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RESUMO 

O artigo versa sobre o tema alienação parental (A.P.), de grande relevância, tanto para a
área da Psicologia, tanto para os estudiosos do Direito. Tal assunto ganhou maiores
proporções com a aprovação da lei nº 12.318/2010, que prevê punição para a prática
alienadora e determina a atuação do psicólogo judiciário na investigação de casos
suspeitos. Tendo em vista os problemas diversos que a alienação parental pode causar,
principalmente no menor, a presente obra entrará nos méritos jurídicos, no sentido de
abordar as feituras da Justiça brasileira, descortinando suas ações, e verificando o que se
tem feito, no sentido de coibir ou diminuir os casos de A.P., bem como discorrer sobre a
síndrome da alienação parental (S.A.P.), visando esclarecer as nuances
comportamentais implícitas e explícitas dentro desse contexto. E por fim, mostrar dados
a respeito dos casos, isto é, onde e quando a A.P. ocorre com maior frequência e traçar
uma linha a respeito da alienação parental e disputas judiciais de guarda.

Palavras-chave: Alienação Parental; Síndrome de alienação parental; psicologia investigativa; disputas de


guarda.
 
 
 

 
1. INTRODUÇÃO 

             A Alienação Parental (AP), desde a proposição dos termos, vem ganhando
destaque no Brasil, principalmente nos tribunais: Varas Cíveis, de Família e de Infância
e Juventude, e entre os Psicólogos, em seus consultórios ou em seus trabalhos diversos,
como os que atuam em escolas, creches e em outros locais que envolvam crianças e
adolescentes. Para uma melhor clareza no assunto, a seguir, alguns conceitos de A.P.
serão descritos, apenas para ampliar o conhecimento e nortear o estudo. Antes dos
conceitos, é importante salientar a respeito do Doutor Richard Gardner, médico
Psiquiatra Infantil, a quem é atribuído como o primeiro a identificar a Síndrome da
Alienação Parental (SAP) e a Maria Berenice Dias, médica (?) pesquisar, que muito tem
contribuído para o estudo recente do assunto.
“Alienação Parental é a interferência psicológica provocada na criança ou
adolescente por um de seus genitores contra outro membro da família que também
esteja responsável pela sua guarda e vigilância”.
“Alienação Parental é a constante difamação (falar prejudicialmente, criticar
de maneira depreciativa, ameaçar ou desmerecer) da parte de um dos genitores ou de
outro familiar com a intenção de afastar ou alienar a criança/adolescente em relação
ao outro genitor, causando sentimentos não amigáveis, hostis ou indiferentes”.
“Alienação Parental é um processo em que um genitor desconstrói a figura do
outro genitor para o menor envolvido. Tal atitude pode ser feita de forma quase
imperceptível, através de sutilezas ou não, isto é, o alienador pode dizer abertamente e
provocar da mesma forma a que se tenha uma ideia negativa a respeito do outro”.
Percebe-se, através dos conceitos construídos acima, que a criança e o
adolescente envolvidos nesse processo de alienação são as principais vítimas, se já não
bastasse a problemática que se faz presente diante de um processo de separação, litígio
familiar ou outras implicações desse âmbito. Por esse motivo, Leis têm sido criadas, no
sentido de proteger a criança e o adolescente da alienação e das consequências
visivelmente verificadas quando se tem um contato mais direto com as vítimas.

 
2. A CRIAÇÃO DA LEI SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL 

Com o advento desse novo dispositivo legal, denominado de Lei da


Alienação Parental - lei 12.318/10, o conhecimento e o domínio dos conceitos referentes
ao tema tornaram-se indispensáveis para os advogados, profissionais das Varas Cíveis
ou de Família e de Infância e Juventude. Percebe-se, portanto, que, em nosso contexto, a
lei surgiu antes do conhecimento sobre o fenômeno estar consolidado e os termos
definidos na esfera científica, gerando urgente demanda para estudos.

Conforme descrita por Richard Gardner na década de 1980, diz respeito a um quadro
patológico apresentado por uma criança que se torna psicologicamente afastada de um
de seus genitores no contexto de separação conjugal ou de disputa de guarda (Gardner,
1985, 2002). Para esse psiquiatra e psicanalista americano, a SAP é um transtorno
infantil que se desenvolve quando um dos genitores (alienador) programa uma lavagem
cerebral a fim de que o(a) filho(a) passe a rejeitar de forma injustificada o genitor
alienado (Gardner, 1985, 2002). Tal comportamento por parte do genitor alienador,
aliado a contribuições da própria criança, que teria papel ativo na rejeição ao genitor
alienado, provocaria um conjunto de sintomas na mesma, como: realização de
campanha de difamação contra o genitor alienado; apresentação de racionalizações
fracas ou absurdas para justificar a depreciação de tal genitor; falta de ambivalência;
apoio reflexivo do genitor alienante no conflito parental; ausência de culpa pela
crueldade e/ou exploração para com o genitor alienado; propagação da animosidade
para a família e amigos do genitor alienado, dentre outros (Gardner, 2001). Sendo
assim, tal transtorno “resultaria da combinação entre doutrinações feitas pelo genitor
alienador e contribuições da própria criança para a difamação do genitor alienado”
(Gardner, 2001, p. 10). A intenção de Gardner (2001) era que a SAP fosse reconhecida
pela comunidade científica e estivesse presente nos manuais de psiquiatria. Entretanto
tal inserção não ocorreu na edição do DSMIV (American Psychiatric Association,
2002), sendo que o DSM-V (American Psychiatric Association, 2013), lançado em
2013, confirmou a rejeição dos especialistas ao reconhecimento de tal “síndrome” por
falta de dados e não haver instrumentos sólidos do ponto de vista da psicometria para se
avaliar clinicamente a AP (Moné & Biringuen, 2012). A falta de reconhecimento
científico parece estar relacionada ao fato de que a grande maioria dos textos sobre SAP
se refere a abordagens teóricas que descrevem tal fenômeno, mas não apresentam
resultados de estudos empíricos, o que compromete a qualidade e confiabilidade dos
mesmos (Bow, Gould, & Flens, 2009; Bruch, 2001; Dallam, 1999; Walker & Shapiro,
2010). De fato, Gardner não forneceu pesquisas que fundamentassem as afirmações
sobre a categoria diagnóstica que propõe a prevalência de tal fenômeno ou os seus
critérios de inclusão. Suas estimativas iniciais aparentavam estar incorretas e a ausência
de planejamento analítico e de rigor científico permitiram que esse descuido
influenciasse negativamente os casos de disputas de guarda, podendo causar prejuízos
às crianças. Contudo, mesmo que não tenha alcançado o reconhecimento pela
comunidade científica, a teoria da SAP, proposta por Gardner, espalhou-se rapidamente
por diversos países e tais conceitos têm sido adotados principalmente nos campos do
direito e da psicologia. Todavia a escassez de debates e estudos acerca dessa temática,
bem como a ausência de questionamentos sobre a ideia de um transtorno infantil (SAP)
associadas às situações de disputa entre pais separados vêm contribuindo para a
aceitação e divulgação do assunto, de forma acrítica. Alienação parental no Brasil. 379
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 21, n. 3, p. 377-388, jul./set. 2016 Atualmente
entendida de forma similar à SAP e muitas vezes com suas terminologias utilizadas de
modo intercambiável, fato confirmado pelos dados a serem apresentados na presente
revisão, a AP é uma temática difundida entre os profissionais que atuam nos juízos
cíveis ou de família e da infância e juventude no Brasil. As discussões a respeito da AP
tomaram fôlego no país com a aprovação da lei sobre a Guarda Compartilhada em 2008
(lei n 11.698, 2008). A lei 11.698, de 13 de junho de 2008, instituiu e disciplinou essa
modalidade de guarda no Código Civil. Posteriormente, a lei 13.058, de 22 de dezembro
de 2014, referindo-se aos mesmos artigos do Código, estabeleceu algumas regras para o
funcionamento da guarda compartilhada, como, por exemplo, a busca pela divisão
igualitária do tempo de convívio do descendente com ambos os genitores (lei n 13.058,
2014). A partir do movimento pela guarda compartilhada, as discussões sobre o assunto
causaram mobilização e comoção pública sobre o sofrimento das crianças que seriam
vítimas da AP. Como consequência, elaborou-se o projeto de lei nº. 4853/08, cujos
maiores objetivos eram identificar e punir os genitores responsáveis pela alienação dos
filhos. Esse projeto foi sancionado e tornou-se lei em 26 de agosto de 2010 (lei n
12.318, 2010). Com o advento desse novo dispositivo legal, denominado de Lei da
Alienação Parental - lei 12.318/10 -, o conhecimento e o domínio dos conceitos
referentes ao tema tornaram-se indispensáveis para os operadores do direito e
profissionais das Varas Cíveis ou de Família e de Infância e Juventude. Percebe-se,
portanto, que, em nosso contexto, a lei surgiu antes do conhecimento sobre o fenômeno
estar consolidado e os termos definidos na esfera científica, gerando urgente demanda
para estudos. Com a falta de clareza conceitual, é necessário adotar uma definição para
o termo Alienação Parental (AP). De modo semelhante à definição de Darnall (1998),
os presentes autores entendem a AP como a constante difamação (falar
prejudicialmente, criticar de maneira depreciativa, ameaçar ou desmerecer) da parte de
um dos genitores ou de outro familiar com a intenção de afastar ou alienar a
criança/adolescente em relação ao outro genitor, causando sentimentos não amigáveis,
hostis ou indiferentes. O genitor que difama/critica é denominado alienador; aquele que
sofre as críticas é denominado alienado. Contrastando com a SAP, que é entendida
como um transtorno ou doença mental na criança/adolescente vítima de práticas
alienadoras, a AP não propõe uma síndrome infantil como resultado do processo de
alienação, destacando a conduta do alienador e a do alienado em tal dinâmica. A
presente pesquisa decorre da necessidade premente de construção de conhecimento
científico na área. Busca-se, com esta investigação, a caracterização crítica de artigos
científicos brasileiros pertinentes à literatura jurídica e psicológica sobre os temas da AP
e da SAP. Considera-se que os resultados obtidos poderão servir de ponto de partida
para o desenvolvimento de novos estudos. Esta revisão teve como objetivos, portanto,
verificar a ocorrência de estudos brasileiros sobre AP e SAP e analisar o seu conteúdo.
Método Foi realizada pesquisa em Os motivos que levam uma pessoa a imigrar do
seu país de origem para outro lugar, de forma voluntária ou involuntária, são
diversos: guerras, perseguições, violações de direitos, violência, calamidades,
grandes tragédias. E mais recentemente, em razão da
globalização, outras causas vêm impulsionando a migração: o desemprego, a
desorganização da economia do país de origem e os desequilíbrios
socioeconômicos. 
             Quando se verifica que a migração foi motivada por uma perseguição
em razão da raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um grupo social ou
por opinião política, levando o indivíduo a abandonar o seu país de origem na
busca de proteção, tem-se a figura do refugiado.  
             Os primeiros problemas de movimentos massivos de pessoas
deslocadas em busca de proteção surgiram durante a Primeira Guerra Mundial,
mas foi durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) que o problema dos
refugiados tomou grandes proporções, com o descolamento de mais de
quarenta milhões de pessoas por várias partes do mundo. Como consequência
dos efeitos devastadores gerados em decorrência da Segunda Guerra Mundial
e diante da necessidade específica de proteger os refugiados, a Organização
das Nações Unidas (ONU) criou, em 8 de dezembro de 1949 a Agência das
Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, sigla em
inglês). Ampliando a temática, a ONU criou o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR), em 14 de dezembro de 1950 e, em 28
de julho de 1951, foi realizada a Convenção das Nações Unidas Relativa ao
Estatuto dos Refugiados, conhecida como “Convenção de Genebra”,  para
tratar especificamente dos refugiados que surgiram em razão da Segunda
Guerra.  
              Nesse período, acreditava-se que a problemática dos refugiados era
temporária. Posteriormente, diante do aparecimento de novos fluxos de
refugiados, a ONU elaborou o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de
1967 com o objetivo de ampliar as disposições da Convenção de 1951,
permitindo que os seus dispositivos pudessem ser aplicados a todos os
refugiados no mundo e não somente aos que surgiram em razão da segunda
grande guerra.
Seis décadas após a elaboração da Convenção de 1951, conflitos,
violência, violações de direitos humanos e perseguições continuam a forçar
pessoas a abandonarem os seus lares e a deixarem as suas famílias e bens
para trás, em busca de segurança e proteção em outro país.  

 
3. IMIGRANTES 

2.1 História da imigração no Brasil. 

             A imigração no Brasil teve início em 1530 com a chegada dos colonos
portugueses, e o objetivo era dar início ao plantio de cana-de-açúcar. Em todo
período colonial e monárquico, a imigração portuguesa foi a mais expressiva.
Nas primeiras décadas do século XIX, imigrantes de outros países,
principalmente os europeus, vieram para as terras brasileiras em busca de
melhores oportunidades de trabalho. Aqueles que tinham profissões (artesãos,
sapateiros, alfaiates, etc.) abriam pequenos negócios; muitos imigrantes suíços
estabeleceram-se em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, e nessa
mesma década de 1820 os alemães começaram a chegar, sendo enviados a
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Passaram a trabalhar em atividades
agrícolas e pecuária. A grande maioria dos italianos foram para a cidade de
São Paulo, atuando no comércio ou na indústria. 
  Um caminho também escolhido foi o interior de São Paulo, para
trabalharem na lavoura de café que estava começando a ganhar fôlego. Em
1908, grande parte desses imigrantes foram trabalhar na lavoura de café do
interior paulista. 
         No século XIX, o Brasil era visto na Europa e na Ásia (principalmente
Japão) como um país de muitas oportunidades. Pessoas que passavam por
dificuldades econômicas enxergaram uma ótima chance de prosperarem na
jovem nação.  
  Após a abolição da escravatura (1888), muitos fazendeiros não
quiseram empregar e pagar salário aos ex-escravos, preferindo assim o
imigrante europeu como mão-de-obra. Nesse contexto, o governo brasileiro
incentivou a entrada de imigrantes europeus, e chegou a criar campanhas para
atraí-los.  
  Vale lembrar de três questões importantes decorridas da imigração no Brasil:
a primeira, é que muitos imigrantes vieram fugidos do perigo pelas duas
guerras mundiais; a segunda, é que eles contribuíram para a economia do
país e a terceira é a riqueza cultural, que culminou na diversidade encontrada
entre as regiões brasileiras.

3. REFUGIADOS NO MUNDO 

             Impossível desvincular a concepção contemporânea da proteção aos


refugiados e o reconhecimento e a garantia dos direitos humanos - há um elo
histórico entre eles, pois foram criados num mesmo contexto histórico: o
período das guerras mundiais. Tanto o regime dos direitos humanos quanto o
dos refugiados visam à proteção do indivíduo, ou seja, à garantia de direitos e
liberdades básicos que têm como parâmetro a dignidade da pessoa.  
             Atualmente existem mais de 15 milhões de refugiados em todo o
mundo e, à medida que esse número cresce, questões relacionadas a
interesses políticos, soberania estatal e ordem internacional têm sido decisivas
para a forma como o regime opera na atualidade, e considerações
relacionadas a tais tópicos têm determinado o estado de refúgio no mundo
atual, marcado por uma denominada “crise de proteção internacional”.  
             O aspecto controverso quanto ao significado de “perseguição”
evidencia ainda mais tal crise. Com os problemas políticos, econômicos e
sociais, alcançando um nível cada vez mais devastador, uma leitura limitada
sobre as características para alcançar o status refugiado seria sobremodo
ineficaz. É necessário penetrar no cerne da questão, de acordo com as novas
evidências do conceito, para garantir, de forma absoluta, os direitos do
indivíduo.  
             Outra questão restritiva à entrada de refugiados em um país, é a
legitimidade da adoção da homogeneidade cultural, pregada em algumas
nações como forma de dificultar o ingresso dos solicitantes de refúgio.   
             Diante dessas múltiplas interpretações e das ações conflitantes,
existentes entre o interesse do refugiado e o interesse da nação, somando a
estes, a implantação de políticas de restrição à mobilidade humana, o mundo
atual está marcado pelos obstáculos aos refugiados, conquanto o caráter
forçado do seu movimento internacional tem sido envolvido nesse contexto de
restrição, motivo pelo qual se destaca a existência da referida crise.   
             Países desenvolvidos, principalmente os do ocidente, aplicam tais
políticas restritivas. Nesse panorama, identifica-se a necessidade de revisão
das estruturas normativas e institucionais sobre as quais se apoia a proteção
internacional, para que a clamada “crise de proteção” seja minimizada e os
refugiados tenham seus direitos garantidos e seja reintegrado na sociedade.  

1. REFUGIADOS NO BRASIL 

             No Brasil, mesmo recepcionando a convenção de 1951, só se verificou


uma relativa política de refugiados a partir de 1977, ano que a ACNUR, por
meio de um acordo com o Brasil, instalou um escritório na cidade do Rio de
Janeiro. No ano de 1982, o Brasil recebeu, em caráter excepcional, 150
vietnamitas. Eles foram aceitos em solo brasileiro em condição de imigrante
graças a esse órgão. 
             No ano de 1982 o Brasil reconhece o ACNUR como órgão da ONU;
com essa nova atitude, fez com que o comprometimento nacional em relação a
essa proteção aos refugiados começasse a tomar forma. 
             Entre os anos de 1992 e 1994, o Brasil acolheu cerca de 1.200
angolanos que fugiram de seu país de origem após o final das eleições que ali
ocorreram; esses indivíduos fugiram devido aos conflitos e à violência
generalizada. Tais motivos não estavam de acordo com a definição clássica de
refúgio, contida na Convenção de 1951: “bem fundado temor de
perseguição em razão de: raça, religião, nacionalidade, pertencimento a
grupo social ou opinião pública”. Mesmo assim, foram reconhecidos como
tal, já que o governo brasileiro aplicou uma definição mais ampla do conceito
de refugiado, inspirada na ¹Declaração de Cartagena, de 1984.  
             O escritório da ACNUR era procurado apenas por argentinos, chilenos,
uruguaios e paraguaios. No ano de 1979, o Brasil recebeu, em caráter
excepcional, cerca de 150 vietnamitas. Esses indivíduos, não reconhecidos
como refugiados, foram aceitos em solo brasileiro na condição de imigrantes,
graças à intervenção do ACNUR. No mesmo ano, dezenas de cubanos
também chegam ao Brasil, e são recebidos pelo governo do Paraná, sendo
posteriormente transferidos para São Paulo, onde foram assistidos pela
Comissão de Justiça e Paz. 
             No ano de 1982, o governo brasileiro opta pelo reconhecimento do
ACNUR enquanto órgão da ONU. Essa atitude fez com que o
comprometimento nacional em relação à proteção dos refugiados começasse a
tomar forma. 
             Como consequência dessa nova mentalidade, o governo brasileiro
recebeu, em 1986, cinquenta famílias iranianas, cerca de 130 pessoas,
perseguidas por motivos religiosos. 
             O último passo na história nacional de proteção aos refugiados é fruto
da elaboração de um Projeto de Lei sobre o Estatuto Jurídico do Refugiado. Tal
projeto de lei é aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado e,
finalmente, em 22 de julho de 1997, a Lei nº 9.474 é sancionada e promulgada
pelo Presidente da República. A partir dessa Lei, criou-se o CONARE – Comitê
Nacional para os Refugiados, órgão presidido pelo Ministério da Justiça
e integrado pelos ministérios das Relações Exteriores, Saúde, Educação,
Trabalho, pelo Itamarati, pela Polícia Federal e por organizações não
governamentais, organismo público responsável por receber as solicitações
de refúgio, e determinar se os solicitantes reúnem as condições necessárias
para serem reconhecidos como refugiados. Além disso, cabe ao CONARE a
promoção e coordenação de políticas e ações necessárias para uma eficiente
proteção e assistência aos refugiados, além do apoio legal. Aprova, ainda, os
programas e orçamentos anuais do Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Refugiados (ACNUR), quando direcionados ao Brasil.  
             Segundo os dados do ACNUR de 10 de maio do ano de 2016, nos
últimos cinco anos à solicitação de refugiados passaram de 966 em 2010 para
28.670 em 2015. Até o ano de 2010 havia 3.904 refugiados e em abril do ano
de 2016 já somavam 8.863 refugiados reconhecidos. As principais
nacionalidades recebidas no Brasil são: sírios, angolanos, colombianos,
congoleses e palestinos. 
A legislação brasileira reconhece aos refugiados o direito ao trabalho, à
educação, à saúde e à mobilidade no território nacional, entre outros direitos,
como a criação de normas que facilitam a concessão de vistos a indivíduos
afetados pelo conflito na Síria e que pretendem buscar refúgio em território
brasileiro – esforço reconhecido pelo ACNUR, permitindo, assim, que
reconstruam suas vidas no país. 
Entretanto, mesmo o Brasil sendo mundialmente reconhecido como um
país acolhedor e amigo dos solicitantes de refúgio, a crise política e econômica
limitam e dificultam o cumprimento das garantias básicas que a Lei confere aos
refugiados. Muitos que aqui se instalaram sofrem com o desemprego, e todas
as consequências que advêm dessa situação. Se os brasileiros natos, em sua
maioria, carecem de garantias básicas, pensar nos refugiados num país que
vive em déficit financeiro, é reconhecer que eles passam por problemas graves
de sobrevivência.

             Atualmente, no Brasil, existem duas instituições que trabalham


diretamente com refugiados – o Programa de Atendimento a Refugiados e
Solicitantes de Refúgio da Cáritas Arquidiocesanas do Rio de Janeiro e São
Paulo, e o Instituto de Reintegração do Refugiado (ADUS), localizado no
Estado de São Paulo. Inúmeras outras entidades (ongs, empresas, indústrias,
etc.) colaboram com elas, no sentido de fortalecer e proporcionar aos
refugiados as condições mínimas necessárias para a retomada de
suas vidas. A seguir, aprofundaremos a pesquisa, tendo como base a
instituição ADUS.
 

2. INSTITUTO DE REINTEGRAÇÃO DO REFUGIADO (ADUS) 

             O ADUS, fundado em 2010 na cidade de São Paulo é uma


Organização Civil de interesse público que atua junto a estrangeiros e
refugiados que sofreram imigrações forçadas. 
             A fim de reduzir os obstáculos para sua efetiva reintegração na
sociedade, o Adus oferece aulas de Português (entre 2016 e 2017 foram mais
de 900 inscritos), qualificação profissional, apoio psicológico, auxiliando a
adequação ao mercado de trabalho (inserindo mais de 550 pessoas
no Mercado de Trabalho). Para tanto, essa instituição criou diversos projetos,
como uma escola de idiomas e gastronomia, nos quais os refugiados ministram
aulas de idiomas e fazem workshops de gastronomia. 
             Essa entidade, formada por pessoas com grande experiência e
destaque na sociedade civil, no meio acadêmico, no empresariado, nas artes,
no setor público, atende cerca de 500 pessoas por mês, de mais
de cinquenta nacionalidades, principalmente dos países da África e Oriente
Médio, auxiliando mais de cinco mil pessoas em situação de refúgio. 
Sua missão: atuar em parceria com solicitantes de refúgio, refugiados e
pessoas em situação análoga ao refúgio para sua reintegração à sociedade,
buscando sua valorização e inserção social, econômica e cultural. 
Sua visão: superar os obstáculos para a reintegração dos refugiados de forma
que eles tenham autonomia e as ferramentas necessárias para que possam
buscar sua própria inserção na sociedade. 
Seus valores: empoderamento, compromisso, humanismo, participação,
igualdade, transparência e ética.   
O Conselho: 
             Seus conselheiros oferecem uma visão qualificada para quem não está
no dia a dia da instituição, mas tem o comprometimento com o acolhimento do
refugiado. O Conselho Consultivo tem um olhar crítico sobre o funcionamento
do Instituto, visando à melhoria dos serviços prestados aos refugiados, bem
como à inserção na sociedade civil e junto às estruturas governamentais. 

2.1 PÚBLICO ALVO DO ADUS E REQUISITOS DE CLASSIFICAÇÃO

Os refugiados: 

             Diferente dos imigrantes, que se deslocam para outros países em


busca de melhores perspectivas econômicas para si e seus familiares, os
refugiados buscam deslocamento para salvar suas vidas e/ou preservar sua
liberdade. Eles não desfrutam do acolhimento do seu próprio Estado, e vem
sendo, na maioria das vezes, perseguidos pelo seu próprio governo. Estados
que não os aceitam em seus territórios e não os acolhem, poderão
estar condenando-as à morte ou à uma vida à margem da sociedade. 
            Na atualidade, o termo refugiado é geralmente utilizado pela mídia,
público em geral e pelos políticos para designar um indivíduo que foi obrigado a
deixar sua residência habitual. No Direito Internacional, o refugiado está
inserido num escopo muito mais específico: segundo a Convenção das Nações
Unidas de 1951, refugiado diz respeito a um indivíduo que “receando com
razão ser perseguido em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação
em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontra fora do país
de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não
queira pedir proteção daquele país”. 

Os requerentes de asilo: 

            Os requerentes de asilo são pessoas que afirmam ser refugiados, mas


que ainda não tiveram seus pedidos avaliados definitivamente.  
            Os sistemas nacionais de asilo atuam com o objetivo de determinar
quais requerentes se qualificam para proteção internacional. Aqueles que não
forem considerados refugiados e não estiverem necessitando de proteção
internacional, poderão ser enviados de volta aos seus países de origem.  
            Todavia, quando há uma movimentação em massa, geralmente como
resultado de conflitos ou violência generalizada, tais grupos são
frequentemente declarados “refugiados prima facie”. 

Pessoas em situação análoga ao refúgio: 


 
            São pessoas que migram por razões que levam os indivíduos a
situações limites, como a fome e desastres climáticos. 

2.2 ATIVIDADES OFERECIDAS PELO ADUS 

            Apesar do envolvimento Brasileiro na política de ajuda aos refugiados,


muitos problemas existem nesse contexto. Alguns deles são a falta de políticas
públicas que buscam inserir o refugiado no mercado de trabalho e de espaços
de acolhimento. São muitos os obstáculos e ainda há muito a ser realizado
para que essas pessoas possam, de forma efetiva se integrar à sociedade
brasileira.  
            Para tentar diminuir essas dificuldades, o Adus, com a finalidade de
cumprir sua missão, redireciona os refugiados a atividades que têm por objetivo
integrá-los ao meio social e incluí-los no mercado de trabalho.  As atividades
oferecidas são: ensino da Língua Portuguesa, projeto de trabalho e renda, para
ajudá-los na inserção no mercado de trabalho, facilitador social, com vistas na
diminuição dos obstáculos socioculturais e saúde mental, que tem como
objetivo minimizar traumas e transtornos oriundos da imigração.
As atividades de ensino da língua local e trabalho e renda traz grandes
benefícios aos refugiados, deixando-os mais preparados e qualificados para o
mercado de trabalho. 

3 ACNUR E SEU ENVOLVIMENTO COM OS REFUGIADOS 


            
Com relação à proteção internacional, a maioria das pessoas confiam
nos seus governantes para garantir e proteger os seus direitos básicos e a sua
segurança física. No caso dos refugiados, o país de origem demonstrou ser
incapaz de garantir tais direitos. Ao ACNUR é atribuído o mandato de
assegurar que qualquer pessoa, em caso de necessidade, possa exercer o
direito de buscar e obter refúgio em outro país e, caso deseje, regressar ao seu
país de origem.  
            O ACNUR não é uma organização supranacional e, portanto, não pode
substituir a proteção dos países. Seu papel é garantir que as nações estejam
conscientes das suas obrigações de dar proteção aos refugiados. 
  O refugiado tem direito a um asilo seguro. Contudo, a proteção
internacional abrange mais do que a segurança física. Os refugiados devem
usufruir, pelo menos, dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que
qualquer outro estrangeiro residindo legalmente no país, incluindo direitos
fundamentais que são inerentes a todos. Portanto, eles gozam dos direitos civis
básicos, incluindo a liberdade de pensamento, a liberdade de deslocamento e a
não sujeição à tortura e a tratamentos degradantes. 
             De igual modo, os direitos econômicos e sociais que se aplicam aos
refugiados são os mesmos que se aplicam a outros indivíduos. Todos os
refugiados devem ter acesso à assistência médica. Os adultos devem ter
direito a trabalhar e nenhuma criança refugiada deve ser privada de
escolaridade. 
 
            A entidade em questão considera que uma pessoa é um refugiado
independentemente de já lhe ter sido ou não reconhecido esse status por meio
de um processo legal de elegibilidade. Os governos criam procedimentos de
determinação do status, com o propósito de estabelecer a situação jurídica
daquela pessoa e/ou seus direitos e benefícios, de acordo com o seu sistema
legal.  O ACNUR presta consultoria, como parte do seu mandato, no
desenvolvimento do direito relativo aos refugiados, na proteção e na supervisão
da implementação da Convenção de 1951. O ACNUR defende a adoção, pelos
governos, de um processo justo e eficiente de acesso a esses direitos. 
            No que se refere às diretrizes sobre passageiros clandestinos ou
pessoas resgatadas no mar, fato muito comum atualmente, os comandantes
dos navios têm a obrigação, de acordo com o direito internacional, de salvar
qualquer pessoa que esteja em perigo no mar. Em alguns casos, estas
pessoas são requerentes de asilo. Nos navios, pode-se encontrar passageiros
clandestinos escondidos nos porões, os quais podem, também, ser solicitantes
de asilo. 
            A prática internacional estabelecida é a de que as pessoas salvas no
mar devem desembarcar no porto seguinte, onde devem sempre ser admitidas,
pelo menos temporariamente, até à reinstalação 
           Em se tratando dos Apátridas, termo usado para identificar pessoas que
nascem sem nacionalidade ou têm sua nacionalidade retirada pelo Estado,
ficando, portanto, sem proteção de um Estado nacional, a ACNUR atua no
sentido de prevenir que essa situação seja concretizada, bem como fornecer e
compilar informações sobre a dimensão do problema. O direito a uma
nacionalidade é largamente reconhecido no direito internacional e constitui um
estatuto do qual podem derivar outros direitos. O problema da apátrida é
particularmente grave no ex-bloco do Leste, devido às recentes e súbitas
alterações políticas na região. 
            A Convenção de 1961, à qual só aderiram 19 Estados, estipulava-se
que um órgão das Nações Unidas supervisionaria as petições de acordo com
os termos desta Convenção. Esse órgão específico nunca foi criado, mas
foram confiadas ao ACNUR tais funções pela Assembleia Geral das Nações
Unidas (Resolução 3274 XXIX). 
  Em 1994, o Comitê Executivo do ACNUR exortou a organização a
fortalecer os seus esforços para os reduzir e prevenir casos de apátridas,
incluindo a promoção da adesão à Convenção de 1961 sobre Redução dos
Casos de Apátridas e à Convenção de 1954 relativa ao Estatuto dos
Apátridas.  
            
 
 
 
 
 
 

 
 
6. CONCLUSÃO ´

           Ser refugiado não é uma condição sonhada por ninguém, mas é uma


realidade global, que precisa ser analisada, não apenas como um tema a ser
discutido, ampliado ou melhorado, mas sim, como um problema com
consequências perturbadoras, e tais consequências ocorrem a curto, a médio
e vai se intensificando a longo prazo. Políticas restritivas, tomadas por alguns
países, visando, segundo eles, proteção nacional, têm dificultado a entrada de
solicitantes de refúgio. Apesar dos esforços oriundos dos
órgãos internacionais, existe, na atualidade uma crise instalada, pois nem
sempre os interesses de uma nação são concomitantes aos interesses dos
refugiados. O mundo atual, marcado pelos obstáculos aos refugiados, precisa
identificar a necessidade de revisão das estruturas normativas e institucionais,
no que se refere à proteção desse grupo de pessoas, visando garantir sua
proteção e minimizar a crise posta. 
A entrada dos imigrantes no Brasil foi intensificada no século XIX, tendo
incentivo dos governantes brasileiros. Trabalharam em diversos setores da
época – lavoura de café, cana-de-açúcar, comércio etc., contribuindo para a
economia do país e para a diversidade cultural.
 A legislação brasileira reconhece aos refugiados os mesmos direitos
básicos que os brasileiros, entre outros direitos, como a criação de normas que
facilitam a concessão de vistos a indivíduos afetados pelo conflito na Síria. 
As parcerias de órgãos internos com a ACNUR têm se intensificado na
última década. Apesar de garantias de inclusão previstas em Lei, estamos
longe de uma política de acolhimento satisfatória. Obviamente, a crise interna
influencia na situação dos refugiados, que enfrentam problemas semelhantes
aos nascidos no Brasil, como desemprego, precariedade na saúde, etc. Mesmo
assim, o país dá sinais de melhoria, no tocante aos refugiados: O elevado grau
de institucionalização da matéria atingido no Brasil com a criação do CONARE
evidencia os avanços promovidos nessa matéria pelo Governo, em parceria
com a sociedade civil brasileira. 
O principal papel da ACNUR, como instituição internacional, ligada à
ONU, é garantir que os países estejam conscientes das suas obrigações – e
atuem em conformidade com elas – de dar proteção aos refugiados e a todas
as pessoas que buscam refúgio.  
            O ADUS é uma instituição não governamental, que atua no acolhimento
e ingresso social do refugiado, no território brasileiro, que recebe tal status
através de normativas aqui já elencadas. Trabalha e está em conformidade
com a ACNUR e, através de parcerias (empresas, instituições públicas e
privadas, etc.), prepara os refugiados para o engajamento no país, garantindo a
aprendizagem da Língua Portuguesa, contribuindo na inserção sociocultural,
além de auxiliá-los na entrada no mercado de trabalho, oferecendo-lhes cursos
profissionalizantes. 
 
 
 
 
 
 

 
7. REFERÊNCIAS 

http://www.adus.org.br; 06 de outubro 2017. 


https://pt.wikipedia.org/wiki/Comit%C3%AA_Nacional_para_os_Refugiados; 06
de outubro de 2017. 
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-
segurancainternacionais/153-refugiados-e-o-conare; 06 de outubro de 2017. 
http://simsaogoncalo.com.br/historia/visitando-a-ilha-das-flores-de-hospedaria-
deimigrantes-a-base-da-marinha/ 07 de outubro de 2017. 
internacionais/153-refugiados-e-o-conare; 03 de novembro de 2017. 
 https://nacoesunidas.org/agencia/acnur/; 03 de novembro de 2017. 
 https://jornalggn.com.br/noticia/a-declaracao-de-cartagena-e-a-protecao-
aosrefugiados Nassif, Luis; Oliveira Soares, Carina de – “O Direito
Internacional dos Refugiados e o Ordenamento Jurídico Brasileiro:
Análise da Efetividade da Proteção Nacional”. UFAL, 2012; 03 de novembro
de 2017. 
http://caminhosdorefugio.com.br/tag/conare/; 08 de novembro de 2017. 
REIS, ROSSANA ROCHA E MENEZES, THAIS SILVA. Direitos Humanos e
Refúgio: uma análise sobre o momento anterior à determinação do status
de refugiado. Maio de 2014. 09 de novembro de 2017. 
 
 
 

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