97
jul/98
jul/99
jul/00
jul/01
jul/02
jul/03
jul/04
jul/05
jul/06
jul/07
jul/08
jul/09
jul/10
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
jan/03
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
jan/09
jan/10
Ano/mês
SELIC
2
Percentual mensal
0
jul/94
jul/95
jul/96
jul/97
jul/98
jul/99
jul/00
jul/01
jul/02
jul/03
jul/04
jul/05
jul/06
jul/07
jul/08
jul/09
jan/94
jan/95
jan/96
jan/97
jan/98
jan/99
jan/00
jan/01
jan/02
jan/03
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
jan/09
jan/10
-1
-2 Ano/mês
Gráfico 2 – Valor mensal da taxa SELIC, deflacionada pelo TJLP e tendência linear da taxa real - jan/1994 a jun/2010
Fonte dos dados brutos: IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. IPEADATA. Taxa de Juros: Overnight/Selic. Inflação:
INPC. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br>. Acesso em: 02 ago. 2010
Nota: Cálculos realizados pelos autores.
32 É comum que a taxa de fertilidade de 2,1 filhos por mulher em idade fértil seja definida como a taxa de reposição, isto é, a taxa
que permite o tamanho estável de uma população no longo prazo. Porém, este raciocínio não leva em conta diferenças na mor-
talidade ao redor do mundo. Por exemplo, em alguns países africanos a taxa de reposição gira em torno de 3,5, devido à alta mor-
talidade causada pela AIDS. A taxa de fertilidade de reposição para o mundo está em torno de 2,3, enquanto a taxa de fertilidade
mundial já é 2,5 e cadente27
65 e mais
175 50 a 64
20 a 49
População (milhões)
150 0 a 19
125
100
75
50
25
-
1872
1880 (a)
1890
1900
1910 (a)
1920 (b)
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
2020
2030
2040
2050
Ano
envelheci-
dependência
A o nascer Aos 70 anos mento
Hom ens Mulheres Ho mens Mulher es
1872 -*- -*- -*- -*- 6 8,4 2 3 ,1
1890 -*- -*- -*- -*- 8 5,4 1 1 ,4
1900 -*- -*- -*- -*- 9 0,8 7 ,3
1920 3 3 ,8 35 ,2 -*- -*- 8 8,0 9 ,4
1930 3 5 ,7 37 ,3 -*- -*- -*- -*-
1940 4 3 ,3 43 ,1 -*- -*- 8 1,6 5 ,6
1950 5 2 ,3 52 ,3 -*- -*- 7 9,6 5 ,9
1960 5 4 ,9 52 ,3 -*- -*- 8 3,2 6 ,4
1970 5 8 ,8 63 ,1 -*- -*- 8 2,6 7 ,5
1980 5 9 ,0 64 ,7 7 9 ,4 8 0 ,9 7 3,2 1 0 ,5
1990 6 2 ,6 69 ,1 8 1 ,3 8 2 ,9 6 5,8 1 2 ,3
2000 6 6 ,7 74 ,3 8 2 ,9 8 4 ,8 5 4,4 1 8 ,3
2010 6 9 ,7 77 ,3 8 3 ,3 8 5 ,4 4 8,0 2 6 ,7
2020 7 2 ,5 79 ,8 8 3 ,4 8 5 ,7 4 1,4 4 6 ,0
2030 7 4 ,8 81 ,8 8 4 ,0 8 6 ,6 4 3,5 7 8 ,5
2040 7 6 ,7 83 ,4 8 4 ,5 8 7 ,5 4 8,0 11 8 ,0
2050 7 8 ,2 84 ,5 8 5 ,5 8 8 ,9 5 5,9 17 2 ,7
Fonte para a esperança de vida ao nascer, de 1920 até 1990: IBGE (2003).
Fonte para a esperança de vida ao nascer, de 2000 até 2050 e para a esperança de vida aos 70 anos: IBGE (2008a) e IBGE (2008b).
Nota 1: O símbolo “ -*- “ significa que a informação não está disponível.
Nota 2: Razão de dependência é definida como a razão entre a população considerada inativa (0 a 14 anos e 65 anos ou mais de
idade) e a população potencialmente ativa, ou disponível para as atividades produtivas (15 a 64 anos de idade). Os valores na
tabela foram calculados pelos autores.
Nota 3: Índice de envelhecimento é definido como a razão entre a população com 65 anos ou mais de idade e a população com
0 a 14 anos de idade. Os valores na tabela foram calculados pelos autores.
No caso do Brasil, em 1996, viviam cerca de 22 mil pessoas com cem anos ou
mais, sendo que 65% eram mulheres22. A população brasileira está projetada para
atingir um máximo de 219 milhões por volta de 2040, passando a diminuir, em ter-
mos absolutos, a partir de então54.
O declínio da fertilidade leva a menores taxas de crescimento populacional,
sendo, por isso, um fator de envelhecimento populacional. Mortalidade declinan-
te, no entanto, produz dois efeitos opostos. No primeiro efeito, para um dado ní-
vel de fertilidade, o declínio da mortalidade faz com que a população cresça mais
rapidamente, tornando-a mais jovem. Este foi o caso do Brasil entre 1930 e 1970,
aproximadamente. O segundo efeito é o de tornar a população mais idosa através
3.1 Envelhecimento
Neste ponto é conveniente especificar melhor alguns termos usados nesta se-
ção. “Expectativa de vida” é o número médio de anos que uma pessoa vive. “Lon-
gevidade” denota a duração máxima de vida, isto é, o número máximo de anos que
um ser humano pode viver. “Envelhecimento” é o processo de ficar mais idoso,
independentemente da idade cronológica. O termo senescência descreve o conjun-
to de efeitos deletérios que diminuem a eficiência funcional de um organismo em
processo de envelhecimento, aumentando sua probabilidade de morte. Finalmen-
te, a senilidade refere-se à deterioração física e mental, frequentemente associada
ao envelhecimento93.
O envelhecimento ocorre ao longo de toda a vida, mas seus efeitos são mais
perceptíveis após os 40 anos de idade93. O envelhecimento tende a reduzir a ca-
pacidade de funcionamento dos órgãos e também no nível celular. Essa diminui-
ção da capacidade de resposta a estímulos externos e internos, progressivamente,
dificulta aos idosos manterem estáveis os processos corporais químicos e físicos,
aumentando, por sua vez, a probabilidade de morte93. Há numerosas teorias sobre
1 Na transição epidemiológica, o risco de morte devido a doenças infecciosas e parasitárias diminui, tornando relativamente mais
importantes as doenças degenerativas associadas ao envelhecimento, tais como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais,
e diversos tipos de câncer. Enquanto as doenças infecciosas e parasitárias tendem a ocorrer em ciclos epidêmicos, as doenças
relacionadas ao envelhecimento são tipicamente estáveis e crônicas78.
2 Já é possível vislumbrar o potencial da pesquisa em genética sobre a longevidade e a morbidade. Por exemplo, em junho de 2007,
o periódico científico inglês Nature publicou os resultados de pesquisa realizada por um consórcio britânico de pesquisa em ge-
nética, o Wellcome Trust Case Control Consortium, baseado na universidade de Oxford. Conforme nota divulgada para a imprensa
(LARGEST ever Study of Genetics of Common Diseases Published Today. Oxford, United Kingdom: WTCCC, 2007. Disponível em:
<http://www.wtccc.org.uk/info/070606.shtml> Acesso em: 09 jun. 2007.), o estudo encontrou causas genéticas para males como
transtorno bipolar do humor, doença de Crohn (inflamação crônica de uma ou mais partes do tubo digestivo), doenças nas artérias
coronárias, hipertensão, artrite reumatóide e diabetes dos tipos 1 e 2.
3,0
2,5
Percentual de variação da força de trabalho
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1901
1911
1921
1931
1941
1951
1961
1971
1981
1991
2001
2011
2021
2031
2041
-0,5
-1,0 Ano
3 Um dos pressupostos da “hipótese do ciclo da vida” para o que motiva as pessoas a pouparem, é que elas desejam estabilizar seu
consumo num dado percentual da renda que elas receberão ao longo de toda a vida4. Em agudo contraste com este pressuposto
teórico, 54% dos trabalhadores americanos declararam em 2010 que, nem eles nem seus cônjuges, jamais tentaram calcular quanto
precisariam poupar para manter o padrão de vida após se aposentarem47.
Segundo a National Association of Pension Funds, entidade que representa cerca de 1.200 fundos de pensão britânicos, a medida
trivial de fazer com que os trabalhadores recém contratados por empresas patrocinadoras sejam automaticamente incluídos no
plano (auto-enrolment), em vez de deixá-los solicitar a adesão, aumenta as taxas de adesão entre 20% e 50%32.
Na década de 1970, ao começar a lecionar na Universidade de Harvard, imediatamente os professores começavam a contribuir
para uma conta de aposentadoria. Porém, os depósitos não rendiam juros até que o titular preenchesse um formulário especifican-
do como o dinheiro deveria ser investido, uma tarefa de minutos. O economista Martin Feldstein descobriu que a maioria absoluta
dos professores (inclusive os de Economia) não se dava ao trabalho de preencher o formulário, como conseqüência perdendo
milhares de dólares em rendimento ao longo dos anos2.
4 Regras heurísticas são processos mentais que simplificam a tomada de decisão, os quais reduzem as tarefas complexas de estimar
probabilidades e de predizer valores a operações mais simples de julgamento. Essas regras simplificadoras comumente nos levam
a cometer erros sistemáticos102.
5 Efeito de framing é um viés cognitivo. Conforme relatado pelos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman, apresentar o
mesmo problema em diferentes formatos altera as decisões dos indivíduos. Além disso, as escolhas podem ser inconsistentes,
dependendo se o problema for apresentado enfatizando mais as perdas ou os ganhos103.
80 +
75 - 79
70 - 74
65 - 69
60 - 64
55 - 59
50 - 54
45 - 49
40 - 44
35 - 39
30 - 34
Variação populacional, dada uma
queda de 25% na probabilidade 25 - 29
de morte de idosos. 20 - 24
15 - 19
10 - 14
5-9
0-4
15 10 5 0 5 10 15
Gráfico 5 – Pirâmide demográfica do Brasil em 2050, segundo as projeções do IBGE e supondo redução de 25% na mortalidade
de pessoas com 60 anos ou mais
Fonte dos dados brutos: IBGE (2008a) e IBGE (2008b).
Nota: Simulação calculada de acordo com as seguintes hipóteses: (1) redução de 25% na probabilidade de morte para todas as
idades iguais ou superiores a 60 anos, a partir de 2011; (2) idade máxima de 110 anos para cada coorte.
40
35
30
25
20
15
Aumento na Razão de
10 Dependência de Idosos, dada uma
queda de 25% na probabilidade
de morte de idosos.
5
0
2010
2012
2014
2016
2018
2020
2022
2024
2026
2028
2030
2032
2034
2036
2038
2040
2042
2044
2046
2048
2050
Ano
Gráfico 6 – Razão de dependência de idosos para o Brasil, segundo as projeções do IBGE e supondo redução de 25% na mortali-
dade de pessoas com 60 anos ou mais
6 Em junho de 2009, o valor médio de benefício em manutenção dos fundos de pensão era de R$ 2.839,70. Se consideradas apenas as
aposentadorias, o valor médio sobe para R$ 3.392,7220. Em contraste, em setembro de 2008, o valor médio mensal de rendimento
da população economicamente ativa era de R$ 953,0052.
5.3.1 Swaps
Um swap de longevidade é um contrato onde se estabelece o intercâmbio de
uma ou mais séries de pagamentos no futuro, com base na evolução de um índi-
ce de longevidade14,11. Os swaps de longevidade podem ser estruturados de forma
mais simples e com maior facilidade na extinção das posições do que os títulos de
longevidade, que serão vistos a seguir. Também não são necessários mercados se-
cundários, bastando, apenas, que existam vantagens comparativas para ambas as
partes, ou opiniões distintas quanto ao desenvolvimento da mortalidade no futuro.
Num mercado desenvolvido de swaps de longevidade, seria possível obter uma
diversificação de produtos com relação à forma de pagamento13. Porém, no caso
de um fluxo de pagamentos, aparece a questão da determinação de um índice de
longevidade, aceito pelas partes da transação14.
6 COMENTÁRIOS FINAIS
Este texto argumentou que as mudanças estruturais da economia brasileira,
desde o início do Plano Real, resultam em queda das taxas de juros reais (ver Grá-
ficos 1 e 2) e, portanto, da capacidade de os fundos absorverem os efeitos do au-
mento projetado da longevidade da população participante (ver Tabela 1). O país
alcançou a categoria de grau de investimento e está consolidando sua reputação
de estabilidade macroeconômica. Portanto, é razoável supor a continuidade dessa
tendência de redução dos juros reais.
Outro argumento defendido aqui é o de que, mesmo que exista um limite gené-
tico para a longevidade humana (hipótese esta ainda objeto de acalorado debate na
comunidade científica), pode-se esperar que a evolução tecnofisiológica continue
a aumentar a longevidade humana. É certo que fatos inesperados, como o apareci-
mento de novas doenças, poderiam reverter a tendência de aumento da duração da
vida. No entanto, a expectativa é que avanços científicos e tecnológicos, principal-
mente nas biociências, e a gradual massificação dos tratamentos daí decorrentes,
continuem a aumentar a longevidade da população.
O aumento da longevidade é um fator de envelhecimento populacional. Esse en-
velhecimento traz implicações econômicas e sociais que têm que ser consideradas
no planejamento de fundos de pensão e patrocinadoras. Nas próximas décadas, o
Brasil experimentará a diminuição da oferta de trabalho e o pronunciado aumento
da proporção de idosos em relação à população geral. Essas mudanças aumentarão
a transferência de renda para aposentados e pensionistas, bem como a demanda
por serviços de saúde e de cuidados com idosos. Uma parte desta demanda será
financiada através de aumentos na carga tributária.
Os preços relativos também irão se alterar com o envelhecimento da população.
Numa população que está diminuindo, situação que as projeções do IBGE indicam
que ocorrerá no Brasil em cerca de 30 anos, os preços de imóveis usados podem
sofrer deflação. Por outro lado, certos serviços pessoais, como o de enfermeira do-
miciliar, podem tornar-se mais caros, devido à escassez de mão-de-obra. Assim
como hoje, os imóveis serão o principal ativo da maioria dos idosos, que por sua
vez demandarão mais serviços de cuidados pessoais. O resultado é que os ativos
que os idosos terão para converter em dinheiro podem estar se desvalorizando,
enquanto que os bens e serviços que eles demandarão estarão se tornando mais
REFERÊNCIAS
[1] ABRAPP. Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Com-
plementar. Consolidado Estatístico: março de 2010. São Paulo, 2010. Disponível em:
<http://www.abrapp.org.br/ppub/portal/adm/editor/UploadArquivos/Consolida-
MENÇÃO HONROSA
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 159
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS,
DO RGPS, SEGUNDO O GRUPO DE ESPÉCIE DE APOSENTADORIA, BRASIL, ABRIL DE
2004 26
GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS,
DO RGPS, SEGUNDO O GRUPO DE ESPÉCIE DE APOSENTADORIA E SEXO, BRASIL,
ABRIL DE 2004 27
TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS, DO
RGPS, SEGUNDO A SITUAÇÃO DO BENEFÍCIO, BRASIL, ABRIL DE 2004 28
TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS APOSENTADORIAS DO RGPS, RELATIVAS A
PESSOAS IDOSAS, DE 60 ANOS E MAIS, SEGUNDO A CLIENTELA, BRASIL, ABRIL DE
2004 29
TABELA 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS, DO
RGPS, SEGUNDO A FORMA DE FILIAÇÃO AO RGPS NA DATA DA APOSENTADORIA,
BRASIL, ABRIL DE 2004 30
GRÁFICO 3 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS,
DO RGPS, SEGUNDO SEXO E IDADE, BRASIL, ABRIL DE 2004 31
FIGURA 1 – ESTRUTURA ETÁRIA DOS APOSENTADOS, DE 60 ANOS E MAIS, DO
RGPS, BRASIL, 1998 A 2002 32
FIGURA 2 – ESTRUTURA ETÁRIA DOS ÓBITOS DOS APOSENTADOS, DE 60 ANOS
E MAIS, DO RGPS, BRASIL, 1998 A 2002 33
GRÁFICO 4 – CURVA DE PROBABILIDADE DE MORTE DOS APOSENTADOS IDO-
SOS, DE 60 ANOS E MAIS, DO RGPS, POR SEXO, BRASIL, 1998 A 2002 35
GRÁFICO 5 – COMPARATIVO DA ESPERANÇA DE VIDA DAS BENEFICIÁRIAS IDO-
SAS DO RGPS (1998 A 2002) COM AS ESPERANÇAS DE VIDA FEMININA DAS TÁBUAS
DE MORTALIDADE DO IBGE, 2008, E AT-83 37
GRÁFICO 6 – COMPARATIVO DA ESPERANÇA DE VIDA DOS BENEFICIÁRIOS IDO-
SOS DO RGPS (1998 A 2002) COM AS ESPERANÇAS DE VIDA MASCULINAS DAS TÁ-
BUAS DE MORTALIDADE DO IBGE, 2008, E AT-83 37
GRÁFICO 7 – COMPARATIVO DA ESPERANÇA DE VIDA DOS BENEFICIÁRIOS IDO-
SOS DO RGPS (1998 A 2002) COM AS ESPERANÇAS DE VIDA, PARA AMBOS OS SEXOS,
DAS TÁBUAS DE MORTALIDADE DO IBGE, 2008, E AT-83 38
TABELA A 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60 ANOS E MAIS,
DO RGPS, SEGUNDO SEXO E IDADE, BRASIL, ABRIL DE 2004 51
TABELA A 2 – EXPECTATIVAS DE VIDA, RGPS (1998 A 2002), IBGE (2007) E
AT-83 52
TABELA A 3 – TAXAS DE MORTALIDADE DOS APOSENTADOS IDOSOS, DE 60
ANOS E MAIS, DO RGPS, BRASIL, 1998 A 2002 53
TABELA A 4 – PROBABILIDADES DE MORTE, RGPS (1998 A 2002), IBGE (2008) E
AT-83 54
7 GOMES, M. M. F; TURRA, C. M. Quantos são os centenários no estado de Minas Gerais? Uma estimativa indireta da população com
100 anos e mais, com base no número de óbitos. 2008 (In Mimeo)
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 161
na ausência de modificação na idade da aposentadoria, há elevação no tempo médio
em que as pessoas vivem na condição de aposentadas. A despeito da existência de
vários esforços na identificação do padrão de mortalidade brasileiro, são escassos os
estudos que objetivam estudar especificamente a curva de mortalidade dos idosos
residentes no Brasil, de grande utilidade para subsidiar os cálculos de aposentadoria.
Em meio a essa discussão, o objetivo geral deste trabalho é estudar a mortalida-
de da população idosa aposentada pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
do Brasil, entre 1998 e 2002. Como objetivo específico, foi construída uma tábua de
mortalidade com base nas probabilidades de morte desses aposentados, observa-
das no período em questão.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007,
o percentual da população idosa brasileira, coberta pela previdência social, é de
78,6%. Assim, o estudo aqui apresentado, circunscrito aos aposentados do RGPS,
pode auxiliar na compreensão do comportamento da mortalidade do conjunto dos
idosos brasileiros, até então pouco conhecida.
Uma das dificuldades em realizar esse tipo de estudo proposto reside na má
qualidade dos dados disponíveis. Seria possível lançar mão de informações pro-
venientes de pesquisas do IBGE, como as PNADs, mas tais informações, fornecidas
pelos respondentes, muitas vezes ressentem-se de imperfeições como, por exem-
plo, equívocos relacionados ao início de vigência do benefício (possivelmente de-
correntes de erro de memória) ou à consideração do Benefício de Prestação Con-
tinuada (BPC) como aposentadoria por idade. Essas e outras limitações podem ser
superadas quando se conta com registros administrativos gerados pelo próprio
Sistema Previdenciário, uma vez que, nesse caso, as informações são originárias de
documentos oficiais com base nos quais os benefícios são concedidos.
Neste contexto, ressalta-se que o estudo apresentado neste trabalho é baseado em
dados dos registros administrativos da Empresa de Processamento de Dados da Previ-
dência Social (Dataprev). Portanto, trata-se de um banco de dados com informações
fidedignas, visto que para se conceder benefícios ou mesmo cessá-los é preciso analisar
uma série de documentos, o que reduz ou evita consideravelmente alguns erros.
Na sua organização, o estudo conta com outros quatro capítulos. A fim de per-
mitir que os resultados sejam contextualizados à luz das condições de mortalidade
da população idosa brasileira e da política previdenciária vigente no País, o Capí-
tulo 2 apresenta um panorama bastante conciso da mortalidade desse segmento
populacional específico, assim como uma descrição sucinta do Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), destacando a legislação que rege os diferentes tipos de
aposentadoria. O terceiro capítulo é dedicado à indicação das fontes de dados uti-
lizadas no estudo e dos métodos de análise adotados para obtenção dos resultados
que, por sua vez, são apresentados no Capítulo 4. Algumas considerações finais,
alcance e limitações do estudo são destacados no Capítulo 5, que também aponta
possibilidades de futuras investigações.
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 163
sição dos adultos jovens às doenças infecciosas são determinantes importantes do
declínio nas taxas de doenças crônicas entre os idosos.
Já Fernandes (2007) mostrou que desigualdades socioeconômicas estão em pa-
ralelo com desigualdades nos estilos de vida e nos recursos disponíveis (capital
social, cultural, escolar e econômico), que se traduzem em diferentes formas de
gerir a saúde e a doença ao longo da vida. As diferenças são perceptíveis na postura
corporal, na propensão para a obesidade e na qualidade do aparelho dentário dos
indivíduos socioeconomicamente mais desfavorecidos, por exemplo.
Há também estudos que mostram o diferencial da mortalidade idosa por sexo.
Segundo Fernandes (2007), os homens morrem mais cedo que as mulheres e entre
os determinantes dessa diferença está, em primeiro lugar, uma vantagem biológi-
ca. Pode-se também acrescentar a vantagem de maior convívio social das mulhe-
res, especialmente em idades mais avançadas. Essa convivência social feminina é
emocionalmente mais intensa e diversificada e esse fator pode proporcionar me-
lhores condições de adaptabilidade a situações traumáticas que ocorrem ao longo
da vida, como é o caso da viuvez. Por outro lado, os homens continuam mais expos-
tos a riscos e a uma mortalidade violenta e prematura.
Por meio do estudo realizado por Campos & Rodrigues (2004), observa-se que,
na região Sudeste do Brasil, no período de 1998 a 2000, as curvas de redução na
mortalidade dos idosos se aceleraram para homens e mulheres até meados do pe-
ríodo. Daí em diante, houve certa estabilidade na curva masculina e uma clara ten-
dência de desaceleração na feminina. O estudo demonstra, também, que a redução
da mortalidade para mulheres foi maior do que para os homens (exceto em Minas
Gerais, de meados do período em diante).
Vários estudos relacionados à mortalidade idosa tratam do limite da expectativa
de vida. Alguns sugerem que esse limite não existe, outros se arriscam a determiná-lo.
Segundo Manton et al (1991), não é fácil definir esse limite, pois ele engloba fa-
tores que afetam a mortalidade, tais como saúde, nutrição e comportamento indi-
vidual, que nem sempre são identificados matematicamente nos dados disponíveis
para estudos relativos à mortalidade. Essas dificuldades geram distintas e variadas
opiniões e estudos. Inclusive, essas diferentes formas de análise dividem os estu-
diosos, que podem ser separados em três grupos:
• Os tradicionalistas, que sugerem que o limite da expectativa de vida não é sig-
nificativamente maior que a expectativa de vida observada, aproximadamente 85
anos, visto que o limite está ligado ao envelhecimento biológico. De acordo com os
defensores dessa teoria, existem “freios” biológicos que limitam a vida humana e
esses “freios” não são afetados por mudanças na mortalidade por causas específicas.
• Os visionários, que acreditam que, enquanto a expectativa de vida estiver ligada
ao envelhecimento, ela aumentará, no futuro, com os avanços das pesquisas biomédi-
cas. Assim, expectativas de vida ao nascer de 120 e 150 anos poderão ser observadas.
• Os empíricos apontam que a população não está próxima do limite da expec-
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 165
íses pertencentes ao continente africano não possuem uma política eficaz de pre-
venção, controle e tratamento da AIDS, além de conviverem com a reemergência
de certas doenças, o que resulta em uma redução na esperança de vida.
8 Salário-de-benefício consiste, para os benefícios de aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, na média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição, corrigidos, correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada
pelo fator previdenciário; e para os benefícios de aposentadoria por invalidez e especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na
média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, corrigidos, correspondentes a 80% de todo o período contributivo.
3 DADOS E MÉTODOS
Neste capítulo é feita uma breve descrição da natureza e especificidade dos da-
dos utilizados para o exercício empírico elaborado para este trabalho, que é prece-
dida por considerações acerca da qualidade das informações usualmente utilizadas
para cálculo da esperança de vida da população brasileira. Em seguida, são apre-
sentados os procedimentos metodológicos adotados para obtenção dos resultados.
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 167
nascimentos e óbitos têm sido divulgadas, anualmente, por meio da publicação
“Estatísticas do Registro Civil”.
Conforme Mello-Jorge et al. (1997), a partir de 1975 os dados de mortalidade
passaram a ser coletados, também, por um sistema criado pelo Ministério da Saú-
de, o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), que vem se aperfeiçoando desde
então. Esse sistema teve início com a implantação, em nível nacional, de um mo-
delo padronizado de declaração de óbito, que uma vez preenchido pelo médico ou
perito-legista, no caso de mortes por causas não naturais, deve ser levado ao Car-
tório de Registro Civil. Assim, os dados são recolhidos periodicamente, por órgãos
estaduais, que os digitam e analisam, remetendo-os, posteriormente, ao Ministério
da Saúde para publicação do consolidado nacional.
Estudo de Vasconcelos (1998) evidenciou que apesar de existir uma grande es-
trutura preparada para a coleta de dados relativos à mortalidade (SIM e Sistema de
Estatísticas Vitais do IBGE), ainda estão presentes vários problemas que compro-
metem a qualidade dos dados. Em alguns estados do Norte e Nordeste há postos de
Cartórios de Registro Civil instalados em maternidades e hospitais, com o objetivo
de minimizar os casos em que os pais, de posse da declaração de nascimento, não
providenciam o seu registro legal. Ainda assim, o SIM apresenta algumas falhas de
cobertura, sobretudo nessas regiões.
De acordo com Mello-Jorge et al. (2002), vários estudos têm sido feitos visando
avaliar e sanar as imperfeições encontradas na coleta de dados pelo SIM, mas a
incorporação de sugestões ao Sistema é difícil e esbarra em muitos obstáculos. Um
desses problemas é representado pela figura do médico que é, em última análise, o
responsável direto pelo preenchimento da declaração de óbito, principal fonte de
informação do Sistema.
No que diz respeito às informações sobre população, de acordo com Paes & Al-
buquerque (1999), as declarações censitárias das idades de uma população estão
sujeitas a erros que, dependendo de sua magnitude, podem comprometer a vera-
cidade dos indicadores que delas dependem. No cômputo geral, há dois tipos prin-
cipais de erros: os que se referem à contagem, seja por omissão (falta de registro
de algum indivíduo) ou por repetição (contagem de um indivíduo inúmeras vezes),
devido à deficiência na cobertura do censo; e os decorrentes de falhas nas declara-
ções, representados pela omissão ou declaração errônea.
Segundo Franco et al (2006), o erro de declaração de idade afeta com maior
intensidade a população com idades avançadas, que tende, com frequência, a
declarar uma idade superior à verdadeira. Esse fato gera uma mortalidade “apa-
rentemente” mais baixa em idades avançadas, se comparada com a dos países
mais desenvolvidos, que apresentam um nível de mortalidade geral bem inferior
ao nível brasileiro. Além do equívoco na declaração da idade, há também imper-
feições decorrentes do processo de imputação da idade, quando o indivíduo não
sabe indicar sua idade exata ou presumida. A necessidade de imputação tende a
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 169
• Data de início do benefício (DIB): mês e ano do início de recebimento do be-
nefício. Em muitos casos, a DIB corresponde à data do requerimento do benefício,
pois o processo de concessão não é imediato.
• Data de cessação do benefício (DCB): mês e ano da cessação do benefício.
• Motivo de cessação do benefício: está dividido nas categorias de óbito, limite
médico, recuperação da capacidade de trabalho ou volta voluntária ao trabalho, fraude
ou erro administrativo, concessão de outra espécie ou transformação e outros motivos.
• Ativos em 1998-2002: indica se o benefício esteve ativo em algum momento
no período de 1998 a 2002.
• Faixa de duração para os ativos em 31/12/1998 a 31/12/2002: indica por
quanto tempo o benefício, que estava ativo em algum momento entre 1998 a 2002
permaneceu ativo.
Por motivo de sigilo, as informações sobre o dia e mês, no caso da data de nas-
cimento, e do dia, para as demais datas, não foram disponibilizadas pela Dataprev.
Ressalta-se que as informações utilizadas neste trabalho foram coletadas direta-
mente de fontes oficiais, onde os dados relativos aos beneficiários devem ser compro-
vados por meio de documentos, evitando erros de declaração de idade, de informação
de óbito, dentre outras divergências, o que evidencia a consistência das informações.
De acordo com o sítio do MPS, para uma pessoa requerer qualquer tipo de benefí-
cio, são consideradas as suas informações constantes no Cadastro Nacional de Infor-
mações Sociais (CNIS), o que atesta o controle existente dentro do RGPS do Brasil, no
que diz respeito à fidedignidade dos dados que permitem a geração dos benefícios.
Além disso, também, de acordo com o sítio do MPS, caso as informações cadas-
trais, vínculos e remunerações do segurado estejam corretas no CNIS, ainda será
necessária a apresentação de documentos adicionais, tais como: Número de Inscri-
ção do Trabalhador – NIT (PIS/PASEP ou número de inscrição do contribuinte in-
dividual/facultativo/empregado doméstico); documento de identificação (carteira
de identidade, carteira de trabalho e previdência social, entre outros); e Cadastro
de Pessoa Física (CPF).
2002
∑ i +1 Oi
n mx =
i =1998
(1)
2002
FxDuração Mês Cessação −1
∑ i +1 BenA i ×
i = 1998 12
+ i +1 O i ×
12
Onde:
• i+1Oi: são os benefícios cessados por motivo de óbito entre os anos i e i+1;
• i+1BenAi: são os benefícios ativos entre i e i+1;
• FxDuração: é a faixa de duração do benefício ativo. Ressalta-se que para os
benefícios cuja duração era inferior a 1 mês, adotou-se 15 dias como tempo de ex-
posição. Já para os benefícios com mais de 12 meses de exposição, considerou-se
que esses ficaram o ano inteiro expostos ao risco de cessação por morte, ou seja,
12 meses;
• MêsCessação: corresponde ao mês em que o benefício foi cessado.
A fim de permitir a elaboração do exercício de comparação dos resultados
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 171
apurados com aqueles oriundos de tábuas de mortalidade adotadas pelo mercado
previdenciário, foi preciso aplicar uma transformação nas taxas específicas de
mortalidade apuradas. Isto porque as tábuas adotadas pelo mercado previdenci-
ário não apresentam taxas específicas de mortalidade, mas as probabilidades de
morte e esperanças de vida.
Para transformar as taxas específicas de mortalidade em probabilidades de
morte foi assumido que o número de sobreviventes à idade exata x varia linear-
mente com a idade. Assim, para obter as probabilidades de morte aplicou-se a se-
guinte fórmula:
2× n m x
n qx = (2)
2+ n mx
Para encontrar a esperança de vida, foram construídas tábuas de mortalidade
da idade exata 60 anos até a idade exata 95 anos.
Nesse processo, considerou-se que a coorte inicial hipotética (população de
aposentados por idade, tempo de contribuição e invalidez com 60 anos de idade)
era de 100.000 e que o intervalo entre uma idade e outra (n) é sempre igual a 1, com
exceção do último grupo etário que é aberto. Com isso, foram calculadas as seguin-
tes funções da tábua de mortalidade:
l x = l x +n + n d x (3)
n d x = n qx × lx (4)
n L x = ( n l x − n d x ) + (0,5× n d x ) (5)
lx
∞ Lx = (6)
∞ mx
w−1
Tx = ∑ La (7)
a=x
Tx
ex = (8)
lx
Ressalta-se que, neste trabalho, as taxas de mortalidade, probabilidades de
morte e esperanças de vida foram calculadas por sexo e idade.
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 173
espécie de aposentadoria aqui estudados.
GRÁFICO 1 – Distribuição dos aposentados idosos, de 60 anos e mais, do RGPS,
segundo o grupo de espécie de aposentadoria, Brasil, abril de 2004
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 175
Observa-se que, em abril de 2004, entre as aposentadorias por idade predomi-
nam aquelas cujos beneficiários exerciam atividades rurais, ao passo que as apo-
sentadorias por invalidez e por tempo de contribuição eram predominantemente
concedidas a beneficiários que exerciam atividades urbanas.
Um percentual elevado de aposentadorias por idade, de natureza rural (61,7%),
também é revelado pelo Boletim Estatístico da Previdência Social de julho de 2009.
A TAB.3. apresenta a distribuição das aposentadorias de acordo com a forma de
filiação ao RGPS.
TABELA 3 – Distribuição dos aposentados idosos, de 60 anos e mais, do RGPS,
segundo a forma de filiação ao RGPS na data da aposentadoria, Brasil, abril de 2004
1998 1999
100 + 100 +
95-99 95-99
90-94 90-94
85-89 85-89
80-84 80-84
75-79 75-79
70-74 70-74
65-69 65-69
60-64 60-64
Homens Mulheres
Homens Mulheres
2000 2001
100 + 100 +
95-99 95-99
90-94 90-94
85-89 85-89
80-84 80-84
75-79 75-79
70-74 70-74
65-69 65-69
60-64 60-64
2002
100 +
95-99
90-94
85-89
80-84
75-79
70-74
65-69
60-64
Homens Mulheres
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 177
e mais, que ocorreram entre os anos de 1998 e 2002.
FIGURA 2 – Estrutura etária dos óbitos dos aposentados, de 60 anos e mais, do
RGPS, Brasil, 1998 a 2002
1998 1999
100 +
100 +
95-99
95-99
90-94
90-94
85-89
85-89
80-84 80-84
75-79 75-79
70-74 70-74
65-69 65-69
60-64 60-64
2000 2001
100 + 100 +
95-99 95-99
90-94 90-94
85-89 85-89
80-84 80-84
75-79 75-79
70-74 70-74
65-69 65-69
60-64 60-64
2002
100 +
95-99
90-94
85-89
80-84
75-79
70-74
65-69
60-64
Homens Mulheres
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 179
masculina e feminina.
A tábua de mortalidade do IBGE, de 2008, foi escolhida por ser a última publi-
cada pelo Instituto, na época de desenvolvimento deste trabalho, e por corres-
ponder ao conjunto da população brasileira, além de ser adotada para calcular o
fator previdenciário.
Já a tábua AT-83 foi escolhida devido ao fato de que a atual legislação que rege
os fundos de pensão brasileiros, mais especificamente a Resolução MPAS/CGPC nº
18, de 28/03/2006, determina, no item 2 do seu anexo, que a tábua de mortalidade
a ser utilizada para projeção da longevidade dos participantes assistidos do plano
de benefícios será sempre aquela mais adequada a esse segmento específico da
população. Porém, não se admite, exceto para a condição de inválidos, tábua de
mortalidade que gere expectativas de vida completa inferiores àquelas resultantes
da aplicação da tábua AT-83. Ressalta-se que, de acordo com a Society Of Actuaries
(SOA), essa tábua foi criada com base no conjunto da população americana do pe-
ríodo de 1971 a 1976.
Essa comparação é importante para indicar a aplicabilidade da curva de morta-
lidade apresentada neste trabalho.
Os resultados da comparação das esperanças de vida da população idosa esti-
madas neste estudo com as do IBGE, 2008, e a AT-83, são apresentados nos GRAF. 5
(sexo feminino), 6 (sexo masculino) e 7 (ambos os sexos).
GRÁFICO 5 – Comparativo da esperança de vida das beneficiárias idosas do
RGPS (1998 a 2002) com as esperanças de vida feminina das tábuas de mortalidade
do IBGE, 2008, e AT-83
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 181
Ressalta-se que, no GRAF. 7, para calcular a esperança de vida para ambos os
sexos com a Tábua AT-83, aplicou-se, as probabilidades de morte feminina e mas-
culina dessa tábua no denominador definido no item 3.3 deste estudo, dividindo-se
o total de óbitos encontrados por meio da aplicação das probabilidades de morte da
Tábua AT-83, pelo mesmo denominador ora citado. Posteriormente, transformou-
se a taxa em probabilidade de morte, conforme fórmula 2 também apresentada no
item 3.3 deste estudo. Por fim, foram calculadas as esperanças de vida.
Para a tábua do IBGE, 2008, não foi preciso fazer esse exercício, visto que já
apresenta estimativa para ambos os sexos.
Observa-se que as esperanças de vida originárias das probabilidades de morte
calculadas com os dados dos RGPS são bem próximas daquelas obtidas nas tábuas
do IBGE-2008 e AT-83.
Fazendo a análise estratificada por sexo, nota-se que a curva de mortalidade
feminina, entre as idades 60 e 65 anos, é mais próxima da curva da tábua AT-83.
Nessa faixa de idade, as curvas praticamente se sobrepõem.
Para uma mulher de 61 anos, por exemplo, a esperança de vida originária da
tábua feminina do RGPS é de 25,97 anos, ao passo que a do IBGE é de 21,80 e da AT-
83 é de 25,94 anos.
Já a curva de mortalidade masculina é mais próxima da curva do IBGE até a
idade onde a tábua do Instituto apresenta estimativas de esperança de vida, ou
seja, 80 anos, aproximando-se mais da Tábua AT-83 a partir de 81 anos. De 80 a
92 anos de idade a curva masculina do RGPS praticamente se sobrepõe à curva
da Tábua AT-83.
Como exemplo, observa-se que a esperança de vida originária da tábua masculi-
na do RGPS para um homem de 65 anos de idade é de 17,03, ao passo que a do IBGE
é de 16,16 e a da AT-83 é de 19,13 anos. Já para um homem de 82 anos de idade, a es-
perança de vida originária do RGPS é de 8,23 anos e da Tábua AT-83 é de 8,51 anos.
Observa-se uma vantagem da curva de mortalidade apresentada neste traba-
lho sobre a tábua do IBGE de 2008 que é o fato de que a curva aqui exposta possui
probabilidades de morte até 95 anos de idade, ao passo que o IBGE termina a sua
estimação aos 80 anos.
Além disso, a proximidade dos resultados aqui apresentados com aqueles oriun-
dos da tábua do IBGE leva a uma discussão, visto que tais resultados não deveriam ser
necessariamente muito próximos, já que a tábua deste estudo reflete a mortalidade
observada no período de 1998 a 2002, e a do IBGE reflete a mortalidade de 2008.
Observando essa discrepância no tempo e o exposto por Lima-Costa et al (2004)
de que a mortalidade entre idosos brasileiros, de ambos os sexos e de todas as fai-
xas etárias, está apresentando uma queda, conclui-se que as esperanças de vida
da Tábua do IBGE deveriam ser superiores às do RGPS, visto que a primeira tábua
deveria refletir uma mortalidade menor.
Porém, neste trabalho, observa-se o contrário: a curva de esperança de vida do IBGE
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 183
5 CONCLUSÃO
Este estudo mostrou, de forma simples e sucinta, o comportamento da curva de
mortalidade dos aposentados idosos, de 60 anos e mais, do RGPS, segundo a idade e
sexo. Considerando que, de acordo com a PNAD de 2007, 78,6% da população idosa bra-
sileira é coberta pelo RGPS, as conclusões alcançadas neste trabalhado podem se esten-
der ao conjunto da população brasileira idosa, de 60 anos e mais, contribuindo para o
entendimento da sua dinâmica da mortalidade, ainda um pouco desconhecida.
Ressalta-se que este trabalho possui uma vantagem devido ao fato de ter tido
como base de dados informações administrativas capazes de alimentar tanto o nu-
merador quanto o denominador das taxas de mortalidade.
Neste momento é importante ressaltar que, conforme Pinheiro (2007), a vari-
ável mortalidade é utilizada em vários trabalhos como estruturação de políticas
públicas, cálculos de despesas, dentre outros.
Os atuários, inclusive, utilizam a informação de mortalidade para dimensionarem,
por exemplo, o valor atual dos benefícios previdenciários futuros, cujo evento gerador
pode ser a morte, no caso de benefício de pensão por morte, como também pode ser a
sobrevivência, nos casos de aposentadoria por idade ou tempo de contribuição.
Diante disso, observa-se a importância de estudos como o aqui apresentado,
pois eles possibilitaram confirmar a aderência e eficácia das tábuas utilizadas nos
cálculos que envolvem o risco de longevidade.
De acordo com Beltrão et al (2004), o envelhecimento da população implica uma
série de mudanças nas políticas públicas (sistemas de previdência social, sistemas
de saúde para tratamento de doenças crônico-degenerativas, transporte público
adaptado às necessidades dos idosos, dentre outras), no perfil da força de trabalho
e nas estruturas familiares. Assim, com base em estudos como este, pode-se prever
um aumento no número de pessoas com deficiência, e nas demandas por serviços
de saúde, por exemplo. Porém, o mercado de seguro brasileiro carece de tábuas de
vida específicas para sua população e tem usado tábuas estrangeiras, desenvolvi-
das para outros países com culturas e experiências de mortalidade diferentes.
Com este trabalho, recomenda-se que a utilização de curvas de mortalidade
considere sempre as peculiaridades da população estudada para que se tenha cál-
culos mais fidedignos.
Com base na idéia do estudo apresentado aqui, observa-se a necessidade de vá-
rios outros trabalhos que podem ser desenvolvidos com dados do Ministério da
Previdência Social, tais como diferencial de mortalidade por: renda, Unidade da
Federação, forma de filiação, clientela e grupos de espécie, o que pode contribuir
para a identificação de algumas especificidades não apuradas neste trabalho, que
apurou a curva de mortalidade dos beneficiários de forma geral, desagregando
apenas por idade e sexo.
Ressalta-se, também, que tendo posse de um histórico de dados maior, é possí-
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Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 187
ANEXOS
TABELA A 1 – Distribuição dos aposentados idosos, de 60 anos e mais, do RGPS,
segundo sexo e idade, Brasil, abril de 2004
Proporção (%)
Idade
Masculino Feminino
60 52,06 47,94
61 52,33 47,67
62 51,54 48,46
63 50,92 49,08
64 50,49 49,51
65 52,82 47,18
66 53,76 46,24
67 54,50 45,50
68 55,06 44,94
69 55,49 44,51
70 55,84 44,16
71 56,28 43,72
72 55,81 44,19
73 55,19 44,81
74 54,44 45,56
75 53,41 46,59
76 52,26 47,74
77 52,58 47,42
78 53,42 46,58
79 54,33 45,67
80 55,45 44,55
81 56,65 43,35
82 57,53 42,47
83 58,50 41,50
84 59,58 40,42
85 60,98 39,02
86 62,72 37,28
87 64,66 35,34
88 66,41 33,59
89 67,85 32,15
90 68,58 31,42
91 69,16 30,84
92 69,31 30,69
93 69,69 30,31
94 69,89 30,11
95 70,31 29,69
Fonte dos dados básicos:
Fonte MPS/DATAPREV,
dos dados abril de 2004MPS/DATAPREV, abril de 2004
básicos:
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 189
TABELA A 3 – Taxas de mortalidade dos aposentados idosos, de 60 anos e mais,
do RGPS, Brasil, 1998 a 2002
Um Estudo sobre a Mortalidade dos Aposentados Idosos do Regime Geral de Previdência Social do Brasil no período de 1998 a 2002 | 191
Fundos de pensão,
participantes e sociedade:
a comunicação do invisível
Menção Honrosa
Abrir mão de uma fatia do seu salário não é fácil. Vencer a tentação de man-
ter esse dinheiro intacto, mais difícil ainda. Muita gente tem uma dificuldade
enorme de guardar dinheiro e resistir à tentação de sair por aí comprando
coisas pouco importantes e, muitas vezes, desnecessárias. Para poupar, é ne-
cessário que haja um motivo, grande e forte, querido e desejado por você e
pela família, pois todos irão renunciar ao prazer de ter ou fazer alguma coisa
agora para alcançar esse objetivo que levará algum tempo para ser realizado...
A formação dessa reserva exige muita disciplina. E não espere sobrar dinheiro
para fazer a poupança. Não vai sobrar, você sabe disso. (Dessen, 2010)
3. Metodologia
4. Referencial teórico
Vamos enfatizar a expressão que ficou famosa entre os comunicadores de fun-
dos de pensão, presente na Resolução do Conselho de Gestão da Previdência Com-
plementar nº 13: linguagem clara e acessível. Como falar ao participante sobre pla-
nos de benefícios em linguagem clara e acessível? Sabe-se que previdência é algo
distante. Intangível, por ser um serviço, além de condensar uma ideia: formação
de poupança de longo prazo. Como pensar no amanhã, se nossa cultura pende para
o imediatismo? Como transformar um plano de benefícios em produto ou desejo
para um trabalhador ainda distante da data de sua aposentadoria?
Definimos serviço como um ato ou desempenho essencialmente intangível que
uma parte pode oferecer a outra e que não resulte na posse de nenhum bem. Sua
execução pode ou não estar ligada a um produto físico. (Kotler; Armstrong, p. 413,
1993)
Ainda de acordo com Kotler, os serviços têm quatro características principais
que afetam imensamente o projeto dos programas de marketing: Intangibilidade,
Inseparabilidade, Variabilidade e Perecibilidade.
Serviços são intangíveis — não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos
ou cheirados antes de serem comprados.
Serviços são inseparáveis daqueles que os proporcionam, ou seja, se uma pes-
soa proporciona um serviço, essa pessoa é uma parte do serviço.
Serviços são altamente variáveis — sua qualidade depende de quem os propor-
ciona e quando, onde e como são proporcionados.
Serviços são perecíveis — não podem ser estocados para vendas ou uso futuros.
É sempre bom lembrar que o fundo de pensão é um prestador de serviço inato,
gestor de bem-estar social, ou seja, algo que não resulta na posse de nenhum bem.
Comunicar previdência complementar é lidar com a credibilidade da instituição
Previdência complementar dá, sim, uma boa história, capaz de atrair tanto os
participantes quanto a sociedade. E, se o futuro é invisível, ao tingi-lo de cores
variadas, segmentamos o público e personalizamos a sua comunicação, que deve,
entre outros objetivos:
a) ser original e criativa, sempre;
b) ser integrada, agregando ações de marketing, publicidade e propaganda, e
relações públicas, entre outras disciplinas;
c) ser atual, em sintonia com o mundo, inclusive tecnológico;
d) ser participativa, ao envolver todo o fundo de pensão: comunicação é tão
importante que ninguém pode ficar de fora;
e) ser ágil, acelerando a velocidade das respostas e o fluxo da informação;
f) ser pró-ativa, antecipando-se a demandas.
6. Considerações finais
Como tornar perceptível para o participante e a sociedade um serviço que ainda
será prestado, no futuro? Como dotar a prestação de serviços mais próxima dos
participantes e assistidos, por meio de um relacionamento mais consistente?
A percepção que o participante e a sociedade têm dos fundos de pensão decor-
re dos atributos que enxergam na entidade. Pode ser a atenção dispensada pelo
atendente ao telefone, a pontualidade dos pagamentos de benefício, a boa rentabi-
lidade obtida nos investimentos, a rapidez de resposta a um e-mail ou a qualidade
das matérias do jornal da entidade. Ou melhor, tudo isso e mais uma infinidade de
evidências, que formam progressivamente a imagem do fundo de pensão na mente
do público, tornando a previdência complementar mais visível. São sensações em
relação ao serviço (intangível), que ainda será prestado (benefício). Um ambiente
fértil para a comunicação.
O que denominamos de comunicação do invisível não tem, portanto, nada a ver
com limitações. Tal expressão serve apenas para provocar o meio, com o objetivo
de fomentar uma gestão mais inovadora para comunicação dos fundos de pensão
com os participantes e sociedade.
Há várias alternativas para esse diálogo. É possível, por exemplo, utilizar
estratégias comuns à disseminação de outras matérias também consideradas com-
plexas, como no caso da ciência e tecnologia. Geralmente, a boa didática indica que
se deve fazer com que o público participe da história que está sendo contada. As-
sim, quebra-se a barreira da complexidade, preparando o campo para a assimilação
da mensagem.
A atual experiência de comunicação da BM&FBovespa em relação à educação
financeira é exemplar. São programas produzidos para o público infantil, com per-
sonagens criados especialmente para ensinar às crianças como lidar com o dinhei-
208 || 3°2°Prêmio
208 PrêmioPREVIC
PREVICde
deMonografias:
Monografias:previdência
previdênciacomplementar
complementarfechada
fechada
ro. Veiculados na TV e também em página eletrônica, esses episódios têm registra-
do muita boa audiência, ou seja, a mensagem está chegando ao seu público.
O fundo de pensão deve pensar em uma comunicação mais solta, menos conser-
vadora e mais criativa em relação à forma e mídias disponíveis. Ações simultâneas
e integradas, convencionais e digitais.
Convergência é aproveitar as ferramentas e tecnologia disponíveis, o que pode
significar incluir as chamadas redes sociais, que buscam basicamente conectar as
pessoas a partir de perfis dos usuários. Pode ser o time de futebol, profissão ou
qualquer outro interesse que transforme esse grupo de pessoas em uma comunida-
de, para compartilhar experiências ou conhecimento, por exemplo.
Desde o surgimento das redes sociais, a comunicação transformou-se e nunca
mais será a mesma. As mudanças são inevitáveis e atingem todo mundo. Portanto,
os fundos de pensão não devem mais pensar que o participante é cativo, um públi-
co acomodado. Reinventar a comunicação é preciso.
Não faz sentido continuar pensando em mídias convencionais ou digitais na
comunicação dos fundos de pensão. Convergência e reinvenção. Afinal, os partici-
pantes e a sociedade, em variada frequência, já integram as redes sociais e podem,
inclusive, fomentar o debate virtual sobre o silêncio das entidades.
Será que, neste momento, uma comunidade não está sendo formada exclusi-
vamente por participantes de algum fundo de pensão com o objetivo de discutir a
gestão do respectivo plano de benefícios?
Comunicação é relacionamento, troca, fluxo, energia. A comunicação do invi-
sível, entre os fundos de pensão, participantes e sociedade, é temperada com pe-
culiaridades e impõe uma realidade que exige soluções de alcance ampliado, de
caráter pluralista, privilegiando a diversidade.
Finalmente, compartilho com o leitor o que disse o publicitário Washington Oli-
vetto, em uma entrevista à revista HSM Management, ao abordar o tema criatividade:
Este trabalho visa a incitar o debate acerca da comunicação dos fundos de pen-
são com os participantes e a sociedade, prestando-se a contribuir para a revitaliza-
ção de uma atividade essencial e estratégica para o sucesso das entidades fechadas
de previdência complementar. Para tanto, o recado de Olivetto será sempre atual.
A previdência complementar pode ser mais ousada. Que os fundos de pensão
reinventem o seu diálogo sobre o futuro e que a comunicação do invisível seja
também criativa. Aliás, não só a comunicação. Recursos humanos e contabilidade.
Seguridade e planejamento. Investimento e atuária. Enfim, independentemente da
ciência, ali está o homem. Sendo criativo, faz-se uma revolução.
Referências
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de 2005. Consolida e baixa instruções complementares a dispositivos a serem ob-
servados pelas entidades fechadas de previdência complementar, no que se refere
à divulgação de informações aos participantes e assistidos de planos de benefícios,
e dá outras providências.
BRASIL. Conselho de Gestão da Previdência Complementar. Resolução CGPC nº
23, de 6 de dezembro de 2006. Dispõe sobre os procedimentos a serem observados
pelas entidades fechadas de previdência complementar na divulgação de informa-
ções aos participantes e assistidos dos planos de benefícios de caráter previdenci-
ário que administram, e dá outras providências.
BRASIL. Secretaria de Previdência Complementar. Instrução nº 32, de 4 de se-
tembro de 2009. Estabelece procedimentos a serem observados quando da análise
de solicitação encaminhada pela entidade fechada de previdência complementar
para a dispensa do envio, por meio impresso, do relatório anual de informações aos
participantes e assistidos.
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