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\OSt: MIGUEL WIS ICK.

FERNA lDO HENRIQUE CARDOSO


PAULO MENDES DA ROCHA. JOAQUIM GUEDES
10Sf. PEDRO DE OLIVEIRA COSTA. JORGE NAGLE • Dt:CIO
PIGNATARl • RE ATO REQUIXA • CONRADO SILVA
CESAR FROTT!ô • MÁRIO RAMIRO • JÚLIO PLAZA

300 A Virada do secula .


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A VIRADA DO SÉCULO

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Or[!anizaç:ão: Alma Carboncini

EDITORA PAZ E TERRA/EDITORA DA UNESP


SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA - S,p,
o MIM~TICO, A INTERFERtNCIA E O INSTANTE
NOS MM (MASS MEDIA)

Na sociedade pós-industrial
A média com a mídia
É a constante

Os MM (meios de massa) na era risonha


Nos acostumaram a homologar os seus "jogos de linguagem"
E a riqueza retórica das imagens
Na pobreza de suas mensagens
Que se consubstanciam como representações
No sistema da indústria cultural
E no "fluxo indiferenciado e descodificado" do capitalismo
Que" destrói as coisas belas"

Os mercados estão atentos a toda diferença


Suscetível de uma recodificação
Que a tornará indiferente e esgotará seu sentido
Ruídos e perturbações são interferências semânticas
Que são a reserva de signos potenciais À menor realidade erótica
Esperando seu turno numa sociedade Mais formas sexualizadas no espetáculo
Que renova lógica e vertiginosamente o material sígnico
Uma sociedade semiarrágica No funcionalismo da produção de sentido
Metáforas de anarquia Onde se objetiva a ordem sócio-econômica-cultural
E no utilitarismo do progressismo mercantil teleonômico do lucro
Em função do espetáculo ideológico-cultural "Os fins justificam os meios"
E artístico-mercantil Ocidental-mente
Os MM ejaculam conforme o modo da moda
O-novo-como-novidade-como-novo ... Tudo mais
"O que há de novo pinta na tela da Globo" Entra como conteúdo dos MM em instantaneidade inclusiva
Mimetiza-se e se trasveste
Na ubiqüidade dos MM Na roupagem dos mídia como processo-produto-de-representação
Não se aspira a um contra-sentido E sobrevivência
Mas à exacerbação ad nauscam Onde a obrigação de produzir aliena a paixão de criar
Da mesma natureza simulatória
E às interferências retóricas
E logo o volátil
Deglutidas no fluxo das representações massivas O tudo-nada da lógica dos produtos ideológicos
Onde o homem vira suco
Da sociedade "pós-ideológica"
Que busca a identidade no jogo ilusionista da catarse
Se o excremento o sexo a comi lança a bebedeira a risada
São práticas da semiorragia carnavalizante
As artes artesanais também entram nessa
Oposta ao estilo da cultura oficial medieval
Como conteúdo das artes pós industriais
A tática produtiva do humor difuso
Da alegria teleguiada dos risos programados em 011 O que dá status "cultural" aos MM
Serve a fluidez das operações de comunicação e consumo E produz orgasmo nos artistas
E a identificação "entre nós" do gruparismo imaginário
Como forma de gregarismo cultural Em troca
"O que há de quente pinta na tela da gente" Os MM criam o célebre

Na face risonha do pós-moderno Mas os MM não são unidimensionais


A sociedade middle class mediúnica Repensando seus suportes
Espelha-se na mesmice da tela risonha Eles nos dizem das suas múltiplas faces na sua performance:
Festa da mídia eletrônica A funcão referencial
Pois o~ MM nos religam aos produtos de forma instantânea
Este irracionalismo do racional promove o ritual E insistente
Que se apropria do desejo coletivo e individual De tal modo a prolongar a mirada sobre o mesmo
Enlatando as paixões pré-fabricadas
No mimetismo cultural Eles nos falam também da exacerbação da função de contato
E na ética do útil-agradável A procura do "ouviver": v. está aí?
Pela capacidade de absorção dos diferentes códigos
Também da meta linguagem soft
Que emigram de uns meios para outros
Através do fechamento dos discursos sobre si mesmos
Quebrando a noção de "arte"
Que se desliza para a performatividade do consumo
(Como objeto-informação individualizado)
E sobretudo no repúdio à exigência
De representar mimeticamente o real
Aparecem os fenômenos de complementação
Pois é a vida que imita o videoclip
Relatividade e disponibilidade
PrQdução e programação
Também falam de suas memórias
Que como arquivo de semelhanças
E suportes de "museus imaginários" A hibridização nos dá a multiplicidade
Organizam a cultura do disponível como o sonho: De universos paralelos e simultâneos
Londres Paris New York etc. etc. estão nos chips de silício Que tendem a perder seus contornos e fronteiras fixas
E formam a" aldeia global" Tornado obsoletas as fronteiras territoriais
E os partidos políticos
"A mudança de ilusão a ritmo acelerado dissolve
Hoje a arte não está mais na "arte"
Pouco a pouco
Nem no "museu"
A ilusão de mudança"
Nem no "artista"
Ela emigrou para os conglomerados sígnicos
(Incluindo-se aí o homem - que é signo-)
Os multimeios
E também o "real"
Que é linguagem
Dança de réplicas simulacros e substitutos
O universo reprodutivo dos MM
Transforma nosso mundo "natural" em ambientes-mensagens Os multimeios constroem multirealidades
Os MM são lugar e motor de processos de hibridização Conflitantes e dialéticas
Tradução e conflito Sob o signo do amálgama
Como colagem ambiental de suportes e signos
É a multicomunicação que descentra a autoridade
Assim o sentido da "arte" e "cultura" E não tributa ao código central da escrita alfabética
Não procede mais na natureza
Mas dos MM e seus programas O fluxo da corrente lógica da consciência
É estilhaçado
As noções de "criação" "arte" "artista" Abrindo-se a fenda pelo folhear e a mixagem
Resultam da herança secular
E do monopólio do único meta físico Com a ruptura da lógica linear e discursiva
Surgem a bricolagem e os intercódigos
Mas a "espontaneidade" da criação Como prolongamento infinito das reproduções
Traduzida nos diversos M M O universo da comunicação vira mistura e amálgama
Sofre adaptação e transformação
Mas a causalidade conflitiva Surge a "sociedade do espetáculo" ou .. pós-industrial"
Entre representações de massa Que se dissolve entre o verdadeiro e o falso
t um fato A ficção e o real
O resultado é um mosaico de eventos O passado e futuro
Que muda a noção da história História e espetáculo
Virtualidades
Folhear-explorar a mistura interferente Simulacros
Torna-se praxe no mundo atual
Por isso a eletrônica comanda o mundo pós-moderno Nessa
Os MM engolem em instantes
O folhear os MM com a visão descontínua Todos os procedimentos estéticos
Em trajetos aleatórios Das vanguardas históricas
Nos leva à mistura cinética dos sinais (A própria TV é a síntese da história da pintura)
Que criam configurações probabilísticas E os vomitam e performatizam em "jogos de linguagem"
Como "ruídos coloridos" de cultura mosaica No seu sistema reprodutivo
Os instantes insólitos articulam-se Que visa a objetivação da indústria cultural
Como em Lautreamont:
"O reencontro casual do guarda-chuva
E a máquina de costura na mesa de operações"
Performance de sentido

Masa presença dos MM


Ao lado do reprodutivo e continuístico
Contrai-dilata
Há o produtivo e criativo (o inútil)
E nos bombardeia em múltiplos espaço-tempos
Ou princípio do prazer
Criando a ubiqüidade
Que não homologa a utilidade dos aparelhos
Que se desloca deslouca-mente ao gosto da máquina
Que simulam um tipo de pensamento
E estilhaça o único em telepresença
Ou heteropresença
Na contemporaneidade pós-industrial
Que se opõe ao ideológico "voltar às raízes"
E a contrapelo da autoridade da tradição das artes
Dos saudosos "bons velhos tempos"
Dá-se lugar à investigação e à tradução

Subvertido o conjunto de nossas instalacões cul'urais Do certo ao provável


Os multimeios esterilizam e estilizam ' Não se criam obras novas
Os modelos culturais de outros espaço-tempos: E sim novas artes
Reescritura da história
Desautomatiza-se a percepção
A cultura fixa da tradicão Haja consciência!
t animada através dos 'meios tecnológicos
O centro é deslocado no passado para o futuro: Contra as ciladas do consumo e da vivência
Transculturação O "PRODUSSUMO" e a experiência
Mas as coisas não são tão simples
Contra a mimética da novidade ou eterno-efêmero A inocência está excluída das linguagens e meios
A poética do NOVO ou efêmero-eterno
O instante A questão além de ser poética é também política
Com prazer O que implica na consciência
De operações de transmutação sígnica no instante
Macluham pergunta:
[mplicando na percepção do átimo de tempo
"Que tipos de arte poderiam servir hoje para sondar
Entre passado e futuro: o presente
E revelar as dimensões ocultas da eletrônica?"
Consciência de linguagem
Na arte pós-mídia como posto de ação e observação
Todo pensamento articulado implica num mínimo de meios: Assim
Identificar os signos já é qualificá-Ios 3 alternativas se apresentam:
A estrutural
Semear mensagens artísticas e poéticas Ou criação de novos meios interativos em redes
Em meio a mensagens publicitárias É o jogo com as estruturas e não com os eventos
t uma tentativa de estender a consciência
Criando um contexto também consciente A política: como federação de instantes
Porque inserta um anti-ambiente Pois ceder uma polegada do qualitativo
Dentro de contextos anteriores t ceder a totalidade do qualitativo
f que as ciências e tecnologias programam nossos ambientes
Na forma de "museu sem muros" A poética: a informação corrigida
De tal modo No sentido da poesia
Que se faz necessário o concurso do artista
(Como sensibilidade viva) Mas é a própria tecnologia
Como criador de consciência dos nQvos meios Que dá conta da primeirJ alternativa
E contextos criados pela tecnologia Possibilitando a criação de novos meios
Pois a arte está deixando de ser Mediante a associação de vários deles como produto
Um tipo essencial de objeto Que sintetiza qualidades nunca antes existentes
Para programar um tipo especial de espaço Isto pode ser visto nas redes de comunicação
E isto é "tornar o planeta uma obra de arte" Que utilizam cablagem telefônica
Criando meios interativos que dialogam com o usuário
Programar artes I10sMM E rompem os fluxos unidirecionais dos MM
Representa dialogar em ritmo" intervisual" e "intertextual" E o lado democrático dos meios
Com os vários códigos da propaganda Que em rede network ou TV a cabo ou videotexto (entre outros)
E é nesses intervalos entre os códigos Tende a implodir a sociedade de massas
Que se instaura uma fronteira fluida E a comunicação centralizada nos seus aparelhos
Entre propaganda e arte De transmissão hertziana broadcasting de informações
Uma margem de criação Lado autoritário da sociedade industrial
É nesses intervalos Prenunciando no dizer de W. Flusser
Que os meios adquirem a sua real dimensão A sociedade fascista do porvir
As suas qualidades
Enquanto as redes network
Anunciam a sociedade democrática do futuro
Elvis Presley disparou contra sua TV
Assim Talvez por não suportar o fluir do tempo
A organização da espontaneidade
Correrá a cargo da prória espontaneidade E o relógio parado de Hiroshima denuncia
Coordenação vs. hierarquia O assassinato em massa
Num dia e hora de 1945
A política:
Revisitando as simetrias benjaminianas Os principais suportes logísticos
"Ler o que nunca foi escrito De encantamento da comunicação
E.a leitura mais antiga ... " Não enfrentam esta parada:
"Leitura das vísceras" dos MM DETER o movimento progressivo centrífugo
Assim como a leitura das constelações dos processos estelares Da comunicação simbólica
Que nos revelam as "semelhanças imateriais" nos seus suportes Para substituí-Io pelo movimento centrípeto
Princípio do prazer
O semelhante dá-se na transparência dos MM O inútil
Em apenas um instante A "contra-comunicação"
Com a "velocidade relâmpago" O registro do tempo-pleno
O único possível causador de ruptura
Como o demônio da analogia que instaura a ironia Cabe ao sujeito histórico
Na teleonomia dos MM Resgatar esses instantes plenos de similaridade
Em configuração com os outros
Deter o tempo Em federação de instantes
Federar os instantes (Pois cada instante desmorona
Pois tudo se constrói no presente Em restos de passado e futuro)

Interromper o fluxo E.no tempo da duração do fluxo


(Ou criar novos fluxos-piratas) Que se arraigam os momentos virtuais
Parar o relógio
Os possíveis
"Tal como se vislumbra num instante de perigo" Instantes poéticos e políticos
Que podem interromper o fluxo da comunicação
O sistema não está construído
A maneira zen
Pelo "tempo homogêneo e vazio"
("Ou caminho que não leva a lugar nenhum")
Mas está saturado de presentes E que configuram a nossa sensibilidade
De tempo-pleno Entre o dito e o entendido
tempo-agora Entre o dizível e o dizer

Na comuna de Paris (e no primeiro dia de luta) Assim:


Disparou-se simultaneamente sobre os relógios das torres: O semelhante
" ... pour arrêter le jour" O jogo lúdico com as regras
(A busca do prazer é a melhor garantia do lúdico)
O caráter espontâneo dos meios
(Só a criatividade é espontaneamente rica)

Como contemporaneidade
Entre pensamento-ação acaso e imprevisibilidade
A sobriedade dos meios
Vazio simplicidade ausência
A naturalidade a serenidade o essencial
O inacabado o imperfeito a realização prática
A ressonância e sincronia dos tempos
A atitude de interrogação e surpresa
Diante da coisa tecnológica
Como algo enigmático remoto efêmero misterioso
Que configura o nosso imaginário

t: por isso que as formas tecnológicas


Quando obsoletas no tempo e função
Tornam-se também arte

Política
Poética
Oriental-mente

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