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Introdução

A sucessão testamentária são as regras impostas em um testamento, decorrente da


manifestação de última vontade do testador, sobre a disposição de seus bens após sua
morte.

O ordenamento jurídico brasileiro admite duas formas de formulação de


testamentos. As formas ordinárias e as especiais.

Os testamentos especiais não são de livre escolha do depoente, possuem alguns


requisitos específicos, de tal forma, que o autor da herança poderá testar somente quando
se encontrar em determinadas situações excepcionais, conforme dispõe a lei.

As modalidades testamentárias especiais estão previstas nos artigos 1886 a 1896 do


Código Civil, não admitindo outras formas de testamentos especiais além dos
contemplados na legislação pátria segundo o artigo 1.887:

“Art. 1.887. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados
neste Código.”

Por fim, além das normas específicas que norteiam a elaboração dos testamentos
especiais, a eles também se aplicam os princípios e regras referente a capacidade
testamentária ativa, capacidade para adquirir o testamento, proibição do testamento
conjuntivo, ordem de vocação hereditária, a quota indisponível dos herdeiros necessários
a disposição testamentaria em geral, entre outros.

Testamento Marítimo

O testamento marítimo poderá ser elaborado diante do iminente risco de vida e


impossibilidade de desembarque em algum porto, quando o passageiro ou tripulante de
embarcação nacional, de guerra ou mercantes em aguas fluviais, lacustre ou em alto-mar,
exigindo-se a presença de duas testemunhas, o registro do testamento no diário de bordo
sendo o mesmo, compatível ao público ou cerrado.

Segundo o artigo 1.890, o testamento ficará sob guarda do comandante do navio


ou embarcação, que entregará as autoridades administrativas do primeiro porto, ou contra
recibo averbado no diário de bordo.

Art. 1.890. O testamento marítimo ou aeronáutico ficará sob a guarda do


comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou
aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo.

Nesse sentido, assevera o ordenamento jurídico pátrio no artigo 1.892, que não
valerá o testamento marítimo, se o navio estava atracado em algum porto onde o testador
pudesse testar na forma ordinária no momento da elaboração, ainda que no curso de uma
viagem. Veja-se:
Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma
viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse
desembarcar e testar na forma ordinária.

Posto isso, nota-se sobretudo que a caducidade do testamento, está submetida à


morte do testador durante a viagem ou noventa dias subsequentes do seu desembarque em
terra conforme o artigo 1.891 do Código Pátrio.

Testamento Aeronáutico

O artigo 1.889 do Código Civil conceitua da seguinte forma, as situações em que o


testador poderá elaborar o testamento aeronáutico:

“Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar


perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente”

É o testamento feito durante viagem, aborto de aeronave militar ou comercial,


quando o autor da herança estiver acometido por mal súbito ou grave estado de saúde.
Considerando que não adianta só estar a bordo, tem que estar em viagem.

Como se pode observar, os requisitos do testamento aeronáutico são os mesmos


do testamento marítimo. A caducidade do testamento aeronáutico por exemplo, ocorrerá
da mesma forma que o testamento marítimo, conforme preceitua o Código Civil.

Todavia, Carlos Roberto Gonçalves aborda em sua obra, que o comandante não
pode participar da formulação do testamento, já que está envolvido com a pilotagem da
aeronave. Portando, o piloto deverá designar um terceiro para receber as informações do
testador e lavrar o testamento.

Ainda nesse sentido, é interessante destacar que a forma cerrada torna-se quase
que impossível no que se refere ao testamento aeronáutico. Nessa toada, vale mencionar o
entendimento de Carlos Roberto Gonçalves. Veja-se:

“A maneira mais prática é o ditado da disposição de bens à pessoa designada pelo


comandante e a leitura por ela feita, ao testador e as duas testemunhas, após a lavratura do
instrumento, com a assinatura de todos. Se o testador estiver passando mal e não tiver
condições de assinar, a pessoa que fizer às vezes do notório assim o declarará, assinando
pelo testador, e a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.”

Dessa forma, após a lavratura o comandante irá registrar o testamento no diário


de bordo e procurar a autoridade administrativa e entregar o testamento, desde que esteja
em território nacional. Essa entrega ocorre mediante recibo no diário de bordo.

Testamento Militar

A presente modalidade de testamento é facultado aos militares ou civis a serviço


das forças armadas, quando encontrarem-se em campanha, missão, exercício dentro ou
fora do Brasil, em praça sitiada ou com comunicações interrompidas, que não haja tabelião
ou seu substituto legal. O testamento deverá ser confeccionado perante duas ou três
testemunhas e caso o testador não possa assinar, uma delas assinará por ele, de acordo com
as hipóteses presentes nos parágrafos do artigo 1.893 do Código Civil:

“§ 1o Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento


será escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior.

§ 2o Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito


pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.

§ 3o Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele
que o substituir.”

Destaca-se que o testamento militar poderá se revestir de três formas distintas: a


assemelhada ao testamento público e as correspondentes ao testamento particular ou
cerrado e nuncupativa. A legislação pátria assevera claramente, a forma que esses
testamento deverão ser confeccionados.

Ademais, para que o testamento militar público caduque, em regra, será


necessário que após a elaboração deste o testador esteja a mais de noventa dias, em local
que possa testar na forma ordinária, já o testamento militar cerrado ou particular não há
caducidade por força de lei. Na forma nuncupativa também não há caducidade, porque ou
o testador morre e o testamento passa a ter eficácia ou não morre e o testamento
simplesmente não existe.

Considerações finais

Por todo o exposto, conclui-se que essas modalidades de testamento são usadas
apenas em situações especificas, emergenciais e de iminente risco quando o testador não
tem condições de testar por outro meio. Tem por finalidade garantir ao autor da herança o
direito de dispor seus bens, ainda que o mesmo, se encontre em condições extraordinárias.

Referências Bibliográficas

Código Civil Brasileiro 2014. In: Vade Mecum Saraiva. 18ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2014.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol.


6. Direito das Sucessões. 25ª Ed. São Paulo: Saraiva. 2011.

Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Vol. 7. Direito das Sucessões -
6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

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