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Devemos entender que a vela e sua chama têm um significado místico, esotérico, que
precede e transcende ao encontrado na liturgia dos vários credos confessionais, por
sua natureza exotéricos.
Talvez, a primeira manifestação do fogo vista pelo homem tenha sido causada por um
relâmpago. A fulgurante crepitação no céu, as chamas decorrentes da inflamação das
folhas e galhos secos e, depois, o incêndio, realçado pela escuridão da noite,
constituíram, sem dúvida, uma experiência impactante. Pode ser que uma erupção
vulcânica tenha sido outro modo pelo qual o homem primitivo se deu conta da
existência do fogo, com maior impacto de terror em seu coração e sua mente.
O culto do fogo, em nossos dias, é substituído por uma espécie de fascínio que todos
nós por ele temos. Quem não gosta das velas acesas para criar uma atmosfera de
aconchego, de intimidade, quietude e abertura afetiva, em um momento a dois? Quem
não se extasia ao contemplar sua chama, que em sua constante oscilação e mudança
de cor, parece viva?
Quem de nós já não se sentou diante de uma lareira acesa, profundamente imersos
em pensamentos, deslumbrados com as chamas cintilantes? Graças a tal
concentração, nada mais prende nossa atenção, fazendo com que entremos, mais
facilmente, em meditação e paz espiritual.
Tal vivência diante do fogo é, verdadeiramente, arquetípica; faz parte, a bem dizer,
do inconsciente coletivo, tão arcaica e comum a todas as épocas e culturas que é.
Assim, o fogo não tem para nós, hoje em dia, só um valor utilitário, em termos de
energia que possa ser útil às nossas necessidades materiais.
Sob o aspecto místico, o fogo representa o processo de purgação, purificação e
regeneração. O Espírito Santo, a Voz de Deus, a Mente Cósmica, revelaram grandes
princípios ou importantes conhecimentos através do fogo, conduzindo o homem a uma
forma de existência melhor e mais elevada.
Para que possamos ser regenerados, devemos ser purificados da ganga bruta, da
animalidade primitiva, que pesa sobre nós como verdadeiro pecado original. Esse é o
significado simbólico do fogo da purificação.
Por isso, o fogo, concentrado na luz das velas, é usado em nossos altares, aceso com
considerável cerimônia. Igualmente, o fogo é usado com parte das provas de
Iniciação, dentro do mesmo propósito purificador.
Outra simbologia tem, também, o uso de velas em nossos trabalhos. A luz propiciada
pela chama significa a sabedoria, especialmente a compreensão esotérica, ou seja, a
Iluminação pessoal. O conhecimento, à semelhança da luz, dissipa as trevas da
ignorância e da indiferença. Como obreiros sociais, cabe-nos, igualmente, esse
trabalho e aí estão as velas acesas dele a nos lembrar.
A chama, ainda mais, tem representado o fogo da energia divina, que deve arder em
nossas almas, para que não sejamos frios de afeto, sem sentimentos, destituídos de
compaixão.
Várias condições, inclusive a posição relativa dos corpos no espaço, tornam sua
manifestação mais intensa em certos lugares do que em outros.
Quando acendemos uma vela, misticamente, isso significa que certa intensidade da
luz maior, que permeia todo o Universo, concentrou-se naquele objeto, em forma de
chama, para um propósito específico, ou seja, nos ensinar algo, no caso da sessão
ritualística.
Terminada a cerimônia, ao apagarmos a vela, isso não significa que a luz se fez
extinta. O mesmo se dá quando alguém morre. Sua alma não se extingue, mas é
integrada ao Cósmico, de onde veio.
Por isso, do ponto de vista místico, devemos apagar a vela com um abafador ou com
os dedos umedecidos, para simbolizar que, simplesmente, mudamos a manifestação
da luz concentrada, reintegrando-a ao Cósmico. Apagá-la com um sopro é um
procedimento profano em Maçonaria, pois isso é interpretado como a intenção de
desintegrar a chama, como a tentativa de fazer com que ela não exista mais enquanto
luz, embora isso seja impossível, já que sempre existirá em sua forma invisível,
intrínseca, vibratória.
No passado, até mesmo a substância de que as velas eram feitas tinham uma leitura
simbólica.