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Construtor/Incorporador
No plano civil, o ato ilícito está previsto nos arts. 186 e 187 do Código Civil: Aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Também
comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Na hipótese de a ruína da edificação atingir vizinhos, estes poderão ter seus direitos
protegidos com fundamento nos arts. 1.277 e 1.299, que se referem ao direito de
vizinhança. Ainda sobre o direito de vizinhança, responde o empreiteiro por danos
causados a terceiros, decorrentes de construção de arranha-céus ou obras de grande
vulto, bem como por detritos que se desprendem da obra, conforme os arts. 186 e 927
do Código Civil.
E acrescenta: “Esta, aliás, é a principal diferença entre este artigo [937] e o seguinte.
Aqui, haverá sempre que se tratar de ruína total ou parcial do prédio, isto é, parte do
edifício que desaba (exemplo: a marquise) ou coisas que dele se desprendem, como
enfeites, placas de mármore, lustre etc. No art. 938 tratar-se-á de coisas lançadas ou
caídas, coisas que não são parte do prédio, que não integram a construção, apenas
que dele caírem ou foram lançadas.” Neste caso, responde aquele que habita o prédio
ou parte dele.
Igualmente, responsabiliza-se pelo risco de transporte da coisa, se ela for enviada para
outro lugar que não o ajustado no contrato.
Com efeito, os contratos que dizem respeito à relação de consumo são também
submetidos à disciplina do Código de Defesa do Consumidor.
No que tange à qualidade da obra, Cavalieri filho faz a distinção entre vício (“defeito
menos grave”) e defeito (aquele mais grave). O vício, para esse doutrinador, não afeta
a segurança da obra, mas a sua utilidade, reduzindo seu valor. Ou seja, “A
responsabilidade pelo vício do produto ou serviço decorre da falta de conformidade ou
qualidade da coisa ou serviço com a sua perspectiva de durabilidade e utilidade.
Enquanto na responsabilidade pelo defeito da obra, por sua gravidade, visa-se a
proteger a integridade pessoal do consumidor e dos seus bens, na responsabilidade
pelo vício protege-se equivalência entre prestação e a contraprestação.” Quanto ao
prazo, segundo o mesmo autor, “a regra é que o produto ou serviço deve guardar
compatibilidade com a sua expectativa de durabilidade.” O art. 26 do Código de Defesa
do Consumidor estabelece o prazo de 90 dias, a partir do momento em que se
constatar o defeito (tratando-se de vício oculto), para que caduque o direito de
reclamar. Mas o construtor, uma vez notificado, esse prazo fica suspenso até o
construtor dar uma solução para o problema. Se o prazo prescricional do Código Civil
for mais favorável, o consumidor pode optar por ele. Nesse sentido, vale a pena
transcrever o julgado cujo relator foi o Desembargador Sergio Cavalieri Filho: TJRJ, Ap.
cível 2.780/92 (6.ª Câmara, rel. Des. Sergio Cavalieri Filho) Construção civil – Defeitos
da obra – Responsabilidade do incorporador e construtor frente ao condomínio –
Prazo prescricional – Inaplicabilidade do art. 178, § 5.º, IV, do Código Civil.
“O prazo prescricional do art. 178, § 5.º. IV, do Código Civil tem em mira apenas o
contrato de compra e venda de imóvel, quando o objeto acusar vício redibitório [o que
torna a coisa imprópria ao uso para o que é destinada ou lhe diminui o valor], não se
aplicando, portanto à execução imperfeita de contrato de construção de edifício de
apartamentos, cujo prazo prescricional, não havendo regra específica no elenco do art.
178, é de 20 anos.
A Lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993 prevê, em seus arts. 69 e 70, a reparação do
dano causado pelo construtor em obras públicas: O contratado é obrigado a reparar,
corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o
objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da
execução ou de materiais empregados. O contratado é responsável pelos danos
causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou
dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a
fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
Quanto à responsabilidade criminal, o Código Penal prevê sanções para quem der
causa a desabamento e/ou desmoronamento:
Modalidade culposa
Braga, Pedro.
Manual de direito para engenheiros e arquitetos /
Pedro Braga. – Brasília : Senado Federal,
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007.