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04/07/2020 Após isolamento internacional, Bolsonaro é aconselhado a demitir ministros radicais, como Salles e Araújo - Politi…

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Após isolamento internacional, Bolsonaro é aconselhado a


demitir ministros radicais, como Salles e Araújo
O chefe do Executivo tem ouvido de auxiliares e parlamentares que chegou a hora de fazer
mudanças em setores de grande repercussão no exterior

JV Jorge Vasconcellos - Correio Braziliense (https://www.em.com.br/busca?autor= Jorge Vasconcellos - Correio Braziliense)

postado em 03/07/2020 14:43 / atualizado em 03/07/2020 14:53

Ernesto Araújo e Ricardo Salles estão na mira da ala militar do governo


(foto: Mandel Ngan/AFP - Sergio Lima/AFP)

Depois de baixar o tom na relação com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, o presidente
Jair Bolsonaro agora está preocupado com os prejuízos do discurso radical do governo para política
externa. No momento em que o país enfrenta o maior isolamento internacional de sua história, o chefe
do Executivo tem ouvido de auxiliares e parlamentares que chegou a hora de fazer mudanças em setores
de grande repercussão no exterior, como a diplomacia e o meio ambiente.

Os ministros da Casa Civil, Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, são os
principais conselheiros de Bolsonaro nessa discussão, após articularem uma trégua entre o Executivo e
os demais Poderes. Na avaliação desses generais, o recuo nos ataques ao STF era urgente, ante o avanço

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de investigações incômodas para o Planalto, como o inquérito que apura se o presidente tentou interferir
politicamente na Polícia Federal.

Na mira dos dois representantes da ala militar do governo, agora, estão os ministros Ernesto Araújo, das
Relações Exteriores, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Ambos também são os mais citados, no meio
político, em conversas sobre uma possível reforma ministerial.

O viés ideológico da gestão de Araújo no Itamaraty, motivo de sucessivos embates com organismos
globais, é visto por interlocutores do presidente como um obstáculo à recuperação da imagem do Brasil
no exterior, agora ainda mais manchada em razão dos números trágicos da pandemia do novo
coronavírus. Já a política ambiental, conduzida por Salles, tem sido alvo de ameaças de retaliações
comerciais ao Brasil, em um momento de grave retração econômica.

Araújo, diante de rumores sobre sua saída do governo, vem tentando mostrar serviço. Na terça-feira,
ordenou que todas as divisões do Itamaraty produzissem uma relação das ações desenvolvidas pelo do
ministério desde o início do governo. De visitas oficiais ao exterior a acordos assinados.

O isolamento internacional do Brasil subiu de patamar nesta semana. Na segunda-feira, autoridades


sanitárias da China suspenderam a compra de produtos de três frigoríficos brasileiros, em razão da
gravidade da pandemia no país. Ontem, a União Europeia reabriu suas fronteiras externas e deixou
entrar no bloco apenas turistas de 14 países que conseguiram barrar o avanço da COVID-19. Brasil e
Estados Unidos ficaram fora da lista. No fim de maio, o presidente americano, Donald Trump, já havia
imposto restrições à entrada de pessoas procedentes do Brasil.

Na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota informando que “vem
acompanhando permanentemente os trâmites internos da UE com vistas à reabertura coordenada das
fronteiras”. A pasta acrescenta que “a lista será revista e poderá ser atualizada periodicamente, a cada
duas semanas, com base na evolução do quadro epidemiológico em cada país”.

Para o professor Juliano da Silva Cortinhas, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de


Brasília (UnB), essas medidas restritivas se devem a uma política externa equivocada, ao avanço do
desmatamento no Brasil e a deficiências na resposta do país à pandemia. “Esse isolamento imposto ao
Brasil é uma consequência direta da irresponsabilidade brasileira na mitigação da crise do novo
coronavírus”, destacou. “Nós vamos, a partir de agora, pagar um alto preço, tanto em vidas quanto em
medidas que nos restringirão a capacidade de nos movimentarmos pelo sistema internacional.”

Panos quentes
Na quarta-feira, Ricardo Salles tentou minimizar uma eventual demissão. “Se ele quiser trocar o
ministério, tem todo o direito de fazer isso, no Meio Ambiente ou em qualquer outro. Então, acho que
isso não tem problema nenhum, o governo é dele”, frisou, em entrevista à Rádio Jovem Pan. Ele
ressaltou, ainda, que na política há sempre gente querendo fazer intrigas. “Isso faz parte da vida
pública, da política.”

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