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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH


Programa de Pós-Graduação em Gestão de Documentos e Arquivos – PPGARQ
Mestrado Profissional em Gestão de Documentos e Arquivos – MPGA
Disciplina Arquivologia e Gestão
Prof.ª Ana Celeste Indolfo e prof. Alexandre de Souza Costa
24/09/2018
Estudante: Beatriz Carvalho Betancourt

COMENTÁRIO DO TEXTO
Obrigação, controle e memória: aspectos legais, técnicos e culturais da produção
documental de organizações privadas (Introdução, Cap. 1 e 2)
A tese Obrigação, controle e memória: aspectos legais, técnicos e culturais da produção
documental de organizações privadas, de Marcia Cristina de Carvalho Pazin Vitoriano,
desenvolvida no Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, em 2011, parte de uma análise multi e interdisciplinar para a
compreensão da gênese documental de organizações privadas e da relação entre funções
administrativas e produção documental.
A disciplina central do trabalho é a Arquivologia, mais especificamente a abordagem
arquivística denominada Diplomática Arquivística, ou Diplomática Contemporânea –
depreendida da referência a autores como Paola Colucci, Luciana Duranti, Bruno Delmas.
Apoiada na interdisciplinaridade da arquivística, Vitoriano nos traz elementos da
Administração e do Direito em sua análise da produção documental do ponto de vista das
funções e conteúdos, e da Arquivística e da Diplomática na utilização da metodologia de
definição dos tipos documentais. Além disso, ampara-se na História para nos localizar
temporal e espacialmente em relação aos assuntos apresentados.
Após a leitura das seções propostas – introdução, capítulo 1 e 2 – é possível apreender o
conceito de documento e arquivo privado, o estado da arte do interesse por arquivos privados
no ambiente acadêmico e quais são os condicionantes da produção documental em empresas
privadas, sendo esses condicionantes o ponto central da leitura feita e o que dá o título à tese:
obrigação, controle e memória.
A obrigação é ligada ao caráter probatório e de cumprimento de determinações legais na
celebração de negócios jurídicos necessários à existência e à operação das organizações e sua
abordagem se dá no âmbito do Direito – Direito Notarial, Direito Comercial (também
chamado de Direito Empresarial), Direito do Trabalho, Direito Tributário e legislação
relacionada à preservação do meio ambiente.
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O controle é relacionado à importância da documentação para a realização das funções das
organizações no cumprimento da sua missão e objetivos e sua influência se dá à luz teoria da
Administração, na qual a autora recorre, de forma geral, às ideias de Frederick Winslow
Taylor (Princípios da Administração Científica), Jules Henri Fayol (Administração Industrial
e Geral) e Max Weber (Teoria da Burocracia). Taylor e Fayol estudaram o problema da
estrutura organizacional e estabeleceram princípios da administração e Weber estudou as
organizações do ponto de vista sociológico e histórico, estabelecendo um modelo de
organização burocrática, o que, segundo Vitoriano, parece influenciar a teoria arquivística e
seus conceitos a partir dos pressupostos da eficácia, eficiência e racionalidade
(administrativa). Além da Teoria da Administração, outros fatores também influenciam no
condicionante controle e se referem ao surgimento do conceito de qualidade, da evolução
tecnológica e da abordagem humanista nas relações de trabalho, todos decorrentes das
demandas da crescente atividade industrial e empresarial.
A memória – empresarial – é permeada pela cultura organizacional na produção de
documentos e na atribuição de valor aos documentos, especialmente para finalidade de
preservação. A partir da análise de dois centros de memória empresariais, a autora relaciona
os elementos ali encontrados com as teorias da Escola de Relações Humanas e da Psicologia
Organizacional.
Assim, o tripé apresentado nos mostra as relações existentes entre as funções
desempenhadas pelas organizações e suas consequências na produção documental. Com as
mudanças ocorridas, houve evolução da produção documental e da variedade e complexidade
das funções das organizações, o que se tornou um desafio para os arquivistas. Segundo a
autora, a compreensão das funções desempenhadas pelas organizações é uma ferramenta de
compreensão do vínculo arquivístico e da garantia de autenticidade dos documentos. Para
auxiliar essa tarefa a Vitoriano sugere o estudo da tipologia documental como instrumento de
gestão documental, assunto melhor detalhado nos capítulos seguintes, que não são objeto
deste comentário.

REFERÊNCIA

VITORIANO, M.C.C.P. Obrigação, controle e memória: aspectos legais, técnicos e


culturais da produção documental de organizações privadas. (Tese apresentada no
Programa de Pós-graduação em História Social pela Faculdade de Filosofia, Ciências
Humanas e Letras da Universidade de São Paulo.) São Paulo, 2011. [Introdução, cap. 1 e 2; p.
12-107]

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