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RELATÓRIO DO SECRETÁRIO-GERAL
NIKOLA ETEROVIĆ (*)
Beatíssimo Padre
Eminentíssimos e Excelentíssimos Padres sinodais
Estimados irmãos e irmãs!
«Ide, pois, e fazei discípulos de todos os povos, e baptizai-os em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos tenho ordenado. E Eu
estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28, 19-20). As palavras de Jesus
ressuscitado, com as quais se encerra o Evangelho segundo Mateus, inauguram o tempo
da missão da Igreja. Depois da vinda do Espírito Santo, que orienta para toda a verdade
(cf. Jo 16, 13), os discípulos abandonam o Cenáculo, onde eram «perseverantes e
concordes na oração, juntamente com algumas mulheres, entre as quais Maria, a Mãe de
Jesus» (Act 1, 14), para anunciar, «em toda a parte» (Mc 16, 20) e em todas as línguas, o
Evangelho de Jesus Cristo. O mandato do Senhor ressuscitado é válido também para nós,
reunidos para a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, para meditar
sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Trata-se da mesma
Boa Nova — «que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras e que foi
sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e que apareceu a Cefas e
em seguida aos Doze» (1 Cor 15, 3-5) — anunciada pelos apóstolos e cujo depósito foi
confiado à Igreja. O Evangelho permanece o mesmo, mas mudam as situações humanas,
religiosas, culturais e sociais nas quais tal Palavra de salvação deve ser vivida e
transmitida aos outros. A condição indispensável para esta urgente obra missionária é a
fé, medida do dinamismo apostólico. Conscientes de que o Senhor poderia repreender-
nos também a nós, por sermos homens de pouca fé (òλιγóπιστoι) (cf. Mt 8, 26),
peçamos-lhe como os apóstolos: «Aumentai a nossa fé!» (πρóσθες ήμĩν πίστιν) (Lc 17,
5). A oração tornar-se-á mais intensa no decurso da Assembleia sinodal e, de modo
particular, por ocasião de quatro celebrações eucarísticas, presididas pelo Santo Padre
Bento XVI. Além da celebração inaugural da Assembleia sinodal, oficiada ontem, ele
presidirá à Santa Missa de canonização de sete Beatos, no domingo 21 de Outubro, e à
Eucaristia de encerramento da Assembleia sinodal, no domingo 28 de Outubro. Um
significado particular terá a celebração de 11 de Outubro, quando o Bispo de Roma
presidirá à solene concelebração eucarística para a inauguração do Ano da fé. Não há
dúvida de que tal acontecimento terá uma influência muito positiva sobre os trabalhos
sinodais, considerando também o facto de que a fé e a sua transmissão fazem parte do
tema sinodal, que será aprofundado no contexto da nova evangelização. Em nome de
todos os Padres sinodais e de todos os participantes na Assembleia sinodal, agradeço de
coração a Vossa Santidade por ter desejado proclamar o Ano da fé, em comemoração do
cinquentenário do início do Concílio Ecuménico Vaticano II e do 20° aniversário da
publicação do Catecismo da Igreja Católica. Confiando-nos à graça do Espírito Santo
que o Senhor ressuscitado, presente no meio de nós, concede «de modo incomensurável»
(Jo 3, 34), temos a confiança firme de que o Ano da fé dará abundantes frutos espirituais
à santa Igreja de Deus, nossa Mãe.
É-me grato saudar-vos, a vós 262 Padres sinodais que viestes dos cinco continentes: 50
da África, 63 da América, 39 da Ásia, 103 da Europa e 7 da Oceânia, em representação
dos 13 Sínodos dos Bispos das Igrejas Orientais Católicas sui iuris, das 114
Conferências Episcopais e da União dos Superiores-Gerais. Saúdo cordialmente também
a vós, Chefes dos Dicastérios da Cúria Romana, colaboradores mais próximos de Sua
Santidade Bento XVI, 264° Sucessor de São Pedro na Sé de Roma. A maioria dos
Padres sinodais que participam na Assembleia Geral Ordinária, 182, dos quais 172
foram eleitos pelas Conferências Episcopais e 10 pela União dos Superiores-Gerais; 3
foram designados pelas Igrejas Orientais Católicas sui iuris; 37 participam ex officio; e
40 foram nomeados pelo Santo Padre. Entre eles contam-se 6 Patriarcas, 49 Cardeais, 3
Arcebispos-Mores, dos quais um é Cardeal, 71 Arcebispos, 120 Bispos e 14 sacerdotes.
No que diz respeito ao ofício que desempenham, 10 são Chefes das Igrejas Orientais sui
iuris, 32 Presidentes das Conferências Episcopais, 26 Chefes de Dicastérios da Cúria
Romana, 211 Ordinários e 11 Auxiliares.
Além disso, estou feliz por saudar 45 Peritos e 49 Auditores, homens e mulheres, que
foram escolhidos entre numerosos especialistas e pessoas comprometidas no campo da
evangelização e na promoção humana, na consciência de que os seus testemunhos
pessoais e das respectivas comunidades enriquecerão notavelmente os trabalhos
sinodais.
A minha cordial saudação aos Adidos de Imprensa, aos Assistentes, aos Tradutores, aos
funcionários técnicos e, de maneira particular, aos Colaboradores da Secretaria Geral do
Sínodo dos Bispos, grato pela sua contribuição generosa e válida na preparação da
Assembleia sinodal.
A XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos teve lugar de 5 a 26 de Outubro
de 2008, sobre o tema A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. No final de tal
Assembleia sinodal foi formado o XII Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo
dos Bispos, composto por 15 membros. Em conformidade com o Ordo Synodi
Episcoporum, os Padres sinodais elegeram 12 e o santo Padre Bento XVI nomeou outros
três Bispos para completar o número total. O XII Conselho Ordinário tinha duas tarefas
principais: levar a cumprimento as conclusões da XII Assembleia sinodal sobre a
Palavra de Deus e preparar a sucessiva XIII Assembleia Geral Ordinária.
Para poder desempenhar tal tarefa, o Conselho Ordinário reuniu-se sete vezes em Roma.
A primeira reunião teve lugar no dia 25 de Outubro de 2008, enquanto a Assembleia
sinodal chegava ao fim, e permitiu aos Membros do Conselho conhecer-se melhor e
estabelecer o calendário das actividades sucessivas. Durante o ano de 2009, o Conselho
Ordinário reuniu-se três vezes, respectivamente de 20 a 21 de Janeiro; de 3 a 4 de Junho;
e de 24 a 25 de Setembro. O Conselho Ordinário realizou uma reunião em 2010, nos dias
8-9 de Junho; uma em 2011, nos dias 22-23 de Novembro; e uma em 2012, no dia 16 de
Fevereiro. De acordo com os membros do Conselho Ordinário, a Secretaria Geral
favoreceu o intercâmbio de informações e de documentação por via electrónica,
desejando reduzir ao máximo as dificuldades causadas pelas viagens frequentes dos
Bispos das suas Dioceses a Roma, sede da Secretaria Geral.
Durante tal reunião, o Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos
examinou as numerosas propostas enviadas pelas mencionadas entidades, com as quais a
Secretaria Geral mantém relações oficiais. Depois de uma reflexão aprofundada, foram
formulados três temas que o Excelentíssimo D. Nikola Eterović, Secretário-Geral,
submeteu à consideração benévola do Santo Padre Bento XVI, Presidente do Sínodo dos
Bispos. Na Audiência que lhe foi concedida no dia 13 de Junho de 2009, o Sumo
Pontífice manifestou a preferência pela primeira proposta dos três temas, assinalada com
maior frequência pelos episcopados, ou seja: A transmissão da fé para a educação e a
iniciação cristã. Outras duas propostas, menos indicadas pelos episcopados, diziam
respeito à paróquia como comunidade das comunidades, e aos desafios antropológicos
da nossa época. Ao mesmo tempo, o Santo Padre acolheu a previsão de que a XIII
Assembleia sinodal se realizasse de 2 a 23 do mês de Outubro de 2011. Ambos os dados
foram em seguida modificados, pelos seguintes motivos:
Por conseguinte, o tema da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos
representa o resultado de uma vasta consulta por parte do episcopado mundial e da
solicitude pastoral do Santo Padre, Bispo de Roma e Pastor universal da Igreja. Ele quis
inserir a reflexão sobre a transmissão da fé cristã no contexto da nova evangelização,
ressaltando a sua complementaridade: a nova evangelização tem como finalidade a
transmissão da fé cristã; além disso, tal transmissão realiza-se num ambiente religioso,
cultural e social que exige uma nova evangelização, «nova no seu ardor, nos seus
métodos e nas suas expressões» (João Paulo II, Discurso à XIX Assembleia
do CELAM [Port au Prince, Haiti, 9 de Março de 1983], 3; AAS 75 I [1983] 778).
Preparação dos Lineamenta
A preparação para a XIII Assembleia Geral Ordinária começou depois que o Santo Padre
Bento XVI estabeleceu o argumento da reflexão sinodal, muito antes da publicação
oficial do tema definitivo. O XII Conselho Ordinário da Secretaria Geral reuniu-se duas
vezes para estudar o texto dos Lineamenta. Na reunião dos dias 24 e 25 de Setembro de
2009, os Membros do Conselho Ordinário, com a ajuda de alguns especialistas,
concordaram o esquema dos Lineamenta, tendo presente as observações dos Bispos nas
suas indicações dos possíveis argumentos sinodais e das situações pastorais e sociais em
que as Igrejas particulares vivem e trabalham no mundo contemporâneo. Eles referiram-
se, outrossim, com frequência ao ensinamento do Concílio Ecuménico Vaticano II e dos
sucessivos pronunciamentos do Magistério da Igreja e, de maneira particular do Santo
Padre Bento XVI.
No que diz respeito às Conferências Episcopais, pode ser interessante indicar em ordem
alfabética a percentagem das respostas, segundo cada um dos Continentes:
— África: 66,6% (de 36 Conferências Episcopais, responderam 24. As seguintes 12
Conferências Episcopais não responderam: Camarões, Chade, República do Congo,
Gabão, Gâmbia e Serra Leoa, Guiné, Guiné Equatorial, Namíbia, Nigéria, Oceano
Índico, República Centro-Africana e Uganda);
— América: 95,8% (de 24 Conferências Episcopais, responderam 23. Não enviou a sua
resposta a Conferência Episcopal do Haiti);
Em vista da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Santo Padre
Bento XVI nomeou, no sábado 22 de Outubro de 2011, Relator-Geral Sua Eminência o
Senhor Cardeal Donald William Wuerl, Arcebispo de Washington (Estados Unidos da
América), e Secretário Especial Sua Excelência Reverendíssima D. Pierre-Marie Carré,
Arcebispo de Montpellier (França).
No dia 29 de Junho de 2012, Sua Santidade nomeou três Presidentes Delegados: Sua
Eminência o Senhor Cardeal John Tong Hon, Bispo de Hong Kong (China); Sua
Eminência o Senhor Cardeal Francisco Robles Ortega, Arcebispo de Guadalajara
(México); e Sua Eminência o Senhor Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo
de Kinshasa (República Democrática do Congo).
Desde Outubro de 2008 até hoje, a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, desempenhou
a sua actividade regular, ou seja, levou a termo as reflexões da XII Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos e dedicou-se à preparação da XIII Assembleia Geral
Ordinária.
Ao mesmo tempo, por encargo do Santo Padre Bento XVI, a Secretaria Geral preparou
duas Assembleias Especiais do Sínodo dos Bispos: a Segunda Assembleia Especial para
a África e a Assembleia Especial para o Médio Oriente. Na primeira, que teve lugar de 4
a 25 de Outubro de 2009, participaram 244 Padres sinodais. Os resultados das reflexões
sinodais foram reunidos na Exortação Apostólica pós-sinodal Africae munus, que o
Santo Padre Bento XVI quis entregar pessoalmente aos Presidentes das Conferências
Episcopais da África, durante a sua Visita Apostólica a Cotonou, no Benim, a 20 de
Novembro de 2011.
A Assembleia Especial para o Médio Oriente, realizada de 10 a 24 de Outubro de 2010,
viu reunidos ao redor do Bispo de Roma 185 Padres sinodais, entre os quais todos os
Bispos da região médio-oriental. Sua Santidade desejou entregar aos representantes do
Episcopado do Médio Oriente, aos Patriarcas e aos Presidentes das respectivas
Conferências Episcopais, os resultados dos trabalhos sinodais expostos na Exortação
Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Medio Oriente, durante a Visita Apostólica ao
Líbano, no dia 16 do passado mês de Setembro.
Todavia, a Secretaria Geral levou a cabo inclusive outras actividades, sobre as quais me
permito discorrer brevemente.
Conselhos Especiais
Quanto ao Conselho para o Médio Oriente, reuniu-se nove vezes (21-22 de Setembro de
2009; 24-25 de Novembro de 2009; 23-24 de Abril de 2010; 4-6 de Junho de 2010; 20-
21 de Janeiro de 2011; 30-31 de Março de 2011; 17-18 de Maio de 2011; 6-7 de Julho de
2011; e 14-16 de Setembro de 2012).
O Conselho Especial para a Ásia reuniu-se nos dias 11-12 de Dezembro de 2008; e o
Conselho Especial para a Oceânia a 9 de Dezembro de 2011.
Actualização do Vade-mécum
Com referência ao Ordo Synodi Episcoporum, aprovado pelo Santo Padre Bento XVI no
dia 29 de Setembro de 2006, e prestando atenção à prática que teve um certo
desenvolvimento nas últimas Assembleias sinodais, favorecendo uma realização cada
vez mais colegial dos trabalhos sinodais, permito-me sugerir algumas indicações
práticas, úteis para a Assembleia sinodal em fase de realização.
Como nas últimas Assembleias sinodais, cada Padre sinodal terá à disposição 5 minutos
para a sua intervenção. O texto preparado pode ser mais longo, e entregue à Secretaria
Geral. É bom ter presente que será publicado um resumo breve, preparado por cada
Padre sinodal, segundo as indicações do Vade-mécum.
Para os Delegados fraternos, assim como para as Auditoras e para os Auditores, estão
previstas intervenções, cada uma de 4 minutos. Considerando o elevado número de
Auditoras e de Auditores, foi estabelecido que cada um possa entregar a sua desejada
contribuição por escrito à Secretaria do Sínodo dos Bispos, de modo que possa ser
tomado em consideração na reflexão geral sobre o tema sinodal. De qualquer modo, far-
se-á o possível a fim de que também as Auditoras e os Auditores possam tomar a palavra
no âmbito das Congregações gerais, quer a nível individual, quer eventualmente em
grupo.
No final das Congregações gerais da parte da tarde está previsto o debate livre, das
18h00 às 19h00. Cada Padre sinodal poderá intervir por não mais de 3 minutos, com
uma única eventual réplica. O mesmo é válido para outros momentos de debate na Sala,
que foram previstos e que serão utilizados para uma participação cada vez maior nas
reflexões sinodais. Estão previstos também alguns debates temáticos. O primeiro, no dia
8 de Outubro, deveria verter sobre o relatório do Relator-Geral, Sua Eminência o Senhor
Cardeal Donald William Wuerl, Arcebispo de Washington. O segundo, previsto para o
dia 9 de Outubro, deveria referir-se à recepção da Exortação Apostólica pós-
sinodal Verbum Domini, a seguir a uma exposição de cerca de 30 minutos sobre o tema,
por parte de Sua Eminência o Senhor Cardeal Marc Ouellet, P.S.S., Prefeito da
Congregação para os Bispos. Semelhantes debates temáticos deveriam seguir-se também
a mais dois relatórios: a intervenção de Sua Graça o Doutor Rowan Douglas Williams,
Arcebispo de Canterbury e Primaz de toda a Inglaterra e da Comunhão Anglicana, que
se dirigirá à Assembleia sinodal na quarta-feira 10 de Outubro, explicando sob o ponto
de vista anglicano o desafio da nova evangelização e da transmissão da fé cristã; na
intervenção de 12 de Outubro de 2012, o Senhor Werner Arber, Professor de
Microbiologia no «Biozentrum» da Universidade de Basileia (Suíça) e Presidente da
Pontifícia Academia das Ciências, oferecerá algumas reflexões a propósito da relação
entre ciência e fé, e estará disposto a responder às perguntas dos Padres sinodais.
No Calendário das actividades da XIII Assembleia Geral Ordinária estão previstas várias
iniciativas, para as quais se espera a participação coral dos Padres sinodais. A este
propósito, serão sucessivamente oferecidas as informações oportunas. De qualquer
modo, todas estão orientadas para aumentar o afecto colegial entre os Bispos e entre eles
e o Bispo de Roma, Chefe do Colégio episcopal, assim como para revigorar
ulteriormente a comunhão no seio do Povo de Deus, cujos representantes estão
congregados na Assembleia sinodal. Haverá também outras iniciativas, paralelamente à
Assembleia sinodal, que serão propostas à livre escolha dos Padres sinodais.
Publicações
IV) Conclusão
Jesus Cristo primeiro e grande evangelizador
A este propósito, nas catacumbas de Priscila dispomos de uma pintura muito rica de
conteúdo teológico que representa Jesus Cristo Bom Pastor. O Senhor carrega nos seus
ombros uma ovelha que se tinha perdido e que Ele, deixando as outras 99, encontrou. A
imagem descreve de modo evidente a parábola da ovelha tresmalhada (cf. Lc 15, 1-
7; Mt 18, 12-14). Jesus Cristo, Bom Pastor, realiza aquilo que Deus já tinha prometido
no Antigo Testamento: «Procurarei a ovelha perdida e reconduzi-la-ei ao aprisco»
(Ez 34, 16). Neste ícone entrevê-se de modo particular a alegria do Pastor que reconduz
ao aprisco a ovelha perdida. Nele reconhecem-se as palavras do evangelista Mateus:
«Sente mais júbilo por ela do que pelas noventa e nove que não se tresmalharam»
(Mt 18, 13).
Ao redor do Bom Pastor apascentam tranquilamente duas ovelhas. São as ovelhas fiéis,
que permaneceram sempre com o Senhor. Elas conhecem o seu Pastor (cf. Jo 10, 14)
que as chama uma por uma pelo seu nome (cf. Jo 10, 3). Aos lados há duas árvores
verdes, sobre cujos ramos pousaram duas pombas que trazem no bico dois pequenos
ramos de oliveira. Portanto, a imagem evoca outras referências bíblicas acerca do
crescimento do Reino dos céus, que «é semelhante ao grão de mostarda, que um homem
semeou na sua horta, e que cresceu até se tornar uma árvore frondosa e as aves do céu
começaram a fazer ninhos nos seus ramos» (Lc 13, 19; cf. Mc 4, 31; Mt 13, 31). Além
disso, os pequenos ramos de oliveira fazem referência à experiência de Noé, o qual
compreendeu que o dilúvio tinha terminado, quando uma pomba voltou à arca, trazendo
«no bico uma folha verde de oliveira» (Gn 8, 11). Com a sua vinda, Jesus Bom Pastor
inaugura a salvação do mundo, trazendo através do sacrifício na cruz a harmonia e a paz:
Ele é «a nossa paz» (Ef 2, 14).
A imagem de Jesus Bom Pastor – também aquela das catacumbas de Priscila — evoca
um exemplo bem sucedido de inculturação da mensagem cristã na cultura greco-romana.
Aos cidadãos do império romano, a pintura recordava a apresentação de Hermes — o
chamado Hermes crióforo — que carrega o cordeiro nos seus ombros e guia o rebanho.
Em tal símbolo pode-se entrever o convite, muito actual, de apresentar o Evangelho de
Jesus Cristo, sempre o mesmo, nas culturas dos homens que, por sua vez, devem ser
purificadas e elevadas pela Boa Nova do Senhor Jesus, único Salvador do mundo
(cf. Act 4, 12).
Entre as ovelhas que o Bom Pastor levou ao aprisco, distinguem-se os santos e, de modo
particular, os grandes evangelizadores, como Pedro e Paulo, associados com um
desígnio especial aos outros apóstolos. Como no Cenáculo, um lugar particular ocupa a
Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, Estrela da nova
evangelização. Na quinta-feira 4 de Outubro de 2012 em Loreto, o Santo Padre Bento
XVI implorou a sua protecção materna sobre os trabalhos sinodais e sobre o Ano da Fé.
Entre a grande plêiade de beatos e de santos que seguiram o seu exemplo durante a
história da Igreja, é necessário recordar especialmente o Beato João Paulo II, que se
prodigalizou no curso do seu pontificado para promover a nova evangelização e que do
Céu não deixará de acompanhar os nossos trabalhos. Durante a presente Assembleia
sinodal, o número de santos enriquecer-se-á de outros sete, que o Bispo de Roma, Bento
XVI, canonizará no dia 21 do Outubro próximo. À sua intercessão, assim como à dos
santos João de Ávila e Hildegarda de Bingen, novos Doutores da Igreja, confiemos os
trabalhos da Assembleia sinodal, a fim de que se possa realizar a palavra de Jesus Cristo
Bom Pastor: «Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Também preciso
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor» (Jo 10,
16). Obrigado pela escuta!