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RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi verificar o perfil acadêmico dos líderes das associações de pais e
amigos dos excepcionais das APAEs do Estado de Santa Catarina. Quanto aos procedimentos
metodológicos adotados, classificou-se a pesquisa como descritiva. A população do estudo foram
os líderes das APAEs no estado de Santa Catarina e a amostra final ficou representada por 29
líderes. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário e a técnica de analise e
interpretação dos dados foi quantitativa. Os resultados do estudo evidenciam que: a) maioria dos
cargos de liderança ocupados nas APAEs é compostas por mulheres; b) 86% dos respondentes
tem formação formação em nível superior; c) A área de formação predominante é na educação; d)
A maioria dos líderes atuantes nasAPAEs não têm formação em áreas relacionadas a gestão.
1 INTRODUÇÃO
É bastante complexo estabelecer o tipo de liderança ideal para uma associação de pais e
amigos dos excepcionais (APAE), tendo em vista o caráter situacional, sócio-cultural e dinâmico
experenciado em cada uma das instituições no exato momento. Ao longo da história do
movimento Apaeano foi havendo uma mudança de paradigmas, do assistencialista ao
empresarial. No contexto inicial, a idéia que se fazia de um líder ideal para uma organização sem
1
Artigo apresentado para a Revista Tecnologica da Uceff Faculdades.
2
Aluna do MBA em Gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional, turma IV da Uceff Faculdades.
3
Professora e orientadora do MBA em Gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional, turma IV da Uceff
Faculdades.
4
Especialista em Gestão empresarial, logística e produtividade. Graduado em Administração. E-mail:
clovis.oliari@textiloeste.com.br.
5
Professor de graduação da UCEFF Faculdades. E-mail: producao@edege.com.br.
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fins lucrativos, como a APAE era a da liderança carismática, entretanto há que se ter cuidado
com esta crença, pois, como nos afirma Druker, (1992, p. 3) “os três líderes mais carismáticos
deste século impuseram mais sofrimento à raça humana do que qualquer outro trio da história:
Hitler, Stalin e Mao”.
Garay (2011), em sua pesquisa bibliográfica aponta o descompasso entre a expansão do
terceiro setor e a disponibilidade de conhecimento teórico sobre gestão, que abordasse as
demandas específicas de profissionalização nestas entidades. O que entra em discussão não é a
disponibilidade do conhecimento e sim o próprio processo de profissionalização do terceiro setor
que não seguia a lógica da Administração, buscada em empresas com fins lucrativos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.2 LIDERANÇA
O conceito de liderança diverge muito de acordo com a linha de abordagem e crença dos
autores sobre como estes entendem o papel do líder nas organizações. Historicamente, o conceito
de liderança passou do foco sobre os traços e estilos dos líderes até chegar a abordagens
carismáticas, transformacional e visionária, passando por abordagens contigenciais/situacionais,
administrativas, inspiracional e motivacional (BARRETO, 2013).
Para Fiorelli (2003, p. 173) “[...] a falta de consenso sobre o assunto e o caráter evolutivo
das idéias mais aceitas sugerem que liderança constitui algo situacional, dinâmico e
profundamente ligado à natureza humana”. Entretanto, a essência da liderança pode ser entendida
pela capacidade que algumas pessoas possuem de conseguir que outras, de modo espontâneo,
ultrapassem o estabelecido formalmente (BARRETO, 2013).
As aptidões para o cargo de liderança de uma empresa ou grupo de pessoas, seja este qual
for, provêm de um burilamento de habilidades e perfil psicológico. Ótimos líderes já
apresentavam características de liderança desde a infância ou adolescência e aprimoraram seus
talentos com estudo e expertise ao longo de sua vida coorporativa, entretanto, este conhecimento
pode se dar a qualquer sujeito que se dedique a gratificante capacidade de exercer influência
sobre as pessoas (FIORELLI, 2003).
Após pesquisa realizada com profissionais de diferentes níveis de formação e experiência,
Fiorelli (2003) chega a dois denominadores comuns na instalação da liderança, que são: a
liderança instala-se pela emoção e os líderes são pessoas significativas para os liderados.
Outros atributos elencados por Fiorelli (2003) são: a capacidade de produzir visões
proativas em seus liderados, a capacidade de usar a linguagem adequada com cada um de seus
liderados, e ainda, o exemplo, a perseverança e o compromisso, além de habilidades importantes
para a redução de barreiras interpessoais, aumento dos sentimentos de identificação e
estabelecimento de elos emocionais, habilidades comunicativas e interpessoais, de observação,
escuta, fala, envolvimento, compreensão, congruência, feedbacks, expressão corporal e
orientação.
Peter Drucker (1992), as características que escolheria para selecionar um líder de uma
instituição sem fins lucrativos, quais sejam: Primeiro: a experiência anterior, ou seja, o que já
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havia feito, seus pontos fortes e o que o candidato tem feito com eles. Segundo: caráter e
integridade e, por fim, alguém que leve seu papel na organização muito a sério, e não a si mesmo.
Qualquer pessoa que ocupa essa posição de liderança e pensa que é um grande homem ou
uma grande mulher acabará consigo mesma – e com a agência. Além disso, segundo o autor, o
papel assumido pelo líder precisa se adequar à missão e aos valores da instituição (DRUCKER,
1992).
Para Drucker (1992), os líderes mais eficazes pensam sempre em equipe, têm a
capacidade de manter sua personalidade e sua individualidade e não se sentem ameaçados por
forças alheias, ao contrário, incentivam-nas à independência e à liderança. Mas existem
características básicas necessárias a todos os tipos de líderes: a disposição, a capacidade e a
autodisciplina para ouvir, a disposição para se comunicar e se fazer entender, não desculpar a si
mesmo, e por fim compreender que não é tão importante quanto a tarefa.
Segundo Drucker (1992), um bom exemplo de líder eficaz natural, ou seja, que não era
um líder nato nem feito, mas que alcançou a liderança por esforço próprio foi Harry Truman,
presidente dos Estados Unidos em 1945. Segundo Drucker (1992, p. 3) “o importante não é o
carisma do líder, mas sim sua missão. Portanto, a primeira tarefa do líder é de conceber e definir
a missão da instituição”.
Para Fiorelli (2003) quando a autoridade é carismática, a personalidade do líder legitima-
a. Crença e visão impulsionam os liderados, o que não assegura que o líder conduza as pessoas a
bom porto. Contudo, a liderança estritamente carismática não é saudável, do ponto de vista
organizacional, porque se reflete em um exercício de poder tamanho que inibe a crítica e o
desenvolvimento do liderado.
Aquele que for capaz de exercer influência, combinando o carisma com a perícia
certamente trará os melhores resultados na gestão de sua organização. E há também aqueles que
constroem equipes de primeira grandeza, os que estão sempre dispostos a aprender, que
conseguem equilibrar cautela e ousadia na gestão, dão o exemplo e têm a capacidade de definir as
prioridades e fazê-las valer (FIORELLI, 2003).
Portanto, constituir-se como líder não significa ter apenas carisma, é preciso ter visão do
todo, é preciso unir as qualidades de um bom, relações públicas, um ótimo psicólogo e um
eficiente administrador. Liderança é fazer, não é apenas ter grandes pensamentos, nem apenas
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carisma, nem representar papéis, revisar a missão, refocalizá-la construir e organizar e depois
abandonar. (DRUCKER, 1992).
Por volta da década de 1950, as instituições sem fins lucrativos eram vistas como
marginais na cultura americana, onde a parte representativa da sociedade era dominada pelo
governo (Primeiro Setor) e pelas grandes empresas (Segundo Setor). Esta visão desqualificada do
chamado terceiro setor foi mudando a partir do momento em que um número crescente de
pessoas começou a se engajar nos programas assistenciais. Para se ter uma idéia, na década de
1990, um em cada dois americanos adultos servia como voluntário por pelo menos três horas
semanais. (DRUCKER, 1992)
Por outro lado, as instituições sem fins lucrativos abominavam todo o conceito que as
ligasse à idéia de empresa. Por isso, até mesmo a palavra “gerência” (o que leva à palavra
“gestão”) era repudiada. Atualmente estas instituições percebem a necessidade de gerenciar tanto
a parte financeira (doações, convênios) quanto a parte humana para que possam cumprir melhor
seu papel social. Tanto que nos Estados Unidos, muitas organizações sem fins lucrativos já são
referência em pesquisas e serviços de saúde (American Heart Association, American Cancer
Society), transformando-se na “Sociedade Civil” da América (DRUCKER, 1992).
No Brasil, segundo a pesquisa As fundações privadas e associações sem fins lucrativos no
Brasil realizado pelo IBGE em 2008 (SILVA, 2010) houve um crescimento de 623% de
organizações de terceiro setor atuando no país, da década de 1980 até o ano de 2005, ou seja, de
40 mil iniciais este número passou a 338 mil.
Originalmente, as organizações sem fins lucrativos brasileiros estavam alicerçadas nos
princípios da filantropia e da caridade religiosa – século XVI – como as Santa Casas de
Misericórdia, educandários, asilos e hospitais, e passaram por um longo processo até chegar à
concepção atual de gestão orientada ao desempenho. Até o final século XIX o modelo
assistencialista destas organizações abarcava as áreas da saúde, educação e assistência social.
Mas com a entrada mais efetiva do Estado nestes âmbitos, a partir do início do século XX, com o
Código Civil de 1916 e com a Constituição de 1934, outras organizações foram se emoldurando
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como parte deste setor - sindicatos, associações profissionais, federações e confederações que
defendiam interesses coletivos mais específicos (SILVA, 2010).
A partir da década de 1970 as organizações sem fins lucrativos se vêem diante da
necessidade de buscar recursos próprios para sua subsistência e sobrevivência, dado a crescente
dificuldade de financiamentos governamentais e privados. Desta necessidade econômica surge a
necessidade do conhecimento administrativo sobre como reter, manter e aplicar estes recursos.
Ao final da década de 1990, surge o conceito de Responsabilidade Social, onde as empresas
privadas lançam indicadores de avaliação de suas próprias fundações assistenciais (SILVA,
2010).
Este modelo de atuação empresarial e a inserção da visão de mercado no terceiro setor
vieram a reforçar a tendência de modernização e profissionalização das organizações sem fins
lucrativos como um todo. Este processo histórico garantiu amadurecimento ao terceiro setor que
atualmente percebe a crescente necessidade de melhoramento em sua transparência, certificação e
credibilidade, gestão e profissionalização (GARAY, 2011).
Este crescimento, entretanto, levou o trabalho dos gestores nas organizações sem fins
lucrativos a se desenvolver em um contexto caracterizado principalmente pela ambigüidade dos
desafios e as incertezas decorrentes da instabilidade financeira. Conforme Garay (2011), “em
função da estrutura enxuta muitas vezes verificada nessas entidades, os gestores acumulam várias
funções, sendo necessário conciliar e desenvolver habilidades pessoais e profissionais múltiplas
para desempenhar as suas tarefas”.
3 METODOLOGIA
Com o objetivo de verificar qual o perfil acadêmico dos líderes das APAEs do Estado de
Santa Catarina, a presente pesquisa se caracterizou por utilizar o método hipotético-dedutivo,
aquele que “começa com uma teoria sobre como as coisas funcionam e dela deriva hipóteses que
podem ser submetidas a testes” (JOHNSON apud FIGUEIREDO et al, 2012, P. 36), em nível
descritivo, onde há a “descoberta e observação de fenômenos procurando descrevê-los, classificá-
los e observá-los” (FRANÇA, 2013, P.87).
De acordo com Selltiz, apud Marconi, (2013, p. 6), os estudos descritivos “escrevem um
fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço-tempo”.
A pesquisa foi delineada através de um estudo de campo, definida por Marconi (2013, p.
69) como “aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca
de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira
comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles” nas 189 APAEs do
Estado de Santa Catarina.
O questionário utilizado na pesquisa “é um instrumento de coleta de dados constituído por
uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador”. (MARCONI, 2013, P. 86) e conteve perguntas abertas - livres ou não limitadas -,
fechadas - limitadas ou de alternativas fixas -, e de múltipla escolha - perguntas fechadas mas que
apresentam uma série de possíveis respostas (MARCONI, 2013, p. 89-91) .
A população definida para esta pesquisa é de líderes das APAEs do Estado de Santa
Catarina (1 presidente, 1 diretor e pelo menos 1 coordenador de cada uma das 189 APAEs do
Estado de Santa Catarina), portanto, pelo menos 567 pessoas.
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Dos emails enviados as 189 APAEs do Estado de Santa Catarina, retornaram apenas 29,
que representaram a amostra da pesquisa.
As tabelas que seguem informam a quantidade e porcentagem de respostas às perguntas
do questionário enviado aos líderes de APAEs. A Tabela 1 apresenta o gênero dos respondentes.
Tabela 1- Gênero
Masculino/Feminino Frequência absoluta (Qtde) Frequencia Relativa (%)
Masculino 5 17%
Feminino 24 83%
Total 29 100%
Fonte: Dados da pesquisa
Na Tabela 2 percebe-se que a maioria das pessoas que ocupam cargos de liderança nas
APAEs estão entre os 46 e 50 anos, 35% dos respondentes. E que o menor índice está ente os 25
e 30 anos (7%) e acima de 51 anos (17%). A Tabela 3 mostra os cargos de liderança nas APAEs.
A Tabela 4 aponta que 14% dos respondentes (4) não possuem graduação, 10% possuem
somente graduação (3), 73% possuem pós-graduação (21) e 3%, ou seja, 1 respondente possui
Mestrado. Interessante notar que os 4 entrevistados sem graduação eram presidentes, o que ateste
talvez que os critérios para o cargo sejam mais relacionados às questões relacionais que culturais.
Mas que a única respondente com Mestrado também era presidente. A Tabela 5 mostra em ordem
decrescente os cursos de graduação mencionados pelos respondentes da pesquisa.
Das 15 formações citadas na Tabela 9, 5 (33,2%) foram para o curso de Gestão Escolar e
2 (13,2%) para curso não especificado promovido pelo Instituto Guga Küesten. Nota-se a citação
de diversos cursos promovidos pela Federação Estadual das APAEs (33,5%) e uma citação de
MBA especificamente votado à gestão (6,7%). Observa-se ainda que, dentre aqueles que se
qualificaram houve uma procura por cursos ligados à gestão e liderança. Entretanto, a questão
que se faz a partir destes dados é quantos líderes buscaram esta formação por necessidade ou
vontade própria e quantos apenas participaram dos cursos ofertados pela Federação Estadual das
APAEs?
A Tabela 10 mostra o período em anos que os líderes respondentes trabalham nas APAEs.
Na Tabela 11 percebe-se que 52% dos respondentes (15 dos 29) ocupam o cargo de
liderança a menos de 3 anos nas APAEs. 24% ocupam o cargo de 3 a 5 anos e que apenas 1 líder
(4%) ocupa o cargo a mais de 16 anos (entre 21 e 25 anos).
A Tabela 12 apresenta as respostas à questão Ocupa ou ocupou outros cargos de
liderança anteriormente?
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi verificar qual o perfil acadêmico dos líderes das APAEs do
Estado de Santa Catarina. Através do uso de um questionário foi possível recolher dados que
permitiram se chegar a algumas conclusões.
A partir da análise dos dados acima descritos pode-se concluir que a maioria dos cargos
de liderança ocupados nas APAEs é compostas por mulheres. Apesar da visível dominação dos
homens em cargos de liderança na maioria das instituições, principalmente do Primeiro e
Segundo Setor, os dados da tabela referente ao gênero (Tabela 1) podem indicar que o número de
mulheres trabalhando em APAEs é maior, consequentemente, a proporção de cargos de liderança
também é maior. É histórico o engajamento preponderante das mulheres em questões sociais e
filantrópicas. E em nosso pais o fato de a grande maioria dos educadores consistirem em pessoas
do sexo feminino, também ajuda a explicar este resultado da pesquisa.
Outra conclusão que podemos tirar deste estudo é que a idade influencia para escolha dos
líderes das APAE. Conforme nos mostra a Tabela 2, a maioria dos líderes está entre a quarta e a
sexta década de vida, exatamente na madureza da vida e onde se verifica uma maior estabilidade
emocional e profissional.
O dado de que 52% dos líderes está no cargo há menos de 3 anos é interessante, no
sentido em que percebemos que (pelo menos nas APAEs que responderam ao questionário) há
uma renovação do quadro de gestores. O que pode ser positivo pela “não-acomodação”, mas
também pode trazer quadros de instabilidade constante para a instituição como um todo. Este é
um dado que deve ser acompanhado para novas conclusões.
Além disso, os dados da Tabela 12, que apontam uma maioria de líderes que ocupa ou já
ocupou outro cargo de liderança fora da APAE, mostram que é provável que a indicação destes
líderes para os cargos que ocupam podem ter sido baseadas em sua experiência de vida e nas
habilidades de liderança demonstradas e adquiridas nestes outros cargos de liderança.
Outro dado interessante é o apontado na Tabela 4, que nos mostra que 4 dos respondentes
não tinham formação em nível superior. Através do cruzamento dos dados da pesquisa,
averiguou-se que estes respondentes ocupavam o cargo de presidente o que pode corroborar os
estudos de Fiorelli (2003) e Drucker (2002), quando apontam para a questão do carisma do líder.
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Entretanto, outro dado desta tabela é de relevante destaque, a única respondente com mestrado
ocupava também o cargo de presidente.
A formação inicial (graduação) e a formação complementar (pós-graduação) da maioria
dos líderes respondentes é na área da Educação (Tabela 5 e Tabela 6).
Apesar dos números incongruentes entre as Tabelas 8, 9 e 13 que abordam sobre
formação em liderança nas APAEs, podemos concluir que um pouco mais da metade dos
respondentes realizaram alguma formação para o cargo de liderança que ocupam na APAE,
sendo que a maioria realizou esta formação durante o exercício do cargo de líder. Ou seja, a
maioria não se preparou a priori academicamente para tal cargo. Dos que realizaram alguma
formação a maioria está no cargo de liderança há menos de 3 anos (8 de 15, ou seja, 53%), o que
corrobora a hipótese inicial da pesquisa de que a maioria dos líderes mais antigos atuantes em
APAEs não têm uma formação específica em liderança, e que está havendo um crescimento pela
busca de formação nesta área.
Outra questão a ser levantada a partir dos dados da Tabela 9 é que muitos que realizaram
alguma formação em liderança citaram cursos ofertados pela FEAPAEs, o que significa que a
Federação Estadual está interessada em capacitar e qualificar os líderes das APAEs. Mas caso a
FEAPAEs não tivesse esta preocupação, tais líderes buscariam uma formação por interesse ou
demanda próprios? Este é o ponto que queremos enfatizar com esta pesquisa, que o Terceiro
Setor, e especificamente as APAEs devem se qualificar cada vez mais, e que se não há uma
história de qualificação anterior para os cargos de liderança, isto já está mudando, e os atuais e
futuros líderes devem acompanhar esta tendência de qualificação para levar a missão de suas
instituições a bom termo nos dias atuais e futuros.
Os dados da Tabela 15 refletem o que atualmente se encontra nos estudos sobre liderança
e gestão, que o maior capital de uma empresa não é o financeiro mas o humano, e é neste que os
líderes tentam investir seu potencial, e também é neste que encontram maior dificuldade de
sucesso.
A comprovação mais importante que a pesquisa nos traz e que legitima os estudos
referenciados é da contribuição positiva da formação em liderança no exercício do cargo para os
líderes das APAEs respondentes. Além disso, percebe-se que grande maioria das habilidades
citadas (Tabela 16) também corroboram as pesquisas atuais sobre liderança e gestão de pessoas.
Conhecimento, aperfeiçoamento constante, planejamento, gestão, amor pelo trabalho e
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REFERÊNCIAS
FEAPAE-SC. Federação das APAEs do Estado de Santa Catarina. Estatuto das APAEs.
Disponível em <http://www.apaesantacatarina.org.br/> Acesso em 10 de outubro de 2014.
GARAY. Sara Maria Costa. A Gestão de Pessoas em Organizações Sem Fins Lucrativos:
Principais Dilemas e Desafios. VIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT,
Resende/RJ, 19, 20 e 21 de outubro de 2011. Disponível em:
<http://www.aedb.br/seget/artigos11/57814809.pdf> Acesso em 02 de maio de 2014.
MAGALHÃES, Ana Cristina. et al. Pais e Dirigentes: uma parceria eficiente. Reflexões sobre a
interpelação entre família e instituição na vida da pessoa portadora de deficiência. Brasília:
Federação Nacional das APAEs, 2008.
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SILVA, Carlos Eduardo Guerra. Gestão, legislação e fontes de recursos no terceiro setor
brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro
44(6):1301-25, NOV./DEZ. 2010.