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Módulo 5: 4/6

Capítulo 4: A Economia Política Marxista.

Marx desenvolveu os princípios da Economia Política Marxista. Entre 1844 a 1859, a


maior parte dos seus escritos são críticas à economia política burguesa e aos
economistas ingleses, principalmente contra a tese de que o capitalismo era um sistema
permanente e universal. Pelo contrário, Marx pontuou que o capitalismo – devido às
suas contradições – seria superado e substituído por outro modo de produção. Em O
Capital, sua principal obra, descobriu e analisou as leis econômicas do capitalismo. As
análises das relações de produção na sociedade capitalista em sua origem,
desenvolvimento e declínio formam o conjunto da economia política de Marx.

Os economistas burgueses sempre analisaram as relações entre coisas, da simples troca


de mercadorias por outras. Marx, no entanto, analisou as relações entre as classes
sociais. Sua análise começou sobre a questão da mercadoria sob o modo de produção
capitalista que “não era simplesmente um intercambio de coisas, senão que de fato,
expressava a relação entre indivíduos produtores na sociedade que se uniam através do
mercado. Apesar de que o intercâmbio de mercadorias existe desde a antiguidade, foi só
com o desenvolvimento do dinheiro e a ascensão do capitalismo que alcançou sua forma
ao interconectar a vida econômica de milhões de produtores individuais em toda a
sociedade como um todo. O capitalismo converte a força de trabalho em mercadoria,
comprada e vendida livremente no mercado”.

O trabalhador vende sua força de trabalho aos proprietários dos meios de produção, ao
capitalismo. O salário é, em partes, pago ao trabalhador para sustento de sua
subsistência e da sua família; a outra parte, para reprodução e manutenção de riquezas
do capitalista, onde o trabalhador nada ganha com isso, Marx deu o nome de mais-valia.
Esta é a fonte de riqueza para as classes capitalistas.
O descobrimento do conceito da mais-valia expõe a natureza da exploração capitalista
sobre as classes trabalhadoras. Também foi trazida por Marx a origem do antagonismo
entre o proletariado e a burguesia. Este antagonismo de classes é a principal
manifestação da contradição fundamental da sociedade capitalista: a contradição entre o
caráter social da produção e o caráter privado da propriedade. Esta descoberta da mais-
valia é definida por Engels como a segunda maior descoberta de Marx (junto com o
descobrimento da concepção materialista da historia). Lenin definirá a doutrina da mais-
valia como a pedra angular da teoria econômica marxista. Marx também analisa em
detalhe as periódicas crises econômicas que em repetidas ocasiões afetavam ao
capitalismo.

As crises do capitalismo fazem parte das contradições fundamentais deste modo de


produção. Os economistas burgueses defendiam que não haveria crise no capitalismo,
pois a autorregulação do mercado resolveria qualquer problema apontado. No entanto,
Marx mostrou que a própria natureza do trabalho, sob o capitalismo, levaria
inevitavelmente às crises. O acúmulo ambicioso de riquezas pelos capitalistas,
aumentando a produção de forma insana. No entanto, ao mesmo tempo, o capitalismo
mantém taxas elevadas de mais-valia, reduzindo salários dos trabalhadores e levando-os
à pobreza. Exemplo o que vivemos hoje após a crise sanitária do novo coronavírus. O
capitalismo não se sustenta sem a exploração do Homem pelo Homem. Os
trabalhadores correspondem a grande maioria da população e sua pobreza significa
redução automática no consumo dos bens que eles mesmos produzem. Mas a produção
de mercadorias aumenta: “Isto, naturalmente, deu lugar a uma severa contradição entre
a expansão da produção e à contração do mercado. O resultado foi a crise de
superprodução, onde o mercado se abarrotou de bens não vendidos”. Muitos burgueses
vão à falência. O desemprego aumenta. As mercadorias permanecem inúteis no
mercado devido à baixíssima demanda. É a anarquia da produção.

O caráter privado da propriedade foi outra questão analisada por Marx. Marx demostrou
que a força social que faria a revolução foi criada pelo mesmo capitalismo: a classe
operária. O proletariado consciente não tem interesse em continuar no atual sistema de
exploração e propriedade privada. Tem interesse e capacidade de edificar o socialismo.

Marx analisou a forma em que cada crise intensifica as contradições do sistema


capitalista. Descreveu a concentração das riquezas, a cada crise, nas mãos de menos
capitalistas O crescimento das contradições leva o proletariado consciente a desenvolver
formas de lutas e chegar às revoluções. Partindo da unidade econômica, Marx
demonstrou que é necessária a revolução socialista e o seu desenvolvimento até o
comunismo.

Marx e a Classe Trabalhadora

Marx e Engels estiveram profundamente ligados aos grupos revolucionários comunistas


desde a década de 1840. Foram líderes da Liga Comunista, que juntava revolucionários
de toda a Europa e redigiram o Manifesto do Partido Comunista que foi o
documento/programa desta organização. Já em 1848, o marxismo se tornava influente
entre as massas trabalhadoras, embora fosse um entre tantas correntes do socialismo
revolucionário. As revoluções burguesas de 1848 aconteceram em todo continente
europeu e Marx e Engels, residentes em Bruxelas (Bélgica) mostraram na prática as
análises dos acontecimentos e, por conta da atuação dos dois líderes, foram obrigados a
deixar o país e irem viver em Paris, no calor dos acontecimentos. Em 1849 voltam a
Alemanha e criam o Nova Gazeta Renana (Neue Rheinische Zeitung), que serviu como
órgão de propaganda da linha revolucionária da Liga. “O periódico defendia a linha de
apoio a democracia burguesa radical como resultado a revolução democrático-burguesa,
e como principal objetivo na Alemanha”. Marx e Engels trataram de formar um partido
massivo de trabalhadores, unindo as distintas associações de trabalhadores das mais
diversas províncias da Alemanha. O periódico durou um ano. Com o colapso da
revolução na Alemanha e em outras partes de Europa, o periódico fechou e Marx foi
expulso da Prússia devido sua atuação jornalística neste período. Engels permaneceu na
Alemanha, lutando como um soldado entre os revolucionários até o fim. Apo´s o fim
das revoluções, Engels conseguiu escapar e voltou a se unir a Marx em fins de 1849 em
Londres.

O resultado desta época está em trabalhos como As lutas de classes na França de 1848
a 1850 e O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Foram os primeiros trabalhos de Marx sob
a ótica do materialismo histórico e dialético. As classes foram analisadas uma a uma e
suas correlações de forças dentro do processo revolucionário. Ao mesmo tempo, Marx e
Engels trabalharam com energia para unir as débeis organizações da classe operária.
Devido às perseguições, a Liga Comunista foi dissolvida em 1952. O trabalho de
construção da I Internacional dos Trabalhadores estava se iniciando.

A única fonte de recursos para Marx eram os artigos que ele escrevia para o The New
York Tribune. Obviamente, esta fonte era insuficiente para sustentar a grande família de
Marx. Passaram por crises como desemprego, fome e miséria, sem falar na morte da sua
filha recém-nascida. Marx também começou a ter sérios problemas de saúde e mesmo
assim continuava seu trabalho. Nesta época, Engels foi o principal apoio financeiro à
família e ao próprio Marx. Engels voltou a trabalhar nas empresas do seu pai, mas, desta
vez, como empregado por 20 anos e, depois, como sócio.

Os dois continuam as pesquisas e escritos, a maioria das vezes trocavam suas ideais e
descobertas através de uma vasta correspondência. Destes esforços os líderes fundam,
em 1864, a I Internacional (Associação dos Trabalhadores). Marx se converte em seu
líder e responsável pelo primeiro programa e estatuto da I Internacional. Esta
organização contou com a participação de revolucionários de várias correntes do
socialismo em países da Europa e América.

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