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Escola Politécnica da USP

Departamento de
Engenharia Hidráulica e
Ambiental - PHA

PHA2537

ÁGUAS EM AMBIENTES URBANOS

Prof. Dr. Kamel Zahed Filho


Prof. Dr. José Rodolfo Scarati Martins
Profª. Drª. Mônica Ferreira do Amaral Porto

Relatório

Facilitadores de infiltração e qualidade das águas

Grupo:

Christiane Assunção Fuziy N° usp 5894675


Guilherme Fabiani de Carvalho N° usp 4679871
Luis Gustavo Lima do Nascimento N° usp 5946690
Marcelo Okamoto Martinelli N° usp 5894421
Victor Maimoni Soares dos Santos N° usp 5745132

2012
1. Facilidade de infiltração
As alternativas que promovem maior infiltração da água das chuvas no solo têm grande
importância na diminuição do risco de inundações. Isso se deve ao amortecimento que seu
armazenamento provoca no pico do hidrograma da bacia hidrográfica, diminuindo as vazões
escoadas para a jusante e promovendo também a recarga dos lençóis freáticos. Em bacias
hidrográficas metropolitanas, esses tipos de obras estruturais visam um desenvolvimento de
baixo impacto, compensando as alterações feitas pelo homem no meio ambiente, tornando o
local mais próximo do seu estado natural.

2. Trincheiras de Infiltração
As trincheiras de infiltração são estruturas lineares e pouco profundas que podem ser
instaladas junto à superfície ou sob o solo a pequena profundidade. Elas favorecem a
infiltração e o armazenamento temporário das águas pluviais.

Elas podem ser usadas em áreas industriais, em estacionamentos, em parques e ao longo de


ruas e avenidas para infiltração de água das áreas urbanas pavimentadas. Para a sua
instalação é necessário que o solo tenha alta permeabilidade e o lençol freático em um nível
seguro, mais baixo do que a trincheira.

Este dispositivo trata-se de valas, que nos sistemas convencionais, são preenchidas total ou
parcialmente com material granular, como britas e seixos. Apesar de diminuir o volume útil da
trincheira, o preenchimento da vala é importante, pois estabiliza os taludes, evitando
desabamentos, e também possibilita a utilização em planta da área da vala. Nas laterais, deve
ser feito o revestimento com manta geotêxtil ou com material fino, que funcionaram como filtro,
visando diminuir a entrada de detritos e “sujeira” vinda do solo vizinho e da água, que poderão
causar a colmatação da estrutura, diminuindo sua permeabilidade e, por consequência, sua
efetividade. A figura 01 mostra o corte transversal de uma trincheira drenante.

Figura 01- Corte transversal de uma trincheira drenante.


Fonte: Álvaro Rodrigues dos Santos

O funcionamento das trincheiras é bastante simples. A entrada de água pode ser feita
diretamente pela sua superfície ou por coleta de uma rede ligada à trincheira. A evacuação das
águas que entram na estrutura pode ser feita de duas formas; por infiltração, onde a água
acumulada irá se infiltrar pela base e pelas laterais da trincheira, sendo neste caso trincheiras
de infiltração, ou as trincheiras podem evacuar a água em um meio natural. Neste caso, trata-

1
se de trincheiras de detenção, e esta evacuação é controlada à jusante. Este tipo de trincheira
terá apenas a finalidade de aumentar o tempo de vazão.

Após o armazenamento, a água irá se infiltrar no solo. De acordo com (ROESNER; URBONAS,
1992) apud (PINTO; 2011) este tempo de infiltração deve estar entre 48 e 72 horas, visando
uma efetividade da estrutura para chuvas consecutivas.

Segundo Carvalho (2010), existe também uma alternativa para se fazer as trincheiras de
infiltração utilizando garrafas PET, assim como mostra a figura 02 abaixo.

Figura 02 - Trincheira drenante com reutilização de garrafas PET.

O uso de garrafas PET como material alternativo para a construção de trincheiras, apesar de
trazer maior dificuldade de implantação, possibilita um maior potencial de armazenamento no
interior das trincheiras, além disso, contribui para mitigar o problema ambiental gerado pelo
excesso de garrafas PET que são jogadas no meio ambiente.

As trincheiras drenantes apresentam entre suas principais vantagens infiltrar e armazenar a


água das chuvas, diminuindo a vazão e amortecendo o pico do hidrograma local, isso
possibilita também um menor dimensionamento dos sistemas de drenagem a jusante. Essa
infiltração também possibilita a recarga do lençol freático. Outras vantagens também são seu
baixo custo e simplicidade de implantação, aliado à possibilidade de baixa ou nenhuma
interferência na paisagem.

A principal desvantagem deste método é a difícil precisão da vida útil dele, principalmente
devido aos efeitos advindos da colmatação, que causará o “entupimento” da estrutura. Serão
necessários cuidados desde a construção até uma manutenção periódica.

A manutenção poderá ser feita através de tubos de PVC perfurados, que atravessam toda a
estrutura de cima a baixo, tendo uma tampa removível em cima, com ele é possível verificar o
nível da água na trincheira e o tempo que este leva para baixar, analisando assim a velocidade
de infiltração da trincheira. Quando esta velocidade se reduz muito, deve ser aplicada uma
manutenção corretiva, substituindo o material da trincheira.

Outra limitação do método é quanto à permeabilidade do solo, se esta for muito baixa, a
estrutura levará muito tempo para esvaziar, perdendo efetividade para chuvas consecutivas.
Segundo (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUDl, 2005) a permeabilidade do solo deve ser
maior do que 10-7m/s. Caso seja menor, a infiltração não deve ser o único meio de evacuação.

Um problema a ser tratado também é a possibilidade de contaminação do lençol freático pela


água infiltrada.

Para realizar o dimensionamento é necessário determinar o período de retorno a ser atendido


por um sistema de trincheiras de infiltração. Existem diversos métodos para dimensionar as
trincheiras, em geral, eles baseiam-se no balanço hídrico no interior da trincheira, ou seja, o
volume de armazenamento é obtido subtraindo-se o volume de saída do volume de entrada. As
principais variações entre os métodos esta na forma de obtenção dos volumes de entrada e
saída.

Segundo o Método BRE Digest 365 (BRE, 1991) apud (PINTO, 2011), o volume de
armazenamento é dado por:

Va = i. A. D – f. a50. D
Equação 1: Volume de armazenamento

Onde:
i ; Intensidade da chuva [m/h]
A; Área impermeabilizada [m²]
D; Duração da chuva de projeto [h]
f; Taxa de infiltração do solo [m/h]
a50; Área específica de infiltração [m²]

A capacidade de armazenamento da trincheira será dada por:


= ℎ. . . μ
Equação 2: Capacidade de armazenamento

Onde:
h; Altura da trincheira.
B; Base da trincheira.
L; Comprimento da trincheira.
µ; Porosidade do material da trincheira.

3. Valas de Infiltração
As valas de infiltração são técnicas de infiltração bastante antigas e simples, elas são
constituídas por depressões no terreno, usualmente com revestimento vegetal, que visam
recolher as águas pluviais, promover o seu armazenamento temporário e, por fim, permitir a
infiltração. As valetas também podem ter a finalidade de aumentar o tempo de escoamento,
diminuindo a velocidade deste.

O funcionamento das valas é simples: o recebimento da água fluvial ocorre diretamente, sendo
armazenada dentro do volume útil da estrutura. A evacuação poderá ocorrer por infiltração ou
deságue controlado por um dispositivo à jusante. Este tipo de alternativa é mais utilizado como
estrutura de drenagem no sistema viário.
Figura 03 - Desenho simplificado de uma Vala de infiltração acompanhando a via de
tráfego. Fonte: Cartilha de Infiltração (2010)

Devido à sua simplicidade, este dispositivo apresenta baixo custo de implantação e


manutenção. Assim como outras alternativas que promovem a infiltração, as redes de
drenagem a jusante também poderão ser reduzidas.

De acordo com (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUDl, 2005) as valas também auxiliam na


filtragem do escoamento superficial, removendo sólidos em suspensão e também outros
poluentes como metais, hidrocarbonetos e bactérias, porém é importante que o lençol freático
esteja a pelo menos 1,20 metros da base da vala, para se evitar a contaminação do mesmo.

Um dos problemas de se adotar essa solução é que as valas demandam um espaço grande e
específico para sua implantação, algo que nem sempre é possível, principalmente quando se
trata de um ambiente urbano densamente habitado.

A água dentro da vala corre risco de ficar estagnada, gerando diversas implicações sanitárias e
acúmulo de lixo, causando desconforto para a população. Essas valas também não podem ser
utilizadas em terrenos com declividade alta, pois a velocidade do escoamento será alta,
podendo gerar erosão na vala. A alta velocidade de escoamento também irá diminuir a
capacidade de armazenamento do dispositivo, neste caso, pode-se construir compartimentos
ao longo da vala, como se fossem pequenas barragens.

Para o dimensionamento das valas pode-se utilizar a fórmula proposta por (WANIELISTA et
al.1986) apud (PINTO,2011).
KU. (K. Qe5/8. S13/16)
=
n3/8f
Equação 3: Calculo do comprimento da vala
Onde:
L; Comprimento da vala de infiltração [m].
Ku; 77,3
K; (V/H), Trata-se da inclinação do talude.
Qe; Vazão de entrada na vala [m³/s].
S1; declividade horizontal da vala [m/m].
n; Coeficiente de Manning das paredes da vala.
f; Taxa de infiltração do solo saturado [cm/h].
É necessário haver manutenção permanente nas valas, para que estas não se tornem um
esgoto a céu aberto, podendo haver acúmulo de água parada e lixo, que causarão maus
odores e proliferação de insetos no local. Por isso torna-se necessário aparar a grama de
maneira regular e coletar os diversos detritos depositados na estrutura.

O risco de colmatação também existe no caso das valas, quando estas começarem a acumular
muita água, faz-se necessário a retirada da vegetação atual e reposição de nova camada
vegetal.

4. Poços de infiltração
Os poços de infiltração são dispositivos pontuais e verticais, que visam favorecer a infiltração
do escoamento superficial diretamente para o subsolo. Eles devem ser utilizados em locais
com solos permeáveis ou solos que tenham uma camada superficial pouco permeável, porém
camadas mais permeáveis abaixo.

Assim como todas as alternativas que favorecem a infiltração, os poços promovem o


amortecimento dos hidrogramas, diminuindo o pico e aumentando a sua base. Uma grande
vantagem dessa alternativa é a pequena área em superfície ocupada por ela, tornando fácil a
sua integração com o ambiente urbano.

Esta alternativa é bastante efetiva para a recarga do lençol freático. Em muitos países essa
alternativa é feita exclusivamente com a finalidade de recarregar o lençol freático. Porém, é
necessário que se tenha um cuidado especial com o risco de contaminação do lençol freático,
por isso é muito importante conhecer a composição da água infiltrada, não somente da sua
origem, mas por onde ela passa, existem diversos poluentes como hidrocarbonetos e metais
que podem ser carreados pela água da chuva. Segundo (BAPTISTA; NASCIMENTO;
BARRAUDl, 2005) para se reduzir o risco de contaminação do lençol pela água infiltrada, o
fundo do poço deve estar a pelo menos 1,2 metros do lençol freático.

O funcionamento dos poços é bastante simples: as águas pluviais deverão ser direcionadas
para os poços, diretamente pela superfície ou por rede de drenagem. Nos poços a água será
armazenada e infiltrará aos poucos no fundo e nas suas paredes.

Figura 04 - Esquema de entrada e saída da água em um poço de infiltração


Fonte (BAPTISTA et al; 2005)

Os poços são abertos no solo, devendo ser revestidos por material geotêxtil ou um solo
granular. Isso diminui a ocorrência da colmatação pela infiltração de material fino. Os poços
podem ser preenchidos por material drenante e poroso, sendo o mais indicado a brita. Quando
não são preenchidos, é necessário realizar um reforço nas paredes do poço, para evitar seu
desmoronamento. A área de armazenamento dos poços geralmente não é muito grande,
fazendo com que eles devam ser instalados como estruturas complementares ou em terrenos
menores.

Os poços não devem ser instalados próximos às fundações de estruturas pré-existentes, pois a
infiltração poderá modificar as características do solo. (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUDl,
2005) apud (ADOPTA; 2004) sugere que a distancia do poço às áreas construídas deva ser
igual à profundidade do poço.

As principais vantagens desse sistema são seu baixo custo e simplicidade de implantação,
aliada à baixa interferência na paisagem. Esta alternativa é mais indicada para áreas menores,
pois ela tem pouca capacidade de armazenamento, porém, ela também tem a vantagem de
independer do terreno, podendo ser utilizada sem problemas de declividade.

Como desvantagem, principalmente, a possibilidade de contaminação do lençol freático. Por


isso, é necessário que exista um controle da água que é drenada para os poços.

A maior preocupação com este sistema é a colmatação devido às partículas em suspensão


carreadas pelas águas. Com o tempo, essas partículas tenderão a se acumular nos vazios do
solo, entupindo o sistema, e, com isso, diminuindo muito sua efetividade. Quando isso ocorrer,
o material drenante deverá ser retirado e substituído, por isso é ideal que o poço seja
facilmente visitável. Quando a água ficar estagnada por mais de 24 horas no poço após uma
chuva intensa, é sinal de que a infiltração esta muito baixa, sendo necessária a troca ou a
limpeza do material filtrante.

Uma opção para melhorar a qualidade da água e diminuir a quantidade de sólidos em


suspensão que escoam para dentro do poço e causam a colmatação, é a instalação de
dispositivos de decantação, que receberão água fluvial, que ficará um tempo em repouso e
depois irá verter em direção ao poço, durante este repouso parte do material particulado irá se
decantar no fundo do decantador. Esta solução é mais utilizada quando o poço não é
preenchido, para os poços preenchidos, utiliza-se geralmente uma superfície permeável, como
pisos e blocos porosos, assentados sobre areia, que filtram alguns poluentes.

O dimensionamento dos poços é feito através do balanceamento da água que entra e da água
que é infiltrada.
= ! " . #$%&
Equação 4: Equação do balanceamento d'água
Onde:
Q ; é a vazão que é infiltrada no solo [m³/s]
qas ; capacidade de infiltração por unidade de superfície [m³/s/m²]
Ainf; Superfície permeável do poço. [m²]

A capacidade de infiltração pode ser calculada através de um sistema adotado na Grã-


Bretanha, segundo (PRATT et al.; 1992) apud (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUD; 2005),
calculando-se o tempo de injeção de modo que o nível de água varie de 75% para 25% da
profundidade do poço, pela seguinte equação:

.qas = S75-25
a50 . t75-25
Equação 5: Capacidade de infiltração
Onde;
S75-25; Volume de água compreendido entre 75 e 25%. [m³]
a50; Superfície interna da perfuração até 50% da altura do poço incluindo a base [m²]
t75-25; Tempo em que o nível de água passa de 75% para 50%.

Portanto, a capacidade de armazenamento do poço será o seu volume de vazios, aumentado


pela vazão de infiltração do solo.

A implantação dos poços é bastante simples, eles podem ser escavados manualmente ou
mecanicamente. É necessário analisar a resistência do solo para se evitar desmoronamentos.
Após escavado, deve-se fazer medições da capacidade de infiltração por ensaios de injeção in
situ, para se garantir a eficiência do poço.

Além das alternativas convencionais de materiais para a construção dos poços de infiltração,
podem ser utilizados materiais alternativos como os pneus usados. Segundo Carvalho (2010),
é possível utilizar esse material alternativo, o que contribui também para mitigar o problema
ambiental gerado pelo excesso de pneus usados que são diariamente descartados. A figura 05
mostra como pode ser feita a utilização dos pneus na construção dos poços de infiltração.
O principal cuidado que se deve ter nesse caso é o de executar furos na face inferior dos
pneus de modo a evitar o acúmulo de água. Qualquer que seja a técnica construtiva,
recomenda-se manter os poços fechados com tampas removíveis, de modo a facilitar a
manutenção e a evitar acidente.

Figura 05 - Poço de infiltração utilizando pneus usados.


Fonte: Jose Camapum de Carvalho
5. Pavimentação permeável
Os pavimentos permeáveis são técnicas compensatórias em drenagem urbana que podem ser
utilizadas principalmente em estacionamentos e ruas, bem como em armazéns e arenas de
esportes, por exemplo. (ASCE, 1992)
O termo pavimento aplica-se, de forma genérica, a qualquer tratamento ou cobertura da
superfície que tem como finalidade suportar tanto o tráfego de pessoas quanto o de máquinas
e automóveis e qualquer outro tipo de veículo. Pavimento permeável é aquele que permite a
infiltração de quantidade significativa de água, devido à sua porosidade, alterando a hidrologia
local, diminuindo a área impermeável e consequentemente resultando em benefícios para o
meio ambiente (VIRGILIIS, 2009). Eles têm como finalidade reduzir o escoamento superficial
causando assim um amortecimento do hidrograma e a diminuição da sua vazão máxima. Uma
desvantagem dos pavimentos permeáveis é que seu custo é mais alto do que pavimento
convencional de asfalto. Estes custos, porém, podem ser compensados pela economia feita na
não necessidade de construção de outros meios de drenagem (Structural Best Management
Practices, 2007).

Atualmente não existe norma específica referente a pavimentos permeáveis publicada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), porém, de acordo com reportagem da
PIniWeb de 11/05/2012, a prefeitura de São Paulo publicará uma especificação técnica para a
execução dos pavimentos permeáveis em vias de tráfego leve.

Os pavimentos permeáveis apresentam algumas limitações, pois quando a água infiltrada


apresenta um alto índice de contaminação, haverá impacto no lençol freático. Além disso, a
falta de controle na construção e na manutenção pode acarretar o entupimento dos dispositivos
drenantes. (ARAÚJO, TUCCI, & GOLDENFUN, 2000)

Existem dois tipos possíveis para os revestimentos de pavimentos permeáveis: revestimentos


porosos e revestimentos permeáveis.

• Revestimentos permeáveis: aqueles cujo material de fabricação não é


necessariamente poroso, mas possibilita a infiltração da água. (BUTLER & DAVIES,
2004)Um exemplo destes pavimentos são blocos de concreto, nos quais a água infiltra
em suas juntas, que podem ser preenchidas com grama, areia ou brita.

Figura 06 : Pavimento permeável


Fonte (Structural Best Management Practices)
• Revestimentos porosos: aqueles que permitem a água infiltrar pelos seus poros
(BUTLER & DAVIES, 2004). Dois exemplos deste tipo de pavimento são o concreto
poroso e o asfalto poroso.

Figura 07 : Concreto Permeável


Fonte (Caroline Mazzonetto. Infraestrutura urbana.com.br, concreto permeável;)
Figura 08 : Pavimento asfáltico drenante
Fonte (Prefeitura de São Paulo testa pavimentos permeáveis para regiões de enchentes. PIni
Web; 12/11/2009)

Os pavimentos permeáveis podem ser abordados de duas maneiras: (PINTO, 2011)

• Infiltrantes: quando a água das chuvas penetra na camada de pavimento e infiltram na


camada de subleito.
• Armazenadores: quando a água das chuvas fica retida em um reservatório e
posteriormente despejada na micro-drenagem por meio de condutos.

Figura 09: Pavimentos armazenadores e infiltrantes


Fonte: (VIRGILIIS, 2009)

A seguir pode se observar um esquema do método construtivo de um pavimento impermeável.


Como exemplo foi mostrado o bloco modular, que consiste em blocos de concreto com mais de
20% de sua superfície com vazios. Estes blocos são apoiados em cascalho e os vazios
preenchidos com areia. Eles também podem ser preenchidos com terra e grama.
Figura 10: Esquema construtivo de bloco modular.
Fonte (Structural Best Management Practices)

Figura 11: Bloco modular


Fonte (Structural Best Management Practices)

Um estudo no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do


Sul pretendia determinar as leis de infiltração e o escoamento superficial na escala pontual
para posteriormente relaciona-las com o que aconteceria em bacias maiores. (ARAÚJO,
TUCCI, & GOLDENFUN, 2000)Para o experimento foram analisados diversos tipos de
pavimentos: Paralelepípedos, blocos de concreto, concreto, blocos vazados, concreto poroso e
solo compacto.
Figura 12: Pavimentos ensaiados
Fonte: (ARAÚJO, TUCCI, & GOLDENFUN, 2000)

O experimento consistia em simular chuva sobre os pavimentos e colher dados sobre o


comportamento observado. Os dados colhidos estão demonstrados na Tabela1 e na Figura 13.
Tabela 1 : Dados colhidos no experimento

Figura 13: Gráfico de escoamento superficial em função do tempo


Fonte :(ARAÚJO, TUCCI, & GOLDENFUN, 2000)
Também foi apresentada uma tabela 2, com os custos de produção de cada tipo destes
pavimentos.
Tabela 2 : Preço por tipo de pavimento

Quanto à qualidade da água, já foram efetuadas diversas pesquisam comprovando que os


pavimentos permeáveis ajudam a melhorá-la. O estacionamento do Florida Aquarium em
Tampa, EUA, que recebe 700.000 visitantes por ano, foi construído para servir a uma pesquisa
sobre o uso de pavimentos permeáveis, comparando três tipos de superfícies: de asfalto,
cimento e concreto poroso, com pedaços com solo exposto. (RUSHTON, 2001). Os resultados
no primeiro ano mostraram que a redução de metais na água infiltrada foi de 23 a 59% no
asfalto em comparação com o solo exposto; 62 a 84 % do cimento em comparação com o solo
exposto; e de 75 a 92 % no concreto poroso em relação ao solo exposto.

Estudos na Universidade de Guelph no Canadá mostraram que a quantidade de poluentes na


água em superfícies de asfalto é muito maior do que em pavimentos permeáveis. Lá, uma
equipe de pesquisa chefiada pelo Professor William James realiza pesquisas de campo e em
laboratório desde 1993, estudando a influencia de pavimentos permeáveis na quantidade de
poluentes na água e as características térmicas. Eles comprovaram que o pavimento
permeável feito de blocos de concreto intertravados podem diminuir significativamente a
quantidade de nitrito, nitrato, fosfato, fósforo, metais e amônia na água que escoa
superficialmente. (JAMES, 1996) Além disso, durante as simulações em laboratório, os
pavimentos permeáveis diminuíram a temperatura da água escoada em 2 a 4 graus Celsius,
comparando com o pavimento de asfalto. (JAMES. 2002)

Para o dimensionamento do pavimento permeável, Araujo, Tucci e Goldenfum sugerem o


seguinte equacionamento para um sistema de infiltração total (sem tubos de drenagem).
Primeiramente estima-se o volume de escoamento superficial a partir da seguinte equação:

Equação 6: Volume de escoamento superficial

Onde Vr é o volume de chuva a ser retido pelo reservatório (em mm),


ip é a intensidade máxima da chuva de projeto (em mm/h),
ie é a taxa de infiltração do solo (em mm/h),
td é o tempo de duração da chuva (em horas) e
c um fator de contribuição de áreas externas ao pavimento permeável e pode ser estimada pela
equação:

Equação 7: Fator de contribuição de áreas externas


Onde Ac é a área externa de contribuição para o pavimento permeável e
Ap é a área de pavimento permeável.

A profundidade do reservatório de pedras do pavimento permeável é determinado por:


Equação 8: Profundidade de reservatório

Onde H é a profundidade do reservatório de pedras (em mm) e


f é a porosidade do material. A porosidade pode ser determinada pela equação 9:

--
Equação 9: Porosidade

Onde Vl é o volume de líquidos,


Vg é o volume de vazios e
Vt é o volume da amostra.

6. Conclusão
Os dispositivos de infiltração auxiliam na redução do pico de vazões do hidrograma de chuva e
no alargamento de sua base, diminuindo as vazões e distribuindo o escoamento no tempo. São
de grande vantagem para reduzir os riscos de uma inundação, pois, se bem dimensionados e
mantidos, armazenam grande parte do volume de água, funcionando como um sistema de
detenção, e fazendo com que este volume infiltre no subsolo e recarregue os lençóis freáticos.
O aspecto final das estruturas não interfere na paisagem e pode ser utilizado como alternativa
de desenvolvimento de baixo impacto. A qualidade da água deve ser monitorada e os
dispositivos devem estar sempre à uma distancia segura do nível d’água do lençol freático,
para que o solo “filtre” as impurezas da água antes que esta chegue no lençol. Enfim, uma
solução de baixo impacto para um problema de grandes proporções, que permanece não muito
utilizada quando, na verdade, deveria ser utilizada em larga escala.

7. Referências Bibliográficas

1. ARAÚJO, P., TUCCI, C., & GOLDENFUN, J. (2000). Avaliação da influencia dos pavimentos
permeáveis na redução de Escoamento Superficial.
2. BAPTISTA, M. (2006). “Programa de Capacitação em Drenagem Urbana e Manejo Sustentável
de Águas Pluviais”. São Paulo.
3. BAPTISTA, M., NASCIMENTO, N., & BARRAUD, S. (2005). "Técnicas Compensatórias em
Drenagem Urbana". Porto Alegre.
4. BUTLER, D., & DAVIES, J. W. (2004). Urban drainage. Londres: Spon Press.
5. CARVALHO, J. C., & LELIS, A. C. (2010). "Cartilha de Infiltração". Brasilia.
6. FOSTER, S. (1999). “Groundwater in urban development – a review of linkages and concerns".
Birmingham, England.
7. JAMES, W. (1996). Advances in Modeling the Management of Stormwater Impacts Volume 5.
Proceedings of the Stormwater and Water Quality Management Modeling Conference. Toronto.
8. JAMES, W. (2002). Green roads: Research into Permeable Pavers.
9. PINTO, L. L. (2011). ” O Desempenho de Pavimentos Permeáveis Como Medida Mitigadora da
Impermeabilização do Solo Urbano”. São Paulo.
10. Practices, S. B. (2007).
11. RUSHTON, B. (2001). Low-impact parking lot design reduces runoff and pollutant loads, Journal
of Water Resources Planning and Management.
12. SILVA, T. J. (2008). “Hidrologia Urbana: Efeitos da Impermeabilização do Solo”. Universidade do
Porto. .
13. TUCCI, C. E. (1995). "Água No Meio Urbano”.
14. VIRGILIIS, A. L. (2009). Procedimentos de orijeto e execução de pavimentos permeáveis visando
retenção e amortecimento de picos de cheias. São Paulo.

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