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COLETIVA CANDEIAS DE TEATRO

PROJETO
VERTIGEM - DO BOTO
AO BUCHO
Proponente: Bárbara Victoria da Silva Corrêa
Contato: (11) 94926-1297
INTRODUÇÃO ou meu nome não é: psiu!

O projeto Vertigem - Do Boto ao Bucho, visa pesquisar a maternidade na


juventude, a partir da lenda Amazônica “ O Boto cor-de-rosa”, que conta a
história de um boto que durante a festa de São João, se transforma em um
homem com roupas brancas, que seduz a primeira mulher que encontra,
levando-a para o rio, engravidando-a e depois desaparece; sendo essa a
narrativa disparadora das criações para a realização de uma peça de teatro de
rua que aconteça nas proximidades da Linha Esmeralda 9 da CPTM: Santo
Amaro, Socorro e Grajaú. Através de um processo colaborativo, em diálogo com
o público durante a construção da peça, promovendo oficinas no território,
mesas de debate com temas relacionados, para trocar e ampliar perspectivas.O
objetivo da pesquisa é entender as construções sociais da sexualidade das
mulheres na adolescência, e o que isso impacta na gravidez precoce e mães-
solos*.

*Mulheres que criam seus filhos sozinhas por conta da negligência paterna.
OBJETIVOS ou Eu quero ser tudo que sou capaz de me tornar

OBJETIVOS GERAIS:
Fomentar no território, discussões sobre a construção da sexualidade feminina e
como isso se relaciona com a maternidade na juventude, através da ocupação do
espaço público com uma peça de teatro de rua.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
 Pesquisa, construção e realização de um espetáculo de teatro de rua que
estude a sexualidade feminina.

 Realização de 2 oficinas de teatro.

 Promover 2 debates com a comunidade sobre sexualidade feminina e


maternidade na juventude.

 Promover a ocupação do espaço público como potência de encontros para


trocas entre artistas e a comunidade.

PÚBLICO ALVO
Mulheres de todas as faixas etárias moradoras da Zona Sul de São Paulo.
4. JUSTIFICATIVA Ou As filhas não precisam herdar os silêncios de suas mães

“Dizem que a lenda do boto é uma tradição junina do povo da Amazônia quando se
festeja os Dias de Santo Antônio, São João e São Pedro. Onde fazem fogueiras e
queimam foguetes.
Segundo a lenda, nessas noites quando as pessoas estão distraídas celebrando, o boto
rosado aparece transformado em um bonito e elegante rapaz, porém este aparece
sempre usando um chapéu, pois sua transformação não é completa e suas narinas se
encontram no topo de sua cabeça fazendo um buraco. Durante essas festividades,
quando um homem aparece usando um chapéu, as pessoas pedem para que ele o
retire para que não pensem que é um boto.
Após sair do rio, ele conquista e encanta a primeira jovem que encontra, a leva para o
fundo do rio engravidando-a, e nunca mais volta para vê-la. E quando uma mulher
engravida e não se sabe quem é o pai da criança, é comum dizer que é ‘’filho do
boto’.”

O projeto Vertigem - Do Boto ao Bucho, através da lenda do “Boto Cor-de-Rosa”,


oriunda da cultura popular brasileira visa abrir questionamentos e leituras sobre a
maternidade na juventude. Nós que crescemos ouvindo muito sobre essa lenda, nas
escolas, em nossas casas, na integração e relação ao nosso entorno, entendemos que
romantiza um processo histórico de opressão e abandono em relação às mães-solos :
mulheres que responsabilizam-se de forma obrigatória, solitária e independente pela
família.
As atrizes-pesquisadoras em suas vivências pessoais e coletivas juntamente a estudos
de peças de teatro e mitologias ocidentais como a de MEDEIA*, OXUM**,
IRACEMA*** e JOANA****, tem percebido a necessidade da pesquisa em relação ao
arquétipo da MÃE - essa que sempre é associada a uma imagem fragilizada e histérica,
no entanto se expressa em realidade como organizadora, fortaleza e provedora da
continuidade de sua comunidade. A coletiva encontra na lenda uma fio narrativo
capaz de abordar poética e politicamente a problemática do abandono e da gravidez
precoce, enxergando na figura do Boto Cor-de-Rosa interfaces com o abandono
paterno e a legitimação do controle patriarcal sobre os corpos e existências femininas.
A coletiva com o conhecimento que grande parte das mulheres iniciam sua vida
sexual de maneira precoce e tem acesso ao corpo e ao prazer tardiamente, assim
tendo seus desejos e subjetividades muito dependentes dos homens. Nessa
perspectiva sentimos a ausência de espaços de construção da educação sexual que se
debruce em debater abertamente a consciência anatômica feminina, saúde sexual e
erógena, para além disso os meios de autocuidado em relação ao corpo como
narrativa política. O intuito do projeto é desdobrar essas existências e potencializar
corpos e vozes que por consequências estruturais são invisibilizadas. Como filhas,
frutos de relações similares e observadoras atentas do mundo que nos circunda
acreditamos, juntamente com as parceiras do projeto, que esta pesquisa cênica é uma
ótica potente para permear esses conteúdos e disputar o imaginário sobre outras
rotas e possibilidade para a vida das mulheres.

* Tragédia grega de Eurípides

** Orixá do candoblé e umbanda

* Personagem do romance brasileiro ‘’ Iracema’’ por José de Alencar

** Personagem da peça ‘’Gota D’agua’’ por Chico Buarque


HISTÓRICO DE ATUAÇÃO DO COLETIVO
ou Uma mancha de sangue me enfeita entre as pernas

COLETIVA CANDEIAS DE TEATRO

Nos conhecemos em 2017 na Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT) e dentro da
escola nos unimos pela mesma pesquisa, ao nos deparar com diversas referências de
teatro, a maioria delas eurocêntricas e ligadas à autores e narrativas do homem cis hétero
branco. Em 2018 nasce o coletivo com desejo de buscar referências femininas, onde
realizamos idas a peças de teatro como “O Canto das Mulheres No Asfalto” que fala sobre a
ancestralidade feminina, “Ida” do Coletivo Negro sobre a construção social da mulher negra,
“Entre” também do Coletivo Negro; que discorre em 4 narrativas dentro de um conjunto
habitacional, uma delas sobre uma mãe solo e “RÉS” da Corpórea Companhia de Corpos
sobre o sistema penitenciário feminino no Brasil, Heresia ou O Ponto de Vista da Carne
Queimada, discorrendo sobre a inquisição das mulheres paulistas julgadas não cristãs, e a
partir dessas referências decidimos montar nossa primeira intervenção artística; “Nossos
olhos d’água’’, onde realizamos leituras de poemas da Conceição Evaristo, mesclado com
músicas de nossa própria autoria. Apresentamos dentro da CPTM trêm da linha 10 -
Turquesa.

A noite não adormece nos olhos das mulheres


Em memória de Beatriz Nascimento

A noite não adormece


nos olhos das mulheres
a lua fêmea, semelhante nossa,
em vigília atenta vigia
a nossa memória.

A noite não adormece


nos olhos das mulheres
há mais olhos que sono
onde lágrimas suspensas
virgulam o lapso
de nossas molhadas lembranças.

A noite não adormece


nos olhos das mulheres
vaginas abertas
retêm e expulsam a vida
donde Ainás, Nzingas, Ngambeles
e outras meninas luas
afastam delas e de nós
os nossos cálices de lágrimas.

- Conceição Evaristo, em “Cadernos Negros”, vol. 19


Nesse anseio, Marília iniciou os estudos no núcleo de pesquisa Mulherada no Front com a
orientação de Cris Rocha, onde em paralelo realizamos encontros para debater peças de
dramaturgas, com protagonismo feminino.

Impulsionada criativamente pelos encontros, Bárbara e Marília, compuseram duas música


“Gatilho” e “De lata” onde foram apresentadas de forma independente por um coro de
mulheres no Sarau da Consciência, Tereza quer sarau, Espaço Cultural Sobrado Alameda e
Ong Instituto Criar de Tv, Cinema e Novas Mídias.

Gatilho

Ela que amou


todos os homens
que passou aqui

Cansada de si
cansada de nó
sem se desatar

Quem é que foi?


quem é o culpado
que a-tirou do lado

Chora que passa


Foi só desgraça
Humor cheio da graça

Revigora
Se renova
Solta o palpite acerte o revide
Não se deixe
não se queixe
seja dona de si

Faça seu hino


crie seu ninho
dane-se
quem puxou o gatilho.

De Lata

Alinhada no contratempo do tempo do medo


Contaminada do antídoto da morte da vida seu passatempo terreno
Eu sou a força do barraco que desaba e faz erguer montanhas de pessoas desenganadas
Eu sou boca esfaimada desdentada mastigando a miséria, cuspindo pão pra filharada

Mulher de lata, vadiaz sacola vazia, resto e sopa rala


Chupando osso, passista na avenida aqui é do cóccix, do cóccix, do cóccix até o pescoço

Navalhada, gilete em riste, tu ainda riste, acha piada


Mas eu te digo meu amigo
Eu já morri de fome
Eu já morri de fome
Eu já morri de fome hoje eu não morro de mais nada

Estamos dia a dia construindo essa barriga de referências de mulheres dentro da história da
cultura brasileira, com outras perspectivas de construções e narrativas dentro do teatro e
que possam dialogar com a nossa necessidade de pesquisar o universo do feminino como
precursor de criações, a fim de entender nossos corpos no mundo - DISCUTIR MULHERES
ATRAVÉS DE MULHERES - Desejamos dar continuidade a pesquisa através da criação de
um espetáculo de rua sobre a maternidade na juventude dentro da periferia da zona sul de
São Paulo.
Ao longo do processo observamos que as produções culturais ainda permanecem
ocupadas majoritariamente por homens e por isso decidimos ser um coletivo estritamente
composto por mulheres. Nós que vivenciamos dia a dia o sufoco da expressão machista
nos trens, metrôs, ônibus, praças, esquinas e avenidas. Como lidar com a opressão
cotidiana de nossos corpos?

Os mais humilhantes
detalhes morrem na minha
garganta, mas nunca nas
minhas lembranças. Conceição Evaristo
LOCAIS DE REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES
RUMO AO SUL!

A escolha do território surge da necessidade de retornar e olhar com zelo, para tudo
que essa região pode agregar a pesquisa. Por crescer em relação a esse espaço,
reconhecemos a presença do rio pinheiros traçando uma linha larga rumo ao sul, e
paralelamente observamos o trem rasgando o chão, preenchido de mulheres indo e
vindo. Com esse múltiplo atravessamento, notamos semelhanças com o universo da
lenda do “Boto cor-de-rosa”, e com isso surgiu o desejo de friccionar o processo
criativo com esse território. Encontramos praças para serem ocupadas, cenários de
árvores que em conjunto com a coletiva vão poder falar abertamente sobre mulheres,
entre mulheres, o mais perto da terra, o mais perto da fertilidade de promover esse
encontro de troca, antes de tudo, encontramos terra fértil!

APRESENTAÇÕES:
 Santo Amaro : Pç. Cesar Moreira
 Socorro :Pç. Ponte de Coronados
 Grajaú :Pç. Yvonne dos Santos Rattis

DEBATES E OFICINAS:
 1º Mesa: Anatomia da mulher e o prazer na sexualidade feminina
 01 Oficina: Mulher - poética do corpo político
Centro de Cidadania da Mulher - CCM Grajaú
End: R. Prof. Oscar Barreto Filho - Parque América, São Paulo - SP, 04822-230
 2º Mesa: Maternidade e autonomia do corpo feminino
 01 Oficina: Re-conhecer corporeidades femininas

Centro de Cidadania da Mulher - Unidade Santo Amaro


End: Pç. Prof, Salim farah Maluf s/n

*Carta de Anuência em processo


PLANO DE TRABALHO ou
No fundo sabemos que o outro lado de todo o medo é a liberdade

PLANO DE TRABALHO

OBJETIVO PRODUTO A SER


ATIVIDADE PRAZO
ESPECÍFICO APRESENTADO

1º PARCELA DO VAI (80%)

Selecionar coletânea de materiais de 1º versão da 4 semanas


pesquisa (textos, documentários, dramaturgia organizada
depoimentos, livros) sobre a maternidade do espetáculo de rua
na juventude

Reunião com as orientadoras de processo Proposta elaborada de 4 semanas


– Direção e Dramaturgia direção do espetáculo
de rua; compreensão da
relação: corpo e voz
com o material de
pesquisa

Reunião com as técnicas do espetáculo: Alinhamento de 4 semanas


Iluminação, figurinista, cenógrafa e agendas
Pré-Produção contrarregra
do Projeto
Reunião com as oficineiras; discussão Agendamento das 1 semana
sobre conteúdo; público alvo e território oficinas e divulgação
de pesquisa

Reunião com as orientadoras de Agendamento das aulas 1 semana


workshop para alinhar os interesses de práticas
pesquisa

Visita ao território de pesquisa Relatório técnico e 2 semanas


poético sobre o
território

Construir logo do grupo: Contratar Elaboração de página no 3 semanas


designer visual para concepção do logo do facebook e instagram
grupo com o logo do grupo

Aulas práticas Realização dos 12 semanas


Início da workshops e
pesquisa, acompanhamento de
trabalhos desempenho do coletivo
práticos e e da pesquisa
processo de
criação sobre o Compartilhamento de experimentos Realização de rascunhos 12 semanas
espetáculo cênicos sobre a coletânea de materiais de cênicos e dramatúrgicos
pesquisa

Comprar Pesquisas de preço e alinhamento das Compra do cenário e 3 semanas


materiais e necessidades de equipamento iluminação
equipamentos
2º PARCELA DO VAI (20%)

Continuar os estudos teóricos, através da Realização de 2 mesas 2 semanas


organização de 2 mesas sobre o tema acerca do tema dentro
pesquisado no Centro de Cidadania da do território de
Mulher (Santo Amaro e Grajaú) pesquisa:
Realizar
formação de 1º Mesa: O universo da
público sexualidade feminina

2º Mesa: Maternidade e
autonomia do corpo
feminino

Compartilhar e Organização de 2 oficinas sobre o tema Oficina realizada com o 2 semanas


fomentar o pesquisado no Centro de Cidadania da público alvo que
tema com o Mulher (Santo Amaro e Grajaú) frequentam o centro de
público da cidadania da mulher
pesquisa

Ensaios Finalização da 8 semanas


dramaturgia e roteiro

Criação e compra dos materiais de Figurino e maquiagem 8 semanas


Conclusão de Figurino do espetáculo prontos
Montagem
Realização de ensaios finais com aberturas Pronto para apresentar 3 semanas
para mulheres, parceirxs, público da
região e demais colaboradores do
processo

Contratar Fotográfa para registrar o Divulgação dos registros 2 semanas


Divulgar o espetáculo do espetáculo
espetáculo
Criação da arte do espetáculo Divulgação 4 semanas

Divulgação do espetáculo nas mídias, Distribuição de flyers, 4 semanas


redes sociais, transporte e equipamentos lambe-lambe pelo
públicos da cidade, mas principalmente da território, anúncios em
zona sul de SP jornais locais, divulgação
nos espaços culturais do
território, anúncio pelo
carro de som local.

Entrar em Apresentação Apresentação 2 semanas


temporada com
o espetáculo
montado Contratar Fotografa para filmar o Registro de vídeo do 1 semana
espetáculo Espetáculo

Finalizar projeto Prestar contas, debater o processo Prestação de contas 4 semanas


coletivo, elaborar logística em relação aos balanço interno do
equipamentos processo criativo,
armazenamento dos
equipamentos e objetos
da peça
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

ATIVIDADE MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS


1 2 3 4 5 6

Pré-Produção do Projeto

Início da pesquisa, trabalhos práticos e processo de


criação sobre o espetáculo

Comprar materiais e equipamentos

Continuação dos estudos teóricos, compartilhar e fomentar o


tema com o público

Execução da mesa de debate e oficinas

Conclusão de Montagem

Divulgar o espetáculo

Entrar em temporada com o espetáculo montado

Finalização do projeto
[ANEXO 2-B] EXTRATO DO PLANO DE TRABALHO
Programa VAI Edital 2019 - 16ª Edição
Nome do VERTIGEM – DO BOTO AO
Modalidade VAI I
Projeto BUCHO
Distrit
Região de
o
BÁRBARA VICTORIA execução
Proponente (prop PARAISÓPOLIS ZONA SUL
DA SILVA CORRÊA do projeto
onent
e)
Duração do Linguagem principal do
6 MESES TEATRO DE RUA
Projeto projeto
Valor 2ª
Valor total do projeto Valor 1ª parcela (80%)
parcela (20%)
R$ 40.750,00 32.600,00 R$ 8.150,00
Descrição do
Projeto
Produtos
ESPETACULO TEATRAL DE RUA SOBRE MATERNIDADE NA JUVENTUDE
principais
Atividades Plano de Trabalho - Previsão de execução
MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 meio de verificação
1. Atividade
Pré-Produção
do Projeto
2. Atividade
Início da
pesquisa,
trabalhos
práticos e
processo de
criação sobre
o espetáculo
3. Atividade
Comprar
materiais e
equipamentos
5.Atividade
Continuação
dos estudos
teóricos,
compartilhar e
fomentar o
tema com o
público
6.Atividade
Execução da
mesa de
debate e
oficinas
7.Atividade
Conclusão de
Montagem
8.Atividade
Divulgar a
peça
9.Atividade
Início da
temporada
10.Atividade
Finalização do
projeto
NOME FUNÇÃO
Nome função BÁRBARA VICTORIA DA SILVA ATRIZ E PROPONENTE – R$ 650,00 / MÊS
remuneração CORRÊA
dos MARÍLIA D’ALMEIDA CASARO ATRIZ E PRODUTORA - R$ 650,00 / MÊS
integrantes do JENNIFER SOUZA DOS ATRIZ E PRODUTORA - R$ 650,00 / MÊS
coletivo SANTOS

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