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Direito Administrativo

1ª Prova Primeiro Bimestre 2020


Turma MB/9 – dia 11/05/20

Aluno: Felipe Soriano Blatt Matrícula nº 00181316

Responda objetivamente as seguintes questões:

1. Dispõe o artigo 101, do Código Civil:


“Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observando-se as exigências da lei”. Tal
dispositivo estatui peculiaridade, quanto ao disposto no artigo 100, do mesmo Diploma Civil,
segundo o qual, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são inalienáveis.
Considerando que o art. 102 do Código Civil estabelece: “Os bens públicos não estão sujeitos a
usucapião”, pergunta-se: os bens públicos dominicais podem ser adquiridos por usucapião?
Justificar a opinião.

De acordo com a Constituição Federal e o Código Civil, os bens públicos não podem ser adquiridos
por usucapião. Neste sentido, o STF já pacificou o entendimento de que os bens dominicais estão
abrangidos pela regra de impossibilidade de serem adquiridos por usucapião. O regime
diferenciado dos bens dominicais não afetam tal impossibilidade, tendo em vista que tais bens
continuam a observar a característica da imprescritibilidade.

2. O Município de Porto Alegre resolveu aumentar o preço anual de manutenção dos túmulos do
Cemitério São João, situado em área de propriedade do Município, em 581,04%, tendo em conta a
variação inflacionária havida nos anos de 1998 e 1999, passando do valor de R$18,93, para
R$128,92. O Ministério Público, em ação civil pública, interposta em face do Município, arguiu
vulneração ao Código do Consumidor, alegando violação contratual pelo Município. Está correta
essa arguição? Pode ser determinada pelo Município a desocupação dos túmulos, ante o não
pagamento do encargo anual? Por quê?

Essa arguição não está correta, tendo em vista que o CDC não incide na relação discutida. A relação
contratual com a Administração, neste caso, é regida pelas próprias regras de Direito
Administração. Portanto, embora não seja regida pelo CDC, esta relação contratual deve observar
os princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade. Assim a majoração do valor de R$18,93 para
R$ 128,92 fere tais princípios, sendo, consequentemente, uma majoração abusiva.
Quanto à determinação da desocupação, os atos administrativos também devem observar os
princípios inerentes ao Direito Administrativo. Assim, não há base legal para fundamentar tal
desocupação.

3. Tendo em conta a possibilidade de controle judicial de atos administrativos, ainda que praticados
no exercício de competência discricionária, pede-se sejam declinados os aspectos, quanto aos
quais, inquestionavelmente, esse controle pode ser efetivado, esclarecendo sucintamente o que
significa cada um desses aspectos.

Os atos administrativos se submetem ao controle judicial, desse modo faz-se necessária a


investigação dos motivos, da causa do ato e da finalidade, pois trata-se de garantia ao atendimento
da lei. Quanto ao exame dos motivos, trata-se de meio que contenha a atuação do administrador
pois verifica a vontade do agente que determinou o ato. Se inexiste motivo, ou este é falso ou
inidôneo, o ato será nulo por violar o princípio da legalidade. A verificação da causa do ato, busca
analisar a adequação entre objeto do ato e seus pressupostos. Já a análise da finalidade busca
extrair a legitimidade da atuação administrativa analisando se houve ou não desvio de finalidade
ou poder de quem praticou o ato.
4. A Viação Jornada nas Estrelas Ltda., concessionária de serviços de transportes intermunicipais de
passageiros, por ônibus, entre Santana do Parnaíba e Osasco, vem a falir, com um passivo
extraordinário, consistente em débitos para com os fornecedores, além de outros, trabalhistas e
tributários. Um de seus maiores credores, o Banco de Investimentos Cósmicos S.A., interpõe ação
em face do Estado de São Paulo, arguindo sua responsabilidade subsidiária. É correta a orientação
jurídica na espécie? Justificar a opinião.

Para se analisar a responsabilidade subsidiária do Estado, deve-se analisar também as pessoas


jurídicas de Direito Público que auxiliam o Estado, bem como as pessoas jurídicas de Direito Privado
concessionárias ou sociedades de economia mista e empresas públicas que desempenham serviço
público. Assim, caso o concessionário, causador do dano, se encontrar em situação de insolvência,
cabe ao Estado responder subsidiariamente em casos em que o dano resultou do exercício de uma
atividade envolvendo poderes conferidos pelo Estado à concessionária. Está correta, portanto, a
orientação jurídica na espécie.

5. Qual é o órgão competente para julgar as contas do Governador do Estado de São Paulo?

A Constituição Federal conferiu competência ao Poder Legislativo para julgar as contas e os atos
praticados pelos membros do Poder Executivo. Desse modo, o órgão competente para julgar as
contas do Governador do Estado de São Paulo é a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
vez que esta é o respectivo Poder Legislativo do Estado em que atua o Governador.

ATENÇÃO: A prova é rigorosamente individual, não admitindo consulta de qualquer


espécie. É evidente que é vedado divulgar qualquer resposta da prova, em local
acessível a qualquer aluno.

O valor das questões é de 2 pontos cada, e o tempo da realização da prova é de 60


minutos.

As regras sobre a realização e entrega das provas serão divulgadas em separado.

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