Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS


MTR0302 - ENGENHARIA DOS MATERIAIS EXPERIMENTAL

Laboratório de Cerâmica

Professor Doutor Carlos Alberto Paskocimas

Alunos:
Laércio Martins de Mendonça Filho
Lucas Bezerra Medeiros Cortez
José Fabiano Santos Silva
Stefany Félix de França

Junho
2019
RESUMO

Durante o mês de maio e junho tivemos aulas teóricas e prática com o


prof. Dr. Carlos Alberto Paskocimas, sobre materiais cerâmicos,
especificamente trabalhamos com refratário isolante e densa. Realizamos
nas amostras fornecidas a preparação para os ensaio de tração(flexão) e
caracterização, para sabermos as especificações desses materiais.

I. INTRODUÇÃO
Materiais cerâmicos são constituídos por elementos metálicos e
não-metálicos na maioria das vezes possui ligação do tipo iônica. Por conta
da natureza da sua ligações químicas, as cerâmicas são normalmente
isolantes térmicos e elétricos, além de serem duros e frágeis, por serem
isolantes térmicos eles resistem à altas temperaturas.
Setores como automotivo, eletrônico, construção civil e aeroespacial
são alguns setores que a cerâmica são utilizados. Devido ao seu alto ponto
de fusão, as cerâmicas são utilizadas na construção de fornos siderúrgicos e
blindagem, visto que, em um sistema de múltiplas camadas a primeira
geralmente é composta por placas de cerâmica para dissipação da energia
cinética do impacto inicial, ​ao aquecimento em ônibus espaciais, como
também isolante térmico de resistores e capacitores.
Materiais refratários, são aqueles que têm a capacidade de resistir a
altas temperaturas sem perder suas propriedades físico-químicas, como por
exemplo, resistência, ataques químicos, baixa condutividade térmica e
elétrica. Geralmente esses materiais são, em sua maioria, cerâmica.
II. PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

O refratário isolante e denso foram os escolhidos para serem utilizados


no laboratório de cerâmica. Refratário denso à esquerda (cor marrom),
refratário isolante à direita (cor branca).

Primeiro as amostra foram limpas, pois o refratário isolante


apresentava uma leve camada de musgo devido ao seu armazenamento.
Realizamos essa limpeza utilizando uma faca para lixarmos a parte mais
grosseira do musgo, e depois levamos para a pia onde lavamos com
detergente líquido e bucha, (aquela que normalmente é utilizada para lavar
pratos, copos e talheres). Importante ressaltar que o lixamento só foi feito no
refratário isolante.
Após a limpeza, colocamos as amostras em duas placas de aço inox, que
foram levado ao forno, onde ficaram por 24 horas para que a água evapora se
totalmente.
Depois de retirado do forno e resfriado pelo ar, nós fizemos as medições e
pesagem das dez amostras, sendo 5 refratários denso e 5 refratários isolantes.
Pensamos ele seco, para adquirimos o peso seco (Ps), deixamos ele submerso em
água e pesamos, para saber o seu peso imerso (Pi), depois retiramos da água e
colocamos diretamente na balança e adquirimos o peso úmido.

Com essas informações nós calculamos a densidade específica aparente:


Ps
DEA = P v−P i
× dH 2 O
Absorção de água: AA = P v − P s
Porosidade aparente: P A = PP v−P s
v−P i
× 100
Depois de secas foram retiradas partes de cada um dos refratários (foi
utilizado um bastão para quebrar o refratário e assim obter apenas uma pequena
parte do mesmo).

Logo em seguida triturados (com a ajuda do mesmo bastão que ajudou a


quebrá-lo) até chegar num ponto de um pó bem fino e logo em seguida peneirados
para melhor resultado de granulometria .

Do lado esquerdo o pó já peneirado, e do lado direito ainda em processo de


trituração.

Logo em seguida foram retirados mais alguns pedaços de ambos os


refratários, foram colocados em pequenas formas de silicone e utilizando uma
mistura de cola e um solvente, foram colocados nas formas e despejando a mistura
antes feita e deixados secar.
Com as amostras preparadas, elas foram lixadas e depois levadas no
microscópio, para analisar os grãos existente
III. ENSAIO PARA OBTENÇÃO DO GRÁFICO
TENSÃO-DEFORMAÇÃO EM CERÂMICAS
Os materiais cerâmicos geralmente são mais limitados que os metais no
quesito aplicabilidade, pois em muitos aspectos as suas propriedades mecânicas
são inferiores aos materiais metálicos. Dentre as características mais desvantajosas
de uma cerâmica, estão a sua alta disposição à fraturas com uma baixa absorção
de energia.

Nas cerâmicas, quando estão submetidas a uma carga, vemos que na


maioria dos casos, ocorre a fratura antes da presença de qualquer deformação
plástica aparente. Esse processo de fratura frágil ocorre devido a propagação de
trincas através do material em direções perpendiculares à aplicação da carga e o
crescimento da trinca geralmente ocorre no espaço entre os grãos.

A tensão-deformação dos materiais cerâmicos frágeis geralmente não é


avaliado da maneira convencional, ou seja, através de um ensaio de tração, pois é
difícil preparar e testar o corpo de prova no formato correto e com todas as
especificações exigidas utilizando esse tipo de material. Outro fator que tem grande
peso na escolha do método de ensaio se deve a difícil fixação de materiais frágeis
sem que ocorra sua fratura e geralmente as cerâmicas falham após
aproximadamente 0,1% de deformação, isso exige o alinhamento perfeito do corpo
de prova para que não ocorra dobramento ou de flexão.

A figura abaixo localizada na esquerda foi retirada do livro: Willian D.


Callister, Jr. / 5° edição e mostra uma alternativa para a medição da
tensão-deformação de materiais frágeis. Já a da direita representa o ensaio
realizado em laboratório.
Logo, a alternativa adequada a ser utilizada, consiste em fazer um ensaio de
flexão transversal, onde o corpo de prova elaborado deve ter o formato de uma
barra com seção reta circular ou retangular, este último foi utilizado em nosso
experimento. O material é flexionado até sua fratura usando a técnica de
carregamento de três pontos descrita na imagem anterior. Esse tipo de ensaio é
conveniente pois, na maioria dos casos a força de compressão suportada por uma
cerâmica é cerca de 10 vezes maior que a de tração e tendo em vista que a fratura
ocorre na face superior que está sofrendo esforços de tração, vemos que o ensaio
de flexão é um bom substituto.

É importante saber que nesse caso o corpo de prova estará submetido a dois
tipos de esforços ao mesmo tempo, sendo eles, o de tração e o de compressão.
Devido a esse fato, é compreensível que a magnitude apresentada no ensaio de
flexão seja maior que no ensaio de tração, outros fatores como a espessura e
tamanho do corpo de prova também podem influenciar nesses valores, visto que
ocorre a alteração do volume da peça, podendo diminuir a resistência à flexão.

Para os materiais cerâmicos, exige um comportamento elástico no teste de


flexão muito semelhante ao que acontece nos metais, ou seja, exibem uma
linearidade entre as relações de tensão e deformação. Essa relação no gráfico
tensão-deformação representa uma inclinação com um coeficiente angular que
representa o módulo de elasticidade do material, onde os materiais cerâmicos
apresentam valores semelhantes, porém, um pouco maiores que os dos metais.
IV: RESULTADO E DISCUSSÕES

A figura 1 (a) apresenta o difratograma de raios X da mulita densa,


enquanto, na figura (b) é visualizado o difratograma da mulita que pode ser
utilizada como material isolante. Em ambos os casos é possível perceber
os padrões de difração de raios X para este material, além disso, é
observado a presença de fases cristalinas devido os picos serem intensos
e bem definidos.

A figura 2 mostra os padrões de difração da mulita de acordo com a ficha


cristalográfica ICSD 23867, observa-se que diversos picos dos padrões de difração
obtidos experimentalmente coincidem com os picos observados na ficha
cristalográfica da mulita, o que permite concluir que em ambos os refratários (denso
e isolante) apresentam a mulita como fase cristalina e também é observado a
presença de outros picos que não se encontram na ficha cristalográfica da mulita, o
que indica a presença de outras fases cristalinas no material. A partir do pico mais
intenso e da largura à meia altura, usando a equação de Scherrer foi determinado o
tamanho do cristalito destes materiais, o refratário denso apresentou um tamanho
de cristalito de 86,66 nm e o refratário isolante de 86,61nm. Logo, em relação aos
difratogramas dos refratários denso (Figura 1(a)) e o isolante (Figura 1 (b)), ambos
apresentam a predominância da mulita como fase cristalina e tem aproximadamente
as mesmas características cristalinas como o tamanho de cristalito.
A partir da análise dos padrões de difração de raios X, percebeu-se
a existência de outras fases cristalinas além da mulita presente nos
refratários deste estudo. A partir da análise de fluorescência de raios X
para o refratário denso (figura 2(a)) e o refratário isolante (figura 2 (b)) foi
observado a presença de outros elementos químicos além dos presentes
na mulita (Al​2​O​5​Si), o que justifica a presença de picos diferentes nos
padrões de difração dos refratários (Figura 1(a) e 1(b)). Para ambos os
refratários é observado que os picos de fluorescência mais intensos são os
de Al e Si devido a composição química da mulita. No refratário denso
(figura 2(a)) é observado a maior presença de elementos químicos do que
é observado no refratário isolante (figura 2(b)). A presença desses
elementos químicos deve ter favorecido a sinterabilidade do refratário
denso.
Na figura 5 (A-B) são observadas as imagens de microscopia eletrônica de
varredura do refratário denso e como as imagens foram obtidas a partir da utilização
de elétrons secundários, o contraste observado nas imagens é devido ao relevo das
amostras. Logo, para o refratário denso é observado uma microestrutura com uma
maior coesão e interligada, acredita-se que maior presença de elementos químicos
observado na fluorescência de raios X deste refratário, favoreceu a sinterabilidade
deste refratário, levando a obtenção de uma microestrutura mais densa, essas
características de acordo com a literatura melhoram a resistência do refratário. Na
figura 5 (C-D) a microestrutura do refratário isolante, visto que esta microestrutura
tem uma baixa coesão, essa microestrutura é característica para o refratário
isolante, pois ele tem uma elevada porosidade.
Conforme foi observado anteriormente, o refratário denso apresenta
uma microestrutura mais interligada e coesa, que deve resultar em um
material mais resistente e mais denso, enquanto que uma microestrutura sem
coesão deve ter uma menor densidade. A tabela 1 confirma o que se
esperava de acordo com o que foi observado para a microestrutura destes
materiais. Na tabela 1, observamos que o refratário denso tem uma maior
densidade e densidade específica aparente (DEA) do que o isolante e
consequentemente uma menor porosidade que resultou na menor absorção
de água desse material nas medidas de densidade pelo método de
Arquimedes. Como o refratário isolante tem uma menor densidade,
consequentemente vai ter uma maior porosidade e absorção de água
conforme pode ser visto na tabela 1, a maior porosidade deste material o
classifica como um material refratário isolante.

V. CONCLUSÃO

Foi possível concluir em nosso estudo que os refratários possuem características


bem específicas, como elevada resistência a temperaturas altas, sendo inertes a
ambientes severos, além de não se fundirem. Essas características permitem que
as cerâmicas sejam aplicadas em vários setores, como na fabricação de vidros,
revestimento de fornos e tratamentos térmicos.

Foi observado também que a maioria dos refratários possuem sua constituição por
mistura de alguns óxidos com elevado ponto de fusão, como o SiO2,AlO3,CaO e
MgO. Os refratários podem ser divididos em quatro categorias: Refratários de argila,
à base de sílica, básicos e especiais.

Ainda existe muito espaço para a pesquisa de materiais refratários e sua utilização
em nosso dia a dia é enorme, desde sua utilização ​em fornos industriais, em
laboratórios de pesquisa e ensino, caldeiras, fornos domésticos e churrasqueiras
(tijolo refratário), entre outras aplicações.

VI. REFERÊNCIAS

CALLISTER  JUNIOR,  Willian  D.  ​Ciência  e  Engenharia  de  Materiais:  uma  introdução. 
5.  ed.  Department  Of  Metallurgical  Engineering,  The  University  Of  Utah:  Ltc,  2000. 
589 p.

SILVA, M. V. da et al. Blindagens cerâmicas para aplicações balísticas: uma


revisão​. ​Scielo​, Santa Catarina-sc, p.323-331, 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ce/v60n355/03.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2019.

Você também pode gostar