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Sumário

Capa
Ficha Técnica
Dedicatória
Endossos
Versículo
Introdução
A Vida Qualificada
Capítulo Um - Deus chama - nós respondemos
Capítulo Dois - Chamados para quê?
Capítulo Três - Mas eu não me sinto qualificado!
Capítulo Quatro - Características dos qualificados
Capítulo Cinco - O perigo da desqualificação
Capítulo Seis - É ao vivo ou é memorex?
Capítulo Sete - A coisa certa
Capítulo Oito - A coisa errada
Capítulo Nove - Você é uma carta
Capítulo Dez - Integridade intencional
Capítulo Onze - Cultivando a competência
Capítulo Doze - Armadilhas para impedir a busca da excelência
Assassinos de ministério que você precisa vencer: o ouro
Capítulo Treze - Líderes devem capacitar outros e não explorá-
los
Capítulo Quatorze - Considerações práticas a respeito de
sabedoria financeira e integridade
Capítulo Quinze - A atitude de líderes com relação ao dinheiro –
as indulgências estão de volta?
Assassinos de ministério que você precisa vencer: as mulheres
Capítulo Dezesseis - Conservando a pureza moral
Capítulo Dezessete - Reflexos do escândalo
Assassinos de ministério que você precisa vencer: a glória
Capítulo Dezoito - As questões de ego e orgulho
Capítulo Dezenove - Líderes fracos
Capítulo Vinte - Gurus, fanáticos e ingenuidade
Capítulo Vinte e Um - Traços de pais espirituais
Assassinos de ministério que você precisa vencer: a rotina
Capítulo Vinte e Dois - Lidando com a síndrome de burnout
Assassinos de ministério que você precisa vencer: os estraga-
prazeres
Capítulo Vinte e Três - Lidando com pessoas difíceis
Capítulo Vinte e Quatro - Temperado ou envenenado?
Capítulo Vinte e Cinco - Lançando fora as notas altas e baixas
Capítulo Vinte e Seis - Avançando
Capítulo Vinte e Sete - Tato e diplomacia, chaves para edificar
(não destruir) pontes
Assassinos de ministério que você precisa vencer: a estupidez
Capítulo Vinte e Oito - Evitando enganos,extremos e
desequilíbrios
Capítulo Vinte e Nove - Discordância redentora — você está
criando pérolas ou apenas ficando irritado?
Capítulo Trinta - O Antídoto perfeito: ser cristocêntrico
Capítulo Trinta e Um - A lei do amor
Oração de Salvação
Sobre o Autor
Rhema Brasil Publicações
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58.410-841 - Campina Grande - PB
Fone: 83.3065 4506

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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Rhema


Brasil Publicações.

Direção: Samir Ferreira de Souza


Supervisão: Ministério Verbo da Vida
Tradução: Getúlio da Silva Ribeiro e Raphael Marx Costa Frota
Revisão e copidesque: Idiomas & Cia
Prova de revisão: Idiomas & Cia
Adaptação de capa: Filipi Rodrigues
Diagramação versão digital: DIAG Editorial

Publicado no Brasil por Rhema Brasil Publicações com a devida


autorização de Harrison House Publishers
Tulsa, OK 74145

Esta é uma tradução da 1a edição do título original e a 1a edição em


língua portuguesa

Título original: Qualified: Serving God with Integrity and Finishing


Your Course with Honor
Copyright © 2012 por Tony Cooke
Copyright © 2017 Rhema Brasil Publicações
Todos os direitos reservados

As citações bíblicas, exceto quando indicado em contrário, foram


extraídas da Bíblia Sagrada, Almeida Edição Revista e Atualizada, ©
1993, Sociedade Bíblica do Brasil. Outras versões utilizadas: Bíblia
Amplificada (AMP, tradução livre), Nova Versão Internacional (NVI),
Almeida Corrigida Fiel (ACF), A Mensagem e King James Version
(KJV), traduzida livremente para o português.

Proibida a reprodução, de quaisquer formas ou meios, eletrônicos


ou mecânicos, sem a permissão da editora, salvo em breve
citações, com indicação da fonte.

1a Edição
Dedicatória
Para a minha filha Laura e meu filho Andrew. A alegria que
vocês me trazem é indizível. Dedico este livro a vocês e a todos
aqueles que fazem parte da sua geração, que irão liderar pelo
exemplo e servir com integridade.
E

Qualificados é um excelente mapa para uma vida de integridade e


de ganhos sustentáveis para ambos: leitor e o Reino de Deus.
Qualificados não é um livro de leitura única, mas uma ferramenta
para um exame anual. Quando entrei nos meus 50 anos de idade,
minha esposa lembrou-me do meu check-up anual com o meu
médico. Um check-up anual não é feito por causa de uma doença,
mas para evitar uma catástrofe no futuro. Qualificados nos ajuda a
examinarmos as partes ocultas das nossas vidas que, se deixadas
de lado, podem tornar-se letais para nós.

John Cuzzo, pastor sênior


Igreja Victory Family
Cranberry Township, PA

Conheço e trabalho com Tony Cooke, profissionalmente e


pessoalmente, por mais de 25 anos. Ele é um homem de
integridade, caráter e ética, exatamente como escreveu em seu
livro. Como é maravilhoso transformar o exemplo de sua vida em
um documento escrito. Este excelente livro, que trata dessas
características, deveria ser obrigatório àqueles que estão no
ministério, especialmente no mundo de hoje, quando, infelizmente,
alguns na ausência dessas qualidades, têm atraído uma atenção
nacional negativa sobre ministros que pregam o Evangelho de
Jesus Cristo. Eu, prontamente, endosso este livro e de coração
recomendo a todos os leitores — não apenas àqueles no ministério
de tempo integral — que adotem os ensinos e práticas aqui
retratados.

Jim Guinn, CPA


Guinn, Smith e Companhia
Irving, TX

Não podemos pensar em uma pessoa mais qualificada para


escrever a respeito de liderança espiritual do que Tony Cooke.
Conhecemos Tony há mais de 25 anos, desde quando ele era um
professor na nossa escola bíblica, até chegar à liderança da nossa
associação ministerial e, agora, como um ministro expondo as suas
experiências de vida a líderes de igrejas ao longo do país e ao redor
do mundo. Quando Tony Cooke fala de integridade, caráter e ética
ministerial, os pastores deveriam ser sábios para ouvi-lo. Nós
recomendamos este recurso poderoso para todos os líderes de
igrejas e suas equipes de trabalho.

Jeff & Beth Jones, pastores sêniores


Igreja Valley Family
Kalamazoo, MI

Qualificados é uma leitura necessária para todos os líderes de


igreja e suas equipes. Este livro lhe oferecerá ricas percepções para
ser um líder bem-sucedido no século 21. Honra e integridade são
assuntos do coração, e isso facilita a leitura deste livro e o inspira e
desafia para fazer dessas virtudes o fundamento de seu caráter.

Scott Robles, pastor sênior


Comunidade Vitória Cristã
Fremont, OH

Como pastor, estou constantemente à procura de material valioso


para crescer pessoalmente e para desenvolver líderes. Qualificados
é um livro excepcional, pois ele desafiará as pessoas a crescerem,
irá habilitá-las para o serviço e vaciná-las contra as armadilhas
comuns àqueles engajados na expansão do Reino. É uma
ferramenta inestimável para o treinamento de equipes e para o
fortalecimento pessoal.

Jim Herring, pastor sênior


Igreja Família Vida Abundante
Watauga, TX

Nós, como ministros, buscamos novas ideias e percepções para


que, por meio delas, possamos comunicar vida às nossas
congregações. Este livro é um manual para a edificação e o
aperfeiçoamento do próprio líder. Tony apresentou um princípio que
todo servo que atua em posição de liderança deve rever
continuamente: o ferro deve ser afiado. É imperativo que o espírito
de sabedoria, discernimento e integridade seja desenvolvido na vida
do líder. Almejo por ferramentas, como este livro, que transmitam
vida para aparar em mim as arestas necessárias para permanecer
eficiente para o uso do Mestre. Sou grato a Tony Cooke e ao modo
como Deus o tem usado para manter os ministros de Deus afiados.

Rick Sharkey, pastor sênior


Centro Cristão Spokane
Spokane, WA

Qualificados, de Tony Cooke, é um livro ótimo para qualquer um


que tem pensado e considerado acerca do chamado em sua vida.
Ele irá ajudá-lo a identificar o seu chamado e fortalecê-lo. Tony é um
mestre ungido da Palavra e você será capaz de entender como
cumprir o seu chamado com integridade em sua vida. Acredito que,
de tempos em tempos, todos enfrentamos situações sem
esperança. Mas você encontrará consolo quando ler este livro, pois
ele lhe ensinará a como viver o chamado em sua vida. Temos um
chamado em nossa vida e quando alcançamos essa realização,
podemos aprender a viver em paz com nós mesmos e com Deus. É
com muita honra que lhe recomendo este livro. Você sentirá a
presença de Deus, pois ele está cheio com a Palavra e com a
unção. Qualificados irá abençoá-lo.

Charlie Daniels, Presidente & CEO


Daniels & Daniels Construções / Igrejas por Daniels Construções
www.churchesbydaniels.com
Broken Arrow, OK

Paulo, em sua carta aos Colossenses, enviou uma mensagem a


Arquipo: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o
cumprires”. Este livro irá ajudá-lo a fazer isso. Ele é para qualquer
um que estiver determinado a cumprir o chamado de Deus em sua
vida. Assim como a Bíblia, esta mensagem oportuna do irmão Tony
Cooke também é “proveitosa para o ensino, para a repreensão, para
a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

Joe Purcell, Diretor


Rhema Singapura
Singapura

Tony nos presenteou com um lembrete bíblico e minucioso das


qualificações sérias e únicas que são exigidas para os ministros de
Deus. Em uma época em que os ministros são frequentemente
valorizados pelo seu carisma, aparência e talentos, Qualificados traz
uma visão fresca do coração e dos hábitos necessários para que os
servos de Deus completem as suas tarefas com integridade. O
prêmio ainda é concedido na linha de chegada. E, se os princípios
que Tony revela em Qualificados forem abraçados, irão nos
capacitar para reconhecermos e vencermos as armadilhas,
tentações e tribulações que, muitas vezes, vêm para frustrar o
nosso aperfeiçoamento.

Eddie Turner, pastor sênior


Family Worship Center
Murfreesburo, TN

O conselho prático que Tony dá neste livro será uma grande


bênção para muitos líderes, à medida que eles levantam a próxima
geração de líderes. A base bíblica que Tony ensina irá edificar
líderes fortes e constantes.

Sam Smucker, pastor sênior


The Worship Center
Lancaster, PA

Todo crente e ministro do Evangelho de Cristo estaria muito bem


servido ao ler esta obra prima, Qualificados. Dentro de suas
páginas, Tony Cooke descortinou uma riqueza de sabedoria bíblica
que irá guiar ministros e cristãos a correrem a sua carreira e
completá-la com integridade e caráter.

Mark Thomas, pastor sênior


Centro Cristão Coração da Baía
Hayward, CA

É um privilégio recomendar Qualificados, o novo livro de Tony


Cooke. Esta obra é um tesouro de discernimento e sabedoria que,
inicialmente, foi vivida pelo próprio autor. Este livro, de leitura
obrigatória, irá capacitá-lo e equipá-lo a ter uma vida sólida
deixando um legado eterno. Obrigado Tony por nos desafiar a viver
em um nível mais alto.

Jonathan Del Turco, pastor sênior


Igreja Família Internacional
North Reading, MA

Qualificados é um livro que poucos ministros escreveriam e iriam


para a cama, à noite, com uma consciência limpa. Acredito que,
quando se trata de ler algum assunto em particular, você tem que
considerar o mensageiro tanto quanto a mensagem. Tony dá
substância a essa mensagem alicerçada em sua vida pessoal e no
exemplo que ele mesmo viveu. Como alguém disse: “O ministro é
tão bom quanto o homem!” Qualificados é uma leitura obrigatória
para ajudar todo “homem ou mulher” a preservar o seu caráter,
manter a sua segurança ministerial e conservar o equilíbrio certo na
vida.

Paul Foslien, pastor sênior


Igreja Família Palavra Viva
Naples, FL

Qualificados é uma leitura obrigatória. Tony brilhantemente expõe


princípios que todo novo crente, com um coração para o ministério,
precisa aprender e aquele que é experimentado, que quer terminar
a sua caminhada com louvor, precisa estar atualizado. Ele não
coloca de lado os problemas reais, mas os encabeça com exemplos
bíblicos e com um coração para o povo. Você será encorajado,
edificado e fortalecido à medida que cada capítulo o levar a ser o
ministro que Deus deseja.

Dan Roth, pastor executivo


Igreja A Rocha
San Bernardino, CA

Qualificados está recheado com ensinamentos práticos e


objetivos que irão equipar e iluminar todos os cristãos. Tony Cooke
fez um trabalho fantástico de pesquisar a Palavra de Deus e de nos
mostrar a sua aplicação para o nosso crescimento e sucesso como
líderes.

Douglas W. Holte, M.D.


Centro Prático Família Broken Arrow
Broken Arrow, OK
Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos
homens.

— Romanos 14:18
I

A
nos atrás, um dos estudantes na escola bíblica onde eu
ensinava veio a mim e, muito empolgado, falou-me de uma
oportunidade que teve de trabalhar em uma igreja após a
formatura. À medida que ele discorria a respeito da oportunidade, eu
apreciava o seu zelo e entusiasmo e, em uma tentativa de apoiá-lo,
eu pretendia dizer: “Isso parece uma verdadeira mina de ouro”. Eu
não estava pensando em dinheiro ou riqueza, mas simplesmente,
que aquele convite tinha o potencial para ser uma grande
oportunidade de aprender e servir.
Mas, em vez disso, falei: “Isso parece um verdadeiro campo
minado”. Ele ficou surpreso com a minha declaração e rapidamente
me corrigi. Depois de posterior reflexão, reconheci que cada
oportunidade que temos na vida realmente tem o potencial para ser
uma “mina de ouro” ou um “campo minado”. Nossas atitudes e a
maneira como nos conduzimos com frequência determinarão se as
nossas experiências serão positivas ou negativas. Por isso, este
livro pretende desafiar os atuais líderes espirituais e os líderes em
desenvolvimento.
Dediquei mais de trinta anos treinando estudantes de escolas
bíblicas e trabalhando extensivamente com ministros, por todo os
Estados Unidos e ao redor do mundo. Preguei em mais de 45
Estados e em mais de 25 nações. Vi líderes espirituais se
levantarem e caírem. Testemunhei alguns vencerem os mais
incríveis desafios, enquanto outros se autodestruíram. Vi alguns se
desviarem, enquanto outros perseveraram. Também, observei que
alguns permaneceram fiéis no caminho, enquanto outros foram
desviados por tangentes improdutivas.
Meu desejo é que jovens líderes evitem algumas das armadilhas
que têm tirado alguns servos de Deus da sua missão, e observar o
seu progresso acelerado, à medida que eles andam no caminho do
justo.

Vivemos em uma época de ceticismo e desconfiança. Planos


malignos, fraudes generalizadas, falsidade ideológica, executivos
corruptos, políticos enganadores, preconceitos brutais na mídia,
programas esportivos que trapaceiam para alcançar um objetivo e
escândalos de abuso na igreja, aparentemente, têm se tornado tão
comuns em nossa cultura moderna, que incidentes dessa natureza
dificilmente nos surpreendem mais.

Por mais que eu valorize o ministério da Palavra de Deus, o


mundo não será ganho simplesmente por bons sermões. Pessoas
estafadas, cínicas, desacreditadas e céticas precisam
desesperadamente ver crentes que personifiquem a integridade,
demonstrem um caráter piedoso e incorporem o amor de Deus.
Se vamos exercer uma influência da parte de Deus em nossas
igrejas, lares, vizinhança e no local de trabalho, o desafio é o
mesmo — nossa vida terá que refletir as virtudes da nossa
mensagem. O maior desafio da liderança espiritual não está apenas
em saber as palavras certas a dizer ou as coisas certas a fazer, mas
está em se tornar a pessoa certa.

Toda a sociedade espera que pessoas encarregadas de


responsabilidades importantes sejam qualificadas. Você iria a um
médico que não é qualificado? Você voaria em um avião cujo piloto
não é qualificado? Você iria querer um mecânico trabalhando em
seu carro se ele não fosse qualificado? Em todos esses casos, tais
profissionais não apenas oferecem qualificações iniciais, mas estão
engajados em avançar, em contínuo treinamento para
permanecerem atualizados em seus respectivos campos.

Se esses indivíduos procuram arduamente por altos níveis de


competência, quanto mais aqueles que lidam com as almas e os
destinos eternos dos homens, não deveriam eles se esforçar para
ser tão qualificados e eficientes quanto os demais?

Não trataremos de todas as aptidões técnicas necessárias para


líderes espirituais serem qualificados, mas iremos centralizar em
questões de integridade, caráter e credibilidade que são necessárias
para que Deus seja glorificado e para que as pessoas sejam
positivamente influenciadas por intermédio das nossas vidas e
serviços. Quero que este seja o tipo de livro que pastores e
mentores possam usar para sentar com aqueles que estão liderando
e dizer: “Vamos estudar este livro juntos — ele fala das coisas que
Deus quer que nos tornemos como pessoas”.

Estou escrevendo Qualificados porque eu quero que você seja


bem-sucedido. Quero que as pessoas percebam a bondade e as
virtudes de Deus em sua vida e serviço. Quero que você sirva a
Deus com integridade e complete a sua carreira com honra.
AV Q
Capítulo Um

D —

“Não fostes vós que me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a
vós outros e vos designei para que vades e deis fruto.”

— João 15:16

Pensamento-chave: Deus nos chama, alicerçado em Seu plano e


Seu propósito, e não fundamentado em nossa perfeição ou na falta
dela. Seu chamado não é um final em si mesmo, mas deveria nos
lançar para uma vida de respostas positivas à Sua vontade para
nós.

J
ulie Andrews, no conhecido filme A Noviça Rebelde, tornou
famosa a seguinte frase: Vamos começar bem do começo; é
um bom lugar para começar.
Quaisquer pensamentos acerca do chamado de Deus ou do servir
a Deus deveriam começar com o entendimento de que o nosso
chamado foi iniciado pelo próprio Deus, e não por nós. Ele é Aquele
que chama, equipa, unge e designa. Foi muito bem dito que “Deus
não chama os qualificados; Ele qualifica os chamados”.

Portanto, comecemos do início e tratemos do fato de que Deus é


o “iniciador” de qualquer chamado que possamos ter na vida. Se
Deus, que é a fonte do nosso chamado, é um dos lados da moeda
— e legalmente, o primeiro lado que deveríamos considerar —
então, não vamos negligenciar o outro lado da moeda. A verdade
complementar é que temos uma parte a realizar; não fomos criados
como marionetes, que automaticamente obedecem toda vez que
Deus move um fio. Ele nos chamou e deseja trabalhar em nossas
vidas para nos qualificar para o serviço fiel a Ele, mas nós ainda
temos de fazer a nossa parte e participar em um processo contínuo
de crescimento e obediência.

• Nós podemos responder ou não responder.


• Nós podemos obedecer ou não obedecer.
• Nós podemos cooperar ou não cooperar.
• Nós podemos seguir completamente, parcialmente ou de modo
algum.

Existe um senso comum que afirma: “Deus nos qualifica por Sua
misericórdia e graça”. No entanto, há outro senso comum que diz:
“Nós nos tornamos qualificados, à medida que somos fiéis e
diligentes em seguir Deus e os Seus planos para as nossas vidas”.
Com frequência, pondero as palavras do Senhor Jesus quando
disse: “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”
(Mateus 22:14). Qual é a diferença entre aqueles que são
“chamados” e aqueles que são “escolhidos”? É possível que
aqueles que são escolhidos sejam aqueles que cooperaram mais
plenamente com “Aquele que chama” e seu “chamado”?

Se este livro fosse escrito apenas sobre o “lado de Deus” da


equação, então estaríamos ignorando a necessidade de
cooperarmos com Deus. Semelhantemente, se focássemos apenas
em nós mesmos e em nossa obediência, estaríamos, então,
ignorando Aquele que é verdadeiramente “o Autor e Consumador da
nossa fé” (Hebreus 12:2).

Não podemos reconhecer ou cumprir o nosso chamado sem a


ajuda de Deus; entretanto, Ele requer certo nível de cooperação
nossa para que Ele abençoe o nosso destino. Deus não exige
perfeição da nossa parte (nenhum de nós jamais poderia ser usado
se Ele exigisse), em vez disso Ele deseja que falemos o mesmo que
Paulo disse: “... Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de
Deus, edifício de Deus...” (1 Coríntios 3:9).

Processando o Chamado de Deus em Nossas


Vidas
No Antigo e Novo Testamento, observamos que, acompanhado de
qualquer chamado de Deus, existe um processo envolvido de modo
a trazer esse chamado à total realização. Vejamos um exemplo
desse processo na vida de Davi:

Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das


ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o
pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. E ele os
apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu
com mãos precavidas.
— Salmos 78:70-72
As pessoas não se tornam líderes estáveis e eficazes da noite
para o dia. Existe um processo envolvido e precisamos entender os
elementos essenciais desse processo. Na passagem citada, há três
elementos-chaves:

• Deus escolheu Davi — isso fala do chamado soberano de


Deus.
• Integridade de coração — isso fala do desenvolvimento do
caráter de Davi.
• Aptidão de mãos — isso fala do trabalho feito com
competência.

Lembre-se destes três componentes: chamado, caráter e


competência.

Outra maneira de se lembrar disso é: soberania, santificação e


aptidão.

• Deus “soberanamente” nos chama de acordo com a Sua


vontade.
• Existe um processo de “santificação” que ocorre, habilitando-
nos para servir com integridade.
• A “aptidão” nos capacita e desenvolve para fazermos bem o
trabalho.

Todos esses elementos são essenciais para que possamos


responder e cumprir eficazmente o chamado de Deus em nossas
vidas. Vejamos, especificamente, o primeiro elemento, o qual está
refletido na simples declaração: “Também escolheu a Davi”.

O Chamado Soberano
A Bíblia descreve outros “chamados” soberanos. Por exemplo,
Deus disse a Jeremias: “Antes que Eu te formasse no ventre
materno, Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te
consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jeremias 1:5).

Semelhantemente, Paulo disse: “... ao que me separou antes de


eu nascer e me chamou pela Sua graça, aprouve revelar Seu Filho
em mim, para que eu O pregasse entre os gentios” (Gálatas 1:15-
16). Ele também disse a Timóteo: “... que [Deus] nos salvou e nos
chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas
conforme a Sua própria determinação e graça que nos foi dada em
Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9).
A ideia de um chamado soberano (relativo ao chamado inicial e
ao processo que segue) também é vista no modo como Jesus
convocou os Seus doze discípulos. Jesus não escolheu os grandes
estudiosos da época, os grandes oradores ou os grandes
empreendedores. Em vez disso, Ele escolheu homens comuns, os
quais, por meio da sua união e comunhão com Ele, foram
transformados para transformar o mundo.

Depois, subiu ao monte e chamou os que Ele mesmo quis, e


vieram para junto Dele. Então, designou doze para estarem
com Ele e para enviá-los a pregar e a exercer a autoridade de
expelir demônios.
— Marcos 3:13-15
Observe os mesmos três princípios que vimos no Salmo 78,
acerca de Davi. Um processo começa desde o chamado inicial.

• Chamado — Jesus chamou aqueles que Ele queria para Si.


• Caráter — Ele designou doze, “para estarem com Ele”. A união
e a comunhão dos doze com Ele os levaram a vidas
transformadas e um caráter temente a Deus.
• Competência — “... para enviá-los a pregar e a exercer a
autoridade...”.

O chamado de Deus não é um evento autoconclusivo. Ao


contrário, é um trampolim para um trabalho de parceria com Deus,
do qual transformação, crescimento e obediência encontram lugar
em nossas vidas. A questão do chamado é o que Deus faz, é algo
que cabe a Ele; entretanto, responder ao chamado é nossa
responsabilidade.
Infelizmente, a História está repleta de exemplos de chamados de
Deus sendo desprezados. Deus disse por intermédio de Isaías:
“Estendi as mãos todos os dias a um povo rebelde, que anda por
caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos”
(Isaías 65:2).

Jesus demonstrou grande tristeza e até mesmo chorou sobre a


cidade de Jerusalém porque eles se recusaram a responder
favoravelmente ao chamado de Deus que foi demonstrado a eles
por meio do Seu ministério. “... Quantas vezes quis eu reunir teus
filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das
asas, e vós não o quisestes!” (Lucas 13:34; ver também 19:41-44).

O diálogo entre Deus e Isaías é uma boa ilustração de um


chamado divino que é seguido de uma resposta humana favorável.
Em Isaías, 6:8, lemos: “Depois disto, ouvi a voz do S , que
dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me
aqui, envia-me a mim”.

As pessoas simplesmente não entram aleatoriamente e


arbitrariamente em grande maturidade espiritual ou altos ofícios
ministeriais. Elas não são automaticamente frutíferas e eficazes só
porque Deus as chamou. Obediência e fidelidade são necessárias
para aqueles que são chamados, de modo que eles tenham uma
ótima vida espiritual e um ministério produtivo. Existem muitos
exemplos de pessoas no ministério que receberam um chamado (rei
Saul, Judas, Demas, etc.), mas que terminaram naufragados
espiritualmente — não porque havia algo de errado com o seu
chamado, mas porque eles não responderam apropriadamente a
Deus naquele chamado.

Deus é um cavalheiro e não força as pessoas a responderem ao


Seu chamado; entretanto, o que quer que Deus o chame para fazer
é melhor do que o que você tem planejado para a sua vida.
Podemos perceber o chamado de Deus como um evento (embora
para alguns, isso venha mais como uma percepção gradual), no
entanto, respondemos por meio de um processo de obediência e
crescimento. Isso pode ser visto claramente na vida de Davi.

Quando Davi foi ungido para ser o novo rei, não foi porque ele
parecia o melhor candidato. Se boa aparência e bom visual
tivessem sido os fatores determinantes, então o comando teria ido
para o seu irmão mais velho, Eliabe. Quando o profeta Samuel
seguiu as direções do Senhor e foi ungir um dos filhos de Jessé
como o novo rei de Israel, foi isto que aconteceu:

Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo:


Certamente, está perante o S o seu ungido. Porém o
S disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência,
nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o S não
vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o
S , o coração.
— 1 Samuel 16:6-7

O Senhor vê o coração! Que declaração profunda. Os homens


tendem a olhar o carisma, a escolaridade, as habilidades sociais, o
talento, a eloquência, etc. — e todas essas habilidades podem ser
ferramentas úteis — mas Deus vê o coração! Séculos mais tarde, o
apóstolo Paulo estava revendo uma das histórias de Israel em uma
mensagem e disse: “... Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu
coração, que fará toda a Minha vontade” (Atos 13:22).
Nos dias de Davi, Deus estava à procura de um homem segundo
o Seu coração. Acredito que Deus sempre buscou tais indivíduos e
ainda continua a fazê-lo nos dias de hoje.

Porque, quanto ao S , seus olhos passam por toda a


terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é
totalmente Dele.
— 2 Crônicas 16:9

Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se


colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que
eu não a destruísse; mas a ninguém achei.
— Ezequiel 22:30

Você precisa reconhecer, descobrir e permitir que o chamado e o


plano de Deus sejam executados em sua vida! Está tudo bem se
você está nos estágios iniciais do chamado de Deus para a sua vida
e ainda não sabe muito. Afinal, Deus disse: “Invoca-me, e te
responderei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não
sabes” (Jeremias 33:3). Aproveite a jornada e todas as descobertas
que você fará ao longo do caminho.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. O que a frase “Deus não chama os qualificados; Ele qualifica os


chamados” significa para você?

2. O que as palavras de Jesus “Muitos são chamados, mas poucos


são escolhidos” significam para você?
3. Você acredita que Deus o chamou para ser Dele, e estabeleceu
um plano para a sua vida antes de você nascer? Como você acha
que tem feito no sentido de descobrir esse plano? Como você
acha que tem feito no sentido de cultivar integridade e habilidade
para facilitar a expressão desse chamado?

4. A Bíblia diz: “O homem vê o exterior, porém o Senhor vê o


coração”. Quão consciente disso você está quando pensa acerca
de si mesmo?

5. Qual é a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
Capítulo Dois

C ?

“Existe um senso comum primário no qual todos os cristãos são


‘chamados’, pois Jesus Cristo é Senhor sobre toda a vida,
sobre toda tarefa, sobre todo esforço. Mas há outro senso
comum no qual apenas alguns são ‘chamados’ para cumprir
aquelas responsabilidades especiais colocadas na Bíblia, das
quais a vida e a ordem da Igreja dependem diretamente.”1
— Sam Storms

Pensamento-chave: Deus nos chama para sermos Seus filhos e


nos dá atribuições específicas.

D
esde que Deus chamou o desobediente Adão “Onde
estás?” (Gênesis 3:9), Ele tem chamado homens e
mulheres através das eras, acenando-lhes para voltarem
para Ele e chamando-os para a Sua família.

Há muitos equívocos acerca do que significa ser “chamado” por


Deus. Muitos cristãos tendem a pensar no “chamado” como algo
que se aplica apenas aos pregadores, mas Deus chamou todos nós
para sermos Seus filhos e refletirmos a Sua glória e honra sobre a
terra. Deus o chamou para ser:
• Um esposo ou esposa temente ao Senhor?
• Uma pessoa que terá uma influência santa sobre os seus
vizinhos, amigos e colaboradores no local de trabalho?
• Um obreiro produtivo ou um líder na igreja local?
• Um pai que cria os seus filhos na educação e admoestação do
Senhor?

Todos esses são valores e atribuições significantes na vida, quer


você se coloque atrás de um púlpito quer não. Nós devemos servir a
Deus...

• Com ou sem um título.


• Com ou sem uma posição.
• Na frente ou atrás dos bastidores.
• Tendo recursos ou espontaneamente.
• Formal ou informalmente.

Algumas pessoas pensam que um chamado será sempre


altamente dramático e sensacional. Para alguns, pode até ser;
entretanto, para a maioria dos cristãos, um chamado pode vir
apenas como uma percepção ou um desejo crescente dentro do seu
coração que o conduz na direção de Deus.

Muitos cristãos, provavelmente, perceberam que Deus os


chamava para serem Seus filhos — quando eles ouviram o
Evangelho e sentiram o Espírito Santo atraindo os seus corações.
Temos ouvido e nos alegrado com histórias de conversões muito
dramáticas, nas quais pessoas tiveram experiências incríveis de
salvação (como a que Paulo teve em Atos 9:1-18). Entretanto, a
maioria dos cristãos não tem tais experiências dramáticas e
sensacionais.
Em minha vida pessoal, meu chamado para o ministério não foi
dramático ou sensacional. Não ouvi uma voz de modo audível, não
tive uma visão, ou vi anjos. Para mim, houve apenas uma
percepção que aumentava e um desejo que crescia de servir a Deus
que eu jamais experimentara.

Semelhantemente, quando se trata de ser chamado para uma


função específica, muitos cristãos devem ter sentido um desejo de
servir a Deus em certo grau. À medida que foram fiéis, eles
começaram a perceber que tinham certa aptidão ou talento em sua
vida. Enquanto continuavam a ser fiéis, a aptidão deles ou talento
desenvolveu-se a uma grande capacidade.

Falando de obediência à vontade de Deus, Paulo disse a um


grupo de crentes: “[Não na sua própria força], pois é Deus quem
está o tempo todo, eficazmente, operando em vocês [energizando e
criando em vocês a força e o desejo], para querer e operar o Seu
bom prazer e satisfação e deleite” (Filipenses 2:13, AMP).

Mesmo quando se trata de ser um filho de Deus, Ele nos chamou


para algumas coisas específicas; Ele não nos chamou
simplesmente de modo genérico e indeterminado. À medida que
você meditar nos seguintes versículos, não passe superficialmente
sobre eles, mas os considere cuidadosamente para perceber
exatamente para que Deus nos chamou.

...chamados para serdes de Jesus Cristo. A todos os amados


de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos...
— Romanos 1:6-7

E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que


chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a
esses também glorificou.
— Romanos 8:30

...chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar


invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e
nosso.
— 1 Coríntios 1:2

...fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso


Senhor.
— 1 Coríntios 1:9

...daquele que vos chamou na graça de Cristo...


— Gálatas 1:6

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade...


— Gálatas 5:13

...segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos


também vós mesmos em todo o vosso procedimento.
— 1 Pedro 1:15

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as
virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz...
— 1 Pedro 2:9

...o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua


eterna glória.
— 1 Pedro 5:10

...aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus


Cristo...
— Judas 1

Ser chamado por Deus não fala da nossa perfeição, ao contrário,


reflete a Sua bondade e misericórdia para conosco. Enquanto
estávamos perdidos e separados de Deus, Ele escolheu nos
alcançar por causa do quão maravilhoso Ele é. Quando pensamos
no fato de que Deus nos chamou para sermos Seus, não devemos
ficar orgulhosos, mas humildes e gratos.

Diferentes Tipos de Chamados


Ao estudar a Bíblia, torna-se evidente que existem diferentes tipos
de chamados. Apenas lemos diversas passagens que se aplicam a
todos os filhos de Deus. Esse tipo geral e inclusivo de chamado é
refletido na declaração de Jesus (perceba que Ele diz isso a todos):
“... se alguém tem sede, venha a Mim e beba” (João 7:37).

Também existem outros tipos de chamados, os quais são únicos


para diferentes indivíduos. Esses chamados não são para todos,
mas para aqueles que Deus chamou especificamente e escolheu
para responsabilidades específicas. Por exemplo, quando Jesus
escolheu Seus doze discípulos (os quais, finalmente, tornaram-se
apóstolos), Ele não chamou voluntários. Marcos 3:13 diz que Jesus:
“... chamou os que Ele mesmo quis, e vieram para junto Dele”.
Devemos respeitar o fato de que Deus escolhe certas pessoas
para fazer certas coisas. Hebreus 5:4-5 diz: “Ninguém, pois, toma
esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como
aconteceu com Arão. Assim, também Cristo a si mesmo não se
glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou Aquele”.

Quando se trata de ser filho de Deus, Ele chamou todos nós —


qualquer um — para participar de Sua graça e perdão. Entretanto,
quando se trata de atribuições ministeriais, a Bíblia indica que Deus
tem diferentes chamados e atribuições para cada um de nós, e
esses são atribuídos de acordo com o Seu critério.

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no


corpo, como lhe aprouve.
— 1 Coríntios 12:18

Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros


desse corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente,
apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar,
mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas.
— 1 Coríntios 12:27-28

Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas


nem todos os membros têm a mesma função, assim também
nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e
membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons
segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a
proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou
o que ensina esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com
dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside,
com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.
— Romanos 12:4-8

No que diz respeito aos dons ministeriais de Cristo — apóstolos,


profetas, evangelistas, pastores e mestres — o apóstolo Paulo
declara especificamente que: “Ele (Jesus) mesmo concedeu” esses
dons para a Igreja (Efésios 4:11).
Finalmente, o apóstolo Pedro também reconheceu uma distinção
nas funções desses dons quando disse:

Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu,


como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se
alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se
alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em
todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus
Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos. Amém!
— 1 Pedro 4:10-11

O Espírito Santo não irá apenas testemunhar com o seu coração


que você é filho de Deus (Romanos 8:16), mas Ele também lhe dará
os dons e o equipamento espiritual para fazer o que você foi
chamado para fazer. O Espírito Santo, também, usará outros para
confirmar e encorajá-lo em seu chamado.

Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé,


Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém,
colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao
Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora,
Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então,
jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os
despediram.
— Atos 13:1-3

Observe que esses outros homens não chamaram Saulo e


Barnabé para o ministério; eles já tinham sido chamados por Deus.
Eles apenas admitiram o seu chamado e reconheceram que agora
era a hora para Barnabé e Saulo começarem a fazer o que o Senhor
já os tinha chamado para fazer. O chamado deles também foi
confirmado pelos frutos e pelos resultados que foram produzidos à
medida que eles obedeciam a Deus e executavam a Sua tarefa.
Barnabé e Saulo (mais tarde conhecido por Paulo) responderam ao
chamado de Deus. Eles disseram “sim” a Deus e é isso que nós
também devemos fazer.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Em sua vida, o chamado de Deus veio a você mais como um


“evento”, ou ele foi sendo reconhecido mais sutil e gradualmente,
como um “processo” de ser atraído para Ele e tendo uma
consciência crescente de um desejo de fazer a Sua vontade?

2. Reveja a lista de versículos no começo deste capítulo


(começando com Romanos 1:6 terminando com Judas 1) e faça a
si mesmo esta pergunta: quantas ramificações do chamado de
Deus identificadas nessas passagens foram e estão sendo
reconhecidas em minha vida?
3. Você reconhece a diferença entre chamados que se aplicam a
todos os crentes e chamados que são únicos para determinados
indivíduos em termos de suas atribuições específicas?

4. Qual é a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
1 Storms, Sam, Are You Called to Ministry, Part 1, Enjoying God Ministries.com, November
8, 2006. http://www.enjoyinggodministries.com/article/are-you-called-to-ministry-part-i/
Capítulo Três

M !

“Aquele que cresce em graça lembra-se de que é apenas pó e,


portanto, não espera que seus companheiros cristãos sejam
algo mais. Ele desconsidera dez mil de suas faltas porque sabe
que o seu Deus desconsidera vinte mil em seu próprio caso. Ele
não espera perfeição na criatura e, portanto, não se desaponta
quando não a encontra... Quando as nossas virtudes
amadurecerem, acredito que não toleraremos mais o mal, mas
seremos mais tolerantes com as debilidades, mais
esperançosos para com o povo de Deus e certamente menos
arrogantes em nossas críticas. Doçura para com os pecadores
é outro sinal de maturidade.”2
— Charles H. Spurgeon

Pensamento-chave: Se Deus tivesse de esperar até que fôssemos


perfeitos para nos usar, ninguém jamais seria usado por Deus.

V
ocê já lutou contra o sentimento de não ser bom o suficiente
para ser usado por Deus? Você não é o único. Medite nas
palavras de Paulo aos coríntios.

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram


chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos
poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário,
Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os
sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar
as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as
desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as
que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus.
— 1 Coríntios 1:26-29

Deus chamou apenas uma pessoa perfeita: o Senhor Jesus


Cristo. Todos os outros que Deus chamou para fazer alguma coisa
para Ele — inclusive você e eu — são pessoas muito falíveis e
imperfeitas. Deus sabe a nossa condição exata quando nos chama,
e Ele começa conosco — exatamente onde estamos. A graça e a
misericórdia de Deus têm feito com que muitos que não pareciam
grandes “candidatos” à liderança espiritual, se submetessem a
transformações extraordinárias:

• Moisés, o Assassino, tornou-se o Libertador Poderoso.


• Gideão, o Inseguro, tornou-se o Guerreiro do Senhor.
• Davi, o Adúltero, tornou-se o Doce Salmista de Israel.
• Pedro, o Covarde, tornou-se o Proclamador do Pentecostes.
• João, o Tempestuoso, tornou-se o Apóstolo do Amor.
• Saulo, o Fariseu (alguns historiadores creem que Paulo foi um
Terrorista), tornou-se o Apóstolo da Graça.
• Marcos, o Inconstante, tornou-se Útil para o Ministério.

Relatos bíblicos revelam que aqueles que Deus chamou para o


serviço com frequência sentiram-se desqualificados e incapazes.
Considere Moisés
Quando o Senhor apareceu para Moisés e o comissionou para
libertar os filhos de Israel da escravidão do Egito, Moisés ofereceu
inúmeras desculpas que revelaram o seu choque e insegurança.

• Ele perguntou a Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó...?”


(Êxodo 3:11).
• Ele questionou: “Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha
voz...” (Êxodo 4:1).
• “Ah! S ! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois
que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de
língua” (Êxodo 4:10).

Pessoa alguma que crê na Bíblia jamais duvidaria que Moisés


tinha um chamado de Deus em sua vida, mas alguns admitem que
ele não tinha qualquer consciência desse chamado até o incidente
da sarça que ardia, quando estava com 80 anos (Êxodo 3).
Entretanto, quando era mais jovem, Moisés teve uma percepção do
propósito de Deus para a sua vida. Ele parecia ter captado uma
ideia geral do seu papel, mas não compreendera completamente os
detalhes vitais acerca do tempo e do modo como o seu chamado se
cumpriria.

Quando completou quarenta anos, veio-lhe a ideia de visitar


seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado
injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando
o egípcio. Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam
que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não
compreenderam.
— Atos 7:23-25

Você certamente se lembra do restante da história. Quando


Moisés descobriu que o seu crime de assassinato fora descoberto,
ele fugiu e passou os quarenta anos seguintes no deserto. Talvez o
sonho inicial de Moisés em ser usado por Deus para libertar os
israelitas tivesse morrido por quatro décadas de dias quentes e
noites frias no deserto de Midiã, mas Deus ressuscitou aquelas
percepções iniciais, trouxe esclarecimento para ele e lhe deu uma
tarefa maravilhosa.

Talvez você esteja como Moisés. Você recebeu uma ideia de


Deus e fez uma tentativa fracassada de realizar algo para Ele, não
percebendo o tempo errado ou o modo errado. Quando você agiu
sobre aquela ideia as coisas não funcionaram bem, então, você
jogou a toalha. Deus quer que nós sirvamos a Ele, exatamente
como Moisés o fez, mas é necessário que façamos as coisas do
Seu jeito e no Seu tempo (isso com frequência inclui um período de
preparação considerável).

Um grande passo em começar a cooperar com Deus envolve tirar


os nossos olhos de nós mesmos. O porquê Deus escolheu Moisés
diz respeito a Deus. Temos consciência de que Deus não escolheu
Moisés porque ele era perfeito, ao contrário, Ele escolheu Moisés
por causa do seu amor pelos israelitas e o seu desejo de libertá-los.
Antes que Moisés entrasse em seu destino, ele teve de tirar os seus
olhos de si mesmo e esquecer o seu passado. Ele tinha que olhar
para Deus, para a responsabilidade que o Senhor lhe dera e para as
pessoas que Deus queria libertar.

Moisés finalmente entendeu que seu chamado estava alicerçado


na graça daquele que chama e não na perfeição daquele que está
sendo chamado. Ele disse ao povo: “Não vos teve o S
afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que
qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos”
(Deuteronômio 7:7).

Muitos Outros Sentiram-se Desqualificados


Gideão sentiu-se desqualificado por causa da inferioridade que
ele sentia devido à sua condição socioeconômica inferior. Em
Juízes, 6:15, ele disse: “Ai, meu! Com que livrarei Israel?
Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor
na casa de meu pai”.

• Jeremias sentiu-se muito jovem (Jeremias 1:6).


• Sara pensou que era muito velha (Gênesis 18:12).
• Quando o Senhor apareceu a Isaías, ele disse: “Ai de mim!
Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros” (Isaías
6:5).
• Quando Pedro encontrou-se com Jesus, sua resposta foi:
“Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lucas 5:8).
• Paulo disse de si mesmo: “... não sou digno de ser chamado
apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1 Coríntios 15:9).

Paulo disse a Timóteo que Deus “... nos salvou e nos chamou
com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a
Sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos” (2 Timóteo 1:9). Paulo sabia que Timóteo
tinha certos medos e inseguranças, e ele queria que esse jovem
ministro entendesse: “Timóteo, isso não tem nada a ver com você
ou quão perfeito ou imperfeito você é. Tire os seus olhos de si
mesmo — desista de ficar preso às suas imperfeições e deficiências
— e ponha os seus olhos no propósito e na graça de Deus para a
sua vida”.
Paulo estava ciente de que seu passado não era puro. Ele disse:

Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus,


nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o
ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e
perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na
ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de
nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus.
— 1 Timóteo 1:12-14

Alguma coisa o tem prendido no passado?


Você já se sentiu desqualificado para ser usado por Deus?

Você se considera “indigno” por causa de algumas deficiências


em suas habilidades ou pecados em seu passado, ou até mesmo
devido a alguma batalha que está travando em sua vida agora
mesmo?
Existe insegurança ou sentimento de inferioridade que o tem
impedido de render a sua vida a Deus e ao Seu propósito para a
sua vida?
Se respondeu sim a essas perguntas, como eu disse, você não
está sozinho. Jamais devemos esquecer que somos privilegiados
por servir a Deus, e apenas por Sua misericórdia e graça que
podemos fazer isso. Considere algumas passagens importantes que
revelam o discernimento de Paulo sobre a origem e a natureza do
seu ministério e perceba que o seu passado não o impediu de entrar
no seu futuro.

Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou


digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus.
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua graça, que
me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais
do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo.
— 1 Coríntios 15:9-10

... não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar


alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos
ministros de uma nova aliança...
— 2 Coríntios 3:5-6

Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição;


mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui
conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo
havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das
coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão...
— Filipenses 3:12-13
Quais foram algumas das ideias-chave que direcionaram a
perspectiva de Paulo sobre o seu ministério?

1. Paulo nunca se esqueceu de onde tinha vindo. Ele


reconhecia que Deus não o chamara porque ele era perfeito,
ao contrário, chamara-o a despeito de sua hostilidade contra
Jesus.
2. A graça não era apenas a base para Deus salvar Paulo, mas
também a base para a capacitação de Paulo no ministério.
3. A graça era a base para o ministério de Paulo, mas ele
trabalhou duro e fez a sua parte. Ele reconhecia que a sua
obra não era independente de Deus, mas se dava em
combinação com as obras de Deus nele.
4. Paulo reconhecia que Deus era Aquele que o qualificava e o
capacitava para ser um ministro.
5. Paulo não considerava a si mesmo perfeito ou como tendo
alcançado a perfeição. Ele reconhecia que ainda havia mais,
e ele estava buscando o melhor de Deus.

A obra que realizamos para Deus não é fundamentada em nossa


perfeição, mas em Sua misericórdia e graça. Todos nós somos uma
“obra em progresso”. Não é o que fomos que importa; é onde
estamos estabelecidos agora que conta para Deus. O seu passado
não é desculpa para privá-lo do futuro que Deus tem para você.
Deus tem uma obra para você realizar, e o que Jesus disse em
Lucas 9:62 é válido para nós hoje: “Ninguém que, tendo posto a
mão no arado, olha para trás é apto para o Reino de Deus”.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Você já se sentiu “desqualificado” para servir a Deus por causa de


algo em seu passado? Quais foram as suas impressões ao ler a
respeito das pessoas na Bíblia que Deus usou apesar de suas
falhas e imperfeições?

2. Você já fez algo parecido com Moisés? Pode ser que você tenha
a ideia certa acerca de algo que Deus está querendo que você
faça, mas talvez o tempo e o modo estejam errados? Você foi
capaz de se recuperar e fazer os ajustes necessários para
recomeçar mais sabiamente?
3. Descreva, com as suas próprias palavras, como Paulo via a si
mesmo à luz dos seus fracassos passados e da misericórdia e
graça de Deus, as quais o habilitaram a tornar-se um trabalhador
eficaz e um líder espiritual.

4. Qual a compreensão principal que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
2 Spurgeon, Charles, “Ripe Fruit” The Metropolitan Tabernacle Pulpit. Volume 16 (1870),
Sermon 945. Extraído de: http://tollelege.wordpress.com/2011/11/20/he-who-grows-in-
grace-by-charles-spurgeon/
Capítulo Quatro

“O nosso Senhor deixou claro para Tiago e João que, no Reino


de Deus, a alta posição está reservada para aqueles cujos
corações — até mesmo nos lugares secretos onde ninguém
mais sonda — são qualificados.”3
— Oswald Sanders

Pensamento-chave: Todos os líderes espirituais deveriam


empenhar-se diligentemente para se tornarem e permanecerem
qualificados.

S
e chamássemos a nós mesmos para o serviço — se nos
“autodesignássemos” — então, teríamos o direito de
determinarmos os nossos próprios padrões. Mas se Deus
nos chama para o serviço, então iremos prestar contas a Ele, e Ele
tem o direito de estabelecer o que nos qualifica para servi-Lo de
modo eficaz.
Moisés estava em um ponto de total sobrecarga. Ele estava
tentando ser sozinho os poderes executivo, legislativo e judiciário do
governo de Israel. Seu sogro, Jetro, o aconselhou a respeito dos
ajudantes que ele deveria escolher (Êxodo 18:21): “Procura dentre o
povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que
aborreçam a avareza”. A versão da Bíblia A Mensagem traduz
esses traços de qualidade como “homens competentes, que temam
a Deus e sejam íntegros, incorruptíveis”.
Por acaso alguém foi qualificado por Moisés para servir como juiz
sob a sua liderança? Não, mas as seguintes características comuns
foram identificadas:

• Eles tinham que ser capazes e competentes.


• Eles tinham que ser tementes a Deus.
• Eles tinham que ser pessoas de integridade e honestidade.
• Eles tinham que ser incorruptíveis, odiando a avareza e imunes
ao suborno.

Aqueles que foram selecionados para servir em posição de alta


responsabilidade tinham que personificar credibilidade e integridade,
para que a corrupção e a injustiça não alcançassem o povo da
aliança de Deus. Muitos anos depois, o rei Davi disse: “Aquele que
domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de
Deus” (2 Samuel 23:3).

Em Atos 6, os apóstolos reconheceram a necessidade de


trabalhadores que auxiliariam na distribuição diária de comida (tinha
havido acusações de parcialidade e negligência nessa área). Os
apóstolos também listaram certas qualificações que foram
necessárias quando eles deram a seguinte orientação (Atos 6:3): “...
escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço”.
Os apóstolos não estavam simplesmente procurando
“descarregar” trabalho em alguém, mas era imperativo que aqueles
que executariam a tarefa de distribuição tivessem certas
qualificações e pudessem lidar com essa responsabilidade.

• Eles tinham que ser bem respeitados, confiáveis e ter uma boa
reputação.
• Eles tinham que ser cheios do Espírito Santo.
• Eles tinham que ser cheios de sabedoria.

Além disso, como o Evangelho espalhou-se e igrejas foram


estabelecidas em outras nações, Paulo providenciou certas
diretrizes para aqueles que serviriam como diáconos.

Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam


respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho,
não cobiçosos de sórdida ganância, conservando o mistério da
fé com a consciência limpa. Também sejam estes
primeiramente experimentados; e, caso se mostrem
irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Da mesma sorte, quanto
a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. O diácono seja
marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria
casa.
— 1 Timóteo 3:8-12

Ao ler essa vasta lista de qualificações, você percebeu que a


maioria das exigências tinha a ver com caráter? Em todas essas
situações, o serviço oferecido a Deus deveria ser executado por
pessoas tementes a Deus. Os traços que são mencionados nessa
lista (temente a Deus, integridade, bem respeitado, inocente,
temperado, etc.) são, na realidade, simplesmente as características
da maturidade daquele que busca ser como Cristo. Elas não são
“emblemas de distinção” inalcançáveis que estão disponíveis
apenas para alguns indivíduos especialmente chamados. Na
verdade, todo cristão, a despeito de qualquer atribuição ministerial
específica, é chamado para crescer em temor a Deus e à
semelhança de Cristo. O apóstolo Pedro disse:

...reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a


virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o
domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a
perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a
fraternidade, o amor.
Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando,
fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no
pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele
a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o
que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de
outrora.
Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior,
confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo
assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é
que vos será amplamente suprida a entrada no Reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
— 2 Pedro 1:5-11

Como você está nas seguintes áreas?

• Excelência moral
• Conhecimento
• Domínio próprio
• Perseverança
• Temor a Deus
• Fraternidade
• Amor para com todos

Se o desenvolvimento em todas essas áreas fosse automático


para os cristãos, Pedro não teria destacado a necessidade de
crescermos nesses pontos, nem teria mencionado a possibilidade
de algumas pessoas fracassarem em desenvolvê-las.

A última coisa que eu desejo para qualquer um que leia este livro
é decidir que não é perfeito o suficiente e desista da ideia de servir a
Deus. Precisamos entender que Deus é por nós! Ele não é um Deus
crítico em busca de falhas e que está à procura de meios para
impedir de nos engajarmos no serviço cristão. Ele está procurando
nos ajudar a nos tornarmos tudo o que Ele nos chamou para ser,
para que possamos ter credibilidade diante dos outros e trazer glória
para Ele.
Mesmo cristãos jovens, que acabaram de entregar os seus
corações a Deus, podem procurar por oportunidades para amar e
servir a outros. Certamente, existem qualificações que se aplicam
especialmente a ofícios ministeriais mais elevados e a serviços de
maior expressividade, mas não significa que jovens cristãos não
possam ser usados por Deus enquanto ainda estão crescendo.
Quando se Trata de Posições Mais Elevadas...
Quando se trata de funções de maior visibilidade e influência na
igreja, certo crescimento e desenvolvimento são exigidos. Paulo
falou dos diáconos e disse: “Também sejam estes primeiramente
experimentados; e, caso se mostrem irrepreensíveis, exerçam o
diaconato” (1 Timóteo 3:10). Indicando a necessidade de liderança
espiritual, Paulo também ensinou: “Não seja neófito, para não
suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo” (1
Timóteo 3:6). A palavra “neófito”, no grego, literalmente significa
“recentemente plantado” e se refere a um recém ou novo
convertido.4
A Bíblia nos ensina que “àquele a quem muito foi dado, muito lhe
será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe
pedirão” (Lucas 12:48). É bom convocar jovens para servir a Deus
de alguma forma “apropriada à sua idade”, assim como é bom para
uma criança aprender a ter responsabilidade guardando os seus
brinquedos. À medida que uma criança amadurece, ela se torna
capaz de fazer mais e mais. Cristãos “bebês” não devem sentir que
não podem fazer alguma coisa para Deus; ao contrário, eles
precisam entender que, ao crescerem em maturidade e fidelidade,
serão capazes de serem chamados para executar níveis mais altos
de responsabilidade.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Moisés estava sobrecarregado, a ponto de entrar em colapso,


antes que o seu sogro o instruísse a recrutar e a delegar outros
para ajudá-lo. Por que você acha que Moisés não tinha delegado
nada até aquele momento? Quais são algumas das razões pelas
quais você acha que alguns líderes podem ficar relutantes em
delegar?
2. Reveja a lista das quatro qualificações para aqueles que foram
selecionados para ajudar Moisés e as três qualificações para
aqueles que foram escolhidos para ajudar os apóstolos. Quão
essenciais essas características são hoje, e por que cada uma
delas seria necessária?
3. Observe os sete traços que Pedro identificou para o crescimento
e o desenvolvimento cristão. Avalie o quanto você está indo bem
em cada uma dessas áreas. Em quais delas você sente que
precisa crescer mais?

4. Por que seria esperado mais de um pastor, ou de outro líder de


maior visibilidade na igreja, do que de qualquer outro que
simplesmente frequenta a igreja ou serve de maneira mais
básica?

5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
3 Sanders, J. Oswald. Spiritual Leadership, Segunda Revisão (Chicago: Moody Press,
1994), 19.
4 Earle, Ralph, Word Meanings in the New Testament (Peabody, MA): Hendrickson
Publishers, 1986, 391.
Capítulo Cinco

Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros,


será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor,
estando preparado para toda boa obra.
— 2 Timóteo 2:21

Pensamento-chave: Paulo não estava apenas cauteloso quanto a


liderar e influenciar outros, mas ele também via a grande
necessidade de assegurar que ele mesmo permanecesse no
caminho. Se você está jogando para ganhar, você tem que jogar
pelas regras.

O apóstolo Paulo entendia que a jornada de liderança espiritual é


desafiadora e que grande diligência é exigida para terminar bem.
Comparando a jornada cristã a uma corrida, ele disse:

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na


verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal
maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina;
aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a
incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim
luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu
corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a
outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.
— 1 Coríntios 9:24-27

Em minha experiência cristã inicial, achei a declaração de Paulo


alarmante: “... tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser
desqualificado”. O que significaria tornar-se “desqualificado”?
Quando eu comecei a ler a Bíblia, esse versículo me parecia ainda
mais inquietante, ao perceber que Paulo expressava um desejo de
não terminar como um “inútil”. Mais tarde, como um estudante de
escola bíblica e como um jovem pastor ambicioso, ouvi advertências
moderadas de ministros que terminaram no provérbio “monturo
espiritual” devido à flagrante desobediência e persistente
infidelidade. Lamentavelmente, eu tenho visto alguns terminarem
dessa maneira.
Entretanto, nessa declaração, Paulo não está falando de filiação;
ele está falando de ministério eficaz e duradouro, o qual é
executado sem implosões autoinfligidas. Ele está se referindo a ser
um atleta espiritual que está exercendo grande esforço, não para a
glória pessoal, mas para o avanço do Reino. Paulo usa
terminologias esportivas para introduzir a ideia da possível
desqualificação. Ele fala do rigor atlético e da disciplina necessária
para ser competente no ministério.
Observe que Paulo não estava apenas preocupado em “pregar a
outros”. Ele era diligente em disciplinar o seu próprio corpo e reduzi-
lo “à escravidão”. Paulo reconhecia que antes que ele pudesse
liderar outros, primeiramente ele teria que liderar a si mesmo. Antes
que ele pudesse efetivamente influenciar outros, primeiramente, ele
teria que influenciar a si mesmo para permanecer “no curso”. É
terrivelmente infeliz quando ministros buscam exceder em seu
desempenho público, mas se deterioram em seu caráter e
integridade. Patsy Cameneti uma vez disse: “No processo de se
tornarem grandes pregadores, alguns se tornam cristãos
repugnantes”.

A coisa mais fácil que você irá fazer no ministério é permanecer


atrás de um púlpito e dizer aos outros como eles supostamente
devem viver e o que eles supostamente devem fazer. O nosso
desafio não é apenas ser um proclamador da Palavra, mas um
praticante da Palavra. “Praticar” confere grande autenticidade para o
nosso ensino.

George Whitefield, certa vez, foi indagado se certo indivíduo era


um bom homem. Ele sabiamente respondeu: “Como eu poderia
saber disso? Nunca vivi com ele”. Deus não julga a nossa
espiritualidade e temor a Ele com base em como pregamos ou em
como nos comportamos quando pessoas que queremos
impressionar estão observando. Não é que a maneira como nos
comportamos em público ou na igreja não seja importante, mas
acredito que o teste definitivo para a nossa espiritualidade é como
nos comportamos em casa com o nosso cônjuge e nossos filhos, e
como nos comportamos quando ninguém está observando.

No primeiro capítulo, falamos sobre a seleção de Davi, quando ele


foi escolhido para ser o novo rei de Israel. Esse trecho da Bíblia
também fala da rejeição de Saul como o rei “autodesqualificado” de
Israel.

Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não


guardar o mandamento que o S , teu Deus, te ordenou;
pois teria, agora, o S confirmado o teu reino sobre Israel
para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O S
buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que
seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que
oS te ordenou.
— 1 Samuel 13:13-14

Mais tarde, em 1 Samuel 15:23, Samuel disse a Saul: “Visto que


rejeitaste a palavra do S , Ele também te rejeitou a ti, para que
não sejas rei”.
O nome hebraico do apóstolo Paulo também era Saulo e ele era
da mesma tribo (Benjamim) que o rei Saul, do Antigo Testamento.
Ele recebeu esse nome em homenagem ao seu rei desobediente, o
qual desqualificara a si mesmo para a liderança do Reino. Paulo
estava determinado a não seguir nas mesmas pisadas de
desobediência e desqualificação do seu homônimo. Em vez disso,
ele resolveu completar a sua carreira com alegria (Atos 20:24).
Considerando que Paulo resolveu usar um evento esportivo
(atletismo) para ilustrar a sua ideia, talvez possamos extrair mais
revelação ao explorar esse tópico também. No atletismo, um
corredor que “queima a largada” ou sai da sua faixa, pode ser
desqualificado naquele evento. Entretanto, isso não significa que ele
será banido do atletismo para sempre. Para essa corrida em
particular, sim, todavia, ele terá que sair do caminho e deixar os
outros corredores seguirem sem ele.
Diego Mesa é um amigo meu que pastoreia uma igreja no sul da
Califórnia. Ele costumava correr maratonas e participar de triatlo. No
início dos anos 80, ele se sentiu ótimo ao terminar em terceiro lugar
em um evento muito competitivo. Ele foi bem na corrida, no ciclismo
e na natação, portanto, ele alegremente recebeu o seu prêmio de
250 dólares (isso era muito dinheiro para ele na ocasião).
Entretanto, em vez disso, ele recebeu um cheque de 175 dólares e
foi informado de que ele negligenciara o uso do capacete durante a
parte de ciclismo do evento. Como resultado, 75 dólares foram
deduzidos da sua premiação. Imagino quantos crentes, e até
mesmo pregadores, estarão diante do Senhor, pensando que
fizeram coisas maravilhosas para Ele, apenas para descobrir que o
seu prêmio foi afetado por motivos, atitudes e métodos errados.
Paulo avisou a Timóteo, um jovem pastor: “... o atleta não é
coroado se não lutar segundo as normas” (2 Timóteo 2:5). Ao querer
evitar o legalismo, muitos têm minimizado a ideia de “normas”,
entretanto, existem diretrizes definidas e princípios envolvidos ao
executar um serviço ministerial frutífero e eficaz. Semelhantemente,
ignorar ou violar tais ensinamentos e preceitos pode diminuir
consideravelmente a produtividade de alguém e, finalmente, afetar o
seu prêmio.
Jesus falou abertamente acerca da influência espiritual de uma
pessoa ser diminuída ou destruída completamente: “Permitam-me
dizer por que vocês estão aqui. Vocês estão aqui para ser o sal que
traz o sabor divino à terra. Se perderem a capacidade de salgar,
como as pessoas poderão sentir o tempero da vida dedicada a
Deus? Vocês não terão mais utilidade e acabarão no lixo” (Mateus
5:13, A Mensagem).
Foi na mesma veia de pensamento que Paulo expressou o
cuidado de que, se ele não conduzisse sua vida de modo temente a
Deus, ele poderia perder a sua utilidade e se tornar desqualificado.
Ao falar para um grupo de crentes, Paulo disse: “Examinai-vos a vós
mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou
não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já
estais reprovados. Mas espero reconheçais que não somos
reprovados” (2 Coríntios 13:5-6).
De maneira a desqualificar-se, parece-me que uma pessoa teria
que se tornar qualificada em primeiro lugar. Ao falar do seu próprio
ministério, Paulo disse: “Deus nos testou duramente para que
houvesse certeza de que estávamos qualificados para receber a
Mensagem” (1 Tessalonicenses 2:3, A Mensagem).

O Que Faremos, Então?


O nosso dever é buscar, de todo o coração, aquelas
características que nos qualificam para o serviço eficaz e erradicam
da nossa vida aqueles traços que nos desqualificariam. A analogia e
a admoestação de Paulo em 2 Timóteo reforçam isso inteiramente:

Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de


prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra;
outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si
mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra,
santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda
boa obra.
— 2 Timóteo 2:20-21
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Reveja o texto principal estudado neste capítulo (1 Coríntios 9:24-


27). Como você via esse texto anteriormente? Você consegue vê-
lo de modo diferente agora? O que essa passagem o desafia a
fazer e a focar?
2. O que o conceito “Antes de você poder liderar outros, você deve
liderar a si mesmo” significa para você?
3. Você já sentiu como se tivesse “desqualificado” a si mesmo de
algum modo do serviço eficaz? Acredita que é possível alguém se
“requalificar” e, se sim, como esse processo se daria?

4. De que maneira a atitude de ser um “praticante da Palavra”


confere credibilidade às nossas palavras?

5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
Capítulo Seis

É ?

“Para mim não foi a verdade que você ensinou, para você tão
clara e para mim tão obscura. Mas, quando você veio para mim,
você trouxe uma percepção Dele.”
— Beatrice Clelland, “Retrato de um Cristão”

Pensamento-chave: Nós somos chamados para refletir o caráter


de Cristo, mas jamais deveríamos evitar as nossas
responsabilidades por esperar que Deus faça todas as coisas que
Ele nos disse para fazer.

L
embro-me de um comercial de televisão da Memorex, uma
companhia que criou as fitas cassetes de áudio. Um copo de
vidro era mostrado sobre uma mesa, enquanto se ouvia a
voz de Ella Fitzgerald cantando. Quando certa nota era atingida, o
copo se estilhaçava e o telespectador era indagado: “É ao vivo ou é
Memorex?” O ponto principal da questão é que a qualidade dos
seus produtos era tão elevada que as gravações nas fitas eram
essencialmente indistinguíveis da voz ao vivo.

Isso me fez considerar qual a “qualidade de reprodução” que está


havendo em nossas vidas. É possível, para nós, estarmos tão
cheios e transformados pelo Espírito de Deus que o que sai de nós,
extraordinariamente reflita a própria natureza de Deus?
Se você parar e pensar a respeito disso, nossa vida deveria ser
uma duplicação do Senhor Jesus Cristo.

• Lucas 6:40 diz: “O discípulo não está acima do seu mestre; todo
aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre”.
• Efésios 5:1, na versão AMP, diz: “Portanto, sejam imitadores de
Deus [copiem Ele e sigam o Seu exemplo] como filhos amados
[imitadores do seu pai]”.
• “Aquele que diz que permanece Nele, esse deve também andar
assim como Ele andou” (1 João 2:6).

Quando Jesus convocou os Seus discípulos, a Sua prioridade


inicial não foi para que eles saíssem e pregassem, mas para que
eles estivessem com Ele (ver Marcos 3:13-15). Jesus sabia que a
transformação pessoal que eles receberiam, através da comunhão e
relacionamento com Ele, seria fundamental para a sua obra futura
no ministério. Em outras palavras, Jesus colocou a ênfase primária
em quem eles se tornariam, e não simplesmente no que eles
finalmente fariam.

Foi por meio do tempo deles com Jesus que os discípulos


aprenderam as Suas atitudes, valores e prioridades. Aqui estão
apenas alguns dos valores que eles receberam a partir da sua
associação com Jesus:

• Eles aprenderam que não deveriam competir e lutar uns com os


outros (Mateus 20:20-26).
• Eles aprenderam que não deveriam ter atitudes que fossem
territoriais e exclusivas com respeito ao ministério (Marcos 9:38-
39).
• Eles aprenderam que Jesus não vê filhos como um incômodo a
ser evitado, mas como membros honrosos da família de Deus
(Marcos 10:13-16).
• Eles aprenderam que vingança não era uma resposta
apropriada àquele que não recebeu o ministério de Jesus
(Lucas 9:51-55).
• Eles aprenderam que era correto cumprir com as suas
obrigações civis (Mateus 17:24-26; 22:17-22).

O Espírito de Deus trabalhou tão profundamente e tão


intimamente na vida do apóstolo Paulo que, às vezes, ele parecia
lutar contra a seguinte questão: “Sou eu, ou é Deus em mim?”

Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive,


mas Cristo vive em mim...
— Gálatas 2:20

...trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas
a graça de Deus comigo.
— 1 Coríntios 15:10

Que dilema agradável! A obra interior do Espírito de Deus dentro


do espírito humano de Paulo foi tamanha que ele disse: “Eu vivo” ou
“Eu trabalhei”, mas aí ele tinha que esclarecer e dizer: “... mas
realmente não era eu... pelo menos, certamente não era apenas eu;
era Cristo vivendo e operando através de mim”.
Paulo não acreditava que Cristo habitando dentro dele
significasse que ele tinha sido colocado em um estado de
passividade, inatividade ou de irresponsabilidade. Certamente, ele
descansava na obra acabada de Cristo, reconhecendo que Deus
era a fonte de toda a vida e do poder dentro dele, mas ele também
reconhecia que era um participante ativo com Deus. Ele admitia a
sua completa dependência de Deus, mas reconhecia que Deus
desejava a sua cooperação e envolvimento ativos no servir,
obedecer e cumprir os planos Celestiais para a sua vida.
Por exemplo, Paulo disse em Colossenses 1:29: “Para isso é que
eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a
sua eficácia que opera eficientemente em mim”. Portanto, voltemos
a uma questão anterior — era Paulo, ou era Deus? Eu não acho que
podemos responder a essa questão com um “também/ou”, eu acho
que é claramente um “ambos/e”. Era Deus trabalhando em/e através
de Paulo, e era Paulo se rendendo e cooperando com Deus.

Não Espere Que Deus Faça o Que Ele Disse para


Você Fazer
Precisamos discernir, cuidadosamente, qual é o papel de Deus
em nossa vida e qual é o nosso; quais são as Suas
responsabilidades e quais são as nossas. Se as pessoas
simplesmente acharem que Deus irá fazer tudo, elas podem cair em
um sentimento de irresponsabilidade e passividade. No entanto, se
as pessoas acharem que irão fazer tudo (sem o poder e a
capacitação de Deus) elas irão acabar esgotadas, frustradas e
exaustas.
Paulo não disse: “Eu não vivo, afinal; é tudo Cristo”. Nem
tampouco disse: “Eu não realizei obra alguma de qualquer natureza,
era apenas a graça de Deus fazendo tudo”. Paulo disse: “Não
obstante, eu vivo” e “Eu trabalhei mais do que todos eles”. Todavia,
ele qualificou o seu papel por reconhecer que Deus era a fonte de
toda a sua vida e de todo o seu trabalho.
Um cidadão leu Romanos 8:26 (“... o próprio Espírito intercede por
nós...”) e disse que tinha desistido de orar e estava simplesmente
deixando o Espírito Santo realizar esse trabalho por ele. Não, não
podemos esperar que Deus faça o que Ele claramente nos disse
para fazer, mas podemos confiar que Ele irá nos ajudar e fortalecer
à medida que Lhe obedecemos.

E Quanto às Obras?
Efésios 2:9 e Tito 3:5 declaram enfaticamente que a nossa
salvação NÃO é fundamentada em nossas obras! O dom da
salvação é um presente de Deus; é a parte Dele. Ele nos oferece
isso gratuitamente, com base na obra acabada de Cristo, e nós
recebemos o Seu dom maravilhoso pela fé. Entretanto, se você ler
um pouco mais adiante, Efésios 2:10 e Tito 3:8 dizem que somos
salvos para as boas obras e também que devemos manter essas
boas obras. Essa é a nossa parte!
Juntos, salvação pela graça por meio da fé, e boas obras que
resultam de seguir essa salvação, nos conduzem à vontade
completa de Deus. Isso não apresenta contradição; ao contrário,
uma progressão. Salvação, é claro, começa com Deus nos salvando
quando éramos completamente incapazes de salvar a nós mesmos.
Entretanto, uma vez que Ele nos salvou e nos fez Seus filhos, por
intermédio da fé, Ele opera em nós a fim de aquilo que observamos
em Filipenses 2:13 tornar-se uma realidade em nossas vidas: “Não
na sua própria força, pois é Deus quem está em todo o tempo
operando eficazmente em vocês [energizando e criando em vocês o
poder e o desejo], ambos, o querer e o efetuar o Seu bom prazer,
satisfação e deleite” (AMP).
É você, ou é Deus? Não é nem você nem Deus, exclusivamente.
É Deus “operando” em você e você se “rendendo” em submissão e
obediência a Deus. O versículo que precede essa declaração fala
aos crentes para “desenvolverem a sua salvação com temor e
tremor” (Filipenses 2:12). Perceba que Paulo não disse para
trabalhar para a sua salvação, mas ao contrário, para desenvolvê-la.
A versão diz do versículo 12: “... opere (cultive, execute para o
propósito e complete totalmente) a sua própria salvação com
reverência e temor e tremor”.
Estamos sentados com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2:6),
mas também temos que andar neste mundo (Efésios 4:1) e resistir
contra as forças espirituais do mal (Efésios 6:10). Estar “sentado”
significa que devemos descansar na obra acabada de Cristo.
“Andar” e “resistir” significa que devemos agir de acordo com a obra
acabada de Cristo.

E Quanto à Purificação?
Deus nos purifica ou purificamos a nós mesmos? Cada cristão
que conheço se regozijaria de coração no fato de que Deus, através
do sangue do Senhor Jesus Cristo, nos purificou de todo pecado!
Na verdade, lemos essa verdade grandiosa em Hebreus 9:14:
“Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si
mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa
consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”
Enquanto em Hebreus 9:14 o autor acentua a parte de Deus em
nossa purificação, enfatiza a nossa responsabilidade em cooperar
com Deus e obedecer a Ele no processo total de viver em santidade
aqui na terra, a segunda carta aos Coríntios 7:1, diz: “Tendo, pois, ó
amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto
da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no
temor de Deus”.
Alguém poderia dizer: “Espere um minuto! Se Deus nos purifica,
então como purificamos a nós mesmos? Isso não seria
desnecessário?” Essa é uma pergunta muito lógica, mas
precisamos entender que esses tipos de versículos não são
contraditórios; eles são complementares. Existe o “lado de Deus” da
nossa redenção (o que Ele fez por nós) e o “lado do homem” (como
nós respondemos e agimos a respeito do que Ele fez).
A carta aos Efésios ilustra isso perfeitamente. Os capítulos 1 a 3
podem ser resumidos em uma única palavra: “Feito”. Aqueles três
primeiros capítulos de Efésios enfatizam o que Cristo fez por nós.
Nesses capítulos, encontramos que fomos “abençoados com toda
sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais” (1:3), fomos
“aceitos no Amado” (1:6) e que estamos assentados com Cristo nos
lugares celestiais. Tudo isso fala do que Ele já fez por nós e em nós.
Mas Paulo não para com “Feito”. Em Efésios 4 a 6, ele segue
instruindo os crentes acerca de “Fazer”. Ele fala do que nós
devemos fazer e como devemos viver à luz do que Cristo fez por
nós. A Bíblia não apenas ensina sobre a vida espiritual que
recebemos de Cristo, mas também nos ensina a respeito do estilo
de vida prático que devemos levar por causa de Cristo. Efésios 4:1
dá o tom para o restante da epístola: “Rogo-vos, pois, eu, o
prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que
fostes chamados”.

É Deus ou somos nós? A verdade é que somos ambos


participantes nos feitos Dele. Deus faz a Sua parte e nós fazemos a
nossa. Judas 24 diz que Deus: “... é poderoso para vos guardar de
tropeços” e 1 Pedro 1:5 diz que nós somos “guardados pelo poder
de Deus”. A parte de Deus é claramente declarada, mas à medida
que lemos outras passagens, observamos que também temos uma
parte a cumprir. João disse: “Aquele que é nascido de Deus não vive
em pecado” (1 João 5:18) e também: “Filhinhos, guardai-vos dos
ídolos” (1 João 5:21). Judas também instruiu os crentes: “Guardai-
vos no amor de Deus” (Judas 21). Tiago até mesmo disse que um
componente da pura religião é “a si mesmo guardar-se
incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).

Paulo disse que Cristo entregou a Si mesmo por nós para que Ele
pudesse “purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu”
(Tito 2:14). Depois disse a Timóteo: “Conserva-te a ti mesmo puro”
(1 Timóteo 5:22). O apóstolo João disse: “... a si mesmo se purifica
todo o que Nele tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1
João 3:3). Portanto, Deus nos purifica, e nos purificamos a nós
mesmos? A resposta é um retumbante “sim”! Jamais deveríamos
pensar que podemos fazer alguma coisa de significância eterna ou
espiritual à parte da Sua capacitação, assistência e qualificação,
mas também não deveríamos pensar que o verdadeiro discipulado
envolve um estado desengajado, passivo ou inativo da nossa parte.
A maravilhosa obra de Cristo não anula a nossa responsabilidade
de sermos “praticantes da Palavra” (Tiago 1:22). À medida que
confiamos e seguimos o Senhor Jesus Cristo, nós ativamente nos
rendemos, obedecemos e cooperamos com o Seu plano e propósito
que está sendo executado em nossas vidas.

E Quanto a Ser Qualificado?


Exatamente como a ilustração citada, existe uma “parte de Deus”
e uma “parte do homem” no processo da nossa qualificação. Deus
providencia toda a matéria-prima: Seu chamado, Seu Espírito, Seus
dons e Sua orientação. Recebemos esses dons e permitimos que
eles influenciem as nossas vidas. Ele nos qualifica e nós andamos
nessa esfera de qualificação. Ele faz isso, mas nós participamos
com Ele.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Qual é a “qualidade da reprodução” em sua vida? Quão bem você


está reproduzindo a natureza de Deus em seu caráter?

2. Por que você acha que a prioridade inicial e principal de Jesus


para os Seus discípulos era que eles estivessem com Ele, em vez
de focar no que eles poderiam fazer para Ele?

3. Em alguma ocasião você já se questionou se era você fazendo


algo ou se era Deus operando por intermédio de você?

4. O que a frase “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”


significa para você?
5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura
deste capítulo?
Capítulo Sete

“Integridade significa que se a nossa vida privada for


subitamente exposta, não teremos qualquer razão para
ficarmos envergonhados ou embaraçados. Integridade significa
que a nossa vida pública é consistente com as nossas
convicções interiores.”5
— Billy Graham

Pensamento-chave: Integridade e fidelidade são essenciais para a


fundação da verdadeira liderança espiritual.

A
li estava ele, um profeta idoso e grisalho. Seu semblante
refletia uma vida inteira de serviço marcado por
honestidade e integridade. Lágrimas podem ter umedecido
os seus olhos enquanto refletia acerca de sua jornada ao longo de
décadas e falou àqueles a quem havia servido (1 Samuel 12:2-5):

Agora, pois, eis que tendes o rei à vossa frente. Já envelheci e


estou cheio de cãs, e meus filhos estão convosco; o meu
procedimento esteve diante de vós desde a minha mocidade
até ao dia de hoje. Eis-me aqui, testemunhai contra mim
perante o S e perante o Seu ungido: de quem tomei o
boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem
oprimi? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com
ele os meus olhos? E vo-lo restituirei. Então, responderam: Em
nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem tomaste coisa
alguma das mãos de ninguém. E ele lhes disse: O S é
testemunha contra vós outros, e o Seu ungido é, hoje,
testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o
povo confirmou: Deus é testemunha.

Samuel tinha completado a sua carreira com as mãos e o coração


limpos. Ele resistiu às tentações que todo líder enfrenta e se
recusou a perder a sua integridade ou ceder à atração de explorar o
povo ou abusar do seu poder.

Integridade e Matemática
A palavra “integridade” está realmente relacionada a um termo
matemático, “número inteiro”. Um “número inteiro” é um número que
não é dividido ou que não contém uma fração. Por exemplo, 2 e 7
são “inteiros”. Já 2/3 ou 5,7 não são. Uma pessoa com integridade,
portanto, é uma pessoa que não está dividida; ela é uma pessoa
“inteira”. Ela não está vivendo 92% para Deus e 8% no prazer do
pecado. Ela não fala a verdade 96% do tempo ou exagera e fala
mentira nos outros 4%. Estou ciente de que nenhum ser humano
nesta terra é impecavelmente perfeito ou incapaz ou errante, mas
uma pessoa de integridade não vive uma vida dupla. Se ela erra em
uma área, ela se arrepende, recebe perdão, se corrige e segue em
frente. Ela não leva um estilo de vida que é parcialmente
comprometida com a santidade e parcialmente não.
Ecoando o legado de integridade de Samuel, Paulo disse:
• “Acolhei-nos em vosso coração; a ninguém tratamos com
injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos” (2
Coríntios 7:2).
• “... me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus
e dos homens” (Atos 24:16).
• “Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa
e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros,
que credes” (1 Tessalonicenses 2:10).

Integridade Influencia Outros


Paulo ensinou que não importa quão alta ou baixa seja a nossa
posição na sociedade, todo seguidor do Senhor Jesus Cristo pode
ser qualificado ou desqualificado — eficaz ou ineficaz — quando se
trata de ser uma boa influência para outros. Vivendo em uma
sociedade na qual a escravidão era comum, Paulo instruiu os
cristãos escravos a como serem uma testemunha positiva:

Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes ao seu


senhor, dando-lhe motivo de satisfação; não sejam respondões,
não furtem; pelo contrário, deem prova de toda a fidelidade, a
fim de ornarem, em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso
Salvador.
— Tito 2:9-10

A partir desse versículo, concluímos que uma pessoa não precisa


ter um alto status na vida ou uma posição ministerial imponente para
ter uma influência positiva sobre outros. Não tem nada a ver com o
nosso status ou posição; definitivamente, tem a ver com o nosso
caráter e conduta.
José é um grande exemplo bíblico de um indivíduo que teve o
favor de Deus em sua vida, quando ele era um escravo e um
prisioneiro (e, com o tempo, o primeiro-ministro do Egito). Ele
deliberada e intencionalmente manteve a sua integridade diante de
Deus, mesmo quando tentado pela esposa de Potifar. José não
aproveitou a situação, mas em vez disso, agarrou-se tenazmente ao
plano e a vontade de Deus para a sua vida. Ele disse: “... como,
pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?”
(Gênesis 39:9).

Daniel é outro exemplo marcante de um homem cuja vida refletia


um caráter temente a Deus. Muito antes de ele ser um profeta, era
um estudante com convicções santas e fortes. Depois disso, ele
serviu como primeiro-ministro de dois impérios diferentes. Suas
posições, contudo, não o definiam; seu caráter, sim.

Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e


sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino. Então, os
presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar
Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem
culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum
erro nem culpa.
— Daniel 6:3-4

Uma história de origem desconhecida tem circulado em livros de


ilustrações para pregações, e agora ela está amplamente difundida
pela Internet. Seja essa história verídica ou fictícia, o fato é que ela
tem um grande impacto:

Muitos anos atrás, um pregador de fora do Estado aceitou um


chamado para uma igreja em Houston, Texas.
Algumas semanas após a sua chegada, ele precisou tomar um
ônibus da sua casa para o centro da cidade. Quando ele se
sentou, descobriu que o motorista, acidentalmente, lhe dera 25
centavos a mais de troco.
Enquanto considerava o que fazer, pensou: Você deveria
devolver os 25 centavos. Seria errado ficar com ele. Então ele
pensou: são só 25 centavos! Quem iria se preocupar com esse
valor? De qualquer maneira, a companhia de ônibus já arrecada
muito dinheiro; jamais sentirão falta disso. Aceite isso como um
presente de Deus e fique quieto.

Quando chegou ao seu ponto de descida, ele parou


momentaneamente na porta e disse: “Aqui, você me deu troco a
mais”.
O motorista, com um sorriso, respondeu: “Você não é o novo
pregador na cidade?”

“Sim”, ele replicou.


“Bem, ultimamente tenho pensado muito a respeito de ir a
algum lugar para adorar. Eu só queria ver o que você iria fazer
se eu lhe desse troco a mais. Eu o verei na igreja no domingo.”

Quando o pregador desceu do ônibus, ele literalmente agarrou-


se ao poste mais próximo e disse: “Ó, meu Deus, eu quase
vendi o Seu Filho por 25 centavos”.

Ao comentar acerca da influência de David Livingstone em sua


vida, Henry M. Stanley disse: “Quando eu vi a paciência incansável
e o zelo incansável daqueles filhos iluminados da África, eu me
tornei um cristão ao seu lado, embora ele jamais tenha falado uma
só palavra para mim”.

Revelando o poder do exemplo, Francisco de Assis supostamente


disse: “Pregue o Evangelho em todo o tempo e, se for necessário,
use palavras”.
Como embaixadores de Deus na terra, não somos chamados
apenas para pregar uma mensagem, mas para conduzirmos vidas
exemplares a fim de que, segundo Tito 2:10: “... fazer o ensino sobre
Deus nosso Salvador atrativo de todas as formas”.

Seríamos tolos, todavia, em pensarmos que somos aqueles que


fazemos as pessoas virem a Deus. Paulo também disse: “Porque
não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor
e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (2
Coríntios 4:5). Ele entendia totalmente que o Evangelho é o poder
de Deus para a salvação (Romanos 1:16). Entretanto, as nossas
vidas deveriam expressar a bondade do Evangelho para outros, e
não distraí-los dele.

Integridade Está Conectada à Fidelidade


Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus,
nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o
ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e
perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na
ignorância, na incredulidade.
— 1 Timóteo 1:12-13

Sabemos que o ministério de Paulo teve a sua origem no


chamado e na misericórdia de Deus, mas houve uma resposta na
parte de Paulo a qual foi essencial para a sua iniciação e promoção
no ministério. Qual foi? Deus considerou Paulo fiel.

Fidelidade é tão importante que Paulo disse: “... é


[essencialmente] exigido dos mordomos que um homem seja
achado fiel [provando-se digno de confiança]” (1 Coríntios 4:2,
AMP). Um mordomo é alguém que gerencia os assuntos de outro, e
é exatamente isso que fazemos quando servimos a Deus.
Deveríamos vigiar e executar fielmente a obra (Sua obra) que Ele
nos atribuiu para fazermos.
Alguns dos sinônimos e palavras atribuídas para “fidelidade”
incluem: constante, dedicado, devotado, bom, leal, firme, resistente,
fidedigno, confiável, responsável, sólido, experimentado, digno,
decidido, determinado, resoluto, entusiasta, fervoroso e impetuoso.6
Essas são todas boas palavras para descrever o que Deus deseja
ver em nossas vidas, à medida que respondemos ao Seu chamado
e à Sua Palavra.
Jesus descreveu a natureza essencial da fidelidade em Lucas
16:10-12:

Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto


no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos
tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta,
quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes
fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?

Existem três áreas distintas em nossas vidas onde Deus procura


por fidelidade:

1. Nas Pequenas Coisas (“se for fiel no pouco, você será fiel
no muito”). Algumas pessoas acreditam que não há problema
em se tornarem fiéis apenas quando Deus lhes der uma
tarefa realmente grande e importante. Com base nesse
raciocínio, elas acreditam que está tudo bem dispensar um
esforço mínimo ou ser pouco dedicado a uma tarefa caso ela
não pareça assim tão grande ou interessante. Contudo, muito
ao contrário, Jesus disse que é vital, para nós, sermos fiéis
mesmo nas pequenas coisas e que a nossa fidelidade nas
coisas pequenas indica que seremos fiéis nas
responsabilidades maiores. Alguém disse: “Deus não tem um
campo maior para o homem que não é fiel fazendo a obra
onde ele está”.7
2. Nas Coisas Práticas ou Naturais (“... se você é desonesto
nas riquezas naturais, quem irá confiar a você as riquezas do
céu?”). Fidelidade se aplica muito mais do que simplesmente
a coisas consideradas espirituais ou religiosas. Jesus se
refere especificamente a riquezas materiais e firmemente
implica que exercer boa administração no que tange a coisas
naturais é um pré-requisito para que alguém seja
encarregado de coisas espirituais. Se as pessoas são
descuidadas e imprudentes ao lidar com o seu dinheiro,
então isso é um indicativo de como elas lidariam com as
riquezas espirituais.
3. Nas Coisas Que Não São Suas (“... se você não é fiel com
as coisas das outras pessoas, por que você seria confiável
com as suas próprias coisas?”). Algumas pessoas expressam
um desejo pelo seu “próprio” ministério, mas como elas têm
se comportado ao ajudar outra pessoa a cumprir a tarefa que
Deus lhe tem confiado? O que realmente importa não é se eu
estou no comando, mas que a vontade de Deus seja
realizada. Se isso significa assumir um papel de apoio, então
deveríamos estar tão entusiasmados e comprometidos como
estaríamos se fôssemos os líderes “principais”.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Reveja o maravilhoso testemunho de integridade de Samuel


relativo ao final de sua vida. O que você gostaria de dizer sobre
sua própria vida e conduta quando estiver aproximando-se da
linha de chegada?

2. Paulo falou acerca de “ornarem, em todas as coisas, a doutrina de


Deus, nosso Salvador”. O que você pensa sobre isso? Como um
cristão faz isso e por que isso é importante?

3. O que você achou da história do motorista do ônibus e dos 25


centavos? Você consegue imaginar outros cenários nos quais a
mesma coisa poderia ocorrer?

4. O que a fidelidade significa para a sua vida? O quão desejoso


você está de ser fiel nas pequenas questões práticas e nas coisas
que não são propriamente suas?
5. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura
deste capítulo?
5 Billy Graham. The Journey. Nashville. W Publishing Group, 2006, p. 189.
6 “Faithfulness”. Merriam-Webster.com.2012.http://www.meriam-webster.com (29 maio
2012).
7Kelly, Bob, Worth Repeating: More Than 5,000 Classic and Contemporary Quotes (Grand
Rapids: Kregel Publications, 2003), 115.
Capítulo Oito

“É inútil, para qualquer um de vocês, querer ser ganhador de


almas se vocês não estão produzindo frutos em suas próprias
vidas. Como vocês podem servir ao Senhor com os seus lábios
se não lhe servem com as suas vidas? Como vocês podem
pregar o Seu Evangelho com os seus lábios quando com as
mãos, pés e coração vocês estão pregando o evangelho do
diabo e exaltando a um anticristo com suas práticas ímpias?”8
— Charles H. Spurgeon

Pensamento-chave: Um caráter falho distrai e enfraquece uma


grande mensagem.

N
ão tão longe de Samuel estava outro líder, de nome Saul.
Chamado por Deus para ser rei, ele tropeçava com
inconsistência e instabilidade. Ele não vivia por princípios,
era irregular e arbitrário em sua liderança e, diferente de Samuel, o
legado de Saul é de desobediência, inveja, violência e vergonha.

O que faz com que um líder complete a sua carreira com honra,
ao passo que outro complete a sua com desonra? Isso será
abordado nas páginas seguintes.

Muitos anos atrás, passei um tempo com um pastor que se


envolvera em um caso amoroso prolongado. Como resultado da sua
imoralidade, a sua esposa e os seus filhos estavam sofrendo, e a
sua igreja se aproximava do fim. Uma publicidade significativa na
comunidade fez do seu adultério um escândalo que se espalhou.
Ele se mostrava um pouco confuso, pois as pessoas simplesmente
não o perdoavam e não se esqueciam. Afinal de contas, ele explicou
os motivos, ele havia se desculpado, então por que as coisas não
poderiam simplesmente voltar a ser como antes?

Infelizmente, esse ministro estava confundindo a questão do


perdão com confiança. Certamente, o perdão pode ser estendido,
contudo, a confiança é adquirida. Uma traição flagrante da confiança
ocorreu, e confiança é a moeda do ministério. É por isso que Paulo
disse que o líder da igreja deve ser “... irrepreensível, marido de
uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto
para ensinar... Também deve ter boa reputação perante os de fora,
para que não caia em descrédito nem na cilada do Diabo” (1
Timóteo 3:2,7, NVI).

Compartilhei com ele que verdadeiramente Deus perdoa, mas, em


algumas situações, a habilidade de ministrar efetivamente de
alguém é severamente comprometida e diminuída. Eu também
expliquei (bem cuidadosamente) que ele havia se desqualificado de
ser apto a ministrar durante aquela estação de sua vida, naquela
localidade em particular. Em vez de focar no ministério público, ele
realmente precisava focar em estabelecer a sua inteireza pessoal,
enquanto reestabelecia o seu equilíbrio espiritual. Esse processo de
restauração incluía buscar cura e restauração para o seu
relacionamento com sua esposa e família.
Em outra situação, não correlacionada, eu falei com uma jovem
estressada, cujo pai era pastor. Seu pai se envolveu com outra
mulher e ela disse: “Meu pai tem duas caras — ele é uma pessoa no
púlpito, mas é uma pessoa totalmente diferente em casa”. Tais
indivíduos podem ser um sucesso público (pelo menos por
enquanto), mas falham na vida privada.

Esses problemas não se aplicam somente a pregadores; eles


aplicam-se a todos que Deus chamou para exercerem uma
influência positiva sobre outros. Por exemplo, vamos dizer que Joe é
um cristão professo e é ativo na igreja. Todos os domingos, seus
vizinhos o veem com sua Bíblia na mão, levando sua família à igreja
no seu carro (com adesivos de Jesus colado no vidro). Eles também
ouvem suas ocasionais referências da sua fé em Jesus. O plano de
Deus para a vida de Joe — não só suas palavras — é que ele seja
um testemunho do amor de Deus e de Sua bondade.

Contudo, se o vizinho de Joe o vê em um excesso de mau humor,


maldizendo o cortador de grama, gritando com os seus filhos,
chutando o seu cachorro, então essa influência não irá atraí-los a
Deus, mas irá repeli-los. Nosso exemplo importa! Ralph Waldo
Emerson disse: “O que você faz grita tão alto nos meus ouvidos que
eu não posso ouvir o que você diz”.

Se Joe tivesse exibido um caráter temente a Deus, então o


Espírito Santo poderia usá-lo para influenciar os seus vizinhos
positivamente, mas a sua exibição de raiva incontrolada o
desqualificou de ter um impacto positivo naqueles ao seu redor. E se
Joe percebesse quão danoso o seu comportamento foi para o seu
testemunho? Se ele oferecesse um pedido de desculpas sincero
para aqueles que ele ofendeu e então começasse a mostrar o fruto
do espírito? Ele poderia “se requalificar” e se tornar uma boa
testemunha? Muito provavelmente. De fato, sua consciência,
humildade e desejo de mudar podem causar uma boa impressão
real a eles.

Nosso exemplo tem o poder de atrair ou repelir pessoas. Paulo


tinha pouca apreciação por indivíduos que se regozijavam com o
próprio bem, que sentiam que eram espiritualmente superiores a
outros. Suas atitudes arrogantes e estilos de vida contrários eram
um grande impedimento para aqueles que ainda estavam fora da fé.

Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na


lei, e te glorias em Deus; que conheces a Sua vontade e
aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; que estás
persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se
encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de
crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu,
pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que
pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve
cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes
roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus
pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de
Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa.
— Romanos 2:17-24

Trata-se de uma realidade séria e que nos faz refletir. Precisamos


reconhecer que o nosso testemunho no mundo e a nossa influência
sobre outros é vital. Como cristãos e líderes espirituais, se as
nossas vidas saem da linha, nós podemos receber perdão e seguir
em frente. Mas o que dizer do efeito que o nosso comportamento
exerce sobre outros? Nós podemos nos recuperar e endireitar as
coisas, mas e quanto às “partículas” que respingam nas vidas de
outros devido à nossa conduta? Eles irão se recuperar da influência
negativa do nosso mau exemplo? A seriedade dessa questão e
destacada pelo que Jesus disse:

Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos


que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na
profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos;
porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem
pelo qual vem o escândalo!
— Mateus 18:6-7

Reconhecendo a significância e a responsabilidade que vêm com


a influência, C.S. Lewis disse: “Importa muitíssimo se eu alieno
alguém da verdade”.9

O Estranho Caso do Rev. Jekyll e o Sr. Hyde


Provavelmente, você nunca ouviu falar do “Reverendo” Jekyll
antes. Utilizei certa licença poética e fiz um leve ajuste ao romance
de Robert Louis Stevenson, O Médico e o Monstro, de 1886.

No livro de Stevenson, o Dr. Henry Jekyll é um homem


aparentemente bom, educado, decente e respeitável. Uma poção
experimental para purificar o seu lado bom tem o infeliz efeito de
magnificar o seu lado obscuro, o que resulta no aparecimento do
seu alter ego, Edward Hyde. Hyde é perverso, monstruoso, odioso e
assassino. Ele é a encarnação do mal. Mais de 125 anos depois,
quando as pessoas ouvem a expressão, “Jekyll e Hyde”, elas ainda
pensam em uma pessoa que é radicalmente diferente em seu
caráter moral e comportamento de um momento para o outro.
A razão por que eu mudei “Dr. Jekyll” para “Rev. Jekyll” é porque
eu quero analisar dinâmicas semelhantes quando se trata de líderes
espirituais.
Jesus expôs alguns Rev. Jekylls quando disse para muitas
pessoas religiosas de Sua época: “... porque limpais o exterior do
copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e
intemperança! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois
semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram
belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda
imundícia! Assim, também, vós exteriormente pareceis justos aos
homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de
iniquidade” (Mateus 23:25, 27-28).
Paulo tinha muitos confrontos com mais de um Rev. Jekyll. Ele
disse: “... em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos
entre falsos irmãos” (2 Coríntios 11:26). Na versão A Mensagem, em
2 Tessalonicenses 3:2, Paulo diz: “Orem para que estejamos
protegidos dos malfeitores, que querem nos prejudicar. Penso que
nem todos os ‘cristãos’ são, de fato, cristãos”. E quanto a você?
Você já encontrou “crentes” que não eram de fato crentes? Ou se
eles eram, certamente não se comportavam como tal.
A duplicidade entre os pseudolíderes espirituais é algo que tem
sido observado ao longo da história da Igreja.
• Agostinho disse de certos pregadores: “Com a sua doutrina eles
constroem, e com as suas vidas eles destroem”.10
• John Bunyan disse: “Santo na rua, um demônio em casa”.11
• Charles Spurgeon, conhecido como o príncipe dos pregadores
disse: “É terrivelmente fácil ser um ministro do Evangelho e um
vil hipócrita ao mesmo tempo”.12
• Em Palestras para Meus Alunos, Spurgeon disse: “Todos
ouvimos a história do homem que pregava tão bem e vivia tão
mal que quando ele estava no púlpito, todos diziam que ele
jamais deveria sair novamente e, quando ele estava fora, todos
declaravam que ele jamais deveria entrar novamente”.13
• C. S. Lewis disse: “De todos os homens maus, os maus
religiosos são os piores”.14

Como líderes cristãos, nossa responsabilidade primária é não


termos uma boa fachada; é ser verdadeiramente transformado. O
cristianismo genuíno é alicerçado em substância e não em imagem.
É por isso que o apóstolo João disse: “Aquele que diz que
permanece Nele, esse deve também andar assim como Ele andou”
(1 João 2:6). Jesus disse: “... todo aquele, porém, que for bem
instruído será como o seu mestre” (Lucas 6:40).

No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, negam-


no por suas obras; é por isso que são abomináveis,
desobedientes e reprovados para toda boa obra.
— Tito 1:16
Segredos
Nos últimos anos, temos visto exemplos vívidos de líderes
seculares, figuras esportivas de alto nível e até mesmo ministros
que viram seu mundo implodir por causa de uma vida secreta (ou
vida dupla). Tais revelações não apenas fornecem um bom material
para os jornais sensacionalistas, mas também deixam um legado de
confiança destruída, e pessoas que confiavam neles cambaleando
em estado de choque, dor e desilusão. O que faz com que pessoas
inteligentes pensem que os seus segredos tóxicos jamais terão
consequências ou serão expostos?

A primeira decepção que a humanidade perpetrou foi a heresia:


“Nós podemos manter isso em segredo”. Adão e Eva se uniram na
primeira tentativa de encobrir: “... coseram folhas de figueira e
fizeram cintas para si” (Gênesis 3:7). Ao ouvir Deus chamando-os,
eles ainda sentiram culpa e vergonha e tentaram esconder-se atrás
das árvores do jardim (Gênesis 3:8).

Até Moisés pensou que poderia se esconder do assassinato,


posto que ninguém o vira cometer o crime. Êxodo 2:12 diz: “Olhou
de um e de outro lado, e vendo que não havia ali ninguém, matou o
egípcio, e o escondeu na areia”. Este é um bom ponto a ser
considerado em nossas vidas: existe alguma coisa que só faríamos
se achássemos que ninguém está observando, ou se achássemos
que ninguém jamais descobriria?

Outros relatos bíblicos nos lembram de que tais segredos têm um


jeito de não permanecerem tão secretos:

• Acã (Josué 7:10-25)


• Davi (2 Samuel 12:12)
• Geazi (2 Reis 5:25-27)
• Ananias e Safira (Atos 5:1-11)

Jesus e Paulo Acerca de Coisas Secretas (Boas e


Más) Vindo à Tona
Você perceberá que os textos a seguir não apenas lidam com
coisas negativas (tais como “pecados secretos” vindo à tona), mas
também com coisas boas que, mais tarde, serão reveladas e
galardoadas.

...pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem


oculto, que não venha a ser conhecido.
— Mateus 10:26

Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz
escondido, senão para ser revelado.
— Marcos 4:22

...e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.


— Mateus 6:4

...no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os


segredos dos homens, de conformidade com o meu Evangelho.
— Romanos 2:16

Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o


Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas
das trevas, mas também manifestará os desígnios dos
corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de
Deus.
— 1 Coríntios 4:5

...pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se


ocultam...
— 2 Coríntios 4:2

Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao


passo que os de outros só mais tarde se manifestam. Da
mesma sorte também as boas obras, antecipadamente, se
evidenciam e, quando assim não seja, não podem ocultar-se.
— 1 Timóteo 5:24-25

Porque a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do


que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que
não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as
coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem
temos de prestar contas.
— Hebreus 4:12-13

O Que Nós Fazemos Dessas Passagens?


Isso significa que aqueles nossos pecados passados — os quais
foram confessados, arrependidos e abandonados — serão trazidos
por Deus e usados contra nós? De forma alguma! Provérbios 28:13
diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas
o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”. Não nos
esqueçamos da misericórdia e, principalmente, não nos
esqueçamos do sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado!

Não falo de um pecado que é reconhecido e renunciado, mas de


atitudes e comportamentos que são nutridos, cultivados e
perpetuados — levando a uma vida dupla ou “secreta”. Um dos
maiores desafios e tentações que crentes (e especialmente
ministros) enfrentam é o de se tornar focado na sua aparência
externa, enquanto negligenciam o cuidado e a saúde da sua “vida
interior”. Finalmente, nossas vidas e ministérios devem ser
alicerçados em substância e caráter, e não meramente em imagem
e reputação. John Maxwell disse: “Imagem é o que as pessoas
pensam que somos. Integridade é o que realmente somos”.15

Quando a vida e os relacionamentos de um líder — o seu mundo


verdadeiro — tornam-se dolorosos, cheios de pressões, sem
realizações etc., ele pode ser tragado pelo que pensa ser o seu
mundo privado, de maneira a escapar da realidade. Nessa realidade
alternativa (falsa), ele alivia a si mesmo por meio de
relacionamentos ilícitos, pornografia, drogas, álcool, etc. Um
processo enganoso tipicamente ocorre, no qual o líder começa a
acreditar que Deus está, de alguma maneira, tolerando ou
permitindo esse comportamento porque, afinal, as pessoas
continuam sendo salvas e abençoadas por intermédio da sua
pregação, e a igreja pode até continuar a crescer. Ao desvirtuar a
graça de Deus e transformá-la como algo do tipo “permissão divina”,
eles falharão em reconhecer que Deus está simplesmente dando-
lhes espaço para se arrependerem (veja Apocalipse 2:21).
Em um artigo de jornal falando de sexo na propaganda, um
representante da agência de publicidade disse: “Todos estão em
busca de fantasia, pois a realidade é muito cruel”.9 Ainda que haja
certa precisão nessa declaração, devemos fazer a pergunta: Os
planos de Deus estão se tornando fantasia para os Seus filhos?
Também é verdade que, quando pessoas lutam com a realidade,
algumas se voltam para as drogas e o álcool. Os cristãos são
ensinados a se voltarem para Deus e para a Sua graça para lidarem
com os desafios da realidade.

O Que Precisamos Fazer?


Inicialmente, ser brutalmente honestos conosco mesmos. Se
estivermos nos envolvendo com algum tipo de comportamento que
não gostaríamos que o nosso cônjuge, amigos, outros crentes ou o
público soubesse a respeito, então precisamos tratar seriamente
com Deus e conosco mesmos acerca do assunto. Estamos nos
enganando se pensamos que estamos realmente escondendo
alguma coisa de Deus.
Davi disse:

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e


conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum
caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.
— Salmos 139:23-24

A única “vida secreta” que somos chamados a ter é uma com


Deus, e não longe Dele. O Salmo 31:20 se refere a “... no recôndito
da tua presença”.

O Salmo 91:1 nos diz que a pessoa que “... habita no esconderijo
do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente”. Que estejamos
sempre conscientes da verdade penetrante de Hebreus 4:13 (AMP):
“E não existe criatura que esteja escondida da Sua visão, mas todas
as coisas estão descobertas e expostas, nuas e desprotegias aos
olhos Daquele a quem haveremos de prestar contas”.
Em alguns casos, a prestação de contas para uma pessoa de
confiança pode ser muito útil. Paul Tournier disse: “Nada nos faz tão
solitários quanto os nossos segredos”. Tiago defendeu a ideia de se
estabelecer uma parceria com base no temor de Deus no intuito de
superar certas questões, quando disse: “Confessai, pois, os vossos
pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados” (Tiago 5:16).
Como representantes do Senhor Jesus Cristo, que jamais seja
dito de nós o que Pedro falou dos falsos mestres em sua época:
“Prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da
corrupção, pois aquele que é vencido, fica escravo do vencedor” (2
Pedro 2:19).

Lembre-se de que Deus é por nós e não contra nós, e que Ele
quer nos ajudar a nos tornarmos tudo o que Ele pretende que
sejamos. Ele não cuida apenas do nosso desempenho exterior, mas
cuida profundamente da saúde e bem-estar da nossa alma.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. O que você acha das duas frases a seguir:


A confiança é adquirida.

A confiança é a moeda do ministério.


2. Que tipo de coisas estariam envolvidas para que uma pessoa
fosse “requalificada”, no caso de ela ter se tornado
desqualificada? Serviria sempre do mesmo jeito, ou iria divergir de
situação para situação?
3. Enquanto você lia a passagem de Romanos 2:14-17, você se
lembrou de alguma área na qual ensinou outros a fazerem alguma
coisa, mas você mesmo não o fez?
4. A seguinte declaração foi feita neste capítulo: “A única ‘vida
secreta’ que somos chamados a ter é uma com Deus, e não longe
Dele”. Quão bem você se sente quanto a isso estar sendo vivido
em sua vida?
5. Qual foi a principal revelação que você obteve deste capítulo?
8 Spurgeon, Charles H., “O Ganhador de Almas”. Um sermão pregado em uma noite de
quinta-feira, 20 de janeiro de 1876, no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.
9 Lewis, C. S., O Problema da Dor (New York: Harper São Francisco, 1940), 95.
10 Spurgeon, C. H., Palestras para os Meus Alunos (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1954),
19.
11 Bunyan, John, O Peregrino, (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2004), 66.
http://thegracetabernacle.org/quotes/Hypocrisy.htm
12 Spurgeon, C. H., Palestras para os Meus Alunos (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1954),
17.
13 Lewis, C. S. Reflexões Sobre os Salmos (New York: Mariner Books, 1964), 32.
14 Maxwell, John, Desenvolvendo o Líder Dentro de Você (Nashville: Thomas Nelson,
2005), 41.
15Horowitz, Bruce, “Superbowl Ads Get Racier, but Does Sex Really Sell?” USA Today, 20-
22 de janeiro de 2012. http://www.usatoday.com/money/ advertising/story /2012-01-
19/godaddy-sexy-super-bowlads/52686084/1.
Capítulo Nove

“Um em cada cem homens lerá a Bíblia, os outros 99 lerão o


cristão.”
— D. L. Moody

Pensamento-chave: Nossas vidas são uma carta que outros leem.

P
aulo disse aos Coríntios: “A vida de vocês é uma carta que
qualquer um pode ler simplesmente olhando para vocês. O
próprio Cristo a escreveu — não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo. Essa carta não é inscrita na pedra, mas
entalhada em vidas humanas — e nós a publicamos” (2 Coríntios
3:2-3, A Mensagem).

Além da mensagem que enviamos ao mundo por meio da nossa


conduta e estilo de vida, precisamos estar cientes do quão,
supostamente, cristãos maduros e líderes espirituais influenciam
cristãos mais jovens e aqueles que podem estar fracos na fé.

Paulo dedicou uma quantidade substancial de tempo (veja 1


Coríntios 8 e Romanos 14) persuadindo aqueles que se
consideravam maduros, para que jamais permitissem que a sua
liberdade em Cristo se tornasse uma pedra de tropeço para aqueles
que eram menos maduros ou tinham uma consciência fraca.

“E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca


mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1
Coríntios 8:13). De modo semelhante, Paulo disse: “Se, por causa
de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor
fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor
de quem Cristo morreu”, e “é bom não comer carne, nem beber
vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a
tropeçar” (Romanos 14:15,21).
Embora esse contexto de comer alimentos consagrados a ídolos
possa estar muito distante de nós historicamente, o princípio
permanece claro. Se alguma coisa que fazemos impede a fé de
outros, precisamos evitar isso.

Se as ações de cristãos podem ofender aqueles que são imaturos


na fé, isso também pode ser uma razão para que as nossas ações
possam influenciar — positiva ou negativamente — aqueles que
estão “fora da fé”. Tim Tebow, um cristão e jogador de basquete da
NFL, foi indagado se ele consumia álcool. Sua resposta foi: “a
principal razão por que eu não consumo álcool é porque, se eu
tomar uma taça de vinho, eu não quero ser responsável pelo garoto
que me vê e diz: ‘Ei, o Tebow está fazendo isso, então eu vou fazer
também’. E, depois, ele toma uma decisão ruim. Porque, goste disso
ou não, é sério”, ele diz.16

Com isso em mente, vejamos três verdades essenciais para o


entendimento do nosso testemunho no mundo.

1. O Mundo Não Julga Líderes Espirituais por Verdades


“Posicionais”.
Um dos momentos mais alegres e libertadores na vida dos
crentes é quando eles percebem o que Deus fez e declarou sobre
eles. Por causa da obra redentora do Senhor Jesus Cristo, Deus
declarou que todo cristão é:

• Um filho de Deus (Romanos 8:16).


• Uma nova criatura (2 Coríntios 5:17).
• A justiça de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21).
• Abençoado com toda sorte de bênçãos nas regiões celestiais,
em Cristo (Efésios 1:3).
• Aceito no Amado (Efésios 1:6).
• Sentado com Cristo nos lugares celestiais (Efésios 2:6).

Essas verdades são maravilhosas para o crente esclarecido, mas


o incrédulo não tem qualquer noção de tais verdades. O mundo não
pode enxergar a nossa posição em Cristo; tudo o que eles podem
observar é o que nós praticamos. Eles não podem perceber a nossa
“vida eterna” em Cristo; tudo o que eles podem ver é o nosso estilo
de vida.

2. O Mundo Julga Líderes Espirituais com Padrões Mais


Rigorosos do que Outros.
Tiago 3:1 diz: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós,
mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”.

É simplesmente um fato de que as pessoas tendem a esperar


mais daqueles em posições de liderança espiritual. Em alguns
aspectos, isso pode parecer injusto e, alguns, no ministério, ficam
sob pressão por estarem sempre preocupados acerca do que as
outras pessoas irão pensar de tudo o que eles fizerem e disserem.
Por exemplo, alguns ministros colocam uma pressão enorme sobre
os seus filhos, para que sejam “perfeitos” o tempo todo e, ao fazer
isso, permitem que o medo de outras pessoas, e suas opiniões,
penetrem de forma doentia em suas vidas.
No entanto, esta é uma ótima oportunidade para lembrar aos
membros de igreja que pastores e suas famílias são 100%
humanos. É verdade, olhamos para o pastor como um líder e
exemplo, mas tenha em mente que eles mesmos estão crescendo
e, sem dúvida, existem algumas áreas em que as suas imperfeições
aparecem de tempos em tempos.

Como um jovem pastor assistente no início da década de 1980, o


meu pastor sênior tinha uma placa na parede de seu escritório com
um poema que me impressionou. O poema era intitulado “Eu Sou o
Seu Pastor”, e era isso que dizia:

Memorando para: Minha Congregação


De: Seu Pastor

Quando você se ergue para as alturas e para o seu melhor, eu


sou o seu pastor.
Quando você cede à tentação e cai ao nível mais baixo, eu sou
o seu pastor.
Quando você vive no Espírito e manifesta a atitude de um
cristão, eu sou o seu pastor.

Quando, por um tempo, você afunda ao nível da carne, eu sou


o seu pastor.
Quando você anda no caminho do dever e faz a vontade de
Deus, eu sou o seu pastor.

Quando você entra no caminho da desobediência, eu sou o seu


pastor.
Quando alegrias chegam a você e intensificam as notas de
louvor em seu coração, eu sou o seu pastor.

E, quando as trevas vêm como uma blindagem escura sobre a


sua vida, eu sou o seu pastor.
Quando você faz o seu melhor e merece a aprovação de
outros, eu sou o seu pastor.

Quando você faz o seu melhor e o seu bem é tido como


perverso, eu sou o seu pastor.
Quando você tem tudo o que precisa e mais do que é
necessário para a vida, eu sou o seu pastor.

Quando você sente o aperto da pobreza e a sua capacidade de


adquirir diminui, eu sou o seu pastor.
Quando você se mantém doce e gracioso, como um cristão
maduro deve se manter, eu sou o seu pastor.

Quando você age com infantilidade sobre erros reais ou


imaginários, eu sou o seu pastor.
Quando tudo vai bem e você não tem qualquer cuidado no
mundo, eu sou o seu pastor.

Quando nada parece direito e os fardos se multiplicam, eu sou


o seu pastor.
Quando você me agrada pelo posicionamento que assume e
pelo espírito maravilhoso que manifesta, eu sou o seu pastor.

Quando você me desaponta e me causa noites sem dormir, eu


sou o seu pastor.
Quando você está vivendo a vida em sua plenitude máxima, eu
sou o seu pastor.

Quando a sua saúde se fragiliza e o fim da vida mortal parece


próximo, eu sou o seu pastor.
Quando revelo que sou humano e tenho as minhas próprias
fraquezas e enfermidades, e você é caridoso e compreensivo,
eu considero um privilégio ser o seu pastor.

Líderes espirituais irão encontrar pessoas muito mais


compreensivas se eles têm sido compassivos com relação a outros
quando eles falham, não se comportando com uma atitude
arrogante do tipo “sou mais santo do que você”.

Sem ser exageradamente depreciativo, isso pode ajudar


congregações se os seus pastores puderem, humilde e
honestamente, reconhecer como o apóstolo Paulo: “Não que eu o
tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para
conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo
Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma
coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e
avançando para as que diante de mim estão” (Filipenses 3:12-13).

Uma coisa é, humildemente e no temor do Senhor, convidar


outros: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1
Coríntios 11:1). Isso é uma coisa boa. Outra coisa é apresentar a si
mesmo, de forma arrogante, como “o padrão de perfeição para os
outros”. Isso não é uma coisa boa.

Jamais deveríamos nos levar tão a sério a ponto de sermos


devastados pela crítica. George Whitfield uma vez recebeu uma
carta de duras críticas. Ele respondeu: “De coração eu lhe agradeço
pela carta. Quanto ao que você e meus outros inimigos estão
dizendo contra mim, sei de coisas muito piores a meu respeito que
vocês jamais saberão. Com amor em Cristo, George Whitfield”.

Tendo dito tudo isso, aqueles em posição de liderança espiritual


deveriam estar cientes de que as pessoas estão observando o seu
exemplo; se as suas vidas são genuínas e salutares. Eles também
deveriam reconhecer — como Tiago disse há aproximadamente dois
mil anos — que os mestres sofrerão juízo muito maior do que
outros.

3. O Mundo Formará a Sua Opinião a Respeito de Jesus, a


Bíblia e a Igreja, Não Tanto pela Nossa Pregação, Mas
pela Nossa Ética, Moralidade e Conduta.
Como tem sido dito: “Você é o único Jesus que algumas pessoas
verão; você é a única Bíblia que as pessoas lerão”.
Ambedkar (1891-1956) nasceu em uma família “intocável”, no
antigo sistema de castas na Índia. A despeito da intensa
discriminação que ele enfrentou, obteve um excelente grau de
instrução e se tornou um influente líder na Índia, a ponto de servir
como presidente do Comitê de Elaboração da Constituição Indiana.

“Quando eu leio os evangelhos, Atos dos Apóstolos e certas


passagens das epístolas de Paulo, sinto que eu e o meu povo
devemos todos nos tornar cristãos, pois neles eu encontro um
antídoto perfeito para o veneno que o hinduísmo tem injetado em
nossas almas e uma dinâmica forte o suficiente para nos levantar da
nossa atual posição de degradação; mas quando olho para as
igrejas produzidas por missões cristãs, nos distritos em torno de
Bombaim, eu tenho um sentimento completamente diferente. Muitos
membros da minha própria casta tornaram-se cristãos e a maioria
deles não recomenda o cristianismo para o restante de nós. Muitos
foram para internatos e usufruem de altos privilégios. Nós os
imaginamos como produtos acabados dos seus esforços
missionários, e que tipo de pessoas eles são? Egoístas e
autocentrados. Eles não se importam com o que acontece com os
seus antigos parceiros de casta, contanto que eles e suas famílias,
ou eles e seu pequeno grupo que se tornou cristão sigam em frente.
Na verdade, o seu principal cuidado é ocultar o fato de que eles já
pertenceram à mesma comunidade. Eu não quero ser acrescentado
ao número de tais cristãos.”17

Semelhantemente, Mahatma Ghandi disse: “Eu gosto do seu


Cristo, eu não gosto dos seus cristãos. Os seus cristãos são muito
diferentes do seu Cristo”. Ele também destacou: “Se os cristãos
realmente vivessem de acordo com os ensinamentos de Cristo,
como descritos na Bíblia, toda a Índia seria cristã hoje”.
Não precisamos estar debaixo de condenação acerca de
observações que outros fazem a respeito das nossas vidas no
passado, mas deveríamos estar desafiados a ser o tipo de carta que
se expressa com clareza e torna conhecidas as maravilhas do
nosso Deus e as virtudes do Seu glorioso Evangelho. Que assim
seja!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Você já compartilhou o Evangelho com alguém e essa pessoa


resistiu a você, citando a hipocrisia de certos líderes religiosos
como desculpa? Como você respondeu?

2. Você já agiu de modo ruim na frente de incrédulos ou cristãos


recém-convertidos, os quais estavam prestando atenção ao seu
exemplo? Você fez alguma coisa para retificar a situação? Qual
foi o resultado?

3. Neste capítulo, foi feita a seguinte afirmação: “Você é o único


Jesus que algumas pessoas verão; você é a única Bíblia que as
pessoas lerão”. Como isso deveria afetar a atitude e a conduta de
um cristão?

4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
16 Saraceno, Jon, “Tebow: The Man Behind the Mania”, USA Today, janeiro 13-15, 2012.
http://www.usatoday.com/sports/football/nfl/story/2012-01-11/tebow-exclusive /52518122/1.
17 McGavran, Donald A. Understanding Church Growth (Grand Rapids, MI: William B.
Eerdman’s Publishing Company, 1970), 339.
Capítulo Dez

“Um princípio — particularmente o princípio moral — jamais


pode ser como um cata-vento, girando em torno disto ou
daquilo segundo os ventos inconstantes da conveniência. O
princípio moral é um compasso para sempre fixado e para
sempre verdadeiro.”
— Edward R. Lyman

Pensamento-chave: Integridade não acontece por acidente. Um


caráter temente a Deus é estabelecido deliberada e
intencionalmente.

N
os Salmos 37 e 73, o escritor expressa frustração ao ver
pessoas antiéticas e desonestas “avançarem”, embora elas
tenham tomado atalhos e transgredido, enquanto o justo
parece não alcançar muito progresso. O Salmo 73:13 diz: “Perdi
tempo jogando conforme as regras: o que ganhei com isso? Um
vendaval de má sorte, foi isso — um tapa na cara toda vez que eu
saía pela porta” (A Mensagem). Depois de uma explosão de
aborrecimentos iniciais, o salmista alcança o bom senso e
reconhece que a integridade irá permanecer sólida no final, quando
todo caminho enganoso tiver sido abalado.
Benjamim Disraeli disse: “Princípio é sempre o meu lema, não
conveniência”. Conveniência significa procurar tudo o que é
imediatamente vantajoso ou pessoalmente desejável, sem uma
visão voltada para a ética, moralidade ou princípios envolvidos na
questão. Em contraste, uma pessoa de princípios — que vive com
uma integridade intencional — é aquela que assume um alto código
de valores e, consistentemente, vive de acordo com eles.
Henry Ward Beecher disse: “Conveniências são para o momento,
mas princípios são para a eternidade. Só porque as chuvas caem e
os ventos sopram, não podemos permitir edificar sobre areias
movediças”.18 Quando você observa pessoas tomando atalhos ou
transgredindo para obterem resultados imediatos ou gratificações
instantâneas, não pense que a sua integridade é vã. Reconheça que
você está construindo sobre um fundamento sólido — que irá
permanecer e resistir ao longo do tempo.

A ideia de pragmatismo está intimamente relacionada à


conveniência. Pragmatismo envolve uma aproximação muito prática
da vida, “qualquer coisa que funcione”. Em outras palavras, a
consistência ou o valor de uma ideia é determinada pelos resultados
que ela produz. Enquanto isso, pode parecer bom (e com frequência
é em questões práticas), mas não é um procedimento bíblico no que
se refere à moral, ética e “verdade final”, como visto na Bíblia.
Pragmatismo sem moralidade fará com que as pessoas pensem:

• Está tudo bem em omitir a verdade, se isso fizer com que eu


fique fora de problemas e alcance meus objetivos.
• Está tudo bem em mostrar favoritismo, se com isso obtiver
vantagens.
• Não há problema em ter um relacionamento extraconjugal, se
isso me fizer mais feliz.
• Está tudo bem em não pregar toda a verdade da Palavra de
Deus, se isso me fizer mais popular ou trouxer mais pessoas
para a minha igreja.

O temor a Deus é inconsistente com a mentalidade “os fins


justificam os meios”. À medida que uma pessoa começa a descer a
ladeira da transigência, desonestidade e duplicidade, ela se tornará
mais cauterizada à verdade e começará a justificar e racionalizar
todo tipo de comportamento, até mesmo aqueles que,
anteriormente, seriam considerados completamente inaceitáveis.

Oswald Sanders descreve magistralmente o compromisso


resoluto de Paulo com o princípio: “Onde o princípio estava
claramente em jogo, Paulo era inflexível e não cederia por um
momento, mesmo que a pessoa envolvida fosse o prestigiado
apóstolo Pedro. Porque a imensamente importante causa da
liberdade cristã estava em debate, Paulo disse aos gálatas, ‘... aos
quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a
verdade do Evangelho permanecesse entre vós’ (Gálatas 2:5).
Porém, quando apenas uma preferência e não um princípio estava
envolvido, ele estava pronto a fazer largas concessões”.19

Outro indivíduo que estabeleceu limites entre os “não


negociáveis” (questões de princípio e valores centrais) e
“negociáveis” foi Thomas Jefferson. Ele disse: “Em questões de
estilo, nade com a maré. Em questões de princípios, fique firme
como uma rocha”.

Ao examinar as vidas de homens e mulheres de honra, ao longo


da história da Igreja, percebemos que eles possuíam fortes valores
e convicções. Essas não eram aspirações vagas e inconstantes,
mas eles tinham conscientemente identificado os seus valores e,
com frequência, também os expressaram.
Um líder espiritual que claramente expressou os seus valores foi
Jonathan Edwards. O seu palavreado reflete a sua época, mas ele
certamente abraçou e expressou grandes comprometimentos e
princípios, tais como:

• Fica resolvido que jamais farei alguma coisa por vingança.


• Fica resolvido que viverei da maneira como eu desejaria ter
feito quando minha vida chegar ao fim.
• Toda vez que ouvir alguma coisa dita em conversa de alguma
pessoa, se eu considerar que isso seria louvável em mim, fica
resolvido esforçar-me para imitar.
• Fica resolvido jamais me entregar, nem ao menos afrouxar a
minha luta contra as minhas corrupções, por mais malsucedido
que eu possa ser.

John G. Lake escreveu o que ele chamou de “Minha Consagração


como um Cristão”. Um de seus valores foi expresso deste modo:
“Sempre me empenharei para ser um pacificador. Primeiro, sendo
eu mesmo pacífico e evitando todo tipo de controvérsia infrutífera e
tratando todos com justiça e com respeito aos seus direitos e seu
livre-arbítrio, jamais querendo forçar quaisquer dos meus pontos de
vista. Se eu ofender alguém intencionalmente, de imediato me
desculparei. Não espalharei maus rumores sobre qualquer pessoa a
fim de tentar difamar o seu caráter, ou repetir coisas sobre as quais
não tenho certeza de serem verdadeiras. Eu me empenharei em
remover a maldição da contenda entre os irmãos, agindo como um
pacificador”.20
Homens e mulheres não se tornam grandes por acidente. Eles
são conduzidos para a grandeza por grandes valores, grandes
decisões, grandes convicções, grandes princípios e grandes ações.
Uma pessoa disse: “Faça as suas escolhas e as suas escolhas
farão você”.

• Faça disto o seu esforço: não crescer frouxo ou desleixado em


suas convicções, valores e moralidade, ainda que outros ao seu
redor pareçam agir assim.
• Não se permita simplesmente “ir com a multidão”, quando os
valores ou a moralidade deles são deficientes.
• Agarre o que Deus tem de melhor e mais elevado para você.
• Não permita que a Palavra de Deus seja um livro de ideais pelo
qual você pode seletiva e ocasionalmente viver, mas deixe que
ela seja os seus mandamentos — ordens dadas por Alguém em
autoridade, sobre as quais não há escolha e das quais não há
como fugir!

Daniel não viveu com integridade por acaso; a excelência do seu


caráter foi deliberada e intencional. Daniel 1:8 diz: “... resolveu
Daniel, firmemente, não contaminar-se”.
De modo igual, Paulo estava determinado a andar em integridade.
Ele disse: “... por isso, também me esforço por ter sempre
consciência pura diante de Deus e dos homens” (Atos 24:16). A
versão Amplified Bible traz esse texto assim: “... eu sempre me
exercito e me disciplino [mortificando o meu corpo, amortecendo
meus prazeres carnais, apetites corporais e desejos mundanos,
esforçando-me em todos os aspectos] para ter uma consciência
limpa [inabalada, inculpável], livre de ofensa para com Deus e para
com os homens”. Paulo aconselhou os crentes: “... esforçai-vos por
fazer o bem perante todos os homens” (Romanos 12:17).
Em novembro de 1948, pouco antes que o seu ministério fosse
projetado para o âmbito da proeminência nacional, Billy Graham
encontrou-se com três dos seus principais associados (Cliff
Barrows, George Beverly Shea e Grady Wilson) para discutirem
maneiras de conduzirem o seu ministério com integridade e evitar
escândalos, práticas vergonhosas, as quais trouxeram reprovação
para muitos em ministérios evangelísticos. No que se tornou
conhecido como o “Modesto Manifesto”, Graham e sua equipe
identificaram quatro áreas de preocupação e resolveram conduzir-se
com a mais alta integridade nessas questões.
As quatro áreas que foram identificadas incluíam:

• A manipulação obscura de dinheiro


• Imoralidade sexual
• Maldizer outros fazendo obras similares
• Realizações exageradas
Billy Graham falou dessas diretrizes, dizendo: “Na realidade, isso
não marcou uma mudança radical para nós; sempre mantivemos
esses princípios. O que fez, entretanto, foi colocar em nossos
corações e mentes, de uma vez por todas, a determinação de que a
integridade seria o selo em ambos, nossas vidas e ministério”.21
Aqui estão algumas decisões que líderes íntegros têm feito:

• Ser totalmente honesto em todas as suas relações.


• Permanecer completamente submisso aos princípios de honra
e integridade, contidos na Palavra de Deus.
• Ser um bom administrador do seu corpo, mente, finanças e
dons.
• Se o mal está feito, corrija-o.
• Ser completamente fiel ao seu cônjuge e conservar a pureza
moral de todas as formas.
• Tomar a “via principal” em todas as questões da vida.
• Tratar todas as pessoas com integridade e respeito.
• Jamais tentar chegar à frente ou fazer se parecer bom,
derrubando outros.
• Ser o melhor exemplo possível de semelhança com Cristo.
• Jamais explorar ou tirar vantagem de alguém, especialmente os
que estão fracos e vulneráveis.
• Ser uma pessoa autêntica, jamais colocando uma máscara ou
fachada.
• Sempre fazer o que é do melhor interesse de outros; buscar a
sua edificação e evitar o que trará danos para outros.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Você já se sentiu frustrado ao ver pessoas que pegaram atalhos


e/ou fizeram coisas erradas e ainda pareciam prosperar e
avançar? Como você lidou com a sua frustração e o que você
disse a si mesmo sobre a situação?

2. Thomas Jefferson foi citado como tendo dito: “Em questões de


estilo, nade com a maré. Em questões de princípios, fique firme
como uma rocha”. Você consegue se recordar de estabelecer
essa abordagem em sua vida? Você consegue ver alguma área
na qual poderia implantar essa abordagem no futuro?

3. De que maneiras específicas você resolveu firmemente (como


Daniel) não se contaminar com as iguarias deste mundo? Quais
decisões específicas você tomou no sentido de ser santo e
agradável a Deus?

4. Reveja a lista de decisões que líderes íntegros já tomaram.


Quantas delas você, intencional e deliberadamente, decidiu
implementar como parte da sua vida e dos seus valores centrais?

5. Qual é a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
18Goodman, Ted, Editor. The Forbes Book of Business Quotations (New York: Black Dog &
Leventhal Publishers, 1997), 684.
19Sanders, Oswald, Dynamic Spiritual Leadership (Grand Rapids, MI: Discovery House
Publishers, 1999), 16.
20 Lake, John G., Adventures in God (Tulsa: Harrison House, 1981), 124.
21Myra, Harold e Shelley, Marshall, The Leadership Secrets of Billy Graham (Grand
Rapids: Zondervan, 2005), 57.
Capítulo Onze

“Onde quer que você esteja, seja bom.”


— Abraham Lincoln

Pensamento-chave: Se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito.

J
amais podemos superestimar a importância da integridade e
caráter, e também não deveríamos minimizar a significância
de sermos habilidosos e competentes.
Você se lembra do que o Salmo 78:72 diz acerca de Davi? Diz
que Deus “... os dirigiu com mãos precavidas”.
Se eu tenho um problema com o meu veículo, não quero
simplesmente um mecânico que ama Jesus trabalhando no meu
carro; eu quero um mecânico que seja realmente habilidoso para
consertar carros. Do mesmo modo, se busco socorro médico, eu
não quero ver apenas um médico que seja legal e honesto; eu quero
um que seja altamente competente para diagnosticar precisamente
e tratar a enfermidade.

Quando se trata de servir a Deus, nosso desejo deveria ser de dar


a Ele absolutamente o nosso melhor. Apesar de reconhecermos que
a nossa habilidade vem Dele, deveríamos nos esforçar para
seguirmos o exemplo do Senhor Jesus Cristo. Marcos 7:37 (AMP)
diz: “Eles estavam esmagadoramente atônitos, dizendo: Ele fez tudo
com excelência (com louvor e nobreza)”.

Jesus Era Um Carpinteiro Desleixado?


Eu não acredito que Jesus começou a ser comprometido com
qualidade e excelência quando se tornou um pregador. Acredito que
a Sua atitude e determinação era fazer todas as coisas para a glória
e honra de Seu Pai Celestial, quer envolvesse construir uma mesa
como um carpinteiro, ou pregar um sermão como um ministro.

Não consigo simplesmente imaginar Jesus voltando para a Sua


terra natal para pregar e as pessoas não estando interessadas em
ouvi-lo porque ele tinha sido um carpinteiro terrível. Acredito que
Jesus fez tudo o que fez para a glória e honra de Deus. Eu
simplesmente não consigo imaginá-lo como um trabalhador
desleixado, apático e descuidado, produzindo artigos inferiores.

Ao longo de todo o Antigo Testamento, a apreciação de Deus por


qualidade é claramente evidente:

• Os trajes que foram feitos para o uso no tabernáculo do Antigo


Testamento foram “habilidosamente tecidos” (Êxodo 28:4,39).
• Aqueles designados para ajudar na edificação do tabernáculo
foram citados como “homem hábil” (Êxodo 36:1).
• Davi, antes mesmo de ser ungido para ser rei, foi descrito
como: “... sabe tocar e é forte e valente, homem de guerra,
sisudo em palavras e de boa aparência; e o S é com ele”
(1 Samuel 16:18).
• Em 2 Crônicas 2, Salomão está se preparando para edificar o
Templo. Nesse capítulo, palavras relacionadas à habilidade
aparecem várias vezes.
• Esdras foi descrito como “escriba versado” (Esdras 7:6).
• “Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e
sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino” (Daniel 6:3).
• Salmos 33:3 diz: “Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e
com júbilo”.
• E, para finalizar a ideia a respeito de qualidade: Qual é a única
coisa que todos queremos ouvir quando nos colocarmos diante
de Jesus? “Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25:21).

Retratos de Excelência
Martin Luther King, Jr. capturou o espírito de excelência quando
disse: “Se um homem foi chamado para ser um gari, ele deve varrer
as ruas do mesmo modo como Michelangelo pintou, ou Beethoven
compôs músicas, ou Shakespeare escreveu poesias. Ele deve
varrer as ruas tão bem que todas as hostes dos céus e da terra
pararão para dizer: ‘aqui viveu um grande gari que fez o seu
trabalho muito bem’”.22
Aristóteles disse: “Excelência é uma arte conquistada por treino e
hábito. Não agimos corretamente porque temos virtude ou
excelência, mas ao contrário, nós as temos porque agimos
corretamente. Nós somos o que fazemos repetidamente.
Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito”.23

O general H. Norman Shwarzkopf compartilhou a seguinte


observação: “Conheci muitos líderes no exército que eram muito
competentes — mas eles não tinham caráter... também encontrei
muitos líderes que tinham um caráter magnífico, mas que
necessitavam de competência... Para liderar no século 21, será
exigido de você ambos: caráter e competência”.24
Muitos ouviram a respeito de John Wooden, antigo treinador de
basquete da Universidade da Califórnia. Talvez muitas das suas
realizações foram devidas, pelo menos em parte, ao fato de que seu
pai lhe ensinara, quando era jovem: “Faça de cada dia a sua obra-
prima”.
Vejamos algumas áreas nas quais podemos desenvolver
competência.

Competência ao Trabalhar com Pessoas


Ministério é, em sua grande extensão, um “negócio de pessoas”.
É ótimo amar a Deus, adorá-lo, orar, mas também precisamos ser
capazes de trabalhar bem com as pessoas, se iremos ser eficazes
no ministério. Roboão é um exemplo clássico de um líder que
sabotou a sua própria eficiência e potencial porque ele não sabia
como estabelecer e manter bons relacionamentos com as pessoas.
Quando as pessoas buscaram um pouco de alívio da fadiga que
experimentaram sob o reinado de Salomão, Roboão respondeu
duramente ou asperamente. Um pouco de gentileza e diplomacia
teria operado maravilhas, mas Roboão perdeu dez das doze tribos,
sobre as quais ele poderia ter governado (2 Crônicas 10:1-17).

“O mais importante ingrediente na fórmula do sucesso é saber


conviver com as pessoas.”
— Theodore Roosevelt

Existem três dimensões de relacionamentos com as quais


precisamos aprender a trabalhar:

• Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que estão em


autoridade sobre nós — a palavra-chave aqui é submissão.
• Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que são
nossos iguais e cooperadores — a palavra-chave aqui é
trabalho em equipe. O grande jogador Mia Hamm disse: “Sou
membro de um time e eu dependo do time, submeto-me ao time
e me sacrifico por ele, porque o time, e não o indivíduo, é o
campeão final”.
• Devemos aprender a trabalhar bem com aqueles que estão sob
a nossa supervisão — a palavra-chave aqui é diplomacia.

A Bíblia não nos garante sucesso automático em cada


relacionamento, ou que seremos capazes de conviver com todas as
pessoas na terra; entretanto, devemos dar o nosso melhor. Existem
livros à disposição que podem nos ajudar a desenvolvermos as
nossas habilidades com as pessoas e nos ensinam a conviver com
pessoas difíceis. Nós também podemos aprender a extrair o melhor
dos outros, de modo a cultivarmos os melhores resultados possíveis
nos diversos relacionamentos que temos.
Competência ao Manusear a Palavra de Deus
Paulo disse a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem
a Palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). Paulo disse que um bispo
deveria ser “... um mestre qualificado e capaz” (2 Timóteo 3:2, AMP)
e que alguém em tal posição de liderança deve ser “apegado à
Palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder
tanto para exortar pelo reto ensino, como para convencer os que o
contradizem” (Tito 1:9).

A capacidade à qual estamos nos referindo não é meramente ter


uma compreensão mental a respeito das verdades da Bíblia, mas
também se aplica a ser espiritualmente sensível ao Espírito Santo e
às necessidades das pessoas. Isaías disse: “O S Deus me
deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao
cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido
para que eu ouça como os eruditos” (Isaías 50:4). Não buscamos
habilidade ao manusear os textos bíblicos apenas para que
possamos ganhar argumentos, mas para que sejamos capazes de
ministrar eficazmente àqueles que estão sofrendo e
desencorajados.

O apóstolo Paulo reconheceu que havia mais habilidade em


ministrar a Palavra de Deus do que estar “tecnicamente” correto
acerca de alguma coisa, especialmente se temos uma atitude
legalista. Ele disse que Deus “... nos habilitou para sermos ministros
de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra
mata, mas o Espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6). É importante que não
ministremos apenas a verdade de Deus, mas também o coração de
Deus.

Competência em Sua Área Designada de


Responsabilidade
A questão deveria ser evidente para todos. Se você escreve
cartas, então, escreva-as bem. Se você trabalha com som, então
seja bom nisso. Se você é alguém que recepciona, então faça as
pessoas realmente se sentirem bem-vindas. O que quer que você
faça, faça com o mesmo nível de entusiasmo e qualidade que você
demonstraria se estivesse fazendo para o próprio Jesus.

Dan Reiland disse: “Demasiadas vezes, no ambiente de trabalho


da igreja, aplicamos a graça incorretamente. Alguém comete um
erro ou fica aquém do padrão de excelência e nós dizemos: ‘Ah,
está TUDO BEM’. Ah, não está TUDO BEM. Jesus não morreu na
cruz para TUDO BEM. Ele merece o nosso melhor. Você pode ser
gentil em sua comunicação e ser paciente em seu treinamento, mas
não reduza as suas expectativas. A causa de Cristo é digna do
melhor de cada um”.25
Em muitas igrejas, voluntários (e, às vezes, funcionários) são
escolhidos para trabalhar em uma área na qual eles não são
altamente qualificados ou competentes. Eles deveriam se recusar a
trabalhar se eles não têm um doutorado nessa área? Certamente
que não! Mas deveriam aprender tudo o que podem acerca dessa
área específica e adquirir toda a proficiência e competência que
puderem, de modo a realizarem um bom trabalho.
Durante o meu primeiro ano de seminário, eu trabalhei como um
zelador em uma igreja local. Eu sabia como manusear um aspirador
de pó, e era isso o que eu fazia. Você deve estar imaginando
quantos erros um zelador pode cometer se ele não for habilidoso!
Bem, eu quero que você saiba que eu descobri pelo menos alguns
deles!

Uma das minhas atribuições era aspirar a área da plataforma no


santuário. Enquanto eu aplicava a cera e removia a poeira, sentia
como se estivesse realizando um ótimo trabalho. Entretanto, jamais
me ocorreu que aplicar a cera sobre o teclado do piano não era uma
boa ideia. Como eu não era um músico, eu não compreendia que os
pianistas não apreciam teclas escorregadias! Eu fui “gentilmente
ensinado” e não cometi o mesmo erro novamente.

Empregadores e supervisores reconhecem que indivíduos


necessitam de algum treinamento e instrução, e eles também
admitem que um erro honesto será cometido de tempos em tempos.
Entretanto, eles certamente não esperam que as pessoas cometam
os mesmos erros, repetidamente.

Para que sejamos competentes e permaneçamos efetivos em


nossas habilidades, é imperativo que sejamos ensináveis — sempre
aprendendo — e sempre buscando nos aperfeiçoar. Às vezes, as
pessoas estão em certa posição, mas elas não se mantêm por
dentro das novas informações ou as mais recentes tecnologias
acerca daquela posição e logo o seu trabalho as “ultrapassa”.
Alguém disse: “Não seja o mesmo. Seja superior àquele que era
ontem”. John Wesley foi grande ao ser um constante aprendiz.
Considere estas declarações feitas por Wesley:
“Cristãos que leem são cristãos que crescem. Quando os cristãos
param de ler, eles param de crescer.”

“Aquele que não lê mais deveria largar o ministério.”


“Uma vez a cada sete anos, eu queimo os meus sermões; pois é
uma vergonha se eu não puder escrever melhores sermões agora
do que há sete anos.”

Se Vale a Pena Fazer...


Todos ouvimos a frase: Se vale a pena fazer, vale a pena fazer
direito. Oswald Chambers engrandeceu essa que já era uma grande
ideia, por meio do título do seu livro clássico, Tudo Para Ele. Que
belo e poderoso pensamento. Eclesiastes 9:10 também expressou
esse princípio com estas palavras: “Tudo quanto te vier à mão para
fazer, faze-o conforme as tuas forças”. Vamos aplicar isso a todas
as áreas das nossas vidas, especialmente em nosso serviço a
Deus, à medida que continuamente cultivamos a competência.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Qual era a qualidade da obra de Jesus como carpinteiro? Por que


você acha que era assim?

2. Reveja a citação de Martin Luther King, Jr. (“Se um homem é


chamado para ser um gari...”) Quanto disso você percebe
operando nas vidas de outras pessoas? E em sua própria vida?

3. Foi dito que precisamos conviver bem com aqueles em


autoridade, com os nossos colaboradores e com aqueles sob a
nossa supervisão. Como você está nessas três áreas? Existe
alguma delas que você acha mais fácil fazer? Ou mais difícil?

4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
22Anderson, Peggy, Great Quotes by Great Leaders (Lombard, IL: Celebrate Excellence
Publishing, 1990), 11.
23 Goodman, Ted, The Forbes Book of Business Quotations (New York: Black Dog &
Levanthal Publishers, Inc., 1997), 258.
24 Zuck, Roy B., The Speaker’s Quote Book (Grand Rapids: Kregel Publishers, 1997), 59.
25Reiland, Dan, “Working with a Strong Personality, Part 2”, The Pastor’s Coach,
www.Injoy.com.
Capítulo Doze

“O homem é o único tipo de animal que arma sua própria


armadilha, coloca a isca e então pisa sobre ela.”
— John Steinbeck

Pensamento-chave: Há substitutos e falsificações para a


excelência. Conheça-os e evite-os.

E
xistem alguns que jamais encontrarão certas armadilhas
que estão associadas à busca pela excelência,
simplesmente porque eles nunca aspiram reconhecer a alta
qualidade que Deus deseja. Eles não estão correndo para ganhar,
como Paulo descreveu em 1 Coríntios 9:24, nem tampouco “lutam
para serem coroados”, como descritos em 2 Timóteo 2:5. Eles
podem servir a Deus, mas apenas parcialmente e no final da
carreira, eles estão mais dispostos a ouvir “Bem, você está fazendo
algo”, do que “Muito bem”.

A Armadilha da Mediocridade
Em vez de buscar a excelência, alguns estão contentes apenas
em fazer o suficiente para sobreviver. A palavra medíocre vem de
duas palavras em latim, significando: “a meio caminho da
montanha”. Em outras palavras, indivíduos que funcionam com uma
mentalidade de mediocridade estão satisfeitos em fazer o mínimo,
viver a partir de baixos padrões e não se importam em alcançar
resultados máximos.
Quais traços você percebe quando a mediocridade prevalece?

• Uma atitude de apatia.


• Falta de interesse quanto à qualidade e resultados.
• Contentamento com a condição em que as coisas estão; sem
qualquer desejo por melhoria.
• Ausência de objetivos desafiadores.
• Atraso e falta de pontualidade — e os prazos não são
cumpridos.
• Ausência de conscientização e diligência.
• Desleixo, descuido e uma falta de continuidade.
• Falta de foco.
• Facilmente sucumbe a distrações e diversões.
• Baixos níveis de energia.
• O trabalho é visto como mundano; aqueles envolvidos estão
apenas seguindo o movimento.

A Armadilha da Compulsão
Você não extrai boa música das cordas de um violão que estão
muito soltas; do mesmo modo, você não extrai boa música das
cordas de um violão que estão muito apertadas. Aqueles que são
governados pela mediocridade não têm motivação para a excelência
(cordas muito soltas), mas aqueles que são compulsivos são
conduzidos de forma doentia (cordas muito apertadas).

Indivíduos compulsivos com frequência falam de empenhar-se


pela excelência, mas eles podem estar confundindo o elevado
conceito de qualidade com hiperperfeccionismo. Desfrutar de altos
conceitos e resultados de qualidade é ótimo, mas quando uma
pessoa está continuamente inquieta, ansiosa e com medo de
fracassar, isso não é bom. Um hiperperfeccionista nunca sente
como se algo estivesse bom o suficiente e está sempre à procura de
falhas. Em resumo, não há qualquer alegria na jornada ou no
destino.

Lembro-me de conversar com um homem que tinha uma lista de


45 coisas (tipos de orações, confissões, coisas para ler, etc.), que
ele sentia que tinha que fazer toda manhã antes que o seu dia
pudesse começar. Apesar de algumas dessas coisas serem boas
em si mesmas, a maneira como ele as conduzia era muito rígida e
legalista. Era óbvio que ele não tinha alegria ao exercitar essas
disciplinas espirituais; elas eram muito árduas para ele.

Uma pessoa que serve com compulsão provavelmente desenha


Deus como sendo o capataz rigoroso do Egito, que estava sempre
exigindo mais (veja Êxodo 1:7-14; 5:5-14). Em vez de vê-lo como o
Gentil Pastor, eles veem Deus como irado, desapontado e sempre
lhes dizendo: “Vocês não estão orando o suficiente. Vocês não
estão lendo a Bíblia o suficiente. Vocês não estão servindo o
suficiente, etc.”. É importante manter em mente que o Bom Pastor
guia as Suas ovelhas; Ele não as conduz. Deus nos guia com um
senso de paz, ao passo que o inimigo (esforçando-se para imitar o
Espírito Santo) tenta nos conduzir com um senso de pânico.

É importante lembrar que foi Jesus quem disse: “Vinde a mim,


todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve” (Mateus 11:28-
30).

A Armadilha da Comparação
Comparação é tipicamente fundamentada em insegurança e
tende a produzir orgulho ou inferioridade. Charles Swindoll
sabiamente afirmou: “Coelhos não voam. Águias não nadam. Patos
parecem engraçados tentando escalar. Esquilos não têm penas.
Pare de comparar. Aprecie ser você! Existe muito espaço na
floresta”.26

Quando minha esposa e eu terminamos o nosso primeiro ano de


seminário, em 1980, viajamos para a Austrália, durante o verão,
para pregar em diversas igrejas. Começamos na igreja do nosso
primeiro anfitrião, o qual era um mestre da Bíblia muito produtivo.
Alguns dos seus assistentes me mostraram um fichário que estava
cheio de suas anotações. Eu fiquei impressionado e intimidado pelo
volume de esboços de ensinos.
Eu era muito inexperiente e senti que precisava vir com um
sermão que impressionaria a congregação. Então, peguei três horas
de anotações de aulas, combinei em uma mensagem e pensei ter
uma verdadeira obra-prima. Entretanto, quando me levantei para
falar, eu esgotei as minhas anotações em quinze minutos e eles
estavam esperando uma mensagem de cinquenta minutos! Sequer
estou certo se o que eu disse fez muito sentido. Eu era inexperiente
e não tinha um “fichário”, então eu simplesmente parei. Eu estava
muito envergonhado, mas aprendi algumas lições valiosas:

• Abençoe as pessoas; não queira impressioná-las.


• Não procure ser outra pessoa.
• Não tente se medir a partir dos dons, habilidades ou nível de
experiência de outra pessoa.
• Simplesmente dê às pessoas o que você tem para lhes dar e
faça isso com o seu coração.

Davi se recusou a usar a armadura de Saul; ela não cabia nele.


Davi conquistou Golias não por tentar se parecer com Saul, mas por
usar as ferramentas com as quais estava confortável — uma funda
e algumas pedras. Quando você copia alguém, você está agindo em
imitação. Em vez disso, aprenda a agir por inspiração. Sempre
haverá inspiração ao fazer o que Deus o chamou para fazer — e
não em imitar alguém.

Paulo deliberadamente ficou longe de fazer comparação de si


mesmo com outros. Ele disse: “Não que nós [tenhamos a audácia
para] nos ousemos nos classificar ou [até mesmo] comparar-nos
com alguém que exalta e fornece testemunhos para si mesmos!
Entretanto, quando eles medem a si mesmos, consigo mesmos, e
comparam-se uns com os outros, eles estão sem entendimento e se
conduzem imprudentemente. Nós, por outro lado, não nos
gloriaremos sem medida, mas nos conservaremos dentro dos
nossos limites [de nossa comissão] que Deus atribuiu como nossa
linha de medida e que se estende e inclui até vocês” (2 Coríntios
10:12-13, AMP).
Deus jamais irá julgá-lo com base no chamado ou resultados de
outra pessoa. Ele não o chamou para ser um clone de quem quer
que seja ou para fazer o que outra pessoa foi designada para fazer.
O seu único objetivo deveria ser fazer o melhor que você puder
fazer. Aqueles que caem na armadilha da comparação com
frequência terminam também em competição com outros. A nossa
única competição deveria ser com o nosso próprio potencial — para
maximizarmos totalmente o nosso próprio dom para a glória de
Deus. Outros crentes e outras igrejas são nossos parceiros e não
nossos competidores.
Os discípulos tinham uma forte questão “comparação-competição”
em disputa entre eles, e isso continuou mesmo após a ressurreição.
Mesmo quando Jesus disse a Pedro: “Segue-me”, Pedro não pôde
deixar de imaginar como o ministério e destino de João se
compararia ao seu.

Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o


discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara
sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o traidor?
Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este?
Respondeu-lhe Jesus: Se Eu quero que ele permaneça até que
Eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-Me.
— João 21:20-22

Precisamos focar nossa atenção em seguir Jesus, em vez de


olhar em volta, observando os outros e perguntando: “E quanto a
este, Senhor?” Se ficarmos excessivamente focados nos outros,
especialmente com uma atitude crítica e comparativa, então
estaremos mais propensos a começarmos a eliminar os outros e
sentir como se estivéssemos em uma competição com outros
membros do Corpo de Cristo. Estamos todos no mesmo time e
precisamos respeitar as atribuições uns dos outros, e apoiá-los, à
medida que buscamos servir a Deus de modo eficaz.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. No começo deste capítulo, alguns traços foram listados que


mostram quando a mediocridade prevalece. Algum deles está
presente em sua vida? Você precisa fazer algum ajuste?
2. Você se relaciona com Deus e serve a Ele com um senso de paz,
ou se sente conduzido?

3. E quanto à comparação? Você está seguro com quem você é e


com o que tem para oferecer aos outros? Consegue se regozijar
com os dons das outras pessoas sem sentir inveja ou se sentir
intimidado?

4. Qual é a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
26Swindoll, Charles, Growing Strong in the Seasons of Life (Grand Rapids: Zondervan
Publishing House, 1983), 342.
A
:
Capítulo Treze

L
-

“Se uma pessoa alinha sua atitude com relação ao dinheiro,


então quase todas as áreas de sua vida estarão alinhadas.”
— Billy Graham

Pensamento-chave: Líderes virtuosos permanecem livres de


cobiça e operam na maior integridade em todas as questões
pertinentes a finanças.

U
ma questão fundamental que todos os líderes devem
encarar é se eles irão capacitar ou explorar outros. Líderes
espirituais que estão livres da cobiça sempre buscarão o
bem-estar e o benefício daqueles a quem ministram. Quando Paulo
deu orientações a Timóteo, para líderes de igreja, muito do que ele
disse tinha a ver com o caráter do líder, com questões relacionadas
às suas atitudes quanto a dinheiro e como eles lidariam com ele.

Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado,


excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto,
hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não
espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado,
não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria
casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
(Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá
cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que,
ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de
fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.
— 1 Timóteo 3:1-7 (ACF)

Duas das afirmações citadas acerca das qualificações para


líderes espirituais são referências diretas a questões financeiras.

• Não cobiçoso de torpe ganância (versículo 3).


• Não avarento (versículo 3).

Diversas afirmações têm, pelo menos, uma aplicação indireta com


questões financeiras:

• Irrepreensível (versículo 2).


• Vigilante — significa autocontrolado (versículo 2).
• Sóbrio — significa alguém que vive sabiamente (versículo 2).
• Honesto — significa que alguém tem boa reputação (versículo
2).
• Governa (ou gerencia) bem a própria casa (versículos 4, 5).
• Cuida da igreja de Deus (versículo 5).
• Tem um bom testemunho dos que estão de fora (versículo 7).

Enquanto a maior parte do serviço cristão é feita por voluntários, é


certamente apropriado para pastores e outros que trabalham
extensivamente para o Senhor, serem compensados
financeiramente e serem compensados generosamente quando
possível. Considere as seguintes declarações feitas por Jesus e
Paulo:

• “... porque digno é o trabalhador do seu salário” (Lucas 10:7).


• “... ordenou também o Senhor aos que pregam o Evangelho
que vivam do Evangelho” (1 Coríntios 9:14).
• “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários
os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se
afadigam na Palavra e no ensino. Pois a Bíblia declara: Não
amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: o trabalhador é
digno do seu salário” (1 Timóteo 5:17-18).

Analistas há muito perceberam que igrejas que cuidam bem dos


seus ministros tendem a prosperar e vão muito bem, enquanto
aquelas que são “econômicas” nessa área e são fechadas com
relação aos salários de seus ministros tendem a não irem tão bem.

Em ocasiões, Paulo voluntariamente se abstinha de receber


compensação financeira de certas igrejas. Algumas vezes, isso foi,
provavelmente, apenas por uma questão logística: a igreja estava
em seu início e não era capaz de oferecer muito auxílio. Outras
vezes, Paulo estava demonstrando a pureza dos seus motivos,
então ele não seria acusado de ministrar simplesmente por dinheiro.
Paulo recebeu auxílio missionário em algumas ocasiões (veja
Filipenses 4:15-18), enquanto, em outras, ele era o que chamava de
ministro “bivocacional”. Em pelo menos três cidades onde Paulo
ministrou, ele exerceu a sua função bivocacionalmente:

• Corinto — “... posto que eram do mesmo ofício, passou a morar


com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer
tendas” (Atos 18:3).
• Éfeso — “De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós
mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era
necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos
mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os
necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus:
mais bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:33-35).
• Tessalônica — “Nem jamais comemos pão à custa de outrem;
pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia,
trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós;
não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em
vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos
imitardes” (2 Tessalonicenses 3:8-9).

É ótimo quando o trabalho dos pastores pode ser plenamente


amparado pela igreja. Logisticamente, os pastores são capazes de
produzir muito mais na obra do Senhor quando eles podem focar
completamente em seus ministérios. Entretanto, jamais deveríamos
minimizar as importantes contribuições daqueles que servem
bivocacionalmente. Gosto do que Rick Warren escreveu no seu livro
“Uma Igreja com Propósito”: “Eu dedico este livro aos pastores
bivocacionados ao redor do mundo: pastores que, fiel e
amorosamente, servem em igrejas que não são grandes o suficiente
para prover um salário integral. Vocês são os verdadeiros heróis da
fé em meu ponto de vista”.27

Tão apropriado quanto é para ministros serem bem


recompensados pelo seu trabalho, existem vezes e ocasiões,
quando líderes espirituais conscientes, recusarão certos tipos de
verbas, alicerçados em fundamentos éticos ou morais. Por exemplo:

• Abrão (Abraão) disse “não” ao rei de Sodoma: “E juro que nada


tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma
correia de sandália, para que não digas: eu enriqueci a Abrão”
(Gênesis 14:23).
• Um profeta, anônimo, recusou dinheiro do rei Jeroboão, para
que não parecesse que uma cura poderia ser paga (1 Reis
13:6-10).
• Eliseu também recusou prata, ouro e roupas de Naamã para
que não parecesse que uma cura poderia ser paga. Quando
Geazi, servo de Eliseu, tentou tomar posse desses espólios
escondido do profeta, ele foi exposto e a lepra veio sobre ele (2
Reis 6:15-27).
• Pedro se recusou a aceitar dinheiro de Simão, o Mágico, como
pagamento por um dom espiritual (Atos 9:18-23).
• Como mencionado, Paulo recusou uma compensação que,
tecnicamente, ele tinha o direito de receber. Ele disse aos
coríntios: “... e, estando entre vós, ao passar privações, não me
fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da
Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei
e me guardarei de vos ser pesado... não me será tirada esta
glória nas regiões da Acaia... o que faço e farei é para cortar
ocasião àqueles que a buscam com o intuito de serem
considerados iguais a nós, naquilo em que se gloriam” (2
Coríntios 11:9-10, 12 veja também 1 Coríntios 9:11-18).

Por que esses homens de Deus, nessas situações únicas,


recusariam dinheiro? Por que líderes espirituais, hoje em dia, em
certas situações, recusariam dinheiro?

• Algumas vezes é uma questão de princípio.


• Algumas vezes isso daria a impressão errada.
• Algumas vezes o doador não tem a melhor das intenções.

Cícero, um estadista romano que morreu algumas décadas antes


do nascimento de Cristo, disse: “Mas a principal questão em toda
administração e serviço público é evitar até a menor suspeita
egoísta”. Que percepção fenomenal. Como é importante, hoje, que
líderes não se envolvam em qualquer prática que pareça egoísta.
Existem maneiras certas, bem como maneiras erradas, para
prosperar. Provérbios 28:20 diz: “O homem fiel será cumulado de
bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não passará sem
castigo”. Semelhantemente, Provérbios 10:22 nos diz: “A bênção do
S enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto”.
Líderes espirituais precisam estar cientes das ciladas e prisões
que podem ocorrer quando eles usam sua influência
inapropriadamente para promover certos negócios ou investimentos
financeiros. Os crentes não deveriam imaginar se o interesse do
líder espiritual em suas vidas é de natureza pastoral, ou se o líder
espiritual está simplesmente querendo se capitalizar em cima deles
como uma potencial fonte de recurso. Como regra geral, é bom
manter os assuntos da igreja e os negócios/investimentos pessoais
completamente separados.
Ocasionalmente, pastores são procurados por pessoas que
querem que eles usem a sua influência espiritual de modo a recrutar
outros para participarem em uma transação comercial ou algum tipo
de oportunidade de investimento. Na turbulenta economia atual, até
mesmo investimentos legítimos podem ir mal. Se os crentes perdem
dinheiro porque um líder espiritual, em quem eles confiavam, os
incentivou a fazerem um investimento em particular, então esse
importante relacionamento pode ser seriamente comprometido. Se
as pessoas se ofenderem porque perderam dinheiro em uma
transação financeira promovida pela igreja ou por um dos seus
líderes, elas provavelmente podem deixar a igreja, ou pelo menos,
perder a confiança naquele líder.

Evitando o Aguilhão do Cristão Vigarista


Jim Guinn é um contador com décadas de experiência em ajudar
igrejas e ministérios com suas necessidades contábeis. Jim escreve:

Nos últimos anos, promotores inescrupulosos, afirmando serem


cristãos têm, literalmente, tomado milhões de dólares de outros
cristãos em acordos de petróleo ilegítimos, esquemas de minas
de ouro, pirâmides de marketing multinível e outros esquemas
“fique rico rápido”. Que tragédia para ministros e membros de
igrejas que trabalharam duro sua vida inteira para economizar
para a sua aposentadoria, ou para a educação dos seus filhos,
serem enganados em suas economias. Se você for procurado
por um promotor de investimentos, considere o seguinte:

• Se o investimento parece bom demais para ser verdade.


• Se esse único investimento supostamente irá torná-lo rico,
talvez seja um esquema “fique rico rápido” e, provavelmente,
não é um investimento saudável.
• Se a pessoa que está promovendo o investimento exige
dinheiro antes de fornecer todos os detalhes do investimento
para você, considere isso uma bandeira vermelha. Jamais
efetue sequer um pagamento inicial sem entender
completamente os riscos e possibilidades desse investimento.
• Se o tal promotor não oferece declarações financeiras
mostrando os resultados de empreendimentos similares, e
declarações financeiras demonstrando a sua estabilidade
financeira ou da sua empresa, não invista.
• Se o tal promotor o desencoraja a não consultar o seu assessor
financeiro, o seu contador ou o seu advogado devido à natureza
secreta do investimento, suspeite. Isso é uma indicação de que
esse investimento não é saudável.
• Se o tal promotor lhe diz que o investimento irá torná-lo rico,
ajudando-o a dar dinheiro para as igrejas e ministérios a fim de
espalharem o Evangelho e ganhar o mundo para Deus, não
invista. Em certo sentido, ele está pedindo a você para subornar
Deus para que abençoe o investimento.
• Se o tal promotor não oferece referências que se possam
verificar de investidores anteriores, não invista.
• Quando a taxa de retorno prometida em relação ao montante
investido é altamente exorbitante, considere isso um sinal de
alerta. Esse tipo de investimento é, quase sempre, bom demais
para ser verdade.
• Se o produto ou o plano de marketing a ser financiado pelo seu
investimento é tão complicado que você não consegue
entender completamente como o seu dinheiro será usado, ou
como você irá receber o retorno prometido, não se envolva
nesse investimento.
• Quando o promotor tentar apressá-lo a investir porque a
oportunidade de investimento é limitada e rápida, não invista.
Sempre tome o tempo que for necessário para conferir a
oportunidade.
• Muitos promotores empregam técnicas designadas para usar as
suas crenças para tirar vantagem.

Cuidado quando:

• O promotor cita versículos bíblicos como base para o


investimento.
• A lapela do promotor está coberta com broches de
organizações religiosas, implicando que ele apoia as mesmas
organizações que você.
• O promotor faz alarde de seus relacionamentos com várias
organizações cristãs, por exemplo, como a posição dele no
conselho de um ministério (especialmente um que ensina uma
doutrina de prosperidade), para induzi-lo a fazer o investimento.
• O promotor menciona o seu forte status de relacionamento em
uma igreja, como um estímulo para encorajá-lo a investir (por
exemplo: “Eu sou um membro do mesmo tipo de igreja que
você e, já que somos irmãos, você deveria me ajudar e ajudar a
si mesmo investindo comigo”).
• O promotor lhe informa que você é um dos “poucos
selecionados” a receberem a oferta dessa oportunidade de
investimento. Se é um promotor, é legítimo que ele irá oferecer
o investimento para qualquer investidor qualificado.

Considerações espirituais não são inapropriadas quando se


toma decisões financeiras. Acreditamos em pedir a ajuda de
Deus. Entretanto, não está certo cristãos serem enganados por
promotores que revestem maus investimentos com uma
aparência de “religiosidade”. É bom que uma pessoa apoie um
ministério, e não há nada de errado em usar broches de lapela.
É bom que uma pessoa seja um membro forte de uma igreja e
louvável que ela compartilhe com a igreja o dinheiro adquirido
de um investimento para promover o Evangelho. Mas a sua
decisão de fazer um investimento alicerçado apenas nesses
critérios, em vez de critérios econômicos, pode custar muito
caro e até mesmo levar à falência. A maioria das riquezas vem
do trabalho duro.

Lembre-se, um fazendeiro não pode ter uma colheita a menos


que ele tenha trabalhado para semear o grão. Não espere mais
do que um retorno honesto para um recurso investido
honestamente. Se um investimento em potencial parece bom
demais para ser verdade e está sendo promovido
essencialmente sem considerações econômicas, afaste-se
desse promotor o mais rápido possível. Contente-se com
investimentos que oferecem taxas de retorno razoáveis e
legítimas. Investimentos seguros raramente oferecem taxas de
retorno exorbitantes.28

Sem dúvida, alguns cristãos bem-intencionados — inclusive


líderes — foram enganados a promover, inocentemente, alguma
coisa que eles verdadeiramente pensaram que seria útil. Jamais
permita que a alegada cristandade de alguém o embale em um
senso de descuido, levando-o a negligenciar práticas e princípios
sadios de negócios. Fique alerta contra pessoas que usam a igreja e
o seu relacionamento com o pastor para obter investimentos das
pessoas ou para promover os seus negócios.

É imperativo que líderes espirituais sejam sábios, que eles


conservem os seus corações livres da cobiça e de práticas que
sejam egoístas. Nos piores cenários, nos quais um líder está
explorando as pessoas, a repreensão dada por Deus, por intermédio
de Ezequiel, ainda pode ser aplicada hoje: “Filho do homem,
profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: assim
diz o S Deus: ai dos pastores de Israel que se apascentam a
si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a
gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais
as ovelhas” (Ezequiel 34:2-3).
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Foi percebido que “igrejas que cuidam bem dos seus ministros,
tendem a prosperar e vão muito bem”. Você consegue pensar em
razões por que isso acontece?

2. Provérbios 10:22 diz: “A bênção do S enriquece, e, com


ela, ele não traz desgosto”. Você já viu uma situação na qual uma
pessoa recebeu dinheiro de uma maneira que realmente a
prejudicou ou a desviou de sua jornada em longo prazo?

3. O que pode acontecer, potencialmente, se você é um líder


espiritual e promove uma “oportunidade” de investimento que vai
mal? O que isso pode causar aos relacionamentos?

4. Repense nas advertências dadas por Jim Guinn relativas aos


investimentos questionáveis e aos assuntos comerciais. Você
consegue se lembrar de algumas delas?
5. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura
deste capítulo?
27Warren, Rick, Uma Igreja Com Propósito (Grand Rapids: Zondervan Publishing, 1995),
Dedicatória, Editora Vida.
28Guinn, James, Religious Organizations: IRS and Accounting Issues (Dallas: Guinn,
Smith, and Company, 1998).
Capítulo Quatorze

“Nós consideramos uma responsabilidade sagrada e uma


oportunidade genuína sermos administradores fiéis de tudo o
que Deus tem nos confiado; nosso tempo, nosso talento e
nossos recursos financeiros. Vemos a vida como um encargo
sagrado a ser usado sabiamente.”
— Aliança Moraviana para a Vida Cristã

Pensamento-chave: Líderes espirituais são conscientes,


responsáveis e diligentes em seu trato com o dinheiro.

N
a ocasião em que escrevo isto, meu país tem
experimentado um longo período de extrema dificuldade
financeira. Os valores das casas despencaram e o
desemprego permanece em alta. Nos últimos anos, um número sem
precedentes de pessoas entrou em falência e muitas delas
perderam os seus lares devido às execuções de hipotecas. Como
resultado dessa recessão, muitas igrejas e ministérios e bons
líderes espirituais cristãos foram adversamente afetados.
Estamos vivendo dias nos quais líderes não devem apenas ter
uma grande fé para confiar e crer em Deus, mas também devem ter
grande sabedoria para lidar sabiamente com o dinheiro. Nada neste
capítulo pretende refletir negativamente ou trazer condenação para
pessoas ou igrejas que sofreram reveses financeiros. Entretanto,
também é extremamente importante que líderes e crentes atuem
nos mais altos níveis de ética e sabedoria, no que diz respeito a
questões financeiras.

Quer você esteja lendo isso em um tempo de desafios financeiros


ou um período de grande abundância, você tem um antecessor no
ministério que pode relacionar-se com a sua situação. Paulo disse:
“Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como
de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso
naquele que me fortalece” (Filipenses 4:12-13). A versão NTLH
traduz parte do versículo 12 assim: “... sei o que é estar necessitado
e sei também o que é ter mais do que é preciso”.

Responsabilidade
Paulo era muito diligente ao proteger-se de acusações de
inconveniência, por meio de uma sólida responsabilidade no que
dizia respeito a lidar com finanças. Ele falou de uma oferta que
recebera na Grécia, para os crentes em Jerusalém, quando disse:
“Queremos evitar que alguém nos critique quanto ao nosso modo de
administrar essa generosa oferta, pois estamos tendo o cuidado de
fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas
também aos olhos dos homens” (2 Coríntios 8:20-21, NVI).
Para facilitar seu desejo por responsabilidade, Paulo encorajou
cada igreja a ter um representante acompanhando-o e ajudando na
distribuição desses fundos. Paulo poderia ter levado o dinheiro
sozinho para Jerusalém, e eu acredito que ele teria sido
completamente honesto em suas relações. Entretanto, ao fazê-lo,
ele poderia ter se exposto à crítica e se colocado em uma posição
vulnerável.

Conselho Sábio
Provérbios 11:14 nos diz: “Não havendo sábia direção, cai o povo,
mas na multidão de conselheiros há segurança”. Em tempos de leis
complexas, é benéfico para pastores, igrejas e ministérios buscarem
conselhos e direções de vários profissionais, como contadores,
advogados, banqueiros, assessores executivos, agentes de
seguros, etc. Alguns desses conselhos custarão dinheiro, mas seria
muito mais caro não ter a direção apropriada. Igrejas e ministérios
deveriam fixar recursos adequados de modo a receberem tais
conselhos e adquirirem serviços profissionais, à medida que forem
necessários. Procedimentos e sistemas apropriados deveriam ser
estabelecidos e seguidos. Semelhantemente, princípios comerciais
saudáveis deveriam ser implementados e todas as leis relevantes
observadas.

É sempre bom garantir que se está recebendo conselhos


saudáveis de fontes bem conceituadas. Uma vez alguém disse: “Os
dois caminhos mais rápidos para o desastre são: não tomar
conselho com ninguém e se aconselhar com todos”. Sófocles disse:
“Nenhum inimigo é pior do que um conselho ruim”.
Cumprindo as Obrigações Responsavelmente
Isto pode parecer elementar, mas pagar as nossas contas e
impostos é uma parte de agir em integridade. Deveríamos ser
diligentes e rápidos nessas questões. Quando indagado acerca de
pagar impostos, Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César e
a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21).
Paulo reiterou isso quando disse: “Portanto, vivam com
responsabilidade — não apenas para evitar a punição, mas por ser
a maneira certa de viver. É por isso, também, que vocês pagam
impostos — para que a ordem seja mantida. Cumpram suas
obrigações como um cidadão. Paguem seus impostos. Paguem
suas contas. Respeitem seus superiores” (Romanos 13:5-7, A
Mensagem).
No versículo seguinte, Paulo diz: “A ninguém fiqueis devendo
coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros...”
(Romanos 13:8). Alguns têm interpretado isso querendo dizer que
um cristão, sob nenhuma circunstância, deve pedir dinheiro
emprestado. Entretanto, acredito que outras versões acrescentam
luz adicional e útil ao sentido desse versículo.

Na NVI lemos: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de


uns pelos outros...”. A tradução NTLH traz esse versículo assim:
“Não fiquem devendo nada a ninguém. A única dívida que vocês
devem ter é a de amar uns aos outros...”.
Entendido desse modo, recebemos a impressão de que devemos,
simplesmente, pagar as nossas contas em dia. Entretanto, existe,
obviamente, grande sabedoria em ficar livre de débitos e viver livre
de débitos. Provérbios 22:7 diz: “...quem toma emprestado é
escravo de quem empresta”, e isso é especialmente verdadeiro
quando o débito se tornou esmagador e descontrolado. Alguém uma
vez disse: “Quando os seus gastos excedem os lucros, a sua
manutenção se torna a sua ruína”.
Gastos irresponsáveis e débitos com cartão de crédito tornaram-
se um grande problema em nossa nação. O cartão de crédito pode
ser uma ferramenta muito boa, mas se não for administrado
corretamente, pode se tornar um grande cativeiro. Em minhas
viagens, o cartão de crédito é necessário para a locação de carros,
pagar hotel, etc. Entretanto, Lisa e eu assumimos, ao longo dos
anos, a prática de não colocarmos no nosso cartão mais do que
estamos preparados para pagar no final do mês. Isso tem nos
salvado e economizado uma quantia significativa de dinheiro em
juros.
O crédito fácil e uma sociedade materialista têm contribuído para
que muitas pessoas excedam os seus limites financeiros. Alguns
têm estado obcecados em querer parecer prósperos, e por isso
compraram casas, carros, roupas, joias, etc., que estavam
simplesmente além das suas posses.

George Washington Carver, que morreu em 1943, disse: “Temos


nos tornado 99% loucos por dinheiro. O método de vivermos, no lar,
modestamente e dentro das nossas condições, lançando um pouco
sistematicamente para o proverbial dia chuvoso que irá chegar,
pode ser quase listado entre as artes perdidas”.
Calvin Coolidge, presidente dos Estados Unidos de 1923 a 1929,
afirmou: “Não há dignidade tão impressionante, ou independência
tão importante, do que viver dentro das suas posses”.

Uma boa regra de ouro, para aqueles que buscam administrar


sabiamente o seu dinheiro, é dar 10% para Deus, colocar 10% na
poupança e viver dentro dos 80% dos seus recursos.

Embaraços a Evitar
Alguns têm se esforçado para ajudar outros, sendo fiador para
eles em um empréstimo. Embora isso soe virtuoso, pode levar a
sérios problemas. Primeiro, se a pessoa não pagar as suas contas,
você está obrigado a pagar. Segundo, se a pessoa não paga a sua
conta e você paga, ela provavelmente ficará desconfortável por
estar perto de você e, se você for um pastor ou um líder espiritual,
isso significa que ela irá, provavelmente, evitar a igreja (isso
também se aplica quando você faz um empréstimo para alguém).
Se isso não é razão suficiente para você evitar ser fiador, então
considere as seguintes passagens:

Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um


aperto de mãos, empenhou-se por um estranho e caiu na
armadilha das palavras que você mesmo disse, está prisioneiro
do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas
mãos do seu próximo, vá e humilhe-se; insista, incomode o seu
próximo! Não se entregue ao sono, não procure descansar.
Livre-se como a gazela se livra do caçador, como a ave do laço
que a pode prender.
— Provérbios 6:1-5
Quem serve de fiador certamente sofrerá, mas quem se nega a
fazê-lo está seguro.
— Provérbios 11:15

O homem sem juízo com um aperto de mãos se compromete e


se torna fiador do seu próximo.
— Provérbios 17:18

Não seja como aqueles que, com um aperto de mãos,


empenham-se com outros e se tornam fiadores de dívidas; se
você não tem como pagá-las, por que correr o risco de perder
até a cama em que dorme?
— Provérbios 22:26-27

Recebendo Dízimos e Ofertas


• Ensine ousadamente e com confiança a respeito de
administração, dízimos, ofertas, generosidade, etc. Não seja
envergonhado, apologético ou retraído ao ensinar sobre
dinheiro ou assuntos relacionados; isso é parte da vontade de
Deus que somos responsáveis de ensinar.
• Seja honesto e objetivo quanto a projetos especiais e
necessidades da igreja e assegure-se de que ofertas
específicas vão para os projetos para os quais foram
designadas.
• Não pressione as pessoas a dar por meio da culpa, vergonha,
condenação, ameaça, etc.
• Não “engane” ou manipule pessoas a fazerem uma doação
compulsiva de maneira que mais tarde elas se arrependerão e
ficarão ressentidas quanto a isso. Uma pessoa deve dar
“segundo propõe em seu coração” (2 Coríntios 9:7), não em um
estado de sentimentalismo frenético.
• Não faça promessas infundadas e irrealistas para as pessoas.
Evite tudo o que possa ser entendido como manipulação
espiritual.
• Evite artifícios.

Pastor — Relacionamentos com Ministros


Convidados
Em um artigo intitulado, “Etiqueta para pastores: como honrar
ministros convidados em sua igreja”, o pastor Michael Cameneti
escreveu:

Acreditamos que qualquer ministro que semeia a Palavra na


nossa congregação é alguém que Deus quer abençoar, por isso
nos esforçamos para abençoar esse ministro convidado “acima
e além”. Consistentemente, busco transmitir à nossa
congregação a essência do dar e de ser uma bênção por meio
de ministrações sobre finanças, fundamentadas em 1 Timóteo
5:18. Depois, encorajo a todos na nossa igreja a participarem
dando uma oferta especial para o ministro convidado. Além
disso, acredito que é sempre melhor semear em uma oferta do
que o montante inicial recebido, portanto, acrescentamos às
ofertas dos convidados apenas para abençoá-los. Em nosso
coração sentimos fortemente que não podemos dar mais do
que Deus e que Ele irá suprir todas as nossas necessidades à
medida que semeamos na vida de outros.29

Semelhantemente, os ministros convidados devem ser altamente


respeitosos com a igreja local, bem como com o seu pastor. Ao
longo dos anos, ouvi pastores compartilharem acerca de
experiências negativas com ministros convidados, que pareciam
estar muito mais interessados no que eles poderiam obter da igreja,
financeiramente, do que o que eles poderiam oferecer à igreja,
espiritualmente.

Recentemente, ministrei em uma igreja e, antecipadamente,


recebi instruções por escrito. Achei que essas instruções foram
muito boas. Era óbvio que, pelos pontos apresentados nessas
instruções, o pastor sentia que o seu povo tinha sido “tosquiado”
antes. Como um bom pastor, ele estava apenas fazendo o seu
melhor para assegurar que esse tipo de coisa não acontecesse
novamente. Algumas de suas instruções incluíam:

• Dependendo do tipo de culto, um pagamento será dado ao


ministro convidado, ou o pastor retirará uma oferta para o
ministro ao final do culto. Aos ministros convidados não é
permitido pedirem a sua própria oferta de púlpito.
• Os envelopes da igreja apenas serão utilizados se uma oferta
for solicitada.
• Só serão permitidos três minutos para a divulgação de produtos
no púlpito, a menos que o pastor autorize antecipadamente.
• Os membros da igreja não serão inseridos na lista de contatos
do ministro, exceto sob seu consentimento claro e pessoal.
• A igreja irá providenciar, por mesa, até dois voluntários
experientes, para ajudar na organização e venda dos produtos
e materiais do ministro. Isso será assim porque somos
sensíveis com respeito à interatividade com as pessoas da
nossa comunidade.
• Cheques pelos produtos serão feitos nominais à igreja. Todo o
dinheiro das vendas de produtos será enviado pelos correios,
com a oferta, dentro de três a cinco dias úteis.

Não estou apresentando essas ideias como um absoluto “dever”,


mas existe uma grande necessidade de que pastores e ministros
convidados trabalhem com respeito mútuo. O ideal será alcançado
quando cada parte buscar abençoar, grandemente, a outra parte.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Que passos simples Paulo tomou para evitar críticas na maneira


como ele administrava os recursos do ministério?

2. Existe base bíblica para o pagamento de impostos? Quais


versículos vêm à sua mente?

3. O que a Bíblia diz acerca de ser fiador (tornar-se responsável


pelas dívidas de outra pessoa caso ela seja incapaz de pagar)?

4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
29 Cameneti, Michael, “Etiqueta para pastores: como honrar ministros convidados em sua
igreja” IMPART NOW.com. Janeiro-Fevereiro 2009.
Capítulo Quinze

A

?

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e


em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais
afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do
dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se
desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas
dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes,
segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a
mansidão.
— 1 Timóteo 6:9-11

Pensamento-chave: Explorar pessoas por dinheiro é um mal de


longa data. Líderes precisam evitar isso e os crentes devem ser
sábios para que não se tire vantagens deles.

U
m dos meus filmes favoritos é o que relata as crônicas do
ministério de Martinho Lutero, contando a história de sua
vida através da Reforma Protestante.30 No filme, a aflição
de Lutero a respeito das práticas antibíblicas sobre as indulgências
é claramente vista. As indulgências foram “... autorizadas pela
autoridade papal em 1411, começaram no século 11 com o ensino
de que o serviço piedoso, nas Cruzadas, reduziria a permanência de
alguém no purgatório. No século 15, garantias de permanências
curtas no purgatório em troca de dinheiro tornaram-se um
componente regular de técnicas de arrecadação de fundos para o
papado”.31
A ideia de “comprar” bênçãos ou favores espirituais não começou,
entretanto, na Idade Média. Em Atos 8, um indivíduo conhecido
como Simão, o Mágico (o qual crera no Evangelho e fora batizado),
fez a Pedro uma oferta que foi severa e duramente rejeitada.

Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos


as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes
dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder,
para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o
Espírito Santo. Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro
seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele,
o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério,
porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te,
pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado
o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e
laço de iniquidade.
— Atos 8:18-23

O Novo Testamento, na linguagem moderna, traduz o versículo 20


da seguinte maneira: “para o inferno com você e o seu dinheiro!”. O
tradutor J. B. Phillips diz que é exatamente isso que significa no
grego. A versão A Mensagem e a tradução Boas Novas trazem
ideias similares do mesmo versículo. Até mesmo hoje, o termo
simonia do original grego não se refere apenas à compra de cargos
eclesiásticos, mas também é usado amplamente para denotar
qualquer tipo de tráfico nas coisas sagradas.

Mais Abusos
Voltando um pouco mais na história bíblica, vemos outras
distorções, corrupções e abusos acerca de dinheiro e das coisas
espirituais. Em 1 Samuel 2:12-17, observamos que os filhos de Eli
(o sumo sacerdote daqueles dias), que eram muito corruptos,
abusavam do sistema de sacrifícios e exploravam o povo de Deus.
O versículo 17 diz: “Era, pois, mui grande o pecado destes moços
perante o S , porquanto eles desprezavam a oferta do
S ”. Em vez de tratar as ofertas do povo como santas, dos
sagrados oferecidos ao Senhor, os filhos de Eli desdenhosa e
forçosamente, intimidavam aqueles que se esforçavam para
obedecer a Deus de modo a saciar a sua própria ganância.

O próprio Jesus confrontou outro sistema corrupto que extorquia e


maltratava os adoradores. O relato de Jesus expulsando os
cambistas do templo é famoso, mas muitos não perceberam o que
aconteceu depois que a prática antiética, a cobiça e a ganância
foram erradicadas.

Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali


vendiam e compravam; também derribou as mesas dos
cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-
lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;
vós, porém, a transformais em covil de salteadores. Vieram a
ele, no templo, cegos e coxos, e ele os curou.
— Mateus 21:12-14
Você percebeu isso? Quando a corrupção dos homens foi
removida, a glória de Deus foi manifesta. É muito vergonhoso tirar
vantagem de pessoas vulneráveis, mas ainda mais grave é o fato de
que as pessoas deixem de enxergar a glória de Deus por causa das
práticas manipuladoras de homens que obscurecem a visão de
adoradores sinceros.
O apóstolo Paulo estava dolorosamente ciente dos
“autointitulados” ministros cujos motivos e métodos eram
conduzidos por ganância. Ele fez questão de se diferenciar
daqueles que eram manipuladores, cujas práticas, obscuras e
inescrupulosas, trouxeram reprovação às coisas de Deus. O mesmo
homem que escreveu a respeito da “graça de dar” teve que falar
sobre a “desgraça” de lobos em peles de ovelhas, os quais
devoraram os ingênuos, crédulos e impressionáveis santos.

Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a


Palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença
de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.
— 2 Coríntios 2:17

Mais tarde, Paulo lhes disse: “... pois não vou atrás dos vossos
bens, mas procuro a vós outros” (2 Coríntios 12:14). Aos
tessalonicenses, Paulo disse: “A verdade é que nunca usamos de
linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos.
Deus disto é testemunha” (1 Tessalonicenses 2:5). Paulo foi ao
extremo para evitar qualquer atitude egoísta, até mesmo recusar
uma remuneração apropriada para que ninguém pudesse acusá-lo
de estar no ministério apenas por causa do dinheiro (1 Coríntios 9:1-
18).

O apóstolo Pedro falou de falsos mestres que fariam com que o


caminho da verdade fosse blasfemado (2 Pedro 2:2), e no versículo
seguinte disse: “Também, movidos por avareza, farão comércio de
vós”. Em outras traduções, 2 Pedro 2:3 diz:

• “Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão


explorar vocês, contando histórias inventadas” (NTLH).
• “Em sua ambição (luxúria, ganância), eles irão explorar você
com falsos (astutos) argumentos” (AMP).
• “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas”
(ACF).
• “... jamais dirão nada — nada que traga algum benefício.
• Só querem explorar vocês” (A Mensagem).

É importante entender que os apelos financeiros mais obscuros e


escusos conterão certos níveis de verdade. Você pode até ouvir
testemunhos de “renúncias” que parecem acrescentar legitimidade à
sua mensagem. Por exemplo, eles podem dizer: “Eu não estou
tentando lhe dizer que você pode comprar um milagre” ou “isto, de
fato, não se trata do seu dinheiro, se trata da sua fé”. Mas em última
análise, a impressão geral que o potencial doador recebe é que
existe um milagre especial ou bênção que será recebida por dar
dinheiro naquela oferta em particular.
Além disso, doações por impulso serão fortemente estimuladas
(“Tome uma atitude agora, vá ao telefone agora mesmo, doe
enquanto a unção está forte, não deixe que esse milagre passe por
você, não deixe que o diabo roube de você essa bênção, etc.”).
Recentemente, um ministro declarou que havia uma janela no
tempo de dois minutos, durante os quais contribuintes poderiam
doar uma oferta de mil dólares e receber resultados miraculosos.
Obviamente, as pessoas teriam que agir imediatamente para
receber a “bênção” especial que estava conectada apenas com
essa oferta.
Poucos anos atrás, ouvi um ministro na televisão exaltando as
virtudes do número “sete”, à medida que é utilizado ao longo da
Bíblia. Ele concluiu que, como o ano era 2007, seus telespectadores
estavam sendo instruídos por Deus a doarem certo montante
(relativo ao número 7), de modo a receberem o seu “rompimento
milagroso”. Entretanto, não estava sendo recomendado que alguém
enviasse uma oferta de 7 dólares (o que seria lógico, se realmente
existisse a mais remota conexão com o ano do calendário, relativo a
quanto o cristão deveria dar). De qualquer forma, 77 dólares, 777
dólares e 7.777 dólares eram os montantes sugeridos.
É claro, grandes bênçãos eram prometidas àqueles que davam
um dos montantes alegadamente inspirados. A linha de pensamento
desse homem me fez imaginar se, em 2010, alguma oferta
financeira seria dada, já que o ano termina em zero — mas estou
certo de que ele teria um tipo diferente de revelação para aquele
ano.
Enquanto ouvia essa apresentação enganadora, indaguei-me se
Martinho Lutero estaria se perguntando se o que ele pregou a
respeito da venda de indulgências (essencialmente a venda de
perdão) fora em vão. De uma só vez, foi dito às pessoas que, por
meio de dar uma oferta especial para a igreja, elas reduziriam o seu
tempo de permanência no purgatório. Elas também tinham a opção
de ajudar a providenciar uma libertação antecipada para a partida
de seus entes queridos que ainda se encontravam no purgatório.
John Tetzel era o cabeça na venda de indulgências, e ele com
frequência dizia: “Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma
salta do purgatório”.
Lutero, irado com essa corrupção espiritual e essa forma
manipuladora de extorsão, anexou as suas 95 Teses (estas foram
pontos para debate) na porta norte da catedral de Wittenberg (as
portas da igreja eram muitas vezes utilizadas como quadro de
avisos). Enquanto outras questões eram tratadas, muitos de seus 95
pontos lidavam especificamente com a “venda de indulgências”.
Aqui estão algumas amostras do que Lutero apresentou:

• “Aqueles que pregam indulgências erram quando dizem que um


homem é absolvido e salvo de toda penalidade pelas
indulgências do papa”.
• “Não há qualquer autoridade divina para pregar que uma alma
salta imediatamente do purgatório quando o dinheiro tilinta no
fundo do cofre.”
• “As indulgências, as quais os mercadores exaltam como o
maior dos favores, são vistas, de fato, como o meio favorito
para obter dinheiro.”
• “É blasfêmia dizer que a insígnia da cruz com os braços do
papa é de igual valor à cruz na qual Cristo morreu.”
Hoje, as pessoas podem não estar tentando reduzir o seu tempo
no purgatório; entretanto, ainda é uma questão séria se as pessoas
são levadas a acreditar que toda bênção, milagre ou rompimento
está, de alguma maneira, conectado ao ato de dar dinheiro.
Enquanto eu assistia a esse pregador na televisão, pensei: Ouvi de
encorajamento, edificação e exortação, mas isso não passa de
extração — extrair dinheiro das carteiras das pessoas! Além disso,
perguntei-me por que essas apresentações na televisão sempre
terminavam com a convincente frase: “Vá para o seu telefone!” e
nunca “Vá para a sua igreja!”

Um ministro disse: “Você pode receber informação de qualquer


um, mas você só pode receber revelação de um ministro em quem
você semeia”. Pensei: Se é assim, então, nenhum de nós seria
capaz de receber revelação de qualquer um dos escritos de Paulo,
pois nenhum de nós jamais ofertou para ele. Existe um problema
sério quando se dá a impressão de que cada bênção, cada
rompimento, cada milagre e cada resposta à oração, está
subordinada a uma doação financeira.
É lamentável quando algo tão lindo como a “graça de dar” do
Senhor é perdida porque pessoas têm repetidamente exposto
substitutos baratos. Quando as pessoas são pressionadas por
artifícios manipulativos, excessos ou outras técnicas para coagi-las
a ofertar, o verdadeiro plano de Deus é frustrado.

Em um artigo intitulado “Os Piores Artifícios para Levantar Fundos


de Todos os Tempos das TVs Cristãs”, J. Lee Grady disse: “Vamos
parar o hipnotismo, a manipulação de culpa e os artifícios de alta
pressão. É tempo de recuperar nossa credibilidade perdida”. Ele
segue dizendo que algumas redes cristãs “... têm vergonhosamente
extorquido dinheiro dos telespectadores ao longo dos anos usando
manipulação de culpa pesada, controle hipnótico e uma distorção
bizarra da Bíblia”. Grady conclui as suas observações com:
“Felizmente, líderes emergentes na indústria televisiva religiosa irão
restaurar a nossa credibilidade perdida por insistir na integridade,
autenticidade e bom gosto”.32

Quantos danos realmente têm sido produzidos por tais táticas


manipulativas nos púlpitos? Contingentes incontáveis de crentes
têm estado fatigados com relação ao Cristianismo, endurecidos
quanto ao Evangelho e presumem que os pregadores estão nisso
“simplesmente pelo dinheiro”. Isso por si só é trágico. Para
acrescentar, alguns cristãos sinceros têm se desapontado e se
desiludido quando promessas de milagres de prosperidade não se
materializam como esperado. Muitos desses cristãos desmotivados
têm se tornado fechados, relutantes e hesitantes em dar qualquer
coisa mais.

Compreensivelmente, muitos se sentem explorados, abusados e


defraudados. Eles não confiarão em pregadores tão facilmente de
novo. Talvez, eles, erroneamente, tenham visto o dar como uma
oportunidade de “fique rico rápido”. Alguns afundam em um estado
de culpa e condenação porque acreditaram que sua fé não deve ter
sido suficiente para trazer a colheita esperada. Outros se tornam
endurecidos e desistem completamente de dar. Tudo isso são
consequências lamentáveis e graves que resultam quando a
exploração “vergonhosa” é substituída pela beleza da graça de dar
que Paulo ensinou
(2 Coríntios 8:6-7).

Um amigo missionário uma vez compartilhou que, em seu país,


jovens missionários assistiam a pregadores norte-americanos na
televisão e selecionaram algumas das suas técnicas “habilidosas”
em recolher ofertas. As orientações a seguir são compartilhadas,
não apenas para ajudar ministros a evitarem alguns desses
métodos inapropriados, mas também para ajudar crentes a
adquirirem sabedoria e discernimento, de modo a se protegerem de
serem manipulados:

Indicadores de Que Uma “Extorsão” Está para


Acontecer
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando se
perceber que, como resultado de dar alguma oferta específica,
você receberá algum tipo especial de bênção, milagre ou
rompimento que, de outra forma, você não teria direito se
simplesmente estivesse ofertando para a sua igreja ou
apoiando algum ministério. Artifícios muitas vezes usados
incluem coisas do tipo: “Todas as suas dívidas serão
sobrenaturalmente pagas”, “você receberá a cura de que
precisa”, ou “seus filhos ou cônjuge serão salvos”... tudo porque
você deu dinheiro. Novamente, atente para o “sinal de
desaprovação”. Provavelmente, você ouvirá: “Você não pode
comprar um milagre, isso é uma questão de fé”! Entretanto, o
modo específico pelo qual você liberaria a sua fé é por meio de
doar essa oferta em particular. Décadas atrás, Gordon Lindsay
escreveu: “Talvez, o artifício mais sério para arrecadar dinheiro
é aquele promovido por um aventureiro religioso, o qual
promete às pessoas que Deus lhe deu o dom de torná-las ricas,
se tão-somente elas lhe derem uma boa oferta. Tais afirmações
aproximam-se do crime da blasfêmia”.33
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando um óleo
“especialmente ungido”, ou tecidos consagrados, são usados
em conexão com ofertas. Enquanto tecidos (Atos 9:11-12) e
unção com óleo (Tiago 5:14-15) são definitivamente
mencionados no Novo Testamento, uma cautela deve ser
exercitada para assegurar que essas coisas não se tornem
artifícios para iniciar um apelo por dinheiro. Em algumas
situações, inicialmente, essas coisas são oferecidas de graça
por certos ministros, mas logo são seguidas por fortes apelos
financeiros. Do mesmo modo, alguns têm oferecido “profecias”
por uma doação e, em alguns casos, a primeira profecia é
apenas uma provocação. Imagine o que você vai ter que fazer
para obter a “profecia” mais detalhada, a qual irá, realmente,
liberar as bênçãos de Deus em sua vida? Isso mesmo: envie
mais dinheiro. Ninguém é tão audacioso a ponto de dizer
abertamente que está vendendo as bênçãos de Deus, mas
quando toda a camada superficial e falatório são removidos,
isso é essencialmente o que está acontecendo.
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando qualquer
tipo de ministério diminui o seu senso de sacerdócio. Em vez de
você ter o seu próprio relacionamento com Deus, por meio do
qual você pode exercer fé, usar sabedoria e ser guiado pelo
Espírito, você é dependente do ministro com a “unção especial
para prosperar”, para conduzi-lo até receber a sua bênção.
Ministérios legítimos apoiam e reforçam o seu senso de
sacerdócio diante de Deus, eles não criam uma dependência
doentia em alguns “superministros” que, em essência, se
tornam a sua ligação com Deus e com as Suas bênçãos. A
Bíblia diz em 1 Timóteo 2:5: “... há um só Deus e um só
Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”.
Ministérios legítimos cultivam a sua dependência em Deus, em
Sua Palavra e a sua habilidade de seguir a direção do Espírito
Santo. Ministérios doentios, por outro lado, desenvolvem uma
dependência em alguns ministros, especialmente ungidos, os
quais, sozinhos, podem facilitar a chegada das bênçãos de
Deus até você (especialmente quando a sua fé é “ativada” e
“liberada” por meio de uma semente financeira que você
semeou no “servo de Deus”). A intimidação pode até ser usada,
dando a ideia ao ouvinte de que ele está sendo desobediente
se ele não participa ou está sendo “religioso”, se questiona a
suposta infalível palavra do servo ungido de Deus.
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando
testemunhos maravilhosos são oferecidos por indivíduos que
experimentaram milagres extraordinários, como resultados de
ofertar em determinado ministério. A insinuação é de que se
você der, então você também experimentará os mesmos tipos
de resultados. Observei, em comerciais de TV de produtos para
perda de peso, que um testemunho com frequência é dado no
qual uma pessoa compartilha a sua história de perda drástica
de peso, por fazer uso de uma dieta em particular. Na parte de
baixo da tela da TV, em letras miúdas, está a típica frase:
“resultados não típicos”. Talvez essa seja uma exigência legal
para propagandas seculares, mas seria revigorante ouvir um
ministro admitir que muitas das pessoas que doam não
encontrarão um cheque de 75 mil dólares na sua caixa de
correios nem terão a sua casa milagrosamente paga porque
elas doaram aquela oferta “especial”. Também é lamentável que
alguns ministérios tenham recorrido a panfletos e “comerciais
de TV” que realçam imagens de mansões, piscinas, carros
esportivos luxuosos, diamantes, barras de ouro e imensas
pilhas de dinheiro. Tais promoções de mau gosto (em nome do
Senhor) vergonhosamente apelam à cobiça e me lembram das
advertências de Paulo a Timóteo quanto a “... homens cuja
mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a
piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6:5).
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando um
ministro sugere uma doação alicerçada em um versículo
específico da Bíblia ou por meio do uso de numerologia. Por
exemplo, depois de pregar em cima de Isaías 55:11, um
ministro sugere que, se um ouvinte necessita de um milagre,
doe uma oferta de 55,11 dólares. É interessante que ministros
que usam essas técnicas estão mais propensos a pregar em
cima do Salmo 107:20 do que em cima do Salmo 1:1. Afinal,
uma oferta de 107,20 dólares é muito melhor do que uma oferta
de 1,1 dólares. Ofertas fundamentadas em algumas
interpretações numerológicas da Bíblia são quase sempre o
resultado de manipulações humanas, e não inspiração divina.
Eu não teria problema se, por exemplo, no aniversário de 50
anos de uma igreja, a liderança sugerisse que todos
considerassem, em oração, uma oferta extra de 5 dólares, 50
dólares ou 500 dólares para fazer o que eles pudessem
direcionados a algum projeto especial. Entretanto, isso deveria
ser apenas uma sugestão. Isso se torna problemático quando o
“ministro altamente ungido” atua dizendo “o Senhor me disse” e,
autoritariamente, proclama que todos que derem 500 dólares ou
5 mil dólares irão receber algum tipo de bênção que só pode
ser adquirida por meio de ofertar nesse montante em particular
divinamente decretado. É quando isso se torna manipulativo e
ameaçador. Tenha sempre cuidado com pessoas que
profetizam dinheiro saindo da sua carteira — para dentro da
carteira delas!
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando datas de
certos festivais judaicos ou outros eventos do Antigo
Testamento são usados para promover ofertas especiais na era
do Novo Testamento. Considerando que a maioria de nós é
crente do Novo Testamento, de origem não judaica, esses dias
não devem governar o nosso caminhar com Deus (Gálatas 4:9-
11; Colossenses 2:16-17). Ao escrever para uma congregação
de origem mista (judeus e gentios), Paulo indicava que deveria
haver tolerância e respeito quando se tratava de questões de
origem e convicções pessoais (Romanos 14:1-9), mas não há
qualquer base neotestamentária para proclamar que Deus irá
abençoar, de forma especial, ofertas “fundamentadas no Antigo
Testamento”, na era da Igreja.
• Deveria ser levantada uma bandeira vermelha quando uma
mensagem é salpicada com dicas nada sutis de como Deus
abençoou pessoas que doaram para o ministro ou para o seu
ministério, usando a terminologia de “levantador de fundos” ou
“apoiadores”. Ao fazer isso, esses ministros estão
psicologicamente condicionando as pessoas a dar. Isso
também deveria ser preocupante quando tempo em excesso é
gasto por ministros falando a respeito de toda a riqueza e
bênçãos materiais que eles receberam. Ministros são
chamados para “pregar a Palavra” (2 Timóteo 4:2), não para
exibir as suas posses. Paulo disse que o amor “... não é
orgulhoso ou vanglorioso, não se mostra altivo” (1 Coríntios
13:4, AMP). Paulo também disse: “... a nossa mensagem não é
sobre nós mesmos; estamos anunciando Jesus Cristo, o
Mestre. Tudo o que somos é mensageiros, levando recados de
Jesus para vocês” (2 Coríntios 4:5, A Mensagem). Deus nunca
ordenou que ministros tivessem uma mentalidade de “rock star”
ou “celebridade”; somos chamados para sermos servos.
Certamente não somos chamados para manipularmos as
pessoas para o nosso próprio benefício ou lucro pessoal.

Bênçãos Sem Dinheiro


Deveríamos ser grandemente abençoados ao lembrarmos Isaías
55:1-2: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós,
os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e
comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o
dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não
satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis
com finos manjares”.
Desde que nós tenhamos o entendimento de que as maiores
bênçãos de Deus são dons gratuitos, então nós podemos dar de
coração e com a motivação correta, e poderemos evitar sermos
pressionados, manipulados ou abusados por vigaristas religiosos.

Reivindicando o Plano de Deus


Precisamos permanecer fortemente comprometidos com a
Palavra de Deus e nos conservarmos positivamente focados. Sou
totalmente a favor de devolver o dízimo, ofertar e promover a
prosperidade bíblica. Se todo crente no Corpo de Cristo
simplesmente devolvesse o seu dízimo em sua igreja local (dar 10%
da sua receita) e ofertasse como o Senhor os guia a fazer, a obra de
Deus estaria maravilhosamente suprida e progrediria
tremendamente.
A Bíblia nos ensina que existem bênçãos que estão associadas
ao dar, e que Deus “... tem prazer na prosperidade dos servos”
(Salmos 35:27). Igrejas, missionários e ministérios precisam de
dinheiro para funcionar e para a Grande Comissão.
O Corpo de Cristo precisa ser profundamente grato por todos os
pastores, missionários e outros ministros confiáveis (inclusive muitos
que estão na televisão) que compartilham o Evangelho e a Palavra
de Deus de modo tão objetivo, com simplicidade e sinceridade.
Agradeça a Deus por aqueles que estão conservando as águas
puras!
O Corpo de Cristo deve ser forte e ver através da desordem e
distrações e imperfeições humanas, à medida que seguimos o
propósito de Deus para a nossa vida! O fato de alguns operarem por
métodos inapropriados e questionáveis jamais deveria nos impedir
de acreditarmos em Sua Palavra e fazer a coisa certa.

Deus ainda “... pode fazer-vos abundar em toda graça (todo favor
e bênçãos terrestres), a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla
suficiência [possuindo suficientemente e não precisando requisitar
ajuda ou suporte e fornecendo em abundância para todo bom
trabalho e doações de caridade], superabundeis em toda boa obra”
(2 Coríntios 9:8, AMP). Vamos nos render livremente à graça de dar.
Não deveríamos apenas receber da Sua generosidade, mas
também deveríamos viver uma vida de generosa doação.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Explorar pessoas por dinheiro em nome da religião é uma prática


nova ou é algo antigo? Hoje, como os crentes podem ofertar
biblicamente e generosamente sem serem explorados?
2. Qual foi a reação de Pedro quando Simão tentou comprar uma
bênção ou dom espiritual?

3. De quantas das advertências “bandeiras vermelhas” com respeito


a ofertar você se lembra? Você já tinha visto algumas dessas
práticas antes? Como você se sentiu ao vê-las?
4. Como você acredita ser o modo de Deus — o modo bíblico — de
financiar o trabalho da igreja e a propagação do Evangelho?
5. Qual foi a principal revelação que você obteve a partir da leitura
deste capítulo?
30 Till, Eric, Luther (Los Angeles, CA: RS Entertainment, 2003).
31Bingham, Jeffrey, Pocket History of the Church (Downers Grove: IVP Academic, 2002)
113.
32 Grady, J. Lee, “Os Piores Artifícios para Levantar Fundos de Todos os Tempos das TVs
Cristãs”, Charisma & Christian Life, agosto de 2010.
33Lindsay, Gordon, God’s 20th Century Barnabas (Dallas: Christ for the Nations, Reprint
1982), 276.
A
:
34
34 Tradicionalmente muitos dos ministros, especialmente pastores, eram homens. Portanto
o termo “as mulheres” tem sido usado como uma frase indicativa de uma tentação em
potencial para ministros. Na verdade, este capítulo lida com todo e qualquer tipo de
problema sexual ou moral, má conduta sexual com qualquer pessoa, seja homem ou
mulher, ou conduta inapropriada envolvendo pornografia.
Capítulo Dezesseis

“Se um homem consegue enganar a sua esposa e filhos,


quebrar um voto feito a Deus na presença de testemunhas e
intencionalmente trair a confiança daqueles que o amam, qual
garantia sua organização terá de que ele será honesto em seus
negócios? Pessoas que se provam enganadoras em uma área
da vida são igualmente capazes de serem enganadoras em
outras áreas.”35
— Henry e Richard Blackaby

Pensamento-chave: Líderes espirituais reconhecem que seus


corpos são o templo do Espírito Santo e se mantêm puros não
apenas fisicamente, mas em cada dimensão de seus seres.

Q
uanto dano tem sido causado ao Corpo de Cristo devido à
imoralidade entre os líderes?

• A Igreja Católica Romana tem sido atormentada por um desfile,


aparentemente interminável, de alegações de abuso sexual
contra os seus sacerdotes.
• Impérios de televangelistas e ministros de alto perfil têm
desabado em meio a alegações obscenas de imoralidade.
• Em comunidades por todo o país, igrejas locais têm sido
abaladas quando um ministro de jovens se envolve de forma
inapropriada com uma adolescente, quando uma criança é
molestada por uma funcionária da igreja, ou até mesmo quando
um pastor é descoberto com práticas imorais envolvendo uma
igreja ou membro da equipe.

Tais incidentes não só endurecem os corações dos incrédulos ao


Evangelho e desiludem jovens crentes, mas são altamente
perturbadores e desmoralizantes para as igrejas ao passo que estas
buscam cumprir a sua missão enquanto igreja. No rastro dessa
imoralidade está uma coleção de vidas devastadas: cônjuges
traídos, crianças confusas, vítimas devastadas, crentes inocentes
cujas confianças têm sido destruídas, e um público
compreensivelmente exausto.

A tecnologia moderna tem contribuído para uma nova categoria


de problemas morais, como: pornografia na internet, paqueras por
mensagens de texto e por redes sociais. Enquanto alguns tentam
minimizar a seriedade de algumas dessas atividades, o senso
comum nos diz que essas atividades são intrinsecamente
problemáticas e podem tornar-se uma ladeira escorregadia que nos
levará a resultados cada vez mais tóxicos, ao abrirem a porta para
problemas ainda mais sérios.

Alegações de má conduta sexual contra líderes de igrejas e seus


funcionários têm se tornado cada vez mais comum nos tribunais da
nação. Igrejas normalmente possuem políticas de segurança para
proteger a si mesmas contra acusação de má conduta sexual e
assédio sexual. Acordos podem ser feitos em centenas de dólares
— às vezes até milhares — quando envolvem má conduta sexual
por parte do clero.

Nada Novo
Problemas de moralidade relacionados ao ministério têm
permeado o povo de Deus por muito tempo. No Antigo Testamento,
os filhos do sumo sacerdote abusaram de seus ofícios e viveram de
forma autoindulgente. 1 Samuel 2:12-13 diz que os filhos de Eli: “...
não prestavam e não se importavam com Deus, o S . Eles
não obedeciam aos regulamentos a respeito daquilo que os
sacerdotes tinham o direito de exigir do povo...” (NTLH). O versículo
22 diz: “Eli estava muito idoso, mas estava ciente do que seus filhos
estavam fazendo ao povo de Israel. Ele sabia, por exemplo, que
seus filhos estavam seduzindo jovens mulheres que assistiam na
entrada do Tabernáculo”. Eli falou com seus filhos, mas não fez
nada além disso, de forma que seus comportamentos pecaminosos
continuaram.

Na sociedade de hoje, os filhos de Eli se encaixariam na


descrição moderna de predadores. “... seus filhos seduziam as
jovens mulheres”. Um predador não é alguém que simplesmente
cedeu à tentação, pecou e então se arrependeu genuinamente. Em
vez disso, predadores são aqueles que deliberada e
intencionalmente usam (ou deveria dizer, abusam) da sua posição,
com a autoridade incidente e influência, objetivando encontrar
indivíduos vulneráveis para o propósito de manipulá-los e usá-los
para satisfazer as suas próprias necessidades.

Líderes espirituais precisam entender que o seu exemplo é


extremamente importante. Quando alguns líderes caem
moralmente, indivíduos que respeitam seus ministérios podem ser
inclinados a pensar: Bem, se o reverendo fulano não pode resistir à
tentação, então por que eu deveria tentar? Talvez isso seja um dos
motivos que levou Geoffrey Chaucer (1342-1400), muitas vezes
considerado o maior poeta inglês depois de Shakespeare, a
escrever o seguinte trecho no que diz respeito à necessidade de
elevados padrões morais entre pastores: “Andando e carregando
em suas mãos uma equipe. Esse foi o bom exemplo que ele deixou:
Ele praticou primeiro o que posteriormente iria ensinar. Fora do
Evangelho ele tomou esse preceito, e além do mais, ele citaria este
ditado também: ‘Se o ouro pode enferrujar, então o que acontecerá
com o ferro?’ Porque se um sacerdote pode ser apodrecido, em
quem confiaremos? Não é de admirar que leigos também
enferrujem”.36

Admoestações a Líderes Espirituais


Paulo deu algumas orientações muito específicas para os seus
filhos espirituais, Timóteo e Tito, concernentes às suas integridades
morais e condutas.
Paulo disse a Timóteo, um jovem ministro: “Trate os homens mais
jovens como irmãos, as mulheres idosas, como mães e as mulheres
jovens, como irmãs, com toda a pureza” (1 Timóteo 5:1-2, NTLH).
Certa vez, recebi uma ligação de um indivíduo, e ao perguntar
como as coisas estavam na igreja que ele frequentava, ele indicou
que algumas pessoas estavam chateadas com o pastor. O
problema? O pastor com frequência encorajava a fraternidade
durante um intervalo no culto dizendo: “Porque você não encontra
cinco pessoas e lhes dá um abraço”. Então o pastor rotineiramente
saía da plataforma e fazia um caminho mais curto para abraçar
muitas das moças bonitas da igreja. As pessoas perceberam que o
pastor nunca abraçava a seção onde as senhoras mais velhas ou
homens estavam sentados. Por conseguinte, o foco e o favoritismo
que o pastor oferecia às mulheres mais jovens e atraentes da
congregação estavam colocando em questão o seu caráter e suas
intenções.
Paulo também disse a Timóteo: “E você, Timóteo, fuja das
paixões da mocidade e procure viver uma vida correta, com fé, amor
e paz, junto com os que com um coração puro pedem a ajuda do
Senhor” (2 Timóteo 2:22, NTLH).

Muitos focarão a primeira parte desse versículo que diz “fuja das
paixões da mocidade”, mas negligenciam a segunda parte: “procure
viver uma vida correta, com fé”. Tão importante como os padrões
bíblicos são, eu tenho compaixão por qualquer crente que vive
simplesmente na esfera do “não faça isso”. Se nós concentramos
em fazer os “faça isso”, então, não ficaremos sentados por aí nos
perguntando sobre os “não faça isso”. Esmere-se em tornar-se uma
pessoa piedosa, ungida, efetiva, produtiva e frutífera que Deus o
constituiu para ser. Sim, corra de todas as coisas erradas, mas não
se esqueça de correr em direção às coisas certas. Não pense
apenas nas coisas que você está evitando; fique animado com as
coisas de Deus que você está buscando!

Tito, outro dos filhos espirituais de Paulo, também recebeu uma


carta do apóstolo mostrando-lhe como se conduzir no ministério
pastoral. Em Tito 2:1-10, Paulo admoestou Tito sobre como ministrar
para quatro grupos específicos de pessoas: homens mais velhos,
mulheres mais velhas, homens jovens, e servos. É fascinante
observar que Tito não recebeu instruções sobre o que ele deveria
ensinar para mulheres jovens. Em vez disso, Paulo disse a Tito:
“Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus
maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem
ocupadas em casa, e a serem bondosas e sujeitas a seus maridos,
a fim de que a palavra de Deus não seja difamada” (Tito 2:4-5, NVI).
Não é interessante que Paulo poderia dizer a Tito como ministrar
a todos esses grupos de pessoas? Contudo ele diz: “Tito, quando se
trata das mulheres jovens, deixe as mais velhas ministrá-las”.
Estaria Paulo, como um sábio pai espiritual, esforçando-se para
manter Tito fora de situações onde as tentações aumentariam?

Acrescentando às declarações citadas, lembre-se de que Paulo


disse quais eram as qualificações dos anciãos em 1 Timóteo 3:2: “É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de
uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para
ensinar”. Observe a frase “esposo de uma só mulher”. Em outras
palavras, um líder espiritual não apenas não deve ter casos de
adultério, mas ele também não deve ser um paquerador ou um
mulherengo. Ele não deve ser o tipo de pessoa que é dada a
qualquer tipo de relacionamento ilícito, e isso inclui apegos
emocionais inadequados, tipos de comunicação inapropriados, e
relações físicas ou sexuais inapropriadas.

As Orientações para Crentes Também se Aplicam


a Líderes Espirituais
É importante lembrar que Deus não tem um conjunto de
orientações para os crentes que são de alguma forma irrelevantes
ou inaplicáveis aos líderes. Em qualquer situação, Deus espera
mais dos seus líderes, não menos; Ele espera que estes operem em
padrões mais elevados, e não nos mais baixos.
Lembro-me de ouvir um ministro que estava obviamente muito
enganado. Ele reconhecia que, falando de modo geral, Deus não
queria pessoas cometendo adultério, mas abriu uma exceção para
ele. Ele disse que Deus havia lhe revelado que pelo fato do seu
ministério ser tão especial e tão ungido, Deus estava permitindo que
ele mantivesse um relacionamento extraconjugal, afinal Deus sabia
que ele poderia ministrar mais efetivamente se suas necessidades
sexuais fossem supridas. Tal orgulho narcisista traz grande
cegueira. A falácia de tamanha presunção e arrogância será
finalmente exposta. Não, Deus não estabeleceu um conjunto de
regras para alguns e uma exceção especial para outros. Quando se
trata de padrões morais, a Palavra de Deus aplica-se a qualquer
um. Aqui estão algumas orientações para todos os crentes do Novo
Testamento:

Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que


alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete
imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo. Será que
vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito
Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não
pertencem a vocês mesmos, mas a Deus, pois ele os comprou
e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dele.
— 1 Coríntios 6:18-20 (NTLH)
As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas.
Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações
indecentes... As pessoas que pertencem a Cristo Jesus
crucificaram a natureza humana delas, junto com todas as
paixões e desejos dessa natureza.
— Gálatas 5:19,24 (NTLH)

Entre vocês não deve haver sequer menção de imoralidade


sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de
cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. Não
haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais,
que são inconvenientes, mas, em vez disso, ações de graças.
— Efésios 5:3-4 (NVI)

Portanto, matem os desejos deste mundo que agem em vocês,


isto é, a imoralidade sexual, a indecência, as paixões más, os
maus desejos e a cobiça, porque a cobiça é um tipo de idolatria.
— Colossenses 3:5 (NTLH)

Que cada um saiba viver com a sua esposa de um modo que


agrade a Deus, com todo o respeito e não com paixões sexuais
baixas, como fazem os incrédulos, que não conhecem a Deus.
Nesse assunto, que ninguém prejudique o seu irmão, nem
desrespeite os seus direitos! Pois, como nós já lhes dissemos e
avisamos, o Senhor castigará duramente os que fazem essas
coisas. Deus não nos chamou para vivermos na imoralidade,
mas para sermos completamente dedicados a ele. Portanto,
quem rejeita esse ensinamento não está rejeitando um ser
humano, mas a Deus, que dá a vocês o seu Espírito Santo.
— 1 Tessalonicenses 4:4-8 (NTLH)
Passos para Manter a Integridade Moral na Vida
1. Tome uma decisão de qualidade
Não espere até você se achar em um lugar de tentação para
decidir o seu curso de ação. Faça suas consagrações a Deus
agora e a partir de então viva por elas.
Antecipe-se em suas decisões de qualidade para que possa
manter-se puro em sua vida moral e ministerial. Se você errou
nisso no passado, receba o perdão e a limpeza oferecidos por
Deus e se determine agora mesmo a viver o restante da sua
vida, com a ajuda dele, com honra e integridade.

2. Mantenha um relacionamento sólido com Deus e com a


sua esposa
Gerencie a sua saúde espiritual. Mantenha seu relacionamento
com Deus renovado e vibrante. Alimente seu espírito, não sua
carnalidade. Evite desgaste espiritual, emocional, e físico. Uma
pessoa fadigada pode ser mais suscetível à tentação.
Uma relação forte e próspera com seu cônjuge também é vital.
O relacionamento deve estar em crescimento no qual o amor é
mantido sempre vivo, conflitos são resolvidos, e no qual
ressentimento e raiva não têm permissão de gerar
apodrecimento. Abertura, honestidade e prestação de contas
mútuas são importantes. Se sua relação conjugal tornar-se
tensa, busque ajuda. Homens, se sua mulher lhe avisa sobre
alguém que ela sente ter intenções erradas, tome cuidado!
Mulheres, se o seu marido chama a atenção sobre a forma de
outro homem agir perto de você, preste atenção!

3. Reconheça a sua vulnerabilidade


Um provável candidato para a falha moral é a pessoa que se
considera invencível sobre a tentação, que orgulhosa ou
ingenuamente pensa: Isso nunca poderia acontecer comigo!
Esses dois avisos da Bíblia vêm à minha mente:

Aquele, pois, que pensa estar em pé veja para que não caia.
— 1 Coríntios 10:12

A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.


— Provérbios 16:18

Como um líder espiritual, você é um alvo de “grande valor”, e


Satanás amaria levá-lo para longe do seu chamado.

4. Lembre-se das consequências dolorosas da imoralidade


O adultério é um ato insano, arrasador e autodestrutivo: Sairá
cheio de ferimento, detonado, e com a reputação totalmente
arruinada.
— Provérbios 6:32-33 (A Mensagem)

Segue algo que foi adaptado de uma lista desenvolvida por um


ministro. Ele revisava essa lista toda vez que se sentia vulnerável à
tentação sexual. Ele a citou como um lembrete das consequências
negativas que uma decisão moral errada poderia produzir.37
• Angústia ao Senhor que me redimiu.
• Arrastar o Seu nome sagrado para a lama.
• Um dia ter que olhar para Jesus, o Justo Juiz, e face a face
prestar contas por minhas ações.
• Seguir os passos daqueles cuja imoralidade confiscou ou
aleijou seus ministérios e me faz tremer: (lista de nomes).
• Infligir uma mágoa indescritível a minha melhor amiga, minha
leal esposa.
• Perder o respeito e a confiança da minha esposa.
• Machucar os meus amados filhos.
• Destruir o meu exemplo e credibilidade com meus filhos e
anular meus esforços presentes e futuros de ensiná-los a
obedecer a Deus (“Por que ouvir um homem que traiu mamãe e
a nós?”)
• Se minha cegueira continuasse ou minha esposa fosse incapaz
de perdoar, talvez eu perca minha esposa e meus filhos para
sempre.
• Trazer vergonha à minha família (“Por que papai não é mais
pastor?”)
• Perder o respeito próprio.
• Criar uma forma de culpa muito difícil de aplacar. Embora Deus
me perdoasse, eu me perdoaria?
• Formar memórias e flashbacks que poderiam assolar a minha
intimidade futura com a minha esposa.
• Perder anos de treinamento ministerial e experiências de um
longo tempo, talvez de forma permanente.
• Perder o efeito de anos de testemunho para outros membros da
família e reforçar a sua desconfiança por ministros, piorando
essa imagem com meu exemplo, talvez os tornando ainda mais
duros de coração por causa da minha imoralidade.
• Minar o fiel exemplo e trabalho duro de outros cristãos em
nossa comunidade.
• Trazer grande prazer a Satanás, o inimigo de Deus e de tudo o
que é bom.
• Amontoar julgamentos e dificuldades sem fim sobre a pessoa
com quem cometi adultério.
• Possivelmente colher consequências físicas tais como
gonorreia, sífilis, clamídia, herpes e AIDS; talvez infectar minha
esposa, ou no caso da AIDS, eventualmente levá-la à morte.
• Possivelmente causar uma gravidez, com todas as implicações
pessoais e financeiras, incluindo um lembrete para a vida toda
do meu pecado.
• Machucar os seguintes pastores e anciãos: (lista de nomes).
• Causar vergonhar e dor a esses amigos, especialmente
àqueles que eu levei a Cristo e discipulei: (lista de nomes).
• Invocar vergonha e embaraço pela vida toda sobre mim
mesmo.

Também beneficiaria a cada pessoa que está em uma liderança


espiritual (e dessa forma a todo crente), periodicamente ir ao
livro de Provérbios e ler sobre a dinâmica e consequências que
estão envolvidas no adultério. Algumas das passagens-chave
de alerta para estudo e meditação incluem:

• Provérbios 2:16-19 • Provérbios 5:1-23

• Provérbios 6:20-35 • Provérbios 7:1-27

• Provérbios 9:13-18 • Provérbios 23:27-28

• Provérbios 31:1-3

No início de Provérbios, nós aprendemos que esses escritos


refletem o conselho de um pai para os seus filhos. Claro,
provérbios maternos (conselhos) para a sua filha seriam lidos
diferentemente. Jovens precisam de instruções e avisos sobre
perigos nos relacionamentos também. Independentemente de
quem estiver recebendo a instrução, é importante lembrar que
“o pecado levará você além de onde você pretende ir, o
manterá mais longe do que você pretende ficar, e lhe custará
mais do que você pretende pagar”.

5. Reconheça que uma falha moral não começa com o ato


físico do adultério. Seja consciente disso e evite fatores
precipitantes
Líderes espirituais muitas vezes proporcionam cuidado e
conforto a pessoas machucadas. Às vezes, isso pode criar
ligações emocionais e mesmo que as intenções tenham sido
inocentes, o que recebe tal intervenção pode nutrir um apego e
uma atração emocional para com o cuidador. Além disso, a
gratidão e o apreço que é expresso pelo receptor podem
começar a alimentar o ego do cuidador e começar a suprir uma
possível necessidade emocional em sua vida. Por conseguinte,
isso pode desenvolver um relacionamento doentio. “Nenhum
pastor pode demorar muito a perceber a discrepância entre a
valorização realista de sua esposa a respeito dele como marido
e o generoso elogio de membros bajuladores que derramam
sobre ele como ‘o ministro piedoso’. Quando isso ocorre, o
pastor está vulnerável à tentação de transferir a intimidade de
sua esposa para alguém que tão acriticamente alimenta suas
necessidades emocionais.”38
O adultério não começa com o ato físico. Ele começa com a
camaradagem emocional, flerte, desejos não fiscalizados,
fantasias, justificativas, violação de limites, etc. Os ministros
precisam evitar qualquer tipo de comportamento de flerte,
inclusive brincar com as emoções das pessoas. Seja
profissional, e acima de tudo seja cristão!

Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” Mas eu


lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já
cometeu adultério no seu coração. Portanto, se o seu olho
direito faz com que você peque, arranque-o e jogue-o fora. Pois
é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro
ser atirado no inferno. Se a sua mão direita faz com que você
peque, corte-a e jogue-a fora. Pois é melhor perder uma parte
do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
— Mateus 5:27-30 (NTLH)

Você precisa ser brutalmente honesto consigo mesmo se você se


encontra:
• Sentindo uma atração inapropriada por uma pessoa que não é
o seu cônjuge.
• Pensando em uma pessoa, esperando receber telefonemas
dessa pessoa, ou tendo fantasias sobre outra pessoa.
• Fabricando maneiras para legitimar um relacionamento próximo
com aquela pessoa (ex.: designando aquela pessoa para uma
posição a fim de ter mais interação com ela).
• Comunicando-se com, ou encontrando aquela pessoa em
horários ou lugares inapropriados, ou em lugares fora da rotina.
• Pensando ou se comunicando com aquela pessoa sem querer
que sua esposa saiba a respeito.

6. Estabeleça e mantenha limites adequados para você


mesmo, em sua vida e ministério
Isso significa ter orientações que o manterão longe das
extremidades. Aqui estão algumas orientações gerais:

• Não aconselhe membros do sexo oposto sozinho.


• Não se coloque em uma situação em que, se uma acusação for
levantada, será a sua palavra contra a de outra pessoa.
• Não dê uma passadinha na casa de uma pessoa do sexo
oposto a menos que seu cônjuge esteja com você ou o cônjuge
da pessoa que você está indo visitar esteja presente.
• Não use linguagem que poderia significar mais do que você
pretende dizer. Uma amizade muito íntima e uma revelação
inapropriada vão além da conduta adequada.
• Não toque as pessoas de maneira que seja inapropriado ou
possa ser mal interpretado.

7. Preste Contas
Tenha alguém para quem possa falar caso esteja sendo
tentado. A quem você presta contas? Deve haver alguém (ou
mais de uma pessoa) que seja capaz de observá-lo em seu
ministério e demonstrar cuidado sobre qualquer problema que
possa ver; alguém que você ouvirá e cuja opinião você
respeitará. Aqueles que são “Guerreiros Solitários” são mais
suscetíveis do que aqueles que têm os nobres princípios de
prestar contas do que fazem em suas vidas.

Alguns anos atrás, um amigo pastor me perguntou se eu poderia


ser seu parceiro a quem ele prestaria contas no tocante ao seu uso
da internet. Eu concordei, entretanto estabeleci a condição de que
ele faria o mesmo por mim. Ambos baixamos um software para
controle de acessos e começamos a receber relatórios semanais
dos sites de internet que visitávamos. O pecado ama tomar
vantagem do sigilo e esse tipo de prestação de contas pode ser um
forte impedimento à tentação.
Efésios 5:13 diz: “Mas todas as coisas, quando reprovadas pela
luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz”.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. O quanto você se sente culpado pela causa de Cristo ter sido


ferida por meio da imoralidade dentro da igreja e entre seus
representantes?

2. Quão claramente você crê que a Bíblia considera relevante a


conduta moral dos crentes e líderes espirituais? Quais decisões
isso tem levado você a tomar, e quais orientações você tem
estabelecido para manter a pureza moral em sua vida?

3. Neste capítulo concernente às dolorosas consequências da


imoralidade, uma lista escrita por um ministro foi citada. Ele usou
a lista como um lembrete, pois a qualquer momento ele sentia que
poderia ser tentado. Ao rever essa lista, algum ponto em particular
se destaca para você? Se sim, qual?
4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura
deste capítulo?
35Blackaby, Henry e Richard, Liderança espiritual (Nashville, TN: B&H publishing Group,
2001).
36Chaucer, Geoffrey, Os contos de Canterbury (Oxford, England: Oxford University Press.
1985), 13.
37 Alcorn, Randy, “Estratégias para evitar a queda”, Jornal da liderança, inverno 1988, 46.
38Grenz, Stanley e Bell, Roy D., Traição da confiança (Grand Rapids: Baker Books, 2001),
50.
Capítulo Dezessete

“Aqueles que ensinam por meio da doutrina precisam ensinar


por intermédio de suas vidas, senão eles derrubarão com uma
das mãos o que construíram com a outra.”
— Matthew Henry

Pensamento-chave: Líderes espirituais precisam entender que


suas decisões e ações nunca são “privadas”, pois eles têm o
potencial de trazer grande vergonha à causa de Cristo.

O que acontece quando um escândalo atinge a igreja? Qual é a


consequência? Todos os crentes, e especialmente aqueles em
posição de liderança espiritual e em responsabilidade na igreja,
deveriam lembrar-se frequentemente do significado dos seus
testemunhos.

O rei Davi criou um mundo de dores e problemas quando


cometeu adultério com Bate-Seba (e então assassinou Urias em
uma tentativa de encobrir o seu erro). Davi foi perdoado do seu
pecado, mas ainda assim houve graves repercussões. O restante da
vida de Davi foi marcado por “dores de cabeça” e tragédias, por
conta disso o seu reinado foi marcado por um desastre após o outro.

Vamos observar três consequências do pecado de Davi:


1. Natã disse: “Não se apartará a espada jamais da tua
casa”
(2 Samuel 12:10). Isso é preocupante! É importante entender
que o perdão espiritual não erradica imediatamente todas as
consequências das nossas ações. Se eu roubar um banco
amanhã, eu creio que Deus me perdoará; contudo, os tribunais
provavelmente não. Por conseguinte, eu envergonharia a minha
família e destruiria a confiança que outros depositam em mim.
Confiança é a moeda do ministério, e sem credibilidade nossa
habilidade de influenciar a vida de outras pessoas é
grandemente comprometida. Sim, Davi recebeu perdão, mas as
ramificações das consequências do seu pecado foram
experimentadas socialmente, nos relacionamentos e
politicamente. Por causa do seu pecado, as consequências
foram intensas, horríveis e em longo prazo.

2. Deus não olhou para Davi como alguém que meramente


cedeu à tentação; aos olhos de Deus o pecado de Davi
foi mais profundo que isso.
Em referência ao ato de desobediência de Davi, Deus disse: “...
porquanto me desprezaste…” (2 Samuel 12:10). Deus toma
nossa obediência (e nossa desobediência) muito seriamente e
muito pessoalmente. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os
meus mandamentos” (João 14:15). Deus nunca fica
impressionado com as nossas palavras se as nossas ações
estiverem erradas. 1 João 2:4 declara: “Aquele que diz: Eu o
conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e
nele não está a verdade”. Antes de haver uma “Grande
Comissão” havia um “Grande Mandamento”, que envolve amar
o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, alma, mente e
forças. Amor real a Deus produzirá obediência a Ele.

3. Outra seríssima afirmação é:


“Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os
inimigos do S ...” (2 Samuel 12:14). Sabemos que o
Evangelho é verdadeiro, mesmo que um ministro em particular
o esteja vivendo ou não; contudo, a sociedade como um todo
tende a julgar a mensagem pelo mensageiro. Quando Paulo
falou daqueles que pregavam uma coisa e viviam outra
(Romanos 2:21-24), ele encerrou as suas observações com: “...
o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa
causa”.

Começando em Mateus 18:6, Jesus falou a respeito de ofensas, e


apontou sérias consequências a quem ofender “um destes
pequeninos”. As palavras traduzidas por “ofender” e “ofensa”
(usadas seis vezes nesses poucos versículos), em grego são
skandalizo e scandalon. Essas palavras dão origem à nossa palavra
“escândalo” em português.

Comportamentos escandalosos por parte dos cristãos trazem


ofensa e levam pessoas a tropeçarem. Isso desanima e confunde
crentes novos na fé, alienam aqueles que podem estar
considerando a ideia de se unirem ao Cristianismo, e oferece uma
grande ocasião para o inimigo do Senhor blasfemá-lo.

O que eu estou escrevendo não intenta projetar condenação a


qualquer um que falhou no passado. Somos chamados a sermos
participantes da misericórdia e restauração (Gálatas 6:1; Tiago 5:19-
20). Estou simplesmente resumindo o que foi um forte lembrete no
tocante à seriedade do nosso chamado e do mandato que devemos
abraçar relacionado à vida piedosa que devemos ter, caso vivamos
para pregar o Evangelho efetivamente. Não é tempo de nos
levantarmos em julgamentos contra outros; é tempo de
examinarmos os nossos próprios corações no temor piedoso do
Senhor.

Advertências contra o pecado existem desde o princípio. Quando


Caim estava zangado e enciumado em relação a Abel, Deus disse:
“Se tivesse feito o que é certo, você estaria sorrindo; mas você agiu
mal, e por isso o pecado está na porta, à sua espera. Ele quer
dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (Gênesis 4:7, NTLH).
Até mesmo Paulo, tão espiritualmente maduro como era, não
confiava em sua carne. Ele disse: “Mas esmurro o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha
eu mesmo a ser desqualificado” (1 Coríntios 9:27). As palavras de
Spurgeon também continuam ressoando até hoje: “Qualquer
‘chamado’ que um homem finja ter, se ele não foi chamado para a
santidade, ele certamente não foi chamado para o ministério”.39
Alguém descreveu o enganador e destrutivo poder do pecado
desta maneira: “O pecado levará você além de onde você pretende
ir, o manterá mais longe do que você pretende ficar, e lhe custará
mais do que você pretende pagar!”
Dizendo “Não”, Dizendo “Sim”
Creio que os nossos destinos são formados mais pelas escolhas
que fazemos do que pelas circunstâncias que enfrentamos. Nosso
caráter e o nosso futuro são moldados pelas vezes que dizemos
“não”, e às vezes que dizemos “sim”.

• Abraão disse “não” às riquezas de Sodoma, e “sim” para as


promessas de Deus.
• José disse “não” à esposa de Potifar, e “sim” ao serviço fiel.
• Moisés disse “não” aos tesouros do Egito, e “sim” às
designações celestiais.
• Eliseu disse “não” à prata de Naamã, e “sim” à integridade
altruísta.
• Daniel disse “não” aos manjares do rei, e “sim” à consagração
piedosa.
• Neemias disse “não” às negociações comprometedoras, e “sim”
à persistência inabalável.
• Paulo disse “não” ao ser pesado para as igrejas, e “sim” ao
amor sacrificial.
• Jesus disse “não” ao conforto, e “sim” à cruz.

Jesus Cristo esperava que nós tivéssemos um “sim” forte e um


“não” claro. Ele e Tiago disseram: “... que o seu ‘sim’ seja ‘sim,’ e o
seu ‘não’, ‘não’”. Se nos sentimos forçados ou tentados quando
precisamos fazer a coisa certa, é importante que voltemos para os
nossos valores fundamentais e nos lembremos de quem Deus nos
chamou para ser. Roy Disney disse: “Não é difícil tomar decisões
quando você sabe quais são os seus valores”.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Por que Davi continuaria a experimentar as consequências


negativas do seu pecado com Bate-Seba se Deus o perdoara? O
perdão espiritual automaticamente remove as consequências de
nossas ações em todas as áreas?
2. Mais de uma vez neste capítulo, a frase, “confiança é a moeda do
ministério” foi usada. O que isso significa para você?
3. É possível um crente que escolhe viver na prática do pecado ser
mais do que alguém cedendo à tentação? Que fundamentos
bíblicos nós temos para dizer isso?

4. Qual foi a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
39 Spurgeon, C. H. Letters to My Students (Grand Rapids, Zondervan, 1954), 9.
A
:
Capítulo Dezoito

“A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito


obterá honra.”
— Provérbios 29:23

Pensamento-chave: Líderes espirituais precisam estar alerta e


guardar a si mesmos contra a intoxicante e devastadora influência
do orgulho, especialmente quando eles experimentam o “sucesso”.

O orgulho é insidioso. Ele engana aquele que está infectado,


levando-o a pensar “mais” de si mesmo e “menos” de Deus.

• Orgulho foi o fator principal para a queda de Lúcifer. Ezequiel


28:17 diz “Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura”. O resultado desse orgulho? “... Tu dizias no teu
coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono”’ (Isaías 14:13).
• O apóstolo Paulo ensinou que um novato não deveria ser
designado como um bispo: “... que se ensoberbeça e incorra na
mesma condenação do diabo” (1 Timóteo 3:6).
• Antes de o rei Saul tornar-se orgulhoso, arrogante e
desobediente, Samuel referiu-se a um momento anterior
dizendo: “Quando você era pequeno a sua própria vista, não
fostes feito o cabeça das tribos de Israel, e o S te ungiu
como rei sobre Israel?” (1 Samuel 15:17, AMP).
• O Rei Uzias caiu em orgulho depois que Deus lhe deu sucesso.
“... Ee fez o que era reto perante o S ... nos dias em que
buscou ao S , Deus o fez prosperar. Divulgou-se a sua
fama até muito longe, porque foi maravilhosamente ajudado,
até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-
se o seu coração para a sua própria ruína” (2 Crônicas 26:4-5,
15-16).
• Provérbios 16:18 diz: “A soberba precede a ruína, e a altivez do
espírito, a queda”.
• Tiago 4:6 e 1 Pedro 5:5 dizem: “Deus resiste aos soberbos, mas
dá graça aos humildes”.

Outros têm observado a conexão entre poder, sucesso e orgulho.


Em 1887, Lord Acton escreveu: “O poder tende a corromper, o
poder absoluto corrompe absolutamente”. Antes disso, Abraham
Lincoln disse: “Quase todos os homens podem suportar a
adversidade, mas se você quer testar o caráter de um homem, dê a
ele poder”. O premiado autor britânico e professor da Bíblia, Donald
Gee, disse: “Qualquer explosão de popularidade e sucesso pede por
uma personalidade disciplinada para sustentá-la imaculada. Isso
pode facilmente significar ruína espiritual. É necessária uma mão
firme para segurar um copo cheio”.40

O ministério de Gordon Lindsay permitiu-lhe testemunhar a


ascensão e a queda de muitos ministros proeminentes durante os
reavivamentos Pentecostais e de cura nos Estados Unidos. Ele
observou: “Alguns moveres espirituais têm sido abençoados por
Deus, e então repentinamente desaparecem por causa do
comportamento presunçoso e errático de certos líderes. Um mover
assim ocorreu há alguns anos nos Estados Unidos. No início, nós
nos regozijamos com esse derramamento do Espírito. Mas
rapidamente vimos algo se desenvolver que nos deixou alarmados.
Alguns líderes estavam alegando que eles eram a ‘Casa de Poder’ e
todas as outras igrejas estavam ‘secas’. Eles diziam que o povo
deveria vir até eles para serem recarregados. Quando nós vimos
tais pretensões ousadas, percebemos que a utilidade de tais líderes
não duraria muito”.41
Em outro momento, o irmão Lindsay escreveu: “Certos homens de
Deus, ao serem usados poderosamente pelo Senhor, não foram
capazes de permanecer na prosperidade, mas se tornaram erráticos
e inconsistentes em suas condutas, e no final saíram de um cenário
sob a sombra, e até mesmo em desgraça. O ego humano, não
contido, somente pode levar a um triste fim – vergonha e
humilhação. Este é o mundo de Deus, e Ele não irá dividir a Sua
glória com uma ambição carnal. A segurança espiritual só pode ser
encontrada na humildade”.42

Robert Foster disse: “Quando nós fazemos mais do que nada,


fazemos Deus menos do que tudo”.43 Da mesma forma, Andrew
Murray declarou: “Enquanto formos alguma coisa, Deus não pode
ser tudo”.44

Como o Orgulho É Revelado na Liderança


Espiritual?
1. Tomando os créditos pela graça de Deus
Bernard de Clairvaux disse: “O orgulho nos leva a usar nossos
dons como se eles viessem de nós mesmos, e não benefícios
recebidos de Deus. Agir dessa maneira é usurpar a glória do nosso
benfeitor”.45

O Senhor Jesus Cristo viveu e ministrou na total dependência do


Pai. Ele disse:

• “Eu não posso fazer nada por minha própria conta... não
procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele
que me enviou” (João 5:30, NTLH).
• “O que eu digo a vocês não digo em meu próprio nome; o Pai,
que está em mim, é quem faz o seu trabalho” (Joao 14:10,
NTLH).

Se Jesus, em humildade, foi completamente dependente do Pai


para tudo o que foi feito por intermédio do Seu ministério, o que nos
faria pensar que nós podemos realizar qualquer coisa estando
separados Dele? Paulo fez um importante questionamento aos
crentes em Corinto: “O que tendes que Deus não tenha vos dado? E
se tudo que tendes vem de Deus, porque vos vangloriais como se
não fosse um dom?” (1 Coríntios 4:7, NTLH).
Na sua segunda epístola à mesma igreja, Paulo compartilhou sua
perspectiva sobre o seu próprio ministério: “Em nós não há nada
que nos permita afirmar que somos capazes de fazer esse trabalho,
pois a nossa capacidade vem de Deus. É ele quem nos torna
capazes de servir à nova aliança, que tem como base não a lei
escrita, mas o Espírito de Deus. A lei escrita mata, mas o Espírito de
Deus dá a vida” (2 Coríntios 3:5-6, NTLH). Charles Spurgeon
sabiamente disse: “Não fique orgulhoso da sua carreira, aspecto,
posição ou graça”. Sempre lembre que os dons que Deus deu a
você são para a glória Dele e para o propósito de abençoar outros.

• Se Deus lhe deu o dom do ensino, é para que outros possam


aprender.
• Se Deus lhe deu o dom do pastoreio, é para que outros possam
ser cuidados.
• Se Deus lhe deu o dom do evangelismo, é para que o perdido
possa ser salvo.

Nunca tome a glória para si mesmo independente do que Deus


tem lhe dado ou da maneira como Ele usa você! Ministros humildes
não apenas reconhecem a necessidade absoluta da habilidade de
Deus operando em suas vidas, mas também reconhecem as
valiosas contribuições de outras pessoas que trabalham com eles e
para eles. Eles são rápidos em dar os créditos a outros e mostrar
gratidão pelo serviço de outros.

2. Ambição Carnal
Muito do que dissemos anteriormente implica em mostrar que o
orgulho é mais provável a partir do momento que uma pessoa
experimenta grande sucesso, mas existe também uma forma de
orgulho que pode preceder qualquer tipo de conquista. Antes de
seus ministérios serem lançados, o orgulho fez com que os
discípulos discutissem entre eles sobre qual deles seria o maior.
Jesus teve de destruir argumentos orgulhosos entre eles, enquanto
eles brigavam por posição e se esforçavam para alcançarem
proeminência.

Então, Jesus os reuniu para consertar a situação. Ele disse:


“Vocês já devem ter notado como o poder sobe à cabeça dos
governantes deste mundo que logo se tornam tiranos. Vocês
não devem agir assim. Quem quiser ser o maior deve se tornar
servo. Quem quiser ser o primeiro deve se tornar escravo. É o
que o Filho do Homem faz: Ele veio para servir, não para ser
servido — e para dar a própria vida para salvar muita gente”.
— Mateus 20:25-28 (A Mensagem)

Jesus deixou claro que o Seu Reino não era alicerçado na política
de “cobra engolindo cobra” ou no sistema mundano de subir na vida
à base do “custe o que custar”. No Reino de Deus é
responsabilidade Dele chamar, designar e promover; e a
responsabilidade do homem é servir.
Oswald Sanders disse: “A palavra ‘ambição’ vem de uma palavra
latina que significa ‘campanha para a promoção’. A frase sugere
uma variedade de elementos: visibilidade social e aprovação,
popularidade, reconhecimento dos colegas, o exercício da
autoridade sobre outros. Pessoas ambiciosas, neste sentido,
desfrutam o poder que vem com dinheiro e autoridade. Jesus não
tinha tempo para tais ambições dirigidas pelo ego. O verdadeiro
líder espiritual nunca realizará uma ‘campanha por promoção’”.46

O que pareceria ambição carnal na vida de um líder espiritual?


• Desejar ser percebido.
• Tenta se fazer importante.
• Competir contra, em vez de cooperar com outros.
• Exaltação própria.
• Tentar parecer bem, mesmo que isso signifique fazer com que
outros pareçam mal.
• Envolver-se em jogos de poder.
• Buscar posições visando o poder, não oportunidades para
servir.

O apóstolo João falou sobre um líder da igreja chamado Diótrefes:


“... que gosta de exercer a primazia” (3 João 9). Paulo falou de outro
grupo que estava ocupado fazendo “politicagem” contra ele tentando
difamá-lo e miná-lo. “Os que fazem tanto esforço para agradá-los,
não agem bem, mas querem isolá-los [de nós] a fim de que vocês
também mostrem zelo por eles” (Gálatas 4:17, NVI).
Jesus descreveu a atitude que Ele queria que os Seus líderes-
servos tivessem.

Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não


sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais
importante tenha sido convidado. Então quem convidou você e
o outro poderá dizer a você: “Dê esse lugar para este aqui.” Aí
você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar.
Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último
lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: “Meu amigo,
venha sentar-se aqui num lugar melhor.” E isso será uma
grande honra para você diante de todos os convidados. Porque
quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha
será engrandecido.
— Lucas 14:8-11 (NTLH)

3. Egocentrismo
A trindade falsificada é eu, eu mesmo, e eu.47
— Edwin Louis Cole

Anos atrás, um pastor falou-me: “O Senhor me mostrou que


qualquer um que começar uma igreja a 80 quilômetros da minha
está fora da vontade de Deus”. Eu fiquei impactado com o fato de
que alguém pudesse ter uma mentalidade tão exclusivista e
territorial, mas percebi que o orgulho criara uma mentalidade
distorcida.

Você já conheceu pessoas que eram tão autocentradas, que em


conversas e em pregações tudo está relacionado a elas em vez de a
Deus ou ao Seu povo? Se você conta algo que aconteceu com
você, elas rapidamente interrompem com: “Isso me lembra da vez
que eu…”. Alguém disse: “A presunção é a única doença conhecida
pelo homem que deixa todos doentes, exceto aquele que a possui”.

Quais são os outros traços de egocentrismo?

• Pensar que o plano eterno de Deus gira em torno de mim.


• Agir como se a nossa obra fosse a única que Deus estabeleceu
na cidade.
• Acreditar que o que Deus faz por meio dos outros é menos
significante do que o que Ele faz por meu intermédio.
• Ser obcecado com a própria imagem.

Deus nos chamou para abençoar, não para impressionar. Nossos


ministérios deveriam ser uma expressão da bondade do Senhor,
não uma extensão dos nossos egos.

4. Uma atitude de Superioridade


Se líderes desenvolvem um complexo de superioridade, eles
começam a sentir que estão acima da crítica e da repreensão. Eles
são rápidos em se esconder por trás da defesa que diz: “Não toque
em um ungido do Senhor” em vez de humildemente encararem o
que poderia ser uma crítica justificável.

Por meio de uma conduta inapropriada, alguns líderes podem na


verdade estar promovendo e abastecendo as queixas que, pela
própria autoridade, eles estão tentando erradicar. Certos líderes
sentem que nunca devem ser questionados: “Não questione nada
do que eu digo ou faço. O que eu digo e faço está certo porque eu
sou um homem de Deus!” Tal sentimento presunçoso de
infalibilidade é um indicador certo de que o orgulho trouxe grande
cegueira.

Líderes que julgam a si mesmos superiores podem requerer um


reinado absoluto e exclusivo sobre o rebanho: “Não escutem a
ninguém exceto a mim!” Eles podem usar a frase: “O Senhor me
disse…” para explicar suas decisões e, em casos extremos,
justificar uma conduta ilegal, imoral ou antiética.
Outros indicadores de uma atitude de superioridade são:
• Um sentimento de infalibilidade (“Eu nunca estou errado; eu
sempre estou certo.”).
• “Minhas preferências são as diretrizes de Deus.”
• “Eu tenho uma unção maior, uma revelação maior.”
• O sucesso do outro é minimizado porque eles estão obviamente
comprometidos (ou estão invalidados por alguma conduta).
• “Somos mais profundos do que qualquer outro.”
• Uma atitude de ter direito (“Eu mereço qualquer coisa que eu
queira, por causa de quem eu sou.”).
• Desinteresse de prestar contas ou receber correção.

Líderes espirituais precisam evitar ser rodeados de “babões” que


alimentarão seu ego e oferecerão elogios incansáveis. Eu sei de um
líder que considerava todos os que diziam algo positivo sobre ele
como pessoas enviadas por Deus. Da mesma maneira, qualquer
outro que dissesse algo que parecesse um pouco negativo era
alguém enviado pelo diabo.
Norman Vincent Peale disse: “O problema com a maioria de nós é
que preferimos ser arruinados com um elogio a sermos salvos pela
crítica”. Sabedoria semelhante foi expressa muito tempo antes em
Provérbios 27:6: “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os
beijos de quem odeia são enganosos”.

5. A ausência de um coração de servo


Jesus esclareceu que em Seu ministério Ele não tinha vindo para
ser servido, mas para servir (Mateus 20:28). Se nos esquecermos
disso e começarmos a agir como se outros estivessem aqui para
nos servir, então faremos mais por nós mesmos do que Jesus fez
por Si.

Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de


receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros
superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os
seus próprios interesses, mas também os dos outros. Tenham
entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha:
Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a
Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e
tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres
humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi
humilde e obedeceu a Deus até a morte–morte de cruz.
— Filipenses 2:3-8 (NTLH)

Aqueles de nós que forem mais fortes e capazes na fé têm o


dever de ajudar os que são vacilantes, não devem fazer apenas
o que for conveniente. Se temos força é para servir, não para
ganhar prestígio.
— Romanos 15:1 (A Mensagem)

Os servos de Deus devem se guardar de ter uma mentalidade de


“celebridade”. Deus quer que eles se conduzam como servos, não
como celebridades.

6. Desprezo pelos Outros


Líderes espirituais deveriam ser corteses, educados, respeitosos
e valorizadores em relação aos outros. Eles não deveriam fazer
“acepção de pessoas”, tratando pessoas de alta posição com
respeito, enquanto tratam outros de forma condescendente.
Romanos 12:16 (A Mensagem) diz: “Ajudem-se uns aos outros. Não
sejam arrogantes. Façam amigos entre as pessoas mais simples;
não se julguem importantes”. A versão Nova Tradução na
Linguagem de Hoje, altera a parte do meio desse versículo, dizendo:
Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes. Que
nenhum de vocês fique pensando que é sábio!”.
Se você quer saber algo a respeito do caráter de uma pessoa veja
como ela trata pessoas que julga estarem em uma “posição inferior”.
Elas podem ser muito respeitosas com o chefe ou com alguém de
um alto status, mas como elas tratam o zelador, uma garçonete,
uma balconista ou uma secretária? Simplesmente não existe lugar
para grosseria ou altivez na vida de um líder espiritual.

Se um líder se percebe como um ser superior a outros, então é


provável que ele maltrate e desrespeite outros. Ele os enxergará
meramente como um meio para cumprir seus próprios objetivos. Em
suma, as pessoas acabarão sendo usadas. Líderes espirituais
precisam delimitar uma linha distinta entre motivar pessoas e
manipular pessoas. Motivações saudáveis não tomam lugar por
meio da culpa, medo ou intimidação.

Líderes espirituais encorajam outros a servirem de maneiras


saudáveis, com os limites apropriados. Eles não querem que as
pessoas sirvam a custo de suas famílias ou sua saúde. “Doa o que
doer” é o lema de alguns líderes, e “dor” é exatamente o que seus
ministérios produzem. No rastro desses ministérios você encontrará
muitas pessoas doentes e feridas.
7. Grandiosidade
O orgulho também virá à tona em um tipo de grandiosidade que
produz uma mentalidade de superioridade em uma liderança. Tudo
é exagerado. Números são esticados para fazer o líder parecer
bem. Histórias são embelezadas. E uma lista de nomes é feita
regularmente em uma tentativa de estabelecer uma reputação
brilhante e impulsionar o ego de alguém.

Quando a grandiosidade está presente, a verdade é secundária


em relação à projeção de imagem e manutenção da imagem.
Profissionais de vários campos têm sido conhecidos por “doutorizar”
seus currículos, em uma tentativa de melhorar suas imagens.
Alguns pregadores têm personalizado ilustrações genéricas
enquanto estão pregando, apresentando a história como se fosse
sua própria história. Tal enganação é uma violação da integridade
pessoal, e quando descoberta, danifica a credibilidade de um líder.

Uma Palavra de Cautela


Certamente existe uma maneira de exercitar a autoridade de boa-
fé em uma legítima liderança espiritual. Há momentos em que os
líderes precisam tomar uma posição forte e lidar com firmeza em
certas situações; isso não significa ser um ditador ou um tirano.

Um líder piedoso não é um capacho para ser pisoteado por


“santos” descontentes ou uma panela para ser batida por fiéis
indisciplinados. Uma liderança espiritual não é encontrada na falta
de autoridade, mas no uso correto da autoridade. Até mesmo
quando Paulo estava lidando com conflitos, ele disse aos crentes:
“Eu quero usar a autoridade que o Senhor me deu para fortalecê-
los, não para derrubá-los” (2 Coríntios 13:10, NTLH).
Esse deveria ser o clamor de cada pessoa em posição de
liderança espiritual. Lideramos para beneficiar àqueles a quem
temos o privilégio de servir. Nossa liderança deveria ser edificar,
beneficiar e abençoar outros. O orgulho é um assassino de
ministério, e é totalmente oposto à natureza de Deus e ao Seu plano
para as nossas vidas.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. O que a declaração de Spurgeon (“Não fique orgulhoso da sua


carreira, aspecto, posição ou da graça”) significa para você?

2. Você já reconheceu orgulho em sua própria vida? Como o orgulho


foi expresso, como você veio a conhecê-lo como tal, e como você
lidou com esse problema em sua vida?

3. Norman Vincent Peale disse: “O problema com a maioria de nós é


que preferimos ser arruinados com um elogio a sermos salvos
pela crítica”. Você já foi capaz de filtrar a sua reação emocional
diante de uma crítica em alguma situação e perceber que nela
existia alguma verdade e que, portanto, você precisava agir a
respeito?
4. O que você acha que Paulo quis dizer quando afirmou: “Você
precisa ter a mesma atitude que Cristo Jesus teve”? Quais
orientações isso lhe dá?
5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura
deste capítulo?
40 Gee, Donald. A Way To Escape (Springfield, MO: Gospel Publishing House,
Reimpressão 1966), 61.
41 Lindsay, Gordon. God’s 20th Century Barnabas (Dallas, TX: Christ for the Nations,
Reimpressão, 1982). 277-278.
42 Lindsay, Gordon. “Seven Dangers the Church Faces Today”. The Voice of Healing,
setembro de 1951.
43 Bob Kelly, Editor. Worth Repeating (Grand Rapids: Kregel Publications, 2003), 306.
44 Ibid., p. 307.
45Water, Mark. The New Encyclopedia of Christian Quotations (Grand Rapids: Baker
Books, 2000).
46 Sanders, Oswald. Spiritual Leadership (Chicago: Moody Press, 1994), 15.
47Cole, Edwin Louis. Strong Men in Tough Times (Southlake, TX: Watercolor Books, 1993,
34).
Capítulo Dezenove

“Deus cria do nada. Portanto, até que um homem seja nada,


Deus não pode fazer algo com ele.”
— Martinho Lutero

Ponto-chave: A grandeza na liderança espiritual não é encontrada


em exercitar sua força, mas em descobrir a força Dele na sua
fraqueza.

E
xiste muito a ser dito a respeito da força. Diante de uma
escolha, eu acho que quase todos diriam que preferem
força em vez da fraqueza. Todos desejam que a sua saúde,
área financeira, casamento, família, igreja, etc. sejam fortes.

Há também muitos versículos maravilhosos acerca de ser forte.


Josué recebeu o comando seis vezes para “Ser forte e corajoso”.
Paulo admoestou os efésios a “sede fortalecidos no Senhor e na
força do seu poder” (Efésios 6:20), e encarregou seu jovem
protegido, Timóteo, a “fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus”
(2 Timóteo 2:1).

Evitando a Falsificação
Existe também uma força falsificada que pode ser mascarada
como a autêntica. Apenas a força genuína, que é enraizada na
graça de Deus, pode sobreviver ao teste do tempo. Expressões
falsificadas de força incluem:

• arrogância
• presunção
• projetar um ar de importância própria ou uma atitude de
superioridade
• pose
• altivez
• intimidação

Essas coisas podem produzir certos resultados por um tempo,


mas elas acabarão por ruir e falhar.
Paulo estava falando sobre a força falsificada quando ele disse
divertidamente que estava “fraco demais” para engajar em um tipo
de liderança que ele considerava abusiva e manipuladora das
pessoas. Ele expressou cuidado sobre a ingenuidade dos coríntios
quando disse: “Tolerais quem vos escravize, quem vos devore,
quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteie no rosto.
Ingloriamente o confesso, como se fôramos fracos. Mas, naquilo em
que qualquer tem ousadia (com insensatez o afirmo), também eu a
tenho” (2 Coríntios 11:20-21).

Crentes e, especialmente líderes, podem se sentir pressionados a


apresentar a si mesmos de maneira positiva, a projetar a imagem de
que “Eu tenho tudo resolvido, eu sou grande e responsável”. Tais
fachadas são com frequência fragmentos superficiais de uma
profunda insegurança enraizada. Reconhecer honestamente a
própria fraqueza ou a incapacidade pode parecer uma violação da
ação ou manutenção da “boa confissão”.

Encontrando o Genuíno
Então, como encontraremos a força genuína que Deus quer que
experimentemos? Começa com o reconhecimento das nossas
próprias limitações. Somente assim seremos capazes de identificar
e possuir a força verdadeira. Paulo era um líder forte, mas ele era
profundamente consciente de suas fraquezas. Considere as
declarações de Paulo que refletem sua transparência e seu elevado
nível de autoconhecimento:

• “E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre


vós” (1 Coríntios 2:3).
• “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de
Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2
Coríntios 12:10).
• “Porque nós também somos fracos Nele, mas viveremos, com
Ele, para vós outros pelo poder de Deus” (2 Coríntios 13:4).
• “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os
fracos”(1 Coríntios 9:22).
• “Quem enfraquece que também eu não enfraqueça?” (2
Coríntios 11:29).
• “Porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda
que nada sou” (2 Coríntios 12:11).

Esses versículos precisam ser qualificados e lidos em contexto,


mas não existe dúvida de que Paulo não era cheio de si mesmo,
petulante ou autoconfiante. Ele não colocava a sua confiança em
sua carne (Filipenses 3:3). Ele também disse: “Contudo, já em nós
mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em
nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2 Coríntios 1:9).
Paulo não estava consumido com as suas realizações, ou com o
fato de que ele havia começado certo número de igrejas, ou que ele
tinha uma revelação de Deus especial. Em vez disso, ele se
humilhava por uma atribuição que ele sabia que nunca completaria
por si mesmo, e entendia que era inteira e completamente
dependente da habilidade de Deus.
Smith Wigglesworth disse: “Eu creio que Deus quer colocar a Sua
mão sobre nós para que possamos alcançar a definição ideal de
humildade, do desamparo humano, da insuficiência humana, até
que não repousemos mais sobre os planos do homem, mas
tenhamos os pensamentos de Deus, a voz de Deus e o Espírito
Santo para falar conosco”.48
Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo” (João 5:30). A
versão Amplificada desse versículo diz: “Eu não sou capaz de fazer
nada de mim mesmo [independentemente, por minha própria
vontade, mas somente o que eu sou ensinado por Deus e quando
recebo suas ordens]”. Se alguém poderia ter de forma justa confiado
em si mesmo ou se sentido autossuficiente, seria Jesus, e ainda
assim Ele confiava inteira e completamente em Deus. Ele não vivia
de forma arrogante, a fim de impressionar outros. Ao contrário, Ele
era “manso e humilde de coração” (Mateus 11:29).

Jesus não apenas exemplificou a confiança absoluta em Deus,


mas Ele também nos deixou saber que nós precisamos do mesmo
senso de dependência. Ele disse em João 15:5: “Sem Mim nada
podeis fazer”.

Então, se Você se Sente Um Pouco Fraco…


Para mim, essa é uma das verdades mais libertadoras que nós
podemos abraçar! Nós não temos que provar para ninguém o quão
maravilhosos, quão perfeitos ou quão espirituais nós somos. Isso
não é um convite para uma vida relaxada ou uma desculpa para não
crescermos, mas nos habilita a sabermos que Deus nos aceita
incondicionalmente, e nos escolhe a despeito da nossa
“imperfeição”.

Se você se sente fraco, está tudo bem, porque:

• “... e [Deus] escolheu as coisas fracas do mundo para


envergonhar as fortes” (1 Coríntios 1:27).
• “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem
nenhum vigor” (Isaías 40:29).
• “Minha força brota da sua fraqueza” (2 Coríntios 12:9, A
Mensagem).
• Dos heróis do Antigo Testamento nós lemos: “Eles foram fracos,
e ainda assim foram feitos fortes. Eles foram poderosos em
batalha e derrotaram outros exércitos” (Hebreus 11:34, New
Century Version).

Reconhecer sua fraqueza e confiar totalmente na força de Deus


demanda muita segurança pessoal. É o tipo de fé como a de uma
criança que é expressa nas palavras de uma canção que muitos de
nós aprendemos na infância: Os pequeninos a Ele pertencem; eles
são fracos, mas Ele é forte. Nós temos que nos tornar confortáveis
com a nossa incapacidade e com a capacidade Dele. Eu oro para
que você fique confortável na sua fraqueza e confiante na força do
Senhor!
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Paulo fez algumas declarações indicando uma consciência da sua


fraqueza. Por que você acha que Paulo fez tantas declarações
sobre suas deficiências, e como ele teve um ministério tão
poderoso a despeito de tais fraquezas?
2. Existem muitas admoestações bíblicas para “ser forte”, contudo
até mesmo Jesus disse que era “manso e humilde de coração”.
Como um cristão pode ser fraco e forte ao mesmo tempo?
3. Você já sentiu a necessidade de se apresentar como forte de uma
forma que poderia ser interpretada como intimidação ou até
mesmo arrogância? Se sim, qual foi a motivação e propósito por
trás de tal ação?

4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
48Patricia Culbertson, Editor, Smith Wigglesworth Devotional (New Kensington, PA:
Whitaker House, 1999, 256.
Capítulo Vinte

G ,

“Não somos responsáveis pelo modo segundo o qual vocês


vivem a fé. Não nos comportamos como inspetores, e sim como
companheiros, trabalhando com vocês num ambiente de alegre
expectativa. Sei que vocês permanecem firmes por sua própria
fé, não pela nossa.”
— 2 Coríntios 1:24 (A Mensagem)

Pensamento-chave: Líderes espirituais não devem cultivar a


dependência de outros acerca de si mesmos; eles ensinam outros a
pensar biblicamente e a descansar no Espírito Santo.

S
e você é da minha idade ou um pouco mais velho, deve se
lembrar da histeria envolvendo os Beatles quando eles se
tornaram famosos. Além dos sucessos Let It Be e I Want to
Hold Your Hand, você pode se lembrar dos fãs que seguiam as
tendências, que ficavam fora de si gritando, chorando e desmaiando
na presença deles.

Esse fenômeno de ser pego e levado em um frenesi de


entusiasmos irracionais não está restrito a adolescentes estrelas do
rock. Às vezes, é algo bem mais sinistro com resultados morais.
Adolf Hitler disse: “Que sorte para os governantes que os homens
não pensem”. Um dos principais capangas de Hitler, Herman
Goering, disse: “Eu não tenho consciência, Adolf Hitler é minha
consciência”.49 Se alguém quer evitar ser enganado em assuntos
grandes (ou pequenos), é essencial possuir habilidade e coragem
para pensar claramente conforme o contexto da verdade.

Devemos evitar ser como as gaivotas. Afinal, as gaivotas engolem


tudo o que é lançado para elas sem mastigar. Da mesma forma,
uma pessoa ingênua é facilmente enganada, aceitando os
pensamentos de outros sem uma inteligente consideração quanto a
sua veracidade.

Os crentes, às vezes, tornam-se enamorados de certos líderes


carismáticos e cegamente abraçam cada palavra dita por eles,
colocando-os em pedestais e se esquecendo das admoestações da
Bíblia sobre a nossa necessidade de operar com um discernimento
afiado e com entendimento bíblico. Isso não apenas demanda
revelação espiritual para discernir a verdade, mas também coragem
de levantar-se pela verdade e não ser varrido com os desmaios em
massa. É importante lembrar que nem tudo que é popular é
alicerçado em princípios.

No prefácio do livro Bonhoeffer: Pastor, Mártir, Profeta, Espião,


Timothy J. Keller aborda a associação da igreja germânica a Hitler:
“Como ‘a igreja de Lutero’ o grande professor do Evangelho, chegou
a tal lugar? A resposta é que o verdadeiro Evangelho — resumido
por Bonhoeffer como a graça cara — foi perdido. Por um lado, a
igreja tornou-se marcada pelo formalismo. Isso significa ir à igreja e
ouvir que Deus apenas ama e perdoa a todos, então realmente não
importa como você vive. Bonhoeffer chamou isso de a ‘graça
barata’. Por outro lado, houve legalismo, ou salvação pela Lei e
boas obras. Legalismo significa que Deus o ama porque você se
recompôs e está procurando viver uma vida boa e disciplinada”.50
Bonhoeffer demonstrou o que significa ser um pensador
independente. Educado em meio ao extremo liberalismo teológico,
ele desafiou muitos dos gigantes acadêmicos dos seus dias, e da
mesma forma posteriormente resistiu ativamente aos males do
nazismo. Admiro sua coragem e a deliberação de seus processos
de pensamento.

A independência de Bonhoeffer me lembra da tenacidade de


Paulo e sua defesa pela verdade à luz do que ele via na igreja em
Antioquia. Gálatas 2:11-13 diz: “Quando, porém, Cefas veio a
Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível.
Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia
com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim,
veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais
judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se
deixado levar pela dissimulação deles”.

Pedro e Barnabé eram sem dúvida bons homens, mas nesse


infeliz momento, eles se tornaram “fanáticos”, simplesmente
seguindo a multidão. Nessa situação em particular, faltou-lhes o
discernimento ou a coragem de se levantarem em defesa do que
era correto.

A Bíblia enfatiza a necessidade de não sermos ignorantes, mas


de utilizarmos o estudo, a sabedoria e o discernimento em nossas
vidas.
O inexperiente acredita em tudo que lhe dizem, mas o prudente
escolhe e pondera cada palavra.
— Provérbios 14:15 (A Mensagem)

... quero também que sejam prudentes, afeiçoados ao bem e


distantes do mal. Não se deixem enganar pelas conversas
suaves e ao mesmo tempo malignas. Fiquem atentos.
— Romanos 16:19 (A Mensagem)

Pois, assim como Eva foi enganada pelas mentiras da cobra, eu


tenho medo de que a mente de vocês seja corrompida e vocês
abandonem a devoção sincera e pura a Cristo. Porque vocês
suportam com alegria qualquer um que chega e anuncia um
Jesus diferente daquele que nós anunciamos. E aceitam um
espírito e um evangelho completamente diferentes do Espírito
de Deus e do evangelho que receberam de nós.
— 2 Coríntios 11:3-4 (NTLH)

Mas teste e prove todas as coisas [até que você possa


reconhecer] o que é bom; [e a isto] se apegue.
— 1 Tessalonicenses 5:21 (AMP)

Amados, não creiam em todo espírito, mas teste os espíritos, se


eles são de Deus; porque muitos falsos profetas têm entrado no
mundo.
— 1 João 4:1

Tudo isso não envolve apenas conhecer a Bíblia e ser guiado pelo
Espírito Santo, mas também envolve uma habilidade conhecida
como “pensamento crítico”. Algumas das muitas definições de
pensamento crítico incluem:

• Ter um pensamento crítico é ser razoável, ter um pensamento


reflexivo que é focado em decidir no que acreditar e o que
fazer.
• ... interpretar, analisar, avaliar e sintetizar informações para
formar um bom entendimento, julgamento ou solução.
• ... uma habilidade de avaliar informação e opiniões em uma
eficiente maneira, proposital e sistematicamente.

Ser um pensador crítico não significa que você seja uma pessoa
crítica. Nós tipicamente pensamos sobre crítica no sentido de
alguém que sempre é negativo, apreensivo, levando os outros para
baixo, etc. Contudo, não é isso que estamos dizendo. Tampouco um
pensador crítico significa alguém sem imaginação ou indisposto a
considerar o ponto de vista de outros.

Lembro-me de um líder espiritual que compartilhou acerca de um


momento em que ele estava ouvindo no rádio outro ministro
pregando, e ele recorda que discordou dele em alguns pontos do
seu ensino. Em vez de desligar o aparelho por causa do desacordo,
o líder espiritual continuou ouvindo-o (mesmo que estivesse filtrando
enquanto ouvia), e posteriormente, ele nos disse que esse ministro
comunicou uma verdade marcante que respondeu a uma questão
acerca da qual ele pensara por anos. Ele disse que ficou feliz por
não ter desligado porque ele disse algumas coisas na mensagem
com as quais ele discordou.
Jó 34:3 diz: “Porque o ouvido prova as palavras, como o paladar,
a comida”. Enquanto precisamos ser cuidadosos para não
exaltarmos o nosso raciocínio acima de Deus e de sua Palavra,
Deus quer que usemos as nossas mentes (guiados por Sua palavra
e Seu Espírito) para discernirmos a verdade. Em Isaías 1:18, Deus
diz: “Vinde, pois, e arrazoemos…”. Observe que nós deveríamos
arrazoar com Deus, não contra Ele. Lógica e razão certamente não
são nossos deuses, mas elas são ferramentas a serem usadas para
estabelecer as nossas crenças e práticas. Por isso Paulo disse:
“Estude e esteja ávido ao máximo para apresentar-se a Deus
aprovado (testado pelo experimento), um trabalhador que não tem
do que se envergonhar, analisando corretamente e manejando com
precisão [manuseando corretamente e ensinando habilidosamente]
a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15, AMP).

Como líderes, Deus não nos chamou para sermos gurus. Como
liderados, Deus não nos chamou para sermos fanáticos. E Deus
certamente não chamou qualquer um de nós para sermos ingênuos.
Que Deus possa nos ajudar enquanto discernimos, abraçamos e
proclamamos a verdade.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Como você se sente na área da ingenuidade? Você acredita ter


um equilíbrio saudável entre o respeito aos outros e o pensar
biblicamente por si mesmo? Você é como um bereano que
recebeu “a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras
todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos
17:11)?
2. Você encoraja outros a aprenderem a pensar biblicamente por
eles mesmos e a não serem totalmente dependentes de você?

3. Você evita colocar outras pessoas sobre pedestais? Você


desencoraja outras pessoas a lhe colocarem sobre um pedestal?

4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
49Fest, Joachim E., The Face of the Third Reich: Portraits of the Nazi Leadership (Boston;
Da Capo Press, 1970), 75.
50 Metaxas, Eric. Bonhoeffer (Nashville: Thomas Nelson, 2010), Prefácio.
Capítulo Vinte e Um

“Não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais,


para os filhos.”
— 2 Coríntios 12:14

Pensamento-chave: Verdadeiros pais espirituais buscam o bem-


estar e o aperfeiçoamento daqueles a quem eles servem.

A
lguns anos atrás, quando eu estava me preparando para
ministrar em uma conferência internacional de ministros, o
missionário anfitrião perguntou se eu poderia ensinar não
apenas acerca de “Como ser um Timóteo”, mas também sobre
“Como ser um Paulo”. Ele explicou que houve um racha significativo
em seu país entre “pais” espirituais e “filhos” espirituais.

Ele disse que alguns “filhos” estavam sendo treinados e então


minando os pastores e dividindo suas igrejas. Além disso, alguns
pastores temiam tal revolta e fugiam de qualquer “filho” que parecia
ter potencial ministerial antes que tais problemas pudessem se
levantar. Existiam problemas em ambos os lados.

Também já ouvi a respeito de situações em que os chamados


“pais espirituais” ofereceram seus serviços (por um preço), mas
parece questionável saber se seus esforços foram realmente para o
desenvolvimento e o progresso dos filhos, ou se eles estavam
meramente criando uma hierarquia autopromovida e cultivando a
lealdade dos filhos a eles mesmos. Não consigo imaginar Paulo
endossando uma abordagem de “alugue um pai” para o ministério!

Relacionamentos sadios e legítimos entre pai e filho continuam


importantes. O Dr. Howard Hendricks disse que existem “... três
tipos de relacionamentos de mentoreamento que um homem
desesperadamente precisa perseguir: um Paulo, um homem mais
velho que pode edificá-lo em sua vida; um Barnabé, um colega, um
irmão de alma com quem ele pode contar. E um Timóteo, um jovem
cuja vida ele está edificando”.51

Paulo era um pai espiritual não apenas para Timóteo e Tito, mas
também para as igrejas. Paulo, às vezes, referia-se a si mesmo no
papel de um “tipo de paternidade”. E ele articulou certas
características que exibiu para aqueles a quem ministrou. O que
observamos nessas passagens concernentes ao coração de um pai
espiritual?

• Ele não os bajulavam (1 Tessalonicenses 2:5). Paulo não os


mimava para que eles gostassem dele ou para que pudesse
tirar algo dos tessalonicenses.
• Paulo não era cobiçoso em relação a eles (1 Tessalonicenses
2:5). Ele não visou ter um relacionamento com eles como uma
forma de obter os seus bens.
• Paulo não buscava a glória dos homens, não procurava ser
exaltado (1 Tessalonicenses 2:6). Isso não diz respeito a Paulo
reunindo filhos para si, a fim de alimentar o seu próprio ego.
• O apóstolo Paulo não exigia deles. Ele não era controlador,
manipulador ou ditatorial (1 Tessalonicenses 2:6).
• Paulo, enquanto líder, demonstrava uma preocupação sincera e
compassiva sobre o bem-estar deles.
• Paulo era gentil para com eles (1 Tessalonicenses 2:7).
• Ele os nutria (1 Tessalonicenses 2:7).
• Ele ansiava afetuosamente pelos irmãos em Tessalônica (1
Tessalonicenses 2:8).
• Paulo não lhes deu apenas o Evangelho, mas deu sua própria
vida por eles (1 Tessalonicenses 2:8).
• Eles eram queridos por Paulo (1 Tessalonicenses 2:8).
• Paulo exortava, confortava, e cuidava de cada um deles, como
um pai faz com os seus filhos (1 Tessalonicenses 2:11).
• Sua energia e seus esforços foram direcionados para o
desenvolvimento espiritual deles (Gálatas 4:19).
• Paulo não estava interessado em envergonhá-los, mas se
sentia obrigado a avisá-los. Ele não os levou a uma viagem de
culpa ou os fez se sentirem intimidados (1 Coríntios 4:14).
• Ele era diferente de um mero mestre, não estava apenas
passando informação para os coríntios, mas ele os tinha
“gerado” pelo Evangelho e estava estabelecido como um
exemplo que eles poderiam seguir em seu desenvolvimento
espiritual (1 Coríntios 4:15-16).
• Paulo não estava buscando o que era deles (seu dinheiro), mas
buscava a eles (2 Coríntios 12:14).
• Ele estava disponível para investir e para se deixar gastar por
seus liderados, em outras palavras, Paulo estava disposto a
viver e a se doar sacrificialmente por eles, pelo avanço e
desenvolvimento deles (2 Coríntios 12:15).

Se você é um líder maduro, eu oro para que esses sejam os


traços que você irá exibir em relação àqueles a quem você tem o
privilégio de influenciar. Se você está em busca de uma figura
paterna, um mentor ou um modelo no ministério, eu acredito que
você irá manter esses traços em mente enquanto busca alguém que
possua uma boa influência e um bom exemplo para você.

Concluindo, deixe-me compartilhar a busca de um ministro por


alguns mentores. Muitos anos atrás, um bom amigo meu (pastor
Gerald Brooks) percebeu que ele precisava desenvolver-se em sua
vida e ministério, então solicitou mentoreamento de um ministro
mais experiente. Sua tentativa não foi recebida calorosamente, por
isso ele partiu para obter mentoreamento da melhor maneira que
sabia. Ele identificou três líderes cristãos que admirava e percebeu
a força distinta que cada um deles tinha.

Embora não conhecesse a personalidade de qualquer desses


homens, ele adquiriu tantos livros e fitas de ensino o quanto foi
possível. Por anos, estudou os escritos e ensinos desses homens
para absorver o máximo que podia. De um, ele focou em aprender
as verdades espirituais e bíblicas, do segundo, ele se concentrou
em aprender as habilidades pastorais, e do terceiro ele procurou
aprender os princípios de liderança.
Finalmente, ele foi capaz de encontrar e formar relacionamentos
com esses três homens, mas não até tê-los estudado à distância por
anos. Cada um desses ministros desempenhou um papel importante
de mentor e eles o ajudaram a se desenvolver em várias áreas de
sua vida.

Que Deus possa nos ajudar a seguir bons exemplos e a sermos


bons exemplos.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Referente à declaração de Howard Hendricks (“Todos precisam


de um Paulo, um Barnabé, e um Timóteo”) ... Quem tem sido
influente em mentorear você? Quem tem sido um Barnabé (um
encorajador) para você, e para quem você tem sido um Barnabé?
Quem é o Timóteo sobre quem você tem derramado a sua vida?
Você tem trabalhado para cultivar esses tipos de relacionamentos
em sua vida?
2. Ao analisar a lista de características dos pais espirituais, quantas
daquelas características estão presentes em sua vida?

3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
51 Hendricks, Howard. As Iron Sharpens Iron (Chicago, IL: Moody Publishers, 1995), 78.
A
:
Capítulo Vinte e Dois

“Trabalhar por tanto tempo sem uma pausa é uma forma de


orgulho.”52
— Dave Williams

Pensamento-chave: Líderes espirituais dedicam tempo para


aprender qual é o seu próprio ritmo, fazem pausas e buscam
rejuvenescimento durante a jornada.

M
uitos começam o seu trabalho no ministério com zelo,
dedicação, entusiasmo e idealismo. Afinal, o que seria
mais honroso do que ser chamado para trabalhar para
Deus, e o que poderia ser mais gratificante e recompensador do que
servir ao povo de Deus? Enquanto alguns mantêm a vibração e a
energia em alta em longo prazo, muitos líderes inadvertidamente
“dão de cara com a parede” em algum momento em suas jornadas.
De acordo com um levantamento, “45,5% dos pastores dizem que já
experimentaram depressão ou síndrome de burnout (esgotamento)
a tal medida que precisaram tirar uma licença para afastamento do
ministério”.53
Eles podem não ter previsto, ainda que tenham alcançado um
ponto de esgotamento e estejam já sem forças. Por muito tempo,
eles têm dado, dado e dado... muito mais do que recolheram. Eles
não se reabasteceram ou fizeram pausas suficientes. Talvez eles
tenham ficado tão ocupados ministrando a outros que se
esqueceram de monitorar sua própria saúde espiritual e emocional.
Talvez eles quiseram corresponder às expectativas impossíveis
(impostas por eles mesmos ou por outros) ou se desgastaram
lidando com pessoas difíceis, não cooperativas ou depreciativas.
Decepção e desilusão podem desgastar a motivação de um líder
espiritual, e ao longo do tempo, eles se encontram apenas tentando
manter a cabeça fora da água.
O que é a síndrome de burnout? Frank Minirth e Paul D. Meier
descrevem o burnout como “... uma perda de entusiasmo, energia,
idealismo, perspectiva e propósito. Ela pode ser vista como um
estado mental, físico e um esgotamento espiritual provocado por
estresse contínuo”.54 Um dicionário afirma que é “esgotamento físico
ou de força emocional ou motivação normalmente como resultado
de um estresse prolongado ou frustração”.55

O Dr. Richard A. Swenson fala sobre essa síndrome de


esgotamento no capítulo “Bacon Carbonizado” de seu livro, Margin
(Margem). Ele escreve: “Na próxima vez que você fritar bacon, deixe
uma tira na panela por quinze minutos extra. Então pegue-o e olhe
para ele. Ele está murcho, carbonizado, como uma tira dura e é
semelhante ao que uma pessoa experimenta com o burnout”.
Alguns dos sintomas e atitudes de alguém com a síndrome de
burnout incluem:

• Exaustão
• Depressão
• Irritabilidade, hostilidade
• Paranoia, desconfiança
• Afastamento, não envolvimento
• Várias doenças psicossomáticas
• Atitude de “Eu não aguento mais esse trabalho”
• “Eu tenho pavor de ir ao trabalho”
• “Eu prefiro ficar sozinho”
• “Eu não ligo”
• “Eu odeio isso”56

Gregory de Nazianzo, que ministrou no século 4, aparenta ter


lidado com a síndrome de burnout quando disse: “Estou gasto, Oh
meu Cristo, Sopro da minha vida. Surto e estresse perpétuos,
juntos, alongam o tempo nesta vida, esse negócio de vida. Lidando
com inimigos interiores e exteriores, a minha alma tem perdido sua
beleza, turvou sua imagem”.

Muito antes de Gregory expressar a sua experiência,


proeminentes figuras bíblicas, ocasionalmente, expressaram
diferentes níveis de angústia, frustração, desesperança e
desespero. A síndrome de burnout poderia ser afinal um fator que
contribui para a dor por trás de algumas dessas declarações?

• Moisés – “Eu sozinho não posso cuidar de todo este povo; isso
é demais para mim! Se vais me tratar desse jeito, tem pena de
mim e mata-me! Se gostas de mim, não deixes que eu continue
sofrendo deste jeito!” (Números 11:14-15, NTLH).
• Jó – “Eu prefiro ser estrangulado; é melhor morrer do que viver
neste meu corpo. Detesto a vida; não quero mais viver. Deixa-
me em paz, pois a minha vida não vale nada” (Jó 7:15-16,
NTLH).
• Elias – “e foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou,
sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer.
Então orou assim:–Já chega, ó SENHOR Deus! Acaba agora
com a minha vida! Eu sou um fracasso, como foram os meus
antepassados.” (1 Reis 19:4, NTLH).
• Jeremias – “Maldito seja o dia em que eu nasci! Esqueçam o
dia em que a minha mãe me deu à luz! Por que nasci? Será
que foi só para ter tristeza e dor e acabar a minha vida na
desgraça?” (Jeremias 20:14,18, NTLH).
• Paulo – “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a
natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi
acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da
própria vida. Porque, chegando nós à Macedônia, nenhum
alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas
por fora, temores por dentro” (2 Coríntios 1:8, 7:5).

Em todos esses casos, houve outros problemas e fatores


envolvidos além do burnout, mas algum tipo de esgotamento e
exaustão ocorreram enquanto esses homens lidaram com vários
fatores de estresse em suas vidas.
Quem é mais vulnerável à síndrome de burnout? Gary R. Collins
escreve: “A síndrome de burnout é comum em todas as profissões
de auxílio, inclusive o pastorado. Ela ocorre com mais frequência em
pessoas perfeccionistas que são idealísticas, profundamente
comprometidas com o seu trabalho, relutantes a dizer não, e
inclinadas a serem viciadas em trabalho”.57

Chaves para Prevenir e se Recuperar de um


Desgaste
1. Conheça a Verdadeira Natureza de Deus
Como você reconhece Deus? Alguns parecem pensar que Deus é
como um dos capatazes severos do Egito que estavam
constantemente exigindo mais e mais. A Bíblia diz: “Por isso os
egípcios puseram feitores para maltratar os israelitas com trabalhos
pesados. E assim os israelitas construíram as cidades de Pitom e
Ramessés, onde o rei do Egito guardava as colheitas de cereais... e
os tornaram escravos, tratando-os com brutalidade. Fizeram com
que a vida deles se tornasse amarga, obrigando-os a fazer trabalhos
pesados na fabricação de tijolos, nas construções e nas plantações.
Em todos os serviços que os israelitas faziam, eles eram tratados
com crueldade” (Êxodo 1:11, 13-14, NTLH).
Se você se sente impelido e não importa o que você faça, nunca é
o bastante, então você pode ter uma visão distorcida de Deus.
Lembre-se de que é o inimigo que procura nos levar a uma
sensação de pânico; Deus nos guia com uma sensação de paz.

Não é errado trabalhar pesado, mas tenha certeza que o seu


trabalho pesado é motivado pelo amor de Deus, e não por uma
sensação de compulsão. “Compulsão é um desejo insaciável de
fazer mais e ser mais. É um desejo que pode ser mascarado por
motivos positivos e caridosos, mas, na verdade, pode ser originado
no íntimo do ser humano, talvez mesmo que inconscientemente por
sentimentos de inadequação e vergonha.”58
Considere estes versículos:

Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto


das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas
veredas da justiça por amor do seu nome.
— Salmos 23:2-3

Como um pastor cuida do seu rebanho, assim o SENHOR


cuidará do seu povo; ele juntará os carneirinhos, e os carregará
no colo, e guiará com carinho as ovelhas que estão
amamentando.
— Isaías 40:11 (NTLH)

Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as


suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus
seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho
um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os
deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu
ponho sobre vocês é leve.
— Mateus 11:28-30 (A Mensagem)

Conhecer a verdadeira natureza de Deus é uma coisa; contudo,


tomar parte da Sua natureza é outra coisa. O Salmo 34:8 diz: “Oh,
provai e vede que o S é bom…” Comunhão com Deus
através da oração e alimentar-se de Sua Palavra são essenciais.
2. Estabeleça um Ritmo Saudável
Quando entendermos que Deus não é um capataz severo, que
está estalando o chicote e fazendo pedidos irracionais, seremos
capazes de entrar em um ritmo que é sustentável para nós e para
aqueles que lideramos. Se formos impulsivos, nós levaremos outros
a serem da mesma forma. Se aprendermos nosso próprio ritmo,
então seremos bons exemplos e uma influência positiva sobre
outros.

Um exemplo clássico desse princípio encontrado na Bíblia


ocorreu quando Jacó encontrou o seu irmão, Esaú, depois de
muitos anos de separação. O relacionamento deles havia sido tão
tenso que Jacó não estava certo de como Esaú o receberia. Ele
seria hostil ou amigável? Quando o encontro acabou sendo
amigável, Esaú quis que Jacó viajasse com ele e essencialmente
disse: “Segue-me, e eu irei acertar o ritmo para ti e para aqueles
que viajam contigo”. Veja como isso se desenvolveu, e
especialmente como Jacó respondeu.

Então Esaú disse: “Bem, vamos embora; eu vou na frente”.


Jacó respondeu: “Meu patrão, o senhor sabe que as crianças
são fracas, e eu tenho de pensar nas ovelhas e vacas com
crias. Se forem forçados a andar depressa demais, nem que
seja por um dia só, todos os animais poderão morrer. É melhor
que o meu patrão vá na frente deste seu criado. Eu vou atrás
devagar, conforme o passo dos animais e dos meninos, até que
chegue a Edom, onde o senhor mora”.
— Gênesis 33:12-14 (NTLH)
Insegurança, medo ou um desejo de não entristecer Esaú
poderiam ter feito Jacó ignorar o bem-estar daqueles que estavam
confiados a ele. Mas Jacó demonstrou sabedoria e compaixão
quando ele disse: “Eu vou atrás devagar, conforme o passo dos
animais e dos meninos”. Então, em essência, ele disse: “Nós
chegaremos lá quando chegarmos, e então o veremos, mas eu não
vou ferir aqueles que estão sob os meus cuidados para tentar me
manter bem com você, ou superar suas expectativas”.

Líderes espirituais precisam ser sábios para aplicar a estratégia


de Jacó. Tenha certeza de que você está considerando o bem-estar
do seu cônjuge e filhos assim como dos seus trabalhadores
enquanto você segue a sua jornada. Lembre-se de que aqueles que
o amam são afetados pelo seu ritmo. Como meu amigo Gerald
Brooks diz: “Líderes espirituais precisam não apenas considerar sua
própria tolerância à dor no ministério, mas também a tolerância dos
seus cônjuges”.

Richard A. Swenson disse: “Nós precisamos ter espaço para


respirar. Precisamos de liberdade para pensar e permissão para
curar. Nossos relacionamentos têm estado fadados à morte por
causa da velocidade. Ninguém tem tempo para ouvir, muito menos
para amar. Nossas crianças caem feridas ao chão, atropeladas pela
alta velocidade das nossas boas intenções. Deus é a favor da
exaustão? Ele não guia mais as pessoas às águas tranquilas?”59

3. Encontre o Ritmo Que Deus Ordenou para a sua Vida


Todos nós ouvimos o velho ditado: “Todo o trabalho sem diversão
faz de Jack um bobão”. Existe uma grande verdade nisso. Richard
Exley escreveu: “Tome um minuto e pense sobre isso. Você está
vivendo em qual ritmo de vida? Qual é o seu equilíbrio entre
trabalho, descanso, adoração e diversão? Você é realizado? Os
relacionamentos mais importantes da sua vida são como deveriam
ser? Você tira tempo para si mesmo? Para Deus? E quanto à
diversão? Você se diverte vivendo assim?”60

Se você tem tendências a ser viciado em trabalho, então essa


declaração pode ser desafiadora de se ouvir. Eu era assim. Quando
uma pessoa está trabalhando para Deus, é fácil negligenciar outros
relacionamentos e atividades, e parecer tão virtuosa enquanto faz
isso. Contudo, Deus não nos criou simplesmente para ser uma
máquina de trabalho que incessantemente produz resultados.

Paulo disse que Deus “... tudo nos proporciona ricamente para
nosso aprazimento” (1 Timóteo 6:17). Se é esse o caso, nós
deveríamos desfrutar das coisas naturais, relacionamentos, vida,
etc. Contudo, nós não poderemos fazer isso se estivermos
exclusivamente obcecados com trabalho. Precisamos rir, muito! Não
podemos nos levar tão a sério. Todos na igreja têm uma vida fora da
igreja, e nós também precisamos ter. Passatempos podem ser uma
ajuda dando descanso dos pensamentos constantes sobre o
ministério. Nosso cérebro precisa de tempo para descansar e
“recriar!”

Charles Spurgeon sabiamente disse: “Repouso é tão necessário


para a mente quanto o sono é para o corpo... Se não
descansarmos, teremos um colapso. Até mesmo a Terra precisou
ficar de repouso e ter os seus sábados, da mesma forma nós. Daí a
sabedoria e compaixão do Nosso Senhor, quando Ele disse: ‘Vamos
ao deserto descansar por enquanto’”.61 A passagem a qual
Spurgeon se refere aqui é Marcos 6:31. Está escrito: “E ele lhes
disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque
eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os
que iam e vinham”. Jesus não defendeu a pegar mais e mais
pesado o tempo todo; Ele defendeu o descanso.

Enquanto não estamos debaixo do Antigo Testamento, a “Lei” do


Sábado, existe um princípio do Sábado que permanece, e
deveríamos ser sábios em honrá-lo. Pausas são imperativas!
Pequenas paradas são importantes, mas grandes pausas também.
Não se engane evitando dias livres e férias!

4. Tome Cuidado de Si Mesmo


Paulo falou para Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás
tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Timóteo 4:16).
Líderes espirituais são com frequência eficientes em cuidar de
outros, mas eles, às vezes, são negligentes em cuidar de si
mesmos. Trabalhar para Deus é maravilhoso, mas não é um
substituto para cuidar corretamente da saúde do corpo, mente e
emoções. Quão bem estamos cuidando de nós mesmos?

• Como está a sua dieta? Você está comendo comidas


saudáveis?
• E quanto aos exercícios?
• Você está descansando o suficiente? Dormindo bem?
• Quando foi a última vez que você viu o seu médico ou fez um
exame físico?
• Como está o seu relacionamento pessoal com Deus? Você só
interage com Deus relativo ao seu ministério, ou você desfruta
de comunhão com Ele, alimentando-se da Sua Palavra e
desfrutado da Sua presença, em um nível pessoal?
• O que você tem feito para se divertir recentemente? O que você
faz para se divertir regularmente?

Em seu marcante livro sobre a síndrome de burnout, Wayne


Cordeiro diz: “Não esquecemos que somos cristãos. Esquecemos
que somos humanos, e que apenas um descuido pode debilitar o
potencial do nosso futuro”.62

5. Mantenha-se Emocionalmente Sadio


Como está a sua alma?

• Você sabe o seu valor intrínseco como um filho de Deus? Você


está mantendo um senso de autoestima positiva a respeito do
seu desempenho e da opinião de outros?
• Você está praticando a arte do contentamento?
• Você está desfrutando de alegria em sua vida?
• Você tem um senso de resiliência? Você ainda dá uma
“ressaltada” antes de responder às adversidades?
• Você está processando bem as emoções?
• Você é honesto com relação à raiva, frustrações e decepções?
• Você já lidou com temores não resolvidos em sua vida?
Ofensa?
• Você já derramou o seu coração para Deus ou você suprime o
que é negativo e mantém a fachada?
• O Salmo 23:3 (“Refrigera a minha alma?”) é uma realidade para
você?

Existe alguma crença errada que o tem mantido preso? Alguma


das frases a seguir faz parte da sua conversa consigo mesmo?

• Deus só me amará se eu agir perfeitamente.


• Eu preciso ter a aprovação dos outros para me sentir bem
comigo mesmo.
• Se algo está errado, deve ser culpa minha.
• Eu preciso fazer tudo perfeitamente.
• Eu preciso ser forte e estar no controle.
• Ninguém pode ver qualquer fraqueza em minha vida.

6. Mantenha os Fogos de Casa Acesos


Deus não nos chamou para sacrificarmos as nossas famílias no
altar do ministério. Seu relacionamento com sua esposa e filhos
precisa ser uma prioridade. Você não pode se permitir ser tão
drenado, tornar-se desgastado e exaurido pelo seu ministério, de
forma que não tenha sobrado nada para investir em casa. Você
precisa ter tempo de qualidade com o seu cônjuge, e você deveria
levar a sério qualquer aviso ou preocupação que o seu cônjuge
expressa.
Se você tem crianças ou adolescentes, tenha certeza de que você
é uma grande parte de suas vidas. Um dos pontos altos da minha
vida foi quando fui capaz de ser o treinador do grupo de basquete
do meu filho quando ele era jovem. Fomos afortunados de trabalhar
para um pastor sênior que encorajava todos da equipe a serem
altamente envolvidos nas vidas dos filhos.

7. Conheça os Seus Limites


Paulo disse: “Estamos presos aos limites estabelecidos por Deus”
(2 Coríntios 10:13, A Mensagem). Faríamos bem em fazer o
mesmo. Sempre que possível, deveríamos focar no que fazemos
bem, e delegando funções, deixar outros prosperarem naquilo em
que eles têm o dom.

Se você tende a ter um senso superestimado da sua própria


importância, seria bom lembrar-se com frequência das seguintes
declarações:

• Eu não sou o Messias.


• Eu não sou o Espírito Santo.
• Eu não sou indispensável.
• Eu não sou onisciente, onipresente, nem onipotente.
• Eu não posso suprir cada necessidade.
• Está tudo bem para mim no tocante a estabelecer limites e dizer
“não” a certas coisas.
• Eu tenho permissão para delegar e compartilhar a carga do
trabalho com outros.
Jesus sabia quando dizer “sim”, e quando dizer “não”. Nós
observamos exemplos na Bíblia quando Ele delimitou limites e disse
“não”, permanecendo dentro dos limites do Seu chamado.

• Jesus disse “não” a Pedro quando ele tentou redirecionar o


curso de Jesus do caminho que envolvia sofrimento (Mateus
16:23).
• Ele disse “não” para o povo que queria mantê-lo em um lugar e
impedi-lo de pregar em outros locais (Lucas 4:43).
• Jesus disse “não” ao povo que queria fazer dele um rei “natural”
(João 6:15).

Bill Cosby teve uma boa compreensão quando disse: “Eu não
conheço a chave para o sucesso, mas a chave para falhar é querer
agradar a todo mundo”.

8. Receba Ministração
Você pode ter ouvido a frase: “Quando a sua despesa excede a
sua renda, sua manutenção torna-se a sua queda”. Alguns têm dito
isso no contexto das finanças, mas isso também é verdade
concernente aos nossos recursos espirituais e emocionais. É fácil
ficar tão envolvido em dar e servir a outros, que o líder
simplesmente não toma tempo para reabastecer o seu próprio
reservatório.

Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e


chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o
recebeu na casa dela. Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do
Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava. Marta estava
ocupada com todo o trabalho da casa. Então chegou perto de
Jesus e perguntou: “O senhor não se importa que a minha irmã
me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela
venha me ajudar”. Aí o Senhor respondeu: “Marta, Marta, você
está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas
uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta
ninguém vai tomar dela”.
— Lucas 10:38-42 (NTLH)

Ninguém pode culpar Marta por sua ética de trabalho, mas ela foi
além do esforço consciente. De acordo com esses versículos, ela
estava distraída, preocupada e desapontada. Graças a Deus pelos
trabalhadores, mas não podemos trabalhar o tempo todo. Jesus viu
um valor enorme no desejo de Maria em receber a ministração, e o
chamou de “a melhor de todas”.

9. Tenha um Amigo
Líderes espirituais precisam de alguém com quem eles possam
conversar aberta, franca e livremente. Eles precisam de alguém com
quem eles possam ser reais, alguém com quem eles não precisem
ser “profissionais” ou impressionar, alguém com quem eles possam
ser totalmente transparentes e esquecer-se da própria “imagem”.
Tipicamente, a pessoa que representa esse papel é outro líder,
talvez um mentor ou conselheiro, alguém que possa ser confiável.

O isolamento é um convite para o desastre para o ministro e para


qualquer crente, contudo 70% dos pastores indicam que eles não
têm alguém que considerem um amigo.63 Não podemos esquecer a
admoestação de Provérbios 27:17: “Como o ferro com o ferro se
afia, assim, o homem, ao seu amigo”.

Pensamento Conclusivo
Não posso imaginar outro líder enfrentando mais estresse e
pressão do que o apóstolo Paulo enfrentou. Entre açoites, prisões e
naufrágios, Paulo também disse: “Tenho tido trabalhos e canseiras.
Muitas vezes tenho ficado sem dormir. Tenho passado fome e sede;
têm me faltado casa, comida e roupas” (2 Coríntios 11:27, NTLH). A
despeito de tudo isso, Paulo estava determinado a terminar a sua
carreira com alegria (ver Atos 20:24). Existem dois tipos de líderes
espirituais: aqueles que acabam a sua carreira com alegria, e
aqueles cuja carreira está acabando com eles. Determine-se a estar
no primeiro grupo.

Se você estiver experimentando algum nível de síndrome de


burnout, por favor, saiba que Deus é por você, não contra você. Ele
quer trazer uma rica restauração sobre sua vida. Isaías profetizou
sobre o Messias dizendo: “Não quebrará o caniço rachado, e não
apagará o pavio fumegante” (Isaías 42:2, NVI).
Isaías 40:29-31 (A Mensagem) fala mais da natureza restauradora
de Deus: “Ele fortalece os que estão cansados, renova as forças
dos que desistiram. Pois até os jovens se cansam e desistem, os
jovens na flor da idade tropeçam e caem. Mas os que esperam no
Eterno renovam suas forças. Abrem as asas e voam alto como
águias, correm e não se cansam, andam e não ficam exaustos”.

Enquanto andamos na sabedoria de Deus, eu creio que a


admoestação de Paulo será cumprida em nossas vidas: “Não se
deixem esgotar: mantenham-se animados e dispostos” (Romanos
12:11, A Mensagem). A versão amplificada desse versículo diz:
“Nunca fique lento no zelo nem no anseio ardente; esteja brilhando
e queimando no Espírito, servindo ao Senhor”.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Como você sente que tem ritmado a si mesmo e se reabastecido


durante seu tempo servindo a Deus? Isso tem sido uma prioridade
e disciplina que você tem mantido, ou você tem negligenciado o
seu bem-estar físico e emocional enquanto tem servido a outros?
2. Qual tem sido a sua percepção de Deus? Você O tem visto como
um duro capataz ou um pastor gentil? Você se sente forçado em
seu trabalho para Ele, ou tem sido guiado em paz?
3. Quão bem equilibrado é o ritmo da sua vida nas áreas da
adoração, trabalho, descanso e diversão?

4. Volte e revise os pontos de “Mantenha-se Emocionalmente


Sadio”. Faça uma autoanálise. Existem alguns ajustes que você
precisa fazer?

5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
52 Wiliams, Dave, Emerging Leaders (Lansing, Al. Decapolis Publishing, 2005), 115.
53London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books,
2008), 172.
54Minirth, Frank e Meier, Paul D., How to Beat Burnout (Chicago, LA, Moody Press, 1986),
15.
55 www.merriam-webster.com
56 Swenson, Richard A., M. D, Margin (Colorado Springs, CO: NavPress, 1992), 70.
57 Collins, Gary R., Christian Counseling (Dallas, TX: Word Publishing, 1988), 35.
58 Robert Hemfelt, Frank Minirth e Paul Meier, We are Driven (Nashville, TN: Thomas
Nelson Publishers, 1991), 6.
59 Swenson, Richard A., M. D., Margin (Colorado Springs, CO: NavPress, 1992), 30.
60Exley, Richard, The Rhythm of Life (Tulsa, OK: Honor Books – A Division of Harrison
House, 1987), 15.
61 Spurgeon, C. H. Letters to My Students (Grand Rapids, Zondervan, 1954), 160.
62 Cordeiro, Wayne, Leading on Empty (Minneapolis, MN: Bethany House, 2009), 13.
63London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books,
2008), 264.
A
:
-
Capítulo Vinte e Três

“Orem para que estejamos protegidos dos malfeitores, que


querem nos prejudicar. Penso que nem todos os ‘cristãos’ são
de fato cristãos.”
— 2 Tessalonicenses 3:2 (A Mensagem)

Pensamento-chave: Líderes espirituais que desejam ser bem-


sucedidos terão de aprender como lidar com pessoas difíceis.

V
ocê conhece aquele personagem infantil chamado O
Grinch? A criatura hostil, que estava determinada a arruinar
o Natal e roubar a alegria dos cidadãos de Whoville?
Apesar de ter conseguido roubar os seus presentes e decorações, o
Grinch, um verdadeiro estraga-prazeres, descobriu que os
habitantes daquela cidade eram tremendamente resilientes, e
celebraram o feriado apesar do seu plano de acabar com a festa.
Existem pessoas assim, verdadeiros estraga-prazeres com os quais
todos nós temos de lidar, pessoas que tentarão tirar a nossa alegria,
se nós permitirmos.

Nunca me esquecerei de quando um dos graduados da nossa


escola bíblica voltou e encontrou-se comigo, depois de pastorear
por um bom tempo. Ele disse: “Quando nós estávamos na escola
bíblica, lembro-me de ter sido alertado por diversas vezes a respeito
de não me tornar um desses pastores que batem no rebanho. Mas
vocês não me alertaram a respeito das congregações que comem
os seus pastores no almoço”.

Depois de perceber que muitos dos membros da igreja são


bondosos, atenciosos e amáveis, o livro Pastors at Greater Risks
(Pastores em grandes riscos) declara que: “... algumas
congregações têm um indivíduo ou um pequeno grupo de pessoas
que ferem os pastores e causam danos horríveis na vida da
congregação. Alguns pastores que têm sofrido em suas mãos
chamam essas pessoas de assassinos do clero. Psicólogos podem
chamá-los de antagonistas patológicos. Geralmente, eles são parte
de uma voz ou minoria controladora que causa tamanho caos que o
pastor que sofre o dano sai e a congregação é deixada para juntar
os pedaços”.64

Marshall Shelley descreve alguns dos que causam problemas nas


igrejas: “Dentro da igreja, eles geralmente são sinceros, santos
bem-intencionados, mas deixam atrás de si feridas, relacionamentos
tensos e rastros de ressentimentos. Eles não se consideram
pessoas difíceis. Eles não passam noites pensando em maneiras de
como serem desagradáveis. Muitas vezes, eles são pilares da
comunidade, talentosos, de personalidade forte, merecidamente
respeitados, mas por alguma razão, eles minam o ministério da
igreja. Eles não são naturalmente rebeldes ou patológicos; eles são
membros fiéis da igreja, convencidos de que estão servindo a Deus,
mas acabam fazendo mais mal do que bem”.65

Shelley prossegue listando alguns tipos e pessoas que trazem


tristeza aos líderes espirituais:

• O Cão de Caça – Sempre apontando para o que outros


deveriam fazer.
• O Cobertor Molhado – Transpira negatividade, é contagioso.
• O Empreendedor – Usa as conexões da igreja para,
agressivamente, construir o seu negócio.
• O Financiador Inconstante – Tenta controlar a igreja por meio
de doações ou ameaça sonegar as finanças.
• O Intrometido – Excessivamente envolvido nos negócios dos
outros.
• O Atirador de Elite – Não dirá coisa alguma face a face, mas
fala dos líderes pelas costas.
• O Contador – Mantém o controle de cada erro que os líderes
cometem.
• O Comerciante de Sujeira – Atrai outras pessoas
descontentes, ouve ansiosamente e incentiva a insatisfação
delas.
• O Legalista – Tem opiniões rígidas de como tudo deveria ser
feito.66

Lembro-me de visitar um pastor anos atrás que, durante a nossa


conversa, fez uma referência passageira a alguns dos seus
membros “RGE”. Não tive tanta certeza do que ele disse, então eu
apenas continuei ouvindo. Alguns minutos depois, ele fez a
referência aos “RGE” novamente. Dessa vez eu o interrompi e
disse: “Você se referiu a alguns dos membros ‘RGE’? O que isso
significa?”

Ele sorriu e disse: “Desculpe-me, esse é um termo que eu uso


com a minha equipe. Significa ‘Requer Graça Extra’. Existem
algumas pessoas que são um pouco difíceis, e nós sempre
precisamos olhar para Deus para alcançarmos uma graça extra
quando temos de lidar com elas”.
A lista de Shelley é apenas uma pequena amostra dos tipos de
pessoas difíceis que podemos encontrar em nossa jornada de vida e
ministério.

Les Parrott identifica outros em seu livro intitulado: High


Maintenance Relationships (Relacionamentos de manutenção
elevada).

• O Crítico – Reclama constantemente e dá conselhos


indesejados.
• O Mártir – Sempre é a vítima e é devastado pela
autocomiseração.
• O Desanimador – Pessimista e automaticamente negativo.
• O Rolo Compressor – Cegamente insensível aos outros.
• O Fofoqueiro – Espalha rumores e compartilha os segredos.
• O Controlador Anormal – Incapaz de deixar passar algo.
• O Esfaqueador de Costas – Um duas caras irrepreensível.
• O Ombro Gelado – Ele se desprende e evita conflito.
• O Monstro Roxo – Ferve de inveja.
• O Vulcão – Solta fumaça e sempre está pronto para entrar em
erupção.
• O Esponja – Constantemente em necessidade, mas nunca dá
nada de volta.
• O Concorrente – Sempre controlando o “olho por olho”.
• O Cavalo de Trabalho – Sempre empurrando e nunca
satisfeito.
• O Namorador – Transmitindo insinuações que margeiam o
assédio.
• O Camaleão – Ansioso para agradar e evita conflitos.67

Às vezes, é apenas um pequeno aborrecimento lidar com


personalidades irritantes. Outras vezes, é francamente perigoso.
Jesus alertou os Seus discípulos acerca de como lidar com pessoas
difíceis quando disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o
meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e
símplices como as pombas. E acautelai-vos dos homens; porque
vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas”
(Mateus 10:16-17).

O apóstolo Paulo encontrou mais do que a quantidade normal de


pessoas difíceis. Ele falou por experiência que teve “muitas lágrimas
e provações” por causa da oposição religiosa (Atos 20:19). Ele
disse: “[Eu tive de] enfrentar ladrões, lutar com amigos e inimigos...
Também fui traído pelos que pensei ser meus irmãos” (2 Coríntios
11:26, A Mensagem).

Doze Coisas Que Você Precisa Saber Quando


Estiver Lidando com Pessoas Difíceis
1. Permaneça Focado no Positivo
Quando uma pessoa é ferida em relacionamentos da igreja,
facilmente ela se torna cansada e estressada. Uma pessoa pode
esquecer as 100 pessoas que são positivas e encorajadoras caso
fique consumida com a pessoa que está causando dor e dificuldade.

Mantenha uma atitude positiva e se recuse a permitir que


detratores tirem a sua alegria. Provérbios 3:4 diz que nós podemos
“encontrar favor com Deus e com o povo”. Sem dúvida, Jesus
encontrou grande oposição, mas Ele também experimentou um
grande favor com Deus e os homens (ver Lucas 2:52). Um líder
espiritual não pode se permitir desenvolver uma mentalidade de
vítima ou um complexo de mártir. Revirar-se na lama da
autocomiseração não ajudará de maneira alguma, e não levará a
qualquer resultado positivo.

É importante ter relacionamentos saudáveis! Todos nós


precisamos de força e encorajamento que vêm de relacionamentos
positivos. Tenho sempre estudado relacionamentos na Bíblia,
especialmente os que envolvem Paulo. Em 2 Timóteo, na última
epístola que Paulo escreveu, podemos observar uma lista de
pessoas com as quais Paulo interagiu. Vamos dividi-la em duas
categorias.

Relacionamentos Negativos Que Paulo Experimentou


• “Você já sabe que todos os irmãos da província da Ásia,
inclusive Fígelo e Hermógenes, me abandonaram” (2 Timóteo
1:15, NTLH).
• “Porque Demas, tendo amado o presente século, me
abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a
Galácia, Tito, para a Dalmácia” (2 Timóteo 4:10).
• “Estes se desviaram da verdade, asseverando que a
ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns”
(2 Timóteo 2:18).
• “Alexandre o latoeiro me fez tantos males...” (2 Timóteo 4:14).
• “Da primeira vez fui trazido diante do juiz, ninguém veio comigo.
Todos me abandonaram” (2 Timóteo 4:16).

Quanto abandono e abuso uma pessoa assim poderia suportar?


Paulo poderia ter facilmente sido profundamente desencorajado por
tudo o que lhe aconteceu, e ainda assim haveria um tom de triunfo
em sua última epístola. Certamente Paulo tinha uma fé forte, mas
ele também permaneceu ciente dos relacionamentos positivos em
sua vida, mesmo quando algumas das pessoas envolvidas estavam
distantes. Paulo não permitiu a si mesmo ficar obcecado com o
negativo; ele se deleitava na riqueza de seus relacionamentos.

Relacionamentos Positivos Que Paulo Experimentou


• “Timóteo, meu filho querido” (2 Timóteo 1:2).
• Onesíforo “... ele frequentemente me visitou e encorajou...
procurou por toda parte até me encontrar... você sabe bem o
quão útil me foi em Éfeso” (2 Timóteo 1:16-18, NLT).
• “Lucas está comigo…” (2 Timóteo 4:11, NLT).
• “Marcos... será útil em meu ministério” (2 Timóteo 4:11, NLT).
• Paulo mencionou Tíquico (2 Timóteo 4:19). Em Efésios 6:21
(NLT), ele o chamou, “... um amado irmão, ministro fiel, um
conservo no Senhor”.
• Paulo se referiu a Priscila e Áquila (2 Timóteo 4:19). Em outro
lugar ele fala deles como, “... cooperadores em Cristo Jesus,
que arriscaram o próprio pescoço por minha vida, a quem... eu
agradeço” (Romanos 16:3-4 NLT).
• Acima de tudo, Paulo era grato pela fidelidade de Deus. “Mas o
Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu para que eu
pudesse pregar as Boas Novas... E ele me resgatou da morte
certa. Sim, e o Senhor me livrará de todo o ataque maligno e
me trará a salvo para o Seu Reino celestial” (2 Timóteo 4:17-18,
NLT).

Talvez a razão por que Paulo tinha tanto vigor, tanta perseverança
e tanta resiliência, é porque ele tirou tanto encorajamento e força de
todos os relacionamentos positivos em sua vida. Ele permaneceu
grato e apreciativo pelo positivo, mesmo no meio de grande
negatividade.

2. O Conflito É Universal
Por toda a Bíblia, conflito, tensão e atrito entre pessoas eram
muito comuns.

• Adão culpou Eva.


• Caim matou Abel.
• Os servos de Ló não puderam permanecer com os servos de
Abraão.
• Jacó e Esaú tiveram uma forte briga.
• José foi odiado pelos seus irmãos, traído e vendido como um
escravo.
• Jó foi atormentado e duramente criticado por aqueles que ele
acreditava serem seus amigos.
• Davi teve de se esquivar das lanças de Saul.
• O próprio Davi lidou traiçoeiramente com Urias, ignorou o
estupro de sua filha, e teve de fugir da insurreição rebelde de
seu amargurado filho, Absalão.
• Davi falou daqueles que o odiaram com aversão cruel, dos que
o odiaram sem causa e daqueles que o odiaram injustamente
(Salmos 25:19; 35:19; 38:19).
• Elias fugiu das ameaças de Jezabel.
• Herodes tentou matar Jesus quando Ele era uma criança
pequena.
• Quando adulto, Jesus foi traído por um dos Seus próprios
discípulos.
• Paulo teve uma grande discussão com Barnabé e um confronto
face a face com Pedro.
• Evódia e Síntique foram cotrabalhadoras no Senhor, mas foram
exortadas a conviver com outros e resolver suas diferenças.

Quando está sob fogo, é tentador para um líder espiritual pensar:


“Se eu apenas fosse um líder melhor, isso não estaria acontecendo”.
Às vezes, é útil saber que você não é o primeiro líder a estar em
uma tempestade de conflitos. Também é bom saber que não é algo
pessoal (apesar de que possa parecer extremamente pessoal),
quando pessoas são críticas, descontente, reclamadoras, etc. Isso
geralmente é mais um reflexo do que eles são, e não
necessariamente um reflexo seu ou da sua liderança.

Também é possível começar a pensar: Se eu for para outra igreja,


eu não terei de enfrentar esse tipo de problemas. Contudo, o
problema é que onde quer que você vá, outras pessoas continuarão
a estar lá, e pessoas são pessoas. Você não pode fugir da natureza
humana.

Quando os crentes do primeiro século enfrentaram perseguição


por sua fé, Pedro os admoestou: “Resisti-lhe firmes na fé, certos de
que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa
irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que
em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido
por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar.” (1 Pedro 5:9-10).

Lembre-se, o conflito é universal. A questão não é se você irá


enfrentá-lo, a questão é como você irá gerenciá-lo. Deus tem
ajudado muitos outros em tempos assim, e Ele irá ajudá-lo também.

3. Existem Dois Tipos de Dor Que um Líder Espiritual


Encontrará
A primeira dor é o atrito. Atrito se refere à redução numérica. A
segunda é a dor da agressão. Essa se refere a pessoas que atacam
o líder.
Paulo experimentou atrito quando ele disse: “Estás ciente de que
todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e
Hermógenes” (2 Timóteo 1:15). É também o que ele experimentou
quando disse: “Demas me abandonou…” (2 Timóteo 4:10, NLT).

Até mesmo Jesus experimentou atrito em Sua posição (João


6:66-67). “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram
e já não andavam com Ele. Então, perguntou Jesus aos doze:
Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?’” Deus também
experimentou atrito em seu Reino. Lembre-se de que um terço dos
anjos seguiu Lúcifer em sua rebelião.
Líderes espirituais querem unir e influenciar pessoas, então
tipicamente eles são feridos quando indivíduos os deixam,
especialmente quando a partida é desagradável. Ministros
experientes:

• Não deixam partidas esmagá-los ou deixá-los calejados.


• Não abrigam falta de perdão, ofensa ou amargura sobre o
passado.
• Lideram com “mão aberta”, reconhecendo que as pessoas têm
livre-arbítrio e que elas, às vezes, escolhem ir para outras
direções.
• Sabem que o povo e o ministério pertencem a Deus, não a eles.
• Sabem que nem todas as partidas são da mesma forma.
• Alguns saem de uma maneira saudável, na vontade de Deus, e
deveriam ser celebrados. Mesmo quando uma partida não é
positiva, um líder precisa manter uma boa atitude, e fazer o
melhor possível, e se manter avançando.
• Usa as partidas como um tempo para avaliar métodos, o
ministério, etc... para aprender com a situação e fazer qualquer
ajuste necessário sem se tornar autocondenado.
• Focam nas pessoas que permanecem, não naquelas que
saíram.
• Mantêm a visão do grupo e erguem grupos para o futuro.

Paulo também experimentou a dor da agressão.

Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe


dará a paga segundo as suas obras. Tu guarda-te também dele,
porque resistiu fortemente às nossas palavras.
— 2 Timóteo 4:14-15

A tradução Weymouth diz isso da seguinte forma: “Alexandre, o


Latoeiro, mostrou hostilidade amarga em relação a mim…”.
Observe que nesse caso em particular, Alexandre parecia odiar a
mensagem de Paulo. Essa questão não era a respeito de Paulo em
si, era acerca da Palavra de Deus que ele pregava. Jesus disse:
“Vocês lembram-se do que eu vos tenho dito? ‘Um servo não é
maior do que o seu mestre’. Já que eles me perseguiram,
naturalmente eles irão persegui-los. E se eles me ouviram, também
os ouvirão” (João 15:20).

4. Quando Estiver Nadando com Tubarões, Não Sangre


Líderes espirituais que experimentaram a dor do atrito e sofreram
a agressão genuína podem atestar a verdade que Stuart Briscoe
articulou como as qualificações de um pastor: “A mente de um
estudioso, o coração de uma criança, e a pele de um rinoceronte”.68

Tenacidade e resiliência são necessárias para líderes espirituais


que cumprirão o seu desígnio.

E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém,


não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito
Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam
cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida
preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha
carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para
testemunhar o evangelho da graça de Deus.
— Atos 20:22-24

O caminho para impedir que as críticas e oposições nos destruam


é estar focado em um propósito maior do que o nosso ego. Paulo
entendeu que os ataques contra ele não eram pessoais, e que a
perseguição que ele encontrou era por causa da mensagem que ele
pregava. Paulo poderia ter evitado toda a perseguição fazendo uma
simples coisa: parando de pregar o Evangelho! A força de caráter,
no entanto, irá fazer com que uma pessoa invariavelmente avance
para o que é correto.
Martinho Lutero reconheceu o quão importante a força era em
uma liderança espiritual. Tendo ele mesmo enfrentado amarga
oposição, ele disse: “Um pregador precisa ser, ao mesmo tempo,
um soldado e um pastor. Ele precisa nutrir, defender e ensinar, ele
precisa ter dentes na sua boca e ser capaz de morder e lutar”.
Enquanto é verdade que líderes espirituais “... não militam segundo
a carne” (2 Coríntios 10:3) e “... nossa luta não é contra o sangue e
a carne” (Efésios 6:12), ainda assim, eles têm de ser duros quando
se trata de lidar com “lobos cruéis” (Atos 20:29).
A tenacidade foi enaltecida quando:

• Paulo falou aos Tessalonicenses para: “admoesteis os


insubmissos” (1 Tessalonicenses 5:14).
• Quando Timóteo foi encorajado a “combate, firmado nelas, o
bom combate” (1 Timóteo 1:18).
• Quando Paulo instruiu a Tito para: “Dize estas coisas; exorta e
repreende também com toda a autoridade. Ninguém te
despreze” (Tito 2:15).
• Quando Judas admoesta os crentes a: “... lutem de todo o
coração pela fé que nos foi confiada como um dom a ser
guardado e cultivado” (Judas 3, A Mensagem).

5. Quando Estiver Lutando Contra Dragões, Não se Torne


Um Deles
Salomão disse: “Acima de qualquer coisa guarda o teu coração,
porque ele determina o curso da tua vida” (Provérbios 4:23, NLT).
Quando estiver lidando com pessoas difíceis, é essencial guardar o
seu coração contra a amargura, o ressentimento e a ofensa. Não
permita uma pessoa com um comportamento inadequado arrastá-lo
para o nível dela. Aqui estão algumas coisas importantes para
lembrar:

• Não deixe o problema de outra pessoa tornar-se o seu.


• Não deixe a carnalidade de outras pessoas estimular a sua
carnalidade.
• Não deixe o pecado de outra pessoa levá-lo a pecar.
• Não viva a sua vida reagindo aos problemas “carnais” de
alguém. Viva a sua vida respondendo ao poder do amor de
Deus.

Jonathan Edwards disse: “Decisão: que todos os homens


deveriam viver para a glória de Deus. Segunda decisão: que se
outros viverão ou não, eu viverei”.
Seguir o exemplo de Edwards nos levará a ter os seguintes
propósitos:

• Eu andarei em amor, se outros o fizerem ou não.


• Eu demonstrarei o fruto do Espírito se outros o fizerem ou não.
• Eu manterei uma atitude piedosa se outros mantiverem ou não.
• Eu manterei a minha paz, não importando o quão tumultuada
qualquer situação se torne.

6. Não Presuma Que as Pessoas Sempre Retribuirão a Sua


Bondade
Nossas expectativas exercem grande influência na maneira como
reagimos às situações. Se nós esperamos que as pessoas sejam
sempre graciosas, apreciativas e bondosas conosco, então
provavelmente experimentaremos desilusões e decepções. É muito
bom termos uma perspectiva positiva na vida, mas nós deveríamos,
também, ser realistas nas nossas expectativas.
Infelizmente, existem pessoas que dão pouco apreço e não
demonstrarão uma gratidão apropriada. Talvez fosse o
entendimento de Paulo desse fato que o levou a dizer: “Eu de boa
vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa
alma. Se mais vos amo, serei menos amado?” (2 Coríntios 12:15).

Davi foi profundamente magoado pela maneira que as pessoas


reagiram a ele. Ele disse: “Pagam-me o mal pelo bem, o que é
desolação para a minha alma” (Salmos 35:12).

Ao longo dos anos, tenho falado com líderes espirituais que, como
Davi, foram entristecidos por pessoas que foram tão ingratas com
eles. De fato, é maravilhoso (e apropriado) quando pessoas
expressam gratidão para com aqueles que têm ministrado a elas,
contudo, isso não pode ser a nossa motivação como líderes
espirituais. Se servimos pelos elogios dos homens, nós podemos
ficar desapontados. Se servimos, entretanto, para a glória e honra
de Deus, nunca ficaremos desapontados. Nossa recompensa final
está nos céus.
Naquilo que ele chamou de “Os mandamentos Paradoxais,” Kent
Keith escreveu:

• Pessoas são irracionais, ilógicas e autocentradas.


• De qualquer maneira, ame-as.
• Se você fizer o bem, pessoas podem acusá-lo de ter segundas
intenções egoístas.
• De qualquer maneira, faça o bem.
• Se você é bem-sucedido, você ganhará amigos falsos e
inimigos verdadeiros.
• De qualquer maneira, seja bem-sucedido.
• O bem que você faz hoje será esquecido amanhã.
• De qualquer maneira, faça o bem.
• Honestidade e franqueza o tornam vulnerável.
• De qualquer maneira, seja honesto e franco.
• Os maiores homens e mulheres com as maiores ideias podem
ser derrubados pelos menores homens e mulheres com as
menores mentes.
• De qualquer maneira, pense grande.
• Pessoas gostam dos mais fracos, mas só apostam nos mais
fortes.
• De qualquer maneira, lute por alguns mais fracos.
• O que você investe anos construindo pode ser derrubado da
noite para o dia.
• De qualquer maneira, construa.
• As pessoas realmente precisam de ajuda, mas podem atacá-lo
se você ajudá-las.
• De qualquer maneira, ajude.
• Dê ao mundo o melhor que você tem, e você será chutado nos
dentes.
• De qualquer maneira, dê ao mundo o que você tem de melhor.69

Alguém adaptou levemente a peça citada e adicionou o seguinte


pensamento: “Veja, na análise final, de qualquer maneira, isso é
entre você e Deus. Nunca foi entre você e as pessoas”.

7. Nem Todos os Conflitos Serão Resolvidos da Maneira


Que Você Gostaria Que Fossem
É bom esforçar-se pelo melhor em cada relacionamento, mas não
temos a habilidade de fazer cada um se tornar exatamente como
gostaríamos que fosse. Paulo fez uma declaração muito
interessante sobre a responsabilidade do crente concernente a
relacionamentos: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz
com todos os homens” (Romanos 12:18).
Paulo está dizendo que deveríamos fazer tudo o que pudermos
para promover relacionamentos produtivos, saudáveis e positivos,
mas observe as qualificações que ele usa. Primeiro, “Se possível”
(implica dizer que nem sempre é possível), e segundo, “quanto
depender de vós” (implica dizer que a vontade, as decisões e ações
de outras pessoas estão envolvidas).
Muitos descobriram que mesmo que eles fizessem tudo o que
podiam, caminhando mais uma milha e exercitando a melhor
habilidade humana, evitando um conflito com outra pessoa, ainda
assim não funcionou da maneira que eles gostariam. Contudo,
algumas dessas mesmas pessoas descobriram que quando
entregaram a situação para Deus, a reconciliação acabou vindo,
mesmo depois de anos.
Existem momentos em que temos de entregar uma situação a
Deus e deixar um relacionamento tenso ou destruído em Suas
mãos, confiando Nele ao longo do tempo, a cura ocorrerá, enquanto
avançamos no plano de Deus para as nossas vidas nesse meio
tempo. O ponto de partida é que temos de fazer o melhor com o que
temos para fazer, e confiar em Deus para os melhores resultados.

8. As Pessoas Mais Próximas a Você Têm o Maior Potencial


de Feri-lo
Quando um líder espiritual se depara com um conflito com uma
pessoa periférica na igreja, pode ser aborrecedor. Contudo, quando
um líder espiritual tem um conflito com uma pessoa do núcleo da
igreja, com alguém muito próximo a ele, ou com um membro da
família que é altamente visível na igreja, isso pode ser devastador.
Jesus foi traído com um beijo, e Davi sabia da traição de seu
próprio filho, Absalão.

Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o


suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim,
pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu
companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos
nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus. A
sua boca era mais macia que a manteiga, porém no coração
havia guerra; as suas palavras eram mais brandas que o azeite;
contudo, eram espadas desembainhadas.
— Salmos 55:12-14, 21

Você percebeu a falsidade da pessoa que causou essa dor


intensa revelada no versículo 21? Palavras brandas? Ao longo dos
anos, tenho observado que existem três tipos de pessoas acerca
das quais líderes espirituais precisam ser cautelosos:

• O superespiritual
• O superdoce
• O superescorregadio
Quando uma pessoa for exagerada em alguns aspectos do seu
caráter, eu simplesmente o encorajo a ter cautela. Quando uma
pessoa, por exemplo, é excessivamente doce, eu sempre me
pergunto se isso é genuíno (e pode ser), ou se ela está
compensando algo. Todos nós apreciamos uma pessoa
verdadeiramente bondosa, mas eu tenho percebido que alguns que
parecem “hiperdoces”, estão de fato tentando encobrir uma
tendência à maldade no seu caráter.
Do mesmo modo, uma pessoa que vai além do normal para
impressionar você com sua extrema espiritualidade pode ser um
acidente de trem prestes a acontecer. Lembro-me de um jovem
ministro me contando que quando ele era candidato para uma
posição pastoral, uma senhora deu para ele uma profecia de que ele
deveria ser o novo pastor. Ele ficou animado com essa confirmação,
contudo, eu senti que deveria dar-lhe uma palavra de cautela. Eu
expliquei para ele que se essa senhora pudesse profetizar para ele
entrar na igreja, ela também poderia profetizar para ele sair da
igreja.
Não sou contra pessoas que são doces ou espirituais. Graças a
Deus por tais expressões, quando elas são genuínas. Contudo,
quando essas pessoas usam esses traços em uma tentativa de
conciliar e promover seus próprios interesses torna-se um grande
problema.
Quando se trata de superescorregadios (“malandros”), observe
que essas pessoas vêm com muita conversa. Quando uma pessoa
sempre tem um projeto grandioso em andamento e está
continuamente recrutando pessoas para a sua causa com
promessas luxuosas, então provavelmente problemas estão a
caminho.
Não seja paranoico, mas perceba que algumas pessoas tentarão
chegar perto de você (como um líder espiritual) para ganhar
influência pelo aparente relacionamento próximo a você.

9. Nem Todos os Conflitos São Entre Uma Pessoa Boa


(Você) e Uma Pessoa Má (A Outra Parte)
Nós gostamos de classificar a boa e a má pessoa em todos os
conflitos (e claro, nós entendemos que sempre somos a boa
pessoa). Mas, nem todo conflito é tão facilmente claro como Caim
matando Abel ou Judas traindo Jesus. Precisamos ser cuidadosos
para vermos tudo através do filtro de autojustificação, especialmente
quando estivermos experimentando um conflito com outra pessoa.
Quando eu dirigia uma associação ministerial, ocasionalmente
recebia uma ligação de um pastor que estava entristecido quanto a
um membro de sua equipe. O pastor focava as questões negativas
concernentes ao trabalho daquele membro da equipe. Muitas vezes,
ele apresentava a situação como se o ofensor membro da equipe
fosse como o Absalão maligno que estava se rebelando contra o
bom rei Davi.
Sem o conhecimento de qualquer das partes, recebi uma ligação
um ou dois dias depois daquele membro da equipe, reclamando de
dificuldades que ele estava experimentando com o pastor sênior
(aquele que havia ligado reclamando do membro da equipe). O
membro da equipe focou nas faltas do pastor, apresentando assim a
si mesmo como o jovem e fiel Davi que estava tendo de servir ao
mau rei Saul.
Normalmente, ambas as partes são boas pessoas que
simplesmente enfrentam conflitos de personalidade, e normalmente
esses indivíduos aprenderam a trabalhar com o outro. Efésios 4:2-3
diz: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos
diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da
paz”. Parte do versículo na versão A Mensagem diz: “... dedicando-
se uns aos outros com amor, considerando as diferenças entre
vocês, sempre resolvendo logo todo e qualquer desentendimento”.
Vocês se lembram da grande discussão que Paulo e Barnabé
tiveram a respeito do que fazer com João Marcos (Atos 15:36-40)?
Eles eram dois nobres e grandes homens. Acredito que ambos eram
sinceros em suas convicções, mas tinham posições e visões
diametralmente opostas. Paulo estava olhando para a situação de
uma perspectiva orientada pela tarefa, enquanto Barnabé era mais
pessoal em sua abordagem.
As diferenças entre eles, naquele momento, pareciam
completamente irreconciliáveis. Contudo, muitos anos depois de
Paulo se recusar a aceitar Marcos como parte do seu grupo, ele
disse: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o
ministério” (2 Timóteo 4:11). Graças a Deus que aquela ponte não
foi queimada completamente.
Quando você tiver um conflito, sonde destemidamente o seu
coração e veja se existe qualquer ajuste que você precisa fazer. Não
apenas presuma automaticamente (e de forma orgulhosa) que você
está 100% correto, e a outra parte está 100% errada. Nunca será
prejudicial nos certificarmos de que não estamos contribuindo para a
natureza problemática da situação.

E mais, não faça de qualquer desacordo uma quebra de


associação. Se você sente que deve se afastar dos caminhos de
alguém toda vez que você tem uma perspectiva ou opinião
diferente, então você irá terminar muito isolado e individualmente
sozinho.
Dar uma folga à outra parte, especialmente em questões não tão
críticas, é importante em todos os relacionamentos, especialmente
no matrimônio. O Dr. James Dobson disse: “Um bom casamento
não é um em que a perfeição reina; é um relacionamento em que
uma perspectiva saudável sobrepõe uma multidão de problemas
‘irresolvidos’”.70

O Dr. Dobson foi à origem das frustrações das mulheres, cujos


maridos não foram sensíveis às suas necessidades: “Meu conselho
é que você mude naquilo que pode ser alterado, explique o que
pode ser entendido, ensine o que pode ser aprendido, revise o que
pode ser melhorado, resolva o que puder ser definido, e negocie
aquilo que está aberto a acordo. Crie o melhor matrimônio possível
a partir da matéria-prima trazida de dois seres humanos imperfeitos
com duas personalidades únicas. Mas para todas as arestas que
precisam ser aparadas e as faltas que precisam ser erradicadas,
procure desenvolver a melhor perspectiva e determine na sua mente
aceitar a realidade exatamente como ela é. O primeiro princípio da
saúde mental é aceitar o que não pode ser mudado”.71
Quando você tiver de tolerar as imperfeições de outros e precisar
aparar algumas arestas, lembre-se de que eles provavelmente estão
fazendo a mesma coisa com você.

10.Mantenha Seu Senso de Visão, Foco e Propósito e Não


Fique Distraído por Conflitos de Personalidade
Quando Neemias estava reerguendo os muros de Jerusalém, ele
foi apaixonadamente consumido por um senso de missão e
propósito. Primeiro, seus inimigos (Sambalate, Tobias e Gesém)
zombaram e o criticaram, mas quando o significante progresso se
efetivou, eles o convidaram para vir e se encontrar com eles.
Contudo, Neemias viu além das intenções deles, recusou o seu
convite enganador, e respondeu: “Eu estou engajado em uma
grande obra, então não posso ir. Porque eu pararia de trabalhar
para ir encontrar você?” (Neemias 6:3, NLT). Neemias entendeu o
poder do foco. Ficar concentrado na sua missão era a principal
prioridade para ele.
Marshall Shelley escreveu:

Talvez o maior dano feito por verdadeiros dragões não foi em


sua oposição direta. É mais intangível. Eles destroem o
entusiasmo, a moral tão necessária para a saúde e o
crescimento da igreja. As pessoas não mais se sentem bem em
convidar amigos para os cultos de adoração. O ar está tenso, a
igreja abatida, e todos alertas a respeito de “nós” e “deles”.
O efeito sobre pastores é igualmente sério. Eles sugam a
energia dos pastores, e tão prejudicial quanto isso, eles o levam
a reagir em vez de agir.
“O problema real não é as suas francas ações”, observa um
pastor veterano. “Mas eles desviam sua atenção e o mantém
desprevenido mesmo que eles nunca se opuseram
abertamente a você. Você se encontra sem planejamento, sem
pensar no futuro, sem buscar uma visão para a igreja, você está
apenas tentando sobreviver.”
Se os pastores ficam preocupados com os dragões, com medo
de desafiá-los ou pelo menos muito preocupados com respeito
a “lutar apenas batalhas que precisam ser guerreadas”, eles
muitas vezes perdem sua espontaneidade e criatividade. A
mudança é sufocada, o crescimento atrofiado, e a direção do
ministério é definida pelo curso de menor resistência, o qual
como todos sabem, é o curso que faz rios tortuosos.
Se as primeiras vítimas em uma guerra contra dragões são a
visão e a iniciativa, a próxima vítima é o alcance.

Quando um pastor é forçado a se preocupar mais em apagar os


incêndios do que acender a chama da igreja, os dragões
venceram, e o ministério está perdido.72

Jesus enfrentou incontáveis distrações, e ainda assim


permaneceu focado em Sua missão. Isaías falou profeticamente do
Senhor Jesus Cristo quando disse: “Porque o S Deus me
ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu
rosto como um seixo e sei que não serei envergonhado” (Isaías
50:7).

Paulo descansava tão confortavelmente no cuidado do Senhor


concernente à sua vida que ele também se recusou a permitir que
as opiniões e críticas de outros o transtornassem. Sua determinação
é um grande exemplo para seguirmos.

Pouco importa o que vocês pensem ou digam a meu respeito.


Eu não me avalio. Nesse caso, os rótulos são irrelevantes.
Desconheço algo que me desqualifique na minha tarefa para
com vocês, mas isso não quer dizer muita coisa. O Senhor é
que faz este julgamento.
— 1 Coríntios 4:3-4 (A Mensagem)

11.Às vezes, Você Precisa Isolar o Problema


Billy Martin uma vez foi entrevistado e perguntaram o que o fez
ser um bem-sucedido técnico de um time de beisebol profissional.
Ele respondeu que em todos os times existem cinco jogadores que
o amam, cinco que o odeiam, e quinze que simplesmente querem
jogar. “Ser um técnico bem-sucedido”, ele continuou, “é manter os
cinco que odeiam você longe dos outros vinte”.73
Provérbios 22:10 diz: “Lança fora o escarnecedor, e com ele se irá
a contenda; cessarão as demandas e a ignomínia”. Romanos 16:17
declara: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam
divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que
aprendestes; afastai-vos deles”. Tito 3:10 diz: “Evita o homem
faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez”.
Tenho testemunhado muitas situações ao longo dos anos nas
quais havia algumas pessoas cronicamente descontentes na igreja.
Não importa o que a igreja ou o pastor fizessem, não estava certo,
havia uma contínua detecção de falhas, resmungos e críticas.
Quando a pessoa finalmente deixou a igreja (ou foi convidada a
sair), todos ficaram impressionados sobre o quão melhor a
atmosfera da igreja se tornou e quanto a moral global da igreja
melhorou.
É lamentável que esse tipo de coisa, às vezes, seja necessário,
mas se as pessoas não podem estar contentes onde elas estão,
deveria ser do melhor interesse de todos, se elas encontrassem
outro lugar onde pudessem ir e ser positivas e solidárias.
Infelizmente, esses tipos de pessoas carregam sua atitude com elas
onde quer que vivam, portanto, normalmente acabam sendo
descontentes em qualquer lugar.
Entretanto, líderes espirituais deveriam fazer tudo o que puderem
fazer para que os relacionamentos funcionem. Pedir a alguém para
sair deveria ser o último recurso, não a primeira opção.
Estive conduzindo uma reunião de ministros muitos anos atrás em
outro país, e nós tivemos uma sessão de perguntas e respostas.
Três dos pastores que perguntaram eram de certa cidade, e todas
as questões deles tinham a ver com, “Está tudo bem expulsar
alguém da igreja quando eles fazem isso”, e “Está tudo bem
expulsar alguém da igreja quando eles fazem aquilo?” Depois de
várias dessas perguntas, eu lembrei a eles de qual era o nosso
propósito na liderança espiritual, de que não é ver quantas pessoas
nós podemos expulsar das nossas igrejas, mas em vez disso,
quantas pessoas nós podemos manter lá.

Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender,


e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir,
paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na
expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas
também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do
diabo...
— 2 Timóteo 2:24-26

12.Escolha as Suas Batalhas


Quando Paulo escreveu a Timóteo acerca das qualificações dos
líderes espirituais (os anciãos), ele disse, entre outras coisas que
eles precisam ser: “... não violentos... porém cordatos, inimigos de
contendas…” (1 Timóteo 3:3). Em acréscimo, Paulo falou a Tito que
o bispo não pode ser “irascível” (Tito 1:7).
Se você já encontrou pessoas que eram contenciosas,
argumentativas, que tinham um pavio curto ou estavam procurando
por uma briga, então você entende por que tais pessoas
enfraquecem os líderes espirituais. Eles repelem e dispersam
outros; eles não atraem nem reúnem as pessoas. Paulo queria que
Timóteo evitasse esse tipo de interação e o instruiu: “E repele as
questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram
contendas” (2 Timóteo 2:23).
Existem algumas questões momentâneas, insignificantes e
periféricas que nunca deveriam se tornar um ponto controverso.
Como alguém disse, há certas montanhas que não vale a pena
escalar. O papa João XXIII sabiamente disse: “Veja tudo, deixe
passar uma grande parte e corrija um pouco”.
Provérbios 26:17 diz: “Quem se mete em questão alheia é como
aquele que toma pelas orelhas um cão que passa”. Até mesmo
Jesus recusou se envolver em certos conflitos. Quando alguém
pediu a Jesus para orientar a divisão de uma herança, Jesus
respondeu: “Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?”
(Lucas 12:14). Imediatamente, Jesus começou a abordar as
questões da ganância e cobiça, que podem ser os fatores
envolvidos em sua rejeição de tentar mediar aquelas disputas.
Até mesmo a sabedoria popular nos ensina a evitar o conflito
infrutífero e desnecessário:

• Nunca entre em uma batalha com pessoas perigosas porque


elas não têm nada a perder.
• Nunca lute contra um porco na lama. Vocês dois ficarão
imundos, e o porco ama isso.
• Nunca entre em uma batalha de cuspe com um gambá. Mesmo
que você ganhe, sairá fedendo!

Como líderes espirituais, nós deveríamos ser sábios para não


reagir a todo problema pequeno. Nós temos uma responsabilidade
de lidar com questões quando o bem-estar de outros crentes e a
saúde da igreja estão em jogo. Um mercenário pode fugir quando o
lobo vem, mas não o pastor (João 10:11-13).
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. O quão moderado você é quando é necessário lidar com conflitos


e pessoas difíceis? Você é mais como o velcro (onde as coisas
ficam pregadas) ou como o Teflon (onde as coisas deslizam e
passam por você)?
2. Releia as listas de tipos de pessoas difíceis de Marshall Shelley e
Les Parrott. Há um, ou alguns desses tipos de pessoas, sendo
especialmente difícil para você lidar? Que habilidades você tem
desenvolvido para lidar com tais pessoas?
3. Quando você leu o “Conflito É Universal”, e viu que Paulo teve
múltiplos encontros com pessoas difíceis, como você reagiu? O
que isso lhe diz sobre o modo como você lida com pessoas
difíceis?
4. Volte e revise o ponto 5 (Quando Estiver Lidando Contra Dragões
Não se Torne Um Deles). Como você está indo nessas áreas?
5. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura
deste capítulo?
64London, Jr. H. B. e Wiseman, Neil B. Pastors at Greater Risk (Ventura, CA: Regal Books,
2008), 52.
65 Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 11.
66 Ibid., 37-41.
67 Parrott, III, Les. High-Maintenance Relationships (Wheaton, IL: Tyndale House
Publishers, 1996).
68 Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 11.
69Keith, Kent, Anyway: The Paradoxical Commandments: Finding Personal Meaning in a
Crazy World (New York NY: G. P. Putman’s Sons, 2001), 16-17.
70 Dobson, James, What Wives Wish Their Husbands Knew About Women (Carol Stream,
IL: Tyndale House Publishers, 1975) 146.
71 Ibid.
72 Shelley, Marshall, Well-Intentioned Dragons (Waco, TX: Word Books, 1985), 41-42.
73Dale, Robert, Surviving Difficult Church Members (Nashville, TN: Abingdon Press, 1984),
35.
Capítulo Vinte e Quatro

T ?

“Carregar um rancor é como ser picado até a morte por uma só


abelha.”
— William H. Walton

Pensamento-chave: Viva livre da ofensa; deixe que os desafios do


ministério possam torná-lo melhor, não mais amargo.

V
ocê já percebeu quantas histórias diferentes e referências
existem na Bíblia sobre o povo de Deus encontrando
situações envolvendo algum tipo de envenenamento?

• Êxodo 15 – Quando o povo de Deus encontrou as águas


amargas de Mara, o Senhor mostrou a Moisés uma árvore.
Quando ela foi lançada nas águas, elas se tornaram doces (a
árvore prenunciava a cruz).
• Números 21 – Serpentes no deserto que mordiam as pessoas.
Deus direcionou Moisés a colocar uma serpente de bronze
sobre uma haste, quem quer que olhasse para ela seria curado
e viveria (veja João 3:14-15).
• 2 Reis 4 – Eliseu e os filhos dos profetas estavam comendo
guisado quando gritaram: “Existe morte na panela!” Eliseu disse
a eles coloquem farinha na panela, e “não havia nada nocivo na
panela”.
• Marcos 16 – Jesus disse que os Seus discípulos “pisariam em
serpentes, e se eles bebessem alguma coisa mortal, não
causaria dano algum”.
• Atos 28 – Após o incidente do naufrágio, Paulo estava
ajuntando gravetos para uma fogueira quando uma víbora “ficou
presa em sua mão”. Os nativos esperaram Paulo morrer, mas
ele sacudiu a serpente no fogo e não sofreu mal algum.

Uma das primeiras coisas que observamos é que Deus está


consistentemente providenciando aos Seus servos um antídoto,
protegendo-os do envenenamento, e até mesmo transformou
amargura em doçura. Mas, eu tenho de perguntar, por que tantas
histórias sobre amargura e envenenamento? Existem algumas
lições adicionais, princípios e aplicações que podemos extrair
dessas histórias?
Não quero espiritualizar em excesso essas histórias, mas estou
ciente de que a vida é cheia dessas experiências que têm o
potencial de nos amargar, enchendo-nos de ressentimento e nos
deixando sentir a dor do arrependimento. Creio que Deus é tão
interessado em sermos livres daquele tipo de envenenamento tanto
quanto Ele protegeu o Seu povo nesses relatos bíblicos.

Provavelmente todos já ouvimos a frase: “A vida o tornará amargo


ou o tornará melhor”. Creio que a forma como damos respostas a
Deus irá determinar se acabaremos temperados ou envenenados.
Se alguém teve o direito (naturalmente falando) de sentir pena de si
mesmo, esse era Paulo. Ele fora fiel a Deus e ainda assim foi
transportado para Roma como prisioneiro. Ele suportou a horrível e
extensa tempestade no mar que resultou em um naufrágio, e teve
de nadar para garantir sua sobrevivência. Estava frio e chovendo
quando ele foi recolher gravetos para a fogueira, e então uma
serpente o mordeu. Esse não era um bom mês para a carta de
notícia do ministério de Paulo!

Nessa situação vivida por Paulo, amo o fato de que ele não
apenas sacudiu a serpente da sua mão no fogo, mas que pouco
depois disso, ele colocou as mãos sobre o pai de Públius e
ministrou cura para ele, assim como a muitos outros naquela ilha
(Atos 28:1-9). Então, em vez de ser envenenado, Paulo sacudiu a
cobra e terminou usando a mesma mão, a mesma que o inimigo
tentou injetar veneno, para trazer bênção a outros. Paulo era
verdadeiramente temperado pela graça, não envenenado pela
adversidade!

Quais são os potenciais venenos aos quais estamos expostos


hoje?

• Traição – alguém que você confiou e pensou que estava do seu


lado se volta contra você.
• Desapontamento – alguém não faz o que você esperava que
fizesse e o deixa frustrado.
• Promessas quebradas.
• Rejeição.
• Desrespeito.
• Ingratidão – você busca ajudar ou servir a outra pessoa, mas
suas ações não são apreciadas e são desconsideradas.
• Alguém é insensível a você ou falha em reconhecer as suas
necessidades básicas
• Crítica.
• Alguém mente ou faz fofoca a seu respeito.
• Alguém o mina, trabalhando contra você em vez de trabalharem
por você.
• Suas convicções e valores são desconsiderados.
• Pessoas posicionam demandas irracionais e expectativas em
você, e diminuem você quando não consegue cumpri-las.
• Falsas acusações. Você é culpado por coisas que não são
culpa sua.

Todas essas coisas podem nos envenenar se nós permitirmos.


Quando penso sobre como podemos reagir a tais mágoas trago à
memória a história a seguir, bem conhecida, que provavelmente
você já ouviu. (Não conheço o autor original.)

• Sacuda e Suba
• Certa vez, havia um fazendeiro que tinha uma velha mula. Um
dia a mula caiu no poço do fazendeiro. O fazendeiro ouviu a
mula zurrar, então ele correu para ver o que havia acontecido.
Depois de cuidadosamente avaliar a situação, ele decidiu que
nem a mula nem o poço valiam a pena ser salvos. Ao contrário,
ele ajuntou os seus vizinhos, contou a eles o que acontecera, e
os pediu para ajudá-lo a carregar terra para enterrar a velha
mula no poço e acabar com seu sofrimento.
• No início, a velha mula ficou histérica! Contudo, enquanto o
fazendeiro e seus vizinhos jogavam as pás de terra e a terra
tocava as costas da mula... um pensamento lhe ocorreu.
Repentinamente ela pensou que toda vez que a areia pousasse
em suas costas ela poderia sacudi-la e subir sobre ela.
• Então foi exatamente o que ela fez, pá após pá de areia.
“Sacudir e subir, sacudir e subir, sacudir e subir”, ela repetiu
para encorajar a si mesma.
• Não demorou muito até que a velha mula ferida, suja e exausta
pisasse para fora do poço. O que parecia que iria enterrá-la, na
verdade, a abençoou, pela maneira como ela lidou com a
adversidade.

Como sabemos se somos temperados ou envenenados?


Considere alguns dos seguintes contrastes:

O Que Podemos Fazer?


• Tome uma decisão. Tome a decisão de que você deixará a
vida temperá-lo, não envenená-lo! Alguém disse: “Você cria as
suas decisões, e as suas decisões criam você”.
• Ande no poder do perdão. Dale Carnegie disse: “Quando
odiamos os nossos inimigos damos a eles poder sobre nós,
poder sobre o nosso sono, o nosso apetite e a nossa felicidade.
Eles dançariam de alegria se soubessem quanto nos
preocupamos por causa deles. Nosso ódio não os machuca
nem um pouco, mas ele transforma os nossos dias e as noites
em tumultos infernais”.
• Viva livre da inveja e abrace uma vida de gratidão. A. W.
Tozer disse: “Um coração grato não pode ser cínico”.
• Monitore as suas expectativas. Elas são realistas? Muitas
vezes, o senso de decepção que experimentamos é
intensificado por nossas expectativas irrealistas. Por exemplo,
se nós pensamos que tudo acontecerá sempre da nossa
maneira e que todos irão nos tratar de forma agradável,
estamos nos condicionando para a desilusão.
• Veja a figura completa. Charles Noble disse: “Você precisa ter
longo alcance para impedi-lo de ficar frustrado com falhas de
pequeno alcance”. Em vez de focar em situações imediatas,
precisamos considerar a perspectiva de longo alcance,
especialmente as ramificações eternas das nossas vidas.
Martin Luther King Jr. disse: “Precisamos aceitar decepções
finitas, mas nunca podemos perder a esperança infinita”.

Creio que todos esses princípios são parte de terminar o nosso


curso com alegria! Que Deus ajude cada um de nós a nos
tornarmos seguidores de Jesus bem temperados.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Você sente que tem sido capaz de ficar livre da amargura em sua
vida? E quanto à autocomiseração? Se você já teve esses
problemas em sua vida, quais foram os efeitos sobre você? Como
você venceu e ficou livre dessas coisas?
2. Você sente que tem desenvolvido as habilidades da “velha mula”,
ao lidar com circunstâncias negativas?
3. Refletindo sobre a citação de A. W. Tozer: “Um coração grato não
pode ser cínico”, qual o seu nível de gratidão na vida?

4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
Capítulo Vinte e Cinco

“Há tantas opiniões quanto existem especialistas.”


— Franklin Delano Roosevelt

Pensamento-chave: Líderes espirituais sábios aprendem como


rejeitar o veneno da crítica, mas aprendem com ela, caso haja algo
a ser extraído disso.

L
embro-me, quando eu era jovem, de assistir a certas
modalidades olímpicas, como patinação e ginástica, em que
os juízes faziam a contagem de pontos dos atletas. Existia
um painel de juízes de diferentes países, e eles sempre lançavam
fora as notas mais altas e mais baixas para determinar a nota final.
Pensei a respeito disso à luz do elogio e crítica (especialmente da
crítica) que, às vezes, encontramos na vida. Não seria grandioso se
nós pudéssemos nos tornar bem desenvolvidos em nossa
habilidade de lançar fora a crítica injusta bem como a bajulação que
inflama o ego?

Você tem tido alguém no seu pé ultimamente? Você sente que


alguém tem sido apontado como o “Apóstolo da Correção” em sua
vida? Você tem lidado com uma crítica injusta e desleal? Se a
resposta for “sim”, para qualquer dessas questões, então creio que
essa informação será útil para você. Se você aprender a lançar fora
as notas mais baixas, então você será capaz de focar em quem
você realmente é no que você foi chamado para fazer.

Abraham Lincoln certamente teve de lançar fora as notas mais


baixas, para liderar de forma bem-sucedida a nação durante a sua
presidência. No museu de Lincoln, em Springfield, Illinois, existe
uma área chamada “A Galeria do Sussurro”, que é uma galeria
escura e distorcida onde vozes cruéis podem ser ouvidas falando
contra o presidente. Essas paredes são forradas com artigos de
jornais e charges políticas que atacaram caluniosa e cruelmente o
presidente e a Sra. Lincoln de formas muito pessoais.
A imprensa se referia a Lincoln como um “babuíno grotesco”, um
“advogado do interior de terceira categoria” que uma vez dividiu os
trilhos e agora divide a união, um “coringa grosseiro vulgar”, um
“ditador”, um “macaco”, um “palhaço” e outros nomes depreciativos.
Um dos jornais locais do seu estado até mesmo o chamou de “o
político mais astuto e desonesto que já desgraçou uma secretaria
nos Estados Unidos”.74

Como Lincoln respondeu a essa torrente de ataques? Ele disse:


“Se eu estivesse tentando ler, ou muito menos responder, todos os
ataques feitos a mim, este escritório poderia ser fechado e trocado
por qualquer negócio. Faço o melhor que sei, o melhor que posso; e
pretendo continuar fazendo até o fim. Se o fim me mostra que estou
errado, dez anjos jurando que fiz o certo não fariam diferença. Se o
fim me prova que estou correto, então o que é dito contra mim agora
não fará diferença alguma”.75

Se Lincoln tivesse guardado essas críticas no coração, eu não


acho que ele poderia ter realizado os seus deveres como
presidente. Biblicamente falando, Jesus era o objeto e o alvo de
tanto ódio que Ele tomou posse de uma passagem do Antigo
Testamento que diz: “Odiaram-me sem motivo” (João 12:15). Graças
a Deus que Jesus permaneceu focado em continuar a Sua missão a
despeito de opiniões e críticas de outros!

José
Pense no rancor direcionado a José durante o início de sua vida.
Seus irmãos o venderam para a escravidão. A esposa de seu chefe
falsamente o acusou e o lançou na prisão. Um homem que José
ajudou na prisão (o mordomo de Faraó) rapidamente esqueceu-se
de José a despeito das promessas de lembrar-se dele. Se José
tivesse guardado essas coisas em seu coração, ele poderia ter sido
um homem muito amargo e desmoralizado. Em vez disso, Jacó
disse sobre José: “Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele
e o aborrecem. O seu arco, porém, permanece firme, e os seus
braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo
Pastor e pela Pedra de Israel” (Gênesis 49:23-24).

Para ter sucesso, José teve de basear sua identidade e senso de


destino em uma coisa, e somente em uma coisa: o desígnio de
Deus para a sua vida. Ele não poderia alicerçar sua identidade ou
senso de destino no modo como seus irmãos o tratavam, na
maneira como a esposa de Potifar mentiu a respeito dele, em sua
prisão ou no esquecimento do mordomo. A única maneira de vencer
o medo da rejeição é valorizarmos a constante aprovação de Deus
acima da aprovação condicional das pessoas. As opiniões de outros
simplesmente não podem ter permissão para reger as nossas vidas!

Davi
Em algum momento, o jovem Davi teve de encarar as lanças que
Saul havia lançado contra ele. Uma opção era internalizar o trauma
e dizer: “Realmente deve ter alguma coisa errada comigo”. A partir
desse ponto, sua vida poderia ter culminado em vergonha,
inferioridade, autodúvida e humilhação. Se Davi tivesse feito isso,
ele teria continuado uma vítima dos caprichos, das inseguranças e
da paranoia de Saul. A outra opção era dizer a si mesmo a verdade
e entender que as lanças eram lançadas contra ele devido ao
problema que Saul tinha com ele mesmo. Isso teria feito Davi
perceber que a ira de Saul não era um reflexo da sua dignidade ou
valor, mas em vez disso, era meramente uma expressão da
disfunção interna não resolvida do próprio Saul.

Paulo
Outro personagem bíblico intensamente criticado foi o apóstolo
Paulo. Até mesmo os crentes em Corinto registraram sua opinião
inconstante sobre Paulo, relativo a outros ministros, fazendo de
Paulo uma parte indesejada em uma briga de popularidade. Imagine
o relógio correndo na borda da tela: “Se você considera Paulo
melhor do que Apolo ou Pedro, disque 0800-SIM-PAULO”. Qual era
a atitude de Paulo diante desses julgamentos? Ele não era movido
pelas críticas ou bajulações.

Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou


por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo.
Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso
me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor.
— 1 Coríntios 4:3-4

Pouco importa o que vocês pensem ou digam a meu respeito.


Eu não me avalio. Nesse caso, os rótulos são irrelevantes.
Desconheço algo que me desqualifique na minha tarefa para
com vocês, mas isso não quer dizer muita coisa. O Senhor é
quem faz este julgamento.
— 1 Coríntios 4:3-4 (A Mensagem)

Kenneth E. Hagin disse: “Paulo cresceu na graça a tal medida que


procurou recomendar-se somente a Deus. Ele não era influenciado
ou afetado pelo que outros pensavam dele. Ele não se colocava em
prisão por causa de alguém. Isso não era uma independência
carnal, mas uma dignidade santa. A lei do amor o governava. Ele
não ficava facilmente ensoberbecido, nem era melindroso ou
ressentido. Seu espírito, onde o amor de Deus foi derramado, o
dominava. Crentes imaturos se sentirão menosprezados ou
ensoberbecidos. Se eles são criticados, ou imaginam que estão
sendo, ficam inquietos, apreensivos e com pena de si mesmos. No
entanto, se eles são observados e apreciados eles se sentem
exaltados e cheios de importância própria. Cristãos infantis são
autoconscientes. E até mesmo conscientes do que os outros acham
deles. Portanto, eles são infantilmente ‘inconstantes’ popularmente
falando. O crente maduro é consciente de Deus. E até mesmo
consciente do que a Palavra de Deus diz sobre ele e para ele.
Porque ele é capaz de testificar com Paulo: ‘É uma coisa muito
pequena eu ser julgado por vós ou pelo julgamento do homem’, ele
é livre para andar e dar voz as suas convicções”.76
Em um nível prático, deveríamos sempre estar abertos a
melhorias. Isso pode envolver aprender e tirar vantagem até mesmo
da crítica. Contudo, na essência de quem somos, nunca devemos
permitir que qualquer crítica diminua o nosso valor intrínseco e
infinito como filhos de Deus. Nunca devemos dar a outros o direito
de rebaixar o nosso valor ou invalidar o nosso destino. Deus é
Aquele que nos chamou, e Ele é Aquele a quem teremos que
responder por último.

O que pode nos fazer vulneráveis às críticas de outros? Com


frequência, o medo do homem. Somos chamados para andar no
temor reverente do Senhor, não para sermos intimidados e
paralisados pelo medo do homem. Eu amo a atitude de Billy
Sunday. Ele disse: “Se você acha que alguém vai me assustar, você
não me conhece ainda”.

Quem teme ao homem arma ciladas, mas o que confia no


S está seguro.
— Provérbios 29:15

Temer o homem vai além de temer o mal físico. Muitos temem


rejeição, ridículo ou desaprovação. Alguns até mesmo tornam-se
“viciados em aprovação”, perseguindo obsessivamente a aprovação
humana a qualquer custo, e remoendo ansiosamente o que outros
pensam sobre eles. De fato, a versão A Mensagem parafraseia
Provérbios 29:25: “O medo da opinião dos homens pode paralisar; a
confiança no Eterno o protegerá disso”.
Isso me faz pensar muito melhor o quanto o corpo de Cristo,
crentes e líderes, têm sido paralisados e temos tido nosso potencial
minimizado devido ao medo do homem. Um exemplo clássico de
medo do homem é encontrado na maneira como certos indivíduos
respondem a Jesus.

Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele,


mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não
serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos
homens do que a glória de Deus.
— João 12:42-43 (NLT)

Quando indivíduos são regidos pelo medo do homem, eles irão


recolher suas próprias convicções e violar sua própria consciência.
Podemos perceber a partir desse versículo (e talvez por meio das
nossas próprias experiências e observações), que a pressão do
grupo não afeta apenas adolescentes. Se somos vencidos pelo
medo da opinião humana, é porque provavelmente temos
magnificado o homem e minimizado Deus em nossos pensamentos.

Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para que
temas o homem, que é mortal, ou o filho do homem, que não
passa de erva? Quem és tu que te esqueces do S , que
te criou, que estendeu os céus e fundou a terra, e temes
continuamente todo o dia o furor do tirano, que se prepara para
destruir? Onde está o furor do tirano?
— Isaías 51:12-13

Quando reverenciamos a Deus de forma apropriada em nossas


vidas e entendemos que a opinião Dele é aquela que importa
finalmente, iremos evitar o laço, a deficiência e a paralisia que vêm
do servilismo diante da desaprovação do homem.
Jesus demonstrou grande maturidade, até mesmo quando tinha
12 anos de idade. Quando Seus pais finalmente O acharam no
templo, Maria falou com Jesus com muita emoção. Lucas 2:48
descreve sua fala: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e
eu, aflitos, estamos à tua procura”.

Nem todos respondem bem a tal declaração, mas a resposta de


Jesus revela muito:

• Ele não respondeu com arrogância. A arrogância teria dito: “Eu


farei o que eu quiser, quando eu quiser, e como eu quiser e não
quero mais nenhuma palavra sua”.
• Ele não respondeu desculpando-se. Uma desculpa poderia ser:
“Desculpe-me. Eu nunca farei algo para chateá-los”.
• Ele não respondeu com assertividade. Jesus simplesmente
disse (Lucas 2:49): “Por que me procuráveis? Não sabíeis que
me cumpria estar na casa de meu Pai?” Jesus era tão seguro,
calmo, confortável e confiante na aceitação e aprovação de
Deus, que não precisou responder com arrogância ou se
acovardar em intimidação.
Se estivermos inseguros sobre o amor e a aceitação do Pai, então
tentaremos preencher esse vazio em nossas vidas com a aprovação
das pessoas. O problema aparece quando reconhecemos que o
amor e a aprovação do homem são tipicamente condicionais,
inconstantes e temporais. Como resultado, nunca estamos
verdadeiramente seguros porque o amor do homem é sujeito à
mudança. Contudo, o amor de Deus é incondicional, imutável e
eterno. Nele, achamos verdadeira segurança. Por isso é tão melhor
para nós andarmos no temor reverente e admiração por Deus, do
que ser uma “montanha-russa” emocional em busca da aprovação
do homem.

Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei”.


Portanto, sejamos corajosos e afirmemos: “O Senhor é quem
me ajuda, e eu não tenho medo. Que mal pode alguém me
fazer?”
— Hebreus 13:5-6 (NTLH)

Esse é o tipo de confiança que todo filho e servo de Deus deveria


ter. É importante entender que a liberdade do medo do homem não
envolve ter uma atitude altiva que diz: “Bendito seja Deus, eu não
ligo para o que qualquer pessoa pensa ou diz sobre mim”. É tão
maravilhoso ter segurança na aceitação de Deus que você não se
encolhe diante da rejeição ou desaprovação humana. Contudo, é
outra coisa ter uma atitude rebelde, arrogante, carnal e
independente que o leva a descuidar e desrespeitar outros.

Para entender apropriadamente qual deveria ser a nossa posição,


não apenas precisamos observar a perspectiva de Paulo em 1
Coríntios 4:3 (... pouco me importa como eu posso ser avaliado por
vós), mas também precisamos ouvir o sábio equilíbrio que ele
expressou posteriormente no mesmo livro.

Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer


outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. Vivam de tal
maneira que não prejudiquem os judeus, nem os não-judeus,
nem a Igreja de Deus. Façam como eu. Procuro agradar a
todos em tudo o que faço, não pensando no meu próprio bem,
mas no bem de todos, a fim de que eles possam ser salvos.
— 1 Coríntios 10:31-33

Paulo se contradisse? Sabemos que Paulo disse em outro lugar


(Colossenses 3:22) para não sermos alguém que agrada às
pessoas, mas agora ele descreve como ele sempre tenta agradar a
todos. Isso pode parecer um tanto paradoxal, mas não é
contraditório. Na verdade, Paulo está falando sobre duas questões
diferentes.

Em 1 Coríntios 10, Paulo não está descrevendo uma insegurança


ou um medo alicerçado na perseguição pela aprovação para o seu
próprio benefício, mas em vez disso, um esforço, fundamentado no
amor, para servir a outros para o benefício deles.
Observe os qualificadores de Paulo:

• Primeiro, ele diz que deveríamos fazer as coisas para a glória


de Deus.
• Segundo, ele diz que deveríamos evitar ofender ou ser um
obstáculo desnecessário que afasta as pessoas de Deus.
• Terceiro, vemos Paulo buscando agradar a outros (não apenas
a ele mesmo). Ele faz isso não pelo seu próprio benefício
pessoal (para satisfazer uma necessidade em sua própria vida),
mas para o benefício de outros a fim de que eles possam ser
salvos.

Como você tem feito com as opiniões dos outros? Há algumas


notas baixas, até mesmo vozes para diminuí-lo vindas do passado,
que você precisa lançar fora? Tem existido alguma “conversa fiada”
lançada no seu caminho que você precisa se levantar sobre ela? Há
algum elogio, uma nota alta que você precisa ignorar?

Lembre-se de que você é simplesmente quem Deus disse que


você é e quem Deus o criou para ser. Você não tem razão para se
sentir inferior, e nenhuma razão para se ensoberbecer.
Você é uma pessoa de grande valor porque Deus diz que você é.
Você tem um grande potencial porque Ele o tem presenteado e
chamado. Ande nisso, e se mantenha livre da prisão do medo das
pessoas.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Você tem aprendido a reconhecer e a evitar ficar soberbo por


causa de um elogio?

2. Você já se encontrou incapacitado pelo medo da opinião humana?


Como você venceu isso?
3. Quando você está lidando com um conflito, sua tendência é
responder desculpando-se, agressivamente ou assertivamente?

4. Qual a principal revelação que você recebeu a partir da leitura


deste capítulo?
74 Phillips, Donald T. Lincoln on Leadership (New York, NY: Warner Books, 1992), 66.
75 Burlingame, Michael. The Inner World of Abraham Lincoln (Champaign, IL: University of
Illinois Press, 1994), 193-194.
76Hagin, Kenneth E. Growing Up Spiritually (Tulsa, OK: Faith Library Publications, 1976),
41-42.
Capítulo Vinte e Seis

“De que maneira? Em paz com o Pai, e em guerra com os seus


filhos? Isso não pode ser.”
— John Flavel

Pensamento-chave: O ensino difundido por todo o Novo


Testamento nos lembra de quanto valor Deus atribui à unidade e
aos relacionamentos positivos no Corpo de Cristo.

C
ada trecho do Novo Testamento tem algo a dizer a respeito
de como devemos nos relacionar com outras pessoas.

• Como devemos amar e tratar um ao outro (encorajando,


edificando, etc.).
• Como construir proativamente relacionamentos positivos com
os outros.
• Vemos indivíduos navegando através de relacionamentos
difíceis, às vezes bem, outras vezes não tão bem.
• Somos desafiados a vencer a inclinação de nos distanciarmos
das pessoas.

Façamos uma verificação rápida dos livros do Novo Testamento


para observar o que eles dizem acerca de nos relacionarmos bem
uns com os outros. Às vezes, a referência é um mandamento. Em
outros momentos, é uma observação ou descrição, mas o modo
como nos relacionamos com os outros e o significado dos nossos
relacionamentos interpessoais são um tema importante do Novo
Testamento.

O Evangelho de Mateus
5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados
filhos de Deus.

5:23-24 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares


de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a
tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então,
voltando, faze a tua oferta.

18:15 Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só.
Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.

O Evangelho de Marcos
9:50 Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe
restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os
outros.

O Evangelho de Lucas
17:1-4 Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham
escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que
se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse
atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos.
Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se
arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e,
sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.

O Evangelho de João
13:34-35 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos
outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros.

17:20-23 (NTLH) Não peço somente por eles, mas também em


favor das pessoas que vão crer em mim por meio da mensagem
deles. E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás
unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem
também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me
enviaste. A natureza divina que tu me deste eu reparti com eles a
fim de que possam ser um, assim como tu e eu somos um. Eu estou
unido com eles, e tu estás unido comigo, para que eles sejam
completamente unidos, a fim de que o mundo saiba que me
enviaste e que amas os meus seguidores como também me amas.

Atos
2:1 ...eles estavam todos em um acordo, em um lugar.
2:46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o
pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e
singeleza de coração.
4:32 Da multidão dos que creram era um o coração e a alma.
Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que
possuía; tudo, porém, lhes era comum.
20:30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando
coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

Romanos
12:18 Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos
os homens...

14:19 Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da


edificação de uns para com os outros.

1 Coríntios
3:3-4 ...porquanto ainda sois carnais; pois, havendo entre vós
inveja e contendas, não sois porventura carnais, e não estais
andando segundo homens?
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; não
sois apenas homens?

6:6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante
incrédulos!
11:18 Porque, antes de tudo, estou informado de haver divisões
entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio.

13:4-7 O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em


ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz
inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se
exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.

2 Coríntios
12:20 Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na
forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do
que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras,
porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos.
13:11 Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-
vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de
paz estará convosco.

Gálatas
5:14-15 Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos
mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais
mutuamente destruídos.
5:26 Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos
outros, tendo inveja uns dos outros.
Efésios
4:1-3 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de
modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a
humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos
outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a
unidade do Espírito no vínculo da paz.

4:31-32 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e


blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os
outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como
também Deus, em Cristo, vos perdoou.

Filipenses
1:27 Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de
Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no
tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como
uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica...
2:2-4 ...completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma
coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o
mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas
por humildade, considerando cada um os outros superiores a si
mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu,
senão também cada qual o que é dos outros.
4:2 Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no
Senhor.
Colossenses
3:12-13 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos
outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de
queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim
também perdoai vós...

1 Tessalonicenses
5:12-13 Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os
que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos
admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração,
por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os
outros...

2 Tessalonicenses
1:3 Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a
vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o
vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando...

1 Timóteo
1:4 ...promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé.

5:1-3 Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a


pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães;
às moças, como a irmãs, com toda a pureza. Honra as viúvas
verdadeiramente viúvas.

5:17 Devem ser considerados merecedores de dobrados


honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os
que se afadigam na palavra e no ensino.

6:1 Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem


dignos de toda honra o próprio senhor…

2 Timóteo
2:24-25 Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a
contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir,
paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na
expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento
para conhecerem plenamente a verdade.

Tito
3:1-3 Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às
autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra,
não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos,
dando provas de toda cortesia, para com todos os homens. Pois nós
também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados,
escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e
inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.

Filemom
15-16 Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti
temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como
escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo,
especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne,
quer no Senhor.

Hebreus
10:24-25 (AMP) consideremos e sejamos atenciosos, e cuidando
continuamente de assistir uns aos outros, estudando como podemos
avivar (estimular e incitar) o amor e obras úteis e atividades nobres,
não esquecendo ou negligenciando o reunir juntos [como crentes],
como é o hábito de algumas pessoas, mas admoestando
(advertindo, instando e encorajando) um ao outro, e ainda mais
fielmente enquanto vedes que o dia se aproxima.

12:14-15 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual


ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém
seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz
de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela; muitos
sejam contaminados...

Tiago
3:16-18 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há
confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do
alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável,
plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.
Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que
promovem a paz.

5:16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai


uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia,
a súplica do justo.

1 Pedro
3:8-9 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos,
fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal
por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois
para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por
herança.

2 Pedro
1:5,7 ...reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa
fé… a fraternidade...

1 João
2:10-11 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele
não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está
nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as
trevas lhe cegaram os olhos.

3:11-12 Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é


esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era
do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou?
Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.

4:20-21 Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é


mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não
pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este
mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu
irmão.

2 João
5 E agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse
mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos
amemos uns aos outros.

3 João
5-8 Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os
irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais,
perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás
encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus; pois por
causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios.
Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos
cooperadores da verdade.

Judas
16 (NTLH) Esses homens estão sempre resmungando e
acusando os outros. Eles seguem os seus próprios maus desejos,
vivem se gabando e bajulam os outros porque são interesseiros.
19-20 São estes os que promovem divisões, sensuais, que não
têm o Espírito. Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé
santíssima, orando no Espírito Santo.

Apocalipse
2:4 (NTLH) Porém tenho uma coisa contra vocês: é que agora
vocês não me amam como me amavam no princípio.

A Bíblia reconhece que relacionamentos são vias de mão dupla.


Lembre-se do que Paulo falou em Romanos: “Se possível, quanto
depender de vós, tende paz com todos os homens” (12:18). Até
mesmo em relacionamentos que não funcionam bem, alicerçados
em decisões e ações de outros, nós podemos ainda assim manter o
nosso coração correto, nos mantermos positivos e andar em amor.

O ponto de partida é que podemos fazer a coisa certa e manter


uma boa atitude, mesmo que a outra pessoa não queira. Nossa
atribuição é fazer o melhor que pudermos a fim de cultivar e manter
o melhor relacionamento possível.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Você já havia observado o quão extenso é o ensino sobre


relacionamento ao longo do Novo Testamento? O que isso
comunica sobre a forma como Deus valoriza a maneira que
interagimos uns com os outros?

2. Qual versículo fala de forma mais poderosa com você sobre como
Deus espera que nos tratemos e trabalhemos uns com os outros?

3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
Capítulo Vinte e Sete

T ,
( )

“Nunca corte o que você pode desatar.”


— Joseph Joubert

Pensamento-chave: Aprender a trazer à tona o melhor das


pessoas e relacionamentos é uma das mais importantes habilidades
que um líder espiritual pode possuir.

Um Estudo de Caso Acerca da Insensibilidade


Houve um tempo na História em que o reino de Israel se dividiu,
mas muitos não se recordam de que evento promoveu essa divisão.
A divisão ocorreu quando o rei Roboão demonstrou insensibilidade
e dureza àqueles que estavam sob o seu cuidado e respondeu a
eles grosseiramente.

A influência de Roboão como um líder foi drasticamente diminuída


por causa da sua falta de diplomacia e tato em lidar com as pessoas
(ele perdeu 10 das 12 tribos). A parte mais triste foi que ele fora
avisado por conselheiros sábios exatamente como se relacionar
adequadamente com aqueles que estavam sob o seu cuidado (2
Crônicas 10:7): “Eles lhe disseram: Se te fizeres benigno para com
este povo, e lhes agradares, e lhes falares boas palavras, eles se
farão teus servos para sempre”.
Em vez de responder ao povo severamente, Roboão teria sido
sábio em atentar para as palavras de Provérbios 15:1: “A resposta
branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”.

Quebras de relacionamentos podem ocorrer por muitas razões,


contudo, não queremos negligenciar e perder essa importante lição
concernente a tato e diplomacia.

Mas Eu Não Quero Ser Alguém Que Agrada a


Todos
Muitos hesitam diante do pensamento de “agradar as pessoas”,
porque eles pensam na falsidade da qual Colossenses 3:23 fala.
Não querem ser como o líder artificial, bajulador, de duas caras que
eles já viram falando com uma voz suave e agradável na tentativa
de abrir seu caminho para o topo. Apesar disso, ainda existe um
lado positivo em agradar as pessoas. Considere essas duas
passagens dos escritos de Paulo:

Assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a


todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos,
para que sejam salvos.
— 1 Coríntios 10:33

Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom


para edificação.
— Romanos 15:2

O motivo para agradar as pessoas é a chave. Paulo não estava


em uma briga pela popularidade (Gálatas 1:10), não estava
obcecado em ser politicamente correto, ele não estava buscando
agradar as pessoas para um ganho pessoal. Em vez disso, ele
procurou edificar pontes que serviriam posteriormente para os
propósitos do Reino. Ele foi muito deliberado e intencional nisso
(veja 1 Coríntios 9:19-23).

Conteúdo, Tempo e Tato


A comunicação efetiva, a qual é uma das nossas maiores
ferramentas na edificação de relacionamentos positivos, envolve
três componentes-chave:

• Conteúdo (o que dizer)


• Tempo (quando dizer)
• Tato (como dizemos)

Infelizmente, muitas pessoas parecem focar exclusivamente no


conteúdo em sua comunicação, enquanto ignoram os componentes
vitais de tempo e tato. O que dizemos (conteúdo) é importante, mas
não nos foi dito apenas para falar a verdade, mas para falar a
verdade em amor (Efésios 4:15). O amor não apenas considera o
conteúdo ou a exatidão da mensagem, mas também considera o
bem-estar do ouvinte e se preocupa o suficiente para buscar a
melhor maneira para comunicar a verdade. Neste capítulo, iremos
falar do tato, e é essencial entender que até mesmo o melhor
conteúdo pode ser minado significativamente se não exercermos a
sabedoria e a sensibilidade em como o comunicamos.

Tato é definido como:

• Um senso apurado de o que dizer ou fazer para evitar ofender


alguém.
• Habilidade em lidar com situações difíceis ou delicadas.
• Um senso apurado do que é apropriado, de bom gosto ou
esteticamente agradável.
• Sabor.
• Discriminação.

Ouvi rapidamente uma história imaginativa que ilustra o


significado de tratar as pessoas com tato. Um rei chamou um de
seus videntes para inquirir a respeito de seu futuro. O vidente
respondeu: “Você viverá para ver todos os seus filhos mortos”.
Ouvindo isso, o rei irou-se e ordenou que o vidente fosse morto. O
rei então fez a um segundo vidente a mesma pergunta. Esse vidente
disse: “Você será abençoado com uma longa vida, e morrerá em
uma idade madura. Você viverá mais do que todos os da sua
família”. O rei ficou satisfeito e galardoou esse vidente com ouro e
prata. Ambos reportaram basicamente os mesmos fatos, mas
apenas um deles teve tato na maneira de comunicar a mensagem.

Grande Sabedoria
Discutindo as razões por que ministros falham, Gordon Lindsay
disse: “... uma das maiores causas de falha é a falta de delicadeza
ou tato. Muitos ministros possuem todas as qualificações para o
serviço, exceto uma. E por que eles não têm isso? Acontece em
grande parte porque eles não tiram tempo para dominá-la. Tato é
delicadeza para com outros; é sensibilidade à atmosfera do
momento; é uma combinação de interesses, sinceridade e
fraternidade, dando a outro companheiro um senso de bem-estar na
sua presença. Em uma palavra, é o amor cristão, a prática da regra
de ouro”.77
Oswald Sanders, outro grande líder espiritual, disse: “O
significado original da palavra ‘tato’ se refere ao senso de toque, e
veio a significar a habilidade em lidar com pessoas ou situações
sensíveis. Tato é definido como ‘a percepção intuitiva,
especialmente uma percepção rápida e fina do que cabe e é próprio
e correto’. Isso alude à habilidade de alguém de conduzir
negociações delicadas e assuntos pessoais de uma forma que
reconhece os direitos mútuos, e ainda guia a uma solução
harmoniosa”.78
J. G. Randall declarou: “Tato é uma quantidade de qualidades
trabalhando mutuamente: compreensão da natureza humana,
simpatia, autocontrole, um talento especial de induzir os outros a um
autocontrole, evitar ser desajeitado, prontidão para dar a uma
situação imediata uma mente compreensiva e um segundo olhar.
Tato não é apenas bondade, mas uma bondade habilidosamente
estendida”.
Baltasar Gracian disse: “Cultive o tato, porque é a marca de
cultura… o lubrificante das relações humanas, suaviza contatos e
minimiza fricções”.

O comentarista bíblico Alexander Maclaren comentou: “Bondade


faz uma pessoa mais atrativa. Se você quiser ganhar o mundo, faça-
o derreter, e não o martele”.
Outro sábio disse: “Tato é a arte de argumentar, sem fazer um
inimigo”.

Se alguma pessoa entendeu que era impossível agradar a todos,


esse foi o presidente Abraham Lincoln. Ele guiou os Estados Unidos
através dos dias mais difíceis e divididos. Entendendo a importância
de manter bons relacionamentos sempre que possível e evitar todas
as ofensas desnecessárias, Lincoln disse: “A nitidez de uma recusa
ou a proximidade de uma censura podem ser anuladas por uma
história apropriada de modo a poupar sentimentos feridos e ainda
servir ao propósito”. Em outras palavras, Lincoln sabia que ele tinha
de tomar decisões duras que nem todos concordariam, mas ele
buscou comunicar aquelas decisões e posições de uma maneira
que causasse o mínimo de dano, e que poderia esperançosamente
facilitar relacionamentos positivos em seu intercurso.
Considere os seguintes versículos que lidam com graciosidade na
comunicação:

• OS Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba


dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as
manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os
eruditos (Isaías 50:4).
• Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra
dita a seu tempo (Provérbios 25:11).
• Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma
e medicina para o corpo (Provérbios 16:24).
• Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras
de graça que lhe saíam dos lábios, e perguntavam: Não é este
o filho de José? (Lucas 4:22).
• A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,
para saberdes como deveis responder a cada um (Colossenses
4:6).

As Limitações do Tato
Seria enganoso dar a impressão, contudo, de que a delicadeza e
a diplomacia são varinhas mágicas que garantem o sucesso em
todas as situações. O fato de que você faz a sua parte, exercendo
sabedoria e graciosidade, não garante que outros irão agir
automaticamente da forma que você gostaria que eles agissem. As
pessoas se maravilharam com as palavras graciosas que foram
proferidas por Jesus, mas Ele ainda assim foi crucificado. João foi
conhecido como “O Apóstolo do Amor”, mas ele ainda acabou
sendo exilado na ilha de Patmos.

Independentemente da reação dos outros, se eles fazem a coisa


certa ou não, continuamos com a responsabilidade de nos
tornarmos os melhores comunicadores que pudermos, andando em
bondade e sabedoria e fazendo tudo o que está em nosso poder,
com a ajuda divina, para edificar os melhores relacionamentos que
pudermos com as pessoas.
Que Deus nos dê sabedoria enquanto tomamos a decisão de que
as nossas palavras irão ministrar graça para todas as pessoas que
as ouvem.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Você em algum momento já experimentou a realidade de


Provérbios 15:1 “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra
dura suscita a ira”?

2. Como você avalia suas próprias habilidades de tato e diplomacia?


Se você precisa de melhorias, quais áreas você deve trabalhar
especificamente?

3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
77 Lindsay, Gordon. The Charismatic Ministry (Dallas, TX: Christ for the Nations,
Reimpressão, 1979) 11.
78Sanders, J. Oswald, Dynamic Spiritual Leadership (Grand Rapids: Discovery House
Publishers, 1999), 31.
A
:
Capítulo Vinte e Oito

E ,

“O engano nunca se mostra na sua realidade nua, a fim de não


ser descoberto. Ao contrário, ele se veste elegantemente, para
que o incauto seja levado a crer que ele é mais verdadeiro do
que a própria verdade.”79
— Irineu de Lyon

Pensamento-chave: A sã doutrina e as práticas saudáveis devem


ser a marca registrada de um líder espiritual que teme a Deus.

Q
uando reuni o material dos “assassinos de ministério”,
percorri as duas epístolas escritas por Paulo a Timóteo
para verificar se Paulo havia dirigido algo nessas áreas ao
seu protegido, e ele o fez. Observe alguns versículos que
representam cada uma dessas áreas:

• O Ouro – “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males;


e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se
atormentaram com muitas dores” (1 Timóteo 6:10).
• As Mulheres – “Foge, outrossim, das paixões da mocidade.
Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração
puro, invocam o Senhor” (2 Timóteo 2:22).
• A Glória – “... não seja neófito, para não suceder que se
ensoberbeça e incorra na mesma condenação do diabo” (1
Timóteo 3:6).
• A Rotina – “Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está
em Cristo Jesus. E o que de minha parte ouviste através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e
também idôneos para instruir a outros. Participa dos meus
sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus” (2 Timóteo
2:1,3).
• Os Estraga-prazeres – “Alexandre, o latoeiro, causou-me
muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas
obras” (2 Timóteo 4:14).

Quando Walt Disney precisou dar nome a um personagem de


desenho que seria doido, desajeitado e um pouco menos inteligente,
ele escolheu o nome “Pateta”. Pateta é um sinônimo de ser tolo,
excêntrico, bobo, ridículo ou grotesco. Então, usaremos esse termo
para descrever crenças e práticas que são extremas, errôneas e
desequilibradas.

Comecei a fazer um levantamento das cartas de Paulo a Timóteo,


a fim de localizar versículos acerca da tolice, e fiquei chocado ao
descobrir que ele disse mais acerca da necessidade de uma
doutrina sólida do que ele fez sobre outros “Assassinos de
Ministério” juntos. Considere o seguinte:

Peço que você continue na cidade de Éfeso, como já pedi


quando estava indo para a província da Macedônia. Existem aí
nessa cidade alguns que estão ensinando doutrinas falsas, e
você precisa fazer com que eles parem com isso. Diga a essa
gente que deixe de lado as lendas e as longas listas de nomes
de antepassados, pois essas coisas só produzem discussões.
Elas não têm nada a ver com o plano de Deus, que é conhecido
somente por meio da fé. Essa ordem está sendo dada a fim de
que amemos uns aos outros com um amor que vem de um
coração puro, de uma consciência limpa e de uma fé
verdadeira. Alguns abandonaram essas coisas e se perderam
em discussões inúteis. Eles querem ser mestres da Lei de
Deus, mas não entendem nem o que eles mesmos dizem, nem
aquilo que falam com tanta certeza.
— 1 Timóteo 1:3-7 (NTLH)

… um bispo (superintendente, supervisor) precisa... ser um


mestre capaz e qualificado.
— 1 Timóteo 3:2 (AMP)

Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos,


alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que
falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência...
— 1 Timóteo 4:1-2

Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo


Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que
tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas
caducas…
— 1 Timóteo 4:6-7

Enquanto você espera a minha chegada, dedique-se à leitura


em público das Escrituras Sagradas, à pregação do evangelho
e ao ensino cristão.
— 1 Timóteo 4:13 (NTLH)

Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina.


Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você
mesmo como os que o escutam.
— 1 Timóteo 4:16 (NTLH)

Ensine e recomende estas coisas: se alguém ensina alguma


doutrina diferente e não concorda com as verdadeiras palavras
do nosso Senhor Jesus Cristo e com os ensinamentos da nossa
religião, essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada.
Discutir e brigar a respeito de palavras é como uma doença
nessas pessoas. E daí vêm invejas, brigas, insultos,
desconfianças maldosas.
— 1 Timóteo 6:2-4 (NTLH)

Timóteo, guarde bem aquilo que foi entregue aos seus


cuidados. Evite os falatórios que ofendem a Deus e as
discussões tolas a respeito daquilo que alguns, de modo
errado, chamam de “conhecimento”. Algumas pessoas,
afirmando que tinham esse “conhecimento”, se desviaram do
caminho da fé. Que a graça de Deus esteja com vocês!
— 1 Timóteo 6:20-21 (NTLH)

Tome como modelo os ensinamentos verdadeiros que eu lhe


dei... guarde esse precioso tesouro que foi entregue a você.
— 2 Timóteo 1:13-14 (NTLH)
Recomende essas coisas aos que você dirige e ordene
severamente, na presença de Deus, que não briguem por
causa de palavras. Brigar não é bom, pois somente prejudica os
que estão presentes. Faça todo o possível para conseguir a
completa aprovação de Deus, como um trabalhador que não se
envergonha do seu trabalho, mas ensina corretamente a
verdade do evangelho. Evite os falatórios contrários aos
ensinamentos cristãos, pois eles fazem com que as pessoas se
afastem de Deus. As coisas que os falsos mestres ensinam se
espalham como a gangrena. Dois desses mestres são Himeneu
e Fileto, os quais abandonaram o caminho da verdade…
— 2 Timóteo 2:14-18 (NTLH)

Assim como Janes e Jambres foram contra Moisés, assim


também esses homens são contra a verdade. Eles perderam o
juízo e fracassaram na fé. Mas não irão longe, pois todos verão
como eles são tolos. Foi isso que aconteceu com Janes e
Jambres.
— 2 Timóteo 3:8-9 (NTLH)

Quanto a você, continue firme nas verdades que aprendeu e


em que creu de todo o coração. Você sabe quem foram os seus
mestres na fé cristã.
— 2 Timóteo 3:14 (NTLH)

Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para


ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a
maneira certa de viver.
— 2 Timóteo 3:16 (NTLH)

Portanto, intensifique o trabalho de divulgação da mensagem e


seja vigilante. Desafie, advirta e insista com seus ouvintes. Não
desista. Use linguagem compreensível. Você descobrirá que
daqui a um tempo o povo não vai mais ter estômago para
ensino sólido, no entanto se encherão de alimento espiritual
estragado, mensagens cativantes que combinam com suas
fantasias. Eles vão virar as costas para a verdade, vão trocá-la
por ilusão.
— 2 Timóteo 4:2-4 (A Mensagem)

Paulo ensina a Timóteo clara e repetidamente que se levantar a


favor da verdade da Palavra de Deus era uma das suas
responsabilidades mais importantes. Quanto mais isso é necessário
para os líderes hoje? Vivemos na era da informação, e os cristãos
têm acesso a mais ensino e influência hoje do que em qualquer
tempo da História. Ideias religiosas de todas as formas estão sendo
divulgadas por meio de livros, televisão, rádio, revistas, CDs,
downloads e podcasts. Perspectivas doutrinárias são apresentadas
aos crentes até mesmo por intermédio dos meios de comunicação
social, como o Facebook e Twitter.
Os crentes estão sendo influenciados por inumeráveis vozes
exteriores, e algumas dessas vozes não são sadias ou benéficas. É
preocupante para pastores quando os membros das igrejas
abraçam e começam a promover entusiasticamente desequilíbrios e
visões erradas para outros dentro da congregação. Como líderes
espirituais, queremos que o nosso foco primário seja a promoção
proativa da verdade, não reativa, corrigindo o erro. Não queremos
estar sempre apagando incêndios e ter reações instintivas para
todas as ideias variantes que possam vir durante o caminho, ainda
que essas questões precisem ser abordadas.
Alguns procuram minimizar a importância da doutrina (ensino),
contudo, a doutrina é importante porque o que as pessoas
acreditam eventualmente afetará o que elas fazem.
Doutrina e prática estão interligadas. Quando Jesus dirigiu-se às
igrejas primitivas na Ásia Menor, Ele disse que odiava a doutrina e
as práticas dos nicolaítas (Apocalipse 2:6-15).

O ensino libertino não é errado simplesmente porque ignora e


viola os textos bíblicos concernentes à santidade e à piedade, mas
também porque facilita e encoraja o comportamento pecaminoso e
suas associações.

O universalismo não é errado apenas porque contradiz uma


grande parte dos ensinos bíblicos acerca de julgamento e a
necessidade do novo nascimento. Isto também é errado porque
remove a motivação para o evangelismo. Se nosso ensino afinal
não estiver apontando para a obra consumada de Cristo e
promovendo obediência à Palavra de Deus, então algo está errado.
Paulo desejou para todos os crentes o que ele expressou para os
efésios: “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de
um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”
(Efésios 4:14). Quão seriamente Paulo considerou o tratamento e o
dano em potencial de uma falsa doutrina? Considerando a sua
admoestação aos líderes da igreja de Éfeso:

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito


Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de
Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei
que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos
vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós
mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para
arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-
vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar,
com lágrimas, a cada um.
— Atos 20:28-31

Alguns anos atrás, fiz uma lista de algumas observações


relacionadas aos ventos de doutrina. Aqui estão alguns pontos
dessa lista:

• O erro não está completamente errado. Às vezes, o maior


engano está enrolado em um bom pedaço de verdade.
• O erro capitaliza-se sobre as áreas que têm sido ignoradas ou
negligenciadas pela igreja.
• Os dois objetivos do diabo são que a igreja: (a) aceite o
engano, ou (b) rejeite o verdadeiro sem aversão aos excessos e
abusos envolvendo o engano.
• O erro resulta no estabelecimento de uma consciência
imprópria nas pessoas (por exemplo: mais foco nos demônios
do que em Jesus, mais foco nas obras do que na graça, etc.).
• O erro resulta no estabelecimento de uma dependência
imprópria nas pessoas.
• O erro ocorre quando existe uma ênfase maior sobre uma
questão de menor importância, ou uma ênfase menor em uma
questão de grande importância.
• Com o erro, há com frequência um forte apelo feito para
elementos privados e subjetivos para fundamentar a doutrina e
métodos (exemplo: “O Senhor me disse…”). Isso muitas vezes
envolve uma revelação “exclusiva” e “superior”, a qual produz
isolamento e alienação de outros.
• Com o erro, princípios básicos da interpretação bíblica são com
frequência ignorados e negligenciados.
• Aqueles que promovem o erro com frequência recusam ter sua
doutrina ou métodos julgados, ou se mostram ofendidos se
questões são levantadas. Eles não demonstram o espírito
aberto de Paulo (Atos 17:11).
• Aqueles que promovem o erro com frequência precisam difamar
e depreciar os seus oponentes. Além disso, aqueles que
ousarem questionar a doutrina deles são rotulados de
“perseguidores”. Eles são rápidos ao usar o título de mártires se
os seus ensinos são desafiados.

Que passos um ministro pode dar para permanecer equilibrado


em seu ensino?

• Estude! Teologia não é uma má palavra! O que é ruim é a má


Teologia. Doutrina não é uma má palavra! O que é ruim é a má
doutrina.
• Precisamos estar enraizados e firmados nas grandes doutrinas
da Bíblia. Se não estivermos estabelecidos nas grandes
verdades da Palavra de Deus, então estaremos mais favoráveis
à queda para a mais nova doutrina da “moda” que aparecer no
caminho.
• Adicionando à teologia, precisamos estar estabelecidos nos
princípios de hermenêutica, a interpretação apropriada da
Bíblia. Estar fundamentados na hermenêutica irá nos encorajar
a:

—Ler as passagens bíblicas com o contexto histórico, cultural e


teológico próprio (fique alerta sobre os ensinos que são
apresentados sem um suporte neotestamentário sólido e
significante).
—Evitar falsas combinações (colocar passagens bíblicas juntas
que não foram designadas para estar juntas).
—Evitar colocar ênfase excessiva em um aspecto do texto
bíblico, enquanto negligencia o aspecto complementar ou de
equilíbrio da Bíblia. Mais importância nos importantes e
menos nos assuntos menores!
—Preste conta! Tenha bons amigos ministros com os quais
você pode discutir questões. Encoraje-os a desafiá-lo,
especialmente se você estiver considerando ensinar algo
delicado ou controverso.
—Não caia no orgulho e sinta que você está acima da
prestação de contas ou correção, ou que as pessoas
deveriam receber o seu ensino, por causa de quem você é.
Lucas (ver Atos 17:11) elogiou os crentes em Bereia que
examinavam “... as Escrituras todos os dias para ver se as
coisas eram, de fato, assim”. Eu tenho ouvido que alguns
ministros menosprezam e diminuem pessoas por não
aceitarem imediatamente o que elas estão dizendo, em vez
de elogiá-las por estar conferindo se as coisas são de fato
assim.
• Precisamos considerar o fruto ou a aplicação da nossa doutrina.
Expressando uma profunda apreensão no que diz respeito à
ingenuidade da igreja dos coríntios, Paulo disse (2 Coríntios
11:4): “Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que
não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não
tendes recebido, ou Evangelho diferente que não tendes
abraçado, a esse, de boa mente, o tolerais”. Observe que Paulo
não estava meramente preocupado quanto ao falso evangelho,
ou uma percepção distorcida de Jesus; ele estava preocupado
sobre um espírito “diferente”. O Espírito Santo foi enviado para
nos guiar a toda verdade. Espíritos religiosos e atitudes erradas
precisam ser evitados tanto quanto a falsa doutrina.
• Aprenda pela História! A história da Igreja é cheia de revelações
sobre vários indivíduos e grupos que têm se mantido fora da
pista. Nem todos que caíram no erro ou se tornaram
desequilibrados eram pessoas malignas; muitos eram bons,
pessoas sinceras que podem até mesmo terem começado bem
antes de sair do curso.

Em seu livro, John Alexander Dowie, Gordon Lindsay aborda os


fatores que precederam a ruína de Dowie. Lindsay falou de hábitos
de trabalho excessivos de Dowie que o deixaram exausto e o
levaram a ter um julgamento prejudicado. Ele também disse que
Dowie absteve-se de tomar conselhos com outros. Ao longo do
tempo, Dowie desenvolveu o que Lindsay chamou de uma “fixação”,
e disse que “praticamente toda falsa doutrina envolve uma fixação
na mente da vítima que a abraça”. Lindsay disse: “O apóstolo Paulo
com frequência advertia os crentes a aderir à ‘sã doutrina’. A
alternativa é montar algum ‘cavalo de pau’ ou descer na tangente
que viola o espírito da verdade evangélica, dividindo assim o Corpo
de Cristo”. Ele posteriormente disse: “Quão triste é ver um homem
cujas habilidades, sem dúvida, poderiam ser grandemente usadas
por Deus, que perdeu o interesse nas grandes verdades do
Evangelho, a salvação de vidas, e se tornou obcecado com um
‘cavalo de pau’ que imobilizou seu talento para Deus, e reduziu o
seu valor para Deus e para a humanidade…”80

O grande pioneiro pentecostal, Donald Gee, escreveu em “A voz


da Cura”, em 1953: “Tantos de nós estamos [firmemente
estabelecidos] em extremos. Se nós virmos algum raio da verdade
nós o empurramos a tal extremo que nossa pressão constante
contra ele torna-se ofensiva, vã e, por último, errônea. Se
descobrimos alguma linha bem-sucedida de pregação nós a
perseguimos a tal extensão que a tornamos nauseante e esgotada.
Estamos sempre perdendo a genuína utilidade pela nossa falha
constante em nos mantermos bem balanceados. Por fim, os homens
perdem a confiança em nós, a nossa intemperança entristece o
Espírito Santo, e somos lançados no ferro-velho dos servos
rejeitados e inúteis”.

Mantenha um Bom Coração


Gosto das palavras de Richard Baxter:

Em essencial, unidade.

Não essencialmente, liberdade.


Em todas as coisas, caridade.

Motivados pela questão de manter a pureza doutrinária, alguns


têm se tornado francamente mesquinhos. Eles se autonomeiam
“caçadores de heresias” que são rápidos em julgar e condenar todos
que discordam deles, até mesmo no que concerne a áreas não
essenciais. Eles têm uma atitude de “eles estão certos e todos os
outros estão errados”. Eles fizeram muito pouco para edificar outros
para fazerem um trabalho construtivo no Reino de Deus, enquanto
prosperam em demolir outros.

O Dr. Bob Cook sabiamente disse: “Deus reserva o direito de usar


pessoas que discordam de mim”.
Lembro-me de ter ouvido uma história de um pregador ignorante,
que no meio da mensagem, mencionou como o apóstolo Paulo e
sua mulher, Silas, estavam na prisão em Filipos, e seu pobre filho
Timóteo estava andando para cima e para baixo na rua chorando
porque sua mãe e seu pai estavam na cadeia. No final de sua
mensagem, ele fez um convite ao altar e seis pessoas vieram à
frente e entregaram suas vidas a Jesus.
Embora esse ministro tenha compreendido completamente errado
quem era Silas e desconhecido o fato de que Timóteo era apenas
filho espiritual de Paulo, ainda assim havia sobrado verdades
suficientes em suas mensagens a respeito de Jesus, que o Espírito
Santo foi capaz de alcançar os corações desses indivíduos.

Deus é o “Deus da Verdade”, mas, às vezes, Deus trabalha a


despeito de algumas doutrinas erradas que são misturadas. Se
Deus tivesse de aguardar até toda a nossa doutrina estar 100%
perfeita antes de Ele poder nos usar, então nunca seríamos usados.
É um erro sério pensar que porque alguém foi abençoado, isso
automaticamente legitima 100% do que está sendo ensinando ou dá
total validação ao ministério que está promovendo o ensino.

Precisamos ser cuidadosos para que não desenvolvamos uma


atitude de “combate”, e por causa disso falhemos em ver o bem na
simplicidade das pessoas porque discordamos com uma parte do
que elas estão dizendo. Um grande exemplo de um coração certo
em ajudar outros pode ser encontrado na maneira que Priscila e
Áquila responderam a Apolo.

Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de


Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas
Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo
fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito
de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois,
começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém,
Priscila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe
expuseram o caminho de Deus.
— Atos 18:24-26

Apolo era correto, tanto quanto ele conhecia, mas seu


conhecimento era incompleto. Em vez de rotulá-lo como um falso
mestre ou atacá-lo publicamente, Priscila e Áquila passaram tempo
pessoalmente com Apolo e o ajudaram a entender algumas coisas
com as quais ele não estava familiarizado ainda.
Aparentemente, existiam algumas questões que Paulo acreditava
que não deveriam ter sido o foco de argumentos minuciosos.
Porque ele valorizava altamente a verdade, ele disse para uma
igreja: “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento;
e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos
esclarecerá” (Filipenses 3:15). Paulo parecia satisfeito em apenas
deixar Deus mostrar às pessoas algumas coisas ao longo do tempo,
e não sentiu a necessidade de querer corrigir a todos sobre todo
assunto pequeno.
Contudo, em questões maiores, Paulo estava completamente
pronto para lutar pela verdade do Evangelho, especialmente se era
uma área que minava a significância da obra consumada de Cristo.
Quando Paulo viu a fé dos crentes da Galácia sendo subvertida pelo
legalismo, ele não se poupou, dizendo:

Estou muito admirado com vocês, pois estão abandonando tão


depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e
estão aceitando outro evangelho. Na verdade não existe outro
evangelho, porém eu falo assim porque há algumas pessoas
que estão perturbando vocês, querendo mudar o evangelho de
Cristo. Mas, se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do
céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que
temos anunciado, que seja amaldiçoado! Pois já dissemos
antes e repetimos: se alguém anunciar um evangelho diferente
daquele que vocês aceitaram, que essa pessoa seja
amaldiçoada!
— Gálatas 1:6-9 (NTLH)

Um sábio cirurgião sabe quando irá ao fundo do problema até


extirpar uma malignidade mortal, mas ele também sabe quando
deixar uma pequena condição permanecer, uma que irá se resolver
sem uma intervenção drástica. Podemos receber sabedoria e
maturidade de Deus a fim de lidar com questões doutrinárias com o
mesmo tipo de sabedoria.
QUESTÕES PARA A REFLEXÃO E DEBATE

1. Paulo obviamente enfatizou para Timóteo a importância da


verdade e da precisão no ensino. Isso continua essencial hoje?
Por que sim ou por que não?

2. Como podemos nos posicionar fortemente em favor das verdades


importantes sem sermos cruéis e desnecessariamente
controversos a respeito de assuntos não essenciais?

3. Releia a lista das observações relativas aos ventos de doutrina e


veja se algumas delas se destacam para você como sendo
especialmente relevantes. Você acha que outros pontos poderiam
ser incluídos nessa lista?

4. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura


deste capítulo?
79 González, Justo L. The Story of Christianity: The Early Church to the Dawn of the
Reformation (New York, NY: Harper Collins Publishers, 2010), 69.
80 Lindsay, Gordon. John Alexander Dowie (Dallas, TX: Christ for the Nations,
Reimpressão, 1980), 206-207.
Capítulo Vinte e Nove

D
V E C P O A F
I ?

“Aquele que aprendeu a discordar sem ser desagradável


descobriu o mais valoroso segredo de um diplomata.”
— Robert Estabrook

Pensamento-chave: Líderes espirituais podem ser bondosos


mesmo quando eles discordam. Nós podemos até mesmo aprender
coisas por meio da discordância.

E
xiste uma grande lição em entender a formação de pérolas.
Pérolas naturais são formadas quando um grão de areia ou
outro objeto desliza entre as duas conchas da ostra. Devido
à irritação natural provocada pela areia, a ostra encapsula o grão
em camadas da secreção de madrepérola, e a pérola cresce em
tamanho proporcional ao crescimento do número das camadas,
formando uma joia.

Então, da próxima vez que você se encontrar discordando de


alguém (ou alguém discordando de você), pergunte a si mesmo:
Estou apenas ficando irritado ou estou produzindo pérolas? A
sabedoria nos ensina a nos beneficiarmos das discordâncias e
transformar cada incidente em uma experiência redentora de
crescimento, não importando o quão irritante possa parecer a
princípio.

Heráclito, o antigo filósofo grego, disse: “O improvável é unido, e


das diferenças resulta a mais bela harmonia, e todas as coisas
tomam lugar pelos conflitos”. Minha reação natural à palavra
“conflito” é recuar diante dela como algo ruim e indesejável.
Certamente existe uma forma tóxica de conflito que destrói e fere;
contudo, existe outro entendimento desse princípio que é bem
menos ameaçador.

Quando pessoas com bom coração discordam, mas são


respeitáveis e ensináveis, isso pode ser benéfico para ambos. Esse
é o tipo de vantagem que é derivada do princípio falado em
Provérbios 27:17: “Como o ferro com o ferro se afia, assim, o
homem, ao seu amigo”. Tenho visto homens maravilhosos em
conflito a respeito de algo que discordam, mas porque eles
mantiveram um coração aberto e não eliminaram um ao outro, eles
se tornaram melhores amigos (ou uma grande amizade), e ambos
aprenderam e foram acrescentados como um resultado do que eles
aprenderam trabalhando por meio do conflito.

George Whitfield teve um conflito afiado com John Wesley a


respeito da questão calvinista-arminiana, embora quando Whitfield
foi perguntado (antagonicamente) se ele pensava que veria John
Wesley no céu, Whitfield respondeu: “Eu temo que não, porque ele
estará tão próximo ao trono eterno e nós a tamanha distância, que
dificilmente teremos uma visão dele”.
Cultivando a Arte do Conflito Redentor
Estou maravilhado com a graciosidade, o caráter e a maturidade
que foram demonstrados por Pedro depois de ter recebido a
repreensão pública de um enfurecido apóstolo, Paulo. Paulo não
apenas corrigiu a Pedro em frente à congregação em Antioquia,
mas ele também relatou o evento em sua epístola aos Gálatas, o
que resultou nesse conflito sendo revivido repetidamente por
crentes em gerações incontáveis (Gálatas 2:11-14).

Enquanto Paulo foi correto doutrinariamente, é admirável como


Pedro respondeu tão humildemente. Inicialmente, ele provavelmente
sentiu-se ferido e se irritou com a repreensão, mas isso é algo que
nós podemos apenas especular a respeito. Contudo, nós sabemos
que ele posteriormente deixou essa experiência torná-lo melhor, não
o amargurou. Homens menores, que foram embaraçados, teriam
provavelmente permanecido rancorosos e seriam levados a
depreciar Paulo. Não obstante, Pedro permitiu que o conflito o
amadurecesse e recusou deixar que ele o envenenasse.

Em vez de agir com insegurança, Pedro posteriormente honrou e


defendeu a Paulo: “E tende por salvação a longanimidade de nosso
Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu,
segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes
assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas,
nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e
instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras,
para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:15-16).

Quando eu era jovem, era extremamente importante para mim


“estar certo”. Quando eu me graduei na escola bíblica, eu era quase
onisciente (ou pelo menos pensava ser), e estava alerta para
derrotar qualquer crença ou ideia que não concordasse com a
minha. À medida que eu cresci um pouco, é impressionante quão
menos eu sei agora do que eu sabia trinta anos atrás! Continuo
segurando firmemente certas crenças centrais, e acredito que isso
seja importante. Contudo, aprendi a ser mais respeitoso com as
crenças de outras pessoas, ideias e pontos de vista que podem não
concordar com o meu. Em vez de vê-los como ameaças a derrotas,
eu agora os enxergo como oportunidades de aprendizado. Tenho
achado muito libertador abraçar a atitude (em muitos assuntos não
essenciais relacionados a estilos, métodos, etc.): “Você não tem que
estar errado para que eu esteja certo”.
Muitos indivíduos sábios têm aprendido a beneficiar-se, crescer e
aprender por meio do conflito, eles têm cultivado a arte do conflito
redentor. Considere o seguinte:

Nós encontramos conforto entre aqueles que concordam


conosco, mas crescemos entre aqueles que discordam.
— Sydney Harris

Quando estamos debatendo uma questão, lealdade significa


me dar sua opinião mais honesta, quer você pense que eu vou
gostar quer não. Discordância nesse estágio me estimula. Mas
uma vez que uma decisão foi tomada, o debate se encerra.
Desse ponto em diante, lealdade significa executar as decisões
como se elas fossem nossas.
— Colin Powell
Tenha um amigo para lhe dizer as suas falhas, ou melhor ainda,
acolha um inimigo que irá assisti-lo atentamente para feri-lo
selvagemente. Que bênção tal crítica irritante será para um
homem sábio, e que incômodo intolerável para um tolo!
— Charles H. Spurgeon

Em seu livro O Despertar da Graça, Charles Swindoll


compartilhou as seguintes orientações para moldar a graça em
tempos de discordâncias:

• Sempre abra espaço para um ponto de vista oposto.


• Se um argumento precisa ocorrer, não o assassine.
• Se não for da sua forma, supere isso, siga sua vida.
• Às vezes, a melhor solução é a separação.

A respeito do quarto ponto, Swindoll citou Paulo e Barnabé, e


disse: “Se eu não posso ir em frente com a forma que as coisas
estão em um ministério em particular, eu preciso me resignar! Mas
fazendo isso eu deveria não arrastar as pessoas para os meus
conflitos não resolvidos porque as coisas não aconteceram do meu
jeito. Se a separação é a melhor solução, fazer isso com graça é
essencial”.81
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Como você fica quando precisa discordar com alguém sem ser
desagradável?

2. Qual é a sua impressão de como Pedro foi tão gracioso em


relação a Paulo, mesmo após Paulo tê-lo repreendido em
público?
3. Qual a principal revelação que você obteve a partir da leitura
deste capítulo?
81 Swindoll, Charles, The Grace Awakening (Dallas, TX: World Publishing, 1990), 190.
Capítulo Trinta

O —

“Faça de Cristo o diamante cravado em cada sermão.”


— Charles Spurgeon

Pensamento-chave: Manter Cristo central e supremo em nossas


vidas e ministérios é um dos melhores protetores que os líderes
espirituais podem ter.

C
ristocêntrico. Gosto desse termo. Simplesmente significa
que o Senhor Jesus Cristo está no centro. Se a Bíblia
ensina algo, é que Jesus é supremo, preeminente e central
em todas as coisas.
Colossenses 1 na versão A Mensagem se refere a Jesus, dizendo
que “... tudo começou nele e nele encontra propósito” (vs. 16, 19)
Quando você olha para esses versículos em um contexto, você
pode observar quão fortemente Paulo enfatiza a centralidade do
Senhor Jesus Cristo.

Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a


criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias,
poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e
para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.
Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o
primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
supremacia...
— Colossenses 1:15-18 (NVI)

Cada seção maior da Bíblia apresenta um aspecto diferente


concernente ao caráter de Jesus, Sua pessoa e Sua obra.

• O Antigo Testamento é uma preparação para Jesus.


• Os Evangelhos são a manifestação de Jesus.
• O livro de Atos é a propagação da mensagem de Jesus.
• As epístolas são a explanação da obra de Jesus.
• Apocalipse é a consumação do Reino de Jesus.

Parece haver uma tendência em alguns de fazer tudo ser o


centro, menos o Senhor Jesus. As pessoas com frequência ficam
animadas a respeito de um ensino, um movimento, uma doutrina,
uma causa, e depois dão maior ênfase àquela questão do que dão
ao próprio Jesus. O que quer que ensinemos, deve ser
fundamentado e centrado na Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo,
além disso, deve apontar para a Sua glória e honra.

“As Pessoas Ficam Entediadas com Jesus”


Muitos dos meus amigos ministros lembram-se do pastor Sam
Smith. Sam e sua esposa, Donna, estabeleceram o Centro de fé
Cristã, em Seekonk, Massachusetts, e pastorearam lá por muitos
anos, antes de Sam se aposentar e partir para o céu. Sam era o tipo
de cara sincero e prático, que amava ver as pessoas sendo salvas.
Ele sempre comentava que infelizmente os ministros pareciam
buscar todo tipo de novo vento de doutrina e ficar obcecados com
as novidades, pulando de um extremo para o outro. Ele comentou:
“As pessoas ficam entediadas com Jesus”. Que comentário triste,
mas verdadeiro.

Uma perspectiva cristocêntrica não quer dizer que não ensinemos


outras verdades bíblicas; significa que mantemos Jesus no centro e
sendo supremo em nosso ensino. Por exemplo:

• É ótimo ensinar fé, mas precisamos lembrar que Jesus é o


autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2).
• É importante ensinar graça, mas devemos lembrar que a graça
que proclamamos não é nada menos que a graça do nosso
Senhor Jesus Cristo (Atos 15:11 e treze referências similares).
• É maravilhoso ensinar escatologia, mas é a vinda de Cristo que
estamos contando.
• Adorar é maravilhoso, mas não adoramos o ato de adorar,
adoramos a Jesus.
• Liderança é ótimo, mas somente se estivermos liderando
pessoas para um relacionamento mais próximo de Jesus e a
um serviço mais efetivo para Ele.
• É tremendo ensinar santidade, mas devemos lembrar que
Jesus é a base e o recurso para a nossa santidade.
• Queremos proclamar e ver os dons do Espírito em operação,
mas eles são para glorificar a Cristo.

A história da igreja, por exemplo, testemunhou alguns grupos


focados no batismo nas águas (e algumas crenças específicas e
práticas sobre batismo), até a quase exclusão de outras ênfases
importantes do Novo Testamento. Em vez do batismo no seu próprio
contexto, um “altar” foi construído ao redor do batismo nas águas, e
mais ênfase pareceu ser colocada sobre isso do que sobre o próprio
Senhor Jesus Cristo. Batismo é importante; eu não estou
contestando isso. Contudo, o batismo, em si mesmo (sem fé e foco
em Jesus) é um mero ritual. Seu significado não existe separado do
Senhor Jesus e é parte da nossa identificação com a Sua morte,
sofrimento e ressurreição. Ele é o que faz o batismo importante.

Da mesma forma, nós ouvimos ensinamentos a respeito de


batalha espiritual e demonologia que magnificam os demônios e os
poderes demoníacos mais do que o nosso Senhor Jesus Cristo.
Qualquer ensino legítimo deveria nos tornar mais informados,
conscientes e impressionados com Jesus, não com os inimigos que
Ele destronou e derrotou.

Apegando-se ao Cabeça
Paulo deu uma indicação de como ele reconhecia falsos ensinos
(Colossenses 2:19). Ele disse que tais indivíduos são “...
desgarrados do Cabeça”, e é uma referência direta ao Senhor
Jesus. Outra versão declara: “... e eles não estão conectados a
Cristo, o cabeça da Igreja”. Antes de ensinar ou receber
ensinamento, talvez devamos parar e fazer algumas perguntas:

• Como isso está relacionado a Jesus, o Cabeça?


• Como isso está conectado e como isso nos conecta a Ele?
• Como isso glorifica, honra e exalta a Ele?
• Esse ensino realmente reflete e representa as Suas palavras, a
Sua obra e a Sua natureza?

Jesus certamente não era tímido ou acanhado acerca de declarar


a Sua própria centralidade; contudo, não havia nenhuma arrogância
ou orgulho Nele. Jesus simplesmente sabia quem Ele era, e o que
Ele tinha vindo realizar. Considere o seguinte:

“Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam


que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que
testemunham a meu respeito”.
— João 5:39 (NVI)

“... eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao


Pai senão por mim”.
— João 14:6

“E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas,


expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as
Escrituras.”
— Lucas 24:27

“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o


Fim.”
— Apocalipse 22:13

Se alguém mais fizesse tais afirmações, nós estaríamos


horrorizados diante da sua grandeza delirante e seu narcisismo
exagerado, mas Jesus estava meramente falando a verdade.

Ser cristocêntrico em uma teologia não exclui ou diminui a


importância do Pai ou do Espírito Santo. Não somente o Espírito
Santo deu poder para Jesus para o ministério (Atos 10:38), mas
Jesus disse: “... quando o ajudador vier... o Espírito da verdade...
Ele testificará de mim” (João 15:26). João 16:14 diz que o Espírito
Santo trará glória para Jesus revelando para nós o que quer que Ele
(o Espírito Santo) receber de Jesus.
O Pai também chamou atenção para Jesus quando disse: “Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus
17:5). Além disso, em Hebreus 1:6 e 9, nós lemos mais do
testemunho de Deus Pai acerca de Jesus:

• “E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E


todos os anjos de Deus o adorem”.
• “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu
Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus
companheiros.”

A descrição de Paulo da forma pela qual Deus Pai honrou Jesus é


ilustre:
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o
nome que está acima de todo nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para
glória de Deus Pai.
— Filipenses 2:9-11

Podemos descansar seguros de que não há tensão, atrito, inveja


ou competição entre os membros da Trindade; Eles trabalham em
absoluta e perfeita harmonia. Quando você exalta a Jesus, você
também está honrando o Pai e o Espírito. A Bíblia revela quão
infalível é o senso de trabalho em equipe Deles quando nós
aprendemos que o dia está vindo: “E, então, virá o fim, quando ele
entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo
principado, bem como toda potestade e poder” (1 Coríntios 15:24).
Faríamos bem em seriamente considerar se o que nós ensinamos
está realmente atraindo pessoas a Jesus e exaltando-o como Ele
merece, ou se somos culpados por disseminar distrações e
diversões doutrinárias. Estamos trazendo clareza ou confusão no
que diz respeito à Sua glória, centralidade e preeminência? Jesus
não é algo que usamos para conseguir qualquer coisa. Em outras
palavras, não meramente um “fim para os meios”. Jesus é o nosso
“meio” e o nosso “fim”. Ele é “o caminho!”, Ele é o nosso “Destino!”

Que você seja ricamente abençoado enquanto se apega a Cristo,


o Cabeça, e enquanto você mantém o Senhor Jesus como centro de
tudo que você faz e diz.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO E DEBATE

1. Você já ficou “entediado de Jesus”, e enfatizou mais outros


assuntos do que Ele? Você o tem mantido no centro da sua vida e
ministério?
2. É possível ensinar outros tópicos e ainda manter Jesus exaltado e
supremo no que você ensina? Como isso é feito?

3. Qual foi a principal revelação que você obteve ao ler este


capítulo?
Capítulo Trinta e Um

“Amor é a soma de todas as virtudes, e o amor nos dispõe para


o bem.”
— Jonathan Edwards

Pensamento-chave: Líderes que operam nos mais altos níveis de


qualificação são aqueles que mantêm o seu caminho no amor —
amando a Deus e aos outros — diante de todas as suas decisões e
ações.

E
screvendo estas páginas, venho continuamente
ponderando: o que todos os jovens líderes espirituais
precisam saber para serem mais efetivos, mais
qualificados? Existem tantas coisas que poderiam ser enumeradas,
até coisas práticas como maneiras, cortesia, verdadeiramente ser
respeitoso e valorizar os outros, escrever cartas de agradecimento,
e tantas outras coisas.

Pensei no comentário de Paulo para o jovem Timóteo: “Escrevo-te


estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar,
fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade” (1 Timóteo 3:14-
15).
Saber como se conduzir na casa de Deus enquanto estamos
fazendo as coisas Dele é grandioso! Mas se existe algo que deveria
ser ressaltado no final é a lei final de Deus — a lei do amor. Paulo
disse: “O amor nunca falha” (1 Coríntios 13:8), e aqueles que
desejam resultados de um verdadeiro ministério duradouro deveriam
ter certeza de que o amor — o amor de Deus — é a base e a
essência de tudo que eles fazem.
Quando Jesus foi questionado a respeito do mandamento mais
importante, Ele respondeu: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de
todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 22:37-39, NVI).
Em vez de procurar manter dúzias de regras, Paulo instruiu os
crentes do Novo Testamento a se concentrarem na lei de Deus, a lei
do amor. Ele disse:

A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com


que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem
cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento,
tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte
que o cumprimento da lei é o amor.
— Romanos 13:8-10

Quero que foquemos a parte do versículo 10 que diz: “O amor não


pratica o mal contra o próximo”. Se nós verdadeiramente andamos
em amor, não traremos mal ou prejuízo aos outros; o amor sempre
busca edificar a outra pessoa. Se uma pessoa estiver andando em
amor, ela não se envolverá em fofocas destrutivas, ela não
enfraquecerá outra pessoa ou mentirá sobre ela.
Tiago disse que a lei do amor iria ser a base pela qual seríamos
julgados:

Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura:


Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se,
todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo
arguídos pela Lei como transgressores. Pois qualquer que
guarda toda a Lei, mas tropeça em um só ponto, se torna
culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não
adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não
adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de
tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de
ser julgados pela lei da liberdade.
— Tiago 2:8-12

Enquanto você busca conduzir-se apropriadamente em cumprir o


plano de Deus, talvez a questão mais importante que você se
perguntará seja esta: o que o amor faria? Você não se conduzirá
fora de ética se o amor — o amor do tipo de Deus — governar as
suas decisões e ações.

Aqui está uma lista inspirada em como o amor age:

O amor dura muito e é paciente e bondoso; o amor nunca é


invejoso nem ferve de ciúmes, não é orgulhoso nem
vanglorioso, não se apresenta altivamente.
Não é vaidoso (arrogante e inflado com orgulho); não é rude
(sem modos) e não age indecorosamente. O amor (o amor de
Deus em nós) não insiste nos seus próprios direitos ou na sua
própria maneira, porque não é egoísta; não é irritável ou
irascível ou ressentido; não leva em conta o mal feito contra ele
[não presta atenção a um sofrimento].
Não se regozija com a injustiça e a perversidade, mas se
regozija quando o certo e a verdade prevalecem.
O amor resiste a tudo e a qualquer coisa que venha, está
sempre pronto para acreditar no melhor de cada pessoa, suas
esperanças não se findam sob qualquer circunstância, e dura
sobre todas as coisas [sem enfraquecer]. O amor nunca falha
[nunca acaba ou se torna obsoleto ou chega a um fim]...
— 1 Coríntios 13:4-8 (AMP)

Não é suficiente concordar somente mentalmente com esses


versículos e dizer: “Sim, isso é o que o amor faz”. Deus quer que
nós sejamos transformados e governados pelo Seu amor e que nós
sejamos capazes de dizer: “Sim, é assim que eu sou. É assim que
eu vivo a minha vida porque eu permito o amor de Deus, a Palavra
de Deus e o Espírito de Deus governarem todas as minhas decisões
e ações”.

Outra forma de avaliar como nós estamos é olhar para o que tem
sido chamado como “A regra de ouro”. Amo a forma como a versão
A Mensagem parafraseia esta frase de Jesus:

“Aqui está um guia simples e objetivo de conduta: pergunte a


você mesmo o que quer que os outros façam a você, e, então,
faça o mesmo a eles!”
— Lucas 6:31 (A Mensagem)
Faça a si mesmo a seguinte pergunta: “É dessa forma que eu
gostaria de ser tratado se a situação fosse reversa? Gostaria que
alguém falasse de mim, ou me fizesse o que eu tenho falado e
feito?”

Alguém poderia listar milhares de faça e não faça, mas nunca


haveria regras suficientes e regulamentos para cobrir todas as
situações. Mas se pudermos aprender como andar no Seu amor, ser
governados pela Sua Palavra e Espírito, e verdadeiramente andar
em sabedoria, nós tomaremos as decisões corretas e faremos
aquilo que glorificará a Deus e ajudará as pessoas.

A congregação romana a que Paulo dirigiu as suas palavras era


composta de pessoas de diferentes experiências, e tais diferentes
experiências estavam causando que os crentes tivessem
convicções divergentes a respeito de algumas questões não
essenciais. Quando Paulo chega ao capítulo 14 de Romanos, ele
fala aos crentes de lá sobre não julgarem uns aos outros, para não
empurrarem as suas próprias convicções uns nos outros e que não
se tratassem de uma forma que faria que os irmãos mais fracos
caíssem. Isso significaria algumas vezes sacrificar as preferências
pessoais de alguém em favor do que era melhor para o outro.

Paulo faz uma afirmação dramática a respeito daqueles que


buscam agradar em primeiro lugar ao Senhor: “Honre o seu irmão
em segundo, e coloquem suas preferências pessoais em último”.
Ele diz: “... e quem está nesse caminho devotadamente servindo a
Cristo, Deus tem prazer nele e os homens o elogiam” (Romanos
14:18, versão de Weymouth).
Não consigo pensar em uma expressão maior de ser qualificado
do que isso. Buscando a honra e a glória do Senhor primeiro, e
buscando o benefício e a edificação dos outros em segundo. Oro
para que todos nós possamos correr as nossas respectivas
carreiras para que, quando tudo tiver sido dito e feito, Deus tenha
tido prazer em nós e os homens nos elogiem.
O S

Deus o ama, não importa quem você seja, não importa o seu
passado. Deus o ama tanto que deu o Seu Filho unigênito por você.
A Bíblia nos diz que “... todo aquele que Nele crê não perecerá, mas
terá a vida eterna” (João 3:16). Jesus entregou a Sua vida e
ressuscitou para que pudéssemos passar a eternidade com Ele no
céu e experimentar o Seu melhor na Terra. Se você deseja fazer de
Jesus o Senhor da sua vida, faça a seguinte oração em voz alta e
de todo o seu coração.

Querido Pai Celestial,


Eu venho a Ti em Nome de Jesus.

Tua Palavra diz: “... aquele que vem a Mim de maneira


nenhuma o lançarei fora” (João 6:37), de modo que sei que Tu
não me lançarás fora, mas me receberás e eu Te agradeço por
isso. Tu disseste na Tua Palavra: “Todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo” (Romanos 10:13). Estou invocando
o Teu Nome, por isso sei que Tu me salvaste agora.

Tu também disseste: “... se com a tua boca confessares o


Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o levantou
dentre os mortos, serás salvo. Pois com o coração se crê para
a justiça; e com a boca se confessa para a salvação” (Romanos
10:9-10). Creio em meu coração que Jesus Cristo é o Filho de
Deus. Creio que Ele foi ressuscitado dentre os mortos para a
minha justificação, e confesso-o agora como meu Senhor.
Porque a Tua Palavra diz: “... com o coração se crê para a
justiça...” e eu creio em meu coração, agora tornei-me a justiça
de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21)... E estou salvo!

Se você fez a oração para receber Jesus Cristo como seu Senhor
e Salvador, entre em contato conosco em www.harrisonhouse.com
para receber um livro gratuitamente. Ou você pode escrever para:

Harrison House. P.O. Box 35035. Tulsa, Oklahoma 74153.


S A

O mestre da Bíblia e autor Tony Cooke tem servido ao Corpo de


Cristo em diversas áreas desde 1980. Sua paixão pelo ensino da
Bíblia levou-o a mais de 45 estados e a 26 nações.

Seu website (www.tonycooke.org) alcança pastores, missionários


e outros líderes da igreja em mais de 180 países com recursos
ministeriais encorajadores e úteis.
Tony esteve envolvido no ministério pastoral por mais de vinte
anos, e serviu como instrutor e reitor do Rhema Bible Training
Center. Ele também serviu por treze anos como diretor da
International Ministerial Association.

Desde 2002, Tony e sua esposa Lisa têm viajado em tempo


integral com a missão de “fortalecer igrejas e líderes”.
Além de ter se graduado em 1981 pelo Rhema Bible Training
Center, Tony estudou religião na Butler University e recebeu o título
de Bacharel em Ministérios Eclesiásticos na North Central
University.

Tony e sua esposa Lisa moram em Broken Arrow, Oklahoma, e


são pais de dois filhos adultos, Laura e Andrew.

Para receber ensinamentos mensais gratuitos de Tony Cooke,


visite www.tonycooke.org e inscreva-se.

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