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Estimativa da produção de

energia elétrica na Bahia


usando resíduos agrícolas

Arthur O. Uchôa e Paulo R. F. de Moura Bastos

UFBA – Universidade Federal da Bahia


pbastos@ufba.br, arthur_uchoa@yahoo.com.br
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO E ESTRUTURAÇÃO
3. VANTAGENS DO USO DA BIOMASSA E
TECNOLOGIAS ASSOCIADAS
4. PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA BAHIA E RESÍDUOS
5. METODOLOGIA
6. ESTIMATIVA DA ENERGIA E CAPACIDADE
INSTALADA
7. ESTUDOS DE CASO
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
1- INTRODUÇÃO
No mundo, 80,9% da energia vem de fontes não renováveis, petróleo,
gás e carvão (International Energy Agency, 2011). No Brasil 43% vem
da hidráulica e renováveis (cana, bagaço e lenha) (EPE, BEN 2011).

40
35
30 Mundo
25
Brasil
20
15
10
5
0
1- INTRODUÇÃO
Mesmo na geração da energia
elétrica, 67,1% é de origem não
renovável no mundo.
No Brasil 74% vem da hidro,
4,7% da biomassa e 0,4% eólica.

Na Bahia há 33MW de energia


elétrica oriunda de biomassa –
capim elefante, 20MW origem é
o lixo urbano, e 0,4 MW solar
fotovoltaica (PV); este Estado
tem alta produção agrícola,
podendo-se usar os resíduos
2- OBJETIVO

 Estimar o potencial para geração de


eletricidade na Bahia a partir da biomassa
proveniente dos resíduos agrícolas;

Apresentar estudo preliminar de três


“estudos de caso” chegando-se a um custo
aproximado da energia anual produzida
3- VANTAGENS DO USO DA BIOMASSA
E TECNOLOGIAS ASSOCIADAS
Biomassa: embora sendo a fonte mais antiga
usada pela humanidade, só após 1970 há
pesquisas mais profundas
•Vantagens para gerar eletricidade:
•Emissões de gases efeito estufa nula;
•Geração de postos de trabalho (sobretudo
na produção)
•Diversificação da matriz de geração de
eletricidade
3- VANTAGENS DO USO DA BIOMASSA
E TECNOLOGIAS ASSOCIADAS
Biomassa, definição:
“Todo recurso renovável oriundo de
matéria orgânica (animal ou vegetal)
que pode ser utilizado para produção de
energia”

• A geração de eletricidade necessita uma


etapa de transformação da biomassa em
produto intermediário que vai ser usado na
máquina motriz
3- TECNOLOGIAS PARA GERAR ENERGIA
ELÉTRICA A PARTIR DE BIOMASSA
• Contrapressão
– Muito utilizado em co-geração no setor sucroalcooleiro
– Domínio da indústria nacional
– Aumento da eficiência: Caldeiras com alta pressão (6 ~ 8 Mpa)

• Condensação e Extração
– Não opera necessariamente na condição de co-geração
– Domínio parcial da indústria nacional
– Maior eficiência: Uso de trocadores de calor e expansão do vapor
a menor pressão possível

• Gaseificação (BIG–GT/ STIG/GTCC)


4- PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA BAHIA
E RESÍDUOS
• Optou-se pelos resíduos das
culturas com grandes safras,
os quais não têm tido
finalidade energética
• Aqui são analisados resíduos
agrícolas destes cultivos:
– Algodão
– Arroz
– Café
– Côco-da-baía
– Milho
– Soja
4- PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA BAHIA
Produção anual dos principais cultivos no Estado da Bahia
Produção em 2007 e 2008, toneladas (SEAGRI, 2011)
4- PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA BAHIA
• Destaque para a região Oeste: as cidades de
Barreiras, Luís E. Magalhães e São Desidério

Produção (toneladas) de Algodão Produção (toneladas) de Soja na


na Bahia em 2008 Bahia em 2008
5- METODOLOGIA
Metodologia semelhante à Usada no “Panorama do
Potencial de Biomassa no Brasil” (ANEEL,2002)

EG = Energia Gerada (MWh) Qres = Quantidade resíduos (t)


PCI = Poder Calorífico Inferior kCal/kg) ᵑ = Rendimento global do ciclo
6- ESTIMATIVA DA ENERGIA NA BAHIA
Alternativas avaliadas:
 Opção A: Ciclo a vapor com turbinas de condensação e extração,
em média ɳ = 25%
 Opção B: Ciclo usando gaseificação, ɳ = 35%
Estimativas por cultivo: energia (MWh/ano), potência (MW)
Cultivo Energia Produzida (MWh/ano) Potência Instalada (MW)
Opção A Opção B Opção A Opção B
Algodão 183.341 256.677 34,9 48,8
Arroz 12.532 17.545 2,4 3,3
Café 36.006 50.409 6,9 9,6
Coco-da-baía 484.430 678.203 92,2 129,0
Milho 2.049.443 2.869.221 389,9 545,9
Soja 26.358 36.901 5,0 7,0
Total 2.792.111 3.908.955 531,2 743,7
6- ESTIMATIVA DA ENERGIA NA BAHIA
Apenas com estes seis cultivos considerados pode-
se ter 531,2 MW usando turbina a vapor
(ɳ=25%), ou 743,7 MW com gaseificação

Por região há duas áreas promissoras:


 Oeste do Estado: que apenas em Formosa do Rio
Preto produziria 318.147 MWh/ano, ou 3 municípios
próximos que com algodão, soja e arroz produziriam
204.172 MWh/ano;
 Litoral norte com resíduos do côco-da-baía, 313.172
MWh/ano
7- ESTUDOS DE CASO
• Oeste do Estado da Bahia, duas usinas, e uso de
60% dos resíduos agrícolas:
 uma de 36,0 MW usando resíduos de milho,
 outra de 17,0 MW com resíduos do algodão
• Litoral Norte, 12,0 MW, uso de 73% dos resíduos
da safra de côco-da-baía
• Viabilidade econômica
 Vida útil de 25 anos
 Investimento R$3.156,00/kW ou
 Juros 9,0% ao ano
7- ESTUDOS DE CASO
Formosa Rio São Desidério Conde
Preto
Resíduo de Milho Algodão Côco-da-baía
Qtde Resíduo (t/ano) 208.908 74.836 34.164
Potência (MW) 36,0 17,0 12,0
Fator Capacidade 0,6 0,6 0,65
Energia (MWh/ano) 189.216 89.352 68.328
Investimento (R$) 102.254.400 53.652.000 37.872.000
Inv. Infraestrut. (R$) 20.450.880 10.730.400 7.574.400
Custo biomassa (R$/t) 10,00 10,00 15,00
Custo anual capital 12.492.164 6.554.530 4.626.727
Outros custos (R$/ano) 6.263.920 3.377.310 2.368.188
Custo Energia (R$/MWh) 99,13 111,15 102,37
7- ESTUDOS DE CASO
• O custo do investimento ficou em US$1.532/kW
(para as usinas abaixo de 20 MW e em
US$1.379/kW para a usina de 36 MW - milho)
• Custo da biomassa é maior em Conde, área
mais desenvolvida, com maiores oportunidades;
• Menores custos para milho e coco, ~R$100/MWh
(ou R$0,10/kWh). Deve-se adicionar os
impostos, taxas e margem de lucro
• O governo pode incentivar com subsídios pois
resulta em maior oferta de postos de trabalho
em regiões do interior do Estado da Bahia
8- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
• Geração sustentável com biomassa: captura de CO2 e
postos de trabalho
• Bahia tem alta produção agrícola com ênfase no milho,
coco, algodão e arroz. A geração pode chegar a 743,7
MW ou produção entre 2.792 a 3.909 GWh/ano
• Destaque para a região Oeste da Bahia e Litoral Norte
• Três estudos de caso: dois no Oeste com milho e
algodão, um no Litoral Norte com coco-d-baía. Menores
custos de energia com milho e coco
• Recomendam-se estes estudos futuros:
Verificação do Poder Calorífico dos resíduos com amostras
Para as Centrais mais viáveis: aprofundar estudos (interligação)
Avaliação de outras fontes de biomassa
REFERÊNCIAS PRINCIPAIS
• International Energy Agency, 2011. Key World Energy Statistics
2011. Disponível em <www.iea.org>. Acesso em 10.10.12.
• Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da
Bahia (SEAGRI). Disponível em www.seagri.ba.gov.br. Em 19.07.11.
• Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2011. Balanço Energético
Nacional 2011. Disponível em www: ben.epe.gov.br . Em 25.11.11.
• TOLMASQUIM, M. T. (Organizador). Fontes Renováveis de Energia no
Brasil – Rio de Janeiro. Interciência: CENERGIA, 2003.
• CORTEZ, L. A. B.; LORA, E. S.; GÓMEZ, E. O. (Organizadores)
Biomassa para Energia. Campinas. Editora da Unicamp, 2008.
• ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Panorama do
potencial de biomassa no Brasil, Brasília, 2002. Disponível em
www.aneel.gov.br, acesso em 27.05.12

MUITO OBRIGADO A TODOS


pbastos@ufba.br (71)-3283-9760

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