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Texto Poços Com Referências PDF
Texto Poços Com Referências PDF
Departamento de
Engenharia Hidráulica e
Ambiental - PHA
PHA2537
Relatório
Grupo:
2012
1. Facilidade de infiltração
As alternativas que promovem maior infiltração da água das chuvas no solo têm grande
importância na diminuição do risco de inundações. Isso se deve ao amortecimento que seu
armazenamento provoca no pico do hidrograma da bacia hidrográfica, diminuindo as vazões
escoadas para a jusante e promovendo também a recarga dos lençóis freáticos. Em bacias
hidrográficas metropolitanas, esses tipos de obras estruturais visam um desenvolvimento de
baixo impacto, compensando as alterações feitas pelo homem no meio ambiente, tornando o
local mais próximo do seu estado natural.
2. Trincheiras de Infiltração
As trincheiras de infiltração são estruturas lineares e pouco profundas que podem ser
instaladas junto à superfície ou sob o solo a pequena profundidade. Elas favorecem a
infiltração e o armazenamento temporário das águas pluviais.
Este dispositivo trata-se de valas, que nos sistemas convencionais, são preenchidas total ou
parcialmente com material granular, como britas e seixos. Apesar de diminuir o volume útil da
trincheira, o preenchimento da vala é importante, pois estabiliza os taludes, evitando
desabamentos, e também possibilita a utilização em planta da área da vala. Nas laterais, deve
ser feito o revestimento com manta geotêxtil ou com material fino, que funcionaram como filtro,
visando diminuir a entrada de detritos e “sujeira” vinda do solo vizinho e da água, que poderão
causar a colmatação da estrutura, diminuindo sua permeabilidade e, por consequência, sua
efetividade. A figura 01 mostra o corte transversal de uma trincheira drenante.
O funcionamento das trincheiras é bastante simples. A entrada de água pode ser feita
diretamente pela sua superfície ou por coleta de uma rede ligada à trincheira. A evacuação das
águas que entram na estrutura pode ser feita de duas formas; por infiltração, onde a água
acumulada irá se infiltrar pela base e pelas laterais da trincheira, sendo neste caso trincheiras
de infiltração, ou as trincheiras podem evacuar a água em um meio natural. Neste caso, trata-
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se de trincheiras de detenção, e esta evacuação é controlada à jusante. Este tipo de trincheira
terá apenas a finalidade de aumentar o tempo de vazão.
Após o armazenamento, a água irá se infiltrar no solo. De acordo com (ROESNER; URBONAS,
1992) apud (PINTO; 2011) este tempo de infiltração deve estar entre 48 e 72 horas, visando
uma efetividade da estrutura para chuvas consecutivas.
Segundo Carvalho (2010), existe também uma alternativa para se fazer as trincheiras de
infiltração utilizando garrafas PET, assim como mostra a figura 02 abaixo.
O uso de garrafas PET como material alternativo para a construção de trincheiras, apesar de
trazer maior dificuldade de implantação, possibilita um maior potencial de armazenamento no
interior das trincheiras, além disso, contribui para mitigar o problema ambiental gerado pelo
excesso de garrafas PET que são jogadas no meio ambiente.
A principal desvantagem deste método é a difícil precisão da vida útil dele, principalmente
devido aos efeitos advindos da colmatação, que causará o “entupimento” da estrutura. Serão
necessários cuidados desde a construção até uma manutenção periódica.
A manutenção poderá ser feita através de tubos de PVC perfurados, que atravessam toda a
estrutura de cima a baixo, tendo uma tampa removível em cima, com ele é possível verificar o
nível da água na trincheira e o tempo que este leva para baixar, analisando assim a velocidade
de infiltração da trincheira. Quando esta velocidade se reduz muito, deve ser aplicada uma
manutenção corretiva, substituindo o material da trincheira.
Outra limitação do método é quanto à permeabilidade do solo, se esta for muito baixa, a
estrutura levará muito tempo para esvaziar, perdendo efetividade para chuvas consecutivas.
Segundo (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUDl, 2005) a permeabilidade do solo deve ser
maior do que 10-7m/s. Caso seja menor, a infiltração não deve ser o único meio de evacuação.
Segundo o Método BRE Digest 365 (BRE, 1991) apud (PINTO, 2011), o volume de
armazenamento é dado por:
Va = i. A. D – f. a50. D
Equação 1: Volume de armazenamento
Onde:
i ; Intensidade da chuva [m/h]
A; Área impermeabilizada [m²]
D; Duração da chuva de projeto [h]
f; Taxa de infiltração do solo [m/h]
a50; Área específica de infiltração [m²]
Onde:
h; Altura da trincheira.
B; Base da trincheira.
L; Comprimento da trincheira.
µ; Porosidade do material da trincheira.
3. Valas de Infiltração
As valas de infiltração são técnicas de infiltração bastante antigas e simples, elas são
constituídas por depressões no terreno, usualmente com revestimento vegetal, que visam
recolher as águas pluviais, promover o seu armazenamento temporário e, por fim, permitir a
infiltração. As valetas também podem ter a finalidade de aumentar o tempo de escoamento,
diminuindo a velocidade deste.
O funcionamento das valas é simples: o recebimento da água fluvial ocorre diretamente, sendo
armazenada dentro do volume útil da estrutura. A evacuação poderá ocorrer por infiltração ou
deságue controlado por um dispositivo à jusante. Este tipo de alternativa é mais utilizado como
estrutura de drenagem no sistema viário.
Figura 03 - Desenho simplificado de uma Vala de infiltração acompanhando a via de
tráfego. Fonte: Cartilha de Infiltração (2010)
Um dos problemas de se adotar essa solução é que as valas demandam um espaço grande e
específico para sua implantação, algo que nem sempre é possível, principalmente quando se
trata de um ambiente urbano densamente habitado.
A água dentro da vala corre risco de ficar estagnada, gerando diversas implicações sanitárias e
acúmulo de lixo, causando desconforto para a população. Essas valas também não podem ser
utilizadas em terrenos com declividade alta, pois a velocidade do escoamento será alta,
podendo gerar erosão na vala. A alta velocidade de escoamento também irá diminuir a
capacidade de armazenamento do dispositivo, neste caso, pode-se construir compartimentos
ao longo da vala, como se fossem pequenas barragens.
Para o dimensionamento das valas pode-se utilizar a fórmula proposta por (WANIELISTA et
al.1986) apud (PINTO,2011).
KU. (K. Qe5/8. S13/16)
=
n3/8f
Equação 3: Calculo do comprimento da vala
Onde:
L; Comprimento da vala de infiltração [m].
Ku; 77,3
K; (V/H), Trata-se da inclinação do talude.
Qe; Vazão de entrada na vala [m³/s].
S1; declividade horizontal da vala [m/m].
n; Coeficiente de Manning das paredes da vala.
f; Taxa de infiltração do solo saturado [cm/h].
É necessário haver manutenção permanente nas valas, para que estas não se tornem um
esgoto a céu aberto, podendo haver acúmulo de água parada e lixo, que causarão maus
odores e proliferação de insetos no local. Por isso torna-se necessário aparar a grama de
maneira regular e coletar os diversos detritos depositados na estrutura.
O risco de colmatação também existe no caso das valas, quando estas começarem a acumular
muita água, faz-se necessário a retirada da vegetação atual e reposição de nova camada
vegetal.
4. Poços de infiltração
Os poços de infiltração são dispositivos pontuais e verticais, que visam favorecer a infiltração
do escoamento superficial diretamente para o subsolo. Eles devem ser utilizados em locais
com solos permeáveis ou solos que tenham uma camada superficial pouco permeável, porém
camadas mais permeáveis abaixo.
Esta alternativa é bastante efetiva para a recarga do lençol freático. Em muitos países essa
alternativa é feita exclusivamente com a finalidade de recarregar o lençol freático. Porém, é
necessário que se tenha um cuidado especial com o risco de contaminação do lençol freático,
por isso é muito importante conhecer a composição da água infiltrada, não somente da sua
origem, mas por onde ela passa, existem diversos poluentes como hidrocarbonetos e metais
que podem ser carreados pela água da chuva. Segundo (BAPTISTA; NASCIMENTO;
BARRAUDl, 2005) para se reduzir o risco de contaminação do lençol pela água infiltrada, o
fundo do poço deve estar a pelo menos 1,2 metros do lençol freático.
O funcionamento dos poços é bastante simples: as águas pluviais deverão ser direcionadas
para os poços, diretamente pela superfície ou por rede de drenagem. Nos poços a água será
armazenada e infiltrará aos poucos no fundo e nas suas paredes.
Os poços são abertos no solo, devendo ser revestidos por material geotêxtil ou um solo
granular. Isso diminui a ocorrência da colmatação pela infiltração de material fino. Os poços
podem ser preenchidos por material drenante e poroso, sendo o mais indicado a brita. Quando
não são preenchidos, é necessário realizar um reforço nas paredes do poço, para evitar seu
desmoronamento. A área de armazenamento dos poços geralmente não é muito grande,
fazendo com que eles devam ser instalados como estruturas complementares ou em terrenos
menores.
Os poços não devem ser instalados próximos às fundações de estruturas pré-existentes, pois a
infiltração poderá modificar as características do solo. (BAPTISTA; NASCIMENTO; BARRAUDl,
2005) apud (ADOPTA; 2004) sugere que a distancia do poço às áreas construídas deva ser
igual à profundidade do poço.
As principais vantagens desse sistema são seu baixo custo e simplicidade de implantação,
aliada à baixa interferência na paisagem. Esta alternativa é mais indicada para áreas menores,
pois ela tem pouca capacidade de armazenamento, porém, ela também tem a vantagem de
independer do terreno, podendo ser utilizada sem problemas de declividade.
O dimensionamento dos poços é feito através do balanceamento da água que entra e da água
que é infiltrada.
= ! " . #$%&
Equação 4: Equação do balanceamento d'água
Onde:
Q ; é a vazão que é infiltrada no solo [m³/s]
qas ; capacidade de infiltração por unidade de superfície [m³/s/m²]
Ainf; Superfície permeável do poço. [m²]
.qas = S75-25
a50 . t75-25
Equação 5: Capacidade de infiltração
Onde;
S75-25; Volume de água compreendido entre 75 e 25%. [m³]
a50; Superfície interna da perfuração até 50% da altura do poço incluindo a base [m²]
t75-25; Tempo em que o nível de água passa de 75% para 50%.
A implantação dos poços é bastante simples, eles podem ser escavados manualmente ou
mecanicamente. É necessário analisar a resistência do solo para se evitar desmoronamentos.
Após escavado, deve-se fazer medições da capacidade de infiltração por ensaios de injeção in
situ, para se garantir a eficiência do poço.
Além das alternativas convencionais de materiais para a construção dos poços de infiltração,
podem ser utilizados materiais alternativos como os pneus usados. Segundo Carvalho (2010),
é possível utilizar esse material alternativo, o que contribui também para mitigar o problema
ambiental gerado pelo excesso de pneus usados que são diariamente descartados. A figura 05
mostra como pode ser feita a utilização dos pneus na construção dos poços de infiltração.
O principal cuidado que se deve ter nesse caso é o de executar furos na face inferior dos
pneus de modo a evitar o acúmulo de água. Qualquer que seja a técnica construtiva,
recomenda-se manter os poços fechados com tampas removíveis, de modo a facilitar a
manutenção e a evitar acidente.
Atualmente não existe norma específica referente a pavimentos permeáveis publicada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), porém, de acordo com reportagem da
PIniWeb de 11/05/2012, a prefeitura de São Paulo publicará uma especificação técnica para a
execução dos pavimentos permeáveis em vias de tráfego leve.
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Equação 9: Porosidade
6. Conclusão
Os dispositivos de infiltração auxiliam na redução do pico de vazões do hidrograma de chuva e
no alargamento de sua base, diminuindo as vazões e distribuindo o escoamento no tempo. São
de grande vantagem para reduzir os riscos de uma inundação, pois, se bem dimensionados e
mantidos, armazenam grande parte do volume de água, funcionando como um sistema de
detenção, e fazendo com que este volume infiltre no subsolo e recarregue os lençóis freáticos.
O aspecto final das estruturas não interfere na paisagem e pode ser utilizado como alternativa
de desenvolvimento de baixo impacto. A qualidade da água deve ser monitorada e os
dispositivos devem estar sempre à uma distancia segura do nível d’água do lençol freático,
para que o solo “filtre” as impurezas da água antes que esta chegue no lençol. Enfim, uma
solução de baixo impacto para um problema de grandes proporções, que permanece não muito
utilizada quando, na verdade, deveria ser utilizada em larga escala.
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13. TUCCI, C. E. (1995). "Água No Meio Urbano”.
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