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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

ENGENHARIA CIVIL

LAUDO TÉCNICO DE INSPEÇÃO PREDIAL (LTIP)

Daniel Aroche - Aluno do Curso de Eng. Civil, UNISINOS. E-mail: daniel.aroche@hotmail.com


Fabiana Deichsel - Aluna do Curso de Eng. Civil, UNISINOS. E-mail: fabiana_deichsel@hotmail.com
Lucas Bertini - Aluno do Curso de Eng. Civil, UNISINOS. E-mail: bertinilucas@gmail.com
Rafael Souza - Aluno do Curso de Eng. Civil, UNISINOS. E-mail: rafasouzatdai@hotmail.com

1 INTRODUÇÃO

O presente laudo refere-se a uma inspeção visual realizada nas


dependências da estação de tratamento de água, localizada no bairro São José, de
incumbência do Serviço Municipal de Água e Esgotos do município de São
Leopoldo, a fim de levantar a presença de manifestações patológicas na sua
estrutura.
De forma a promover a integração de conhecimentos teóricos bem como
questões práticas, este estudo oportuniza o contato de alunos com situações
enfrentadas em uma inspeção e a análise das informações coletadas apresentadas
por meio de um relatório e um laudo técnico.
Vale salientar que este trabalho não é de caráter profissional ou sequer
possui engenheiro habilitado, sendo o uso exclusivamente acadêmico para o curso
de Engenharia Civil da disciplina de Patologia das Construções, ministrada pelo
Professor Bernardo Fonseca Tutikian.

1.1 Objetivo

Esta inspeção tem por objetivo analisar e descrever as manifestações


patológicas existentes na edificação em questão. Inicialmente serão apresentadas
através de fotografias as patologias verificadas in loco, e posteriormente, em um
laudo será realizada uma análise dos casos citados neste primeiro relatório.

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2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO

A estrutura a ser analisada neste laudo, trata-se de um de decantador na


Estação de Tratamento de Água (ETA 1), localizado na cidade de São Leopoldo/RS.
Foi realizado um levantamento sobre as condições das manifestações patológicas
existentes nesta estrutura.
O processo de tratamento de água consiste no recebimento da água o qual é
adicionado sulfato de alumínio, material esse responsável pela separação das
partículas sólidas difusas na água e por aglomerá-las, facilitando assim a sua
remoção, processo denominado de floculação. A próxima etapa é conduzir a água
até a chegada aos decantadores, posteriormente é realizada a filtração nos tanques
próprios. A água recebe a adição de cloro, que pode chegar a 50kg/ dia. Após o
processo de cloração, ocorre a fluoretação. Este processo não faz parte do
tratamento, no entanto é exigido pela legislação para reduzir a incidência de cáries
dentárias.
Após todo o processo de tratamento, a água é armazenada e um reservatório
redondo semienterrado de 1.500 m³, para posteriormente ocorrer o processo de
distribuição de água para as unidades consumidoras.
A seguir serão descritos os dados pertinentes à edificação estudada, sendo
informado desde a sua localização, uso e ocupação como também a sua idade.

2.1 Localização

A edificação está situada na rua João Correa nº 81, bairro São José, São
Leopoldo, RS. A figura 1 mostra uma imagem da Estação de Tratamento de Água.

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Figura 1 – Localização da Estação de Tratamento do SEMAE

Fonte: SEMAE (2017).

2.2 Utilização e ocupação

O tanque de decantação da estação de tratamento, objeto deste laudo, foi


construído em concreto armado, tendo como dimensões 30 metros de comprimento
e 20 metros de largura, com profundidade de 6 metros. Por ser uma estrutura
bastante antiga, não se tem informações sobre a resistência de concreto utilizada
em sua construção.
O decantador, assim como toda a estação de tratamento, encontra-se em
atividade 24 horas por dia, 7 dias por semana.
A estação possui 1 chefe, 4 operadores de tratamento e 4 operados de
bombas (revezando-se em turnos de 12h/36h. Além disso também trabalham na
estação 2 técnicos em química, em horário comercial (entre 8h e 17h).
Além da equipe técnica, a estação de tratamento também conta com serviços
terceirizados de limpeza e portaria/vigilância.

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2.3 Idade da edificação

A estação de tratamento tem aproximadamente 93 anos desde sua


construção, sendo inaugurada em 26 de novembro de 1926.

3 ANÁLISE DAS ANOMALIAS

Visando apresentar as manifestações patológicas, realizou-se uma inspeção


fotográfica registrando todos os pontos onde foram encontradas anomalias. Vale
ressaltar que não foi realizado ensaio instrumental in loco, apenas visual.

3.1 Primeira Manifestação

Figura 2 - Fissura vertical localizada no perímetro externo do tanque de decantação.

Causa:
Conforme constatado no local, e informações repassadas pelo Engenheiro
Lucas, que acompanhou a visita, o local possui recalque diferencial, sendo assim
responsável pelas fissuras encontradas.

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Terapia:
Ver qual terapia para recalque

3.2 Segunda Manifestação

Figura 3 - Fissuras no passeio no perímetro do Tanque

Causa:
As fissuras presentes nas estruturas de concreto da estação de tratamento de
água podem ser provavelmente originadas devido à baixa resistência à tração sob
as ações de serviço e utilização, por retração térmica, na composição do traço do
concreto e no processo de cura. É importante identificar a causa do seu
aparecimento e se este é um problema de caráter estrutural ou estético, visto que,
elas podem servir como facilitador para entrada de agentes patológicos no concreto.

Terapia:

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Ver terapia

3.3 Terceira Manifestação

Figura 4 – Presença de fungo no interior do tanque

Causas:

Observou-se a presença de fungo, patologia esta provavelmente provocada


devido a umidade e da grande quantidade de matéria orgânica presente na água,
bem como diversas outras substâncias que podem gerar esse tipo de agente
agressivo, nas paredes do tanque da foto 4 é possível observar a existência desse
tipo de manifestação. Nas estações de tratamento de água, os agentes biológicos
influenciam diretamente nas manifestações patológicas, como é o caso do bolor.
Geralmente, a proliferação dessa manifestação patológica ocorre em temperaturas
entre 10ºC até 35ºC e quanto mais elevada à temperatura, maior os organismos se
manifestarão. Porém, os organismos só se reproduzem onde há ausência de

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insolação e ventilação. A Figura 4 apresenta uma manifestação do bolor em uma


das paredes da estação de tratamento de esgoto, que, possivelmente, foi fruto de
uma infiltração. É mostrada uma viga de um dos tanques de contato da E.T.A. com
uma vasta produção de bolor.
Percebe-se que a manifestação patológica ocorreu em uma região onde há
grande umidade, pouca ou nenhuma presença de insolação e circulação de ar.

Terapia:

3.4 Quarta Manifestação

Figura 5 – Presença de vegetação na estrutura da edificação e Armadura exposta

Causa da Presença de Vegetação:

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A presença de vegetação na parede exterior do tanque demonstra que as


paredes estão demasiadamente úmidas. Tal feito pode ocorrer por microfissuras ou
até mesmo um concreto mais poroso, que absorva mais água. Uma estrutura que
tem por função armazenar água como os reservatórios devem ser absolutamente
estanques. Portanto, o fato de realizar a construção com um concreto cuidadoso, a
exemplo do concreto polimérico, apesar de promover redução da porosidade da
estrutura tornando-a apenas menos permeável, não é suficiente. Faz-se necessário
tratamento adicional para proporcionar impermeabilidade.

Terapia:

Causa da Corrosão da armadura:


A corrosão pode ocorrer por ação química ou eletroquímica do meio aquoso,
ao se tratar de estação de tratamento de água a presença de umidade propicia o
desenvolvimento da corrosão em diversas partes da (E.T.A), é possível localizar
diversos pontos de vazamento de água, durante o percurso da mesma pelas
tubulações, essa água se espalha, chegando a manter vários componentes de
estação na presença constante de umidade, acelerando ainda mais o processo
corrosivo. No caso do reservatório em questão, a entrada de gás carbônico foi
facilitada pelo quadro de fissuração já exposto nas juntas de concretagem, fator que
propiciou o desenvolvimento da corrosão das armaduras.

Terapia:
O contato do gás carbônico com a armadura aconteceu devido as fissuras
que ocorreram pela umidade e percolação de água, fatores que proporcionaram o
desenvolvimento da corrosão das armaduras.
Realizado o tratamento das fissuras e recomposição do concreto as causas
da carbonatação são tratadas. No entanto, para dificultar a passagem do gás
carbônico e evitar reincidências, as superfícies da estação de tratamento podem ser
protegidas com pinturas à base de resina acrílica.

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3.5 Quinta Manifestação

Figura 6 – Presença de umidade e fungos na parte exterior do tanque

Causa:

Terapia:
A umidade é tratada a partir do momento que se é realizado a selagem das
fissuras. Porém, para não haver mais problemas com a percolação de água e a
abertura de novas fissuras é necessário fazer a impermeabilização para que a
estação de tratamento seja estanque.
Sabe-se que o estado do Rio Grande do Sul possui uma amplitude térmica
bastante elevada, com temperaturas variando de – 2º C a 40 º C, na cidade de
Montenegro a variação é um pouco menor, mas ainda assim bem elevada. Portanto,
a ampla variação de temperatura gera movimentações térmicas na estrutura,
consequentemente mais solicitações, logo, faz-se necessário utilizar uma
impermeabilização flexível.

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3.6 Sexta Manifestação

Figura 7 – Fissura 45 graus

Causas:

Terapia:
Como as manifestações patológicas levaram a crer que as fissuras foram
ocasionadas a partir da percolação de água e umidade que se estendeu por toda a
fachada da estação de tratamento de água, faz-se necessário a escarificação do

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concreto nas regiões da fissura para fazer o uso de resina epóxi no preenchimento
do sulco formado.

3.7 Sétima Manifestação

Figura 8 – Fissura interna do tanque

Causas:

Terapia:
O tratamento de infiltrações constitui-se basicamente de métodos utilizados
para efetuar a impermeabilização da estrutura dos reservatórios, assim como de

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tratamentos de incidências patológicas como fissuras que podem ocasionar a


passagem da água. A impermeabilização do Concreto pode ser efetuada segundo
as etapas que seguem:
 Corte e abertura das juntas de concretagem;
 Preenchimento das juntas e de pontos de concreto desagregado, com
argamassa com função impermeabilizante sobre aplicação prévia de
material apropriado que garanta aderência;
 Ao redor de tubos de entrada e saída de água, deve ser feita vedação com
uso, a exemplo, de mastique flexível;
 Aplicação do sistema de impermeabilização segundo orientação do
fabricante como o número de demãos associado a uma forma de aplicação
apropriada da pintura;
 Nas fissuras com comportamento dinâmico, e com infiltrações de água,
pode-se aplicar injeção de espuma de poliuretano hidroativado e na
sequência injeção de gel de poliuretano para selamento das mesmas.

Utiliza-se em tratamento de infiltrações, para efetuar a impermeabilização da


cuba do reservatório, manta asfáltica e argamassa polimérica, mas quando se exige
elevada impermeabilização esta última em substituição da primeira não resolve por
apresentar eficiência baixa e durabilidade a cerca de um ano. O preparo do
substrato se dá com a remoção de toda impermeabilização interna existente quando
esta se apresenta comprometida, assim como da laje de cobertura externa, até se
expor o substrato limpo.

4 PROFILAXIA

Para que não ocorram novamente as manifestações patológicas, é necessário


realizar a profilaxia, isso é, ações que buscam evitar o aparecimento das mesmas.

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A primeira profilaxia que pode ser constatada para o presente trabalho é a


manutenção preventiva. Deve ser feito a manutenção periódica e regular da
impermeabilização da estação de tratamento de água, para evitar o surgimento de
todas as manifestações patológicas vistas anteriormente, essa manutenção
preventiva deve ser feita de modo a não danificar a impermeabilização existente,
portanto, deve-se evitar o uso de máquinas de alta pressão, escovas metálicas e
esponjas abrasivas. Outra medida que deve ser tomada como manutenção
preventiva é a repintura da superfície da estação de tratamento de água, para que a
pintura obtenha a característica de tornar menos permeável o substrato.
Outra profilaxia adotada é o uso correto da estação de tratamento, isso é,
utilizar a mesma no nível correto de água, pois ela foi dimensionada para suportar
uma determinada pressão hidrostática, após esse nível a estrutura está funcionando
com sobrecarga não prevista na concepção de projeto. Essa sobrecarga pode gerar
manifestações patológicas na estrutura, como apresentação de microfissuras e isso
pode ocasionar infiltração de água na estrutura e posteriormente a corrosão da
armadura.

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REFERÊNCIAS

SEMAE – Serviço Municipal de Água e Esgoto: Estação de tratamento de água.


Disponível em: http://www.semae.rs.gov.br//conteudo_semae.php?menuv=48.
Acesso em: 2 nov. 2019.

SEMAE – Serviço Municipal de Água e Esgoto: Captação de água. Disponível em:


http://www.semae.rs.gov.br//conteudo_semae.php?menuv=4. Acesso em: 2 nov.
2019.

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