Você está na página 1de 182

2014

Universidade Presbiteriana Mackenzie


Centro de Comunicação e Letras
XVIII Mostra de
Programa de Pós-Graduação em Letras

Pós-Graduação em
Letras
XVIII MOSTRA
LínguaDEe PÓS-GRADUAÇÃO
Literatura: projetosEM
emLETRAS
discussão

Língua e Literatura:
- Resumos

- Programação

Projetos em Discussão
São Paulo, 12 e 14 de novembro de 2014

Programação
SÃO PAULO, 12 E 14 DE NOVEMBRO DE 2014.

Resumos

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Realização
Programa de Pós-Graduação em Letras

Realização
Programa de Pós-Graduação em Letras 1
XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Língua e Literatura:
Projetos em discussão

CORPO DIRETIVO DA UPM

Chanceler: Rev. Dr. Davi Charles Gomes


Reitor: Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto
Vice-Reitor: Prof. Dr. Marcel Mendes

Decano de Pesquisa e Pós-Graduação: Profª. Drª. Helena Bonito Couto Pereira


Coordenadora Geral da Pós-Graduação: Profª. Drª. Angélica Tanus Benatti Alvim

Decano Acadêmico: Prof. Dr. Cleverson Pereira de Almeida

Decano de Extensão: Prof. Dr. Sérgio Lex


Coordenadora de Programas, Projetos e Eventos de Extensão: Profª. Drª. Regina Pires de Brito

Diretor do Centro de Comunicação e Letras: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras: Profª. Drª. Ana Lúcia Trevisan
Coordenadora de Pesquisa e Extensão – CCL: Profª. Drª. Isabel Orestes Silveira

COMISSÃO CIENTÍFICA DA MOSTRA

Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães


Profª. Drª. Ana Lúcia Trevisan
Profª. Drª. Aurora Gedra Ruiz Alvarez
Profª. Drª. Diana Luz Pessoa de Barros
Profª. Drª. Elaine Cristina P. Santos
Profª. Drª Glória Carneiro do Amaral
Profª. Drª. Helena Bonito Couto Pereira
Prof. Dr. José Gaston Hilgert
Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira
Profª. Drª. Lílian Lopondo
Profª. Drª. Maria Helena de M. Neves
Profª. Drª. Maria Lúcia Vasconcelos
Profª. Drª. Maria Luíza Guarnieri Atik
Profª. Drª. Marisa Philbert Lajolo
Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi
Profª. Drª. Neusa Barbosa Bastos
Profª. Drª. Regina Pires de Brito
Prof. Dr. Ronaldo Batista
Profª. Drª. Vera Lucia Harabagi Hanna

2
XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Língua e Literatura:
Projetos em discussão

COMISSÃO ORGANIZADORA DA MOSTRA

Profª. Drª. Glória Carneiro do Amaral


Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi
Profª. Drª. Neusa Barbosa Bastos
Profª. Drª. Regina Pires de Brito
Profª. Drª. Vera Lucia Harabagi Hanna

COMISSÃO ORGANIZADORA DO I CONCURSO DE REDAÇÃO “ELISA GUIMARÃES”

Profª. Drª. Elisa Guimarães (Presidente)


Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães
Profª. Drª. Valéria Bussola Martins

Apoio Discente
Isadora Alves Ataulo
Julia Funicelli Spaziani
Nickolas Marques de Andrade
Talita Rodrigues Damasceno
Tatyane Moraes Leme Rodrigues

SECRETARIA

Ana Carla Ferreira da Silva


Victor França

APOIO DISCENTE

Doutorando Daniel De Thomaz


Graduanda Denise Pereira Miranda de Barros

COORDENAÇÃO GERAL

Profa. Dra. Regina Pires de Brito

3
XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Língua e Literatura:
Projetos em discussão

O presente Caderno de Resumos possibilita a divulgação dos trabalhos


selecionados para participar da XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS,
evento anual, tradicionalmente realizado pelo Programa de Pós-
Graduação em Letras, do Centro de Comunicação e Letras da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.

Em torno do temário Língua e Literatura: Projetos em Discussão, este


espaço se abre aos pós-graduandos em Letras (e áreas afins), de todas as
instituições de ensino superior, interessados na divulgação de suas
pesquisas, procurando estimular discussões relativas aos estudos
linguísticos e literários e abordar aspectos ligados ao ensino de línguas e
literaturas.

Além de cerca de 40 sessões de comunicação oral, com a participação de


maisde 160 mestrandos e doutorandos de diversas IES, a edição deste ano
da MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAStraz, como convidados: a
pesquisadora de estudos literários, Profa. Dra. Lilian Jacoto, da
Universidade de São Paulo, e o filólogo Prof. Dr. Ricardo Cavaliere, da
Universidade Federal Fluminense e da Academia Brasileira de Filologia.
Esta edição incorpora, como faz há 14 anos, a Premiação do Concurso de
Redação voltado para alunos da Educação Básico, que, a partir deste ano
passa a ser denominado Concurso de Redação “Elisa Guimarães”, em
homenagem à sua criadora e organizadora.

Que este encontro possa ser instigante e produtivo para todos!

Comissão Organizadora

4
XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
Língua e Literatura:
Projetos em Discussão

12 de Novembro, quarta-feira

Salas de Aula – Ed. João Calvino

8h às 9h30– Comunicações
9h30 às 10h– intervalo
10h – 11h30 – Comunicações

Auditório – Ed. João Calvino

14h – Conferência
O encantamento dos gêneros pelo viés da MPB
Profa. Dra. Lilian Jacoto
Universidade de São Paulo

Salas de Aula – Ed. João Calvino

15h30 às 15h45 - Intervalo


15h45 às 17h30 – Comunicações

5
XVIII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
Língua e Literatura:
Projetos em Discussão

14 de Novembro, sexta-feira

Salas de Aula – Ed. João Calvino

8h às 9h30h– Comunicações
9h30 – 10h - Intervalo

Auditório Ed.João Calvino

10h– Conferência
Afinal, o que é gramática tradicional?
Prof. Dr. Ricardo Cavaliere
Universidade Federal Fluminense e Academia Brasileira de Filologia

Salas de Aula – Ed. João Calvino

14h – 15h30 – Comunicações

Auditório Ed. João calvino

15h45- I Concurso de Redação “Elisa Guimarães”


17h – Encerramento

6
PROGRAMAÇÃO

SESSÕES COORDENADAS

Local:
Salas de aula do Edifício João Calvino

Rua da Consolação, 930

7
12/11 – Manhã
Iromar Vilela A FRASEOLOGIA EM DON
QUIJOTE DE LA MANCHA E SUA
EQUIVALÊNCIA NA LÍNGUAPORTUGUESA
Patricia Hradec OS VAMPIROS LITERÁRIOS
Sala 203 NA OBRA ENTREVISTA COM O VAMPIRO DE
ANNE RICE
DISCURSOS
08h - 09h30 Ronnie Cardoso O CATÁLOGO ERÓTICO-
LITERÁRIOS I
Ed. João LITERÁRIO CONSTRUÍDO POR FIGURAS
Calvino PERVERSAS
Samara Fernanda Almeida Oliveira de Lócio e
Silva Geske POR UMA TRANSCRIÇÃO
DIPLOMÁTICA DO MANUSCRITO DE LE
PREMIER HOMME DE ALBERT CAMUS
Eduardo de Moraes Sabbag AS POLÊMICAS
INTELECTUAIS
Ernani Terra O DISCURSO DA INTERDIÇÃO
EM CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA
Sala 209
Felipe de Souza Costa PANDEMIA EM (DIS)
ANÁLISES CURSO: INFLUENZA A (H1N1) EM
08h - 09h30
DISCURSIVAS I MANCHETES DO JORNAL FOLHA DE S.
Ed. João
PAULO
Calvino
Inês Teixeira A RETÓRICA DAS PROPOSTAS
DE INTERVENÇÃO EM TEXTOS OPINATIVOS
Laís Quinquio Benega ANÁLISE DE
ROTULAÇÕES EM TEXTOS DE OPINIÃO
Renata Valente Ferreira Vile A ISOTOPIA
TEMÁTICA EM REDAÇÕES DE VETIBULAR: A
INVEJA
Rodrigo Leite da Silva O DISCURSO DA
AUTOAJUDA E O DISCURSO EMPRESARIAL:
DIÁLOGOS POSSÍVEIS NO PROCESSO DE
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO
Sala 306
RODRIGO VILLALBA CANIZA AS
ANÁLISES
08h - 09h30 CONTRADIÇÕES DO DISCURSO POLÍTICO
DISCURSIVAS II
Ed. João BRASILEIRO
Calvino
Silas Gutierrez ANÁLISE DE PERGUNTAS
RETÓRICAS USADAS NA MOBILIZAÇÃO DE
SENTIDO EM REVISTAS FEMININAS PARA
ADOLESCENTES
Sílvia Scola da Costa A CONSTRUÇÃO DO
ETHOS RETÓRICO NOS ESCREVENTES DO
FACEBOOK
08h - 09h30 DISCURSO Danielle Ojima da Silva Bueno OS

8
LITERÁRIO II DIFERENTES DISCURSOS NO CONTO DE
LYGIA FAGUNDES TELLES
Sala 404
Fernando Luis Cazarotto Berlezzi DAS
PÁGINAS DA BÍBLIA À TELA DO CELULAR: A
Ed. João LITERATURA E SEUS PERCURSOS DE
Calvino ADAPTAÇÕES
Eduardo Neves da Silva MYTHOS EX
MACHINA: O TEATRO DE ANTÔNIO JOSÉ DA
SILVA SOB A LUZ DO ESPETÁCULO BARROCO
Elaine Aparecida dos Santos Estracieri A
CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO NO
LIVRO A BOLSA AMARELA DE LYGIA
BOJUNGA NUNES
Gisele Gomes Maia O NARRADOR COMO
MEDIADOR DE LEITURA EM AS AVENTURAS
DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Danielli de Cassia Morelli Pedrosa
OPOSIÇÕES E CORRESPONDÊNCIAS EM
MEMÓRIAS DE DUAS JOVENS ESPOSAS: UM
ESTUDO DO DUPLO EM BALZAC
Elaine Gomes Viacek Oliani A ANÁLISE
INTERTEXTUAL E INTERDISCURSIVA DO
QUADRO “EL PELELE” (1791-1792) PINTADO
POR FRANCISCO DE GOYA E O
DOCUMENTÁRIO MANTEO DEL PELELE – LA
Sala 405 POZA (2007)
DISCURSO
08h - 09h30 LITERÁRIO III Karen Stephanie Melo A LITERATURA DE
Ed. João FICÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO
Calvino GÊNERO
Karin Bakke de Araújo POSIÇÃO DO
NARRADOR NO ROMANCE
CONTEMPORÂNEO SEGUNDO THEODOR
ADORNO
Maria Lúcia Wochler Pelaes A
CONTRIBUIÇÃO DE PIERRE BOURDIEU PARA
O ENSINO DA ARTE
Joanna Durand Zwarg e Mariana Rodrigues
Lopes PALAVRA E REVOLUÇÃO: ENTRE A
LITERATURA E A HISTÓRIA
Sala 407 Judith Tonioli Arantes ON FAIRY-STORIES - A
DISCURSO
08h - 09h30 Ed. João LITERATURA DE FANTASIA E TOLKIEN
LITERÁRIO IV
Calvino Juliana da Silva Gomes A AUFKLÄRUNG E O
STURM UND DRANG: SEUS HERÓIS, SUAS
MORTES E SEUS LEGADOS
Juliana Pimenta Attie A PRESENÇA DE KEATS

9
EM BETWEEN THE ACTS DE VIRGINIA WOOLF
Rodrigo de Freitas Faqueri A LITERATURA
CONTEMPORÂNEA CENTRO-AMERICANA:
UM ESTUDO SOBRE AS NARRATIVAS DO
GUATEMALTECO RODRIGO REY ROSA
Jaquelini A S. Corrêa AS REPRESENTAÇÕES
DO FEMININO EM CRÔNICAS DO COTIDIANO
DE MARINA COLASANTI
Letícia Barcellos du Pin Calmon O ESPAÇO
QUE UNE INFÂNCIA E MATURIDADE DE
FERNANDO SABINO
Luciana Paula Bento Luciani AS CAPAS DE O
Sala 408
CORTIÇO SOB UMA PERSPECTIVA
DISCURSO BAKHTINIANA
08h - 09h30
LITERÁRIO V
Ed. João Milena Karine de Souza Wanderley
Calvino RESSIGNIFICANDO FORMAS
COMPOSICIONAIS CLÁSSICAS: UMA ANÁLISE
DA “ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA
FLÁUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA
DIONÍSIO” DE HILDA HILST
Winifred Mary Carvalho e Silva Bdine
MONOFONIA E POLIFONIA EM “MISSA DO
GALO”
Sheila Darcy Antonio Rodrigues O USO DA
LITERATURA CONTEMPORÂNEA PARA O
ENSINO DE LEITURA E LITERATURA NO
ENSINO MÉDIO
Taiz Maria Caldas Gonçalves de Oliveira
VERBO-VISUALIDADE EM CHARGES: IRONIA,
HUMOR E EXPRESSIVIDADE
Sala 202
Thiago Pereira da Costa TRANSPOSIÇÃO
DISCURSOS E
08h - 09h30 DIGITAL DO CONTO O DIA EM QUE
ENSINO I
Ed. João MATAMOS JAMES CAGNEY, DE MOACYR
Calvino SCLIAR
Yadir González Hernández ANÁLISE DA
ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA PEÇA
TEATRAL AUTO DA COMPADECIDA
Victor Hugo Vasconcellos e Victor Matheus
da Costa A POLÊMICA NO DISCURSO DA
PROPAGANDA IMMACULATELY CONCEIVED

Sala 203 Adriana de Souza Ramacciotti A


GRAMATICALIZAÇÃO DE VERBOS NA
DISCURSOS E GRAMÁTICA EXPOSITIVA, DE EDUARDO
10h - 11h30
ENSINO II CARLOS PEREIRA, E NA NOVA GRAMÁTICA
Ed. João
Calvino DO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO, DE
CELSO CUNHA E LINDLEY CINTRA: UMA

10
VISÃO HISTORIOGRÁFICA
Alice Felicíssimo O SUBJUNTIVO NO
PORTUGUÊS BRASILEIRO – UMA
ABORDAGEM FUNCIONALISTA DO USO NA
CAPITAL PAULISTA
Almir Grigorio dos Santos CARTAS DE JOSÉ DE
ANCHIETA: UM ESTUDO À LUZ DA HISTÓRIA
DAS IDEIAS LINGUÍSTICAS
André Coutinho Storto DISCURSOS SOBRE
BILINGUISMO E EDUCAÇÃO BILÍNGUE:
VELHOS E NOVOS RUMOS
Débora Ferreira da Rocha O ENSINO
GRAMATICAL SEGUNDO A VISÃO DE
MONTEIRO LOBATO, EM EMÍLIA NO PAÍS DA
GRAMÁTICA, E NA VISÃO DOS PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA
PORTUGUESA DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Elizete Rodrigues O PODER ATÔMICO DO
MINICONTO: ANÁLISE DE NARRATIVAS
ULTRACURTAS DIVULGADAS EM
CONCURSOS LITERÁRIOS NA INTERNET
Eloiza Fernanda Marani A METAPOESIA EM
Sala 209
CLAUDIA ROQUETTE-PINTO
DISCURSO
10h - 11h30 Enedir da Silva dos Santos A FICÇÃO ESCRITA
LITERÁRIO VI
Ed. João POR FICCIONISTAS MULHERES PÓS-
Calvino DITADURA MILITAR
Felipe Pupo Pereira Protta CAETANO VELOSO:
UM ARTISTA DOS TRÓPICOS
Marcos Aurélio Zamith Fernandes SATÃ, UMA
PERSONAGEM TRIMÓRFICA
Cristina Susigan PINTURA EM PALAVRAS
Cristiane Maria Paiva de Melo A ESTRUTURA
NARRATIVA NO ROMANCE MODERNO: UM
ESTUDO DO ESPAÇO NA OBRA EURICO, O
PRESBÍTERO
Sala 404
Dante Luiz de Lima O SANGUE É A VIDA: A
ANÁLISES BÍBLIA E A RELIGIÃO COMO ALICERCES DA
10h - 11h30
DISCURSIVAS III LITERATURA VAMPÍRICA
Ed. João
Calvino Dapheny Day Leandro Feitosa
TRANSFIGURAÇÃO E REPRESENTAÇÃO: O
ÍNDIO E UM PROJETO DE NAÇÃO
Thiago Cavalcante Jeronimo CLARICE
LISPECTOR E A VIA CRUCIS DA PALAVRA:
ETHOS DISCURSIVO

11
Yadir González Hernández
SIDNEI SOUSA COSTA LIMA BARRETO E O
ESPAÇO DA BIBLIOTECA EM CEMITÉRIO DOS
VIVOS
Silvana Aparecida Alves Ferreira CORA
CORALINA: DAS PEDRAS À SALA DE AULA
Thaís Cunha Pilôto Bitencourt AS VOZES NA
Sala 405 POESIA DE FERREIRA GULLAR
DISCURSOS E Thiele Aparecida Nascimento Piotto
10h - 11h30
ENSINO III DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM
Ed. João
Calvino NOVAS CARTAS PORTUGUESAS:
POSICIONAMENTOS DIANTE DA CARTA
MAGNIFICAT
Glauco Corrêa da Cruz Bacic Fratric DOS
LOW-LIFES DA LAPA, AO UPPER XINGU E AO
DICTATORIAL ESTADO NOVO:
CARACTERÍSTICAS ESTRANGEIRIZADORAS E
DOMESTICADORAS NA VERSÃO DE NOVE
NOITES À LÍNGUA INGLESA
Anna Paula Scarabotto Cury ORALIDADE NO
ENSINO SUPERIOR: AS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA COMO UMA CONTRIBUIÇÃO
EFETIVA NO DESENVOLVIMENTO DO
DISCURSO ORAL
Giselda Fernanda Pereira O SINCRETISMO
CULTURAL E LINGUÍSTICO NAS AULAS DE
PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA:
VENCENDO O JOGO DAS IDENTIDADES
Sala 407 ESTIGMATIZADAS
DISCURSOS E
10h - 11h30 ENSINO IV Katia Melchiades A PÓS-MODERNIDADE E A
Ed. João LÍNGUA PORTUGUESA EM GUINÉ-BISSAU
Calvino Luciano Aparecido Borges Almeida RETÓRICA:
MANUAL DE PICARETAGEM INTELECTUAL
Tânia Regina Exposito Ferreira A GRANDE
MARCHA DE 17 DE JUNHO DE 2013
CONCEBIDA COMO DISCURSO: A
CONFIGURAÇÃO DO ENUNCIADOR E DO
ENUNCIATÁRIO SEGUNDO AS INFORMAÇÕES
DA MÍDIA
Adalberto Bastos Neto WIKILEAKS: UM
Sala 408 MODO DE PRESENÇA
ANÁLISES Aline Izabel Alves Sáppia DR. HOUSE: O
10h - 11h30
DISCURSIVAS IV HERÓI PROBLEMÁTICO NA TELEVISÃO
Ed. João
Calvino André Luiz da Silveira RISO E SUBVERSÃO: O
CRISTIANISMO PELA PORTA DOS FUNDOS

12
Cláudia Aparecida Dans Dias É GOOOOOOL....
DA PARÓDIA!!! – UM ESTUDO DIALÓGICO
SOBRE OS MEMES DA INTERNET
Douglas Sáppia A NARRATIVA EM
HYPERLINK: DE KILL BILL AOS GAMES
Daniel Camilo Marques de Rezende
SIGNIFICAÇÃO, COGNIÇÃO E RELEVÂNCIA:
UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DOS
SENTIDOS E DA PERSUASÃO NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO
Daniel De Thomaz ANÁLISE DA TRADUÇÃO
INTERSEMIÓTICA NA ADAPTAÇÃO
TELEVISUAL DE “A VIDA COMO ELA É...” DE
Sala 202 NELSON RODRIGUES
DISCURSO,
CULTURA E Edison Mendes de Rosa A CONSTITUIÇÃO DO
10h - 11h30
COMUNICAÇÃO ENUNCIADOR POR MEIO DAS VARIAÇÕES
Ed. João
I DO SIGNO E DA SIGNIFICAÇÃO EM UM
Calvino
ENSAIO JORNALÍSTICO
Eduardo Abrahão Dieb COCA-COLA ERA ISSO
AÍ. UMA BREVE COMPARAÇÃO DE
CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS DE COCA-COLA
VEICULADAS NO BRASIL EM 1940 E 2014.
Ester Anholeto Pirolo O DESPERTAR DAS
PAIXÕES E A PERSUASÃO NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO

12/11 – TARDE
Carlos Vinícius da Silva Figueiredo
BORDERLANDS/ LA FRONTERA: A
LITERATURA SUBALTERNA DE GLORIA
ANZALDÚA
Clemilton Pereira dos Santos IDENTIDADE
CULTURAL LATINA EM TEMPOS DE
Sala 105 GLOBALIZAÇÃO
DISCURSO, Erica de Moura A IDENTIDADE CULTURAL NA
CULTURA E OBRA EVERYTHING WAS GOOD-BYE, DE
15h45 - 17h15 Ed. João COMUNICAÇÃO GURJINDER BASRAN
Calvino II
Lilian Rudolf A INTERCULTURALIDADE E OS
PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL:
UMA AMOSTRAGEM DO PROBLEMA COM
PARTICIPANTES DO AFS INTERCULTURAL
PROGRAMS
Orlando Garcia MESTIÇAGEM E
DESIDENTIDADE NA COMUNICAÇÃO DO
ÍNDIO COM O VÍDEO

13
Márcia Moreira Pereira CAOS E VIOLÊNCIA: A
REPRESENTAÇÃO DO URBANO NOS CONTOS
DE RUBEM FONSECA E DE MARCELINO
FREIRE
Patrícia Aparecida Beraldo Romano DONA
Sala 106 BENTA, PERSONAGEM DE MONTEIRO
LOBATO: DA MEDIAÇÃO DE LEITURA À
DISCURSO IMAGEM VISUAL
15h45 - 17h15
LITERÁRIO VIII
Ed. João Rafael de Oliveira Reis O RELACIONAMENTO
Calvino CONJUGAL EM “A MULHER SEM PECADO”,
DE NELSON RODRIGUES
Ramon Silva Chaves Ricardo Celestino A
POLÊMICA DA INTERINCOMPREENSÃO NO
DISCURSO O MONSTRO, TRÊS HISTÓRIAS DE
AMOR, DE SÉRGIO SANT´ANNA
Ana Claudia Dale Vedove Goto A
CONSTRUÇÃO DAS FIGURAS DO HERÓI E DO
VILÃO NO DISCURSO POLÍTICO
Anailton de Souza Gama DO
SEMISSIMBOLISMO AO PLANO DE
CONTEÚDO: Itinerários Semióticos no Curta
Metragem “Caramujo-Flor” e nos
Fragmentos Poéticos Visuais de “Gramática
Sala 203 Expositiva do Chão”, de Manoel de Barros
ANÁLISE
André Sanchez Astorino VATHEK E A
15h45 - 17h15 DISCURSIVA V
TRADIÇÃO ORIENTALISTA
Ed. João
Calvino Andréa Pisan Soares Aguiar ORIENTAÇÃO
ARGUMENTATIVA: O PAPEL DAS
SEQUÊNCIAS DESCRITIVAS
Aylin Martínez Venegas “UMA NO CRAVO E
OUTRA NA FERRADURA”. ESTUDO DAS
ESTRATÉGIAS QUE PRODUZEM EFEITOS DE
SENTIDO DE IMPARCIALIDADE NO BLOG
JORNALÍSTICO “CARTAS DESDE CUBA”
Andréia Maria Moura de Gouveia O ENSINO
DE INGLÊS NA EDUCAÇÃO BÁSICA DO
BRASIL: um paralelo entre a “Pedagogia da
Autonomia” de Paulo Freire e a prática
Sala 209 contemporânea
DISCURSOS E Bárbara Baldarena Morais ENSINO DO
15h45 - 17h15
ENSINO V ESPANHOL E OS GÊNEROS TEXTUAIS: O
Ed. João
CAMINHO A SER SEGUIDO?
Calvino
Clara Vianna Prado DESAFIOS DAS NOVAS
MÍDIAS: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NO
ENSINO DE LÍNGUAS
Damares Souza Silva LINGUÍSTICA TEXTUAL E

14
O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Edmundo Gomes Junior ORIENTANDO NAS
NUVENS: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS
TECNOLOGIAS NOS ENSINO MÉDIO E
SUPERIOR
Lílian Cristina Corrêa de Brito OS ELEMENTOS
LINGUÍSTICOS E A CONSTRUÇÃO DA
ARGUMENTATIVIDADE NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO
Luciana Ribeiro de Souza A REFERENCIAÇÃO
E A CONSTRUÇÃO ESPACIAL DAS CENAS EM
Sala 306 ROMANCES BRASILEIROS
ANÁLISES Maria Helena Correa da Silva Matei e Marta
15h45 - 17h15
DISCURSIVAS VI Aparecida Paulo Ferreira AS POLÊMICAS DO
Ed. João
Calvino SÉC. XIX E INÍCIO DO SÉC. XX –
CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DO
SABER LINGUÍSTICO
Maria Isabel Soares Oliveira ESTRATÉGIAS DE
COESÃO EM REDAÇÕES DO ENEM: OS
ARTICULADORES ARGUMENTATIVO-
TEXTUAIS

15
14/11 - Manhã
Julieta Widman ANÁLISE DA TRADUÇÃO E DA
RETRADUÇÃO PARA O INGLÊS DE A PAIXÃO
SEGUNDO G.H., DE CLARICE LISPECTOR –
ASPECTOS LINGUÍSTICOS, CULTURAIS E
PSICOLÓGICOS
Sala 306 Katia Maria Fernandes O DESTRONAMENTO
08h - 09h30 DISCURSO NAS OBRAS ANFITRIÃO E UM DEUS DORMIU
Ed. João LITERÁRIO IX LÁ EM CASA
Calvino Mariângela Alonso CLARICE LISPECTOR E
MAURITS CORNELIS ESCHER: POÉTICAS DO
INFINITO
Tiago Moreira Gomes VIRGINIA WOOLF:
UMA ANÁLISE DO FOCO NARRATIVO E
DO FLUXO DE CONSCIÊNCIA
Katia Maria Amorim Brandão Antoniolli LA
FELICIDAD REPULSIVA DE LA FAMILIA M
Maria da Luz Alves Pereira UMA ANÁLISE
INTERMIDIÁTICA DO CONTO “O RETRATO
OVAL”
DISCURSO, Maria Luiza de Arruda O SERMÃO DA
Sala 308 SEXAGÉSIMA E A TEORIA DA COMUNICAÇÃO
08h - 09h30 CULTURA E
Ed. João
COMUNICAÇÃO Mariana Calvo Mozer Manzieri DAS
Calvino
III PALAVRAS DE LISPECTOR ÀS IMAGENS DE
ALMEIDA JÚNIOR: UMA RELAÇÃO
DIALÓGICA
Tiago Ramos e Mattos GÊNERO BIOGRAFIA: A
REFERENCIAÇÃO E O ESTILO

Juliene Kely Zanardi ACONTECEU, VIROU


MANCHETE: O JORNAL ESCOLAR COMO
FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA
Amaury Garcia dos Santos Neto A FICÇÃO E A
Sala 404
08h - 09h30 DISCURSOS E EXPANSÃO DO ESPAÇO BIOGRÁFICO
Ed. João ENSINO VI
Ana Lúcia Macedo Novroth A
Calvino
CARNAVALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO TEXTO
NOÉ, DE ERICO VERÍSSIMO

Fernanda Cristina Araújo Batista


ANTECIPAÇÃO NARRATIVA NA VINHETA DE

16
ABERTURA DA MINISSÉRIE A PEDRA D’O
REINO

Fernanda Reis da Rocha RESQUÍCIOS DO


REGIME MILITAR BRASILEIRO EM CONTOS DE
B. KUCINSKI

Giovana dos Santos Lopes AUTOBIOGRAFIA


FICCIONAL EM ROMANCES BRASILEIROS
CONTEMPORÂNEOS
Heloisa Antoniolli Marino O VOO DA
MADRUGADA: O FANTÁSTICO NO CONTO
DE SÉRGIO SANT’ANNA
Joanna Durand Zwarg HELENA MORLEY NA
Sala 405 LITERATURA E NO CINEMA
DISCURSO
08h - 09h30 LITERÁRIO X Leandro Dezan de Abreu ASPECTOS
Ed. João DIALÓGICOS NO ROMANCE DUNA, DE
Calvino FRANK HERBERT
Londina da Cunha Pereira de Almeida PORTO
DAS CAIXAS, UM RECORTE DO FEMININO NO
CINEMA BRASILEIRO DA DÉCADA DE 60
Natalia de Figueiredo Contave A
INTERDISCURSIVIDADE EM UMA LEVE BRISA

Denise Barros da Silva A CONSTRUÇÃO DO


DISCURSO INTOLERANTE EM POSTAGENS
NA INTERNET
Francisco Redondo Periago O DISCURSO
IMAGÉTICO NO DOCUMENTÁRIO “ÔNIBUS
174”
Sala 407 José Alves Trigo O DISCURSO DOS JORNAIS
08h - 09h30 ANÁLISES IMPRESSOS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI.
Ed. João DISCURSIVAS VII ANÁLISE DO JORNAL SUPER NOTICIA
Calvino Marcus Túlio Tomé Catunda LÍNGUA E
IDEOLOGIA NO DISCURSO RELIGIOSO
NEOPENTECOSTAL: O TRAJETO DO FAZER-
CRER AO FAZER-PODER
Maria Cristina Pereira da Silva O DISCURSO
MIDIÁTICO E O SUJEITO-ALUNO:
ENTENDENDO SEUS DESEJOS E
EXPECTATIVAS

14/11 - Tarde
Eliane Mendes Cieplinski O SILENCIAMENTO
DOS SENTIDOS: UMA ANÁLISE DOS
Sala 306 SENTIDOS DO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA
DISCURSOS E
INGLESA
14h - 15h30 ENSINO VII
Ed. João Liliane Barros Oliveira O ENSINO DE TEXTOS
Calvino LITERÁRIOS: INTERFACES DA RELAÇÃO
PROFESSOR-MEDIADOR / ALUNO-

17
QUESTIONADOR
Luciana MIRABILE PISA E SARESP:
HABILIDADES DE LEITURA COMO SUBSÍDIOS
Luciene Oliveira da Costa Santos PARA AS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
COERÊNCIA EM HIPERTEXTO E O ENSINO DA
ESCRITA
Lucy Aparecida Melo Araujo GÊNERO
DRAMÁTICO – PERSPECTIVAS DE
APLICABILIDADE DAS DIRETRIZES DA LEI
10.639/2003 NO ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Luciana Duenha Dimitrov OS VERÕES
DESCONSTRUÍDOS EM THE BLUEST EYE, DE
TONI MORRISON E “THE FLOWERS”, DE
ALICE WALKER
Rodrigo Valverde Denubila POR UMA
ESCRITA DE PENÉLOPE: A DÚVIDA E A
Sala 308 ANGÚSTIA EM AGUSTINA BESSA-LUÍS
14h - 15h30 DISCURSO Rosilene Gomes Ribeiro Francisco
Ed. João LITERÁRIO XI METÁFORAS NO SERMÃO DO MONTE:
Calvino UNIVOCIDADE E PLURIVOCIDADE
Sandra Hahn UMA LEITURA
DESCONSTRUTIVA DA OBRA LITERÁRIA
LAVOURA ARCAICA DE RADUAN NASSAR
Sergio Manoel Rodrigues VIOLÊNCIA E
MELANCOLIA EM NAVALHA NA CARNE, DE
PLÍNIO MARCOS
Milton Gabriel Junior A ORGANIZAÇÃO
TEXTUAL DA CRÔNICA DE NOTÍCIA
Natalie Nara Mastrangi Goes A
RESPONSABILIDADE ENUNCIATIVA EM UM
ARTIGO JORNALÍSTICO DE MR. MILES
Raul Marcelino de Almeida Junior A
DIVERSIFICAÇÃO DA INTERTEXTUALIDADE
Sala 404 NA COMUNICAÇÃO
14h - 15h30 DISCURSOS E Rosivaldo Gomes GÊNEROS MULTIMODAIS,
Ed. João ENSINO VIII OBJETOS DE ENSINO DIGITAIS (ODE) E
Calvino ATIVIDADES DE LEITURA EM LIVROS
DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO
Vanessa Maria da Silva PORTUGUÊS COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA E FORMAÇÃO
DOCENTE: UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA NA
BROWN UNIVERSITY

Eliana Vieira Godoy A RETÓRICA DE


Sala 405 RUPTURA EM ARTIGOS PROGRAMÁTICOS:
ANÁLISES
ESTRUTURALISMO, GERATIVISMO E
14h - 15h30 DISCURSIVAS
Ed. João CONSTRUTURALISMO
VIII
Calvino Felipe Vivian Goulart A REALIZAÇÃO DO
SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

18
INFORMAL
Higor Branco Gonçalves O ORIENTE
ENQUANTO ALTERIDADE: UMA BREVE
ANÁLISE DAS DIFERENTES VISÕES DE
MUNDO ENTRE OCIDENTE E ORIENTE A
PARTIR DO ESTUDO DE LÍNGUAS
VERNACULARES
Ione Vier Dalinghaus DEBATE POLÍTICO
TELIVISIVO: ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS E
PARALINGUÍSTICAS DE CONSTRUÇÃO DE UM
DISCURSO POLÊMICO
Lara Oleques de Almeida DIALOGISMO E
METAENUNCIAÇÃO NA INTERAÇÃO FACE A
FACE: O DISCURSO DO OUTRO NO
DISCURSO DO EU
Lidia Bueno Cavadas ENSINO DE SINTAXE:
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
Maria de Fátima Xavier da Anunciação de
Almeida O ENSINO DE LEITURA LITERÁRIA
NAS VOZES DE PROFESSORES DE
Sala 407 PORTUGUÊS RECÉM-FORMADOS
DISCURSOS E Marília Brisolla ENSINO DA LEITURA NOS
14h - 15h30
Ed. João ENSINO IX LIVROS DIDÁTICOS: UMA VISÃO
Calvino HISTORIOGRÁFICA DE 1960 A 2000
Patricia Trindade Nakagome PROFESSOR,
LEITOR (E BRUXOS): O ENSINO DE
LITERATURA NA CONTEMPORANEIDADE
Regianne Cruz Alkmim Dias LER PARA
COMPREENDER
Francikley Vito O DIÁLOGO NAS
NARRATIVAS BÍBLICAS
Jonathan Luís Hack UMA ANÁLISE
BAKHTINIANA DO ANÚNCIO DA MISSÃO
MESSIÂNICA DE JESUS
Juliana Zanco Leme da Silva O DIÁLOGO
CAMONIANO BÍBLICO EM “SETE ANOS DE
PASTOR JACÓ SERVIA”
Sala 408
ANÁLISES Lemuel de Faria Diniz A INTERTEXTUALIDADE
14h - 15h30 DISCURSIVAS IX NA OBRA DE JÚLIO DE QUEIROZ
Ed. João
Mariú Moreira Madureira Lopes VERSÕES
Calvino
LIVRES DA BÍBLIA E SUA FUNÇÃO
SOCIOCOMUNICATIVA NO CONTEXTO
RELIGIOSO
Wenderson Pinto Farias A ESTRATÉGIA
ARGUMENTATIVA A PARTIR DA
MODALIZAÇÃO NO ARTIGO DE OPINIÃO DE
PAULO PINTO

19
RESUMOS

OS TEXTOS QUE SE SEGUEM SÃO TRANSCRIÇÕES DOS


ORIGINAIS ENVIADOS PELOS PARTICIPANTES E, PORTANTO,
SÃO DE SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE.

20
WIKILEAKS: UM MODO DE PRESENÇA

Adalberto Bastos Neto (UPM)


Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

Com base nos pressupostos teóricos da semiótica francesa, o trabalho tem por
objetivo investigar algumas das características discursivas que configuram o modo de
presença do site WikiLeaks.

Idealizado pelo jornalista australiano Julian Assange em parceria com um grupo de


colaboradores, o WikiLeaks pretende constituir uma fonte de divulgação de
informações confidenciais ou consideradas de utilidade pública. A divulgação dessas
informações, que são essencialmente de cunho político, acabou por atingir diversos
governos e organizações pelo mundo afora, fazendo do WikiLeaks, não só um
fenômeno de alcance mundial, como também um agente de controvérsias relativas à
ética e à estética da divulgação.

Numa olhada atenta pelos conteúdos apresentados pelo WikiLeaks, no entanto,


encontramos, em sua maioria, matérias que de uma forma ou de outra já ecoam na
mídia tradicional. Na verdade, o que existe na construção desse site como objeto
semiótico, é um efeito de sentido de “revelador”. A mediação que o WikiLeaks realiza
é, antes de tudo, um trabalho de produção discursiva. Mais do que revelar
documentos secretos, o que esse sujeito da enunciação faz é um jogo entre as
modalidades veridictórias que configuram o segredo e a verdade, constituindo-se
como um sujeito do fazer-parecer-verdadeiro aquilo que já existe de modo discreto ou
secreto em dadas formações ideológicas.

Todo esse trabalho discursivo realizado pelo WikiLeaks é, ainda, impregnado por
elementos semióticos provenientes de sua plataforma online de veiculação. Está no
âmago da internet um funcionamento da ordem da mistura e da ubiquidade, uma vez
que oferece mecanismos que valorizam a expansão e a participação. Esse regime da
participação operado pela mistura e da ubiquidade operado pela expansão leva os
discursos veiculados pela rede a produzirem novas formas de significação, a
estabelecerem novas maneiras de contratos entre enunciador e enunciatário, e por
fim, a instituírem um determinado modo de presença.

21
A GRAMATICALIZAÇÃO DE VERBOS NA GRAMÁTICA EXPOSITIVA, DE
EDUARDO CARLOS PEREIRA, E NA NOVA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS
CONTEMPORÂNEO, DE CELSO CUNHA E LINDLEY CINTRA: UMA VISÃO
HISTORIOGRÁFICA

Adriana de Souza Ramacciotti (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Dieli Vesaro Palma

O objetivo deste trabalho foi identificar casos de gramaticalização dos verbos na


Gramática Expositiva – Curso Superior, de Eduardo Carlos Pereira, e na Nova
Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, sob o
âmbito da Historiografia Linguística. Partimos da hipótese de a Gramaticalização,
apesar de ser um processo estudado atualmente, sob o olhar da Linguística
Funcionalista, poder se contemplada na Gramática Expositiva, de cunho filosófico e
histórico-científico, conforme definição do próprio autor. Como fundamentação
teórica, nós nos baseamos na Historiografia Linguística, mais especificamente nos
princípios da contextualização, da imanência e da adequação de Koerner. Para colocar
em prática o princípio da imanência, mantivemos a terminologia, a ortografia e os
exemplos de cada gramática avaliada. Já para aplicar o princípio da adequação,
procuramos aproximar os conceitos encontrados na Gramática Expositiva com os
existentes na Nova Gramática do Português Contemporâneo, ainda publicada hoje em
dia. O trabalho está dividido em considerações iniciais, desenvolvimento —
fundamentação teórica (historiografia linguística e gramaticalização) e análise
(contextualização, imanência e adequação) —, considerações finais e referências.
Iniciamos a parte “imanência e adequação” pelo estudo da Gramática Expositiva e
alternamos comentários sobre as duas obras estudadas, inserindo a exposição da Nova
Gramática do Português Contemporâneo em momentos em que julgamos adequada
sua comparação com a gramática de Eduardo Carlos Pereira. Como resultado,
comprovamos a existência de verbos indicadores de ações que passaram a auxiliares e
de formas nominais (particípio ou gerúndio) que assumiram valor de adjetivo e, em um
caso, de preposição, caracterizando, desse modo, casos de gramaticalização.

22
O SUBJUNTIVO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO – UMA ABORDAGEM
FUNCIONALISTA DO USO NA CAPITAL PAULISTA

Alice Felicíssimo (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Regina Célia Pagliuchi da Silveira

Este trabalho se situa na área da sintaxe da Língua Portuguesa e tem por tema as
relações sintático-semânticas que os nativos do Português Brasileiro (PB) estabelecem
para o uso dos tempos do modo Subjuntivo, de forma a produzir gramaticalizações. A
compreensão do uso modo Subjuntivo no PB constitui problema tanto para os nativos
como para estudantes estrangeiros. Tem-se por objetivo contribuir com o ensino de
LP, minimizando as dificuldades existentes de uso do Subjuntivo e maximizando o
entendimento dos contextos de uso desse modo verbal. A pesquisa está
fundamentada na gramática sistêmico funcional de Halliday (2004), que se refere à
língua como texto e como sistema; como estrutura (configuração das partes) e como
recursos (escolhas entre alternativas). Tais referências apontam para uma análise
funcional na perspectiva de exploração da gramática em termos funcionais sob o
ponto de vista de entender como a língua cria e expressa significados. A amostra
analisada compõe-se: (1) segmentos retirados de falas coloquiais do livro de
contos/crônicas amorosas "As verdades que ela não diz" de Marcelo Rubens Paiva e (2)
falas transcritas de gravações de entrevistas espontâneas em Rádio/TV. Os resultados
da análise são parciais e indicam: 1) tendência de redução de uso do subjuntivo na fala
dos paulistanos, 2) gramaticalizações de tempos do modo indicativo, 3) variações do
uso de tempos do subjuntivo nas relações interpessoais diferentes do sistema. Conclui-
se que os tempos do subjuntivo são relativos ao "acontecível", de forma a construir
sentido possível. A gramática tradicional não dá conta de explicar os usos (ou não) do
modo subjuntivo por se basearem somente em fatores sintáticos e morfológicos,
desconsiderando o contexto de interação comunicativa na elaboração dos enunciados.

23
DR. HOUSE: O HERÓI PROBLEMÁTICO NA TELEVISÃO

Aline Izabel Alves Sáppia (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady

O presente trabalho se ocupa por observar a figura do herói problemático em vista da


personagem Gregory House no percurso da narrativa do seriado de televisão em uma
perspectiva mitológica. Ademais, não somente House se configura como um homem
excepcional, capaz de ter um raciocínio lógico para além dos parâmetros do indivíduo
comum, mas também a construção de sua personagem se revela como a de um sujeito
de várias faces, pois entre suas principais marcas oscilam o caráter pessimista e mal-
humorado do gênio além da compreensão humana e o caráter irreverente e irônico, à
moda ácida que é tão comum nos arquétipos da Literatura, cujo estilo sempre está à
favor da crítica dos juízos comuns. Dessa forma, segundo a concepção de Roland
Barthes (1989) de que "o mito é uma fala", procura-se observar a questão do heroi
mítico mediante a noção de sistema semiológico, com o intuito de avaliar os critérios
que sustentam a afirmação de que os seriados da mídia televisiva não são, em sua
totalidade, mero entretenimento, isto é, não são vazios de algum valor estético. Em
termos de metodologia, este trabalho seleciona, para fins de interpretação, os pontos
específicos do enredo, nos quais se traça mais claramente o perfil psicológico do
médico, tanto no que se refere a sua trajetória na busca por respostas para os enigmas
clínicos vivenciados no Hospital, quanto no que diz respeito a sua singularidade
enquanto homem do conhecimento, visto que, à medida que o seriado progride,
aceitar seu direito à felicidade entra em conflito com definição de seu papel no
mundo, por causa de seu conjunto de habilidades. Inclusive, pretende-se demonstrar
em que sentido se cumpre a jornada do herói, conforme o pensamento formulado por
Joseph Campbell (2000) acerca da relação entre as diferentes culturas e o mito. Enfim,
os resultados consistem em demarcar que o texto televisivo apresenta uma
configuração de valor estético relevante, sobretudo na dimensão em que se constrói o
heroi moderno e sua formação segundo um sistema mítico; comparando o herói da
televisão com personagens eternizadas pela literatura universal, como o Sherlock
Holmes de Conan Doyle e Dr. Jekyll, de Robert. L. Stevenson.

24
CARTAS DE JOSÉ DE ANCHIETA:
UM ESTUDO À LUZ DA HISTÓRIA DAS IDEIAS LINGUÍSTICAS

Almir Grigorio dos Santos (PUC-SP)


Orientadora: Profª. Dra. Leonor Lopes Fávero

Tema desse trabalho: o estudo das Cartas de José de Anchieta à luz da História das
Ideias Linguísticas. A pergunta que orienta o estudo é quais as ideias e
posicionamentos do padre José de Anchieta, sobre o ensino e educação dos índios do
Brasil do século XVI presentes em suas Cartas? Sabemos que os Jesuítas são
considerados nossos primeiros educadores do Brasil. Chegaram ao país em 1549,
chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega, com objetivos de propagar a fé e instituir
um local de ensino onde chegavam. Em 1553, o padre José de Anchieta chega ao
Brasil. Aprendeu o “Tupi”, para então, ensinar a Língua Portuguesa aos índios. Em face
dessa situação, nosso principal objetivo é verificar quais as ideias e posicionamentos
de Anchieta presentes em suas Cartas, tendo como base teórica os estudos sobre
História das Ideias Linguísticas propostos por Fávero & Molina (2006). Fávero & Molina
(2006) dizem que fazer a história das ideias linguísticas é fazer a historia de “todo
saber construído em torno de uma língua, num dado momento, como produto quer de
uma reflexão metalinguística, quer de uma atividade metalinguística não explícita”.
(idem, p. 24). Considerando os pressupostos da História Nova Cultural, propõe-se
pensar a história como representação, ou seja, “como são traduzidas as posições e
interesses dos indivíduos que compõem a sociedade, como pensam que ela é, como
agem, ou como gostariam que ela fosse”. (idem, p. 23). Com base nesse conceito de
História das Ideias Linguísticas, fizemos a análise do corpus, cujos resultados indicam
as ideias e o posicionamento do padre José de Anchieta sobre o ensino e a educação
dos índios no Brasil do século XVI.

25
A FICÇÃO E A EXPANSÃO DO ESPAÇO BIOGRÁFICO

Amaury Garcia dos Santos Neto (CNPq/PUC-Rio/CMRJ)


Orientador: Prof. Dr. Heidrun Krieger Olinto

Partindo da noção de espaço biográfico, criada por Philippe Lejeune (2008) e ampliada
por Leonor Arfuch (2010), discuto a possibilidade de sua expansão por meio da
inclusão de textos ficcionais. Consoante os autores, o espaço biográfico é entendido
como um conjunto de textos (auto)biográficos que podem ser articulados visando
encontrar diferentes aspectos de subjetividade que constituem um determinado
indivíduo. A comparação entre tais textos permitiria realçar fragmentos já atribuídos a
este, conferindo-lhe maior relevo ou profundidade, assim como focar aspectos ainda
não explorados ou até mesmo não percebidos. Este processo facilitaria a construção
de subjetividades alternativas de um indivíduo, não privilegiadas em seus escritos
autobiográficos, contribuindo para a construção de imagens mais flexíveis e complexas
acerca dele. Defendo a inclusão do gênero romance autobiográfico neste espaço tendo
em vista seu potencial de aumentar a complexidade das imagens construídas. Além
disso, considerando a noção barthesiana de biografema, defendo a hipótese de que a
ficção autobiográfica permitiria que certos fragmentos identitários afetem o leitor de
maneira mais pungente, se comparada ao gênero autobiografia. A fim de demonstrar a
produtividade da inclusão da ficção no espaço referido, bem como seu potencial
afetivo, ofereço um estudo comparativo entre o primeiro tomo da autobiografia do
romancista inglês Anthony Burgess, intitulado O pequeno Burgess e o grande Deus
(1993), e um romance de sua autoria, Enderby por dentro (1990). Neste estudo são
abordados temas que, apesar de recorrentes nos dois títulos, são construídos de
maneiras distintas, sugerindo diferentes interpretações no tocante a fragmentos de
subjetividade do autor. Os resultados são baseados na comparação de análises
textuais de passagens retiradas dos títulos mencionados, nas quais evidenciam-se
diferenças marcantes no que tange à construção de aspectos identitários da figura em
foco.

26
A CARNAVALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DO TEXTO NOÉ, DE ERICO
VERÍSSIMO

Ana Lúcia Macedo Novroth (UPM)


Orientadora: Profª Dra.Lilian Lopondo

Este trabalho tem como objetivo analisar a presença da carnavalização no


esquete Noé, de Érico Veríssimo, contrapondo-o com o texto-base do livro Gênesis, da
Bíblia, para mostrar como, no texto do escritor brasileiro, são construídas as ideias de
inversão de mundo, o mundo às avessas, o destronamento segundo os pressupostos
teóricos de Bakthin acerca do assunto em questão. relevância deste reside na escolha
do texto, pouco conhecido, uma vez que o autor preferiu retirá-lo da publicação final
do livro Fantoches por considerá-lo literariamente pobre. Após o exame do corpus
observou-se desmesurado rigor do escritor por condenar ao apagamento da memória
histórica um texto rico pelo humor inscrito na releitura dos capítulos IX a XI do
Gênesis. A escolha pelo tema da Carnavalização surgiu por ser uma categoria da forma
e do conteúdo da literatura e esta reencena aquilo que seria a própria essência da
linguagem: o dialogismo. No literário são incorporados valores históricos, visão de
mundo, que refletem e refratam a ideologia de um determinado período. Uma vez que
a linguagem é sempre dialógica, temos relacionada a esse diálogo, a visão carnavalesca
do mundo, isso porque o riso dessacraliza e relativiza o discurso original, no caso do
estudo em questão, da palavra de autoridade presente no texto bíblico. Ao
analisarmos o texto em questão constatamos que há elementos de carnavalização
segundo os pressupostos do teórico russo: a festa popular, com suas imagens, gestos,
percepção de mundo é transportada para um esquete. Coexistem forças antagônicas,
recriação do herói, sua coroação e destronamento, a desconstrução da linguagem.
Forças centrípetas e centrífugas que agem a fim de compreendermos melhor o mundo.

Para e estudo em questão, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica


partindo-se do conceito de Carnavalização e aplicando-o ao texto de Veríssimo.

27
A CONSTRUÇÃO DAS FIGURAS DO HERÓI E DO VILÃO NO DISCURSO
POLÍTICO

Ana Claudia Dale Vedove Goto (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

Este trabalho visa a apresentar algumas considerações sobre as estratégias utilizadas


na construção da figura do herói no discurso político, criado especialmente para
convencer, seduzir, transmitir uma imagem positiva do sujeito político, e discutir como
esta imagem pode se deteriorar, transformando-o em vilão. Para alcançar o objetivo
proposto, analisaremos o percurso político de Fernando Collor de Mello em momentos
distintos: quando candidato à Presidência, no início de seu mantado como Presidente
da República e quando sofreu o processo de impeachment. As formulações teóricas
sobre o herói, especialmente os estudos de Barros (1995; 1993) sobre os heróis
nacionais e de Lévi-Strauss (2004) sobre os heróis míticos, nortearão este trabalho.
Espera-se que o herói mantenha a uniformidade em suas ações, que seus ideais
permaneçam intactos e que atenda às expectativas da sociedade. Se tiver as
qualidades necessárias e se suas atitudes forem consideradas heroicas, será,
consequentemente, reconhecido como herói e recompensado por suas ações. Se
romper com as expectativas, passará a ser visto como vilão, e poderá ser sancionado
com a perda de valores. O representante político, de modo geral, no intuito de se
destacar dos demais, reveste-se de características de heróis, incorporando em seus
discursos frases de efeito, promessas de realizar grandes feitos, coloca-se como
defensor incontestável dos mais necessitados e posiciona-se como detentor de valores
e de virtudes. Em outras palavras, apropria-se da ideologia dos heróis para conquistar
seus eleitores. Analisando o percurso político do ex-Presidente, pudemos constatar
que não foi apenas um fato isolado, mas um conjunto de ações premeditadas que fez
surgir a figura heroica de Collor no momento da eleição, tornando-o o político ideal
para boa parcela da população brasileira. Mesmo tentando manter e reforçar essa
imagem, ao decepcionar o eleitor com a quebra do contrato, passou a ser visto como
vilão e recebeu sanção negativa, sendo punido com a perda do mandato de
Presidente.

28
DO SEMISSIMBOLISMO AO PLANO DE CONTEÚDO: ITINERÁRIOS
SEMIÓTICOS NO CURTA METRAGEM “CARAMUJO-FLOR” E NOS
FRAGMENTOS POÉTICOS VISUAIS DE “GRAMÁTICA EXPOSITIVA DO
CHÃO”, DE MANOEL DE BARROS

Anailton de Souza Gama (UPM/UFMS)


Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

O curta-metragem Caramujo Flor, gênero experimental, propõe montar um painel


visual da obra do poeta Manoel de Barros, Gramática Expositiva do chão. O curta
revela o itinerário do poeta experimentando o cinema em sua poesia através de uma
juntura de fragmentos visuais. Nesta comunicação, analisamos o texto visual de
algumas tomadas de cenas desse curta observando se existem relações
semissimbólicas entre os dois planos da linguagem, o plano de conteúdo e de
expressão. O plano de expressão pode ser entendido de várias formas, como uma
espécie de suporte, como a manifestação de algo que se apresenta para os nossos
sentidos e exige uma “decodificação”. Todo o processo de significação é esse
momento de passagem do plano de expressão para o de conteúdo. A noção de
semissimbolismo, oriunda da semiótica greimasiana será exemplificada em cada
tomada de cenas a ser analisada. As tomadas de cenas escolhidas serão cotejadas a
fim de percebermos, por meio da análise, como se dá a construção textual e a
articulação do semissimbolismo nessa narrativa fílmica. Por meio da teoria semiótica
greimasiana, procuramos destacar como essa articulação semiótica, o
semissimbolismo, constrói a figura inicial do processo de construção identitária no
curta Caramujo-Flor, que faz parte da estética do cinema de poesia e tem como base
para sua produção a obra Gramática Expositiva do Chão, de Manoel de Barros.

Palavras-Chave: Semissimbolismo, Plano de Expressão, Plano de Conteúdo, Processo


de construção identitária

29
O SONHO DE PRIMO LEVI: A CONSTITUIÇÃO DA CENOGRAFIA NA
LITERATURA DE TESTEMUNHO

Anderson Ferreira (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento (PUC-SP)

Este trabalho tem por objetivo analisar a construção da cenografia em um excerto do


livro É isto um homem? do escritor italiano Primo Levi. O fragmento encontra-se no
sexto capítulo, intitulado As nossas noites. A narração, tomada aqui como discurso, diz
respeito ao relato de um sonho de conteúdo comum a todos os prisioneiros que
estiveram em Auschwitz entre 1943 e 1944. Trata-se da constituição de uma cena da
memória do escritor deflagrada a partir de sua experiência como prisioneiro. A
construção da cenografia do sonho desloca o coenunciador de um lugar inóspito no
campo de extermínio, remetendo-lhe a um lugar afável: entre as relações familiares e
sociais mais corriqueiras. Assim, a cenografia afasta o quadro cênico e envolve o
coenunciador o qual se mantém enlaçado como testemunha ao incorporar o mundo
ético de um fiador. Para a presente análise, privilegiamos como aporte teórico-
metodológico a Análise do Discurso de linha francesa, em particular, os estudos
propostos por Dominique Maingueneau sobre a noção de cenas da enunciação.
Segundo este autor, a cenografia é aquela com a qual o coenunciador se defronta. É a
partir de enunciados descritos em determinados contextos que a cena vai sendo
construída; logo, não existe um quadro construído a priori e independente no interior
do espaço. Considera-se, dessa forma, o desenrolar da enunciação, o acontecimento
propriamente dito, isto é, a iniciação dentro da própria progressão do mecanismo de
fala. A cenografia, portanto, afasta o quadro cênico e o coenunciador recebe o texto
por outra cena. A textualização do discurso nos revelou que por meio das cenografias
construídas o enunciador envolve o coenunciador em dois mundos incompatíveis, a
saber: o lugar do campo de concentração de Auschwitz, irrepresentável pelo sonho e o
lugar do seio familiar que se revela trivial, desejável e representativo de humanidade.

Palavras-Chave: Cenografia; Primo Levi; sonho; literatura de testemunho.

30
DISCURSOS SOBRE BILINGUISMO E EDUCAÇÃO BILÍNGUE:
VELHOS E NOVOS RUMOS

André Coutinho Storto (Unicamp)


Orientadora: Profa. Dra. Therezinha de Jesus Machado Maher

Desde por volta do início do milênio, tem ocorrido um boom no crescimento de escolas
bilíngues no Brasil. Tal fenômeno se insere em um contexto histórico e social mais
amplo e cujas implicações extrapolam os limites da escola e do ensino de línguas: em
um mundo onde cada vez mais as fronteiras (nacionais, culturais, sociais) se tornam
indistintas em face ao surgimento de uma rede global de conexões e
interdependências, a questão do bilinguismo, entendido como fenômeno
sociolinguístico de línguas em contato, nunca foi tão urgente.

Neste contexto, o Inglês se apresenta como “a língua da globalização”, a língua franca


utilizada em inúmeros domínios das atividades humanas. Tendo como corpus os textos
constantes nos web sites de trinta e uma escolas bilíngues em Inglês da cidade de São
Paulo, nossa apresentação propõe-se investigar as representações feitas pelas escolas
a respeito do bilinguismo, da educação bilíngue (em língua inglesa) e, como
consequência, delas próprias dentro do atual contexto global. Orientamo-nos a partir
do trabalho desenvolvido por sociolinguistas e linguistas aplicados como Blommaert,
Pennycook e Canagarajah. Esta linha teórica e de pesquisa, ao romper com paradigmas
e conceitos tradicionais herdados da linguística sincrônica de Saussure (como ‘falante
nativo’ e ‘língua materna’), oferece um novo instrumental de análise, novos conceitos
e metáforas mais aptos a lidarem com a complexa relação entre línguas e sociedade na
modernidade tardia. Através da análise da relação, muitas vezes ambígua,
estabelecida entre os termos “bilinguismo” e “educação bilíngue” no discurso das
escolas, do exame dos modelos metodológicos por elas propostos e de uma discussão
a respeito das representações das escolas como agentes de ‘inclusão’ no ‘mundo
globalizado’, buscamos melhor entender e situar a questão do bilinguismo e do ensino
bilíngue (não só em Inglês) nos dias de hoje.

31
RISO E SUBVERSÃO: O CRISTIANISMO PELA PORTA DOS FUNDOS

André Luiz da Silveira (Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)


Orientadora: Profa. Dra. Salma Ferraz de Azevedo de Oliveira

A presente pesquisa debruça-se sobre os vídeos on line com temática cristã do


coletivo de humor Porta dos Fundos e sua relação com os estudos referentes ao riso e
à teopoética – estudos comparados de teologia e literatura. Almeja, por meio de
análise dos roteiros, sua abordagem temática e criação dos vídeos, investigar os limites
do humor e suas diferentes formas de expressão criativa que geram o riso subversivo.
Além de estabelecer um paralelo entre o texto base – a Bíblia – e o texto criado a
partir de passagens bíblicas, ideias e dogmas cristãos.

Este estudo não se fixa unicamente no coletivo de humor Porta dos Fundos, mas toma
como espinha dorsal e ponto de partida seus vídeos elencados com temática cristã e a
partir deles apresenta a relação entre cristianismo e riso, fazendo paralelo com outras
manifestações humorísticas a partir do texto bíblico (filmes, peças de teatro, charges e
manifestações on line). Apresenta também uma revisão bibliográfica acerca de autores
que pesquisam o riso, como Henri Bergson e Vladimir Propp, e os estudos da
teopoética e da teologia através das obras teóricas de George Minois, Robert Alter,
Salma Ferraz, Antônio Magalhães, entre outros. A partir disto, a pesquisa se propõe
investigar os limites do humor; identificar a existência de humor na Bíblia; observar a
criação humorística a partir do texto bíblico e analisar de que forma os criadores se
apropriam do texto base (a Bíblia) e o subvertem.

São diversos os caminhos, estímulos e pontos de partida que podem levar o criador de
humor a partir da Bíblia a subverter um texto considerado por muitos, sagrado. Este
trabalho em processo evidencia essas características e investiga os meandros da
criação humorística e sua relação com o cristianismo.

32
“VATHEK E A TRADIÇÃO ORIENTALISTA”

André Sanchez Astorino (Universidade de São Paulo)


Orientadora: Profa. Dra. Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos

A tradução das Mil e Uma Noites de Antoine Galland, publicada na França entre 1704 e
1717, pode ser considerada uma das obras literárias mais importantes da Europa
setecentista. Passando por várias edições e servindo como base para outras traduções
europeias, o sucesso dessa coletânea de estórias populares (vertida de um manuscrito
sírio datado do século XIV) foi também responsável, em grande parte, pelo surgimento
da moda orientalista no continente europeu. Inúmeras estórias que exploravam
aspectos culturais muçulmanos foram publicadas na época. Embora apresentadas
como traduções do árabe, muitas dessas obras eram, na realidade, fruto da
imaginação de europeus que nunca haviam sequer visitado o Oriente.
Consequentemente, uma visão distante e por vezes estereotipada da realidade
objetiva era encontrada em alguns desses contos. Nosso trabalho tem como objetivo
analisar um dos romances orientalistas mais famosos do século XVIII, Vathek, do autor
inglês William Beckford. Pretendemos examinar a maneira pela qual Beckford
construiu o oriente em sua obra, tendo como referencial teórico autores como Said,
Irwin e Aravamudan, que estudaram (nem sempre chegando às mesmas conclusões) a
formação da ideia de oriente estruturado pelo Ocidente. Vathek ocupa um lugar
diferenciado no grupo de obras orientalistas, já que, ao contrário de autores como
Voltaire, que em Zadig posiciona abertamente o contraste entre a Europa e o Oriente,
Beckford criou uma narrativa totalmente ambientada em terras orientais, onde o
Ocidente nunca é mencionado. Teria o autor, a partir dessa opção estilística,
perpetuado certos clichês? Ou teria, de fato, tentado dar voz ao “Outro”? A conclusão
a que chegamos, por meio de uma leitura cerrada do texto, é a de que Beckford não
pode ser ingenuamente incluído em um desses extremos. O autor, antecipando uma
característica romântica, responde de forma irônica a essa questão, não estabelecendo
uma hierarquia entre as personagens de sua obra.

33
ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA: O PAPEL DAS SEQUÊNCIAS
DESCRITIVAS

Andréa Pisan Soares Aguiar (PUC-SP/CNPq)


Orientadora: Profa. Dra. Mercedes Fátima de Canha Crescitelli

Neste trabalho, temos por objetivo aplicar os pressupostos teóricos propostos por
Adam (2008) acerca das sequências textuais descritivas e, consequentemente, verificar
os efeitos de sentido produzidos por tais sequências. De modo a alcançarmos tal
objetivo, buscamos responder à seguinte pergunta: Em que medida esses sentidos
contribuem para a construção da visada argumentativa do texto? Para procedermos à
análise textual do artigo O “santo” servil ao diabo e o grampeador no grampo, de José
Nêumanne, consideramos as macro-operações descritivas, a saber: tematização,
aspectualização, relação e expansão por subtematização. Ao qualificar determinado
objeto ou personagem não apenas os descrevemos, mas também estabelecemos
determinada orientação argumentativa. Nesse sentido, alinhamo-nos com o que
sustenta Marquesi (2007) acerca das escolhas efetuadas pelo autor de um texto. De
acordo com a autora, os elementos descritivos selecionados pelo produtor do texto
provocam determinados efeitos de sentido e oferecem informações importantes
acerca do ponto de vista, das crenças e atitudes dele. De forma desenvolver este
estudo, adotamos como procedimentos metodológicos a revisão bibliográfica, a
definição das categorias de análise, de acordo com a base teórica adotada, e a análise
textual fundamentada nas categorias estabelecidas. Os resultados obtidos sugerem
que a sequência descritiva orienta argumentativamente o enunciado, uma vez que é
formada com base nas escolhas lexicais do autor, no nosso caso, para retratar
determinado personagem de nosso cenário político. Com este estudo, acreditamos
que podemos contribuir para um entendimento mais abrangente do descritivo como
unidade composicional de um texto e como componente argumentativo relevante na
construção de textos.

34
O ENSINO DE INGLÊS NA EDUCAÇÃO BÁSICA DO BRASIL:
UM PARALELO ENTRE A “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA” DE PAULO
FREIRE E A PRÁTICA CONTEMPORÂNEA

Andréia Maria Moura de Gouveia (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

O processo do ensino de Língua Inglesa na Rede de Ensino Pública da Educação Básica


Brasileira ainda hoje acontece, na maioria das práticas, de maneira mecanicista por
meio de tradução e ensino da gramática da língua, além de estar descontextualizada
com a realidade dos alunos. Isso leva ao fracasso educacional que nos faz constatar
que na escola não é possível aprender um idioma estrangeiro. Logo, fazendo uma
análise profunda das obras de Paulo Freire, destacamos apenas uma, “Pedagogia da
Autonomia”, com o objetivo de traçar caminhos que nos leve a práticas bem
sucedidas. Consequentemente, faremos uma comparação entre teoria e prática,
exemplificando como o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa está
acontecendo dentro de nossas escolas, nos dias atuais. Por meio dessa metodologia
encontramos formas de garantir a mudança, o crescimento intelectual e crítico de
nossos alunos. Paulo Freire, nessa obra, apresenta propostas de práticas pedagógicas
para que nossos alunos obtenham autonomia em suas vidas. O autor, por meio de suas
ideias progressistas, nos conduz às práticas que reconhecem e valorizam o
conhecimento dos estudantes, fazendo com que se tornem seres atuantes e
construtores de seus próprios processos de aprendizagem. Ao agirmos de maneira
coerente, acreditando que não estamos diante de seres nulos, criando espaços para a
participação efetiva dos alunos durante as aulas, respeitando-os da forma que
realmente são, dar continuidade aos nossos estudos, ter compromisso com nosso
trabalho e compreender que ensinar não é simplesmente transferir conhecimento são
alguns exemplos que demonstram o que deve ser feito para resultados positivos em
nossa prática pedagógica.

35
ORALIDADE NO ENSINO SUPERIOR: AS AULAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA COMO UMA CONTRIBUIÇÃO EFETIVA NO
DESENVOLVIMENTO DO DISCURSO ORAL

Anna Paula Scarabotto Cury (PUC)


Orientador: Prof. Dr. Dieli Vesaro Palma

Este trabalho, que se encontra em andamento, iniciou-se por conta da preocupação


com o ensino da oralidade em sala de aula. Sabemos que muito se faz a respeito da
gramática e produção textual, mas ainda é escasso o que, efetivamente, ocorre sobre a
oralidade. Tanto no nível básico quanto no secundário há lacunas no que diz respeito à
fala, logo muitos alunos ingressam no ensino superior com dificuldades para se
expressar oralmente, afetando, por exemplo, as apresentações de seminários,
entrevistas de emprego, argumentações do dia a dia, etc, acarretando problemas no
futuro acadêmico e, mais tarde, no profissional. O presente estudo, então, pretende
analisar a importância de se praticar oralidade em classe e trabalhar métodos efetivos
para o ensino dela nas aulas de Língua Portuguesa no âmbito da graduação. Visto que
toda e qualquer área de estudo faz uso da linguagem falada e que o domínio desta é
condição sine qua nom ao estudante, a inserção das práticas orais em sala de aula
pode auxiliar no desenvolvimento do seu discurso. Assim, faz parte desta pesquisa,
além de analisar a importância do ensino de oralidade na graduação, sugerir maneiras
e métodos que efetivem o desenvolvimento do discurso oral, colaborando para uma
comunicação eficiente e eficaz. Para tanto, optou-se pela realização de pesquisa
bibliográfica pautada nas teorias de análise da conversação e da sociolinguística
interacional. E, de modo a tornar palpáveis os caminhos para a melhoria das
habilidades comunicativas, pretende-se elaborar uma coletânea de estratégias a fim
de que possam ser usadas pelos profissionais que ministrarão tais aulas.

36
TEOLINDA GERSÃO E A ESTÉTICA DO SILÊNCIO

Audrey Castañon de Mattos (FCL Unesp Araraquara/SP)


Orientadora: Profa. Dra Maria Célia de Moraes Leonel

Problema: Susan Sontag, em seu ensaio “A estética do silêncio”, mostra que a


inclinação da arte moderna ao silêncio está na base da ideia de que o poder da arte
reside no seu poder de negar: por meio de estratégias que vão do hermetismo ao
empobrecimento, cria-se uma “arte silenciosa”.

Objetivos: Partindo das noções sontaguianas de arte silenciosa e de usos artísticos do


silêncio, e, ainda, da premissa também sontaguiana de que um silêncio absoluto é
inexequível, principalmente por parte do espectador, pretendemos analisar a
linguagem nos romances O silêncio e Os guarda-chuvas cintilantes (diário), de Teolinda
Gersão, cuja obra desvela algumas facetas de que se reveste o silêncio.

Metodologia: Por meio da análise da linguagem, pretendemos demonstrar como tais


livros impõem ao leitor um caminho que o repele e outro que o convida ao fitar. Na
contramão da ideia de John Cage, a da impossibilidade do silêncio devido ao mundo de
sons que nos circunda, os romances a serem analisados tratam essa profusão sonora –
e também imagética – como formas de silêncio, uma vez que tal profusão nada
comunica.

Esboço de fundamentação teórica: Utilizamos basicamente o artigo “Estética do


silêncio” (1966), de Susan Sontag, além de recorrermos ao ensaio de Walter Benjamin,
“Experiência e pobreza” (1933).

Resultados obtidos: os romances escolhidos confirmam, de certa forma, o que diz


Sontag acerca do desprestígio da linguagem diante da proliferação de sons e imagens
do mundo contemporâneo, desprestígio que leva à criação de obras silenciosas. Em O
silêncio, a narradora utiliza-se de uma linguagem que reproduz a incomunicabilidade
com seu parceiro em outro espaço, o do intercâmbio com o leitor. Os guarda-chuvas
cintilantes envereda-se por uma linguagem fragmentária e imagens nebulosas que
representam o embotamento do artista no processo criativo, tema dos escritos
esparsos e desalinhados da autora ficcional do diário.

37
“UMA NO CRAVO E OUTRA NA FERRADURA”. ESTUDO DAS
ESTRATÉGIAS QUE PRODUZEM EFEITOS DE SENTIDO DE
IMPARCIALIDADE NO BLOG JORNALÍSTICO “CARTAS DESDE CUBA”.

Aylin Martínez Venegas (UPM)


Orientador: Prof.ª Dr.ª Diana Luz Pessoa de Barros

Em 2008 surgiu o blog “Cartas desde Cuba” no site da BBC Mundo, publicação digital
em língua espanhola da British Broadcasting Corporation, dirigida à comunidade
hispano-falante de ambas as beiras do Atlântico. Tratava-se duma coluna semanal,
idealizada por um dos correspondentes da BBC em Cuba, o jornalista uruguaio,
Fernando Ravsberg.

Definida como “um espaço de reflexão sobre a vida cotidiana na ilha” pelo próprio
autor, a coluna tratou de inúmeros temas ligados às mais diversas áreas da realidade
cubana, que ora criticava, ora elogiava. Isso fez com que Ravsberg fosse conhecido (e
criticado) por “dar uma no cravo e outra na ferradura”.

Com base no problema: que estratégias no nível discursivo produzem, no blog “Cartas
desde Cuba”, efeitos de sentido de imparcialidade?, nossa pesquisa, em andamento,
objetiva analisar o blog na procura de tais estratégias.

Consideramos que a proposta teórico-metodológica da semiótica greimasiana dá conta


desse propósito. Embora ancorada no percurso gerativo do sentido, a nossa análise, no
entanto, se restringirá ao estudo do nível discursivo, por ser a enunciação mais
especificamente o objeto de nosso interesse. Nesse sentido, o blog será visto sob o
aspecto de enunciado.

Como assinala Fiorin (2007), cada patamar do percurso possui sua sintática e sua
semântica. Os elementos de nosso interesse acham-se em ambos os âmbitos. Por
conseguinte, serão examinados tanto os mecanismos de instauração de pessoa, tempo
e espaço – instância da enunciação –, quanto o investimento semântico, dado por
temas e figuras.

A análise não se limita ao exame desenvolvido em cada post que conforma nosso
corpus, pois a exposição dos achados parciais só contribuiria para uma compreensão
fragmentaria do objeto de estudo. Pelo contrário, objetiva-se afinal uma
sistematização dos principais resultados que nos permitam entender o blog como uma
totalidade, e, portanto, a construção dos seus sentidos de modo global.

38
ENSINO DO ESPANHOL E OS GÊNEROS TEXTUAIS:
O CAMINHO A SER SEGUIDO?

Bárbara Baldarena Morais (UNIP)

A aprendizagem de Língua Estrangeira (LE) contribui para o processo educacional como


um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas. Ao
mesmo tempo, promove a percepção dos costumes e valores de outras culturas
contribuindo, diretamente, no desenvolvimento da percepção da própria cultura do
discente por meio da compreensão da cultura estrangeira. O principal objetivo das
ações pedagógicas propostas é o desenvolvimento das habilidades necessárias para
que o aluno possa passar pelas situações práticas do uso da LE, tendo em vista sua
competência comunicativa, tanto oral quanto escrita. Tendo isso em vista, em uma das
perspectivas do ensino em língua estrangeira prioriza-se a utilização de textos
autênticos, evitando os que são artificialmente produzidos para a situação de
aprendizagem como era feito anteriormente. Há uma seleção diversificada de gêneros
textuais como anúncios publicitários, cartas, histórias em quadrinhos, artigos, entre
outros, retirados de suportes diversos, como jornais, revistas, livros, internet. O
objetivo é preparar o aluno para as práticas de leitura fora dos limites da sala de aula.
Assim, as atividades propostas aos alunos para falar a língua estrangeira devem,
sempre que possível, ser integradas às do processo de compreensão oral a fim de
facilitar as ações pedagógicas. Considerando os aspectos descritos, o presente projeto
visa apresentar uma análise crítica sobre a eficácia do modo de ensino focado nos
gêneros textuais desvinculado de outro recurso, no caso a sistematização. A
relevância de se estudar essa problemática está vinculada intrinsicamente ao que é
imposto ao professor como método para o ensino (desde os documentos que regem
nossa educação até os materiais didáticos que são aprovados exatamente por estarem
de acordo com essa documentação).

39
BORDERLANDS/ LA FRONTERA:
A LITERATURA SUBALTERNA DE GLORIA ANZALDÚA

Carlos Vinícius da Silva Figueiredo (IFMS/UPM)


Orientadora: Profa. Dra.Vera Lucia Harabaji Hanna

Criada no ano de 1821, a fronteira entre México e Estados Unidos não só demarcou
um espaço territorial, estabeleceu também um abismo entre dois povos, onde se
romperam crenças, sonhos e culturas. Ao narrar as precariedades da vida fronteiriça,
Gloria Anzaldúa em Borderlands/La Frontera: The new mestiza, consegue dar voz aos
sujeitos subalternos que povoam sua obra, relatando sua experiência como Chicana,
lésbica, ativista e escritora que cresceu na fronteira entre México e Estados Unidos. A
obra de Anzaldúa rediscute o conceito de fronteira, não apenas como uma divisão
territorial, mas uma divisão acerca da identidade cultural, social e física que distanciam
os povos e suas relações de poder. Segundo a autora, “The U.S.-Mexican border es una
herida abierta where the Third World grates against the first and bleeds […] – a border
culture (ANZALDÚA, 2012, p.25). Nesse sentido, observa-se que Anzaldúa, produz a
partir da condição na qual se encontra, quer tenha consciência disso ou não. A
consciência subalterna fala por sua obra. Diante disso, entende-se “subalterno” como
expressão que se refere à perspectiva de pessoas de regiões e grupos que estão fora
do poder da estrutura hegemônica; daí o conceito de subalternidade exigir um espaço
territorial definido e demarcado, bem como àqueles que se encontram fora do
pensamento hegemônico. Com isso, objetiva-se nesta tese, despertar um olhar crítico
e reflexivo diante da obra de Anzaldúa, trazendo a tona os conceitos de subalternidade
e identidade cultural na literatura fronteiriça. Ao revisitar tais conceitos, a tese
procurará discutir sobre questões referentes à cultura latino-americana,
marginalidade, linguagem e hibridismo presentes na obra de Anzaldúa. Para alcançar
tais objetivos, a pesquisa inscreve-se em uma perspectiva teórica respaldada pelos
pressupostos dos Estudos da Subalternidade e Estudos Culturais, cujos teóricos Spivak
(1988), Guha (1988), Beverley (2004), Bhabha (2000), Mignolo (2003) e Hall (2008)
serão revisitados durante o processo.

40
“MORAL DA FORMA”: ESCOLHA E ESPECIFICIDADE DA ESCRITURA
EM ROLAND BARTHES

Carolina Molinar Bellocchio (USP)


Orientadora: Profa. Dra. Claudia Amigo Pino

O presente trabalho tem como objetivo discutir o possível diálogo entre a obra de
Roland Barthes O grau zero da escrita com a obra de seu contemporâneo Jean-Paul
Sartre Que é a literatura?; para tanto, fazemos uma leitura analítica das duas obras
tentando contextualizá-las no âmbito da teoria literária, porque, tanto uma quanto a
outra parecem dialogar sobre a função da literatura no mundo contemporâneo, com o
objetivo de localizar o papel da escrita ante o contexto sócio-cultural do século XX. A
proximidade temporal da redação e da publicação se alia à semelhança na estrutura de
organização textual: ambas respondem à pergunta “Que é escrever?” e “Que é a
escrita?” Por conseguinte, as argumentações das duas obras caminham em sentido
unívoco. Sartre define o papel do escritor, situando-o na relação ontológica entre
mundo e consciência, como um desvendar o mundo para si e para os outros: a escrita,
segundo ele, tem uma conotação filosoficamente instituída, pois envolve um ato de
nomear o mundo ao outro, desvendando-lhe o sentido. Barthes, por sua vez, se
apropria de algumas questões propostas por Sartre, mas de certo modo as desloca,
uma vez que considera que a escritura já não tem como função comunicar ou exprimir
o mundo, mas “impor um para além da linguagem que é ao mesmo tempo História e o
partido que nela se toma”. Assim, apesar do caminho teórico explorado por ambos
autores apresentarem alguns pontos de contato, este trabalho se orienta pela
hipótese de que enquanto Sartre propõe um engajamento filosófica e
ontologicamente instituído, Barthes se direciona a uma teoria literária solidamente
constituída, em que a escolha da forma é que institui uma ligação do escritor com a
sua história. Pensar sua forma se torna, pois, pensar o mundo, o que acaba por
designar uma “moral da forma”.

41
SILÊNCIOS NARRADOS: REPRESENTAÇÃO DA MULHER EM THE
GATHERING
DE ANNE ENRIGHT.

Caroline Moreira Eufrausino (USP)


Orientadora: Profa. Dra. Laura Patrícia Zuntini de Izarra

Na República da Irlanda, a instituição familiar foi, ao longo do século XX, especialmente


enaltecida e houve um grande esforço por parte do Estado irlandês a fim de proteger e
assegurar o papel especial das mulheres para ajudar na manutenção da família como
pilar de uma sociedade ideal. Nascida em Dublin em 1962, a escritora irlandesa Anne
Enright tem sido considerada por muitos críticos como umas das mais vibrantes e
talentosas escritoras da atualidade. A temática das obras de Enright está geralmente
associada à representação da mulher na literatura irlandesa contemporânea e ela tem
como um de seus objetivos principais em suas narrativas a promoção do
desmantelamento do ideal de mulher proposto pela sociedade irlandesa. Se, em seus
contos, Anne Enright já havia demonstrado a sua profunda preocupação em relação à
representação das mulheres na literatura irlandesa contemporânea, foi em seu
romance The Gathering (2007) que ela conseguiu entrelaçar diferentes espaços
trazendo a percepção e a consciência da posição feminina na sociedade. Dessa forma,
o fundamento da escolha da obra de Anne Enright para identificação de diferentes
representações femininas na literatura irlandesa contemporânea se dá devido à
capacidade de tal escritora de revelar diferentes olhares em relação à mulher e, mais
especificamente, ao corpo feminino. Sendo assim, esse projeto propõe a análise das
relações existentes entre o corpo feminino, a mente e a formação/identificação dos
gêneros à luz da teoria de Judith Butler, dentro do contexto das personagens do
romance The Gathering de Anne Enright já que através da perspectiva das
protagonistas pode-se destacar um relevante ponto de vista a respeito da formação da
instituição familiar e suas relações intergeracionais na sociedade contemporânea.

42
DESAFIOS DAS NOVAS MÍDIAS: HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
NO ENSINO DE LÍNGUAS

Clara Vianna Prado (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra Ângela Cavenaghi Lessa

O presente trabalho visa discutir acerca do uso das tecnologias de informação e


comunicação (TIC) em sala de aula, tendo como foco o ensino de inglês. Visa assim,
discutir o que se espera do ensino de línguas na sociedade do conhecimento e quais as
habilidades e competências que devem ser abortadas pelo professor, tendo em vista
um novo (digital) letramento. Pretende, ainda, contribuir para (1) um melhor
entendimento de como se tem usado a tecnologia dentro e fora de sala de aula pelos
professores de língua (2) como os jovens fazem uso destas ferramentas tecnológicas
em seu dia a dia (3) discutir as possibilidades de aplicação destas tecnologias na sala de
aula do ensino de inglês, visando as habilidades e competências necessárias no
letramento digital. As bases teóricas que sustentam o estudo são a Teoria Sócio
Histórica e Cultural a partir dos trabalhos de Vygotsky (1934), e posteriormente por
Engeström (1987) Leontiev (1978), que tem foco no desenvolvimento e aprendizagem
dos alunos em seu determinado contexto; na Teoria da Tecnologia da Informação
segundo teorias de Harry Pross (1971), Castells (2001) e Baitello Jr. (2005), que estuda
as soluções providas por recursos de computação para geração e uso da informação;
no Letramento digital e as competências e habilidades necessárias segundo teorias de
multiletramento e multimodalidades de Kress e Van Leeuwen (2001), Rojo (2013) e
Jenkins (2007). Esta tese se configura como uma pesquisa qualitativa interpretativista
e os instrumentos de coleta serão questionários e filmagens de entrevistas conduzidas
com alunos adolescentes e professores de línguas em diversos contextos. Os dados
coletados serão analisados pelas (A) escolhas lexicais (B) construção de tópicos (C)
análise verbo visual numa perspectiva de multimodalidades.

43
É GOOOOOOOOOOL.... DA PARÓDIA!!! –
UM ESTUDO DIALÓGICO SOBRE OS MEMES DA INTERNET

Cláudia Aparecida Dans Dias (UPM)


Orientadora: Profª Drª Aurora Gedra Ruiz Alvarez

A partir da análise dos memes publicados na Internet, em especial, nas redes sociais,
este estudo tem por objetivo geral examinar a configuração da paródia nestes textos. E
de modo mais específico, pretende analisar que efeito de sentido tal recurso produz,
além de identificar as vozes que participam da construção dessa piada virtual.
Tomando como base teórica o dialogismo e, principalmente, a concepção de paródia
elaborada por Mikhail Bakhtin, elegeu-se um exemplo de meme, cujo tema é a
situação do Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2014, com o intuito de observar
quais são os valores ideológicos que se materializam nesse tipo de texto. Criado para
debochar do adversário, o meme transforma a situação do outro, como, por exemplo,
estar em último lugar no campeonato nacional em piada. Porém, por detrás do riso há
também um juízo de valor por parte do autor do meme. Vale destacar ainda que será
considerado o contexto de produção dessa piada, uma vez que sem estas referências o
efeito de sentido não se realiza, isto é, o riso como a crítica não acontecem. Em relação
à metodologia, pretende-se realizar uma pesquisa qualitativa, de caráter
interpretativo, passando pelas definições de meme, de discurso, de dialogismo e de
paródia. Diante do que se argumentou, este trabalho se mostra significativo, pois
contribui para compreender como a paródia aparece nos memes e em que medida
essas piadas provocam não só o riso como também a crítica, o deboche. Além do que
os memes surgem como uma nova forma de se veicular discursos na Internet.

44
ESPAÇOS DEGRADADOS E DEGRADANTES: VARIAÇÕES EM TORNO DO
AMARELO

Cléber Luís Dungue (PUC/SP)


Orientador: Tieko Yamaguchi Miyazaki

O filme Amarelo manga, do cineasta Cláudio Assis, narra a vida de personagens que se
submergem em um universo apodrecido, dominado pela violência explícita e implícita
e pela linguagem vulgar. O filme está contextualizado em um espaço corroído e
degenerado que, de certo modo, remete ao ambiente comum dos romances
naturalistas, os quais geralmente se caracterizam pela bestialização das figuras
humanas. Despido de qualquer traço romântico ou idealista, o filme aborda o
cotidiano degradado de seres guiados por suas paixões e desejos irrealizáveis. Cria-se,
assim, uma espécie de realismo, ou neonaturalismo urbano, por meio do qual se
ressalta aspectos obscuros e negativos que se disfarçam por trás do ideal de nação
brasileira. Além disso, partindo de uma abordagem comparativa, percebe-se que o
longa-metragem estabelece um claro diálogo com a obra Tempo amarelo, de Renato
Campos, tendo em vista os espaços degenerados e degeneradores de cada uma das
obras. A partir dessa interlocução, o filme constrói uma estrutura heterogênea, na qual
se cruzam, em rede, signos verbo-voco-visuais degradantes, que podem ser divididos
em camadas, tais como: imagem (fixa e em movimento), palavra (escrita e falada),
sonoridade (trilha sonora e ruído). Para entender tal procedimento de “passagem”,
cabe lembrar uma concepção criada por Jakobson em Linguística e comunicação.
Nesse texto, o autor propõe o conceito de “tradução” para tratar das mudanças que
ocorrem na passagem de um texto a outro. Esse conceito é desdobrado em outros três
que variam conforme o tipo de transformação textual. São eles: o “Intralingual”,
entendido como a reformulação de signos verbais por meio de outros signos também
verbais e da mesma língua; o “interlingual”, diz respeito à tradução de signos verbais
de uma língua para outra; e o “intersemiótico”, que é visto como a interpretação de
um sistema de signos verbais por meio de outros não verbais.

45
IDENTIDADE CULTURAL LATINA EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO

Clemilton Pereira dos Santos (UPM)


Orientadora: Profa. Drª Elaine Cristina Prado dos Santos

A história, a expansão, o declínio do império romano e consequentemente a história


da língua latina e da língua portuguesa, no mundo, em termos de aspectos linguísticos,
colonialismo e hibridismo se inter-relacionam sejam elas mais recentes, ou mais
longínquas. A partir deste ir e vir sócio histórico que contribui para a formação de um
povo, de uma língua, de uma cultura, o presente trabalho visa refletir acerca da
identidade cultural latina que há em nós brasileiros, neolatinos ou latino-americanos,
que se manifestam em duas grandes instâncias: nas relações intrafamiliares(lar) e nas
relações de amizades, a fim de estabelecer contrapontos entre costumes que hoje
permeiam nosso cotidiano e aspectos que outrora eram comuns aos latinos,
verificando, em tempos de globalização a reatualização de nossa veia cultural latina.
De que forma a passagem de nossa origem latinoeuropeia para latinoamericana
determina nossa identidade cultural latina em relação aos costumes no seio da família
e nos círculos de amizade em tempos de identidade partilhada e globalizada? Sabemos
que não somos sujeitos adâmicos daquilo que dizemos, pensamos ou reproduzimos.
Somos seres sociais e assujeitados, membros de uma coletividade que age em nós,
sócio histórica e culturalmente falando. Cada sociedade recebe traços e características
novas, sem, no entanto, eximir-se de suas tradições, podendo transformá-las e
atualizá-las conforme suas necessidades e usos diários, no entanto, estas atualizações
tendem a nos identificar culturalmente enquanto cidadãos do século XXI mais latinos,
ou mais americanos? Para desenvolvimento de tal estudo que se encontra em fase
inicial nos utilizaremos de pressupostos teóricos relacionados aos estudos culturais, e à
história e ensino da língua latina, adotando enquanto referenciais Hall (2005), Canclini
(1999) DaMatta(1986), Burke (1995), Basseto( 2001), Coutinho (1958), Faria (1941)
dentre outros.

Palavras-chave: História da língua latina; b)colonialismo e pós-colonialismo; c)


identidade cultural latina; d) costumes intrafamiliares e fraternos.

46
PINTURA EM PALAVRAS

Cristina Susigan (UPM)


Orientadora: Prof.ª Drª Márcia Tiburi

Este trabalho tem como intuito investigar a pintura, neste caso concreto a pintura do
mestre holandês Johannes Vermeer (1632-1675), que de alguma maneira “sofre” uma
intervenção das palavras, através da escrita, e torna-se um romance. A ficção baseada
na “arte historiográfica” é um subgénero que surgiu no século XXI. Estes romances,
escritos como uma forma de narrativa ecfrástica, estão preocupados com a pintura
como tema, frequentemente realçando os artistas como personagens centrais nas suas
narrativas. Apesar de fictícios, eles são fundamentados na história (de um artista, ou
uma pintura) e fazem observações sobre o processo de criação do artista, seja através
da escrita ou da pintura. No campo estético, literatura e arte tem frequentemente sido
consideradas como artes irmãs, mantendo um rico e desenvolvido relacionamento
através do uso de alusão, simbolismo, alegoria, representação, e mimesis, como
Stephen Greenblatt ressalta. Enquanto Meyers demonstra que a ficção baseou-se em
obras de arte em tempos passados, recentemente, os escritores tem mostrado um
interesse renovado na proveniência da arte. Este ressurgir resultou na formação de um
subgénero literário, que pode ser chamado de “arte-historiográfica” na ficção.
Tipicamente, estas obras centram-se em um artista em particular ou em uma pintura,
especulando e inventando o mundo que os escritores escolheram focar. Em outras
palavras, “Fiction fills in where history leaves off” (Vreeland apud Penelope Rowlands
35). Além do mais, eles apresentam a fusão entre as duas disciplinas para produzir
uma sinergia da escrita e da arte visual. Três romances deste subgénero são Girl in
Hyacinth Blue de Susan Vreeland, Girl with a Pearl Earring de Tracy Chevalier e, Dance
of Geometry de Brian Howell. Todos os três romances se concentraram em Johannes
Vermeer, o pintor holandês do século XVII, admirado pela sua atenção à luz, a
tonalidade e aos detalhes.

47
A ESTRUTURA NARRATIVA NO ROMANCE MODERNO: UM ESTUDO DO
ESPAÇO NA OBRA EURICO, O PRESBÍTERO

Cristiane Maria Paiva de Melo (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

Este trabalho tem por objetivo fazer um breve estudo a respeito da estrutura narrativa
do romance moderno. Escolhemos, como corpus de pesquisa, a obra: Eurico, o
Presbítero, de Alexandre Herculano, com a finalidade de apresentar uma análise da
estrutura narrativa da obra por meio dos seguintes elementos: espaço, função das
descrições e maneira como o herói se movimenta nesta narrativa. Teremos como
ponto de partida as obras: Lima Barreto e o Espaço Romanesco de Osman Lins e
Espaço e Romance de Antonio Dimas, ambas obras dão destaque ao estudo do espaço
no romance. Na obra Eurico, o Presbítero evidenciam-se três tipos de espaço: o espaço
aberto que é notável quando descrito por meio da geografia do lugar, estes lugares
mostram que a personagem necessita de lugares amplos, espaços abertos, naturais,
que lhe dão liberdade. Por acreditar que o meio urbano, requintado e decadente, é
impuro e corrompido, o escritor romântico passeia com seus personagens pelas
paisagens, utilizando a natureza como refúgio. Há também os espaços fechados como
a caverna, o mosteiro, as tendas dos árabes, o presbítero entre outros, lugares estes
onde principalmente contam os momentos de fuga e esconderijo da heroína
Hermengarda. Tratando-se do espaço social, devido aos conflitos civis e religiosos
entre, cristãos godos e mulçumanos, este caracteriza os valores nobres como o
nacionalismo, a busca da liberdade e o heroísmo. Diante das considerações feitas, é
possível concluir que a descrição dos espaços e a ambientação são de fundamental
importância no desenvolvimento do romance Eurico, o presbítero, e na constituição
dos protagonistas, uma vez que os aspectos analisados mostram o quanto o espaço
pode: influenciar, envolver, penetrar, localizar e demarcar a vida dos personagens
numa obra.

48
LINGUÍSTICA TEXTUAL E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Damares Souza Silva (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. João Hilton Sayeg Siqueira

O tema deste estudo incidiu na análise das transformações pelas quais passou o
objeto de estudo da Linguística Textual e a influência dessas mudanças para a diretriz
de ensino e a aprendizagem da leitura e escrita na atualidade. O objetivo consistiu em
identificar a partir de uma vertente histórica as transformações e características da
Linguística Textual com base em estudos desenvolvidos por Koch (2001; 2004) Koch &
Cunha-Lima (2005); Blühdorn & Andrade (2009); Beaugrande (1997); Van Dijk (2012),
e analisar a relação desse caráter com a atual proposta de ensino de leitura e escrita
da língua portuguesa contida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Considerando as transformações das perspectivas de estudo da Linguística Textual foi
possível compreender as razões pelas quais a competência discursiva é a questão
central para o ensino de leitura e produção de texto. Sendo a competência discursiva,
segundo os PCNs, a capacidade do indivíduo de produzir discursos orais e escritos
adequados às situações enunciativas de uso geral, e considerando todos os aspectos
envolvidos no processo dos diversos contextos de comunicação, torna-se
improcedente elaborar propostas de ensino de leitura e escrita dos textos que não
considerem as características descritas ao longo de toda trajetória histórica da
Linguística Textual, sobretudo as que se referem ao terceiro momento da linguística
textual.

Palavras-chaves: Linguística Textual- Ensino de leitura e escrita- Parâmetros


Currículares Nacionais

49
SIGNIFICAÇÃO, COGNIÇÃO E RELEVÂNCIA: UMA ANÁLISE DA
CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS E DA PERSUASÃO NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO

Daniel Camilo Marques de Rezende (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista

Nesta pesquisa de mestrado em desenvolvimento, apoiada pela FAPESP (Fundação de


Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), inscrita sob o processo nº 2014/07446-7,
propomos uma análise pragmática do discurso, tomando como base teórica a Teoria
da Relevância, de Sperber e Wilson, e como material de análise peças publicitárias,
buscando compreender essencialmente de que modo o discurso publicitário elabora e
constrói suas mensagens para persuadir seu destinatário e levá-lo a realizar o que
propõe. A comunicação verbal se baseia, a princípio, no sistema de (de)codificação,
em que mensagens são transmitidas entre falantes por meio de um código, a língua.
Entretanto, a comunicação não se restringe a esse processo. A cognição humana
permite que os interlocutores prevejam e infiram, por diferentes meios, os sentidos
pretendidos pelo enunciador. Assim, em função da tendência humana de maximizar a
relevância – espera-se sempre que as informações fornecidas sejam úteis, relevantes –
, todo enunciado cria automaticamente expectativas precisas e previsíveis que guiam o
ouvinte na direção do significado esperado pelo falante. Observando essa relevância
do significado em um contexto específico é possível depreender e prever a
interpretação acertada do enunciado. Tendo isso em mente, o objetivo do trabalho é
verificar, por meio da analise comparada da mesma propaganda em dois meios de
veiculação diferentes, de que formas a construção discursiva das mensagens
publicitárias se utiliza de realce de elementos e fatores para, de forma otimizada,
atrair a atenção do destinatário das mensagens, partindo do pressuposto de que, em
diferentes mídias – televisiva e impressa, neste trabalho –, diferentes informações são
escolhidas e postas em relevância. Para a demonstração de resultados será utilizada a
análise da propaganda retirada do trabalho de iniciação científica (apoio PIBIC
Mackenzie) já desenvolvido pelo aluno, na mesma linha de pesquisa, uma vez que o
trabalho em questão ainda está em andamento.

50
ANÁLISE DA TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA NA ADAPTAÇÃO
TELEVISUAL DE
“A VIDA COMO ELA É...” DE NELSON RODRIGUES

Daniel De Thomaz (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

As adaptações das obras literárias para o cinema e televisão são recorrentes em


pesquisas que pretendem analisar e confrontar os estudos literários e intersemióticos.
Autores como Robert Stam (EUA) e Francis Vanoye (França), procuram identificar em
suas análises fílmicas aspectos que identifiquem a permanência ou não da estrutura
narrativa original da obra nessa decodificação de uma linguagem para outra. Muitas
vezes, a essência é mantida, mas aspectos do texto de partida, tais como aqueles que
sofreram deslocamentos de tempo e espaço ou apropriação ideológica, são alterados
de forma significativa, constituindo assim, senão uma coautoria, uma nova obra,
independente e original nascida dessa relação intertextual entre livro e filme. O
presente estudo se propõe a identificar essas mutações na adaptação do conto de
Nelson Rodrigues “O Decote”, publicado em 1955 na coluna de “A Vida como Ela É...”,
do jornal Última Hora, para a série televisiva do mesmo nome, com direção de Daniel
Filho e Euclydes Marinho, na TV Globo, em 1996. Para isso, utilizaremos o conceito de
tradução intersemiótica, terminologia proposta por Jakobson, que “consiste na
interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais”
(JAKOBSON, 1969: p. 64-65). Na passagem do texto literário ao fílmico, ao televisual, a
tradução consagrou o termo “adaptação”. O processo de adaptação pressupõe a
passagem de um texto caracterizado por uma substância da expressão homogênea – a
palavra – para um texto na qual convivem substâncias de expressão heterogêneas,
tanto no que concerne ao visual quanto ao sonoro. Entender esse processo de
transmutação de linguagens se faz necessário em vista do atual cenário transmidiático
no qual a tecnologia digital está permitindo cada vez mais a apropriação das
linguagens tradicionais consagradas como o texto literário.

51
OPOSIÇÕES E CORRESPONDÊNCIAS EM MEMÓRIAS DE DUAS JOVENS
ESPOSAS: UM ESTUDO DO DUPLO EM BALZAC

Danielli de Cassia Morelli Pedrosa (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan

Este estudo se propõe a analisar os aspectos de construção e organização das


personagens Luísa de Chaulieu e Renata de Maucombe, da obra Memórias de duas
Jovens Esposas. Pretende-se destacar elementos da relação de duplo, estabelecida
entre as personagens, e do movimento especular sobre os quais toda a ação da obra é
articulada. Essa dinâmica é apresentada em dois movimentos opostos que evoluem
em intersecção - cada um representando os posicionamentos e a vida de uma das
protagonistas – que, em constante contestação, mais do que alcançar uma
complementaridade, acabam por nutrir o antagonismo, consolidando a polarização. O
fenômeno estabelecido a partir desse jogo dialético é o início de um delineamento
para um novo tipo de representação social feminina, com toda sua bagagem de
duplicidade: a mulher moderna. A temática do duplo é recorrente na literatura a partir
do século XVIII, quando o conceito de singularidade do sujeito é deixado de lado,
trazendo uma fragmentação da ideia de eu. É da perspectiva dessa quebra de unidade
do eu que o duplo heterogêneo surge como metáfora da busca pela identidade,
homogênea, que precisa se re-pensar e se re-construir a cada instante. (Bravo, 2002).
Esse estudo se justifica pela importância da obra ao discutir questões pertinentes,
ainda hoje são atuais, revelando a multidimensionalidade do autor, a acuidade de suas
percepções e a atemporalidade de suas contribuições.

52
OS DIFERENTES DISCURSOS NO CONTO DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Danielle Ojima da Silva Bueno (UPM)


Orientadora: Profª Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O objetivo deste trabalho é analisar o confronto entre o discurso da desesperança e o


da fé presentes no conto contemporâneo “Natal na barca” de Lygia Fagundes Telles. A
proposta é a de investigar como tais discursos são construídos e refletir sobre os
diferentes mecanismos acionados pelas personagens ao enunciá-los. Para tanto, a
pesquisa se fundamenta nos conceitos teóricos de Mikhail Bakhtin, e tem como foco
de observação o diálogo entre as principais personagens do conto. O conto em exame
se passa a bordo de uma embarcação que cruza um rio, à noite, levando a narradora,
um velho bêbado adormecido e uma mulher com um bebê nos braços. No
desenvolvimento da narrativa, temos um diálogo entre a narradora e a mulher com o
bebê e ambas expressam suas diferentes perspectivas acerca de um rio: para a
narradora, o rio e tudo que a circundava remetia à morte, enquanto que para a
mulher, sua visão era de um rio verde e quente. O embate entre os dois
posicionamentos acerca do objeto leva a protagonista a ressignificar o signo. Ela
reavalia seu próprio discurso e aponta para o entendimento de que a partir de uma
confrontação com o outro, o sujeito pode refletir e refratar uma dada realidade, sob
uma nova orientação ideológica.

53
O SANGUE É A VIDA: A BÍBLIA E A RELIGIÃO COMO ALICERCES DA
LITERATURA VAMPÍRICA

Dante Luiz de Lima (UFSC)


Orientadora: Prof. Dra. Salma Ferraz

Uma das principais características, tanto das “Sagradas Escrituras” quanto da literatura
vampírica, é que ambas aparentam precisar de sangue para que suas narrativas fluam,
é como se todo o texto expressasse nas suas entrelinhas uma corrente sanguínea que
conecta o desenrolar da trama. O sangue ocupa um papel fundamental para o
desencadeamento dos acontecimentos e também mostra-se ser o elemento usado
para dar maior dramaticidade às obras. Deus no Primeiro Testamento parece precisar
se alimentar não só de sangue humano, mas também de sangue animal, para
fortalecer sua onipotência. Já no Segundo Testamento, seu único filho Jesus Cristo,
morre todo ensanguentado em uma cruz, mas antes de morrer oferece seu sangue aos
seus discípulos, fazendo assim com que este vire uma metáfora sujeita a várias
interpretações. Desta forma, os significados do elixir da vida dentro do texto bíblico e
suas (re)significações na literatura gótica vampiresca será o foco deste trabalho,
levando-se sempre em consideração o fato de que o vampirismo literário pode ter
surgido a partir de releituras do texto bíblico e de literaturas produzidas a partir do
mesmo. O principal objetivo deste trabalho é investigar características dos vampiros
que possam estar alicerçadas no texto bíblico, como exemplos: a sede de sangue, a
vida eterna, a (des)crença em Deus, a maldade, as metamorfoses, a sexualidade, e a
solidão. Para esta investigação trabalharemos com dois romances: Drácula (1897) de
Bram Stoker e Entrevista com o vampiro (1976) de Anne Rice, textos estes que
apresentam fortes ligações com a religião e a Bíblia. Na parte teórica nos valeremos de
autores como: Carl Gustav Jung, Dag Oinstein Endjo, Claude Lecoutex, Jack Miles,
James Twitchell, Martha Argel, Humberto Moura Neto, Richard Dyer, dentre outros.

54
TRANSFIGURAÇÃO E REPRESENTAÇÃO: O ÍNDIO E UM PROJETO DE
NAÇÃO

Dapheny Day Leandro Feitosa (UnB)


Orientador: Prof. Dr. Alexandre Simões Pilati

Neste trabalho, penso: como foi possível formular uma representação do índio na
literatura brasileira do século XIX, a partir do desejo de constituição de uma nação
aliado ao de um sistema literário e ambos inseridos em um contexto social, político e
ideológico contraditório em relação ao modelo que se pretendia imitar, o modelo
europeu. Diante disso, parto para O Guarani de José de Alencar, obra que fazia parte
do projeto indianista do autor. Minha análise surge a luz do romance histórico de
Gyorgy Lukács e em como a obra de Alencar é elaborada a partir de um
posicionamento político que inventa um mundo novo e que se retomado o seu
contexto histórico e o lugar de fala de seu autor temos no texto literário as
contradições desses elementos.

O romance histórico desde suas origens scottianas é determinado pela informação


histórica, que segundo Lukács é resgatada em um passado relativamente distante, cor
local, exotismo, além da evocação de civilizações longínquas e de sociedades
diferentes ou desaparecidas e sentimentos não individuais, mas comuns da
comunidade e representativos. Em Alencar estão impressos muitos desses
componentes do romance histórico. Contudo, me detive a refletir em como na obra O
Guarani há uma busca pela elaboração desses sentimentos comuns da comunidade,
através da sonegação da própria história e da mitificação do elemento local, o índio.
Em O Guarani somos convidados a uma viagem ao passado colonial guiados pelo herói
Peri, o herói estilo medieval, um gentleman que nos conduz na trajetória de
mitificação do índio e que, em certo ponto, nos parece justificável o processo violento
da colonização, já que o índio se torna “civilizado” e, finalmente, apresentável dentro
do nosso sistema literário e projeto de nação.

55
O ENSINO GRAMATICAL SEGUNDO A VISÃO DE MONTEIRO LOBATO,
EM EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA, E NA VISÃO DOS PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO
FUNDAMENTAL II

Débora Ferreira da Rocha (PUC-SP)


Orientador: Profª Dra. Sueli Cristina Marquesi

Este artigo se insere na linha de pesquisa da Historiografia Linguística e faz uma


analogia entre as visões de como deve se dar o ensino gramatical tanto de acordo com
o escritor brasileiro Monteiro Lobato, segundo a sua obra Emília no País da Gramática,
quanto dos Parâmetros Curriculares Nacionais (os PCN). Comparar essas duas visões
não é paradoxal, embora Lobato tenha pertencido ao âmbito literário e os PCN ao
âmbito da legislação didática, porque ambos refletem os olhares/ideais de sua época
sobre como deve se dar o ensino de gramática.

O presente texto se coloca as seguintes questões: o quê mudou quanto ao que se


considerava ideal no ensino de gramática nas aulas de português no decorrer do
século XX? Por quê?

Quanto à sua organização, o mesmo subdivide-se da seguinte forma:

(1) A visão de Monteiro Lobato, em Emília no País da Gramática, acerca do ensino


gramatical.

(2) A visão dos PCN de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II acerca do ensino
gramatical.

(3) O quê se considerava ideal em cada época?

(4) Por quê?

(5) Conclusão.

O artigo possui 12 páginas e foi considerado bom na avaliação feita pela Professora
Doutora Neusa Maria Bastos, que leciona no Programa de Pós-Graduação da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. A sua bibliografia conta com trabalhos de
estudiosos como Lajolo (2009), Aranha (1996), Bakhtin (2006), Bastos e Palma (2004),
Neves (2004), Schneuwly e Dolz (2004), Rocha (2012), entre outros. É importante
destacar, ainda, que o artigo enfatiza mudanças ocorridas durante o século XX não
apenas nas aulas de Português como também na Educação em geral.

56
A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO INTOLERANTE EM POSTAGENS NA
INTERNET

Denise Barros da Silva (UPM)

Nosso discurso é produto de todas as vivências que acumulamos no decorrer da vida.


Assim como as relações dialógicas, o suporte utilizado para veicular o discurso
influencia no conteúdo proferido. A rede mundial de computadores, por exemplo, é
um local propício para pessoas que se valem da distância física e da possibilidade de
criarem nomes fictícios em lugar dos nomes reais para propagarem discursos de
intolerância. Neste curto trabalho analisaremos através de um percurso gerativo de
sentido uma postagem feita no Twitter no dia do primeiro turno das eleições, 05 de
outubro de 2014, enquanto a apuração dos votos era veiculada em uma emissora de
televisão aberta. Durante as eleições federais de 2010 houve uma grande quantidade
de postagens nas redes sociais criticando a população de regiões onde o Partido dos
Trabalhadores (PT) recebeu a maioria dos votos. Algumas publicações foram alvos de
processos judiciais. Em 2014 o discurso intolerante por parte de alguns internautas
contra a população do norte e do nordeste foi novamente propagado durante a
apuração dos votos. O corpus escolhido para análise é uma das postagens feitas no
Twitter na noite do domingo de eleição. A proposta deste trabalho é analisar de forma
breve, através da postagem escolhida, a construção de discursos intolerantes nas
redes sociais da Internet. Para tanto nos fundamentaremos na Semiótica discursiva
francesa. Partindo do percurso gerativo de sentido daremos ênfase aos
procedimentos de organização narrativa, principalmente do percurso da sanção.
Também analisaremos brevemente a constituição dos percursos passionais, baseados
em estudos da modalização, aspectualização e moralização discursivas.

57
A NARRATIVA EM HYPERLINK: DE KILL BILL AOS GAMES

Douglas Sáppia (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Lilian Lopondo

A proposta desta comunicação se concentra no exame de um tipo específico de


narrativa que passa a emergir não somente em função do contexto da Pós-
Modernidade, como também por força do papel ocupado pelos meios digitais e a
internet nos estudos de Literatura e de Comunicação; em outras palavras, observar-se-
á o estatuto do texto fílmico de Quentin Tarantino, no sentido de encerrar uma
narrativa híbrida. Nesse seio, atribui-se relevância ao conceito de “Hyperlink”, que
remonta por seu turno à noção de intertextualidade, isto é, trata-se de um fenômeno
que aproxima os textos intrinsecamente em razão de propriedades temáticas ou
estruturais. Assim, procura-se avaliar a dimensão da narrativa em “Hyperlink” com
base em três objetos de estudo: o filme Kill Bill vol.1 (2003), do diretor estadunidense
Quentin Tarantino, o desenho animado japonês (conhecido como animê) Naruto
(2002), criado por Masashi Kishimoto e o game GTA I, de David Jones e Mike Daily
junto a DMA Designs, cujo projeto teve início em 1997. A escolha se deve ao fato de
que todos eles evidenciam um modelo narratológico que circunscreve o papel ativo da
metadiscursividade e sua importância no mercado da comunicação, até o ponto do
enunciatário assumir o papel das personagens. Os universos midiáticos em questão
marcam uma tendência, descrita por Linda Hutcheon (2013) em sua sistematização
acerca dos procedimentos de adaptação, na qual se opera a constante reciclagem dos
produtos culturais inseridos nas formas artísticas do século XXI. Portanto, a fim de
compreender o funcionamento do Hyperlink, em sua qualidade de mecanismo
intertextual das narrativas derivadas a partir do filme, toma-se por base analítica a
comparação entre os processos estruturais que fragmentam o enredo da história
contada no filme, no animê e no game, à medida que resgatam aspectos de outros
textos e mídias, bem como como os princípios segundo os quais se fundamentam o
recurso expressivo de ordem visual que lhes é comum: a articulação da violência em
sua estética.

58
A CONSTITUIÇÃO DO ENUNCIADOR POR MEIO DAS VARIAÇÕES DO
SIGNO E DA SIGNIFICAÇÃO EM UM ENSAIO JORNALÍSTICO

Edison Mendes de Rosa (UPM)


Orientadora: Profª Drª Diana Luz Pessoa de Barros

O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar alguns aspectos do


dialogismo proposto por Mikhail Bakhtin, em sua obra Marxismo e filosofia da
linguagem. Pretende-se demonstrar de que modo o enunciador se constitui para
convencer o leitor de uma determinada realidade, bem como os argumentos
dialógicos de que lança mão para corroborar seu ponto de vista. Será analisado
também como a escolha dos signos pelo enunciador constrói e reconstrói os
elementos no interior do próprio discurso, num processo de convencimento do
enunciatário e consequente legitimação dos argumentos propostos. Para realizar essa
proposta, escolheu-se um texto definido como ensaio jornalístico publicado sempre na
última página da revista Veja — periódico de circulação nacional cujo objetivo é,
basicamente, veicular informação e entretenimento. Definido como um texto de
caráter informal e discursivo sobre determinado tema, o ensaio jornalístico tem como
características a lógica precisa e a argumentação bem concatenada, além da presença
marcante de componentes interpretativos e pessoais de juízo de valor. A lógica
rigorosa e a argumentação coerente exigem boa bagagem cultural e intelectual do
enunciador, qualidades que devem estar presentes igualmente no enunciatário. O
texto em questão está relacionado a acontecimentos do cotidiano e expressa as
opiniões do autor diante de um fato relevante da atualidade. Seu intuito é obter a
concordância do leitor em relação às ideias e argumentações apresentadas,
estabelecendo uma relação dialógica em que as posições do autor do texto são
corroboradas pela construção de uma relação de cumplicidade com esse leitor. Para
Bakhtin, o discurso é uma prática interacional, dialógica, e portanto o posicionamento
do Eu diante de uma realidade social só se completa na existência do Outro, da
alteridade. O autor do ensaio busca, então, os pontos comuns com o discurso interior
do leitor, que, segundo Bakhtin, é a origem de toda significação ideológica.

59
ORIENTANDO NAS NUVENS: A UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS
NOS ENSINO MÉDIO E SUPERIOR

Edmundo Gomes Junior (UPM)


Orientadora: Profª Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Esta comunicação tem como objetivo apresentar ferramentas de trabalho para


professores de ensino médio e superior para fins de orientação e acompanhamento da
produção de seus alunos. Dentre essas ferramentas, daremos um enfoque maior ao
armazenamento em nuvem e suas vantagens em termos de segurança, tendo em vista
o surgimento de vírus cada vez mais sofisticados que se proliferam através do uso de
pen drivers, além de sustentabilidade, sinergia e simultaneidade. Este conceito não é
relativamente novo, porém foi apenas com o aumento da taxa de transferência de
dados, sobretudo no Brasil, que foi possível transformá-lo em uma ferramenta mais
acessível. As convergências tecnológica e digital, que tornaram possível utilizar
diferentes aparelhos para a mesma função, vinculadas com a popularização das
Tecnologias da Informação, proporcionaram aos nascidos após os anos 90, chamados
de millenials ou geração Y, crescerem inseridos num ambiente com acesso maior à
tecnologia, diferentemente de grande parte seus professores, contraste evidenciado
pelos termos nativo e imigrante: para a nova geração de estudantes não existe
diferença entre a vida on-line e off-line, o chamado de cibridismo. Existe uma crença,
senão necessidade, de estar “sempre conectado”, o que modificou as relações
pessoais, e não é de se estranhar que modifique também as relações acadêmicas.
Além disso, a imobilidade das grandes cidades tende a tornar o Ensino à Distância não
só uma opção, mas uma necessidade, e felizmente instrumentos como fóruns,
videoconferências e publicações de páginas de internet se tornaram mais acessíveis,
tanto em relação a seu custo quanto à sua utilização, pois não necessitam mais de um
profissional intermediário para sua execução nem da criação das grandes plataformas
educacionais.

60
COCA-COLA ERA ISSO AÍ. UMA BREVE COMPARAÇÃO DE CAMPANHAS
PUBLICITÁRIAS DE COCA-COLA VEICULADAS NO BRASIL EM 1940 E
2014.

Eduardo Abrahão Dieb (UPM)


Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

Como a Coca-Cola representava e reconhecia o brasileiro nos anos 1940 e como é hoje
em 2014? Por meio de análise semiótica de anúncios impressos de publicações dessas
épocas, busco levantar as características das narrações e discursos da marca. A Coca-
Cola chegou ao Brasil em 1940, movida pela política da empresa durante a Segunda
Guerra Mundial que era colocar o refrigerante ao lado de cada soldado estadunidense
em qualquer parte do mundo. “Providenciaremos para que cada homem nas forças
armadas consiga uma garrafa de Coca-Cola por cinco centavos, onde quer que esteja e
qualquer que seja o custo para a companhia” (PENDERGRAS, 1993: 186). O produto
era desconhecido no Brasil, então foram veiculados anúncios em revistas
apresentando o produto e a forma como deveria ser consumido. O material era
etnocêntrico e mostrava como a Coca-Cola via o Brasil e seus habitantes. A mesma
campanha era apresentada em outros países latino-americanos. Passados mais de
setenta anos, a Coca-Cola tem um gigantesco mercado no Brasil, os anúncios
veiculados mostram os brasileiros não mais como coadjuvantes, mas como atores
principais. Textos e imagens formam as visões do fabricante sobre o Brasil em
momentos distintos. Procuro fazer uma leitura analítica dos elementos componentes
dos discursos nos anúncios veiculados em ambas as épocas, compondo um estudo da
produção de sentidos pela mediação da alteridade.

61
AS POLÊMICAS INTELECTUAIS

Eduardo de Moraes Sabbag


Orientador: Leonor Lopes Fávero

O estudo das polêmicas em nossa história é instigante. O repertório à disposição é


igualmente desafiador – para não dizer enciclopédico –, englobando discussões de
variada importância e repercussão. Há registros de polêmicas políticas, religiosas,
gramaticais, entre tantas outras.

Em nossa pesquisa, procedemos a um corte temporal, separando um período que é


considerado o momento áureo das polêmicas – da segunda metade do século XIX até a
primeira metade do século XX. Uma das obras que serviu de referência para o
presente trabalho foi Duelos no serpentário – Uma antologia da polêmica intelectual
no Brasil – 1850-1950, de Alexei Bueno e Ermakoff George Ermakoff. O título da obra
(“Duelos no serpentário”), de muita criatividade, possui o sentido figurado que
demonstra que os partícipes debatedores, à semelhança das serpentes, estariam
prontos para inocular o veneno no adversário. A obra revela que os polemistas
mergulhavam de corpo e alma na discussão, sem as facilidades eletrônicas de que hoje
dispomos, produzindo textos intermináveis, pelo simples prazer de se fazer prevalecer
perante a opinião da sociedade leitora.

Nesse arco de um século, em que se evidenciava o gosto do brasileiro por este tipo de
peleja, foram incontáveis as polêmicas de destaque, porém, em nosso trabalho, iremos
nos ater a três delas, de índole gramatical e filológica, que merecem atenção pela sua
relevância: 1. A polêmica entre Carlos (Maximiliano Pimenta), de Laet versus Camilo
Castelo Branco; 2. A polêmica entre Júlio Ribeiro versus Padre Sena Freitas; e 3. A
polêmica entre Rui Barbosa versus Ernesto Carneiro Ribeiro.

Com o passar do tempo, essa vetusta arena de debates tendeu ao esvaziamento de


público: na atualidade, faltam debatedores e plateia, empobrecem-se a discussão e o
contraditório. Naturalmente, a pouca propensão da sociedade atual à polemização cria
um efeito colateral – a visão alienante do mundo à sua volta e a incapacidade para o
cultivo da polemização.

62
MYTHOS EX MACHINA: O TEATRO DE ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA SOB A
LUZ DO ESPETÁCULO BARROCO

Eduardo Neves da Silva (Universidade de São Paulo)


Orientador: Flávia Maria Ferraz Sampaio Corradin

As peças tragicômicas do luso-brasileiro Antônio José da Silva (1705-1739), também


conhecido como o Judeu, carregam uma concepção teatral que pode ser vislumbrada
tanto no texto dramático (intrigas), quanto na expressão cênica (efeitos visuais
engendrados por maquinaria). De um lado, percebe-se que, no encalço de
recompensas amorosas ou materiais, as personagens se valem de dissimulações ou
indústrias que proporcionam a movimentação da trama e os lances tragicômicos; de
outro lado, evidencia-se o propósito de puro maravilhamento sensorial, o que era
levado a efeito por mecanismos compostos de fios, engrenagens e corrediças. Partindo
do estudo de texto e cena de três peças do autor, as quais contém um intenso e
recorrente apelo à teatralidade, a saber, Os encantos de Medeia (1735), Guerras do
Alecrim e Manjerona (1737) e As variedades de Proteu (1738) comprovamos que a
produção teatral de Antônio José da Silva se insere na proposta de um teatro de
artifícios barroquistas no qual o engenho do dramaturgo se realiza tanto na fabricação
das intrigas quanto no mecanicismo das maquinarias simuladoras de magia. Dentro do
processo de nossa análise, pudemos constatar prováveis ressonâncias estéticas e
filosóficas, que, em grande medida, contribuem para a compreensão do construto
teatral do autor. Para tanto, tivemos os subsídios dos estudos das relações entre
filosofia cartesiana e Barroco, levados a cabo pelo francês Jean-Pierre Cavaillé (1996),
estudos esses a partir dos quais foi possível deduzir que não só a filosofia e a ciência
progrediram sob a ideia de um panorama intersemiótico do mundo, mas também o
teatro (ele próprio um construto intersemiótico da realidade) esteve inserido num
processo de racionalização de seus meios expressivos.

63
A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO NO LIVRO A BOLSA AMARELA
DE LYGIA BOJUNGA NUNES

Elaine Aparecida dos Santos Estracieri (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira

A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados orais e escritos, concretos e


únicos, que emanam dos integrantes de uma ou de outra esfera da atividade humana.
A estabilidade e a individualização são componentes responsáveis pelo que
denominamos gêneros do discurso cuja riqueza e diversidade são infinitas. Por sua vez,
constata-se que os estudos sobre argumentação começaram com A Arte Retórica de
Aristóteles, livro que é referência até os dias atuais para quem deseja estudar os
aspectos que compõem um texto, tanto em seu aspecto formal quanto persuasivo,
uma vez que a interação social por meio da língua requer argumentatividade.
Considera-se, então, que argumentar envolve persuasão, subjetividade,
temporalidade, sentimentos e vontades. Desse modo, o enunciado é constituído pelas
relações entre locutor e alocutário, responsáveis pelo sentido persuasivo da
enunciação. Dessas idéias teóricas nasce a proposta de pesquisa que aqui
apresentamos. O presente projeto é a fase inicial de uma realização pessoal e
profissional. O estudo dos textos argumentativos sempre foi um assunto de elevado
interesse para pesquisa. Para tanto, no mestrado, a opção pela linha de pesquisa
“Texto e discurso nas modalidades oral e escrita” terá como objetivo analisar a
constituição do ethos feminino no livro A bolsa amarela.

64
A ANÁLISE INTERTEXTUAL E INTERDISCURSIVA DO QUADRO “EL
PELELE” (1791-1792) PINTADO POR FRANCISCO DE GOYA E O
DOCUMENTÁRIO MANTEO DEL PELELE – LA POZA (2007)

Elaine Gomes Viacek Oliani (UPM)


Orientadores: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez e Profa. Dra. Lílian Lopondo

O dialogismo, de acordo com Bakhtin, é um fenômeno constitutivo da linguagem, que


é marcada pelo contexto cultural e que se desdobra em duas formas: a construção do
sujeito face à alteridade e a “aura heteroglótica” – que se refere à natureza dialógica
da cultura, ou seja, múltiplos discursos da cultura. Estes diálogos são estabelecidos
mediante processos intertextuais e interdiscursivos. A partir da definição de
intertextualidade ou dialogismo como uma referência ou uma incorporação de um
elemento discursivo a outro, a proposta deste trabalho é analisar a intertextualidade
que se estabelece entre um documentário exibido em um canal televisivo espanhol em
2007 e um quadro de Francisco de Goya, pintado no século XVIII que retrata uma
brincadeira tradicional espanhola. A análise desses dois exemplos de linguagens
artísticas diferentes e separadas no tempo por aproximadamente três séculos,
justifica-se pela importância da preservação e valorização da cultura espanhola, em
especial, de uma brincadeira tradicional criada provavelmente na Idade Média. O
ponto de partida dessa análise se dará na comprovação da intertextualidade explícita a
partir do processo de citação que é a incorporação de um texto em outro texto. Tendo
como referência o texto não verbal (o quadro), será possível comprovar que não há
uma verdade absoluta na significação dessa brincadeira retratada por Goya. Isso
porque o juízo de valores das mulheres atualmente é diferente do que se vivenciava
no século XVIII, de quando a tela foi pintada. Tendo como ponto de partida a análise
interdiscursiva, será possível tornar evidente o que foi acrescentado, suprimido,
deslocado e/ou invertido na apresentação da brincadeira no documentário com
relação ao retrato feito por Goya.

65
A RETÓRICA DE RUPTURA EM ARTIGOS PROGRAMÁTICOS:
ESTRUTURALISMO, GERATIVISMO E CONSTRUTURALISMO

Eliana Vieira Godoy (Mestranda-UPM)


Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista (UPM)

Este trabalho tem como tema um estudo historiográfico que toma como objeto de
observação, análise e interpretação artigos programáticos (escritos para divulgar
teorias e/ou métodos científicos de uma determinada área) das décadas de 1960 e
1970 escritos por linguistas brasileiros em um período de efervescência da linguística
nacional, que começava a ver solidificada a implantação da área no Brasil e o início da
formação de uma pluralidade de abordagens e métodos, gerando debates e embates
em torno de teorias e formas de pesquisa. O objetivo central desta apresentação é
discutir a retórica de ruptura utilizada por linguistas dessa época. Para o trabalho em
desenvolvimento como dissertação de mestrado, o corpus escolhido são os seguintes
artigos programáticos: a) Miriam Lemle: O novo estruturalismo em linguística:
Chomsky; b) Geraldo Mattos: A linguística construtural; c) Mattoso Câmara Jr. O
estruturalismo linguístico. O trabalho visa a investigar em que medida retóricas de
ruptura se estabeleceram na história da linguística brasileira, tendo em vista a
circunscrição de modos discursivos em grupos de especialidade específicos. Para o
desenvolvimento da pesquisa foram selecionados, seguindo procedimentos já
tradicionais na abordagem historiográfica da pesquisa linguística, parâmetros de
análise internos e parâmetros de análise externos, que serão mais especificamente
apresentados nesta comunicação. Como referencial teórico privilegiado estão autores
como Pierre Swiggers e Konrad Koerner, que contribuíram para a definição da
Historiografia da Linguística como um campo nos estudos linguísticos, com diretrizes
metodológicas e concepções teóricas articuladas a um modo específico de reconstruir
e interpretar a história dos estudos sobre a linguagem.

66
"O SILENCIAMENTO DOS SENTIDOS: UMA ANÁLISE DOS SENTIDOS DO
LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA”

Eliane Mendes Cieplinsky (Universidade Cruzeiro do Sul)


Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Maria Eckert-Hoff

Este trabalho tem como objetivo analisar o livro didático de língua inglesa e como se
dá o silenciamento dos sentidos em determinadas tarefas propostas nas unidades
didáticas. Trago, de minha prática docente, inquietações sobre o papel do livro
didático de língua inglesa e sua (in)eficácia no desenvolvimento da capacidade leitora e
oral do aluno. Para tanto, buscamos analisar as atividades de leitura e prática oral de
dois livros didáticos de nível intermediário superior de cursos intensivos de inglês de
franquias de idiomas, escritos por brasileiros. Queremos problematizar o uso do livro
didático de forma descontextualizada, com atividades que conduzem todos os alunos à
mesma leitura, imprimindo assim um caráter homogeneizante, através do
desenvolvimento de tarefas onde não há espaço para a mobilização de sentidos. À luz
da Análise do Discurso Francesa, pelos postulados de Pêcheux (1988) e Foucault
(1978), o estudo observa no discurso do livro didático de língua inglesa a
representação de mundo, sujeito, língua; que mantém um distanciamento do aluno
através da apresentação de temas irrelevantes à realidade do aprendiz, sequências
didáticas rígidas e tarefas bastante guiadas, dificultando a construção dos sentidos e
promovendo um cerceamento de reflexões. Os primeiros resultados dessa análise
apontam para um livro didático detentor da verdade, impregnado de (pré)conceitos e
que se antecipa às situações dificultosas, onde não há margem para a interpretação ou
utilização do arcabouço que cada aluno traz consigo. Esse estudo indica que os livros
didáticos em análise têm seu desenvolvimento estabelecido com base em premissas
aplicadas ao ensino de idiomas no século XX, quando o silenciamento trazido à esfera
escolar era um padrão adotado por razões ideológicas e portando perpetuado em
nosso século.

67
O PODER ATÔMICO DO MINICONTO: ANÁLISE DE NARRATIVAS
ULTRACURTAS DIVULGADAS EM CONCURSOS LITERÁRIOS NA
INTERNET

Elizete Rodrigues (PUC –SP)


Orientador: Prof. Ms.Vanderlei de Souza (UNICAMP)

Desde Poe, as narrativas curtas, ou short stories, têm ganhado um espaço de


relevância no rol dos gêneros literários mais difundidos e apreciados. Em nossos dias,
sob a influência do avanço das novas tecnologias, da rapidez, a miniaturização e da
hipertextualidade novas formas de escrita tentam a obtenção do máximo a partir do
mínimo, dentre elas o miniconto. O presente estudo teve como objetivo primário
reconhecer a capacidade explosiva desse gênero, ou seja, sua vocação para continuar
o enredamento para além da materialidade linguística, a partir da compreensão
teórica de sua natureza e da seleção e análise de obras divulgadas por concursos
literários na Internet. Buscou, ainda, contribuir para a divulgação e valorização desse
gênero tão pouco conhecido no Brasil. Para esse intento utilizamos, principalmente, os
trabalhos dos brasileiros Capaverde (2004), Gonzaga (2007), Spalding (2008) e
Sanfelice (2009), além de conceitos de expoentes clássicos da teoria do conto, como a
unidade de efeito de Poe, a abertura epifânica de Cortázar, a teoria do iceberg de
Hemingway e a teoria de que um conto sempre conta duas histórias, atribuída a
Borges e desenvolvida por Piglia. Como resultados, pudemos constatar que existem
excelentes exemplares do gênero a circular quase que incógnitos pela rede de
computadores e que sua análise reafirma o potencial de significação que trazem em
seu pequeno corpo, uma vez acionada uma leitura ativa eficiente. Concluímos que,
pelo seu caráter compacto e pela sua grande capacidade de produzir interpretações, o
gênero se presta para a formação do leitor crítico. Ao final, recomendamos que a
pesquisa educacional na área de leitura volte sua atenção para esse filão ainda por
explorar.

68
A METAPOESIA EM CLAUDIA ROQUETTE-PINTO

Eloiza Fernanda Marani (PG-CPTL/UFMS)


Orientador: Kelcilene Grácia-Rodrigues (UFMS)

Poeta carioca, uma das fortes vozes da poesia brasileira contemporânea e autora de
sete livros – Os dias gagos (1991), Saxífraga (1993), Zona de sombra (1997), Corola
(2000), Margem de manobra (2005), Botoque e Jaguar: a origem do fogo (2009) e
Entre lobo e cão (2014) –, Claudia Roquette-Pinto, embora tenha várias obras
publicadas, ainda é uma escritora pouco conhecida nos meios acadêmicos. Entretanto,
o estudo dos textos que compõem a fortuna crítica dessa autora versa sobre muitos
aspectos de sua poética e, revelam uma autora que se utiliza de diversos recursos
literários, como, por exemplo, a metáfora, para sinalizar uma de suas principais
características – a metapoesia –, através de apropriações e exaltações às coisas
simples, banais e insignificantes do cotidiano, como jardins e insetos. O presente
trabalho tem como objetivo: 1) apresentar a poeta; 2) demarcar – a partir do
levantamento da fortuna crítica – a visão dos críticos a respeito da poética de Claudia
Roquette-Pinto, como, entre outros, a formação poética, os temas recorrentes (amor,
fracassos, críticas à sociedade, a essência humana, o metapoema, etc.), o constructo
poético, a originalidade, as influências literárias; e 3) analisar o poema “O que não
fala”, de Corola (2000), demonstrando que uma das marcas poéticas da autora é a
revelação da Poesia nas pequenas “coisas” da realidade factual, em especial na
utilização de termos e fenômenos da natureza, consideradas irrelevantes ao olhar do
homem comum, mas indispensáveis e substanciais para o substrato poético. Daí, erige-
se a poesia como emancipação (in) delimitável do reino da linguagem como possuidora
do poder de filtrar o real ou aprisioná-lo em seu próprio magma para construir um
novo cosmos poético.

69
A FICÇÃO ESCRITA POR FICCIONISTAS MULHERES PÓS-DITADURA
MILITAR

Enedir da Silva dos Santos (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)


Orientador: Prof. Dr. Kelcilene Grácia Rodrigues

Com jargões do tipo Brasil: ame-o ou deixe-o, a sociedade brasileira foi impelida a
acreditar que os bons costumes, o poderio econômico e a repressão de ideais
anárquicos e comunistas poderiam configurar um novo panorama de desenvolvimento
para o país. Assim, o Regime Militar foi instaurado em 1964 em bases bastante
solidificadas, ou seja, apoiada pela classe média da época. Entretanto, durante os 21
anos em que perdurou, o que se viu foram inúmeras ações violentas que não apenas
reprimiam a liberdade de expressão, como ceifavam vidas, principalmente dentre uma
parcela da intelectualidade brasileira, aquela que se opunha e ousava discordar. Nesse
contexto, a literatura, como expressão artística, também foi cerceada e o panorama
literário brasileiro assimilou todos os absurdos a partir de seu instrumento de
trabalho: a palavra. Desse modo, este projeto de pesquisa pretende compreender
como a escrita de autoria feminina iniciada após o início do regime por escritoras
como Marina Colasanti, Márcia Denser e Maria Amélia Melo exteriorizou os horrores
pessoalmente vivenciados ou não durante o período militar. Sabedores de que os
problemas políticos não repercutiram igualmente nas várias camadas sociais, percebe-
se também que as escritoras mencionadas assimilaram de formas diferentes os
eventos, Marina retratou os excessos de poder em personagens que migram pelo
mundo maravilhoso, utilizando-se também o erotismo como reação ao poderio
masculino. Márcia explorou o corpo feminino sedento de sexualidade, que vaga de
motel em motel em busca do que o momentaneamente o abasteça. Maria Amélia
utiliza uma vertente mais feminista, em que o corpo e seu uso constituem artifícios
para uma revolução dos costumes. O que se pretende é que à luz de amplo referencial
teórico como Bakhtin, Todorov, Coelho, entre outros se possa estudar a narrativa
dessas mulheres e perceber as marcas que a história brasileira lhes infringiu.

70
A IDENTIDADE CULTURAL NA OBRA “EVERYTHING WAS GOOD-BYE”,
DE GURJINDER BASRAN

Erica de Moura (UPM)


Orientador: Profa. Dra.Vera Lúcia Harabagi Hanna

Este trabalho, cujo objetivo principal é analisar a identidade cultural dividida de


indianos diasporizados vivendo na sociedade ocidental, ainda está em sua fase inicial.
A pesquisa procura sinalizar que a pressão da comunidade indiana sobre seus
membros, para manter as tradições vivas, pode inibir a individualidade de cada sujeito.
Esse tema será desenvolvido partindo da análise do romance Everything was Good-
bye, de Gurjinder Basran, publicado em língua inglesa no Canadá em 2010. A narrativa
gira em torno da história da indiana Meena, que ainda muito jovem, se muda com a
família da Índia para a Inglaterra e depois para o Canadá. Apesar de a família lutar para
manter suas tradições culturais, Meena, que narra a história, não se sente confortável
com muitos costumes impostos. Ao mesmo tempo, ela não está integrada à
comunidade canadense. Justifica-se a importância desta pesquisa uma vez que o
drama da identidade dividida, enfrentado pela personagem principal do romance
estudado, é comum entre descendentes de imigrantes. Tendo em vista o assunto
tratado, podemos considerar que este trabalho se insere no campo dos Estudos
Culturais, com foco no Interculturalismo. A fundamentação teórica tem como
pressuposto os textos de Ashis Nandy, Ashook Ramsaran, Bhikhu Parekh, Homi
Bhabha, Smitha Radhakrishnan, Stuart Hall e Zygmunt Bauman. A partir das análises
realizadas notamos que a personagem que narra o romance, Meena, por um lado, não
se desvencilhou totalmente das tradições indianas, mesmo residindo no Canadá. Por
outro lado, também não conseguiu se adaptar completamente à vida ocidental,
buscando sua identidade sempre dividida entre os costumes indianos e os ocidentais.

71
O DISCURSO DA INTERDIÇÃO EM CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA

Ernani Terra (UPM)


Orientadora: Profa. Dra.Diana Luz Pessoa de Barros

Neste trabalho, apresentam-se resultados de pesquisa em desenvolvimento que tem


por tema O discurso da interdição na obra Crônica da casa assassinada. Objetiva-se
mostrar como a espacialização manifesta o discurso da interdição, na medida em que
as interações de sujeitos destinatários da interdição estão confinadas a espaços fora
do axis mundi, a Casa propriamente dita, com o consequente insulamento desses
atores, cujas crenças e valores estão em conflito com os herdados da tradição e dados
pelo Destinador social. Trata-se, pois, de um espaço fragmentado, não contínuo, que
atua no sentido de impedir as interações entre os sujeitos. A metodologia consiste na
análise da categoria espaço, particularmente mostrando sua fragmentação, que
compreende as categorias /englobante/ vs. /englobado/ e /alto/ vs. /baixo/. Como a
via de entrada para análise do texto se dará pelo nível das estruturas discursivas a fim
de se verificar como se instalam nos discursos-enunciados as categorias da
enunciação, recorreu-se, preliminarmente, aos estudos de Benveniste sobre a
enunciação particularmente sobre a espacialização. A Semiótica de linha francesa nos
deu o aporte necessário para análise dos percursos narrativos dos sujeitos. Aportou-se
também em estudos que tratam das relações interditas. Freud (Totem e tabu) e Claude
Levi-Strauss (As estruturas elementares do parentesco) nos deram o referencial teórico
para tratar o tema incesto. Resultados parciais mostram que as relações interditas
estão confinadas a espaços disjuntos daqueles em que circulam os sujeitos e que, no
nível discursivo, são figurativizados como ruína, decomposição, degradação e morte.

Palavras-chave: Crônica da casa assassinada; interdição; semiótica; enunciação

72
O DESPERTAR DAS PAIXÕES E A PERSUASÃO NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO

Ester Anholeto Pirolo (UPM)


Orientadora: Profa.Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

Este trabalho propõe discutir sobre a importância do conhecimento do público-alvo e


do despertar das paixões, das emoções, como elementos fundamentais para que se dê
o processo de persuasão no discurso publicitário. Partindo dos estudos de Aristóteles,
Antônio Suarez Abreu, Michel Meyer, T. Vestergaard e Kim Schroder, verificamos o
quanto somos mais emocionais do que racionais e, portanto, o quanto é importante
estimular as emoções dos ouvintes nos mais diversos tipos de discurso, sobretudo
naqueles cujo objetivo primordial é convencer e/ou persuadir. De acordo com esses
estudiosos, os homens devem ser classificados segundo suas paixões, seus
sentimentos preponderantes, para que os oradores possam tocá-los em seus discursos
e agir sobre eles, já que o estímulo aos sentimentos está intrinsecamente ligado à
persuasão. Provocar paixões é um ato tão poderoso, que influencia no julgamento que
se pode fazer de um discurso ou de um orador. E o discurso publicitário não foge
desses princípios. Os textos dessa natureza falam o que os espectadores querem ouvir
e estes, por sua vez, aceitam esse mundo irreal de tal forma, que chegam a fazer o que
lhes é proposto: comprar. Fecha-se um ciclo de identificação entre ouvintes e
oradores, de tentativa e obtenção da persuasão. O discurso fantasioso da publicidade
incita em nós os desejos e as paixões a que somos propensos, comprovando que
somos, de fato, mais emocionais do que racionais. Assim, o processo criador é visto
como uma atitude axiológica, em que há uma empresa que sabe o que é esperado por
seu público-alvo e que, portanto, usa os recursos certos para persuadi-lo.

73
PANDEMIA EM (DIS) CURSO: INFLUENZA A (H1N1) EM MANCHETES DO
JORNAL FOLHA DE S. PAULO

Felipe de Souza Costa (UNIFESP)


Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva

Vários são os estudos que têm voltado o olhar para a esfera discursiva jornalística, a
fim de compreender os possíveis efeitos de sentidos que os enunciados produzem,
levando-se em consideração a produção, a circulação e a recepção. Este projeto de
pesquisa objetiva propor a análise de manchetes veiculadas no jornal Folha de S.
Paulo, entre abril e dezembro de 2009. O tema recorrente é o da “Gripe Suína” ou
Influenza A (H1N1). Pretende-se examinar, à luz da teoria da análise do discurso de
linha francesa, como são construídos os possíveis sentidos dos enunciados publicados
nesse período, tendo em vista que o discurso é a própria linguagem em ação. Para
atingir esse objetivo, inscrevemos nossas discussões nos estudos de Maingueneau
(1997, 2008, 2010 e 2011), a fim de que possamos entender os mecanismos de
linguagem utilizados pelo enunciador na construção de sentidos. Tangenciamos, ainda,
as contribuições de Lage (2004 e 2005) e Lustosa (1996), que nos auxiliam a suplantar
discussões ligadas ao discurso jornalístico. Uma das hipóteses que pode avançar as
reflexões neste projeto é o fato de que as manchetes que constituem o corpus deste
estudo passaram a ser mais alarmantes quando da presença de casos da “gripe suína”
no Brasil. Nesse sentido, é necessário discutir, também, a responsabilidade do
jornalismo frente a questões de saúde pública e de ética. Por fim, é preciso
compreender que em todo jogo de linguagem existe uma arena dissonante de vozes
que podem legitimar um discurso a favor da informação ou do pânico, em especial
quando o assunto é saúde pública.

Palavras-chave: Análise de discurso; jornalismo; Gripe suína; Influenza A (H1N1).

74
CAETANO VELOSO: UM ARTISTA DOS TRÓPICOS

Felipe Pupo Pereira Protta (UPM)


Orientador: Marlise Vaz Bridi

Já são quase cinco décadas em que Caetano, na posição de cancionista, vem


construindo uma obra que não se restringe apenas à sua língua, sua cultura, ou
mesmo, apenas à canção e o palco. Seja o intérprete, o compositor, ou o performer,
temos clara a assunção de uma persona que parece não se satisfzer agradando ao
público dando-lhe mais do mesmo. Seu início, em 67, foi marcado cmoo uma
homenagem à Bossa. Seu mais recente trabalho, tem um com mais voltado para o rock
e transita por variações como o pop e até o funk (carioca). Em Caetano o louvor vem
sempre na mesma medida da crítica, sem que isso torne sua obra ambígua ou dúbia.
Assim, o mesmo vigor que empregado no ufanismo a uma pátria descoberta e
subdesenvolvida, traz também uma crítica ao elitismo que parece fechar os olhos para
fatores assim. A crítca (clara ou por trás das linhas) a modelos que são ordenadosa
serem adotados, e os quais muitos adotam, apenas por uma questão de aparências é
cortante nas letras e melodias de Caetano. Por toos estes aspectos, tentaremos refletir
sobre uma das faces deste artista que mais se coloca com “um objeto não
identificado” ao falarmosa de limites e classificações.

75
A REALIZAÇÃO DO SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
INFORMAL

Felipe Vivian Goulart (UPM)


Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena de Moura Neves

Sendo o português uma língua cujo paradigma conjugacional traz desinências


específicas para cada pessoa verbal, também com formas distintas para o singular e o
plural, seria de esperar que fosse canônico nesse idioma o apagamento do sujeito
pronominal. Esse hábito não parece, no entanto, ser consagrado no português
brasileiro, variante em que o preenchimento do sujeito pode ocorrer mesmo quando,
à primeira vista, não se verifica a presença de qualquer circunstância que torne tal
explicitação funcionalmente necessária – sobretudo na oralidade informal.

Limitando-se à 1ª pessoa do singular, este trabalho busca identificar e descrever os


fatores condicionadores da escolha entre preencher o sujeito eu na superfície textual
ou omiti-lo. Parte-se sem hipóteses pré-formuladas a respeito de tais condicionadores:
o corpus será analisado em função de diversos fatores com o intuito de encontrar
algum determinante na escolha entre sujeito preenchido e sujeito zero. Reserva-se,
ainda, como possível veredito final, a classificação da variação como livre, caso
nenhuma circunstância demonstre condicionar consistentemente a escolha em
questão.

Embora a base teórica seja primariamente funcional (com espaço especial para o
conceito de foco), também serão de auxílio conceitos sociolinguísticos, como a
variação diafásica e a monitoração.

Na busca por um material de análise que refletisse a realidade da linguagem em sua


forma mais espontânea, não marcada por autocensura ou preocupação com a forma,
recorre-se a um gênero novo como corpus: os videologs. Trata-se, prototipicamente,
de vídeos caseiros publicados na internet em que um falante discorre sobre assuntos
variados, com apresentação estética limitada a edições simples. É certo que nenhum
material pode oferecer a mesma ausência de monitoração que se verifica em uma
gravação de falantes que não sabem estar sendo gravados, mas este trabalho
considera que a atmosfera dos videologs é suficientemente informal para que a análise
possa ser feita de forma satisfatória.

76
ANTECIPAÇÃO NARRATIVA NA VINHETA DE
ABERTURA DA MINISSÉRIE A PEDRA D’O REINO

Fernanda Cristina Araújo Batista (UPM)


Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Luiza Guarnieri Atik

Este trabalho é um recorte de nossa tese de doutorado, em andamento pelo Programa


de Pós-Graduação em Letras da UPM, e visa a analisar a vinheta de abertura e de
fechamento da minissérie A Pedra d’O Reino (2007) a fim de descobrir a maneira pela
qual ela cumpre seu papel de “rito de passagem do telespectador de um universo a
outro”, responsável por diferenciar as produções e trazer, de forma condensada, os
programas narrativos orientadores da obra para o espectador de modo a orientá-lo
sobre como deve apreendê-la (BALOGH, 2005, pp. 146-148). A Pedra d’O Reino foi
adaptada do Romance d’A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta (1971),
de Ariano Suassuna, por Luiz Fernando Carvalho em parceria com a Academia de
Filmes e com a Rede Globo de Televisão como homenagem aos oitenta anos de vida
do autor paraibano. O romance da qual se originou dialoga abertamente com a
heráldica e com a literatura de cordel – base popular sobre a qual Suassuna procurou
construir uma obra erudita de acordo com sua proposta de atuação dentro do
Movimento Armorial – desde o título e as gravuras da capa e internas feitas por meio
do processo de xilogravura, até a divisão das partes, as quais não recebem o nome de
“capítulos” e “subcapítulos”, e sim de “livros” e “folhetos”. De forma similar, a
minissérie dialoga com o cordel e com a heráldica por manter alguns elementos do
romance, tais como as gravuras, e por apresentar cantadores atuando em cena.
Buscamos, aqui, desvendar se a vinheta de abertura antecipa esses diálogos e os
efeitos de sentido que gera ao fazê-lo ou não.

77
RESQUÍCIOS DO REGIME MILITAR BRASILEIRO EM CONTOS DE B.
KUCINSKI

Fernanda Reis da Rocha (UPM)


Profª. Drª. Helena Bonito Couto Pereira

A ditadura militar, regime autoritário instituído no Brasil entre 1960 e 1980, assim
como as feridas por ela deixadas, configuram-se como temáticas de significativa
importância a serem abordadas pelas mais distintas instâncias sociais e culturais, a fim
de que esse obscuro período não seja esquecido e, muito menos, repetido. Em virtude
do cinquentenário desse acontecimento histórico, o ano de 2014 foi marcado por
exposições, palestras e simpósios organizados por universidades e outras organizações
acadêmicas e socioculturais e pelos lançamentos (e relançamentos) de obras de
diferentes manifestações artísticas. Este artigo discute, por meio da análise de dois
contos – “Joana” e “O velório”, inseridos na mais recente obra de Bernardo Kucinski,
Você vai voltar pra mim e outros contos -, um aspecto relevante dos “anos de
chumbo”: os desaparecidos políticos e os desdobramentos desse fato na vida dos que
com eles mantinham vínculos familiares, afetivos e sociais. Muitos são aqueles que,
ainda hoje, permanecem sem qualquer explicação acerca do destino de seus entes
queridos, vivenciando de modo ininterrupto a dúvida pela confirmação ou não de uma
morte e a ausência de um corpo pelo qual velar. Visando a exploração de tais pontos,
este trabalho baseou-se, primeiramente, nos próprios textos de Bernando e, num
momento posterior, em publicações de órgãos oficiais – como Arquidiocese de São
Paulo, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e a Comissão Especial sobre Mortos
e Desaparecidos políticos – e a teóricos voltados a tais temáticas como James Wood,
Renato Franco, Elio Gaspari e Márcio Seligmann-Silva. A ditadura deixou, tanto nos
anos em que vigorou como nos seguintes, para aqueles que perderam um ente
querido, um rastro de dor e separação forçadas, uma convivência diária com uma
cicatriz permanentemente aberta, porém se tais sofrimentos não foram aplacados, o
amor e a lembrança frente aos que partiram também não o foram.

78
DAS PÁGINAS DA BÍBLIA À TELA DO CELULAR: A LITERATURA E SEUS
PERCURSOS DE ADAPTAÇÕES

Fernando Luis Cazarotto Berlezzi (UPM)

A literatura é uma questão que sempre interessou tanto seu público-alvo, ou seja, os
leitores, também como a Industria Cinematográfica e de Televisão. Hollywood fareja
sucessos de longe até porque a fidelização de seus adeptos é enorme e assim forma-se
milhares de fãs. O livro sagrado tem inspirado filmes, mas um período, em especial,
merece destaque. Os chamados "épicos bíblicos" sob a produção de Cecil B. DeMille,
nos anos 1950, tornaram-se uma referência no gênero. Segundo o "The Hollywood
Reporter", "Os Dez Mandamentos" (1956), com Charlton Heston, rendeu US$ 65
milhões nos EUA, o equivalente hoje a cerca de US$ 1 bilhão. A Bíblia é um dos livros
mais antigos da humanidade e uma das maiores fontes de inspiração para o cinema,
televisão e até mesmo para outros livros baseados no tema, afinal o Livro Sagrado
possui uma fonte excelente para todo os tipos de histórias: drama, ação, romance e
até efeitos sobrenaturais e milagrosos. Porque o cinema e a televisão se interessam
tanto em adaptar histórias bíblicas? O objetivo principal deste trabalho é fazer um
levantamento das produções audiovisuais (cinematográficas ou televisivas) adaptadas
a partir do texto bíblico e verificar as mudanças que acontecem no processo de
transposição do texto bíblico para outras mídias, levando em consideração a análise da
questão ideológica no texto e no vídeo, assim como questões de produção como
construção de personagens, cenários e formação do enredo, deste modo,
aproximando ou distanciando a ficção televisiva do texto literário a partir dos autores
Jon Solomon e Babington & Evans que analisam esta relação literatura bíblica e suas
adaptações.

79
O DIÁLOGO NAS NARRATIVAS BÍBLICAS

Francikley Vito (UPM)


Orientador: Prof. Dr.João Cesário Leonel Ferreira

Como todas as narrativas artisticamente construídas, as narrativas bíblicas apresentam


elementos estruturais fundamentais em sua constituição; a saber: tempo, cenário,
personagens, enredo e um narrador que é responsável pela organização do enredo e
de dispor todos esses elementos de forma organizada no tabuleiro narrativo. Na
relação entre as personagens e o mundo do texto, um elemento é fundamental para
construção de características e significados nas histórias narradas: os diálogos. Nas
narrativas bíblicas os diálogos exercem várias funções, desde os chamados “mal-
entendidos”, artifício retórico-narrativo para compreensão de uma verdade oculta
(GOURGUES, 2014), até a auto revelação das personagens (ALTER, 2007). Segundo
Alter, aquele que quer interpretar as narrativas bíblicas precisa atentar com muito
cuidado para a construção dos diálogos que aparecem nesses textos. Ancorados, pois,
na afirmativa de Alter iremos demonstrar como o personagem João, o Batista
(batizador), revela sua identidade e missão no diálogo inicial do Quarto Evangelho (Jo
1.19-28). Nesta apresentação, privilegiaremos esse diálogo não porque ele seja o mais
importante do evangelho joanino, mas porque ele é um exemplo daquilo que foi
chamado de “microdiálogo” (BAKHTIN, 2013) e por apresentar as características
básicas do diálogo bíblico estudada por Alter, uma das maiores autoridades quando
falamos de narrativa bíblica.

80
O DISCURSO IMAGÉTICO NO DOCUMENTÁRIO “ÔNIBUS 174”

Francisco Redondo Periago (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

Este trabalho está relacionado ao discurso imagético no documentário “Ônibus 174”


do cineasta José Padilha. O caso foi transmitido ao vivo por diversas emissoras
televisivas. E é justamente em cima dessa cobertura televisiva, que o cineasta
encontrou a maior parte do material audiovisual para a montagem da base do
documentário. Dessa forma, a base dialogista do documentário está alicerçada em um
discurso jornalístico que foi adaptado para o gênero cinematográfico. Assim o
documentário possui imagens que proporcionam uma leitura objetiva e, por outro
lado, também existem as imagens conotadas com subjetividades e que estão
relacionadas ao ponto de vista do cineasta. Problema: se tratando de imagens
subjetivas, a sua leitura está relacionada na interpretação de enunciados alojados na
composição de um determinado enquadramento, movimento e posicionamento de
câmera. Assim, verifica-se que a imagem possui uma composição de vários tipos de
signos que compõem as enunciações que podem ser interpretadas por meio de
sentidos ou valores. Dessa forma, o documentário não apresenta uma versão
completamente realista sobre o fato de forma jornalística.

Objetivo: objetivo do trabalho foi detectar e analisar algumas composições imagéticas


que atuam de forma subjetiva para a formação discursiva que apresenta o ponto de
vista do cineasta sobre o tema. Metodologia: foram realizadas coletas de dados
através de pesquisas bibliográficas nas áreas do jornalismo e linguagem audiovisual,
bem como a realização de uma avaliação técnica do documentário "Ônibus 174”.
Fundamentação Teórica: uma das premissas sobre o produto documentário é a forte
relação que este gênero tem em relação à realidade. Porém, conforme o escritor Bill
Nicholls, o documentário é um produto autoral que traz engajado o ponto de vista do
diretor. Dessa forma, a parcialidade está explicitada nas enunciações que compõe a
constituição do documentário.

81
ANÁLISE DE DISCURSOS DE SITES DE KENJINKAI DO BRASIL:
A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE CULTURAL TIPICAMENTE
NACIONAL

Fred Izumi Utsunomiya (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

Trabalho que procura reconstruir a identidade de associações de provincianos de


origem japonesa no Brasil – conhecidos como kenjinkai – através da análise do
discurso presente nos sites dessas entidades. Um kenjinkai reúne imigrantes de uma
determinada província japonesa e seus descendentes com o objetivo de servir como
elo de ligação entre os associados e a província de origem. O Japão possui 47
províncias e no Brasil existem 47 kenjinkai em funcionamento, formados
principalmente por nikkei de nacionalidade brasileira. Cada kenjikai reúne de dezenas
a centenas de pessoas periodicamente para o desenvolvimento de atividades sociais,
culturais, beneficentes e de lazer. Esse número de entidades que estão na ativa
surpreende, pois hoje, passados quase cinquenta anos da finalização do processo de
imigração japonesa no país e com a grande maioria da população nipo-brasileira tendo
absorvido a cultura brasileira, que identidade cultural esses kenjinkai professam ter?
Eles se assumem como entidades japonesas ou entidades brasileiras? Este trabalho é
elaborado a partir de uma tese de doutorado que investigou qual é a identidade
cultural que pode ser reconstruída através dos discursos dos sites dessas instituições.
Três sites foram selecionados para serem analisados segundo metodologia proposta
pela semiótica narrativa e discursiva (Hokkaido, Yamagata e Shimane), sob a
perspectiva de construção de identidade cultural a partir do discurso proposta pelos
Estudos Culturais, chegando-se à conclusão de que o ator da enunciação dos kenjinkai
no Brasil, apesar de sua origem japonesa, é um ator brasileiro que possui uma
identidade cultural brasileira.

82
AUTOBIOGRAFIA FICCIONAL EM ROMANCES BRASILEIROS
CONTEMPORÂNEOS

Giovana dos Santos Lopes (UPM)


Orientadora; Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Na presente pesquisa, propomo-nos realizar um estudo de quatro narrativas ficcionais


de autores brasileiros contemporâneos: Mãos de cavalo (2006), de Daniel Galera; O
filho eterno, de Cristóvão Tezza (2007); Passageiro do fim do dia (2010), de Rubens
Figueiredo;e Diário da queda (2011), de Michel Laub. Esses quatro romances possuem
histórias muito diferentes, mas têm em comum o olhar voltado a si mesmo: a
autobiografia ficcional. As construções de imagens fragmentadas, no tempo e no
espaço, assim como a presença de narradores diferentes e inquietantes, somam-se às
características que integram elementos da urbe: O espaço, o caos das cidades, a
violência e a memória são mescladas entre o real e o ficcional. Tais elementos são
cruciais na construção das personagens que fazem parte desses romances, que temos
por objetivo analisá-los sob o foco da pós-modernidade. Os quatro autores
apresentam personagens contemporâneas que percorrem diferentes caminhos, mas
acabam por ter em comum o intuito de redescobrir suas identidades. Tais personagens
são construídas segundo características da vida pessoal, dos respectivos autores,
entrelaçadas com elementos da ficção. Propomo-nos realizar, num primeiro momento,
o caminho percorrido para a construção da personagem pós-moderna, enquanto
autobiografia ficcional, tal como: a narrativa fragmentada, a urbe, o espaço, - como
aspectos do pós-modernismo, tão bem articulados pelos autores. Temos enquanto
finalidade, ainda, contribuir para uma gama de leituras no que concerne à crítica
literária, e à fortuna crítica dos respectivos autores.

Palavras-chave: Pós-modernismo, autobiografia ficcional, urbe, romance.

83
O SINCRETISMO CULTURAL E LINGUÍSTICO NAS AULAS DE
PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: VENCENDO O JOGO DAS
IDENTIDADES ESTIGMATIZADAS

Giselda Fernanda Pereira (UPM)


Orientadora: Prof.ª Dra. Regina helena Pires de Brito

Este trabalho tem por finalidade apresentar uma pequena experiência dentro da sala
de aula de Português Língua Estrangeira (PLE) para refugiados em São Paulo. É preciso
concentrar-se no fato de que os alunos não são simples estrangeiros, estabelecidos
temporariamente na cidade. Os refugiados são pessoas forçadas a fugirem de seus
países devido a questões políticas, religiosas, militares, entre outros problemas. Por
esta razão, temos que levar em conta que a presença do refugiado será, a princípio,
permanente – ele está à procura de um novo “lar” (na definição senso-comum de
“abrigo”, de “espaço de proteção”). Após um contato inicial com um pequeno grupo
de refugiados, oriundos de diferentes partes – República do Congo, Nigéria, Camarões,
e outros países da África, e também de diferentes cidades da Síria –, foi possível
refletir sobre novas tensões existentes no processo de aprendizagem. Mais do que o
jogo das identidades culturais envolvidas, os refugiados se deparam com a necessidade
de vencer estigmas. O estigma é uma marca diferencial, que exige do indivíduo
estigmatizado um maior esforço, não somente para ser aceito em um novo grupo, mas
sobretudo representar-se diante de um novo grupo; representar-se em um novo país,
em uma nova cultura. Sob a ótica das teorias do cientista social canadense Erving
Goffman, vamos discutir estratégias de interação a serem usadas nas aulas de PLE que
propiciem um melhor resultado no processo de interação – cuja preocupação não está
orientada unicamente entre professor/aluno, mas se estende a uma plêiade de
relações sociais estabelecidas pelo refugiado em seu período de adaptação.

84
O NARRADOR COMO MEDIADOR DE LEITURA EM AS AVENTURAS DE
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Gisele Gomes Maia (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Marisa Lajolo

Investigando a hipótese de que a narrativa Alice’s Adventures in Wonderland, clássica


história da literatura infantil inglesa, foi inicialmente contada oralmente por seu autor
Charles Ludwig Dodgson (que posteriormente a publicou sob o pseudônimo de Lewis
Carroll) a três meninas da família Lidell, entre elas Alice, em um passeio de barco pelo
rio Tâmisa, buscaremos na obra indícios da oralidade, como alguns trechos
explicativos, descritivos e/ou de interação, que permaneçam no texto escrito,
revelando um diálogo estabelecido entre autor e leitores pela intermediação do
narrador. A partir disso, verificaremos a permanência desse diálogo em três traduções
para a Língua Portuguesa, sendo elas as realizadas por Monteiro Lobato (1931), Ana
Maria Machado (2000) e Tatiana Belinky (2008). Atentaremos-nos com especial
atenção à de Monteiro Lobato, por ser a que nos apresentou maior preocupação em
adaptar não só a linguagem, mas também os elementos espaciais e as personagens da
obra para a nossa cultura brasileira. Consideramos a hipótese de que essa interação
pode ser fator que contribua para a permanência da obra, hoje considerada um
clássico da literatura universal, uma vez que traz orientações para sua a leitura, o que
auxilia leitores de diferentes contextos (espaciais e temporais) na compreensão da
obra. Para a realização de tal estudo, nos apoiaremos na noção de sistema literário de
Antonio Candido (1959), em estudos sobre tradução literária de Bassnet (1980), e nas
concepções de formação de leitores e mediação de leitura de Lajolo (2001), Hunt
(1991), Petit (2008) e Colomer (2003).

Palavras-chaves: Lewis Carroll, Leitura, Sistema literário, Tradução.

85
DOS LOW-LIFES DA LAPA, AO UPPER XINGU E AO DICTATORIAL ESTADO
NOVO: CARACTERÍSTICAS ESTRANGEIRIZADORAS E
DOMESTICADORAS NA VERSÃO DE NOVE NOITES À LÍNGUA INGLESA

Glauco Corrêa da Cruz Bacic Fratric (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Lílian Lopondo

O presente trabalho terá como objetivo central selecionar alguns poucos trechos da
versão elaborada por Benjamin Moser, à língua inglesa, da obra “Nove Noites” 1, de
Bernardo Carvalho. A partir das análises propostas que, em nenhuma medida, visam
ao esgotamento do tema ou à proposição de verdades absolutas, buscaremos
suposições acerca de uma atitude mais domesticadora em alguns dos trechos e mais
estrangeirizadora em outros trechos, no ato tradutório da obra em questão.
Inicialmente, serão necessários os desenvolvimentos de alguns dos conceitos que
cercam a proposta de nosso trabalho, antes que adentremos as análises dos trechos da
obra, propriamente ditos. Utilizaremos como referência alguns conceitos aventados
em períodos remotos, como na Antiguidade Clássica, quando Cícero, na busca de
identificar qual tradução seria mais fiel à essência do texto na língua de partida,
contrasta a tradução palavra-por-palavra à tradução mais aproximada das
características textuais da língua de destino, bem como mencionaremos o conceito de
domesticação e de estrangeirização, conceito esse mais contemporâneo e veiculado
por teóricos da tradução, como Lawrence Venuti (2002). A partir daí, selecionaremos
algumas escolhas do tradutor da obra em questão para a língua inglesa, e de que
forma identificamos uma aproximação ou um distanciamento da cultura de destino.
Utilizaremos alguns nomes próprios, como no caso de Alto Xingu, bem como
expressões, como "malandragem" ou "Estado Novo" e formas de tratamento, como
"dona", tão peculiar à língua portuguesa, e que foram vertidas à língua inglesa, ora por
transcrição e ora por busca de termos equivalentes, a fim de identificarmos exemplos
tanto da aproximação quanto do distanciamento já mencionados no ato tradutório.

Palavras-chave: Nove Noites, Tradução, Versão, Língua Inglesa, Domesticação,


Estrangeirização.

1
Para os trechos na língua de partida, a portuguesa, os selecionaremos de CARVALHO, B. Nove Noites.
São Paulo: Companhia das Letras, 2006. Para os trechos na língua de chegada, a inglesa, os
selecionaremos de CARVALHO, B. Nine Nights. Translated by Benjamin Moser. London: Vintage Books,
2007.

86
O VOO DA MADRUGADA: O FANTÁSTICO NO CONTO DE SÉRGIO
SANT’ANNA

Heloisa Antoniolli Marino (UPM)


Orientador: Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Trevisan

Ao longo dos anos, o fantástico fortaleceu-se graças a sua constante renovação, que
possibilitou expandir a abordagem do gênero. Os textos deixaram de limitar-se apenas
às realidades imaginárias passando a incorporar ao estilo a realidade do cotidiano
humano. Em “O voo da madrgada”, Sérgio Sant’anna transforma uma simples viagem
de Boa Vista à São Paulo em uma situação que transita entre os limites do real e o
imaginário. Para compor a narrativa, o autor utiliza-se de elementos comuns, mas que
carregam um grande teor de ambiguidade que passam a colocar em cheque a
sanidade de seu protagonista. O presente trabalho tem como finalidade explorar as
questões do fantástico incorporadas no conto. Utilizando os conceitos teóricos de
Tzvetan Todorov e Filipe Furtado sobre o fantástico será feita uma amostragem acerca
dos elementos do sobrenatural mesclados ao real, de maneira que causam o efeito de
hesitação e ambiguidade, resultando na atmosfera de mistério que estimula a
imaginação do leitor. Para isso, serão feitos apontamentos que indicam a manifestação
do gênero dentro do texto, como os personagens secundários, que possuem uma
dualidade em sua interpretação, e a própria ambivalência do protagonista que
demonstra a sua incerteza dos fatos ao longo da narração. Por meio desses tópicos, o
fantástico se faz presente pela manifestação do insólito, a dúvida que perpassa a
narrativa tira o leitor de sua zona de conforto, despertando assim a sua inquietação,
dessa forma, ele insere-se e compartilha do espetáculo que é o fantástico.

87
O ORIENTE ENQUANTO ALTERIDADE: UMA BREVE ANÁLISE DAS
DIFERENTES VISÕES DE MUNDO ENTRE OCIDENTE E ORIENTE A
PARTIR DO ESTUDO DE LÍNGUAS VERNACULARES

Higor Branco Gonçalves (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista

O trabalho visa comparar brevemente as culturas ocidentais, dentre as quais


focaremos na brasileira, com as culturas orientais, cujo principal exemplo será a
japonesa, a partir, sobretudo, da análise e discussão de aspectos sintáticos e
morfológicos de línguas vernaculares – verificaremos em que medida as línguas
nacionais refletem e refratam um modo de interpretar a realidade e agir sobre o
mundo. Nosso estudo evidenciará o papel central que a linguagem humana exerce,
enquanto instrumento de verbalização de signos, no desenvolvimento de formações
ideológicas bastante distintas (ainda que ao mesmo tempo também familiares) no
Ocidente e no Oriente, bem como, por outro lado e de forma circular, a maneira como
tais formações ideológicas materializam-se em formações discursivas considerando-se
os diferentes contextos sociais e as diferenças na relação eu versus outro. Certas vezes
tomaremos como base elementos linguísticos para iniciar a discussão acerca de um
determinado modo de ser e, outras vezes, faremos o contrário e lançaremos mão de
elementos linguísticos para exemplificar e ilustrar diferentes quadros axiológicos
aventados. Enquanto ocidentais, a exploração da cultura oriental não só propicia que
aprendamos com o diferente, mas que também passemos a conhecer-nos melhor, pois
por uma questão de proximidade cultural muito de nós próprios nos permanece
obscurecido, e assim escapam-nos diversos traços de nosso ethos que só são
perceptíveis quando em contato com a alteridade. O estudo das culturas orientais,
relativamente pouco exploradas pelo homem ocidental até o presente momento,
mostra-se, dessa maneira, cada vez mais importante no contexto pós-moderno atual
de globalização e de problemática das identidades pessoais e nacionais.

88
A RETÓRICA DAS PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO EM TEXTOS
OPINATIVOS
Inês Teixeira (PUC-SP)
Orientador: Luiz Antônio Ferreira

O tema “A retórica das propostas de intervenção em textos opinativos, produzidos em


situação escolar por alunos de ensino médio”, é parte de pesquisa de doutorado que
trabalha com a representação da realidade nesse gênero. O objetivo é levantar valores
coerentes e críveis em relação a um determinado contexto político-sócio-cultural. O
corpus se constitui de trechos das propostas de intervenção de textos opinativos,
produzidos pelos alunos em situação da aprendizagem preparatória para o ENEM.
Busca-se trazer à tona a identidade desse ethos retórico, diante do apagamento da
subjetividade, dentro da realidade cultural, social e política desses alunos. A
construção desse ethos, no discurso, traz implícito valores morais e éticos resultantes
do constructo social em que os produtores do texto estão inseridos, criando uma
noção sociológica desse ethos. A partir de uma coletânea de trechos com intervenção,
retirados de textos opinativos, traça-se o perfil do ethos que se propõe a intervir na
realidade a partir dos valores pra os quais ethos aponta. Para isso, a fundamentação
teórica será da retórica aristotélica e da nova retórica de Perelman e Tyteca que
fornecem caminhos para interpretar o discurso. A conclusão traz a compreensão e
teorização dos posicionamentos argumentativos que, de modo relevante, permitem o
aprimoramento dos procedimentos pedagógicos e avaliativos no ensino de artigo de
opinião.

Palavras-chave: ethos retórico, proposta de intervenção, artigo de opinião.

89
DEBATE POLÍTICO TELIVISIVO: ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS E
PARALINGUÍSTICAS DE CONSTRUÇÃO DE UM DISCURSO POLÊMICO

Ione Vier Dalinghaus (UPM)


Orientador: José Gaston Hilgert (UPM)

Este trabalho insere-se no âmbito dos estudos linguístico-discursivos em que se


analisam as interações face a face. O estudo está focado nas diferentes estratégias
interacionais que sustentam um debate político televisivo e vem ancorado nas teorias
da enunciação e da cortesia/descortesia. Pontua-se que o discurso político é apenas
um dos inúmeros gêneros discursivos linguisticamente construídos, talvez o mais
polêmico e, consequentemente, sob esse ponto de vista, um dos que mais dados
verbais e não verbais oferece ao pesquisador. Convém lembrar que, neste tipo de
interação face a face, ocorre uma tripla interação, a saber, entre os dois debatedores,
entre estes e o mediador e entre os debatedores e o público telespectador, principal
enunciatário do programa. No intuito de convencer o eleitorado, os candidatos lançam
mão de diferentes recursos linguísticos e paralinguísticos, geralmente, marcados pela
descortesia. Na presente comunicação não se fará uma análise das manifestações de
descortesia no debate, mas pretende-se mostrar, à luz dos fundamentos teóricos da
enunciação e da cortesia/descortesia, a pertinência de seu estudo nesse de objeto de
investigação. O corpus da pesquisa - composto de três vídeos e da transcrição
completa dos três blocos do debate disponível on-line - é o debate político entre os
candidatos a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). O
evento foi organizado pelo SBT- Sistema Brasileiro de Televisão e UOL – Universo
Online, exibido por ocasião do segundo turno das eleições de 2012. A análise completa
do referido objeto, na perspectiva apontada, é meta da tese de doutorado a ser
concluída em 2016.

Palavras-chave: estratégias discursivas, debate eleitoral, interação face a face.

90
A FRASEOLOGIA EM DON QUIJOTE DE LA MANCHA E SUA
EQUIVALÊNCIA NA LÍNGUA PORTUGUESA

Iromar Maria Vilela (UFMS/Mackenzie)

Este trabalho faz parte da minha pesquisa para a realização dos meus estudos de
doutorado. Tem por objetivo analisar as possíveis equivalências das unidades
fraseológicas da obra Don Quijote de la Mancha na tradução feita para a língua
portuguesa. Maigueneau (2002) considera que a enunciação proverbial é
fundamentalmente polifônica, ou seja, o enunciado pelo falante apresenta uma
retomada de enunciações passadas, os locutores já proferiram aquele provérbio
anteriormente.

Narrando resumidamente o percurso histórico traçado pelas Línguas Espanhola e


Portuguesa temos _ o latim chegou à Península Ibérica no século III a.C. e deu origem
as línguas românicas das quais fazem parte as Línguas Portuguesa e Espanhola, entre
outras. Em 711acontecem as invasões mouras e a Língua Árabe se faz presente na
Península. Em 1.112, Portugal se tornou a primeira nação europeia a conquistar o
status de Estado. O português arcaico se consolidou até o século XII, mas os primeiros
escritos só vieram no século XIII. A Língua Portuguesa foi oficializada em 1.279, pelo rei
D. Diniz, com intenção de se proteger, pois eram constantes as guerras contra Castela,
que queria reanexar o território português. Castela, por sua vez, somente conseguiu a
sua unificação em 1492 e passou a ser Espanha. Neste mesmo ano, Antonio de Nebrija
escreveu a 1ª gramática em Língua Espanhola e oficializaram o idioma. Considerando
este breve relato histórico dos povos da Península Ibérica e principalmente o fato das
línguas serem originarias do mesmo tronco (Proto-Indo-Europeu), questionamos:
Miguel de Cervantes escreveu Don Quijote de la Mancha no século XVII, será que
muitos dichos e refranes proferidos pelas personagens tem os mesmos significados
quando traduzidos para Língua Portuguesa? Para J. Leyva (2004), refranes e dichos são
anônimos porque fazem parte da sabedoria popular, portanto podemos considerá-los
uma herança cultural, transmitida de geração em geração e mais, são universais, pois
desconhecem fronteiras linguísticas e territoriais.

Palavras Chave: Dichos, Refranes, Polifonia, Cultura.

91
AS REPRESENTAÇÕES DO FEMININO EM CRÔNICAS DO COTIDIANO DE
MARINA COLASANTI

Jaquelini A S. Corrêa (PUC/SP)


Orientador: Profa. Dra. Silveira, Regina Célia Pagliuci. (PUC/SP)

O projeto proposto está situado na área do discurso e tem por objetivo examinar as
representações do feminino nos marcos de cognições sociais expressos em crônicas de
Marina Colasanti. Objetiva-se também contribuir com os estudos linguísticos
discursivos que tratam da representação do feminino na sociedade brasileira. O
procedimento metodológico é teórico-analítico, com análise qualitativa de material
documental. O projeto está fundamentado na Análise Crítica do Discurso (ACD) com
vertentes social e sócio-cognitiva. Assim, trata-se de uma pesquisa multidisciplinar
hierarquizada pelas ciências da cognição. As categorias analíticas são: sociedade,
discurso e cognição. Entende-se que a sociedade é formada por diferentes grupos
sociais e estes se definem por uma reunião de pessoas que tem os mesmos objetivos,
interesses e propósitos para focalizar os eventos do mundo. As formas de
conhecimento têm natureza memorial e resultam da inter-relação de conhecimentos
sociais e experiências individuais, de forma a construir conhecimentos avaliativos que
são crenças. Segundo a ACD (Análise Crítica do Discurso) há uma dialética entre o
social e o individual, assim, tem se por pressuposto que nas crônicas de Marina
Colasanti, há um guia social para representação ideológica do feminino que está inter-
relacionado com a posição avaliativa individual da cronista. Como a pesquisa está no
início os resultados apresentados são parciais. Eles indicam que: 1º com as mudanças
sociais resultantes da pós-modernidade com capitalismo tardio e as altas tecnologias,
há uma mudança no discurso. Assim, Marina Colasanti conflitua com os valores
machistas impostos para representação preconceituosa do feminismo; 2º As crônicas
são textos da classe opinativa, sendo construídas a partir de uma circunstância (ponto
de vista individual da autora) em relação às cognições sociais (sociedade machista); 3º
Os argumentos apresentados pela autora são de legitimidade e reforço incompatíveis
com as formas de representação machista da sociedade brasileira e seus respectivos
papéis sociais.

92
HELENA MORLEY NA LITERATURA E NO CINEMA

Joanna Durand Zwarg (UPM)


Orientador: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan

Em uma análise comparativa entre o romance Minha vida de menina (1942), de Helena
Morley - pseudônimo de Alice Caldeira Brantt -, e o filme Vida de Menina (2004),
adaptação do romance, dirigido por Helena Solberg, também responsável pelo roteiro,
junto com Elena Soárez, exploramos a configuração da personagem protagonista nas
linguagens fílmica e literária. Nas duas obras acompanhamos registros do diário
pessoal de Helena Morley em diálogo constante com o cotidiano de Diamantina no
período em que, no Brasil, ocorria a abolição da escravatura e proclamava-se a
república, período marcado pela crise na mineração de diamantes em Diamantina e
pela existência de preconceitos por diferenças religiosas, raciais e de classes que
saltavam aos olhos e estavam enquadrados na formação de identidades. Os universos
da leitura e da escrita são objetos de reflexão da personagem, uma menina que
percebe, interage e reinventa seu entorno – o que ela chama de “construir castelos” –
ao ler a Diamantina de seu tempo por um viés ao mesmo tempo inocente e
transgressor. A linguagem cinematográfica revela, no entanto, um modo peculiar de
perceber a história do Brasil no final do século XIX, o que veremos a partir de um
estudo da configuração da personagem nas duas obras. Para fundamentação teórica
deste estudo comparativo recorremos, principalmente, a teorias voltadas aos estudos
cultura, teorias da literatura e do cinema, relações entre ficção e história. A exemplo
de Stuart Hall, Antoine Compagnon, Antonio Cândido, Robert Stam e Walter Mignolo.

93
PALAVRA E REVOLUÇÃO: ENTRE A LITERATURA E A HISTÓRIA

Joanna Durand Zwarg/ Mariana Rodrigues Lopes (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan

Este trabalho se propõe fazer uma reflexão acerca das relações entre a literatura e a
história, tendo como corpus a romance La insurrección (1982), do autor chileno
Antonio Skármeta. Cabe ressaltar que nosso referencial teórico são os Estudos
Culturais e os Estudos literários, especialmente os estudos de Carcía Canclini, Bhabha,
Stuart Hal, Walter Mignolo, Antoine Compagnon, Ítalo Calvino. Skármeta propõe a
escritura da historia a partir da reconstrução de espaços e tempos desde os pontos de
vista dos personagens e focos narrativos que representam coletividades sociais
diversas. No romance em questão, a história da Revolução Popular Sandinista é
contada pela perspectiva de figuras do povo nicaraguense que, no plano ficcional,
expressam formas diferentes de viver esse processo histórico. Nesse sentido, o uso da
palavra pelos personagens inseridas na trama torna-se essencial como expressão de
identidades conflituosas e como elemento de luta tão ou mais poderosa que as armas,
mortes e espaços conquistados (recuperados) durante o referido período histórico. É a
palavra que permite ou desautoriza ações e, assim, desencadeia ou reprime atos de
revolução. Entre as personagens que se impõem e expressam seus posicionamentos
históricos por meio da palavra destacam-se o carteiro Salinas e o poeta Leonel, uma
das vozes que inserem no romance o gênero “carta pessoal”, a partir das
correspondências destinadas a sua amante Victoria. Salinas é dos poucos, em seu país,
que possui a habilidade da leitura e, por isso mesmo, domina as relações sociais
obtidas a partir de trocas de correspondências. Essas personagens se utilizam da
linguagem como elemento criativo, o que deflagra uma reflexão sobre as formas de
registrar a história.

94
UMA ANÁLISE BAKHTINIANA DO ANÚNCIO DA MISSÃO MESSIÂNICA
DE JESUS

Jonathan Luís Hack (UPM)


Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel

O dialogismo é o princípio constitutivo geral da linguagem, segundo Mikhail Bakhtin.


As considerações de Bakhtin sobre o dialogismo são muito relevantes para a
compreensão da intertextualidade na Bíblia. Infelizmente, essa relação dialógica é
ainda pouco considerada nos estudos exegéticos do conteúdo bíblico. A sistematização
doutrinária promove a comparação e correlação de diferentes textos, justapondo-os
para compor um sistema coerente de ideias, quer tenham ou não relação intencional
entre si; contudo, esse processo exegético raramente percebe a natureza dialógica do
texto em estudo e como (e quando) ele interage intencionalmente com outros textos.
É aí que a teoria de Bakhtin pode nos ajudar a aprofundar nossa metodologia
hermenêutica.

Dentro da fundamentação teórica proposta por Bakhtin, analisamos a relação dialógica


intencional que se estabelece entre dois textos bíblicos importantes: o anúncio da
missão messiânica em um texto do Antigo Testamento (Isaías 61) e sua reivindicação
de cumprimento por Jesus em um texto do Novo Testamento (Lucas 4). Revela-se
nessa reivindicação uma forte e clara oposição à ideologia dominante de interpretação
do primeiro texto; há um diálogo polifônico no segundo texto que estabelece uma luta
ideológica quanto aos valores messiânicos do povo de Israel. Após uma brevíssima
revisão de conceitos bakhtinianos sobre o discurso, fazemos uma análise dos dois
textos, partindo de seu conteúdo literário até alcançarmos as diferentes ideologias que
se expressam nas camadas profundas de cada texto. Isso nos permite revelar a luta
ideológica que se estabelece na época de Jesus em torno da função do Messias.
Concluímos que é nesse conflito de cosmovisões que se define a própria pessoa e
missão de Jesus. Como conclusão, tecemos algumas considerações gerais sobre o
aporte bakhtiniano à hermenêutica bíblica.

95
O DISCURSO DOS JORNAIS IMPRESSOS NO INÍCIO DO SÉCULO XXI.
ANÁLISE DO JORNAL SUPER NOTICIA

José Alves Trigo (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Vera Hanna

Mostra o cenário dos jornais impressos e suas diferentes estratégias diante das novas
tecnologias, sobretudo da Internet. Mostra quais as estratégias as organizações de
comunicação usaram para tentar superar as de dificuldades com queda no número de
leitores e necessidade de alteração no seu discurso. Relaciona os elementos
discursivos com os enunciadores e enunciatários e suas percepções. O objetivo é
mostrar o uso da linguística, com sua natureza multidisciplinar, e agregar uma nova
forma de análise ao discurso gráfico e textual dos jornais impressos. Trata-se de uma
nova forma de abordagem de problemas que anteriormente se resumiam a avaliações
superficiais baseadas apenas em questões estéticas, textuais ou pseudo-psicológicas.
Neste estudo será feita uma análise das primeiras páginas do jornal Super Notícia, de
Belo Horizonte, sob a concepção da Semiótica Discursiva e os estudos de Mikhail
Bakhtin. Este jornal tem a peculiaridade de ser o jornal impresso com maior tiragem
paga no país, superando jornais tradicionais, centenários. É resultado de uma nova
tendência no setor dos jornais populares, no qual são usadas cores e fotos em
profusão. Editorialmente atua com temas relacionados ao cotidiano das classes C e D,
como comportamento, criminalidade, sexualidade e temas esportivos. O estudo
mostra o percurso narrativo desenvolvido pelo enunciador na página impressa e suas
percepções pelo enunciatário. Estratégias de persuasão e de manipulação segundo os
conceitos semióticos. Recursos que promovem os efeitos de realidade no jornalismo.
Estratégias de construção do discurso jornalístico e gráfico.

96
ON FAIRY-STORIES - A LITERATURA DE FANTASIA E TOLKIEN

Judith Tonioli Arantes (UPM)


Orientador: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan

Em seu estudo teórico intitulado “On fairy-stories”, Tolkien, conhecido mundialmente


como o autor de O Senhor dos Anéis e O hobbit, aborda aspectos daquilo que ele
denomina ‘histórias de fadas’. Estas, de modo diferente daquelas que são comumente
chamadas de contos de fadas, com seres minúsculos dotados de certo poder, são
histórias que se passam no ‘Reino Perigoso’ e envolvem todos os seres que faze parte
de tal reino – animados e inanimados. O presente trabalho utiliza a obra de Lucie
Armitt, Fantasy Literature – an introduction, a fim de compreender os sentidos do
‘fantasy’ como gênero que abrange diferentes modos narrativos, antes subdivididos
em gêneros, tais como o fantástico, o maravilhoso, o estranho, a ficção científica, entre
outros. Segundo a autora, a escrita do gênero ‘fantasy’ é aquela que ‘vai além’, isto é,
que expande a imaginação e as possibilidades de escrita sobre mundos para os quais
não se pode ir, ou viajar, a não ser pela imaginação. O diálogo crítico, que é objeto
deste estudo, se dá basicamente no possível cruzamento entre a ideia tolkieniana de
‘Reino Perigoso’ e da definição de ‘lugar além’, estudado por Lucie Armitt em sua obra
introdutória sobre o gênero. O ‘Reino Perigoso’, definido por Tolkien como forma de
um espaço constitutivo de uma obra, que se insere no âmbito do gênero fantasia,
pode constituir este ‘lugar além’ do qual Armitt trata em sua obra.

97
A AUFKLÄRUNG E O STURM UND DRANG:
SEUS HERÓIS, SUAS MORTES E SEUS LEGADOS

Juliana da Silva Gomes (UPM)


Orientador: José Gaston Hilgert

Este trabalho tem por finalidade apresentar uma comparação entre os personagens
principais das obras da literatura alemã: Emília Galotti, de Gotthold Eprhaim Lessing;
Os sofrimentos do jovem Werther, de Johann Wolfgang Goethe e Os Bandoleiros, de
Friedrich Schiller, nos seus respectivos movimentos literários, a saber, a Aufklärung
(iluminismo/esclarecimento) e o Sturm und Drang (tempestade e ímpeto). Tais
movimentos eram antagonistas na Alemanha do século XVIII, sendo o primeiro um
movimento intelectual e o segundo um movimento romântico. À luz dos estudos do
filósofo alemão Immanuel Kant sobre a educação moral e o esclarecimento
(Aufklärung) e do escritor e filósofo francês Roland Barthes sobre o sentimentalismo
analisaremos cada um dos personagens e suas mortes individualmente, e depois será
feita uma comparação entre os eventos. Analisaremos também porque esses
personagens morreram, o que significa cada um dos movimentos literários abordados,
quais as diferenças entre a Sturm und Drang e a Aufklärung e qual a diferença entre a
Aufklärung de Goethe e a Aufklärung de Schiller e, também, como ambos movimentos
definem o conceito de herói. Buscaremos compreender qual a mensagem que a morte
de Emilia Galotti, Werther e Karl Von Moor, heróis de seus respectivos romances,
passam para o homem moderno, no que diz respeito à integridade moral, quanto ao
que é ser livre, o que é ser senhor de suas decisões, o que é ter o domínio de si
mesmo, em todos os sentidos. O que significava, em suas épocas, ter força de caráter
para que seus sentimentos e desejos possam ser expressos de forma racional,
inteligível.

98
A PRESENÇA DE KEATS EM BETWEEN THE ACTS DE VIRGINIA WOOLF

Juliana Pimenta Attie (Faculdade de Ciências e Letras / UNESP Araraquara)


Orientadora: Prof. Dra. Maria das Graças Gomes Villa da Silva

A intertextualidade é uma estratégia presente em grande parte das obras da escritora


do modernismo inglês, Virginia Woolf. O recurso chama atenção para a memória da
literatura, no sentido descrito por T.S. Eliot em seu ensaio Traditional and Individual
Talent, de que as obras estão em constante revisita ao passado com vistas à
atualização do significado no presente. Além disso, as relações intertextuais também
podem estabelecer um diálogo irônico com a narrativa primeira – no caso, o texto
woolfiano – quando os intertextos chamados pertencem ao cânone patriarcal
dominante e tendo em mente que Woolf sempre foi uma crítica da História feita
apenas por grandes homens. Nesse sentido, este trabalho busca apresentar o diálogo
entre as obras do poeta romântico Keats, Ode on a Grecian Urn e Ode to a Nightingale,
e o último romance de Woolf, Between the Acts. Tal obra se destaca pela radicalização
do experimentalismo woolfiano, trazendo inovações na forma de narrar, como, por
exemplo, a ausência de protagonista, o que, juntamente com os diversos intertextos
presentes no romance, reforça a fragmentação da narrativa. A investigação se baseará
na análise de Between the Acts em articulação com o estudo das Odes, buscando
evidenciar a contribuição destas na construção do sentido do texto. Para estabelecer
esse diálogo, o conceito de intertextualidade será visto aqui como uma permutação de
textos, de acordo com Kristeva que, por sua vez, se baseia nos estudos bakhtinianos
sobre polifonia no romance. Além disso, os trabalhos freudianos relativos ao
funcionamento da memória serão aliados à análise na medida em que a
intertextualidade representa uma escavação da memória literária.

99
O DIÁLOGO CAMONIANO BÍBLICO EM “SETE ANOS DE PASTOR JACÓ
SERVIA”

Juliana Zanco Leme da Silva (UPM)


Orientadora: Dra. Marisa Philbert Lajolo

O trabalho analisa o soneto “Sete anos de pastor Jacó servia” de Luiz Vaz de Camões,
consideramos o diálogo com texto bíblico situado em Gênesis capítulo 29, versículos
de 15 a 20. Este diálogo foi analisado como paródia que, segundo Hutcheon (1985, p.
109), “[...] é uma das técnicas de auto-referencialidade por meio das quais a arte
revela a sua consciência da natureza do sentido como dependente do contexto [...]”,
isto é, o ato de parodiar está inserido em um contexto em que a mudança implica
continuidade e oferece um modelo para o processo de transferência e reorganização
do passado, a partir da visão do autor que ao compor sua obra a reinventa e não se
limita a uma mera imitação, mas sim, ao recriar, oferece uma posição exequível e
eficaz em relação ao passado, na sua paradoxal estratégia de repetição como fonte de
liberdade. Como resultado da análise, verificamos que o autor reconhece o texto base,
pois se mantém fiel à ideia da narrativa bíblica, no entanto, ao transformá-lo em um
poema de “medida nova”, ou seja, em um soneto lírico amoroso, ele o faz sob uma
nova ótica, visto que enfatiza o amor de Jacó por Raquel e não a atitude de Labão de
enganar Jacó. Portanto, o poeta português transforma o texto Bíblico em arte literária,
pois tira deste o foco religioso e moral, isto é, na lírica Camoniana, o amor ideal ao
estilo platônico, aquele concebido apenas no plano das ideias, sobrepõe-se à injustiça
cometida por Labão. Para subsidiar a análise recorremos aos críticos literários Antonio
Candido (1996), Massaud Moisés (2006) e Linda Hutcheon (1985)

100
ACONTECEU, VIROU MANCHETE: O JORNAL ESCOLAR COMO
FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Juliene Kely Zanardi (UERJ)


Orientadora: Profa. Dra. Tania Maria Nunes de Lima Camara

Consoante as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o ensino de


Língua Portuguesa deve se articular em torno de dois eixos básicos: o uso da língua
oral e escrita, e a reflexão sobre a língua e a linguagem. No que tange ao primeiro eixo,
evidenciam-se duas práticas essenciais ao ensino de língua: a leitura e a produção de
textos orais e escritos. Apesar da relevância dessas duas práticas, diversos
pesquisadores, como Geraldi (1993) e Antunes (2005), apresentam em seus estudos
problemas enfrentados pelos professores no intuito de conciliar a proposta contida
nos PCN com o trabalho desenvolvido em sala de aula. Entre os desafios encontrados,
destaca-se a dificuldade de elaborar atividades de leitura e escrita que contemplem a
visão sociointerativa da linguagem, tal como é apresentada no documento. Como
sinalizam os estudos, muitas vezes, as atividades desenvolvidas em sala de aula partem
de contextos artificiais de comunicação e se resumem a uma finalidade meramente
escolar, não oferecendo ao público discente as interações necessárias ao
desenvolvimento de sua competência linguística e de sua formação como cidadãos.
Considerando tal panorama, a proposta do presente trabalho é apontar os benefícios
do jornal escolar como uma ferramenta pedagógica capaz de proporcionar atividades
de leitura e escrita que ofereçam ao aluno não só a possibilidade de interagir em
contextos reais de comunicação, como também de participar de práticas sociais
necessárias ao exercício da cidadania. Para tal, apresentaremos alguns dos resultados
obtidos em um projeto desenvolvido em uma escola da rede municipal do Rio de
Janeiro. Os resultados iniciais da pesquisa sinalizam que as atividades de leitura e
escrita desenvolvidas a partir do projeto contribuíram não só para a melhora do
rendimento dos alunos envolvidos, como também para uma mudança de postura em
relação às práticas sociais que envolvem o contexto escolar.

101
ANÁLISE DA TRADUÇÃO E DA RETRADUÇÃO PARA O INGLÊS DE A
PAIXÃO SEGUNDO G.H., DE CLARICE LISPECTOR – ASPECTOS
LINGUÍSTICOS, CULTURAIS E PSICOLÓGICOS

Julieta Widman (Estudos da Tradução FFCHL, Universidade de São Paulo)


Orientadora: Profa. Dra. Adriana Zavaglia

Sob o prisma dos Estudos da Tradução, pretendemos analisar as duas traduções de A


Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector, para a língua inglesa, de uma perspectiva
linguística, cultural e histórica, com ênfase no paralelismo interdisciplinar e com
especial interesse por retradução e intertextualidade. Existem muitas traduções de
literatura do inglês para o português mas poucas na direção contrária e é menor o
número de retraduções. Kristeva considera todos os textos ligados aos que os
precederam e rodeiam, propondo o termo “intertextualidade”. No meu trabalho de
comparação, achei as duas traduções de A Paixão Segundo G.H. muito literais, talvez
devido ao estilo do livro, que está na primeira pessoa, intimista. Então resolvi verificar
se os resultados corroboravam a hipótese de Berman (1990) de que “as primeiras
traduções são mais domesticantes do que as retraduções” aplicando o Método das
Modalidades de Tradução de Francis Aubert (2006), que é uma adaptação dos
procedimentos técnicos de Vinay & Darbelnet (. ..) e serve para gerar dados
quantitativos que permitem avaliar o grau de diferenciação linguística entre o original
e a tradução, usando a palavra como unidade de contagem. Em um Estudo Piloto de 73
palavras, os resultados obtidos mostraram que há mais Modalidades Literais
(estrangeirização) na retradução e mais Modalidades de Equivalência (domesticação)
na primeira tradução. A partir desses resultados foi construído um gráfico que mostra
claramente o comportamento das duas traduções. Está em andamento a análise de
uma amostra de 600 palavras. Em relação aos aspectos culturais e psicológicos,
levamos em conta o tempo decorrido entre as duas traduções, o público alvo, a
importância da obra de Hélène Cixous para o interesse por Clarice Lispector nos
Estados Unidos e o fato do primeiro tradutor ser homem e a retradutora ser mulher.

102
A LITERATURA DE FICÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO GÊNERO

Karen Stephanie Melo (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Atik

A caracterização e a origem da literatura de Ficção Científica são, atualmente, bastante


controversas, uma vez que críticos e teóricos literários, como Darko Suvin, James Gunn
e outros não conseguem chegar a um consenso para determinar com segurança
quando e onde ela se iniciou. Apesar de muitos alegarem a existência de textos
pertencentes a este gênero desde o século XVII, o termo science-fiction foi cunhado
apenas na década de 1920, pelo editor norte-americano Hugo Gernsback em uma
revista pulp. Alguns dos maiores autores do gênero surgiram a partir dessas
publicações e ajudaram a moldar, a disseminar e a popularizar a Ficção Científica,
fazendo com que esses textos pudessem ser publicados em livros, adaptados para
séries de TV e para o cinema. O objetivo desse trabalho é apontar alguns aspectos que
fazem da Ficção Científica um gênero literário sólido e independente de qualquer
outro, através da análise da obra I, Robot (1950), publicada pelo autor norte-
americano Isaac Asimov, um dos maiores e mais reconhecidos representantes desse
tipo de literatura.

103
POSIÇÃO DO NARRADOR NO ROMANCE CONTEMPORÂNEO SEGUNDO
THEODOR ADORNO

Karin Bakke de Araújo (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

Pelo fato de a posição do narrador ter tomado características próprias após a era em
que imperava o preceito épico da objetividade, Theodor W. Adorno (1903-1969), no
capítulo “Posição do narrador no romance contemporâneo” de sua obra Notas de
Literatura I, com tradução de Jorge de Almeida, em edição de 2003 da Editora Duas
Cidades, de São Paulo e publicado inicialmente em 1958, analisa essa problemática no
romance, que ele classifica como forma literária da era burguesa. O objetivo de nosso
trabalho é elencar brevemente as considerações do autor a respeito da discussão
desse tema tão significativo para a análise da literatura praticada no século XX. No
decorrer deste estudo de Theodor Adorno somos confrontados com elementos
esclarecedores do texto de autores contemporâneos como James Joyce (1882-1941),
Marcel Proust (1871-1922), Gustav Sack (1885-1916), Thomas Mann (1875-1955) e
Franz Kafka (1883-1924). Adorno nos revela como esses autores inseriram o narrador
em seus textos romanescos, possibilitando o aprofundamento das ideias dos
estudiosos de literatura sobre esse tema tão presente e importante na estruturação do
texto literário contemporâneo, contribuindo para a compreensão de seus recursos,
principalmente de sua maneira de narrar.

104
LA FELICIDAD REPULSIVA DE LA FAMILIA M

Katia Maria Amorim Brandão Antoniolli (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Uma felicidade repulsiva conta a história de uma família que aparentemente vive uma
felicidade impossível de ser abalada e por isso desperta a curiosidade de um menino
de treze anos pertencente a uma família comum da cidade que, ao conhecer os
integrantes da família M., passa a questionar junto com seus familiares se tal felicidade
poderia ser possível.

A preocupação em descobrir se a felicidade que aparenta a família M. é verdadeira ou


não, pode estar no fato de que a família do narrador personagem apresenta vários
distúrbios e conflitos. Sua realidade então o leva à busca por saber se é possível
alguma família ser feliz o tempo todo e sem problemas que abale esta felicidade.

Segundo Sastre (2014, p. 138), a realidade serve para nos fazer sentir mais cruelmente
o desamparo do homem no seio do humano. A realidade vivida pelo narrador
personagem neste conto está cheia de conflitos e situações que por ser ele ainda uma
criança não podia compreender, mas que começa a questionar a partir do momento
em que descobre a existência de uma realidade oposta a sua.

Este conto da literatura fantástica escrito por e Guillerme Martines apresenta um


suspense, à iminência de algo que está por acontecer, algo a ser descoberto.
Apresenta uma tensão com um final aberto, ou seja, o leitor é o responsável por tirar
suas próprias conclusões.

105
O DESTRONAMENTO NAS OBRAS ANFITRIÃO E UM DEUS DORMIU LÁ
EM CASA
Katia Maria Fernandes (UPM)
Orientador: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

Ao ler as peças Anfitrião (206 a.C.), de Plauto, e Um deus dormiu lá em casa (1949), de
Guilherme de Figueiredo, uma pertencente à Literatura Latina e outra à Literatura
Brasileira, respectivamente, observamos um vínculo estreito de proximidade entre
uma e outra. Sendo assim, o objetivo da minha dissertação de mestrado é apontar
que existe um diálogo entre as obras de tal forma que a obra de Figueiredo parodia a
de Plauto a ponto de o elemento mítico se reatualizar a partir da obra contemporânea,
por meio da paródia. Entende-se dialogismo pelas relações de sentido que se
estabelecem entre dois enunciados. Nesta perspectiva, um texto para se constituir
como tal é perpassado por outros discursos com os quais dialoga. Sob esta óptica, as
peças supracitadas, em um processo de comunicação, estão repletas de ecos,
lembranças de outros enunciados, que dialogam entre si.

Se pensarmos que todo discurso dialoga com outro, a paródia, que é o contar o que já
foi dito de outra forma, também é dialogismo. É uma recriação, uma reinvenção
amparada na fala, na arte, na obra de alguém. A paródia está inserida no dialogismo, e
nela também se insere a carnavalização na literatura, que se refere ao exagero, ao uso
de máscaras, ao fugir da realidade e poder fazer o que, normalmente, não é permitido.
O mito está reatualizado na obra de Figueiredo, trazendo ensinamentos dos
primórdios aos dias atuais.

Todos os conceitos foram amparados em teóricos consagrados para que pudéssemos


chegar a pressupostos teóricos consistentes para, posteriormente, analisar as obras
em questão. Desta forma, para se estudar o dialogismo e a paródia
foram adotados os apontamentos do filósofo russo Mikhail Bakhtin. Por serem duas
obras que exploram o mito, optamos por seguir a linha de raciocínio de Mircea Eliade e
de Jean-Pierre Vernant.

106
A PÓS-MODERNIDADE E A LÍNGUA PORTUGUESA EM GUINÉ-BISSAU

Katia Melchiades (UPM)


Orientadora: Profa Dra. Maria Lucia M. Carvalho Vasconcelos

Embora o Brasil apresente grande diversidade étnica e cultural, ainda são escassos os
estudos que abranjam a literatura brasileira e a dos países africanos de expressão
portuguesa como um meio de resgate de nossa memória cultural. Consequentemente,
ficam excluídos importantes fatos da contribuição dos povos africanos na formação da
identidade brasileira. Os objetivos do presente estudo são: a) estudar, no Ensino
Médio, a importância da lusofonia como elemento para a compreensão do aspecto
cultural de povos com um passado histórico comum; b)levar o educando à conclusão
do quanto as nações estão cada vez mais descentralizadas e de como os estudos
literários contribuem para a compreensão das identidades desses países. Serão
analisados o poema Em que língua escrever, da escritora bissau-guineense Odete
Semedo (1996), que trata da influência da língua portuguesa em Guiné-Bissau, e a obra
A África ensinando a gente, de Paulo Freire (2003), que analisa a importância das
línguas nativas da Guiné-Bissau para a preservação de sua identidade. Os estudos de
Hall, em A identidade cultural na pós-modernidade (2006), serão considerados para
constatar como as sociedades se tornaram fragmentadas e descentralizadas, a ponto
de as línguas nativas de muitas nações não serem mais o suficiente para garantir a
sobrevivência econômica de seus povos. Em Em que língua escrever, o sujeito poético
encontra-se obrigado a compor em língua portuguesa, reconhecendo que seu povo
precisa dessa língua, economicamente mais influente, para buscar melhores condições
de vida.

107
ANÁLISE DE ROTULAÇÕES EM TEXTOS DE OPINIÃO

Laís Quinquio Benega (UPM)


Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Helena de Moura Neves

O trabalho em questão tem como tema a referenciação, compreendida como a


inserção e manutenção de referentes no texto. Enfatiza-se a referenciação operada
por sintagmas nominais, focalizando-se a rotulação, responsável pela manutenção,
sumarização e (re)categorização de segmentos textuais, o que interfere na construção
do sentido dos textos.

Propõe-se como objetivo verificar o uso de estratégias referenciais, especialmente a


rotulação, na estruturação de artigos de opinião, escolhidos como córpus de análise.
Por haver espaço, nesse tipo de texto, para expressão da opinião e de avaliações do
autor, pretende-se analisar a atuação da rotulação como estratégia referencial e de
coesão argumentativa.

Para tanto, o estudo baseia-se na teoria Funcionalista desenvolvida principalmente por


Halliday (1994), Dik (1997), e difundida no Brasil por nomes como Neves (2011). Em
termos gerais, a teoria estuda o uso da língua com o objetivo de estabelecer uma
comunicação efetiva de acordo com os participantes e a situação de uso,
considerando-se as determinações sociais ligadas ao contexto de produção. Além
disso, o trabalho se sustenta com recurso a obras gramaticais modernas do português,
para embasamento quanto ao funcionamento e constituição dos sintagmas nominais,
estruturas responsáveis pelo fenômeno que se analisa. Também se acessou
bibliografia referente à natureza do gênero a que pertence o córpus escolhido, artigos
de opinião.

A análise partiu do levantamento dos sintagmas referenciais de um dos textos que


formam o córpus inicial, enfatizando-se os sintagmas de núcleo lexical e a possível
carga avaliativa presente nesse núcleo. Verificou-se que, entre os sintagmas nominais
encontrados, há rotulações principalmente em posição de início de parágrafo,
retomando situações narradas em porções anteriores do texto pelo uso de termo
avaliativo com carga negativa. Esse uso contribui para a condução da linha
argumentativa do texto, não apenas por reforçar o posicionamento do autor, mas
também por exigir do leitor que, a partir do rótulo de carga negativa, reconstrua o
referente a que o rótulo se refere.

108
DIALOGISMO E METAENUNCIAÇÃO NA INTERAÇÃO FACE A FACE: O
DISCURSO DO OUTRO NO DISCURSO DO EU

Lara Oleques de Almeida (UPM)


Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

A linguagem se constitui pela interação do sujeito, localizado histórica e socialmente,


com o discurso do outro, estabelecendo-se um movimento dinâmico e infinito na
direção da significação e ressignificação: na linguagem emergem os confrontos
entrecruzados dos dizeres do eu com os dizeres alheios. O objetivo deste estudo é,
pois, descrever como ocorrem as relações dialógicas no texto falado por meio de
procedimentos metaenunciativos quando da construção de sentidos ao longo do
desdobramento conversacional, ou seja, como a voz do outro aparece no discurso do
falante quando este promove uma reflexão ou um comentário sobre o seu próprio
dizer (metaenunciação) para melhor se fazer compreender por seu interlocutor. O
presente trabalho é fruto da disciplina "Fundamentos Teóricos do Dialogismo...",
ministrada pela Profª Drª Aurora Gedra Ruiz Alvarez no Mestrado em Letras da UPM, e
está em sintonia com os propósitos de nossa Dissertação de Mestrado, que consistirá
na análise e descrição de interações linguísticas face a face. Assim, como suporte
teórico, buscamos embasamento na perspectiva ampla do dialogismo desenvolvido
por Bakhtin e seu Círculo, articulado com conceitos de inspiração dialógica advindos da
Linguística Interacional e das Teorias da Enunciação, que concebem a linguagem em
sua heterogeneidade e multivocalidade. O corpus utilizado neste trabalho é composto
por segmentos de fala (transcrição e áudio) extraídos de inquéritos do Projeto
NURC/RS (Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta de Porto Alegre),
iniciado nos anos 1970 e que teve como objetivo precípuo registrar a norma urbana
culta do português falado no Brasil. Com este estudo, percebemos que, na conversa,
os falantes, em interação colaborativa, lançam mão de vários recursos
metaenunciativos que descortinam a voz do outro em seus discursos, pondo em
evidência a noção basilar bakhtiniana do dialogismo, sob o viés da interação,
heterogeneidade e interdiscursividade.

109
ASPECTOS DIALÓGICOS NO ROMANCE DUNA, DE FRANK HERBERT

Leandro Dezan de Abreu (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik

Mikhail Bakhtin afirma que, a partir do momento em que são criadas, as obras se
enriquecem com novos significados e sentidos, deixando de ser o que eram na época
de sua criação. Toda obra literária contém, portanto, como elemento constitutivo de
si, diálogos não apenas com obras e elementos culturais anteriores à data em que foi
produzida, mas também com aqueles coetâneos e com outros subsequentes. Nosso
trabalho propõe mostrar que esse enriquecimento está presente inclusive em livros de
ficção científica futuristas. Embora sejam obras que trazem elementos ficcionais
exóticos, elas dialogam constantemente com elementos da cultura real e com outros
textos. Como corpus, escolhemos o romance Duna (1965), de Frank Herbert, mais
especificamente o trecho “Apêndice II: A religião de Duna”; nosso objetivo é identificar
diferentes elementos de diálogo intertextual e interdiscursivo, para mostrar como eles
podem produzir novos significados. Como embasamento teórico, além de Bakhtin
(1997), apoiamo-nos em estudos de outros autores, incluindo Brait (2005), Faraco
(2001) e Fiorin (2006). Os resultados dessa análise comprovam que o enriquecimento
de significados de uma obra literária é mesmo constante: os enunciados adquirem
novas possibilidades de interpretação dependendo do momento histórico, do
ambiente social e do repertório do leitor. Mesmo livros de ficção científica dialogam
com obras e elementos da cultura anteriores, coetâneos e subsequentes ao momento
em que foram escritos. O texto de Frank Herbert é carregado de referências à nossa
realidade, e os temas abordados, se já eram relevantes em 1965, revelam aspectos
novos para os leitores de hoje.

110
A INTERTEXTUALIDADE NA OBRA DE JÚLIO DE QUEIROZ

Lemuel de Faria Diniz (UPM)


Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira

O presente trabalho pretende, por meio da linha de pesquisa Literatura Comparada,


estudar a intertextualidade na obra do escritor espírito-santense Júlio de Queiroz
(1926). Tomando como corpus as coletâneas de contos Deuses e santos como nós
(2000), Perfume de eternidade (2006) e Encontros de abismos (2007), procuraremos
demonstrar a intertextualidade das narrativas queirozianas com o texto bíblico e,
simultaneamente, desvelar que essa intertextualidade se dá por uma paródia que se
caracteriza como um evangelho, na medida em que concede voz aos personagens
bíblicos que não a tiveram ou a tiveram muito limitadamente. Primeiramente,
observamos que essa intertextualidade provém, ao menos em parte, das próprias
estratégias de elaboração textuais. Em A arte da narrativa bíblica, o estudioso Robert
Alter explica que nos textos bíblicos a escolha ou a mera presença de determinadas
palavras tem um peso muito especial, sendo que o constante uso do recurso da
repetição é um grande instrumento de ênfase que emblematiza a palavra-chave
temática de uma sequência narrativa (ALTER, 2007, p. 265-266). Na obra queiroziana
essa estratégia de repetição de palavras-chave é uma constante. Nos livros acima
mencionados uma dessas palavras-chave é o olhar, mais especificamente o olhar de
Cristo. Outra característica da composição das narrativas bíblicas é a atribuição de
sentidos e de valores a determinados números. Desse modo, conforme explana
Orlando Boyer, em Pequena Enciclopédia Bíblica, o número três servia para dar ênfase,
ao se repetir uma expressão por três vezes (BOYER, 1987, p. 447). Semelhantemente
ao que se verifica no texto bíblico, na obra de Júlio de Queiroz o número três ocupa
uma função importante na construção e no desenlace dos acontecimentos que
compõem muitos de seus contos.

111
O ESPAÇO QUE UNE INFÂNCIA E MATURIDADE DE FERNANDO SABINO

Letícia Barcellos du Pin Calmon (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

Esta análise visa a esclarecer como o espaço se define no romance O menino no


espelho (1989), de Fernando Sabino. O escritor mineiro passeia entre a Belo Horizonte
dos anos 1930, local em que viveu a infância, e a zona sul do Rio de Janeiro, como
escritor de sucesso, que relembra docemente as estripulias de garoto. Com imaginação
Sabino recorda acontecimentos sobretudo positivos, mas sem ignorar passagens
poeticamente tristes, ao lado de amigos, humanos e animais. A família de Sabino
também atua como alvo de suas lembranças, o que revela o sentimento de
agradecimento por infância feliz e de saudades dos tempos infantis. A importância do
espaço perpassa todos os acontecimentos e personagens da obra, a partir do
momento que é de fundamental encaixe para a compreensão de como a infância do
garoto Fernando, esperto e criativo, colabora para que se torne um nome conhecido
da Literatura Brasileira em fins do século XX. Sabino descreve passagens com
delicadeza e humor ao incluir como o espaço possui importância para os tempos de
menino dele, seja no quintal e no sótão de sua casa; no cinema da capital mineira; na
assustadora casa abandonada; na selva em que se perde do grupo de bravos
escoteiros; nas aventuras que vive como estudante, em que colegas e professores se
tornam vítimas das diabruras dele. Fernando encontra ainda ocasião para brilhar como
herói do América, time de futebol, e finalmente chega à etapa da doce libertação dos
passarinhos do malvado major Alberico Pape Faria. O escritor mistura realidade e
sonho para armar o quadro de sua infância e assim descrever como ela se tornou
essencial em sua formação de vida.

SABINO, Fernando. O menino no espelho. – 97a ed. – Rio de Janeiro : Record, 2014.

112
ENSINO DE SINTAXE: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA

Lidia Bueno Cavadas (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista

O êxito da prática docente tem como ponto primordial a aprendizagem do aluno. Mas
dependendo do processo de ensino adotado pelo professor e as relações afetivas
entre ele e seus alunos essa relação de ensino-aprendizagem fica fraca ou nem se
estabelece. As práticas de sala de aula, a organização do trabalho e das atividades do
professor, a disciplina / indisciplina dos alunos, a identificação deles com o professor e
a dinâmica na sala de aula influenciam de maneira decisiva na aquisição do
conhecimento. Há professores que ensinam orações coordenadas e ficam frustrados
ao descobrir que os alunos não entenderam, mas como ensinar orações coordenadas
se o aluno não sabe nem localizar um verbo? Ou precisam ensinar predicado quando o
aluno não consegue entender e encontrar um sujeito. O professor precisa cumprir com
o conteúdo sintático que o livro ou apostila de Sistema exige, então ele acelera o
depósito de conhecimentos nos alunos para conseguir dar conta da apostila, mas se
esquece, muitas vezes, que nesse processo acelerado muitos alunos já ficaram pelo
caminho sem conseguir acompanhar a matéria por falta de pré-requisitos para aquele
conteúdo que o professor deveria ter retomado antes para que todos conseguissem
acompanhar. Alguns desses aspectos da Sintaxe aparecem de maneira recorrente em
vestibulares, sendo um pré-requisito para a entrada no terceiro grau.

Considerando esses aspectos, a comunicação pretende apresentar as diretrizes do


projeto de pesquisa que se desenvolve no Mestrado. Para isso, serão estabelecidos: a)
o referencial teórico (constituído essencialmente pelas reflexões contemporâneas de
linguistas a respeito do ensino de sintaxe e também pela discussão de diretrizes oficiais
de ensino); b) o material de análise (objeto de nossa pesquisa); c) os procedimentos
metodológicos de análise (que destacam a observação analítica dos modos de ensinar
sintaxe e sua relação com diretrizes oficiais de ensino e com reflexões a respeito do
componente sintático das línguas no processo de transmissão didática na educação
básica).

113
OS ELEMENTOS LINGUÍSTICOS E A CONSTRUÇÃO DA
ARGUMENTATIVIDADE NO DISCURSO PUBLICITÁRIO.

Lílian Cristina Corrêa de Brito (UNICSUL)


Orientador: Prof. Dr. Manoel Francisco Guaranha (UNICSUL)

Este trabalho está vinculado à linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos
de leitura e de produção do texto escrito e falado” do Programa de Mestrado da
Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL – cuja área de concentração é “Teorias e
práticas discursivas, leitura e escrita”. A grande questão que esta pesquisa pretende
levantar é: “De que forma as estratégias linguísticas podem influenciar na interação
com o interlocutor e na ampliação da argumentatividade do discurso publicitário?”. O
corpus escolhido para esta pesquisa é composto de doze anúncios publicitários. Deste
total, oito foram veiculados na Revista Veja nos seguintes anos e edições: 1992 - ed.
1215 (1), 1997 - ed. 1477 (1) e ed. 1521 (2), 2000 - ed. 1630 (1), 2002 - ed. 1733 (1),
2008 - ed. 2055 1), 2011 - ed. 2215 (1). Há também dois anúncios da marca Dove. O
primeiro foi veiculado na Revista Caras, (novembro de 2004), e o segundo na Revista
Nova (novembro de 2004). Os dois últimos anúncios foram extraídos do livro
institucional da marca Melissa “Sempre igual, sempre diferente.”, páginas 124 e 132,
publicado em 1997. Para cumprir o objetivo geral, que é compreender como se
materializa no texto uma das funções preponderantes do discurso publicitário: o
convencimento por meio da palavra, seu aspecto argumentativo, elencamos os
seguintes objetivos específicos: 1) Estudar o instrumental teórico da linguística textual;
2) Estudar as relações entre texto e discurso; 3) Estudar as especificidades dos gêneros
do discurso da propaganda; 4) Analisar o corpus salientando os procedimentos
linguísticos, entre eles a importância dos articuladores textuais, os aspectos discursivos
e os recursos intertextuais que os textos apresentam para se compreender os efeitos
de produção de sentido. A metodologia para atingir os objetivos será a pesquisa
bibliográfica e análise do corpus em questão em que se evidenciará, entre outros
pontos, o uso de adjetivos e substantivos avaliativos; a escolha de advérbios
intensificadores e qualificadores; tempos verbais; o uso estilístico das repetições; os
processos de referenciação; os mecanismos de coesão visando evidenciar a função
argumentativa desses elementos da superfície do texto na produção de efeitos
discursivos. Os autores escolhidos para a fundamentação teórica deste trabalho, no
que diz respeito à argumentação, são Aristóteles, Ruth Amossy e Adilson Citelli; no que
diz respeito à linguística textual: Ingedore Koch, Elisa Guimarães, Ana Lúcia Tinoco
Cabral e Maria Valíria M. Vargas; no que diz respeito à análise do discurso: José Luiz
Fiorin, Eni Orlandi, Sírio Possenti e Dominique Maingueneau; no que diz respeito ao
gênero propaganda: João Anzanello Carrascoza, Jorge S. Martins e Vicente Cegato
Bertomeu. PALAVRAS-CHAVE: Discurso publicitário; Argumentação; Linguística textual.

114
A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE
ESTUDANTIL:UMA AMOSTRAGEM DO PROBLEMA COM
PARTICIPANTES DO AFS INTERCULTURAL PROGRAMS

Lilian Rudolf (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

O presente trabalho se filia à linha de pesquisa da aquisição de línguas estrangeiras e o


papel da interculturalidade nos programas de mobilidade estudantil, destacando o
programa de High School (Ensino Médio) oferecido pela Organização sem fins
lucrativos AFS Intercultural Programs (antigo American Fields Service) sediada nos
Estados Unidos da América.

O objetivo geral do estudo é o de compreendermos a experiência da interculturalidade


adquirida no programa de intercâmbio, o binômio língua-cultura, a relação entre
língua, cultura e identidade. Examinaremos, também, as noções de comunicação
intercultural e de competência intercultural dentro do contexto do intercâmbio
cultural. Além do objetivo geral do estudo, também pretendemos examinar o impacto
que o programa de intercâmbio exerce na vida dos participantes, no que se refere a
questões pessoais, acadêmicas e profissionais.

Diante do exposto, teremos como fundamentação teórica os seguintes estudiosos:


Claire Kramsch, Michael Byram, Michael Fleming, Joyce Merril Valdes, Inês Signorini,
Roque de Barros Laraia, Mark Hertsgaard, Joseph Nye Júnior, Vera Lúcia Harabagi
Hanna, entre outros.

Faremos uma pesquisa que será elaborada a partir de um questionário aplicado a um


grupo de estudantes do AFS Intercultural Programs que realizou o intercâmbio nos
Estados Unidos em diferentes anos. O questionário será respondido por meio de e-
mails em questões de múltipla escolha, com exceção de três questões abertas. Os
dados serão coletados por meio do questionário com intercâmbistas pertencentes a
este grupo. A partir desses dados, pretendemos verificar o perfil dos participantes, os
motivos que os levaram a participar de um programa de intercâmbio, como foi ao
regressar ao país de origem, o papel da interculturalidade na experiência do
intercâmbio e suas decorrências em relação à vida pessoal, acadêmica e profissional
dos participantes, o aprendizado de um novo idioma e de uma nova cultura entre
outros.

115
O ENSINO DE TEXTOS LITERÁRIOS: INTERFACES DA RELAÇÃO
PROFESSOR-MEDIADOR / ALUNO-QUESTIONADOR

Liliane Barros Oliveira Delorenzi (UPM)


Orientador: Profa. Dra. Maria Lúcia Vasconcelos

O desempenho dos alunos nas provas do ENEM e nos vestibulares tem demonstrado
que os alunos egressos do ensino médio apresentam imensas dificuldades para lidar
com textos literários. Um trabalho diversificado e criativo com a leitura desses textos,
portanto, tem sido cada vez mais necessário na escola atual. Tal circunstância prova a
necessidade de uma (re)leitura na formação inicial e continuada desse profissional,
uma vez que é nesse momento que os professores constroem os conhecimentos e
competências necessários para atuar como formadores de leitores competentes. Em
muitas ocasiões, o que se pode ver é que o professor se coloca em um patamar
protegido de qualquer ousadia ou tentativa de leitura criativa e crítica de seus alunos.
Isso compromete a formação do leitor, que não vê os textos literários como fonte de
prazer, de entretenimento, afastando-se da leitura. Partindo disso, cabe questionar
que arcabouço teórico-didático tem recebido os professores no curso de Letras, para
atuarem como formadores de leitores críticos e com prazer na leitura dos textos
literários. Tendo em vista o estudo que se pretende, aprofundamos nosso estudo nos
escritos de autores, como: Freire (1996); Lajolo (1981) (2008), Antônio Cândido (2012);
Solé (1998); e Zilberman (1990). Tais teóricos veem que o ensino de literatura deve ser
significativo, enfocando o papel do professor mediando a construção de conceitos e
teorias a partir das leituras e das reflexões com os alunos. Por não entender que se
trata de uma linguagem artisticamente trabalhada e não compreender seu
vocabulário, que muitas vezes é de outro século, o aluno cria um distanciamento em
relação à literatura e, cabe ao professor, estreitar essas dificuldades lexicais, aceitar a
interpretação feita pelo aluno dentro das estruturas do texto e, assim, promover o
diálogo aluno-texto.

Palavras- chave: Leitura, Formação de Professores, Diálogo, Ensino-aprendizagem

116
PORTO DAS CAIXAS, UM RECORTE DO FEMININO
NO CINEMA BRASILEIRO DA DÉCADA DE 60

Londina da Cunha Pereira de Almeida (Dinter UFMS/UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral

Os estudos acerca do feminino ainda apresentam caráter incipiente diante do muito


que se tem a discutir sobre o tema. Em termos de literatura brasileira, o romance
intimista de Lucio Cardoso oferece um fecundo panorama para averiguarmos a
situação da mulher nos decênios de 30 a 60 do século XX. Especificamente,
escolhemos abordar o olhar sobre a mulher na década de 60, partindo da produção
cinematográfica de Paulo César Saraceni, Porto das Caixas (1962), que contou com
argumentos de Cardoso para a produção do roteiro. Considerando o lugar onde ocorre
a história (município interiorano de Porto das Caixas, RJ) e a época (um divisor de
águas entre a condição de submissão a que estavam relegadas as mulheres e o porvir
das lutas feministas), como também a influência do cinema no comportamento das
pessoas, a pesquisa procurou averiguar de que forma a mulher estava sendo retratada
no filme. O objetivo era constatar o caráter dado à protagonista e os ideais reforçados
por ele. Estabelecemos um diálogo entre literatura e cinema, usando, como referencial
teórico sobre o feminino, os estudos filosóficos de Marilena Chauí e Simone de
Beauvoir e sobre o cinema, mais precisamente dentro da estética do Cinema Novo, as
observações de Ismail Xavier e de Jean Claude Bernardet. Os resultados dessa análise
demonstram a importância da estética do Cinema Novo para divulgar a visão que Lucio
Cardoso já dispensava ao feminino em sua ficção: a mulher sai da margem para o
centro das discussões, numa atitude que rompe com os padrões de seu tempo.

117
OS VERÕES DESCONSTRUÍDOS EM THE BLUEST EYE, DE TONI
MORRISON E “THE FLOWERS”, DE ALICE WALKER

Luciana Duenha Dimitrov (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Umberto Eco, em Ensaios sobre a literatura (2011) explica que escrever sobre um povo
não implica unicamente relatar sua história sob um único ponto de vista; muito pelo
contrário, ele propõe que quando há literatura, contribui-se para formar a língua, cria-
se identidade e comunidade. Isso se faz evidente quando são analisadas as obras das
premiadas Toni Morrison e Alice Walker que ao longo das últimas décadas apresentam
ao leitor um panorama bastante amplo do negro ao longo da história norte-americana.
Neste estudo, objetiva-se cotejar o último trecho do livro The Bluest Eye, de Toni
Morrison e o conto “The Flowers”, de Alice Walker. Cabe esclarecer que o romance
inaugural de Morrison é estruturado em partes nomeadas com as estações do ano,
cuja suposta relação cronológica imaginada é rompida no momento em que a leitura
flui revelando que os capítulos não são apresentados ciclicamente. O Verão, trecho
escolhido para este estudo, traz características bastante semelhantes ao verão que
ambienta o conto de Alice Walker. O jardins de verão que compõem os cenários das
duas narrativas, em nada se assemelham ao significado comum que se vislumbra de
jardins, citando-se o Dicionário de Símbolos, de Chevalier e Gheerbrant (2005, p.241),
“(...) um símbolo do paraíso terrestre, do cosmos que o tem como centro, do paraíso
celestial e dos estados espirituais que correspondem a locais paradisíacos”. Tendo
jardins como cenários das narrativas, as meninas protagonistas das obras em estudo
relatam verões que se encerram junto à atrocidades que jamais deveriam ser
testemunhadas, tampouco vividas. A proposta deste estudo, então, é revelar como o
verão faz florescer nos jardins, nos textos em questão, a violência no mundo dos
negros.

118
PISA E SARESP: HABILIDADES DE LEITURA COMO SUBSÍDIOS PARA AS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Luciana Mirabile

O presente artigo tem como objetivo principal descrever as principais características


das avaliações de leitura do PISA e do SARESP, comparando o grau de dificuldade das
questões e os tipos de textos apresentados. Pretende-se, também, verificar, em que
medida as duas avaliações podem auxiliar o professor de Língua Portuguesa no tocante
à formação de alunos leitores proficientes, capazes de construir sentidos adequados
aos textos que leem. Este artigo adota uma concepção sociocognitivo-interacional de
leitura, na qual os sujeitos participantes desse ato comunicativo são vistos como
construtores ativos dos sentidos do texto. Para atingir os objetivos a que este artigo
se propõe, foram usados os estudos de Koch (2005), Koch e Elias (2006) entre outros
pesquisadores. O corpus escolhido para compor este artigo são as questões da
avaliação do SARESP para alunos do 9º ano do ensino fundamental, visto que esses
alunos já têm ou terão, em breve, idade para realizar o exame do PISA. Essa escolha se
justifica, uma vez que as estatísticas mostram que grande parte dos alunos dos ensinos
fundamental e médio não apresenta nível de proficiência leitora satisfatório. Os
resultados desta análise permitem concluir que as duas avaliações exigem habilidades
de leitura e grau de dificuldade de questões semelhantes. Nesse sentido, as duas
avaliações representam um subsídio para as aulas de Língua Portuguesa,
especialmente no tocante à prática de leitura.

Palavras-chave: avaliação, leitura, ensino.

119
AS CAPAS DE O CORTIÇO SOB UMA PERSPECTIVA BAKHTINIANA

Luciana Paula Bento Luciani (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O trabalho consiste em analisar os sentidos construídos nas imagens de quatro capas


utilizadas no mercado editorial brasileiro, entre os anos de 2004 e 2012, para a obra O
cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913). Tem como objetivo estabelecer
relações entre o texto verbal e o não verbal, a fim de compreender de que forma a
capa, enquanto paratexto textual, e, portanto um hipotexto, apresenta (ou não)
conexões com o hipertexto.

Recorre-se para tal estudo ao fundamento teórico, postulado por Mikhail Bakhtin,
sobre o conceito de dialogismo. Na perspectiva bakhtiniana, o dialogismo é um
fenômeno constitutivo da linguagem que se estabelece entre dois enunciados, ou seja,
são as relações de sentido que se constrói na interação entre enunciador e
enunciatário. Nessas relações entre sujeitos são absorvidas diferentes vozes sociais
que implicam conexões de concordância ou discordância, podendo apresentar um
caráter centrífugo ou centrípeto.

Ainda de acordo com os fundamentos bakhtinianos, o caráter centrífugo diz respeito à


inovação, à heterogeneidade, busca sair do centro. Já o centrípeto, é de cunho
centralizador, autoritário, exercido no jogo de poderes sociais. E será a partir da
observação do caráter centrípeto que as quatro capas de O cortiço serão analisadas.

Apesar de o próprio cortiço ser o protagonista e prevalecer sua imagem na maioria das
capas utilizadas para ilustrar o livro, as quatro capas selecionadas para este trabalho
trazem outros personagens do romance, igualmente importantes para o enredo: João
Romão e Bertoleza.

Esta pesquisa, por meio dos estudos imagéticos, oferece outra possibilidade
metodológica de compreensão dessa importante obra de Aluísio Azevedo, que, no
meio literário atual, figura ainda com grande expressividade, uma vez que se trata de
um clássico da literatura amplamente adotado na Educação Básica; leitura obrigatória
desde 2010 pela FUVEST e UNICAMP e texto livre para uso comercial (domínio
público).

120
A REFERENCIAÇÃO E A CONSTRUÇÃO ESPACIAL DAS CENAS
EM ROMANCES BRASILEIROS

Luciana Ribeiro de Souza (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

A proposta deste trabalho, que se desenvolve no campo da referenciação textual, é


mapear a construção espacial das cenas em sequências descritivas de romances
brasileiros produzidos em diferentes épocas (Romantismo, Realismo, Modernismo e
Contemporaneidade). Verificando, com base funcionalista (HALLIDAY; MATTHIESSEN,
2004; NEVES, 2004; 2007; 2011), os elementos fóricos, ou referenciais (sintagma
nominal, pronome ou zero), que entram na constituição dos ambientes, este trabalho
verifica que: (a) as sequências descritivas são compostas muito mais por referentes de
menção única que, ao se associarem a outro(s) elemento(s) de composição da cena,
contribuem para a construção do espaço, do que por elementos referenciais que, uma
vez introduzidos, são recuperados no texto; (b) em algumas sequências (no
Modernismo e na Contemporaneidade), nas quais os elementos referenciais são
reduzidos, a construção dos cenários se dá muito mais por estímulos cognitivos do
leitor (Marcuschi, 2001) do que por elementos evidentes no texto; (c) há
predominância dos sintagmas nominais referenciais sobre a referenciação pronominal
e a referenciação zero; (d) as qualificações que são atribuídas aos objetos que
compõem os ambientes ajudam a constituir mais pormenorizadamente os espaços; (e)
há predominância do uso de anáforas associativas e de comparações. Pode-se dizer
que, no geral, a disposição dos elementos que compõem um excerto descritivo sugere
uma “lista” (SCHIFFRIN, 1994), ou seja, um conjunto de similares, ao qual são
adicionados novos elementos que, reunidos, dão realismo àquilo que está sendo
descrito.

Palavras-chave: sequência descritiva; referenciação; construção espacial.

121
RETÓRICA: MANUAL DE PICARETAGEM INTELECTUAL

Luciano Aparecido Borges Almeida (UPM)

A partir das contribuições do Círculo de Bakhtin, o estudo examina a relação dialógica


entre o artigo de opinião “Manual de Picaretagem Intelectual” e o conceito de retórica
de Aristóteles, tomando como fundamento a concepção dialógica da linguagem. A
análise entende como relevante o conceito axiológico aplicado à retórica.

Palavras-chave: retórica; gênero; juízo de valor; entoação.

O estudo tem por objetivo geral examinar a relação dialógica entre o texto “Manual de
Picaretagem Intelectual”, selecionado de uma publicação de jornal (Estadão), e o ideal
de retórica compreendido por Aristóteles. O objetivo específico é examinar o conceito
axiológico do referido artigo de opinião, bem como identificar as vozes que dele
participam.

A perspectiva de análise é a bakhtiniana, em que pensar o gênero é refletir sobre a


forma, o material e o estilo. A esfera de atividade em análise é o artigo de opinião
como produto ideológico materializado. Enunciado esse que propõe um conjunto de
valores ideológicos marcadamente construídos, cujo intuito é o de persuadir certa
sociedade (os seus leitores) num determinado momento histórico (o contemporâneo).
O que leva este estudo a considerar a produção, a circulação e a recepção deste
enunciado.

Almeja-se uma pesquisa qualitativa de caráter interpretativo, composta por etapas de


análise. O percurso basilar passará pelos conceitos de gênero, diálogo, juízo de valor e
entoação.

A importância de se realizar este estudo se encontra na contribuição que se pretende


para o entendimento da questão axiológica na retórica, ao analisar o enunciado
veiculado por um artigo de opinião, a sua entoação, o seu poder argumentativo, cujo
intuito é o de influenciar a consciência individual (do leitor), ao utilizar do discurso de
outrem.

122
COERÊNCIA EM HIPERTEXTO E O ENSINO DA ESCRITA

Luciene Oliveira da Costa Santos (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria da Silva Elias

As diversas formas de comunicar em ambientes de hipermídia adquirem uma


relevância tal que mostram o quanto é presente a necessidade de a escola se adaptar a
essa nova realidade. Diante disso, este trabalho volta-se para a produção escrita em
ambiente de rede e o estudo sobre a coerência na escrita de hipertextos, sem
esquecer o fato de que está inserida no cotidiano dos alunos. Assim, os objetivos deste
trabalho mostram-se dois: discutir a escrita no ambiente de hipermídia e refletir sobre
a coerência da produção escrita nesse suporte, considerando os interesses docentes
de trabalho com hipertextos. A partir da observação de fragmentos extraídos de um
portal de notícias da internet, este trabalho apresenta definições exemplificadas do
hipertexto e da coerência na escrita do hipertexto. Há destaque para as noções de que
a coerência de um texto é uma construção que demanda alguns aspectos como
inteligibilidade e interpretabilidade (KOCH; TRAVAGLIA, 2008) e de que não apenas os
conhecimentos linguísticos são importantes na coerência, mas também outros
conhecimentos do leitor como conhecimento enciclopédico (conhecimento de mundo
guardado na memória), conhecimento de textos (para ativar modelos preexistentes),
conhecimentos interacionais (para ativar as práticas de interação) (KOCH; ELIAS, 2011),
pois é principalmente no âmbito mais amplo do texto que se manifesta na
estruturação de sentidos (MARCUSCHI, 2012). Os resultados deste estudo evidenciam
que a coerência se constrói para além dos elementos linguísticos, estando ligada à
interação. Numa visão global, o título mantém relação com a notícia e com os
comentários dos internautas que formam uma sequência lógica dentro do próprio
hipertexto que, ao mesmo tempo, depende de intenções comunicativas e elementos
extralinguísticos para produzir sentido.

123
GÊNERO DRAMÁTICO – PERSPECTIVAS DE APLICABILIDADE DAS
DIRETRIZES DA LEI 10.639/2003 NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Lucy Aparecida Melo Araujo (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza

Mais de dez anos se passaram da implantação da Lei 10.639/2003 - que torna


obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas
-, e, até o presente momento, os professores de Língua Portuguesa enfrentam
dificuldades para o seu cumprimento. O objetivo desta pesquisa é contribuir para o
trabalho do professor em sala de aula, com a apresentação de uma proposta de
trabalho com o gênero texto teatral como forma de inserir a História e Cultura Afro-
Brasileira nas aulas de Língua Portuguesa, conscientizando o aluno da importância da
leitura e do estudo da língua como produtora de sentido e mediadora da leitura do
mundo e tornando o aprendizado significativo para o aluno. O trabalho com o gênero
texto teatral garante ao professor a articulação entre os elementos de ordem
gramatical, textual e discursiva necessários à compreensão e à produção de textos nas
mais diversas situações comunicativas. Permite também se apliquem exercícios de
retextualização de textos de diferentes gêneros e modalidades como forma de alcançar
resultados efetivos de letramento em sala de aula, de ensinar conceitos linguísticos
importantes de maneira prática e reflexiva e de internalizar as diferentes características
dos gêneros trabalhados. As atividades de retextualização de fábulas, contos, lendas e
mitos africanos em textos teatrais trazem consigo o lúdico, exploram o conhecimento
prévio do aluno e possibilitam o ensino de língua materna dentro de uma perspectiva
da educação linguística. A partir dos conceitos abordados pelos autores Bernard
Schneuwly e Joaquim Dolz, sugere-se uma sequência didática em que se trabalhe não
somente o ensino do gênero escrito, mas também o ensino da oralidade, apresentando
um material rico em textos e que sirvam como referência para que, ao final, o aluno
seja capaz de reconhecer o gênero e realizar sua própria produção.

124
CAOS E VIOLÊNCIA: A REPRESENTAÇÃO DO URBANO NOS CONTOS DE
RUBEM FONSECA E DE MARCELINO FREIRE

Márcia Moreira Pereira (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

A literatura brasileira contemporânea apresenta perspectivas diversas, possibilita


abordagens distintas, dialoga com variados modos de representação. Não restam
dúvidas, por exemplo, de que o êxodo rural, o fenômeno da globalização, o avanço
tecnológico e o crescimento urbano, entre outros fatores, influenciaram, direta ou
indiretamente, essa literatura, resultando tanto em autores que tiveram seus livros
censurados pela ditadura militar da década de 70 (Rubem Fonseca, Renato Tapajós,
Inácio Loyola, entre outros), quanto, anteriormente, em autores que inovaram em
suas temáticas e estruturas, causando certo estranhamento junto a uma parcela da
crítica especializada e do público leitor (Clarice Lispector, Murilo Rubião, Guimarães
Rosa etc.). Há, contudo, um elemento que a crítica define como uma espécie de
catalisador de parte das obras e autores que a compõem a literatura brasileira
contemporânea: a representação do urbano. O Brasil passou, de algumas décadas para
cá, por variadas transformações, muitas delas ligadas à eclosão da cidade grande: da
vinda do homem do campo às inquietações e perturbações dos indivíduos que
passaram a viver nesses grandes conglomerados urbanos, tudo tem sido, de certa
maneira, discutido, analisado, processado, enfim representado pela atual literatura
brasileira. A proposta dessa comunicação é analisar alguns contos de dois nomes de
expressão da nova literatura brasileira (Rubem Fonseca e Marcelino Freire), numa
perspectiva que, embora dialogue de perto com o comparatismo literário, nele não se
esgota: adotando como fundamentação teórica das análises conceitos próprios tanto
dos estudos pós-coloniais (a partir do qual serão instrumentalizados algumas de suas
categorias basilares, como a de hibridismo) quanto da pós-modernidade (por exemplo,
o conceito de simulacro), enfatizaremos aspectos próprios da realidade urbana, não
apenas como tema das narrativas analisadas, mas como elementos que configuram
tanto sua estrutura ficcional (personagens, tempo, espaço) quanto sua escritura
literária.

125
SATÃ, UMA PERSONAGEM TRIMÓRFICA

Marcos Aurélio Zamith Fernandes (UPM)


Orientadores: Profa. Dra. Lílian Lopondo/Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira

Satã é a personagem protagonista da monumental epopeia inglesa Paradise Lost. O


problema em questão relativo à personagem é que Milton foi acusado por Shelley,
Byron e Blake de “tomar partido do Diabo”, visto que construiu a personagem com um
marcante traço: “profundidade” conforme Carey (1997), ocupando inclusive na obra
épica a posição normalmente reservada ao herói. O objetivo deste trabalho é expor
que em Paradise Lost Satã não possui performance heroica no contexto literário e
histórico da obra, ainda que compartilhe características com heróis épicos.

De acordo com Forsyth (2014), Lewis (1961) e Nicolson (1998), o percurso de Satã na
narrativa é o de um processo degenerativo: de grande e glorioso arcanjo no Céu, foi
precipitado na escuridão do Inferno por rebelar-se contra o Céu tornando-se príncipe
dos demônios, sua nova identidade; para se vingar de sua expulsão do Céu, entra no
Paraíso Terrestre e, como era espírito, entrou no corpo de uma serpente que dormia
para, como serpente tentadora, persuadir Eva, que considerou mais frágil que Adão, a
pecar. Depois de Eva ter comido a maçã proibida, Satã retorna ao Inferno onde é
derrotado, juntamente com sua legião de demônios, sendo transformado em serpente
devido a uma sentença dada no Céu. Assim, mesmo que Milton tenha construído Satã
com complexidade, este, ao fim de sua transformação degenerativa, foi derrotado,
portanto não se sustenta a tese de que Milton estivesse a favor do Diabo. Ao contrário,
seu posicionamento está de acordo com seu credo puritano.

A análise literária deste tema se baseia sobre a obra original Paradise Lost bem como
sobre os autores supracitados que escreveram a respeito do Satã de Milton.

126
LÍNGUA E IDEOLOGIA NO DISCURSO RELIGIOSO NEOPENTECOSTAL: O
TRAJETO DO FAZER-CRER AO FAZER-PODER.

Marcus Túlio Tomé Catunda (Uninorte/Laureate-AM)


Orientadora: Profa. Dra. .Regina Célia Pagliuchi da Silveira

Este trabalho situa-se na área do discurso. O problema consiste em investigar a inter-


relação entre Sociedade, Cognição e Discurso para entender a força discursiva que guia
a mente dos fiéis para que aceitem as crenças e de que forma elas os incentivam a
adquirirem o poder de serem felizes e realizados.

O objetivo geral é contribuir com os estudos do discurso religioso. Os específicos são:


1. Explicitar a ideologia contida no discurso da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD
para promover a conversão da população pela manipulação do poder, controle e
acesso ao público; 2. Mostrar como se constroem as estratégias discursivas utilizadas
para guiar a formação sociocognitiva religiosa do outro e 3. Descrever como o discurso
religioso da fé contribui para a construção da experiência religiosa que leva o outro à
mudança de vida.

A fundamentação teórica é composta por resultados apresentados pela Análise Crítica


do Discurso com vertente Sociocognitiva e Social, pela Sociologia de Max Weber e pela
Psicologia Cognitiva com a teoria de memória por armazéns, de Atkinson e Shiffrin.

A investigação proposta é qualitativa e adota um procedimento teórico-analítico, cujo


material de análise foi coletado do periódico Folha Universal.

Os resultados parciais indicam que: 1. A ideologia da IURD se propaga através de


instrumentos/veículos de reprodução ideológica, como jornais; 2. As estratégias
discursivas constroem-se a partir de recursos linguísticos que desafiam e levam o
receptor à aceitação diante do emissor/pastor; 3. O discurso da IURD encontra nas
bases sociológicas de Weber um aliado para promover a conversão, construir
estratégias discursivas para influenciar a formação religiosa do outro e contribuir para
a construção da experiência religiosa que leva o outro à mudança de vida. Conclui-se
que os leitores do jornal são atraídos por estratégias retóricas tanto do verbal quanto
de argumentos de legitimidade e reforço.

127
O DISCURSO MIDIÁTICO E O SUJEITO-ALUNO: ENTENDENDO SEUS
DESEJOS E EXPECTATIVAS

Maria Cristina Pereira da Silva (UNICSUL)


Orientadora: Profa. Dra. Beatriz Maria Eckert-Hoff

Este trabalho tem como objetivo estudar os discursos veiculados nas propagandas dos
cursos de idiomas e como o sujeito-aluno é influenciado por tais discursos. Como o
desejo pelo aprendizado da segunda língua, em especial a língua inglesa, é crescente, é
comum encontrar indivíduos que buscam esse conhecimento para se sentirem
incluídos no contexto do mundo globalizado. O estudo tem como base a Análise de
Discurso de Linha Francesa e os fundamentos postulados por Pêcheux que
compreendem o sujeito como um ser heterogêneo, situado na prática social e
submetido às influências culturais e ideológicas do outro. Serão analisados fragmentos
discursivos de depoimentos de alunos adultos e jovens adultos, que frequentam ou já
frequentaram cursos de idiomas, onde são relatadas suas expectativas antes do início
do curso e os resultados obtidos durante ou ao final do curso. Através deste estudo é
possível observar as vozes que emanam dos discursos dos alunos e das escolas que se
utilizam das várias propagandas para encantar o “cliente” em potencial. Nessas
condições é possível perceber que o sujeito-aluno, com o sonho do conhecimento, se
submete a aprendizagem proposta pelas escolas, ignorando as possíveis dificuldades
ao longo do processo de aprendizagem. A forte pressão pela aquisição da mercadoria –
curso de idiomas – é tão intensa que ingenuamente o sujeito-aluno se rende ao “fast
aprendizado” imaginando que conquistará conhecimento de qualidade e eficaz. Neste
trabalho, através dos discursos estudados, é possível perceber que a língua inglesa não
é somente objeto de desejo e realização pessoal e/ou profissional, mas também
desencadeadora de frustração uma vez que nem sempre o que é oferecido ao
“cliente” pode ser entregue.

128
UMA ANÁLISE INTERMIDIÁTICA DO CONTO “O RETRATO OVAL”

Maria da Luz Alves Pereira (UFMS/UPM)


Orientadora: Profa. Dra.Lílian Lopondo

O conto “The oval portrait”, de Edgar Allan Poe (1809-49), publicado pela primeira vez
em 1842, no Graham’s Lady’s and Gentleman’s Magazine, já foi traduzido diversas
vezes no Brasil sob o título “O retrato oval”. Em 2006, a editora Melhoramentos lançou
mais uma tradução, a coleção Histórias extraordinárias, em volume ilustrado, única
produção desse tipo no país. Esse trabalho é assinado por Antônio Carlos Vilela e as
ilustrações são de Poly Bernatene, um artista plástico argentino. A presente
comunicação elege esse livro como objeto de estudo e se propõe a analisar duas
dessas ilustrações, com ênfase nas relações entre palavra e imagem, procurando
identificar as vinculações de convergências e divergências entre o texto verbal e o
visual. Para atingir o objetivo, é preciso compreender como os pesquisadores têm
discutido a tradução intersemiótica e a adaptação. Nesse sentido, primeiramente, é
realizada uma revisão literária sobre esses assuntos, apresentando os trabalhos mais
antigos e clássicos, como a tipologia de Roman Jakobson, passando pelas noções de
Linda Hutcheon até chegarmos aos estudos contemporâneos da intermidialidade, com
Claus Clüver. À medida que a revisão vai sendo feita, analisamos cada estudo,
discutindo em que aspectos contribuem para o entendimento do tema proposto. Na
sequência, empreendemos a análise propriamente dita das imagens conjuntamente
com o texto verbal. Como resultado, pode-se inferir que, apesar de formarem uma
obra multimidiática, na qual há a presença de mídias diferentes dentro de um texto
individual, sendo o elemento verbal e o visual autossuficientes, autônomos, os textos
analisados dialogam, interagem e se completam, inserindo-se, portanto, no campo da
intermidialidade, no dizer de Clüver.

129
O ENSINO DE LEITURA LITERÁRIA NAS VOZES DE PROFESSORES DE
PORTUGUÊS RECÉM-FORMADOS

Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida (UPM/UFMS)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos

Neste trabalho apresentamos pesquisa, em andamento, cujo objetivo é conhecer


alguns saberes que os egressos do Curso de Letras trazem em suas vozes, relacionados
ao ensino de leitura literária, voltada à educação básica, para, assim, verificar e
compreender quais saberes foram, efetivamente, apreendidos pelos professores
recém-formados. Utilizamos uma abordagem qualitativa de pesquisa (LÜDKE e ANDRÉ,
1986), tendo como pano de fundo o estudo de caso (TRIVIÑOS, 2009) e a Análise
Crítica do Discurso (FAIRCLOUGHL, 2001), especificamente, por meio de referenciais
teóricos das áreas de educação (FREIRE, 1987; 2003; 2011), do discurso (FAIRCLOUGH,
2001), de leitura literária (ZILBERMAN, 1991; LAJOLO, 1994; 2001; LAJOLO e
ZILBERMAN, 1996; MORTATTI, 2014; AGUIAR e BORDINI, 1988; COSSON, 2012).
Amparamo-nos no conceito de literatura - e seu caráter de humanização - em Candido
(1995; 1997), que leva em conta os fenômenos citados como prática social, histórica,
ideológica e cultural. O corpus discursivo foi coletado por meio de entrevistas
semiestruturadas, realizadas com 14 formados em Letras, da turma de 2013, de
universidade pública do Mato Grosso do Sul. Entrevistamos, também, professores de
língua e de literatura da rede pública municipal e estadual de Campo Grande – MS.
Pensamos que as políticas de leitura do país, a organização do currículo do Curso de
Letras, a prática de leitura do graduado durante esse curso e ao longo de sua vida,
dentro ou fora de instituições escolares, sua visão de mundo e a prática pedagógica do
professor universitário ao trabalhar com seus alunos – futuros professores – a leitura
literária, interferem no modo como o professor formado em Letras pensa o ensino de
leitura literária na escola. Esperamos que o estudo contribua para refletirmos sobre a
formação do professor de língua e de literatura, ainda, para políticas de formação
docente que possibilitem o repensar do fazer docente ao ensinar a leitura literária na
escola brasileira, considerando o ensino fundamental II e o ensino médio.

Palavras-chave: Ensino; leitura literária; professor de português; recém-formados.

130
AS POLÊMICAS DO SÉC. XIX E INÍCIO DO SÉC. XX – CONTRIBUIÇÕES
PARA A COMPREENSÃO DO SABER LINGUÍSTICO.

Maria Helena Correa da Silva Matei (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Leonor L. Fávero
Marta Aparecida Paulo Ferreira (PUC-SP)
Orientadora: Sueli Cristina Marquesi

Polêmicas são discussões travadas geralmente por intelectuais letrados acerca de


assuntos de natureza variada, como política, religiosa, literária, científica ou histórica.
O período da história em que se registrou muito desse espírito combatente
compreende a meados do século XIX e início do século XX. Nesse período, imbuídos
pelos ideais libertários propostos por ocasião da independência, esses intelectuais
preocupavam-se com a busca de uma identidade linguística nacional, já que a língua
em uso no Brasil sofria intensa pressão dos conservadores do português falado em
Portugal. Nesse sentido, este artigo tem por objetivo conhecer algumas polêmicas que
abarcaram o Séc. XIX e início do Séc. XX no que tange as questões gramaticais, tendo
como embasamento teórico a História das Ideias linguísticas. Por meio da
contextualização social, histórica e política, as polêmicas são apresentadas e os
excertos que travam as questões gramaticais são exemplificados, para compreensão
da posição dos gramáticos e assim percebermos a contribuição destas polêmicas para
o saber linguístico. As polêmicas selecionadas são: 1) Polêmica sobre a Confederação
dos Tamoios José de Alencar com Araújo Porto-Alegre e D. Pedro II. 2) Polêmica de
Carlos de Laet com Camilo Castelo Branco, 1879. 3) Polêmica de Júlio Ribeiro com
Padre Sena Freitas, 1888. A célebre polêmica gramatical sobre o Código Civil Rui
Barbosa com Carneiro Ribeiro, 1902. O estudo desses debates contribuiu para uma
melhor compreensão da evolução de nosso saber linguístico.

Palavras-chave: polêmica gramatical, saber linguístico, história das ideias linguísticas.

131
ESTRATÉGIAS DE COESÃO EM REDAÇÕES DO ENEM: OS
ARTICULADORES ARGUMENTATIVO-TEXTUAIS

Maria Isabel Soares Oliveira (UNICSUL)


Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL)

Esta comunicação enquadra-se em projeto de mestrado cujo objeto é o estudo da


produção textual no ensino médio, com o objetivo geral de analisar, a partir de numa
visão sócio-interacional cognitiva de abordagem enunciativa, estratégias
argumentativas utilizadas em redações do Exame Nacional do Ensino Médio-Enem. A
pesquisa vincula-se à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e
produção de texto escrito e falado, ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas
e textuais, e ao projeto guarda-chuva Gramática, Texto e Argumentação para a Prática
de Leitura e Escrita. Neste trabalho, apresentamos estudo preliminar, a fim de verificar
como são avaliadas as redações nota 1000 (mil) do ENEM. Para tanto, a partir de um
corpus de 5 (cinco) redações resultantes das propostas de 2011 a 2013, observamos as
estratégias linguístico-textuais utilizadas pelos produtores na construção de seu
projeto argumentativo, considerando especialmente os critérios de argumentatividade
propostos pelo Enem nas competências II, III e IV. As análises fundamentam-se na
Linguística Textual de abordagem sócio-interacional cognitiva em diálogo com a Teoria
da Argumentação na Língua, destacando, com Koch (2007) e Cabral (2010), a
importância dos articuladores textuais para o processo coesivo e argumentativo do
texto. As categorias de análise constituem, por conseguinte, os articuladores textuais
discursivo-argumentativos, e as seguintes marcas de coesão: anáforas e paralelismo
sintático. Além disso, considerando a pertinência da norma culta para corpus
estudado, constituem também suporte para as análises tanto as gramáticas descritivas
de Perini (2002 e 2010) e Neves (2000) quanto as gramáticas normativas de Bechara
(2009) e Cunha (2008). A comunicação apresentará o processo de produção textual no
Enem, apresentando os critérios de avaliação; os fundamentos teóricos, dando conta
das categorias de análise; e as análises, observando os articuladores e as estratégias
argumentativas em redações resultantes de práticas consideradas bem sucedidas.

132
A CONTRIBUIÇÃO DE PIERRE BOURDIEU PARA O ENSINO DA ARTE

Maria Lúcia Wochler Pelaes (UPM)


Orientador: Prof Dr. Norberto Stori

O presente ensaio propõe analisar como é configurada uma pedagogia aplicada à arte,
que compreende o conceito dentro de um imaginário social, refletindo a ideia da
existência de um “dom” específico para a vivência artística. Quanto à ideologia do
dom, segundo os fundamentos teóricos de Pierre Bourdieu, pode ser interpretada
como uma justificativa para a criação de estereótipos em relação à atuação e ao êxito
dos alunos nas aulas de arte, conseqüentemente, mascarando as condições de acesso
à cultura e aos bens culturais, identificando a capacidade criativa como atributo
natural. Assim concebida, a noção de uma pedagogia artística assume um sentido de
criatividade numa alternância entre a expressão espontânea, livre de regras, e o
aprendizado estético. Tal relação dicotômica revela que o conceito de criatividade é
concebido numa contradição entre a condição de “habilidade” natural e inata, e a
condição de ser identificado como um produto de aprendizado cultural.

Palavras Chaves: Arte-Educação, Ideologia do Dom, Bourdieu.

133
O SERMÃO DA SEXAGÉSIMA E A TEORIA DA COMUNICAÇÃO.

Maria Luiza de Arruda (PUC-SP)


Orientadores: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos.
Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira.

O presente trabalho tem como objetivo, considerando as teorias da Historiografia


Linguística de Altmam (1988) e Almeida (2003), analisar o Sermão da Sexagésima, de
Antônio Vieira, padre jesuíta que viveu e escreveu na época do Barroco, sob o ponto
de vista da teoria da comunicação, surgida no princípio do século XX. Assim, como uma
forma de ordenar o pensamento perdido entre os reflexos, pretende-se verificar como
se organiza essa estrutura lógica e como pode inserir-se dentro do Barroco de maneira
tão cômoda. Esse artigo justifica-se pela necessidade de demonstrar como o referido
sermão já aponta para uma teoria que buscou estabelecer, a partir do sistema triádico
do discurso de Aristóteles, outros universos da comunicação, que na época de sua
escritura ainda não se cogitava, ou seja: como o emissor, o receptor, a mensagem o
canal, o código e o contexto influenciam o processo comunicativo. A análise mostrará
outro tipo de enfoque – o como Vieira pode ser lido numa perspectiva mais atual, ou
seja, do ponto de vista da comunicação. Entende-se que o tema do Sermão é extraído
duma passagem bíblica: Semen est verbum Dei (s. Lucas, VIII, 2)- A semente é a palavra
de Deus. Vieira transforma em indagação o tema: “Se a palavra de Deus é tão eficaz e
poderosa, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus?”. Conclui-se que o
processo comunicativo falha, na análise de Vieira, devido à presença de um entrave,
constituído por uma aparência, que substitui a essência. Todos os elementos
componentes do processo funcionam, contudo a mensagem codificada corretamente
transmite uma falsa informação.

134
DAS PALAVRAS DE LISPECTOR ÀS IMAGENS DE ALMEIDA JÚNIOR:
UMA RELAÇÃO DIALÓGICA
Mariana Calvo Mozer Manzieri (UPM)

O presente trabalho desenvolve o diálogo existente entre textos de naturezas


distintas, ou seja, estuda o dialogismo existente na literatura e na pintura. Para tanto,
utiliza-se, como corpus de análise um conto que compõe o livro Felicidade Clandestina,
de Clarice Lispector, intitulado, também, Felicidade Clandestina, em que a autora narra
a história da conquista de um livro fortemente desejado por ela, o qual lhe parecia
impossível possuir. Como corpus de análise imagética estão presentes três pinturas à
óleo do artista Almeida Júnior, intituladas Moça com livro, Repouso e Leitura. A base
teórica utilizada para o desenvolvimento do trabalho compreende autores que
discutem questões que mostram o processo de formação da leitura e de leitores, tais
como Antonio Candido e Alfredo Bosi e autores que discutem a questão dialógica e
intertextual, como Bakthin, Ferrara e Kristeva. Para embasar a análise imagética,
recorreu-se às considerações de Gomes Filho, Dondis, Arnhei e Manguel. Esses artistas
retrataram o processo de formação da leitura e de leitores e como o ato de ler ganha
uma relevância ao longo da construção textual. Constatou-se o processo de integração
de leitores e de leitura tanto por meio da imagem quanto por meio do texto verbal, e
evidenciou-se o diálogo entre textos de códigos distintos que descortinam relações
entre si.

Palavras chaves: Conto; Pintura; Dialogismo.

135
CLARICE LISPECTOR E MAURITS CORNELIS ESCHER: POÉTICAS DO
INFINITO

Mariângela Alonso (UNESP-FCLAr/CNPq)


Orientadora: Profa. Dra. Guacira Marcondes Machado Leite

No conto “A quinta história”, Clarice Lispector (1920-1977) constrói, em poucos


parágrafos, variações de um mesmo argumento, o que provoca o desdobramento de
cinco narrativas a partir do leitmotiv de como matar baratas. Por meio do efeito
especular da mise en abyme, o texto clariciano aponta para a eternidade das histórias
que retornam, assumindo uma tensão conflitiva frente ao leitor, ao exibir a morte
implacável como desejo maior, num movimento circular e labiríntico. As variações de
mesmo tema permitem que Lispector lance mão do processo de desdobramento
infinito do enredo, de acordo com as categorias tipificadas pelos estudos de Lucien
Dällenbach (1979). As imagens dos insetos surgem multiplicadas, enovelando-se sobre
si mesmas, de modo a demarcar na escrita o impulso funcional da própria narrativa.
Assim, por meio da reduplicação das imagens das baratas, Clarice Lispector apresenta
um novelo narrativo em que escrever equivale a procurar. Tais variações de mesmo
tema adquirem dimensões semelhantes à litografia do artista gráfico holandês Maurits
Cornelis Escher (1898-1972), “Escadaria” (1951), cujos jogos de ilusão de óptica
descerram caminhos que se espelham como labirintos, uma vez que Escher se vale da
divisão regular do plano em figuras geométricas que se transfiguram, se repetem e se
refletem por pavimentações e pontos de fuga. Nesta intrigante escadaria, infinitos
bichos, denominados pelo artista de “wentelteefjees”, ou seja, “bichos-rolapé”,
movem-se mecanicamente, alternando-se com suas imagens refletidas. Ambas as
obras, cada uma a sua maneira e código, equivalem cenários inscritos e tomados na
especularidade do labirinto, em experiências narrativas e visuais geradoras de leitura.
A partir do que foi exposto, buscamos empreender um caminho possível de análise do
conto de Clarice Lispector e da litografia de Escher, guiando-nos pelos estudos de
Lucien Dällenbach (1979), Gérard Genette (1982), Davi Arrigucci Júnior (1995), Bruno
Ernst (1991), entre outros.

136
ENSINO DA LEITURA NOS LIVROS DIDÁTICOS: UMA VISÃO HISTORIOGRÁFICA DE 1960 A 2000

Marília Brisolla (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista

O ensino da Língua Portuguesa foi se modificando ao longo da história da


educação no Brasil decorrente de fatores sociais, culturais políticos e mesmo
econômicos. Entretanto, entre as décadas de 1960 a 2000 é que podemos perceber
uma mudança de impacto social maior. Durante esse recorte histórico há a
democratização do ensino, o que gerou grande impacto social. Em função disso, a
disciplina passa por alterações a fim de dar suporte à nova massa de estudantes. Com
o decorrer do desenvolvimento social outras habilidades foram se tornando prioridade
em Língua Portuguesa, sendo a maior delas o ensino da leitura de forma proficiente,
pois até então havia de fato a alfabetização, mas isso não atestava a capacidade do
sujeito em compreender textos que circulavam na sociedade, muito menos a ter um
posicionamento crítico diante deles.

Tendo o ensino da leitura como a maior problemática dessa pesquisa, nos


propusemos a analisar livros didáticos de 1960 a 2000, de acordo com uma sequência
cronológica, considerando os aspectos internos e externos do material a fim de
perceber a mudança que houve na abordagem da interpretação de texto, ou seja,
como era realizado o ensino da leitura. Objetivamos olhar para a história do ensino da
leitura dentro da disciplina Língua Portuguesa, não com o objetivo de construir uma
narrativa, mas sim para compreender como essa disciplina foi se construindo
diacronicamente, ou seja, porque ela tomou um formato específico naquele período.
Assim, o objetivo é relacionar/analisar o desenvolvimento linguístico paralelamente
aos fatos históricos.

137
VERSÕES LIVRES DA BÍBLIA E SUA FUNÇÃO SOCIOCOMUNICATIVA NO
CONTEXTO RELIGIOSO

Mariú Moreira Madureira Lopes (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves

A Bíblia é um livro considerado sagrado pela comunidade religiosa a que se destina, e,


há séculos, seus ensinamentos têm influenciado a religião cristã. Todavia, o acesso que
a maioria dos leitores religiosos tem ao conteúdo registrado na Bíblia é mediado por
traduções. Há uma diversidade de versões bíblicas sendo veiculadas, o que, na
realidade, representa uma diversidade de usos, em que cada versão assume na
comunidade discursiva uma função sociocomunicativa. Há versões literais, que são
sensíveis ao contexto de situação instaurado no domínio religioso e que mantêm na
linguagem as marcas distintivas do registro religioso, mas há versões livres que não são
sensíveis a esse contexto e que se valem de outras estratégias linguístico-discursivas
para reproduzir o discurso bíblico-religioso. Entende-se, a princípio, que essa falta de
sensibilidade ao contexto observável em versões livres se verifica: no modo como elas
constroem o discurso — que se diferencia das versões tradicionais com as quais o
leitor religioso está habituado; na linguagem usada por elas — que é descrita pelo(s)
tradutor(es) como linguagem corrente ou próxima da língua falada; e, em alguns casos,
na mudança de características espaçotemporais e histórico-culturais do texto-fonte —
que implica a criação de outra situação discursiva. Diante disso, tendo em vista o
conceito de sensibilidade na tradução bíblica, proposto por Simms (1997), e as teorias
funcionalistas da linguagem que priorizam a relação entre linguagem e contexto
(HALLIDAY, 1978, 2004; HALLIDAY, HASAN, 1989; EGGINS, 1994), objetiva-se analisar
como as versões livres se configuram no contexto religioso, a fim de identificar, por
meio de um estudo comparativo das estratégias linguístico-discursivas usadas pelos
tradutores, a função sociocomunicativa que tais versões assumem na comunidade
discursiva a qual se destinam. (Apoio: Capes).

138
AS POLÊMICAS DO SÉC. XIX E INÍCIO DO SÉC. XX – CONTRIBUIÇÕES
PARA A COMPREENSÃO DO SABER LINGUÍSTICO.

Maria Helena Correa da Silva Matei (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Leonor L. Fávero
Marta Aparecida Paulo Ferreira (PUC-SP)
Orientadora: Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi

Polêmicas são discussões travadas geralmente por intelectuais letrados acerca de


assuntos de natureza variada, como política, religiosa, literária, científica ou histórica.
O período da história em que se registrou muito desse espírito combatente
compreende a meados do século XIX e início do século XX. Nesse período, imbuídos
pelos ideais libertários propostos por ocasião da independência, esses intelectuais
preocupavam-se com a busca de uma identidade linguística nacional, já que a língua
em uso no Brasil sofria intensa pressão dos conservadores do português falado em
Portugal. Nesse sentido, este artigo tem por objetivo conhecer algumas polêmicas que
abarcaram o Séc. XIX e início do Séc. XX no que tange as questões gramaticais, tendo
como embasamento teórico a História das Ideias linguísticas. Por meio da
contextualização social, histórica e política, as polêmicas são apresentadas e os
excertos que travam as questões gramaticais são exemplificados, para compreensão
da posição dos gramáticos e assim percebermos a contribuição destas polêmicas para
o saber linguístico. As polêmicas selecionadas são: 1) Polêmica sobre a Confederação
dos Tamoios José de Alencar com Araújo Porto-Alegre e D. Pedro II. 2) Polêmica de
Carlos de Laet com Camilo Castelo Branco, 1879. 3) Polêmica de Júlio Ribeiro com
Padre Sena Freitas, 1888. A célebre polêmica gramatical sobre o Código Civil Rui
Barbosa com Carneiro Ribeiro, 1902. O estudo desses debates contribuiu para uma
melhor compreensão da evolução de nosso saber linguístico.

Palavras-chave: polêmica gramatical, saber linguístico, história das ideias linguísticas.

ressignificando formas composicionais clássicas: Uma análise da “ode descontínua e


remota para

139
FLÁUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO” DE HILDA HILST

Milena Karine de Souza Wanderley (UFMS)


Orientadora: Profa. Dra. Kelcilene Grácia-Rodrigues(UFMS)

Ao observarmos as referências a formas clássicas por parte de poetas da modernidade,


constatamos o que Ezra Pound (1970) intencionava com a construção de um
Paideuma: a necessidade de construir referenciais que possibilitem a consistência e
desdobramento de um projeto estético. Nesse sentido, no acionamento da tradição na
contemporaneidade, o que se pode observar, em termos de produção poética, são os
ciclos dialéticos em movimentos de negação que retomam peculiaridades estéticas,
cuja negação já ocorrera. Desta forma, ao passo que houve um afastamento de
referenciais clássicos, ao longo do tempo, houve também um processo de recriação
que tange o amadurecimento dos padrões estéticos clássicos, os quais podem ser
observados em determinadas instâncias. E é sob a luz das relações dos poetas
modernos, em particular, Hilda Hilst, com o resgate de formas composicionais
clássicas, que desenvolvemos este estudo. Ele pretende analisar, sob a perspectiva da
forma e do conteúdo, como a “Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De
Ariana para Dionísio” publicado em Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1973)
articula um diálogo entre as Macroestruturas Arquitetônicas Lírica e Épica. Para tal,
além de Pound (1970), nos guiou: Bloom (2002), Elliot (1989) e Paz (1984) no que se
refere ao relacionamento da modernidade com a tradição em influência e
ressignificação. Já no que diz respeito aos questionamentos em torno da Forma e do
Conteúdo, guiou-nos Bakhtin (2010), em Questões de Literatura e Estética.
Pretendemos, dessa forma, assinalar a natureza do relacionamento das
Macroestruturas Arquitetônicas com as Formas Composicionais clássicas já
mencionadas, observando como as formas, sendo elas arquitetônicas – no seu modo
de realização da estrutura do gênero – ou composicionais – no seu modo de construir
a partir da estrutura de um determinado efeito de sentido, estão juntas na construção
do objeto artístico.

140
A ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DA CRÔNICA DE NOTÍCIA

Milton Gabriel Junior (PUC/SP/ UNIP)


Orientadora: Profa. Dra Regina Célia Pagliuchi da Silveira.

Esta comunicação situa-se na Linguística Textual-Discursiva e Análise Crítica do


Discurso, com vertente sócio-cognitiva, têm por tema analisar as sequências textuais
nos textos denominados colunas, publicados nos jornais paulistanos, uma vez que
nesse espaço reservado em todos os cadernos dos jornais escrevem jornalistas,
professores, literatos, músicos e outros.

Tem-se por objetivo examinar as colunas jornalísticas e verificar a qual gênero


pertencem, se os textos são crônicas, features ou artigos; quais estratégias
argumentativas o autor utiliza para criar a opinião; além de verificar pela análise das
sequências textuais como os textos estão organizados textual-discursivamente. O
método adotado para a análise é o teórico-analítico.

Justifica-se a análise, uma vez que os estudos já realizados sobre as colunas


apresentam uma classificação não esclarecedora, categorizando todo texto publicado
no espaço reservado como coluna, todavia encontram-se textos produzidos autores
pertencem a comunidades discursivas distintas, dessa forma questiona-se eles
produziram textos distintos ou o mesmo gênero? os textos publicados no espaço
“coluna” pertencem ao mesmo gênero? Tais textos atualmente são utilizados em
materiais didáticos como ferramenta de leitura e interpretação textual, mas não há um
consenso classificatório o que levará equívocos no ensino por parte dos docentes,
além de se transformarem em outro gênero ao utilizá-lo no material didático.

Os resultados obtidos indicam que há dois tipos de textos publicados no espaço


“coluna”, a saber: a crônica jornalística dividindo-se em crônica de notícia ou crônica
do cotidiano e o artigo, ambos são textos opinativos-argumentativos. A crônica, além
da opinião do autor, nos apresenta o dado cultural, os costumes e o modo de
pensar/agir do brasileiro, enquanto o artigo apresenta uma análise de um fato
noticioso, de algo pontual não apresentando traços identitários nacionais.

141
A INTERDISCURSIVIDADE EM UMA LEVE BRISA

Natalia de Figueiredo Contave (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Este trabalho tem o intuito de analisar aspectos interdiscursivos e as relações


dialógicas presentes na crônica Uma leve brisa do escritor brasileiro, Luís Fernando
Verissimo. Para isso, foram usados conceitos bakhtinianos sobre dialogismo e
interdiscursividade. Essa crônica foi selecionada em razão dos vários discursos que se
entrelaçam e do intenso embate discursivo presente em seu corpus.

Em Marxismo e filosofia da linguagem, Mikhail Bakhtin considera que o conceito de


interdiscurso é constituído nas relações dialógicas, e o dialogismo é estabelecido na
relação de sentido que se forma entre dois enunciados. Esse diálogo produzido é
resultado de certas recorrências de elementos encontrados em dois ou mais discursos,
cabe ao analista interpretar como textos de diferentes linguagens interagem. Portanto,
é previsto que cada intérprete traga consigo uma considerável bagagem axiológica.

A construção de sentidos da crônica em questão se compõe nos diálogos de opiniões


contraditórias das personagens coadjuvantes femininas e masculinas a respeito da
personagem principal, Amanda. Há ainda, aspectos presentes no texto em que se pode
salientar sua interdiscursividade, como a leve brisa que ventila os cabelos da
protagonista e que acaba intitulando o texto.

Para refletir sobre o papel de intérprete, outras referências devem ser trazidas para o
estudo. Além das menções teóricas já apontadas, são criadas relações entre a crônica e
outros elementos associados ao arquétipo da deusa Vênus, como anúncios
publicitários de shampoo, cenas de carnavalização com momentos de elevação e
rebaixamento, e de ironia. A escolha da crônica como corpus desta pesquisa
corresponde à intenção de discutir dialogismo e interdiscursividade de maneira leve e
didática.

142
A RESPONSABILIDADE ENUNCIATIVA EM UM ARTIGO
JORNALÍSTICO DE MR. MILES.

Natalie Nara Mastrangi Goes (UNICSUL)


Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Silvestre Leite Di Iório

Este trabalho, realizado na linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de


leitura e de produção do texto escrito e falado” é parte de uma proposta maior
desenvolvida no curso de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em Linguística da
Universidade Cruzeiro do Sul, tem como objeto de análise o artigo jornalístico do
caderno de viagem do jornal O Estado de S. Paulo, especialmente a coluna de Mr.
Miles – o homem mais viajado do mundo, e como objetivo refletir sobre aspectos
enunciativos da cortesia que são constitutivos a esse artigo especialmente em suas
marcas linguísticas, as quais refletem as tomadas de posição e as relações de poder
expostas em suas respostas ao leitor da coluna. A imagem de cada ser humano se
compõe de fatores complementares, ligadas aos desejos dos interlocutores,
permitindo o enunciador fazer diversas escolhas lexicais e sintáticas que possibilitam
expor atos de linguagem que se realizam nas interações comunicacionais. O discurso é
desenvolvido de forma que o Mr. Miles deixa marcas de atenuação de hierarquia em
seus enunciados, marcas que aproximam enunciador e coenunciador por meio de
expressões idiomáticas da língua inglesa, pronomes de tratamento, e por marcas
linguísticas da subjetividade ao tratar seu leitor como um conhecido. Para esta análise,
partimos do pressuposto de que a responsabilidade enunciativa é a forma como cada
indivíduo expressa linguisticamente a maneira como ele apreende a realidade que o
cerca ao marcar uma intencionalidade.

PALAVRAS-CHAVES: Responsabilidade enunciativa; Marcas; Enunciados; Cortesia.

143
MESTIÇAGEM E DESIDENTIDADE
NA COMUNICAÇÃO DO ÍNDIO COM O VÍDEO

Orlando Garcia (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. José Amálio de Branco Pinheiro

A proposta é analisar as relações construídas entre alguns grupos de índios do Xingu e


a produção de uma série documentária realizada pelo jornalista Washington Novaes
em 1984 e em 2006. O objetivo é mostrar que essas relações, ao representar
subjetivamente a comunicação dos corpos em movimento com o ambiente, podem
traduzir vários significados, colocando em discussão o conceito de identidade. Nosso
objeto são os videodocumentários produzidos por Novaes no Parque Indígena do
Xingu, sobre os quais analisaremos a relação midiática entre a produção fílmica e esses
grupos de índios da região, buscando formas possíveis de se romper com a construção
de ideias preconcebidas em torno de um suposto “purismo identitário” indígena, (pre)
conceito que questiona a capacidade do índio em se apropriar da cultura alheia sem
deixar que a sua, em especial, se dilua em alguma outra. Esta pesquisa pode contribuir
com os pesquisadores acadêmicos que se interessem pelo assunto ajudando-os na
ampliação dos estudos a respeito das relações do índio com o vídeo e com o debate
em torno do conceito identidade. Analisamos o movimento dos corpos dos indígenas,
suas falas nas entrevistas, as imagens produzidas sobre eles e sobre as aldeias, e as
narrações. Para esclarecer nossos problemas conceituais nos apropriamos de vários
autores, ligados à antropologia, à historiografia, à comunicação e à literatura, dentre
os quais destacamos: Viveiros de Castro (2002), Ruben Caixeta de Queiróz (2009),
Nèstor Garcia Canclini (2006), Laplantine e Nouss (2007), entre muitos outros que já
orientam seus estudos nesta perspectiva.

144
DONA BENTA, PERSONAGEM DE MONTEIRO LOBATO: DA MEDIAÇÃO
DE LEITURA À IMAGEM VISUAL

Patrícia Aparecida Beraldo Romano (UPM)


Orientador: Profª Drª Marisa Philbert Lajolo

Este trabalho apresenta, como objetivo geral, o estudo da personagem Dona Benta nas
obras infantis de Monteiro Lobato. Como objetivos específicos, pretende-se estudá-la,
em especial, como figura mediadora de leitura dos netos a partir de teoria sobre o
trabalho de mediação e também, a partir da preocupação com a materialidade da
obra, estudar as imagens visuais de Dona Benta em que ela aparece, de alguma forma,
mediando alguma leitura dos netos. Há nesta parte do estudo uma preocupação com o
“como” a imagem visual da personagem foi sendo construída e alterada ao longo das
várias edições. Também há de se pensar em quais influências os ilustradores sofreram
para comporem as imagens visuais de Dona Benta, além da própria filiação artística de
cada um dos ilustradores. Espera-se com isso contribuir para um estudo mais completo
da personagem-avó Dona Benta. A partir dessas questões intenta-se construir quem é
a personagem Dona Benta nas obras infantis lobatianas. O trabalho em questão é de
cunho bibliográfico, embora demande uma série de visitas a acervos de bibliotecas
como as da Unicamp, do Cedae e da Biblioteca Monteiro Lobato onde se encontra a
maior parte do material para o estudo da segunda parte do trabalho. A título de
exemplo de referencial teórico, citam-se: Alvarez (1982), Manguel (1997), Fischer
(2006), Santaela (2012), Linden (2011), Chartier (1996, 2002, 2011), Lajolo (2008,
2014), Debus (|2004), Jouve (2002), Barbosa e Barbosa (2013), Abreu (1999),
Cavalheiro (1955), Yunes (2002), Lobato (1956, 1969) bem como toda a obra infantil
(1977), dentre outras muitas obras teóricas. Até o presente momento, foram
concluídas as disciplinas referentes ao doutorado e realizadas inúmeras leituras
bibliográficas além das pesquisas aos acervos das bibliotecas anteriormente citadas.

145
OS VAMPIROS LITERÁRIOS NA OBRA
ENTREVISTA COM O VAMPIRO DE ANNE RICE

Patricia Hradec (Faculdade Anhanguera de Guarulhos)


Orientadora: Profa. Dra. Gloria Carneiro do Amaral

A presente comunicação tem por objetivo verificar dentro do universo fantástico,


como as criaturas vampirescas apresentadas por Anne Rice, em seu romance
Entrevista com o vampiro escrito em 1976, se diferem de outros vampiros
apresentados no decorrer dos séculos da história da literatura. Faremos um cotejo
entre os vampiros de Rice e outros, tanto lendários quanto literários dentre os quais
destacamos como maior ícone do gênero, Drácula de Bram Stoker. Sendo assim,
verificaremos como o vampiro Louis, o personagem principal, se apresenta com seus
sofrimentos e características humanas. Analisaremos suas características, além de sua
apresentação como uma vítima passiva, mesmo sendo um ser sobrenatural. Baseando-
se em diversas conceituações sobre o gênero fantástico verificaremos como este
vampiro humanizado se comporta. Entrevista com o vampiro é o primeiro livro dos 10
que compõem as “Crônicas Vampirescas”. O romance é uma autobiografia do vampiro
Louis, relatando a um suposto jornalista todos os percalços que o levaram a atravessar
séculos de existência como um vampiro extremamente reflexivo; entre dilemas
pessoais e perguntas sem respostas, é o arquétipo do homem moderno com suas
crises existenciais típicas dos homens do século XX. Embora nos atenhamos mais a
Louis, ele não está sozinho em sua jornada, junta-se a ele Lestat, o vampiro que o
transformou e Cláudia, uma menina de 5 anos, que também foi transformada em
vampiro e que renega sua imortalidade. Louis também encontrará Armand, um
vampiro refinado que tentará elucidar algumas respostas sobre seus questionamentos.

146
PROFESSOR, LEITOR (E BRUXOS): O ENSINO DE LITERATURA NA
CONTEMPORANEIDADE

Patricia Trindade Nakagome (USP)


Orientadora: Profa. Dra. Andrea Saad Hossne

O título da comunicação apresenta uma junção inusitada de elementos


aparentemente díspares. Afinal, o que une um professor, um leitor e bruxos? E mais: o
que há em comum entre eles quando pensamos em um contexto específico: a sala de
aula? A partir da série Harry Potter da escritora inglesa J.K.Rowling, discutiremos que
algumas obras podem ser de grande valia para o ensino de literatura apesar de nem
sempre serem bem avaliadas pela crítica literária especializada. Para fazermos tal
discussão, contrapomos alguns textos críticos sobre Harry Potter (muitas vezes
pautados numa apreciação negativa não apenas da obra, mas também de seus
leitores) a entrevistas realizadas com leitores da série. Contrariando perspectivas
pessimistas, esses sujeitos passam a se interessar por obras canônicas e, além disso,
demonstram encontrar em títulos como Harry Potter valores tradicionalmente
atrelados apenas à alta literatura. Com tais dados coletados junto a leitores empíricos,
mostramos que o ensino de literatura, ainda comumente pautado na história literária,
em critérios nacionalistas e em obras canônicas, pode ser mais vivo quando leva em
conta obras estimadas pelos jovens, ainda que elas não se enquadram nos critérios
tradicionais da disciplina. Consideramos, assim, a necessidade de que o ensino de
literatura seja feito de modo comparativo, levando em conta tanto a experiência do
leitor (seus gostos e interesses) quanto a tradição literária, cujo legado é transmitido
pela escola. Desse modo, talvez a literatura não permaneça “em perigo”, tal como
alerta Todorov (2009) e possa ser um instrumento de “humanização” das pessoas, tal
como entende Candido (2002). Tais objetivos não devem ser acompanhados de uma
postura autoritária ou arrogante, como vemos na obra de alguns críticos e no modo
exclusivista como eles entendem a literatura.

147
O RELACIONAMENTO CONJUGAL EM “A MULHER SEM PECADO”,
DE NELSON RODRIGUES

Rafael de Oliveira Reis (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Marlise Bridi

A presente pesquisa cujo título é “O relacionamento conjugal em A mulher sem


pecado, de Nelson Rodrigues” propõe, sob a base da Teoria da Paródia, uma análise de
como os discursos e as ações do casal direcionam-se para a destruição do
relacionamento conjugal.

A análise de A mulher sem pecado será realizada com intuito de investigar de que
modo o relacionamento conjugal é parodiado, destacando as ações e os diálogos entre
Olegário e Lídia, personagens da peça teatral, e as ações e diálogos entre os casais de
personagens de romances românticos que servirão como elementos parodiados.

Para a análise, focaliza-se o olhar nos diálogos e acontecimentos dos romances A


moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo e Amor de perdição, de Camilo Castelo
Branco, que são parodiados por Nelson Rodrigues, a partir do panorama social em que
foi escrita a peça.

O “diálogo”, que é um elemento extremamente valorizado nas obras de Dostoiévski,


será considerado como aspecto fundamental e de grande reciprocidade discursiva
quanto à percepção de Nelson Rodrigues.

De acordo com Bakhtin (2003), quanto à construção do diálogo, existe em todos os


âmbitos determinada interrupção e harmonia que dizem respeito às réplicas do
diálogo aberto com réplicas do diálogo interior das personagens, e que ditam o trajeto
que conduz à construção de sentido mediante denúncias objetivadas pelos autores
que comprometeram-se em abordar a realidade, e considerar o homem como quem
precisa descobrir-se não apenas na sociedade, mas interiormente. Dessa maneira,
evidencia-se que a obra abordada não visa somente o entretenimento, possui também
a finalidade de tornar o espectador um ser que seja apto para compreender com maior
perspicácia o que os significados representam e instigá-lo a refletir e agir mediante as
questões sociais que vive.

148
A POLÊMICA DA INTERINCOMPREENSÃO NO DISCURSO O MONSTRO,
TRÊS HISTÓRIAS DE AMOR, DE SÉRGIO SANT´ANNA

Ramon Silva Chaves (PUC-SP)


Ricardo Celestino (PUC-SP)
Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento

Em contribuição aos estudos enunciativo-discursivos propostos pela Análise do


Discurso de linha francesa, de Dominique Maingueneau, temos a proposta de analisar
o discurso O Monstro, três histórias de amor,de Sérgio Sant´Anna, composto na
segunda metade do século XX. Temos como objetivo examinar a polêmica da
interincompreensão que o discurso estabelece entre os campos jornalístico, filosófico
e psicológico ao enunciar os temas relações afetivas e criminalidade. Selecionamos
como amostra de nossa pesquisa, dos três contos que compõem a obra,o
contosegundo intitulado O Monstro. A amostra selecionadaconsiste em um conto,
publicado em 1992, que possui a entrevista jornalística como cenografia e tem como
tema central a entrevista realizada pelo informativo ficcional Flagrante e o professor
universitário Antenor Lott Marcial, culpado por arquitetar, junto de Marieta de Castro,
a morte da estudante FredericaStucker. Temos como ponto de partida que um
discurso constitui-se na relação que estabelece com outras formações discursivas no
interdiscurso. Maingueneau (2008) propõe, assim, uma tríade para categorizar o
interdiscurso, marcada pelo universo discursivo, campo discursivo e espaço discursivo.
A constituição dos enunciados em um discurso pressupõe uma prática polêmica, uma
vez que instaura-se dentro de um discurso uma rede de formações discursivas que
estabelecem, entre si, relação de interincomprensão. Compreendemos que o discurso
O Monstroconstitui-se das formações discursivas dos campos jornalístico, filosófico e
psicológico e que os três campos discursivos estabelecem relação polêmica no discurso
enunciado, especificamente quanto a maneira que se enuncia os tem as relações
afetivas e criminalidade.

149
A DIVERSIFICAÇÃO DA INTERTEXTUALIDADE NA COMUNICAÇÃO

Raul Marcelino de Almeida Junior (UPM)


Orientadora: Profa Dra. Regina Helena Pires de Brito

Com relação ao tema: A diversificação da intertextualidade na comunicação evidencia-


se como problema o fato de que o leitor para entender, e captar, a intertextualidade
tenha expressivo nível cultural, conhecimento linguístico e uma experiência de mundo,
elementos que, por suas características, são imperativos para composição de
repertório visando perceber as relações textuais, uma vez que a intertextualidade é
recorrente na escrita de textos. A metodologia a ser empregada buscará mostrar o uso
da intertextualidade em diferentes gêneros textuais, sob a ótica de estudiosos com
vasta bibliografia a respeito do tema, tais como: Mikhail Mikhailovitch Bakhtin e José
Luiz Fiorin, além de análise empírica teórica realizada pelo autor deste trabalho em
textos de linguagem literária, bíblica, publicitária e jornalística. De forma conclusiva
será mostrado que o fenômeno da intertextualidade, do ponto de vista cognitivo, pode
ser descrito como uma concreta manifestação do processo de integração conceitual,
uma vez que não há uma bem definida e específica caracterização para esse
fenômeno, que tem como atributo mais evidente ser uma espécie de diálogo entre
textos, podendo ocorrer de forma explicita e clara na percepção do leitor, ou
configurar-se subtendida em diferentes gêneros textuais, daí ser classificada como
explícita ou implícita, muitas vezes utilizada e praticada inconscientemente,
reproduzindo parâmetros e padrões existentes nos textos fontes, tidos como
fundamentais em determinados folclores ou culturas por fazerem parte da tradição e
reminiscência de uma sociedade ou de um povo. Quanto mais lemos e conhecemos os
textos fontes, mais inferências somos capazes de realizar, ao ponto de muitos autores
utilizarem essa prática na composição de paródias ou referências, sendo esta a riqueza
e beleza da intertextualidade. É o que veremos neste trabalho.

150
LER PARA COMPREENDER

Regianne Cruz Alkmim Dias (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Marcondes C. Vasconcelos

Esta pesquisa intentou investigar as dificuldades de compreensão/interpretação dos


enunciados de questões de provas externas aplicadas nas escolas da rede pública
estadual de São Paulo, apresentadas por alunos do Ensino Médio. Intencionou-se
perceber quais os fatores e em que medida a não compreensão destes contribuem
para o insucesso apresentado nas diversas avaliações. Partiu-se do pressuposto que o
repertório vocabular desses alunos fosse um dos fatores responsáveis e que
contribuía, em grande medida, para os resultados insatisfatórios que vinham sendo
apresentados. A esse fato, atribuiu-se a responsabilidade à falta de leitura. Para tentar
diminuir tais dificuldades, buscou-se retomar, com mais frequência, uma prática
antiga, simples e que, geralmente, é muito utilizada nos anos iniciais do Ensino
Fundamental: a prática da leitura em sala de aula com o uso constante do dicionário.
Além disso buscou-se, também, adotar, com mais intensidade, a prática de atividades
que visassem o uso de sinônimos como forma de tentar sanar ou amenizar a situação
encontrada, pois além de fazer com que os alunos se familiarizassem com o significado
das palavras, a atividade também propiciou o enriquecimento vocabular dos
estudantes envolvidos. Essa prática auxiliou na interpretação e compreensão textual,
bem como na produção textual. Como norte teórico, os estudos fundamentaram-se
em obras de autores que esclarecem ao professor o que venha a ser leitura e alguns
fatores que envolvam a produção textual tais como: Lajolo (1982), Larossa (1996),
Guimarães (2013), Geraldi (2006) etc.

151
A ISOTOPIA TEMÁTICA EM REDAÇÕES DE VETIBULAR: A INVEJA

Renata Valente Ferreira Vilela (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros

Serão apresentados, neste trabalho, alguns conceitos semióticos de isotopia,


advindos de renomados teóricos, como: Greimas, Denis Bertrand, além de autores
brasileiros, entre os quais Diana Luz Pessoa de Barros e José Luiz Fiorin. Selecionamos
o tema inveja, presente na Semiótica das Paixões, por ser tema recorrente em textos
de vestibulandos.

Na Semiótica de linha francesa, que será utilizada como base de nossa análise,
busca-se o sentido dos textos. Assim, a isotopia aparece com frequência como um
elemento básico e importante, que auxilia na organização e na compreensão do
discurso.

Analisamos, para tal fim, 25 textos de vestibulandos, tendo como resultado a


verificação de que o tema inveja aparece na maioria deles, mesmo que de forma
tangencial, um pouco deslocado do tema principal.

A semiótica greimasiana, apresentada como teoria da significação, estuda a


explicitação das condições da apreensão e da produção do sentido. Analisa o plano de
conteúdo dos discursos, por meio de um percurso que vai do mais simples e abstrato
ao mais complexo e concreto: o percurso gerativo de sentido. Porém, inspirada na
fenomenologia, interessa-se pelo “parecer do sentido”, que se apreende por meio das
formas de linguagem e dos discursos que o manifestam.

O conceito de isotopia se ampliou e, em vez de designar unicamente a


iteratividade de classemas, passou a definir-se como uma recorrência de categorias
sêmicas. Assim, a significação está preestabelecida no próprio texto, sendo fechada e
imutável. A segunda definição busca ir do conjunto para o elemento, considerando as
operações de construção do sentido pela atividade enunciativa do autor ou do leitor.
Mostra-se, desse modo, mais compatível com a evolução da própria semiótica que,
longe de permanecer num puro formalismo, foi aos poucos integrando a dimensão
enunciativa.

152
A LITERATURA CONTEMPORÂNEA CENTRO-AMERICANA: UM ESTUDO
SOBRE AS NARRATIVAS DO GUATEMALTECO RODRIGO REY ROSA

Rodrigo de Freitas Faqueri (Unip/Fatec)

Contrária aos critérios de estudo estabelecidos por outras ciências, a Literatura é o


processo imaginário que tece e rege as regras de análise. Desse modo, ao
entretecerem-se e entrecruzarem-se, as palavras adquirem novos sentidos e formas,
metamorfoseando-se com a tessitura do texto na diversidade do mundo, dos povos,
das culturas. Voltando-se o olhar para a literatura hispano-americana a partir da
segunda metade do século XX, percebem-se novos caminhos traçados pelos diversos
autores presentes neste referido século. A produção literária se abre em muitos
caminhos distintos, nos quais vemos a poesia do chileno Pablo Neruda, que é às vezes
passional, às vezes política; os ensaios de Octavio Paz; a prosa intelectual de Borges e
seus infinitos labirintos; os contos geniais de Cortázar, que usa de forma magistral o
absurdo em muitas de suas narrativas; e o realismo mágico de Gabriel García Márquez
e a representação simbólica da América latina por meio da criação, desenvolvimento e
total decadência de Macondo. Essa geração do boom marca um novo acontecimento
cultural na América Latina, visto que escritores de estilos e projetos tão diferentes e
até antagônicos passam a se reconhecer. Neste ponto, a literatura parece ter um
caráter de apelo universal ao mesmo tempo em que possui uma “unidade” cultural
como cenário de produção literária. A narrativa produzida pelos autores
contemporâneos, se faz valer da necessidade de reconstruir e evidenciar o cenário de
tal nação assim como a de organizar a condição humana devastada e perseguida pelas
sombras de um passado tenebroso. Dentre os autores contemporâneos da América
Central, tem-se o nome do guatemalteco Rodrigo Rey Rosa, escritor escolhido para
esta pesquisa. Sendo assim, este trabalho objetiva trazer à tona as novas tendências na
literatura contemporânea a partir de um estudo sobre as narrativas deste escritor
guatemalteco.

153
O DISCURSO DA AUTOAJUDA E O DISCURSO EMPRESARIAL: DIÁLOGOS
POSSÍVEIS NO PROCESSO DE EXPLORAÇÃO DO TRABALHO

Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Regina C. P. da Silveira

O presente trabalho está tematizado pelo estudo das relações entre os discursos da
autoajuda e o empresarial, de forma a analisar o modo como eles se imbricam,
utilizando-se da motivação profissional, para explorar a força de trabalho de seus
colaboradores, na construção de uma representação voltada a multifuncionalidade
profissional. Os objetivos são: identificar o discurso empresarial atravessando o
discurso da autoajuda na ampliação das responsabilidades profissionais do
colaborador de uma empresa; verificar a eufemização do autoritarismo empresarial
por meio da apresentação da temática motivacional. A metodologia utilizada pela
pesquisa será teórico-analítica, delimitada pela utilização das categorias: interdiscurso,
cenas da enunciação e ethos discursivo. Os resultados obtidos demonstram que o
discurso empresarial se utiliza do discurso da autoajuda, com vistas a obtenção da
adesão do colaborador a organizar suas atividades profissionais, sempre transpondo as
metas estabelecidas pela empresa, respeitando suas diretrizes organizacionais, em
função dele (o colaborador) ser o responsável pela sua manutenção no mercado
competitivo.

Palavras-chave: discurso empresarial, discurso da autoajuda, interdiscurso, cenas da


enunciação e ethos discursivo.

154
POR UMA ESCRITA DE PENÉLOPE: A DÚVIDA E A ANGÚSTIA EM
AGUSTINA BESSA-LUÍS

Rodrigo Valverde Denubila (UNESP Araraquara/FCLAR)


Orientadora: Profa. Dra. Márcia Valéria Zamboni Gobbi

Esta comunicação tem por objetivo discutir como a dúvida se plasma na obra de
Agustina Bessa-Luís, um dos maiores nomes da literatura portuguesa contemporânea.
Tanto a religiosidade, quanto o niilismo ou ateísmo são, ao seu turno, formas de
crença. No entanto, quando a impossibilidade de se acreditar em algo se configura por
meio da constante imposição da interrogação um profundo sentimento de angústia
ganha corpo, o que está em diálogo com a Filosofia Negativa, a qual tem em Emil
Cioran um dos seus expoentes máximos. Essa articulação é uma das bases da poética
agustiniana, isto é, a tentativa da quebra das certezas que levam a um avultar do
inacabado como marca da existência. Em um movimento descentralizador e
antiautoritário, a ficcionista portuguesa, ao longo do seu conjunto literário,
principalmente em seus romances históricos, aspira a evidenciar possibilidades outras,
sublinhar outras “modalidades de história”, conforme exprime Franklin Ankersmit, em
A escrita da História. Isso faz com que a construção textual agustiniana esteja em
diálogo com as proposições de Jean-François Lyotard, em A condição pós-moderna,
que questionam as metanarrativas. Nesse processo desconstrucionista, que instaura a
dúvida, uma vez que aponta que a essência do homem é não saber, assim como essa é
a essência do mal, outro elemento que perpassa as reflexões da romancista, o discurso
literário agustiniano é comparado ao trabalho de Penélope, qual seja, à medida que a
autora coloca algo como uma tentativa de totalização, essa mesma proposição é
negada quer por um aforismo, quer pela voz-consciência de uma das suas personagens
por meio do ajuizamento, termo utilizado pela romancista, em Longos dias tem cem
anos: presença de Vieira da Silva, para qualificar o seu processo semântico-estilístico.

155
AS CONTRADIÇÕES DO DISCURSO POLÍTICO BRASILEIRO

Rodrigo Villalba Caniza (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

O tema deste trabalho é o discurso político brasileiro e o foco é a ocorrência de


contradições dentro do discurso político presente na prática eletiva e no exercício da
democracia representativa brasileira contemporânea, representada pelo corpus de
análise, constituído por enunciados produzidos pelos candidatos à presidência durante
eleições de 2014.

O objetivo principal é compreender a importância da contradição para a constituição


do discurso político nacional e a variedade com a qual a contradição se manifesta
nesse discurso. Já os objetivos específicos focam-se na compreensão do processo de
formação do discurso político, seus princípios, sua constituição histórica e sua
influência sobre as ideias democráticas, em geral, e sobre o pensamento e as práticas
do político brasileiro, em específico.

A investigação debruça-se sobre o modo como as leis são politicamente formuladas.


Além dos questionamentos referentes ao valor discursivo da lei para seus idealizadores
e enunciadores, o estudo das contradições discursivas geradas pelo campo político
também incide sobre a importância cotidiana das leis.

Apresentar um panorama histórico das ideias, discursos e práticas políticas no mundo


e no Brasil, de modo a propor uma tipologia de contradições, assim como uma
classificação das circunstâncias históricas, sociais e ideológicas que levam a essas
contradições justifica-se na medida em que contribui com uma reflexão acadêmica a
respeito das possibilidades de exercício cidadão e de participação na vida pública
oferecidas por uma democracia representativa e mediadas pelo discurso.

A revisão bibliográfica foi feita a partir da leitura de obras que comentam a formação
das ideias políticas no ocidente. Partindo das considerações teóricas, chega-se à
análise do corpus específico, que se apoia principalmente em Mainguenau, Courtine e
Charaudeau.

As conclusões parciais permitem afirmar que existe uma única grande formação
discursiva a dominar o campo político brasileiro, partindo de um único grande modelo
replicado na oposição e na situação.

156
O CATÁLOGO ERÓTICO-LITERÁRIO CONSTRUÍDO
POR FIGURAS PERVERSAS

Ronnie Cardoso (USP)


Orientadora: Profa. Dra. Eliane Robert Moraes

No princípio havia as priapeias, se buscamos fundamentalmente na tradição das letras


ocidentais o que se convencionou chamar de obsceno. Sob o gênero priapeia, reuniu-
se um conjunto de poemas da Antiguidade relativos a Príapo. Em vez da oração, era a
obscenidade o culto reverente a esse deus associado à fecundidade. O desnudamento
é ação decisiva na obscenidade, contudo, alguns autores, entre eles Havellock Ellis e D.
H. Lawrence, apresentam uma proposição de obsceno como algo “fora de cena”. Ainda
assim, essa perspectiva se relaciona com a ideia de dar visibilidade por meio das artes
e da literatura àquilo que, por diversos mecanismos repressivos, permanece
escondido. Na língua portuguesa, obsceno passou a denominar o aspecto frio ou
horroroso de um objeto que se deve evitar ou esconder, seja porque se apresenta
como impuro, seja porque pode ferir o pudor. O ato obsceno configura-se, dessa
forma, como perturbação ou violação da organização sagrada do corpo, pois transgride
as proibições oculares e põe em cena nossas funções sexuais e excretoras. Como
contraponto aos mecanismos de sedução da indústria cultural, que acabam por
domesticar corpos e gostos, vamos explorar o espaço literário da escrita obscena
radicalmente perturbadora, inquietante, que, sob os domínios da perversão, nos
revela o lado obscuro da nossa sexualidade. Proporemos, então, uma discussão a
partir de um catálogo de perversões construído em função das fabulações dos sujeitos
desviantes que encontramos nos escritos obscenos dos autores Pietro Aretino,
Marquês de Sade, Alain Robbe-Grillet, Hilda Hilst, João Gilberto Noll e Glauco Mattoso.
Nos textos que analisaremos, a sexualidade não aparece só na perspectiva temática,
mas principalmente na forma de enunciação. No recorte escolhido, a própria
linguagem converte-se em objeto da fantasia erótica dos personagens, do narrador ou
do eu-textual os quais podem ser chamados apropriadamente de “fetichistas da letra”.

157
METÁFORAS NO SERMÃO DO MONTE: UNIVOCIDADE E
PLURIVOCIDADE

Rosilene Gomes Ribeiro Francisco (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan

A linguagem figurada está entre os estilos literários que mais frequentemente


aparecem nas Escrituras, dentre as quais a metáfora é a mais comum, ela é encontrada
em quantidade considerável principalmente nas parábolas, prédicas, doutrinas e
símbolos neotestamentários.

A maneira como se dá a interpretação de textos metafóricos é passível de análise e útil


a um grupo específico e considerável de pessoas que fazem uso do texto bíblico como
fonte de estudo e ensino.

Considerando esses aspectos, surge a necessidade de se investigar as possibilidades


interpretativas da metáfora bíblica, ou seja, é possível um questionamento a respeito
da existência de um significado unívoco pautado no contexto de produção, bem como
a existência de um sentido plurívoco, que permite liberdade ao interlocutor para a
construção de múltiplos significados.

Ao longo da pesquisa, constrói-se uma reflexão a respeito da possibilidade de se


reproduzir hoje o efeito que uma metáfora causou num passado remoto e discutem-se
quais influências interpretativas deixou a tradição hermenêutica de metáforas bíblicas.

A metodologia usada é o da pesquisa bibliográfica de autores relacionados à teoria


literária e narrativa. A opção metodológica da pesquisa reside no método hipotético-
dedutivo.

A metáfora no texto bíblico é um objeto muito extenso, por esse motivo, essa pesquisa
se concentra nas metáforas bíblicas do sermão do monte, o discurso mais conhecido
de Jesus. Nele constam alguns dos ensinamentos mais reproduzidos e polemizantes de
Jesus. Boa parte da ética cristã está baseada neste sermão e muitos leitores, desde os
mais informais aos teólogos e estudiosos da Bíblia, encontram nele ensinos radicais de
ética e conduta cristã. Por vezes, esses ensinamentos parecem confusos não só pelo
conteúdo, mas principalmente pela forma em que foram registrados, com linguagem
fortemente figurativa. É esse aspecto que iremos analisar: as metáforas presentes no
discurso ético de Jesus.

158
GÊNEROS MULTIMODAIS, OBJETOS DE ENSINO DIGITAIS (ODE) E
ATIVIDADES DE LEITURA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO

Rosivaldo Gomes (UNICAMP/UNIFAP)


Orientadora: Profa. Dra. Márcia Rodrigues de Souza Mendonça

O objetivo desta comunicação é apresentar algumas discussões iniciais sobre a


pesquisa de doutorado em andamento “Gêneros Multimodais, Objetos de Ensino
Digitais (ODE) e Atividades de Leitura em Livros Didáticos do Ensino Médio”
(Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – UNICAMP-IEL) sob a
perspectiva da pedagogia dos Multiletramentos e de pressuposto da Multimodalidade
e modalidade de semioses (NEW LONDON GROUP, 1996; COPE & KALANTZIS, 2000,
2008; KRESS, 2003; DIONÍSIO, 2005, ROJO, 2013; 2012, LEMKE, 2012). A base teórica
trata ainda de discussão baseadas nos trabalhos da semiótica de Santaella (2001) e da
semiótica social de Lemke (1990). Estudos mais recene (ROJO; MOURA, 2012) têm
apontado que a inserção dos multiletramentos na sala de aula possibilita que os alunos
desenvolvam práticas situadas multiletradas que os possibilitem interagir com
diferentes modos de representação da linguagem (visual, linguístico, auditivo, espacial
e gestual) de forma mais crítica. Assim, o objetivo do estudo é ampliar a discussão
sobre novas possibilidades de trabalhar com gêneros multimodais e atividades de
leitura multiletradas em uma perspectiva didática nas aulas de Língua Portuguesa, por
meio dos textos multimodais apresentados em Livros Didáticos desta área. Para isso,
apresento um levantamento sobre um recorte de dados de gêneros multimodais e
atividades de leitura presentes em uma coleção de LDP do Ensino Médio.
Posteriormente, analiso alguns exemplares desses gêneros e o modo como a coleção
realiza o trabalho com a multimodalidade, buscando mapear e descrever quais as
capacidades letradas são exigidas nesse material didático impresso, a fim de delinear
algumas expectativas de aprendizagem que envolvem multiletramentos relevantes
para o ensino médio no que diz respeito aos gêneros multimodais. Vale ressaltar que o
foco neste momento ainda é sobre gêneros multimodais nos impressos, mas
reconhecendo a atual realidade que tem levado autores de LPDs à construção também
de materiais digitas (cf.PNLD/2014). O estudo situa-se na perspectiva de estudos da
Linguística Aplicada, a qual agrega a abordagem qualitativa de natureza interpretativa
(Moita-Lopes, 1994, 1996).

159
UMA LEITURA DESCONSTRUTIVA DA OBRA LITERÁRIA LAVOURA
ARCAICA DE RADUAN NASSAR

Sandra Hahn (UPM/Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)


Orientadora: Drª Maria Luiza Guarnieri Atik

A teoria da desconstrução do filósofo argelino Jacques Derrida será o suporte teórico


que norteará esse trabalho de pesquisa. A teoria da desconstrução diz respeito ao
modo como Derrida lê os textos filosóficos na sua obra Gramatologia (1999), continua
em A escritura e diferença (1967) e outros textos. A pesquisa, então, tem o intuito de
compreender o conceito de desconstrução criado pelo teórico e aplicá-lo
especificamente à leitura desconstrutiva da obra literária Lavoura Arcaica (1975) de
Raduan Nassar.

A pesquisa tem como objetivo explorar algumas estratégias utilizadas nessas leituras
observando que na leitura desconstrutiva a análise de um texto não pode ser
concluída com a “descoberta” de seu significado essencial, mas sim com a descoberta
de um impasse ou "aporia" em que não há motivos para a escolha entre duas
interpretações radicalmente incompatíveis.

A leitura desconstrutiva acontece a partir de uma leitura crítica da linguagem que se


utiliza de duas vias ou através de dois gestos, a que Derrida chamou de “duplo gesto”
ou “dupla ciência”, “duplo registro”: operação de caráter econômico que consiste em,
por um lado, tomar os termos da metafísica ocidental, para, por outro lado poder
excedê-la. (Escritura e diferença, 1967, p. 235). Numa análise inicial do texto literário
Lavoura Arcaica tentar-se-á compreender como funciona essa escritura (linguagem);
como sé possível trazer à tona os aspectos dissimulados ou recalcados, invertendo a
hierarquia das oposições e se esta mantém ou não dentro do discurso que se pretende
desconstruir. Segundo a visão da pesquisadora Vânia Lescano Guerra (2012) “A
interpretação pensada segundo as bases do desconstrutivismo derridiano, o que se
tem a fazer é acionar a indecidibilidade, permitir a irrupção da polissemia, fazer
emergir os significados, dar voz à alteridade, disseminar os significantes, agenciar o
jogo desses significantes, privilegiar a mobilidade característica da estruturalidade da
estrutura, enfim, mobilizar a força do texto” (p.264). Esta leitura se propõe, então, a
uma interpretação que não se pretende única ou a mais verdadeira.

160
POR UMA TRANSCRIÇÃO DIPLOMÁTICA DO MANUSCRITO DE LE
PREMIER HOMME DE ALBERT CAMUS

Samara Fernanda Almeida Oliveira de Lócio e Silva Geske (USP)


Orientadora: Profa. Dra. Claudia Amigo Pino

Le Premier Homme é o romance que Albert Camus escrevia quando morreu em 1960.
As 144 páginas deste manuscrito inacabado foram transcritas e publicadas pela filha
do autor em 1994. Trata-se, porém, de uma transcrição linear cujo objetivo foi tornar o
texto acessível ao leitor e que, por esse motivo, não pôde contemplar todas as tensões
presentes no manuscrito, como as rasuras, as notas marginais, os acréscimos. O
objetivo desta comunicação é apresentar os resultados obtidos no estágio de
doutorado empreendido no último ano no Fundo Albert Camus na França, no qual nos
propusemos a fazer uma transcrição diplomática do manuscrito. Partindo de uma
discussão sobre os métodos de transcrição e seus objetivos, apresentaremos uma
amostra da transcrição diplomática do manuscrito contraposta a sua transcrição linear,
apresentando suas principais particularidades, tais como a tentativa de conservar sua
visualidade: cabeçalho e numeração das páginas, tamanho da letra, inclinação e
sentido do texto, cor da tinta, traços, setas, hachuras, desenhos, notas marginais,
recortes, entre outros. Por fim, a transcrição diplomática serve como base para uma
análise a partir do método da crítica genética, cujos resultados se apresentam em dois
eixos: o primeiro faz referência ao manuscrito em si mesmo e as particularidades de
seu processo de criação, por exemplo, a partir de mudança de folhas, tinta ou grafia,
assim como rasuras na numeração, nos é possível estabelecer hipóteses sobre a
cronologia do manuscrito. O segundo nos permite discutir as escolhas literárias do
escritor: pudemos constatar as tensões entre uma escrita ficcional e autobiográfica,
quando, por exemplo, observamos no uso dos nomes dos personagens uma hesitação
entre aqueles que fazem referência a pessoas que Camus conhecia (sua mãe, seu
professor da escolha primária) e os nomes por ele inventados para os personagens da
mãe e do professor de seu protagonista, Jacques Cormery.

161
VIOLÊNCIA E MELANCOLIA EM NAVALHA NA CARNE, DE PLÍNIO
MARCOS

Sergio Manoel Rodrigues (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

A partir do final dos anos 50 do século XX, a dramaturgia de Plínio Marcos inovou o
teatro nacional e chocou o público ao expor nos palcos brasileiros personagens que
incorporavam a verdadeira condição dos sujeitos marginalizados. Surgia, sob o
contexto da ditadura militar, um dramaturgo que apresentava o cotidiano de seres mal
vistos pela elite, tais como ladrões, malandros, prostitutas, desempregados, artistas
mambembes. Ao se considerar o modo de sobrevivência desses seres ficcionais
plinianos, sobretudo em Navalha na carne (1967), este trabalho tem como objetivo
principal analisar a forma como as personagens da peça em questão comportam-se
diante às adversidades de suas vidas e perante os demais indivíduos. Tendo como base
a pesquisa bibliográfica e o método indutivo, pretende-se demonstrar que o caráter
dos seres plinianos se delineia no contato destes com a realidade que os cerca. No
caso da referida peça teatral, as relações que se estabelecem entre as personagens
fazem com que elas se conscientizem da situação em que se encontram. No entanto,
tais relações e o próprio meio em que esses seres ficcionais estão inseridos fazem com
que estes enfrentem dificuldades, como o preconceito, a solidão e o abuso de poder,
que ferem o caráter e a honra, em uma tentativa de sobreviverem às mazelas sociais.
Como fundamentação teórica sobre marginalidade e violência, respectivamente, serão
utilizadas as obras O discurso e a cidade (2004), de Antonio Candido, e Literatura,
violência e melancolia (2013), de Jaime Ginzburg, e, assim, notar-se-á que as
personagens de Plínio são a representação de uma classe social oprimida pelo sistema
e opressora, porque tenta se defender da marginalização por meio da violência.

162
O USO DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA PARA O ENSINO DE
LEITURA E LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Sheila Darcy Antonio Rodrigues (UPM)


Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

O que é, qual a importância e qual a função no mundo contemporâneo da leitura e da


literatura são pontos relevantes para a discussão nos dias atuais, devido ao fato que,
cada vez mais o indivíduo é exposto a textos e necessita analisá-los e compreendê-los
de forma reflexiva e crítica. De acordo com Paulo Freire desde que o indivíduo nasce
ele está lendo o mundo, porém ensinar a ler é uma das funções da escola, que deve
utilizar as mais diversas ferramentas para preparar os seus alunos como leitores
reflexivos e críticos. A literatura contemporânea está à disposição dos professores, da
escola e dos alunos como uma ferramenta para o ensino da leitura e da própria
literatura na sala de aula, uma vez que, a partir dela são possíveis trabalhos de
compreensão e análise que tornarão os alunos preparados, para o melhor
entendimento de outros textos, bem como de sua própria realidade. Com o intuito de
observar como isso pode ocorrer, de fato, em uma situação real, é apresentado no
presente artigo, um estudo de caso da aplicação de uma obra contemporânea, Os Sete
de André Vianco, em um colégio de São Paulo, buscando a demonstração das
vantagens deste tipo de exercício na sala de aula.

Palavras-chave: Leitura. Literatura Contemporânea. Ensino. Paulo Freire. André


Vianco.

163
LIMA BARRETO E O ESPAÇO DA BIBLIOTECA EM CEMITÉRIO DOS
VIVOS
Sidnei Souza Costa (UnB)

Lima Barreto é reconhecido autor negro por sua escrita e por alinhar sua vida a
diferentes fenômenos sociais, culturais e de saúde de sua época. Nesse sentido, a
proposta deste texto será refletir sobre o papel da biblioteca na construção literária da
obra Cemitério dos vivos de Lima Barreto. Este relato foi escrito pelo autor dentro do
manicômio, durante suas internações no Hospício Pedro II, situado na cidade do Rio de
Janeiro, onde foi internado três vezes para tratamento do alcoolismo.

Lima Barreto contextualiza o espaço manicomial em duas descrições de suas vivências:


O Diário do Hospício e o Cemitério dos Vivos. É dentro da segunda narrativa que o
autor busca construir um personagem para representar a situação dos internos e os
fenômenos sociais e culturais daquele ambiente. Em Cemitério dos Vivos de Lima
Barreto, notam-se aspectos de um período vivenciado pelo autor, mas que perpassa o
espaço temporal no qual o texto foi escrito e aborda conflitos, idiossincrasias da
contemporaneidade. Nessa narrativa, Barreto reflete generosamente sobre o papel do
espaço da biblioteca existente no manicômio, que funciona com a ponte entre a
criação literária, o imaginário, a dura realidade e o outro. A proposta desta análise é
discutir a representação desse espaço nesta construção literária, buscando entender o
sentido de oásis cultural e de ponto de referência afetivo que lhe é atribuído pelo
autor.

164
ANÁLISE DE PERGUNTAS RETÓRICAS USADAS NA MOBILIZAÇÃO DE
SENTIDO EM REVISTAS FEMININAS PARA ADOLESCENTES

Silas Gutierrez (PUC/SP)


Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a mobilização de sentido por meio de
perguntas retóricas na Seção Amor da Revista Todateen de julho de 2014. As
perguntas retóricas não são apenas um traço do texto conversacional, mas ideológico,
à medida que a própria revista responde às perguntas, quer dizer, dita as melhores
respostas.

Todateen é uma revista brasileira publicada, mensalmente, pela editora Alto Astral,
sendo direcionada ao público adolescente feminino. É distribuída em todo o Brasil e
traz temas como beleza, moda, sexo, drogas e amor. Sua primeira edição foi publicada
em 1995. No ano de 2010, a editora comemorou dezesseis milhões de exemplares
vendidos. O site da revista intitulado Portal Todateen registra sete milhões de acessos
mensais.

Esta pesquisa pauta-se em estudos da Análise Crítica do Discurso, ACD, proposta por
Fairclough (1989, 1990, 2003, 2008), em estudos sobre metáfora realizados por Lakoff
& Johnson (1980) e na Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) de Halliday (1975,1994).

Diferentes formas de manipulação podem ser exercidas por meio da linguagem e, a


ACD, ao remover determinados padrões ideológicos, estará desconstruindo uma
realidade constituída, muitas vezes, pelos meios de comunicação e, possivelmente,
valores incorporados no cotidiano das pessoas.

Os Analistas Críticos defendem que o uso linguístico incorpora visões específicas da


realidade, isto é, que diferentes usos linguísticos implicam compreensões muito
particulares. Sugerem, ainda, que a variação em tipos de discurso é inseparável de
fatores econômicos e sociais e que, por isso, as variações linguísticas refletem e /ou
expressam ativamente as diferenças sociais estruturadas que estão na sua origem.
Trata-se, portanto, de tornar evidente a inserção da linguagem em contextos sociais.

165
CORA CORALINA: DAS PEDRAS À SALA DE AULA

Silvana Aparecida Alves Ferreira (UNICSUL)


Orientadora: Prof.ª Dr.ª Magalí Elisabete Sparano

Resumo: O objetivo deste trabalho está voltado para as dificuldades apresentadas por
alunos do Ensino Médio em relação à leitura e interpretação de poesias e para a
instrumentalização destes para que se tornem leitores competentes através de
ferramentas que levem a resultados concretos em relação a esse diagnóstico,
confirmando a importância da Estilística para melhor compreensão de um texto
literário e a partir dela formar um leitor crítico-reflexivo. O trabalho pretende mostrar
que, para se compreender um enunciado é preciso reconhecer os elementos
estilísticos que foram usados em sua criação, considerar a natureza discursiva em que
se encontram para que se abandone a leitura superficial realizada pela grande maioria.
O estudo tem como base a Estilística e os fundamentos postulados por Nilce Martins
Sant’ Anna para quem as várias teorias estilísticas podem ser compreendidas em dois
grupos: as que consideram o fenômeno estilístico como objeto de pesquisa em si
mesmo, e as que o consideram como o meio privilegiado de acesso à interioridade do
escritor. Em ambos os casos se reconhece na linguagem uma função representativa
que diz respeito a um conteúdo objetivo e uma função expressiva, apoiada na
primeira, que diz respeito a um conteúdo subjetivo, o qual constitui o fato estilístico,
atingindo sua intensidade máxima na língua literária. A obra de Cora Coralina auxiliará
neste propósito, pois a análise do universo social da escritora segue princípios
estabelecidos que podem ser mais bem entendidos através da Estilística. A pesquisa
analisa como a poetisa retrata a figura da pedra em um sentido polissêmico associado
a sua história e à realidade de seu tempo. Para tanto foi escolhido como referência
principal o poema Das Pedras para conduzir a presente pesquisa e, a partir dele, há um
diálogo com outras fontes que auxiliaram na construção da presente análise. A
importância da Estilística neste trabalho se confirma na busca de uma melhor
compreensão de um texto literário e a partir dela formar um leitor capaz de reflexões
e autônomo em suas opiniões bem como levá-lo a abandonar a leitura superficial
realizada pela grande maioria.

166
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS RETÓRICO NOS ESCREVENTES DO
FACEBOOK

Sílvia Scola da Costa (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Ferreira

Este trabalho tem por objetivo estudar como se dá a construção do ethos retórico nos
escreventes da página de relacionamento social chamada Facebook. Sendo a internet é
um espaço de linguagem em constante mudança, nos últimos anos passamos da febre
dos chats, para as redes sociais de relacionamento. Cada vez mais a internet se presta
a colocar os sujeitos em contato. Esse é o grande sustentáculo de sua popularização.
Ela é um espaço que reúne multidões, seja através de correntes, organização de
movimentos, protestos on line. A questão central aqui é que a internet, pela
linguagem, mobiliza sujeitos pelas mais diversas razões, mas a mais forte delas é a
possibilidade que ela tem de criar espaços para que o sujeito possa falar de si,
manifestar-se (no caso de acontecimentos políticos), posicionar-se (no caso de
acontecimentos polêmicos), lamentar-se (no caso de sua vida pessoal). O objetivo de
nosso estudo é identificar a argumentação presente nas postagens dos escreventes do
Facebook que tenham o intuito de demonstrar ao outro nossa posição diante de um
assunto e convencer o auditório sobre o que afirma. Analisaremos as postagens dos
escreventes do Facebook e assim tentaremos entender como o ethos retórico é
construído através do discurso. Ainda que os escreventes postem apenas aquilo que
lhe convém, o auditório, no caso da página de relacionamento Facebook, os amigos do
escrevente, ou aqueles que lhe seguem, estão livres para crer ou não no que lhes é
mostrado, portanto o discurso deve convencer. Apoiaremo-nos principalmente nos
estudos de Ferreira (2010), Komesu (2004, 2005) e Meyer (1991).

Palavras-chave: Facebook, ethos retórico, persuasão

167
VERBO-VISUALIDADE EM CHARGES: IRONIA, HUMOR E
EXPRESSIVIDADE

Taiz Maria Caldas Gonçalves de Oliveira (UNICSUL)


Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Baptista de Andrade

A presente comunicação visa à análise, reflexão e discussão do conceito e da presença


de verbo-visualidade no gênero discursivo charge, com base em cinco exemplos deste
gênero sob a mesma temática: A falta de água em São Paulo, a fim de compreender, à
luz das proposições teóricas sobre linguagem e gênero advindas de Bakhtin e de seu
Círculo, como se constitui a ironia, o humor e a expressividade em seu aspecto híbrido
composto por elementos linguísticos e imagéticos. Serão analisadas as relações
dialógicas entre a materialidade linguística e as imagens nas charges dos cartunistas
Cláudio, Latuff, Rice, Jota A. e Nani, tendo como propósito demostrar, a partir do
hibridismo das linguagens verbal e visual, como tal enunciado por meio de sua
construção composicional e da interdiscursividade, de fato, produzem sentidos. Dessa
maneira, pode-se afirmar que há uma incompletude dos fatos da linguagem,
compreendendo que o enunciado é sempre um ponto de partida para outros sentidos.
A leitura de charges, em sua natureza verbo-visual, parte das relações entre as
condições imediatas de produção (historicidade) e as relações dialógicas que
atravessam o objeto discursivo em seu nível de formulação, a partir da posição
ideológica que prevê desenvolvimento de crítica, por meio de elementos que
acentuam a ironia e o riso. As discussões a respeito de linguagem e seu uso estão
presentes no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, bem como
da Linha de Pesquisa Discurso, Gênero e Memória ligados ao Programa de Mestrado
em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul.

168
A GRANDE MARCHA DE 17 DE JUNHO DE 2013 CONCEBIDA COMO
DISCURSO:
A CONFIGURAÇÃO DO ENUNCIADOR E DO ENUNCIATÁRIO
SEGUNDO AS INFORMAÇÕES DA MÍDIA

Tânia Regina Exposito Ferreira (UPM)


Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert

Em junho de 2013, iniciaram-se as manifestações pela revogação de R$ 0,20 das


passagens de ônibus, trens e metrô no estado de São Paulo. Os protagonistas das
manifestações eram jovens, que enfrentaram a Polícia Militar e foram julgados, a um
primeiro momento, pelas autoridades e mídia como “vândalos”. Em 17/6/2014 o
movimento reivindicatório chegou a seu auge: 65 mil pessoas ocuparam as principais
ruas da cidade em protesto por muitas coisas e para reivindicação de tantas outras. E
os jovens passaram a ter outro tratamento pelas autoridades e mídia. Essa grande
manifestação do dia 17 de junho é o objeto de nosso estudo na tese de doutorado, na
medida em que a concebemos como um discurso ou, simplesmente, um texto. Como
todo texto é um produto da enunciação e, por isso, é produzido por um enunciador
(destinador) que, por meio desse produto, se comunica com um enunciatário
(destinatário), o grande objetivo da tese é definir, na complexidade de seus atores, o
éthos do enunciador e o páthos do enunciatário desse texto, que é a referida
manifestação. Para alcançar esse objetivo, partiremos da forma como a mídia, em
textos variados, verbais ou sincréticos, definiu e caracterizou as pessoas (atores) que
vieram às ruas levantar a sua voz, e como essas mesmas pessoas, sempre segundo a
mídia, identificaram e descreveram os destinatários da reivindicação. Como já se pôde
perceber, a pesquisa será conduzida com base nos fundamentos da semiótica
greimasiana, com particular ênfase no nível discursivo da análise, em que se focaliza a
configuração enunciativa do discurso.

169
AS VOZES NA POESIA DE FERREIRA GULLAR

Thaís Cunha Pilôto Bitencourt (UNICSUL)


Orientadora: Prof.ª Dra. Guaraciaba Micheletti

Em sua poesia, Ferreira Gullar evoca outros ditos por meio de um enunciador que põe
em questão o fazer poético. Nesse processo metalinguístico, o poeta traz à tona outras
vozes, as quais convergem em seu dizer. A evocação de outros ditos no dizer de um
enunciador é denominada por Authier-Revuz heterogeneidade discursiva/enunciativa.
Quando estamos diante de um enunciado cujo conteúdo linguístico nos permite
perceber uma não-coincidência entre os ditos, que revela ou deixa implícita a presença
do outro no dizer do enunciador, temos então a heterogeneidade
discursiva/enunciativa. A heterogeneidade discursiva/enunciativa, foco desta
comunicação, se constitui um fenômeno da linguagem no poema Muitas vozes, de
Gullar, revelando-se uma marca estilística, que evidencia a pluralidade discursiva.
Nosso objetivo é desvendar as marcas de heterogeneidade mostrada que caracterizam
as vozes presentes na tessitura poética de Ferreira Gullar, bem como os efeitos de
sentido e expressividade produzidos por essas marcas. Para tanto, elegemos para
análise do poema Muitas vozes, em que há convergência de vozes no dizer do
enunciador, as formas de heterogeneidade mostrada marcada e não marcada como
marca estilística a ser estudada. A investigação das marcas de heterogeneidade
mostrada abrangerá conceitos como enunciação, dialogismo, metalinguagem e
intertextualidade. Nosso estudo se fundamenta teoricamente nos estudos estilísticos
de Martins e Discini, bem como nos estudos de Authier-Revuz e Bakhtin que apontam
para a “(inevitável) presença do outro em nossos discursos” (KOCH).

170
A ESCRITURA DA PERSONAGEM EM MARCEL PROUST

Thiago Blumenthal (UPM)


Orientadora: Profª Drª Gloria Carneiro do Amaral

O trabalho pretende apresentar e discutir estratégias narrativas, em especial no


tratamento dado às personagens, na obra À la Recherche du Temps Perdu. No caso de
Marcel Proust, temos uma mediação a partir das três bases do tripé da intriga (a saber:
lembrar, narrar e ler) transformadas em objeto de reflexão da própria escritura da
personagem na obra; ou ainda do sujeito que se inscreve, pela memória, em sua
matéria ficcional, em que age e é agido. Os manejos psicológicos da escrita proustiana,
calcados sob o signo das impressões e do inconsciente, fazem com que as
personagens, e seu próprio narrador, se desdobrem, o que amplifica em todos os
outros elementos da narração, como no tempo, no espaço e no cenário social que ali
se desenha. Uma personagem não é mais uma personagem, mas apenas a impressão
que se tem daquela personagem – e daí a profunda investigação, já que a impressão
nunca basta. Na comparação direta com outros autores de ordem maior da literatura
francesa, como Honoré de Balzac e Gustave Flaubert, a Proust anteriores, e a partir da
fortuna crítica da Recherche, como a do crítico francês Antoine Compagnon, pesa a
marca dos tempos, em que um novo mundo demanda uma nova percepção – ou o que
constitui o romance moderno de fato. Em Proust, ao sabor deste universo em
profunda transformação social e cultural, na Paris da Belle Époque, o câmbio, quase
sempre ruidoso, entre tempo, espaço e as personagens que ali atuam, promove as
intermitências, que o autor assume ao “coração”, necessárias para a investigação do
que é feita a matéria literária e, a partir daí, do que somos feitos.

171
CLARICE LISPECTOR E A VIA CRUCIS DA PALAVRA: ETHOS
DISCURSIVO

Thiago Cavalcante Jeronimo (UPM)


Orientadora: Profª Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O presente trabalho, “Clarice Lispector e a via crucis da palavra: ethos discursivo” tem
por objetivo analisar o discurso construído pela escritora Clarice Lispector (1920 –
1977) ao introduzir uma explicação para o teor erótico presente no livro de contos A
via crucis do corpo, lançado sob encomenda pela Editora Artenova em 1974.
Destoante, se visto superficialmente, de todo seu processo como escritora, a obra
supracitada norteia suas narrativas ao erotismo como mote de produção: a epifania é
apontada na carne, no corpo, isto é, por meio dos prazeres e impulsos sexuais. Ao
mesclar ficção com realidade, traços comuns às narrativas da autora, Lispector pontua
no prefácio do presente livro uma tentativa de preservar o ethos de escritora séria e
comprometida com as questões intrínsecas de suas personagens, atribuições que
povoam sua assinatura literária, seu ethos de escritora célebre criado socialmente:
Clarice Lispector. O alicerce teórico tem por embasamento as formulações elaboradas
pela escola francesa da Análise do Discurso (AD), fundamentadas nos pressupostos de
Dominique Maingueneau acerca dos conceitos de ethos discursivo, entendido como a
imagem do enunciador criada na instância do discurso e que pode ser aplicada a textos
orais e escritos; preservações das faces, direcionadas às regras existentes numa
relação social; e condições de produção, que dizem respeito aos motivos recorrentes à
elaboração do discurso. Por meio desses pressupostos teóricos e mediante a análise
do texto, comprova-se que o texto Explicação (escrito que abre a coletânea de treze
contos, e que se somado a eles, remontam as cartoze etapas da via sacra cristã)
procura redefinir o ethos socialmente construído acerca da figura pública da escritora
Clarice Lispector.

172
TRANSPOSIÇÃO DIGITAL DO CONTO O DIA EM QUE MATAMOS JAMES
CAGNEY, DE MOACYR SCLIAR

Thiago Pereira da Costa (UPM)


Orientadora: Profª Drª Marisa Philbert Lajolo

Neste trabalho, o qual faz parte do projeto de minha dissertação, apresento uma
análise do conto O dia em que matamos James Cagney, de Moacyr Scliar, buscando a
passagem do texto impresso para um meio digital, primeiramente sob a perspectiva do
narrador-personagem e depois sob a do leitor que se transforma em navegador. Essa
apresentação será, portanto, uma discussão dos procedimentos de que o escritor se
vale em seu texto e as possibilidades pensadas no percurso da transposição para um
livro hipermidiático (e-book), combinando diferentes visões de seu texto e o gênero
que a obra constitui. Para tanto, busco em primeiro lugar fazer um comentário sobre
as mudanças na história do livro (Roger Chartier, 1998), discutindo algumas das
polêmicas que envolvem o livro impresso e o digital. Posteriormente, retomo estudos
de design e de hipermídia, na medida em que novos recursos tornam a obra mais
hesitante e instigante ao navegador. Também considero os processos de convergência
das linguagens: impressa, cinematográfica e hipermidiática (Santaella, 2004, 2001). A
evolução desses fatores socioculturais e tecnológicos na digitalização e seu
desdobramento em relação ao texto analisado tornaram possível o desenvolvimento
de um e-book como parte de meu projeto original. Na análise desenvolvida, utilizo
conceitos previamente discutidos, juntamente com uma análise literária, mostrando
algumas cenas do conto e as transposições feitas. Concluo apontando para o fato de
que a codificação digital e a transposição do texto ampliam o universo literário,
ampliam o público-alvo de uma mesma obra e criam novos nichos de mercado,
trazendo um grande impacto social no universo da comunicação. Nessa nova era dos
textos eletrônicos e interativos, todos esses elementos contribuem para que a
literatura seja potencializada e possam emergir daí novos meios, como os exemplos
que apresento neste trabalho.

173
DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM NOVAS CARTAS
PORTUGUESAS: POSICIONAMENTOS DIANTE DA CARTA MAGNIFICAT

Thiele Aparecida Nascimento Piotto (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos

A partir da leitura de Novas Cartas Portuguesas, de Maria Barreno, Maria Horta e


Maria da Costa, a pesquisa aborda a relação textual existente entre a carta Magnificat
e o texto bíblico conhecido pelo mesmo nome. Com base, primordialmente, nas
teorias do Dialogismo e Intertextualidade, é possível analisar com quais recursos as
autoras estabelecem essa relação. A obra permeia o contexto repressivo e ditatorial
em que Portugal vivia e desenvolve críticas e denúncias a partir da figura de mulheres
dentro dessa sociedade pautada pelos moldes patriarcais. Este estudo almeja traçar a
figura simbólica que se constrói em torno da mulher. Intitulando essa carta Magnificat,
as autoras fazem uma relação direta com a Bíblia em um país oficial e
majoritariamente cristão. O texto em questão é proferido por Maria, principal figura
feminina nos relatos bíblicos. As autoras se utilizam exatamente dessa figura para
reivindicar e questionar algumas tradições estabelecidas, dando voz às mulheres
condicionadas a dadas determinações sociais. A simples menção ao texto bíblico já
seria suficientemente impactante para a sociedade portuguesa, tradicionalmente
católica. No entanto, a proposta de um novo e modificado Magnificat questiona as
estruturas sociais existentes em Portugal. A obra em seu conjunto também apresenta
um diálogo intertextual, nesse caso, com as Cartas Portuguesas, de Mariana
Alcoforado, que se tornou uma figura de grande valor simbólico pelo teor
intensamente apaixonado de suas cartas, mesmo sendo ela uma freira. A manifestação
do sentimento impetuoso da mulher contrasta a exigência social de um
comportamento feminino de subserviência, discrição e devoção. Com base em textos
de Bakhtin, Volochinov, Fiorin, Sandra Nitrini e das próprias autoras, a pesquisa
aborda, por meio das ferramentas do Dialogismo, a elaborada estrutura narrativa, o
alcance da obra e seus efeitos de sentido e significação.

174
VIRGINIA WOOLF: UMA ANÁLISE DO FOCO NARRATIVO E
DO FLUXO DE CONSCIÊNCIA

Tiago Moreira Gomes (PUC)


Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza

O artigo apresenta um estudo sobre como a escritora inglesa Virginia Woolf utiliza o
Foco Narrativo e o Fluxo da Consciência em suas obras e uma análise específica sobre
o conto “Kew Gardens” de 1919. Os dados foram coletados a partir de pesquisa
bibliográfica em obras de diversos autores que teorizaram sobre o assunto bem como
a leitura de outras obras de Virginia Woolf.

PALAVRAS CHAVE: Foco narrativo, fluxo da consciência, Virginia Woolf.

175
GÊNERO BIOGRAFIA: A REFERENCIAÇÃO E O ESTILO

Tiago Ramos e Mattos (PUC-SP)


Orientador: Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira

RESUMO: Este trabalho tem por tema um estudo do gênero autobiografia, em sua
constituição modal escrita, orientando-se pela composição teórica sobre gêneros
textuais discursivos, a partir dos conceitos de Gêneros do Discurso de linha teórica
bakhtininiana, de conceitos da linguística textual, enfocando, do gênero autobiografia,
suas consciências biográficas: aventuresco-heroico e social de costumes. O primeiro
tipo (aventuresco-heroico) baseia-se na vontade de ser herói, de ter importância na
vida dos outros, a vontade de ser amado. Ao segundo tipo, o social de costumes, é
dado um corte não histórico, mas social. A humanidade e seu cotidiano dos heróis
vivos. Numa concepção social, o centro axiológico é ocupado pelos valores sociais e,
acima de tudo, familiares. Trata-se da forma do cotidiano, do dia a dia e da felicidade
ou infelicidade do individuo junto aos seus familiares. O corpus escolhido para ser
analisado neste trabalho tem um recorte social de costume (fragmento da
auto/biografia do cantor Ozzy Osbourne). Este trabalho tem, portanto por objetivo
nortear os estudos da biografia e sua definição (aos moldes bakhtinianos) e pelo viés
dos conceitos de gêneros textuais, mas também e principalmente propor uma reflexão
do gênero auto/biografia por intermédio dos conceitos da linguística textual, a
referenciação e do conceito bakhtiniano de estilo. A referenciação, nos moldes da
linguística textual, e o estilo, na concepção de gêneros do discurso da teoria
bakhtiniana, norteiam o estabelecimento das categorias de análise do corpus,
perspectivadas pela constituição do referente, pelo autodialogismo, pelo
heterodialogismo e pelas formas nominais de referenciação, assim como o estilo do
gênero autobiografia.

Palavras-chave: gênero; biografia; auto/biografia; referenciação; estilo.

176
PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA E FORMAÇÃO DOCENTE:
UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA NA BROWN UNIVERSITY

Vanessa Maria da Silva (UPM)


Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

Nos EUA, desde os anos 90, organizações de formação de professores e pesquisadores


promovem iniciativas e diretrizes a fim de beneficiar aos professores de língua
estrangeira o conhecimento e a reflexão sobre a natureza da cultura, da diversidade
cultural e principalmente da relação entre língua, cultura e identidade. Posto que
competência cultural está presente na sala de aula de língua estrangeira no momento
em que o professor compreende a relevância do ensino da cultura e o seu papel na
educação; preparar estes docentes tornou-se determinante nas universidades norte-
americanas. O presente projeto é parte da pesquisa de doutorado Formação do
Professor de Língua Portuguesa nos Estados Unidos: Língua, Cultura e Sociedade, início
2012, na UPM, São Paulo, e estágio de doutoramento na Brown University,
Providence, RI, EUA, 2013-2014, com o objetivo de investigar o ensino da Língua
Portuguesa como língua estrangeira e a formação do professor pelo Department of
Portuguese and Brazilian Studies, procurando depreender qual metodologia e discurso
subjaz o ensino de cultura no ensino de língua estrangeira. Durante os dois semestres
na Brown University, observamos de forma direta e intensiva as aulas de Língua
Portuguesa como língua estrangeira do primeiro ao último ano, entrevistamos
professores, assistentes e alunos, analisamos as produções textuais, avaliações e
demais atividades. Averiguamos como as disciplinas que versam sobre o ensino de
língua e cultura dedicam atenção especial ao entendimento intercultural. Nossa
investigação compreende um quadro teórico que contempla a vertente do ensino de
língua e cultura como um ensino vinculado, defende o ensino da língua estrangeira a
partir de uma abordagem intercultural, que valoriza, além da competência
comunicativa, o compartilhamento de informações para que o estudante perceba que
há uma heterogeneidade contextual, social, cultural e histórica no uso de qualquer
linguagem. Nosso trabalho esmiúça, também, os conceitos de cultura,
interculturalidade e identidade.

177
A POLÊMICA NO DISCURSO DA PROPAGANDA IMMACULATELY
CONCEIVED

Victor Hugo Vasconcellos e Victor Matheus da Costa (PUC-SP)


Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos

Neste trabalho discutimos a peça publicitária Immaculately conceived, de Antonio


Federici. O fato de a propaganda ter sido envolvida em uma polêmica no Reino Unido,
chegando a ser proibida para veiculação na imprensa em 2010, causou-nos interesse
sob a óptica dos estudos do discurso. A propaganda em questão apresenta uma
modelo grávida, vestida de freira, saboreando o sorvete em uma igreja com os dizeres:
"Concebido imaculadamente” (Immaculately conceived). Objetivamos, assim, analisar
os efeitos de sentidos gerados pela combinação entre o slogan e os elementos visuais,
observando a interdependência dos elementos presentes e suas possíveis implicações
discursivas. Questionamos, então, além dessa interdependência e dos efeitos de
sentido, a polêmica causada pelo ethos construído, e os efeitos possíveis por meio dos
interdiscursos da propaganda. Para fundamentar nossa análise, apoiamo-nos na
Análise do Discurso, mais precisamente nos conceitos de ethos, interdiscurso e
condições de produção (Maingueneau, 1997, 2006, 2010). Também nos são
importantes estudos e concepções advindas da sociologia, concernentes ao campo
religioso (Bourdieu, 2011) e à cultura (Bauman, 2013), assim como um breve
levantamento histórico: data, local da publicação, e repercussão na mídia, como
reportado pelo jornal The Guardian e nos sites do The Huffington Post e da CNN na
época. Após análise e discussão, ponderamos sobre as alternâncias observadas,
internamente aos efeitos de sentido dessas relações polêmicas: ora sob a preferência
da crença, ora sob o predomínio do mercado. Concluímos, então, que há um duplo
movimento de anulação nessa busca por impulsionar as vendas, causando, ao mesmo
tempo, possíveis vínculos de identidade ou rejeição nos consumidores.

178
ELEMENTOS PARATEXTUAIS NA OBRA DE JOSÉ SARAMAGO:
A TRILOGIA INVOLUNTÁRIA

Wendel Cássio Christal (UPM/UNINOVE)


Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi

O trabalho que ora se apresenta tem por finalidade investigar dois elementos
paratextuais, capa e epígrafe, na obra do escritor português José Saramago (1922-
2010), com destaque a três romances representativos de sua obra, os quais o próprio
escritor os classificou como “Trilogia involuntária”, a saber: Ensaio sobre a cegueira
(1995), Todos os nomes (1997) e A caverna (2000). Investigou-se, nessa pesquisa, a
função desses elementos paratextuais, verificando como, de algum modo, capa e
epígrafe estabelecem relação com o conteúdo das respectivas narrativas. A
fundamentação teórica está calcada em Genette (2009), que define paratexto como
“aquilo por meio de que um texto se torna livro e se propõe como tal a seus leitores, e
de maneira mais geral ao público”. Mais do que um limite ou um fronteira estanque,
trata-se aqui de um limiar [...] que oferece a cada um a possibilidade de entrar, ou
retroceder (p. 9-10).” Além desse, também estes dois autores contribuíram para a
discussão: Roger Chartier (1999) e Robert Darnton (2010). Constatou-se, assim, que a
materialidade da obra é sobremaneira um suporte gerador de sentidos. No que tange
aos romances em apreço, esses elementos paratextuais são um convite ao leitor à
decifração da obra: desde a capa e a epígrafe, chegando, por fim, ao romance. Mas,
por um lado, nota-se a preocupação de Saramago com o suporte gráfico de sua obra,
cujas capas são singularmente elaboradas a partir de obras do artista plástico
brasileiro Arthur Luiz Pisa e têm relação com o conteúdo de cada narrativa. Por outro
lado, percebe-se a manipulação do leitor de Saramago, visto que o escritor elabora
suas epígrafes ora realmente fazendo citações de outra obra, ora inventando as
próprias epígrafes.

179
A ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA A PARTIR DA MODALIZAÇÃO
NO ARTIGO DE OPINIÃO DE PAULO PINTO

Wenderson Pinto Farias (PUC-SP)


Orientadora: Profª Dra. Mercedes Fátima de Canha Crescitell

Este trabalho tem como objeto de estudo a modalização como estratégia


argumentativa. Pretendemos evidenciar, por meio da análise de uma crônica, a
importância da modalização para a argumentação do autor. Temos como objetivos
específicos: 1. verificar como se dá a modalização no artigo de opinião O papa
acerta ao renunciar de Paulo Pinto, publicado no jornal Em Tempo ( on line, seção
Opinião); 2. refletir, com base na análise, sobre a modalização como estratégia
argumentativa do autor. Para cumprir os objetivos estabelecidos, fundamentamo-nos
em princípios teóricos da Linguística Textual, na perspectiva de Koch (2006, 2004),
Castilho A. e Castilho C. (1993) e Neves (1996, 2000); da Teoria da Análise Textual do
Discurso, a partir de Adam (2008); e da Teoria do Jornalismo, de acordo com Beltrão
(1980) e Melo (2003). Os resultados obtidos na análise do artigo de opinião
evidenciaram que a modalização se faz presente no artigo de opinião de Pinto, por
meio de marcas linguísticas modalizadoras (verbos, advérbios, substantivos e
adjetivos), que permitem ao autor se posicionar em relação ao que escreve,
comprometendo-se com seu texto, imprimindo sua avaliação e julgamento sobre os
fatos, orientando, por meio de sua credibilidade, a opinião de seu leitor. Evidenciaram,
também, que o tipo de leitor pressuposto por Pinto no artigo de opinião analisado é a
grande massa intelectualizada, e, ainda, que o artigo de opinião pode ser classificado
como político. Consideramos que o desenvolvimento do trabalho nos permitiu
aprofundar nossos conhecimentos sobre o tema, assim como repensar nossa prática
pedagógica e, consequentemente, trazer algumas contribuições para o ensino da
leitura.

Palavras-chave: modalização; argumentação; artigo de opinião.

180
MONOFONIA E POLIFONIA EM “MISSA DO GALO”

Winifred Mary Carvalho e Silva Bdine (UPM)


Orientadora: Prof.ª Dr.ª Aurora Gedra Ruiz Alvarez

O objetivo deste trabalho é analisar o uso dos recursos da monofonia e da polifonia,


estudados pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin, na construção de textos literários. O
corpus escolhido para a análise é o conto de Machado de Assis “Missa do galo” e a
releitura homônima de Lygia Fagundes Telles.

O conto machadiano é narrado em primeira pessoa, e embora haja vários diálogos


entre as personagens, inseridos no texto por meio do uso do discurso direto, a única
voz que se ouve é a do narrador protagonista. Assim, todas as personagens são
construídas por intermédio de uma única voz e a partir de um único ponto de vista.
Elas não têm autonomia para opinar ou para fazer qualquer tipo de escolha, mas são
guiadas pelo narrador.

O mesmo não ocorre na releitura de Telles. Nesse conto, há uma multiplicidade de


vozes que carregam ideologias distintas, e que, embora estejam mescladas umas às
outras, não se confundem e nem perdem suas características independentes. Cada
personagem tem autonomia de pensamento e de decisão.

Tomando como material teórico, para fundamentar e orientar o exame, as obras


bakhtinianas Marxismo e filosofia da linguagem e Problemas da poética de Dostoiévski,
além de estudos de intérpretes brasileiros com Edward Lopes e Diana Barros,
apresentamos uma análise dos procedimentos da monofonia e polifonia observando
fragmentos de ambos os textos escolhidos.

Os estudos possibilitaram observar que um romance polifônico não é simplesmente


aquele no qual diálogos são retratados, pois esses podem ser manipulados pelo
narrador, mas aquele onde há uma multiplicidade de vozes autônomas e
independentes que carregam seus valores e sua ideologia.

181
ANÁLISE DA ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA
PEÇA TEATRAL AUTO DA COMPADECIDA

Yadir González Hernández (UPM)


Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães

Que relações intersemióticas se estabelecem entre a obra teatral de Ariano Suassuna,


Auto da Compadecida (1955), e o filme homônimo (2000) do realizador Guel Arraes?
Com base neste problema, nosso trabalho tem como escopo principal a análise da
adaptação da peça para o âmbito cinematográfico.

Do ponto de vista metodológico, o trabalho parte da apresentação do texto fonte, a


obra, e o texto derivado, o filme, e seus contextos de produção. Depois de referirmos
às mudanças mais significativas que põem em evidencia a transposição intersemiótica
efetivada, apresentamos também um breve exame dos elementos básicos de
composição da sintaxe audiovisual e os efeitos de sentido criados num trecho do filme.

A análise desenvolvida encontra-se amparada em geral nos fundamentos advindos das


teorias literárias e da narratologia aplicada ao campo midiático e dos estudos da
intermidialidade. Em particular, são usados os pressupostos sobre a relação
fidelidade/criatividade de Sanches Noriega (2004) e várias pesquisas anteriores, dentre
elas Moraes (2006) e Pedrini e Ferreira (2012), que constituem antecedentes de
investigação deste trabalho.

Através da análise realizada, concluímos que – visando o binômio


fidelidade/criatividade, conforme a taxonomia proposta por Sanches Noriega –, a
adaptação sob exame constitui uma transposição. Assim, o filme de Guel Arraes
derivado da peça de Ariano Suassuna, embora compartilhar a mesma estrutura de
base, propõe câmbios muito bem sucedidos que movimentam a trama, enquanto
conservam o espírito do texto fonte. As estratégias desenhadas pelo realizador e os
roteiristas para tanto, baseiam-se em operações de supressão e amplificação ligadas a
personagens, cenários e à organização da ação dramática. A composição da sintaxe
audiovisual foi também explorada com tal propósito, criando, ao mesmo tempo,
efeitos de sentido de verossimilhança na apresentação do contexto social, elemento
de vital importância tanto para o autor quanto para o realizador.

182

Você também pode gostar