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DOENÇAS DO MILHO – Colletotrichum gaminicola

Dentre os inúmeros fatores que acometem a cultura do milho no campo


podemos evidenciar a incidência de doenças. A implantação das lavouras em
cultivo mínimo e plantio direto, bem como a não utilização de rotação de
cultura, contribuíram para o aumento da ocorrência de antracnose em plantas
de milho. A ocorrência desta doença já foi registrada nos estados de GO, MG,
MT, MS, SP, PR e SC.

Etiologia
A espécie de fungo C. graminicola é o agente causador de antracnose
no limbo foliar e no colmo de plantas de milho. A capacidade de infectar todas
as partes da planta de milho, causando diferentes sintomas em folhas, colmos,
espigas, raízes e pendões é característica marcante da espécie.

Epidemiologia
Este patógeno possui a capacidade de sobreviver em restos de cultura e
sementes, na forma de micélio e conídios (estruturas de infecção) dentro de
acérvulos (estrutura de frutificação). Sua disseminação ocorre na forma de
conídios, os quais são carregados pelos respingos da chuva, e seus sítios de
infecção são os pontos de junção das folhas com o colmo ou em raízes. A
manifestação do patógeno ocorre, preferencialmente, na fase de plântula e
após o florescimento, sendo favorecida pela ocorrência de altas temperaturas e
umidades durante longos períodos.

Sintomas
A formação de lesões encharcadas, estreitas, elípticas, verticais ou
ovais, na casca do caule da planta de milho caracteriza a antracnose no colmo.
Tais lesões evoluem apresentando coloração marrom-avermelhada e,
posteriormente, marrom-escura a negra, podendo coalescer, formando
extensas áreas necrosadas de coloração escura-brilhante (Figura 1a, 1b e 1c).
O tecido interno do colmo apresenta, de forma contínua e uniforme, coloração
marrom-escura podendo se desintegrar, levando a planta à morte prematura e
ao acamamento. Os sintomas tornam-se mais visíveis após o florescimento,
mesmo que tal patógeno possa infectar as plantas desde as fases iniciais de
seu desenvolvimento.
Figura 1 – Sintoma de antracnose, (a) no colo da planta (Foto: agrolink.com.br),
(b) na casca do colmo de plantas na linha e (c) coalescidas no colmo (Fotos:
Luciano V. Cota, Embrapa, 2009).

Nas folhas, a antracnose pode manifestar-se em lesões de até 1,5 cm de


comprimento, porém de formas variadas, o que, muitas vezes, torna difícil sua
identificação (Figura 2a). Quando ocorre nas nervuras, caracteriza-se pela
formação de lesões necróticas, de aspecto marrom e formato elíptico (Figura
2b). Nesta situação, é possível a visualização dos acérvulos, que são as
estruturas de frutificação do patógeno (Figura 3).

Figura 2 – Sintoma de antracnose, (a) no limbo e (b) nas nervuras de folhas de


milho (Foto: Carlos R. Casela, Embrapa, 2006).
Figura 3 – Sintoma de antracnose, com detalhe dos acérvulos no interior das
lesões em folhas de milho (Foto: Marcelo Madalosso).

Estratégias de manejo
Utilização de cultivares resistentes, rotação de culturas e tratamento de
sementes com fungicidas. Realizar adubações de acordo com as
recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas de
milho. Aração e gradagem são práticas que, associadas à rotação de cultura,
reduzem significativamente a quantidade de inóculo do patógeno no solo e
consequentemente a intensidade da doença nas próximas semeaduras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRIOS, G. N. Plant Pathology. New York: Academic Press, 1997.
COSTA, R. V.; COTA, L. V.; CASELA, C. R. Doenças. In: CRUZ, J. C. Sistema
de produção de milho. 5. ed., Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2009.

Autores
Heraldo Skrebsky Cezar, MSc. em Engenharia Agrícola
Ricardo Balardin, PhD. em Fitopatologia

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