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Universidade Salvador – UNIFACS


Cursos de Engenharia – Cálculo Avançado / Métodos Matemáticos Aplicados
Profa: Ilka Rebouças Freire

Integrais Múltiplas

Texto 02: A Integral Dupla em Regiões não Retangulares.

Vamos agora considerar a integral dupla de uma função z = f(x,y), sobre uma região mais
geral R do plano. Vamos admitir que R é uma região limitada por um número finito de
curvas regulares, ou seja, curvas que são gráficos de funções com derivadas contínuas e
que a região inteira R pode ser envolvida por um retângulo R´.

Da mesma maneira que fizemos com uma região retangular, tomamos uma partição de
R. Desprezamos as sub-regiões que contêm pontos que não estão em R e consideramos
aquelas que estão inteiramente contidas em R. Há erros nessa aproximação. Entretanto
se repetirmos o processo com cada vez mais subdivisões, de modo que os comprimentos
e as larguras dos sub-retângulos tendam a zero, então é intuitivamente admissível que a
área das regiões omitidas tendam a zero. Podemos então considerar

 f ( x, y)dA   f ( x, y)dA
R R´
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Observações:
1) A interpretação geométrica da integral dupla como volume é equivalente nesse
caso
2) As propriedades já enunciadas valem igualmente. Acrescentamos a seguinte:
3) Se R = R1  R2 tal que R1  R2 =  ou R1  R2 é uma curva suave, então

 (f x, y )dA   (f x, y )dA   (f x, y )dA


R R1 R2

Cálculo da Integral dupla em regiões não retangulares

A região R pode ser extremamente complexa e os casos mais complicados não são
tópicos para este curso. Vamos limitar nosso estudo a dois tipos de região que
chamaremos região tipo I ( ou Rx) e região tipo II ( ou Ry). que definiremos a seguir:

I) 1ª Integração em relação a y

 Uma região do tipo I ( Rx) é limitada à esquerda e à direita pelas retas x = a


e x = b e abaixo e acima pelas curvas contínuas y = g1(x) e y = g2(x), onde
g1(x)  g2(x) para a  x  b.

g2(x)

g1(x)

a b

 Se R é uma região do tipo I, na qual f(x,y) é contínua, então


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b g2( x )
 (f x, y )dA    f(x, y)dy dx
R a g1( x )

Estabelecimento dos Limites de Integração para o Cálculo da Integral Dupla em R.

Para o cálculo da integral dupla  f ( x, y)dA não precisamos esboçar o gráfico de


R
f(x,y), mas é importante fazer um esboço bidimensional de R.

b g2( x )
Para o caso da região tipo I  (f x, y )dA    f(x, y ) dy dx , damos os seguintes
R a g1( x )

passos:

1o) Uma vez que x é mantido fixo na 1a integração, os limites de integração são as
curvas g1(x) e g2(x). O limite inferior é a curva que está abaixo, g 1(x), e o superior a
que está acima, g2(x).

g2(x)

g1(x)

2o ) Imaginando que uma reta paralela ao eixo OY deslize sobre a região R, a posição
extrema à esquerda na qual a reta intercepta R é x = a ( limite inferior de integração para
a integral em dx) e a posição extrema à direita é x = b ( limite superior de integração para
a integral em dx) .

g2(x)

g1(x)
a b
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II) 1ª Integração em relação a x

 Uma região do tipo II ( Ry) é limitada acima e abaixo por retas horizontais y = c
e y = d e à esquerda e à direita pelas curvas contínuas x = h1(y) e x = h2(y),
onde h1(x)  h2(x) para c  y  d.

h2(y)
h1(y)

 Se R é uma região do tipo II, na qual f(x,y) é contínua, então


d h2( y )
 (f x, y )dA    f(x, y)dx dy
R c h1( y )

Analogamente, e com as adaptações adequadas, para estabelecer os limites de


integração, se procede para o caso da região tipo II da mesma maneira descrita para o
caso da 1ª integração em y.

Nos dois casos, o processo de integração é o mesmo que no caso de R ser uma região
retangular. Calculamos a integral “interna” utilizando as técnicas de integração para a
integral simples, supondo uma das variáveis constantes, substituímos os limites de
integração, que correspondem às equações das curvas que limitam a região, e depois, a
última integral, que é uma integral simples, no intervalo [a,b] , se a 2ª integração for em x;
ou no intervalo [c,d], se a 2ª integração for em y. Os intervalos de integração da última
integral correspondem à projeção de R em x ou y, a depender do caso.
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Exemplos:
1 x
1) Calcule   xydy dx , identifique a região de integração e reescreva a integral
0 x2

iterada invertendo a ordem de integração.

Solução:
1 x 1 xy 2 x 1 x3  x5
  xydy dx   [ ] 2 dx   [ ]dx 
0 x2 0 2 x 0 2

x4 x6 1 1 1 1
[  ]0   
8 12 8 12 24

Para identificarmos a região de integração observamos os limites de integração. Neste


caso, y varia de x2 a x e x de o a 1.
 2
x  y  x
A região de integração corresponde a R : 
0  x  1

Invertendo a ordem, a 1ª integração


é feita da reta x = y ( curva à esquerda)
até a parábola, que está à direita ( y  x 2  x  y )

A limitação em y corresponde ao intervalo que


é a projeção de R no eixo OY
y
1 x 1 y 1x2
  xydy dx    xydx dy    y  dy 
0 x2 0 y 0 2  y

11 11 2
 ( y )2 y  y 2 y )dy  3
( y  y )dy =
20 20
1
1 y3 y4  1 1 1 1 1 1
=        
2  3 4  2  3 4  2 12 24
0
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2) Calcule  x cos( y x )dA , sendo R a região limitada por y = 0, x = /4 e y  x


R

Solução:
Vamos identificar os limites de integração.
y x
Optamos por integrar 1º em relação a y, pela maior facilidade
com a integral.
Integramos na variável y ( supondo x constante)
/4
e os limites são y = 0 ( curva que limita a região inferiormente)

e y x ( curva que limita superiormente a região)


Na 2ª integral, na variável x , os limites são x = 0 e x = /4 ( corresponde ao intervalo que
é a projeção da região de integração sobre o eixo OX.

A integral fica então:


 / 4 y x
  x cos( y x )dy dx =
0 y 0

/ 4 / 4 / 4  2
 [seny x ] 0 x dx   ( sen( x x ) - sen x .0))dx   senx dx [  cos x ] 0 / 4  1
0 0 0 2

3) Calcule  x y dA , sendo R a região limitada pelas retas y = 0; y = 2  x e a


R

parábola x  y 2 , no 1º quadrante.

Neste caso, vamos integrar primeiro em relação a x com limites de integração inferior
x = y2 ( curva que está á esquerda ) e superior x = 2 y ( curva que está à direita) e
depois em relação a y com limites de integração inferior y = 0 e superior y = 1
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1 2y 1 x 2 y 2 y 1( 2  y )2 y  y 4 y
 [  x y dx ] dy   [ ] 2 dy   dy =
0 y2 0 2 y 0 2

1( 4  4y  y 2 ) y  y 4 y 1 4y 1/ 2  4y 3 / 2  y 5 / 2  y 9 / 2 1 y5/2 y9/2
 dy   dy  ( 2y 1/ 2  2y 3 / 2   )dy
0 2 0 2 0 2 2

1
 2 2 1 2 7 / 2 1 2 11 / 2  4 4 1 1 385.4  .231.4  165  105 676
 2. y 3 / 2  2. y 5 / 2  y  y   3  5  7  11  
 3 5 27 2 11 0 1155 1155

Neste exemplo, se quisermos integrar 1o em relação a y e depois em relação a x temos


que dividir a região R em duas regiões
R1: região limitada pelas curvas
y x;y=0ex=1
R2: região limitadas pelas curvas
y = 2  x; y = 0 e x = 1

 (f x, y )dA   (f x, y )dA   (f x, y )dA =


R R1 R2
R1 R2
1 x 2 2 x
  x y dy dx    x y dy dx
0 0 1 0

4) Identifique a região de integração e inverta a ordem para resolver a integral


4 2 ex/y
  dydx
0 x y


 x y2
Solução: A região de integração é R : 
0  x  4

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Invertendo a ordem temos que


2
4 2 ex/y 2 y ex/y
  dydx    dxdy =
0 x y 0 0 y

y2
2  ye x / y

y
 2
y
y 2
 2 0 2
 dy  ( e  1)dy  e  y 0  e  2  e  e  3

0  0 0

5) Seja R a região limitada pelo triângulo y B


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determinado pelos pontos O, A e B.
Escreva a integral dupla iterada 1 A

 (f x, y )dA com 1ª integração em y


R O 1 2

Solução: Inicialmente encontramos as equações das retas que passam por AO, OB e AB

x
- A reta que passa por OA tem equação y 
2
- A reta que passa por OB tem equação y  2x
- A reta que passa por AB tem equação y  3  x
A região de integração deve ser dividida em duas
x x
  y  2x   y 3x
R1 :  2 e R1 :  2
0  x  1 1  x  2

1 2x 2 3 x
 (f x, y )dA   (f x, y )dA   (f x, y )dA =   (f x, y )dydx    (f x, y )dydx
R R1 R2 0 x/2 1 x/2
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Referências Bibliográficas:
1. Cálculo um Novo Horizonte – Howard Anton vol 2
2. Cálculo com Geometria Analítica – Swokowski vol 2
3. Cálculo B – Diva Fleming
4. Cálculo – James Stewart vol 2

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