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FACULDADE DE TECNOLOGIA DO IPIRANGA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL


ALEXANDRE CAVALCANTE DO NASCIMENTO

POLÍTICA NACIONAL DE CONSUMO


Artigos 4 e 5 do Código de Defesa do Consumidor

SÃO PAULO
2020
1 ARTIGO 4º

O artigo 4º do Código de Defesa do consumidor está descrito da seguinte


forma:

“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação
dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)”

O artigo 4º tem como objetivo harmonizar as relações de consumo para que


as necessidades básicas do consumidor sejam atendidas como supracitado, para
assim manter as boas relações comerciais. Por definição o termo política é um
sistema de regras com base nos anseios públicos. Tal código protege tanto o
consumidor que mantém seus direitos protegidos como o fornecedor que atendendo
suas necessidades e cumprindo com suas obrigações fica amparado pela lei.

Dita relação é fundamental para a salubridade do ciclo comercial, em vista


que o consumidor gera poder econômico para o fornecedor e precisa estar
amparado.

As relações comerciais precisam proteger o consumidor em relação a sua:

 Dignidade;

 Saúde e Segurança;

 Proteção dos seus interesses econômicos;

 Melhoria da qualidade de vida; e

 Transparência e harmonia nas relações de consumo.


1.1 I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo

O consumidor é a parte vulnerável do ciclo comercial simplesmente pelo fato


de não ter controle sobre os bens de produção, e acaba ficando vulnerável ao poder
de quem produz. Sendo assim o poder do mercado fica nas mãos de quem produz,
e o consumidor poder ser lesado de várias formas, por isso o papel fundamental do
código de defesa do consumidor que obriga ao detentor do poder, daquele que
controla a produção e estabelecer padrões de qualidade que harmonizam a relação
entre fornecedor e consumidor criando equilíbrio.

Um dos direitos básicos do consumidor é a facilitação do acesso a


instrumentos de defesa.

Assim em casos em que o produto ou serviço demonstre má qualidade,


periculosidade, inconsistências e etc., ele tem o direito de requerer proteção, sendo
assim, amparado pelo código de defesa do consumidor.

1.2 II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o


consumidor:

O Estado por interferir de forma ativa com intuito de proteger o consumidor e


a ordem econômica.

1.2.1 A) por iniciativa direta;

O Estado pode fiscalizar por meio de agências regulatórias, do PROCON, que


se baseiam no Decreto 2.181/1997.
Os valores arrecadados pelas autuações alimentar um fundo mantido pelo
Banco do Brasil que se destina ao Ministério da Justiça.

1.2.2 B) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações


representativas;

Há incentivo do Estado na criação de associações civis que defendam o


direito do consumidor e não de entidades civis de direito do consumidor. A priori
essas associações tem diálogo com o poder público e faz troca de tecnologias
operacionais e educacionais.

Porém a criação de muitas pode causa um enfraquecimento das mais


tradicionais e respeitadas como o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(IDEC) e o Instituto Brasileiro de Política e Defesa do Consumidor (BrasilCom) e
acabam dividindo os associados.

1.2.3 C) pela presença do Estado no mercado de consumo;

O Estado precisa promover o livre mercado e a livre concorrência e para


garantir isso tem a integração do Governo Federal, Ministério da Justiça com a
Secretaria do Direito Econômico, essa secretaria que equilibra o mercado
consumidor.

O órgão que regulamenta o código de defesa do consumidor é o


Departamento de Proteção do Consumidor (DPPDC): Coordena a política do
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) e do Sistema Nacional de
Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC) que atuam da seguinte forma:

 SNDC: Implementa as leis de defesa do consumidor e a Política de


Exercício do Poder da Polícia Administrativa; e
 SINDEC: Criou uma base de dados nacional e estadual com gráficos
diários para gerar insumos para atuação dos órgãos municipais e
mantém a base de Cadastros Estaduais de Reclamações
Fundamentais do CDC.

As informações fornecida permiti articular políticas públicas de prevenção e


proteção ao consumidor.                         

O Estado também tem poder para controlar situações adversas na economia


e pode regular para proteger o consumidor e trazer equilíbrio e a salubridade nas
relações de consumo, fato presente quando houve a greve dos caminhoneiros e que
muitos se aproveitaram da situação para abusar dos preços, e o governo fiscalizou e
autuou fornecedores que descumpriam com o CDC.

                           

1.2.4 d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de


qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.

Também conhecida pela proteção da “confiança do consumidor” o estado


precisa garantir a qualidade dos produtos e serviços que são oferecidos no mercado
e por isso cria mecanismos de garantir isso desenvolvendo padrões mínimos de
qualidade, quantidade, durabilidade de desempenho. Para normatizar tudo isso foi
criado o Sistema Nacional de Metrologia (SINMETRO) que é dirigido pelo Conselho
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO).

O CONMETRO é um ó órgão normativo e que possui o Inmetro como sua


secretaria executiva. Integrado ao Conmetro temos:

 Ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da


Ciência e Tecnologia; da Saúde; do Meio Ambiente; das Relações
Exteriores; da Justiça; da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento; da
Defesa;
 Presidente do Inmetro;

 Presidentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);

 Confederação Nacional da Indústria (CNI);

 Confederação Nacional do Comércio (CNC);

 Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC).

Estes são órgãos certificadores do cumprimentos das normas e padrões


normatizados.

1.3 III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de


consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade
de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre
consumidores e fornecedores;

Para que o art. 170 seja possível, esse inciso possibilita a instrumentalização
a fim de promover o equilíbrio e a boa fé nas relações de consumo.

O inciso tem como objetivo harmonizar a relação comercial, mantes a


tranquilidade e a paz entre as partes envolvidas, para isso o uso da boa fé é
fundamental por parte de quem fornecer o produto ou serviço para gerar uma
experiência agradável dentros dos anseios daquele que consome com base no que
foi apresentado ou prometido.

A intenção é minar os abusos por parte do fornecedor e que os contratos


sejam claros e favoreçam a compreensão do consumidor, para que assim haja
equilíbrio, mantenha uma relação de consumo saudável e haja harmonia.

Importante que os contratos não sejam objeto de vantagem indevida ou


excessiva para um ou para outro.
1.4 IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto
aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;

O inciso institui que deve ao Estado e ao fornecedor implementar e


disponibilizar ao consumidor a fim de que tenha acesso a informação dos seus
direitos e possa requerê-lo.

O ideal que a educação para o consumidor estivesse no currículo obrigatórios


dos ensinos básicos públicos, para que desta forma o cidadão pudesse se
desenvolver conhecendo seus direitos e assim disseminar o conhecimento.

O Decreto 1.306/1994, determina, que o Conselho Federal Gestor do Fundo


de Defesa de Direitos Difusos deve promover atividades e eventos para
conhecimento dos direitos do consumidor.

                           

1.5 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de


controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de
mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;

Importante entender que a qualidade não se limita a adequação dos produtos


a normas técnicas, mas sim vir de encontro com a satisfação do consumidor, e as
empresas precisa estar atentas a isso.

“Surfando nessa onda” há empresas que usam de estratégias de marketing


para ficar do lado do consumidor e incentivar o consumo de seus produtos
desqualificando um produto concorrente.
Uma boa prática que as empresas adotam é o de pedir feedback de seus
clientes e com isso desenvolver melhorias para que tenham seus processos
adaptados as necessidade do consumidor.

Outro ponto relevante a prevenção de danos, desta forma evitar certos


produtos ou serviços que possam ocasionar risco a segurança do consumidor, e isso
precisa ser uma prioridade para os fornecedores.

1.6 VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no


mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de
inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos
distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;

O código de defesa do consumidor possui os mecanismos para coibir e


repreender todos os tipos de abusos que podem ser praticados no mercado de
consumo, incluso a concorrência desleal, pirataria e qualquer artifício que prejudique
o consumidor.

Outra medida protetiva é o de inibir o abuso do poder econômico e minar a


concorrência, o estado tem poder para manter a livre concorrência e dar opções ao
consumidor.

A livre concorrência é benéfica pois as empresas precisam buscar diferenciais


para se destacar e é nesse momento que a qualidade dos produtos e serviços
melhoram.

Outra prática abusiva que requer atenção é o aumento arbitrário dos preços,
principalmente em época de crise, maus empresários tendem a abusar dos preços
como forma de elevar seu poder econômico abusando dos demais, assim como os
monopólios que dominam o mercado e definem arbitrariamente os preços. Também
pode ocorrer com combinados entre os concorrentes para elevação dos preços e
assim aumentar arbitrariamente os lucros.
1.7 VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;

Como cabe ao poder pública a disponibilidade de serviços básicos essências


a população como transporte público, saneamento básico, telefonia, energia elétrica,
correios e etc. Independente de estar atrelado ao governo se exige a mesma
qualidade, segurança, desempenho da iniciativa primária, conforme art.22 do CDC.

O não cumprimento do disposto acarretará às mesmas medidas de restituição


que são empregadas a iniciativa privada, e por se tratar do setor público, deveria ser
a que melhor dá o exemplo, deveria!

1.8 VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Há necessidade de entender o mercado e as práticas vigentes pois o


mercado evolui e o CDC precisa dessas atualizações para que não hajam brechas
que possam prejudicar os consumidores

2 ARTIGO 5º

Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo,


contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:

A filosofia de defesa do consumidor se fundamenta nas boas relações de


consumo e para isso há instrumentos importantes no código para o consumidor.
Uma dessas ferramentas é a assistência jurídica gratuita garantida pelo estado por
um mandamento constitucional.
2.1 I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o
consumidor carente;

O Estado tem que prestar assistência jurídica integral e gratuita quando o


indivíduo comprova a insuficiência de recursos para exigir direitos baseados no
CDC, essa é uma forma de criar equilíbrio e não segmentar os direitos previstos no
CDC apenas aqueles com poder econômico que permite investir em um processo
legal, desta forma o CDC fica democratizado dando a oportunidade de todo cidadão
exigir seus direitos diante do fornecedor acusado.

2.2 II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no


âmbito do Ministério Público;

Em vários estados existem promotorias dedicadas a defesa dos direitos do


consumidor em âmbito individual e coletivo com base na lei nº 7.347/85.

O ministério público em defesa do consumidor em locais que não existam


Procon ou outros órgãos oficiais de defesa do consumidor.

O trabalho da promotoria visava harmonizar as relações comerciais


estremecidas por meio de acordos e conciliação entre fornecedor e consumidor,
atualmente os PROCON’s realizam esse papel e outros órgãos oficiais de defesa do
CDC.

Na esfera coletiva vários inquéritos civis são instaurados principalmente


quando as denúncias se relacionam a saúde do consumidor, como vemos caso da
cervejaria de Minas Gerais que já tomou até proporções ainda maiores na esfera
criminal, denúncias relacionadas a segurança, qualidade dos produtos e serviços,
publicidade enganosa com o caso da empresa Empiricus no caso “Bettina”,
quantidade apregoada dos produtos e clausulas abusiva que lesam o consumidor.
As atribuições da promotoria são detalhadas no Ato PGJ-CGMP nº 168, de 21
de dezembro de 1998 (“Manual de Atuação Funcional dos Promotores de Justiça do
Estado de São Paulo”)

2.3  III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de


consumidores vítimas de infrações penais de consumo;

Órgão fundamental na apuração de denúncias de delitos contra as relações


de consumo, vários estados contam com Delegacias de Ordem Economica que são
especializadas em apurar delitos contra a economia popular.

Em São Paulo por exemplo tínhamos o DECON (Departamento Estadual de


Polícia do Consumidor) que investigava denúncias de delitos contra a saúde pública
e ao meio ambiente e a economia popular por meio de suas divisões (Divisão de
Investigações de Infrações contra a Saúde Pública e o Meio Ambiente e a Divisão de
Investigações de Infrações contra a Economia Popular).

Em 2005 em São Paulo foi criado o dentro da Polícia Civil do Estado de São
Paulo, da Secretaria de Segurança Pública, o Departamento de Polícia de Proteção
a Cidadania (DPPC) que tem as atribuições muito semelhantes ao DECON.

O Ministério Público tem que buscar a especialização para apurar de forma


mais técnica denúncias dessa ordem.

2.4 IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas


Especializadas para a solução de litígios de consumo;

Quando bem organizados e estruturados são de grande ajuda as promotorias


e PROCON dando bastante vazão em questões de ordem individual, sendo recurso
muito importante para solução de litígios de consumo.
As Varas Especializadas tem como maior foco os casos coletivos, porém há
casos que fogem do alcance dos juizados de pequenas causas e que são atendidos
por essas varas devido complexidade e a necessidade de maior especialização e
analise.

2.5 V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das


Associações de Defesa do Consumidor.

São importantes recursos para discussão e debate de temas relacionados ao


direito do consumidor, onde são harmonizadas as propostas que são levadas aos
órgãos públicos e movimentos populares de reinvindicação de direitos.

Uma associação que tem notoriedade é o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa


do Consumidor) situado em São Paulo que realiza pesquisas, presta assistência
jurídica, ajuíza ações públicas e coletivas em benefício do consumidor geral.

Outro de destaque é o BRASILCOM (Instituto Brasileiro de Política e Direito


do Consumidor) que tem como maior objetivo estudos jurídicos sobre o tema e
promove congressos e debates públicos, assim como o IBRAC(Instituto Brasileiro de
Estudos sobre Direito do Consumidor e Direitos da Concorrência).

O Brasil ainda “engatinha” nesse sentido, em vista de ainda ter poucas


associações que se dedicam ao interesse do consumidor, em um mercado que tem
tanta demanda tamanho o desrespeito observado em todas as esferas, nos EUA
existem milhares de associações e bem segmentadas a pontos de interesse dos
grupos associados, talvez falta um pouco de interesse e organização para que
evolamos nesse sentido.
REFERÊNCIAS

DIREITOCOM PONTOCOM. ARTIGO 4º. Disponível em:


https://www.direitocom.com/codigo-de-defesa-do-consumidor-comentado/titulo-i-dos-
direitos-do-consumidor/capitulo-ii-da-politica-nacional-de-relacoes-de-consumo/artigo-
4o-4. Acesso em: 30 jun. 2020.

GOV.BR. LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em: 30 jun. 2020.

FILOMENO, J. G. B. CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:


Comentado pelos autores do anteprojeto. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
p. 71-143.

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