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NÃO, OBRIGADO!
Esse será, certamente, o negativo resultado da campanha ser conduzida pela nova casta
de especialistas de geração espontânea: a dos políticos luminotécnicos e afins!
Mas, para isso, é essencial que sejam utilizadas adequadamente, onde as suas
potencialidades se harmonizem com as necessidades de funcionamento num dado local. E
nisso reside o busílis da questão, que faz toda a diferença e ficará mais perceptível se
conhecermos as principais características técnicas das lâmpadas economizadoras:
1. FUNCIONAMENTO
É idêntico ao de qualquer lâmpada fluorescente, e, por ser de descarga em
vapor de mercúrio, necessita de um balastro para criar o impulso de tensão
indispensável ao arranque (durante o qual o consumo é mais elevado) e, após
este, para ir regulando a tensão à lâmpada até lhe conferir estabilidade térmica.
2. TEMPO DE ARRANQUE
Enquanto o arranque de uma lâmpada incandescente é instantâneo, o de uma
economizadora, até à máxima emissão de luz e estabilidade térmica, é bastante
significativo: atinge 80% do fluxo entre 23 segundos (valor de laboratório) e 2
minutos, sendo alcançada a plenitude da emissão ao fim de 20 a 23 minutos.
3. FREQUÊNCIA DE COMUTAÇÕES
A quantidade de vezes que uma lâmpada é ligada/desligada e a maior ou
menor duração dos períodos de funcionamento afectam significativamente a
eficiência e a vida útil.
Logicamente, uma vez que leva bastante tempo até estabilizar, o ligar/desligar
em curtos períodos, afecta a quantidade de luz emitida, ao mesmo tempo que
os picos de tensão durante o arranque danificam os eléctrodos, reduzindo a sua
duração.
4. AQUECIMENTO
As lâmpadas economizadoras são sensíveis à temperatura no interior do
candeeiro, sendo esta outra das causas da sua prematura falha. As suas
características são baseadas na temperatura de funcionamento a 25º, o que
raramente se verifica, principalmente em períodos mais dilatados de
funcionamento. Se essa temperatura for da ordem dos 40º (o que é frequente),
a lâmpada emite menos 20% de luz.
5. POSIÇÃO DE FUNCIONAMENTO
Algumas lâmpadas economizadoras têm posições de funcionamento
privilegiadas, embora este dado não seja referido na etiquetagem.
6. PÓS VIDA
As lâmpadas economizadoras são consideradas como lixo perigoso. Cada
lâmpada possui cerca de 5mg de mercúrio, elemento tóxico para pessoas e
animais.
7. SUSTENTABILIDADE
A abordagem correcta para aferir da idoneidade de um produto, relativamente
ao impacto ambiental, não se pode restringir ao consumo de energia que o seu
funcionamento acarreta.
8. QUALIDADE DE LUZ
Entre as características ímpares das lâmpadas incandescentes, podemos citar:
- a temperatura de cor
- a fidelidade na reprodução de cores num espectro contínuo
- a estabilidade de funcionamento
- a possibilidade de regulação contínua do fluxo
- o brilho
- o seu baixo custo
parâmetros estes, sem correspondência nas lâmpadas economizadoras e que
são fundamentais para onde se deseja criar conforto ambiental, objectivo
preponderante numa habitação.
Será que esses esforços advêm da actual rentabilidade com a produção dessas lâmpadas
tão banalizadas, ser muito escassa, não havendo por isso, qualquer interesse na sua
comercialização?
Pois é, mas aí a sorte dos fabricantes que dominam o mercado vem ao cima: então não é
que, por esse facto, as lâmpadas de halogéneo para a tensão da rede (230V), apesar de
terem eficácias luminosas muito baixas (da ordem dos 16 lm/W) não são abrangidas?!
Mesmo à tangente…
Será por estas serem um produto altamente rentável, com preços de venda muito mais
elevados (custam cerca de 10 vezes mais) em relação ao preço das incandescentes que
querem banir?
Ou será coincidência?...
O QUE FAZER
Não admira que tais características levem a que se assuma entre os profissionais
luminotécnicos da Europa e dos EUA, que as lâmpadas economizadoras só tenham boa
aplicação em cerca de 1/3 dos pontos de luz existentes numa habitação média.
- os leds, embora a sua utilização para iluminação geral apenas perspective para lá
de 2012, dados os presentes problemas com a qualidade de luz;
O inconveniente principal destas e outras novas fontes de luz, reside no seu elevado
preço, o que as torna por agora mais vocacionadas para aplicações técnicas específicas.
Na realidade, como convencer alguém a aplicar, por exemplo, numa despensa ou numa
casa de banho, uma lâmpada inovadora que custa, não 50 cêntimos mas sim 9 a 12 euros,
mesmo durando 3 vezes mais?
Vitor Vajão
Presidente do CPI – Centro Português de Iluminação
Janeiro/2008