Você está na página 1de 6

AULA N.

01
EaD – Claretianos
Para dia 17 de março, das 9:50 às 11:20.
Objetivo: Conhecer como a Igreja Nascente atuou na elaboração
da Moral Matrimonial diante dos vários desafios apresentados
pela cultura e realidade social da época.
Estratégias: leitura desse texto e interação no Fórum.

Realidade social e cultural:

UM POUCO DA CULTURA SOCIAL EM ROMA E


ATENAS
NO PERÍODO DA IGREJA NASCENTE (segundo século da
Era Cristã)

a- Nas duas sociedades a sexualidade era aceita como parte


natural da vida.
As atitudes, na área sexual, eram permissivas de modo especial
para os homens.

b- Em ambas sociedades o casamento era monogâmico e a


família era a base social. No entanto, a atividade sexual
não havia restringido ao matrimônio.
Sociedade dividida entre escravo e livres. Entre a elite,
homens e mulheres, o intercurso erótico poderia ser buscado
fora do casamento.
c- O concubinato, a prostituição e a relação masculina com
escravos eram também permitidos e comuns.
A famosa frase de Demóstenes (384 aC 322 a.C.):
“Meretrizes nós mantemos pelo bem do prazer, concubinas
pelo cuidado diário de nossas pessoas, mas esposas para nos
dar filhos legítimos e para serem fiéis guardiãs dos nossos
lares.”1

d- O divórcio era aceito na Grécia e no final do Império


Romano.
O aborto e o infanticídio eram formas aceitas de controle de
natalidade. O casamento era visto não como forma de amor.
Esperava-se que os homens casassem para terem herdeiros.

e- A homossexualidade dos homens era aceita e a das


mulheres era considerada como adultério. Porque as
mulheres eram consideradas como propriedades de seus
maridos.
-Ver Banquete e Homero.
f- A homossexualidade dos homens não era algo intrínseco
(não se conhecia a CONDIÇÃO HOMOSSEXUAL)
g- Para os filósofos Platão e Aristóteles o prazer sexual é
um prazer inferior.
O prazer – reside na busca da felicidade – na vida virtuosa –
a partir de bons hábitos.
h- Estoicismo – deste período – vai ser oposição a tudo isto.

1
Todd A. Salzman e Michael G. Lawler, A pessoa sexual. p. 31-32.
1. A perspectiva da antropologia e da ética sexual

Elementos da antropologia grega – clássica.


O dualismo helênico
A compreensão do mundo é a partir de dois princípios ou duas
realidades opostas e irreconciliáveis. Nesta concepção não é
possível fazer uma síntese entre copo e alma. Para Platão o corpo
aprisiona a alma.
Nesta compreensão o corpo é desvalorizado e o intelecto
(alma) é supervalorizada.

ANTROPOLOGIA NA IGREJA NASCENTE


A Igreja nascente sofreu influência do gnosticismo, uma filosofia
religiosa helênica caracterizada pela doutrina de que a salvação é
alcançada por meio de um conhecimento especial (gnosis) – esta
linha exerceu influência nas comunidades cristãs. Tinham uma
visão dualista e pessimista da pessoa humana. Sexo e
matrimônio eram desvalorizados.
Também os Estoicos vão exercer influência negativa nesta
área.
O estoicismo é uma linha de pensamento helênica (fundada por
Zenão de Cício – 335-264 a.C) que é caracterizada por uma ética
rígida que busca extirpar as paixões e aceitação resignada do
destino da vida. Teve uma forte influência na moralidade cristã.
O estoicismo deu uma visão unilateral da sexualidade, tendo a
procriação como finalidade exclusiva. ” Por exemplo, a doutrina
paulina sobre a virgindade e o matrimônio não insiste de nenhum
modo na relação entre sexualidade e procriação.

1. Visão Estóica da pessoa


(Filósofo Zenão de Cício – influencia o cristianismo).
-Viver de acordo com a razão humana, enquanto os desejos
corporais convertiam-se nos inimigos básicos do ideal humano.
- Sua moral concentrava-se no esforço heroico e contínuo para
eliminar as paixões e libertar o homem de suas anárquicas e
instintivas, eliminando todas as paixões carnais.
Afirmava Sêneca: “A temperança nunca busca o prazer por si
mesma”.
Afirmava Pitágoras: “Não faças nada por puro deleite”.
Ambiente rigorista mesmo em contextos pagãos.
Em ambientes católicos: “Abstinência sexual nos dias de
comunhão ou em determinadas épocas litúrgicas e festividades,
como ideal cristão do matrimônio.”

OS PADRES APOSTÓLICOS
Século I e II.
Eles transmitiram os primeiros ensinamentos do pensamento
cristão pós-apostólico. Não há uma elaborada moral cristã,
mas o material catequético ilumina elementos vitais da vida.
Podemos ressaltar os seguintes documentos:
Didaqué, a Carta do pseudo Barnabé, a Carta de Clemente
Romano, o Pastor de Hermas, ss Cartas de Inácio de Antioquia e a
Carta de Policarpo. Vamos fazer um resumo sobre as
considerações sobre a moral sexual.
a- Didaqué diz: “Afastai dos desejos carnais”, “Não adúlteras,
não corromperás os jovens, não fornicarás, não matarás o
filho no seio da mãe, nem privarás da vida o recém-nascido.

“Nem desonesto em tuas palavras, nem altivo no teu alhar, pois
estas coisas geram adultérios” - Caminho da Morte.
b- A Carta do pseudo Barnabé, refletindo sobre os
“caminhos de luz e caminho de trevas”, reforça a pregação
da Didaqué quanto aos pecados na sexualidade: fornicação,
adultério, pederastia e aborto.
c- A Carta de Clemente Romano, trabalha a teologia das
virtudes e condena as cobiças abomináveis e o adultério
odioso.
d- As Cartas de Inácio de Antioquia: faz uma exortação
cristocêntrica e recomenda: “Recomendo a minhas irmãs
que amem o Senhor e que se contentam com seus maridos,
na carne e no espírito. Igualmente a meus irmãos, em nome
de Jesus Cristo, que amem as suas esposas como o Senhor
ama a Igreja. ”
“Quanto aos que se casam, esposos e esposas, convém que
celebrem seu enlace com conhecimento do bispo, a fim de
que o casamento seja conforme o Senhor e não apenas por
desejo. ”
Aos celibatários: “Se alguém se sente capaz de permanecer
em castidade, para honrar a carne no Senhor, que permaneça
sem orgulho. Se se orgulha, está perdido, e se julgar mais do
que o bispo, está corrompido. ”
e- A Carta de Policarpo aos Filipenses está linha religiosa-
moral. Faz várias alusões ao comportamento sexual aos:
casados, viúvas, diáconos, jovens e presbíteros.
f- No Pastor de Hermnas foi considerado no início como
parte do cânon da Bíblia. Moral rígida e até negativa. Ex.
Marido deve repudiar a mulher adúltera e viver sozinho.
Mas se ela fizer penitência o marido poderá recebê-la. O
viúvo não deve voltar a se casar.

Você também pode gostar