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FL/GPH/16

BELÉM-PA/BRASIL/1997

GRUPO I
PRODUÇÃO HIDRÁULICA (GPH)
FILOSOFIA DE AUTOMAÇAO DE PCHs DA COPEL
Nelson Reis Minku
COPEL - COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA

RESUMO isto é, a automação na parada da unidade geradora,


porém necessitando do operador para partir, devido à
Buscando a redução dos custos operacionais de suas necessidade de se avaliar o motivo da parada da
PCHs, a COPEL decidiu pela sua automatização. unidade antes de retornar à operação e à necessidade de
Como ganhos adicionais, obteve melhoria do garantir a segurança da instalação (invasão, roubo, etc).
desempenho operacional e da análise pós-falha dessas
unidades. As usinas semi-automatizadas trabalham em regime de
Com o uso de equipamentos que passaram a efetuar semi-assistidas, com dois operadores em horário
funções operacionais, tais como, tomada e retirada de administrativo e sobreaviso fora deste horário. Existe
carga, controle de limites de potência ativa e reativa, uma idéia, conforme a usina, de se deixar apenas um
sincronismo automático, etc, tornou-se viável a redução operador como mantenedor e retirar o sobreaviso. Os
do quadro de operadores. critérios variam de usina a usina, dependendo do custo
O presente artigo mostra quais funções foram final e necessidades operacionais de circuitos da área
automatizadas, a filosofia e os cuidados que foram de distribuição.
adotados pela COPEL na automação de suas PCHs.
Para a automação na COPEL foram utilizados micros
PALAVRAS-CHAVE industriais para facilitar a interface homem x máquina
Automação de PCHs - Semi-automação - Micro e obter a melhor relação custo x benefício. Dos
Industrial - EMC. fabricantes de micros industriais foram exigidas o
atendimento às normas de compatibilidade
1.0 - INTRODUÇÃO eletromagnética (EMC) IEC 801. As instalações de
A COPEL iniciou o processo de automação de suas todos os equipamentos de SEs e usinas também estão
usinas em 1993 com a usina de Salto do Vau. Em 1995 sendo feitas com os devidos cuidados com o
foram automatizadas as usinas de Cavernoso e Melissa, aterramento e a compatibilidade eletromagnética.
em 1996 foi automatizada a usina de Chopim, em 1997
temos a previsão de automatizar a usina de São Jorge, O “software” utilizado foi o “PCH-Control”,
até o ano 2000 as demais (mais 6), finalizando o plano desenvolvido na própria empresa, utilizando o sistema
de automação com um total de 11 usinas e operacional DOS e linguagem de programação C. A
aproximadamente 80,5 MW. tendência é a utilização do QNX e padronização com a
automação de SEs da COPEL.
A COPEL adotou a filosofia da semi-automação,
Em um futuro próximo as usinas estarão sendo
supervisionadas a distância e fazendo parte da rede de
comunicação da COPEL.
2.0 - O SISTEMA PCH-CONTROL
P limite P.ativa
2.1 Filosofia

O programa PCH-Control tem como filosofia o


princípio, “faça o que o operador fazia”.
lim.P.reat.
2.2 O software

2.2.1 O programa efetua as seguintes tarefas:


capacitivo indutivo Q
- Medição das temperaturas dos mancais e
FIGURA 1

Rua Desembargador Motta, 2598 - apto 903 - Curitiba - PR - CEP 80430-200


Tel: (041) 223.4772 - Fax; (041) 331.4149
2
enrolamentos; 2.2.7 O sistema de oscilografia dá condições de se
- Leitura das grandezas elétricas; analisar se a atuação da proteção foi correta ou não
- Supervisão e proteção das grandezas mecânicas; através da gravação de sinais elétricos com pré-falta de
- Supervisão de atuação das proteções elétricas; 30 segundos e pós-falta de 10 segundos.
- Supervisão de estados das unidades geradoras;
- Consistência de situações operacionais; 2.2.8 O sistema de gravação de eventos tem uma taxa
- Sincronismo automático; de amostragem de 55 ms, tempo suficiente para
- Sequência de eventos; possibilitar análise das falhas ocorridas na usina.
- Supervisão do nível de barragem;
- Controle do limite de potência ativa; 2.2.9 O sistema possue uma função de bloqueio de
- Controle de limites de potência reativa; sinais que permite bloquear sinais de entrada e saída
- Oscilografia das grandezas elétricas; para facilitar a manutenção e testes.
- Traçado de gráficos das medidas elétricas e das
temperaturas; 2.2.10 O módulo de gráficos facilita o
- Funções de automatismo. acompanhamento e análise das medidas das grandezas
elétricas e temperatura pelo orgão de engenharia de
2.2.2 Para funções tipo automatismo, supervisão das manutenção.
proteções elétricas, estados das unidades geradoras,
sequência dos eventos, oscilografia das grandezas 2.3 O hardware
elétricas, proteção das grandezas mecânicas e
consistência de situações operacionais, o programa atua 2.3.1 O hardware utilizado é o PC industrial 486, com
dentro de uma taxa de amostragem de 55 ms, Já para as placas de aquisição analógicas e digitais no próprio
demais funções, esse tempo não é tão importante. “slot” padrão ISA. As entradas analógicas e digitais são
isoladas do “processo” através de isoladores óticos. As
2.2.3 O algorítmo de sincronismo automático utiliza saídas de comandos são isoladas através de relés. A
um relé de “check” de sincronismo para efetuar o alimentação do sistema utiliza o serviço auxiliar CC da
sincronismo “de fato”, ficando para o PCH-Control o usina de modo a supervisionar mesmo sem
compromisso de comandar mais e menos tensão e mais alimentação CA.
e menos velocidade-carga.
2.3.2 Optou-se pelo uso do PC industrial ao invés de
2.2.4 O algorítmo de limite de potência ativa mantém a um CLP, devido às seguintes facilidades:
máquina operando abaixo da máxima potencia ativa - Melhor interface homem x máquina (IHM);
permitida pela turbina, ver Figura 1. - Facilidade de gerenciamento de Banco de Dados;
- Facilidade de registro de sequência de eventos;
2.2.5 O algorítmo de limite de potência reativa mantém - Uso do padrão IBM-PC;
a máquina dentro de uma faixa de reativos em torno do - Custo baixo e facilidade de manutenção.
zero através de comandos no valor de referência do
RAT, ver Figura 1. 2.3.3 Quando da existência de mais de uma unidade
geradora, utiliza-se um micro por máquina com
2.2.6 O sistema de ajuda dá informações ao operador redundância por recobrimento entre eles, de tal modo
sobre procedimentos a seguir no caso da atuação de que na falha de um micro, o outro assume as funções
proteção.
principais deste, ver Figura 2 e Figura 3. borboletas (adequadas para fechar com fluxo).

4.0 - EMC

G1 G2 4.1 Micro industrial

4.1.1 O micro industrial atende às normas IEC 801 - 2,


3 e 4.

Micro 1 Micro 2 4.2 Usina e subestação

4.2.1 As instalações na usina e subestação tem todos os


cabos de controle, medição e força separados por
FIGURA 2 eletrodutos metálicos e são utilizados cabos blindados
para medições analógicas.

G1 G2 G3 4.2.2 A subestação tem a malha de terra adequada com

Micro Micro Micro


1 2 3
3
hastes de aterramento em posições estratégicas para
atenuar os surtos das descargas atmosféricas.

4.2.3 Na sala de comando utilizamos um anel de


amortecimento com hastes de aterramento para atenuar
descargas atmosféricas.

4.2.4 O anél de amortecimento fica ligado à malha de


terra através de um único caminho e protegido através
de hastes de aterramento.
2.3.4 Na falha de todo o sistema de supevisão e
controle, a usina está preparada para operação manual 5.0 RECOMPOSIÇÃO
voltando a necessidade do operador.
5.1 Subestação
2.3.5 Existe um módulo de análise que permite
visualizar as ocorrências no escritório. Um disquete 5.1.1 A recomposição da SE tem como pré-condição a
com informações de leituras, gráficos e sequência de existência da tensão do sistema e a certeza de que os
eventos são enviados mensalmente ao órgão de grupos geradores estão com os seus disjuntores abertos.
engenharia de manutenção, para análise. Em seguida, são energizados os disjuntores e
religadores da SE caso não tenha ocorrido bloqueio.
3.0 - O SISTEMA DE PROTEÇÃO
5.2 Usina
3.1 Filosofia
5.2.1 Para iniciar o sincronismo automático o programa
3.1.1 A filosofia da proteção elétrica do gerador e da supervisiona a existência de tensão na barra. O
subestação ficam inalteradas. sincronismo é feito grupo a grupo, sendo que se houver
dificuldade de sincronizar um gerador é selecionado
3.1.2 O sistema PCH-Control supervisiona a proteção e outro.
na falha de atuação do relé 86, o mesmo passa a fazer a
sua função. 5.2.2 Como parte do esquema de recomposição, o
sistema supervisiona a frequência da barra e caso a
3.1.3 Existe a idéia de usar relés de proteção numéricos mesma ultrapasse 0,5 Hz para mais ou 0,5 Hz para
e interligação dos mesmos ao nosso sistema de menos por mais de 2 segundos, retira os grupos
supervisão e controle. geradores através dos seus disjuntores, permanecendo
em rotação próxima a 60 Hz e excitados com tensão
3.1.4 O relé 86 deve atuar no fechamento da válvula nominal prontos para a recomposição.
borboleta. Usinas que originariamente tinham válvulas
gavetas tiveram as mesmas substituidas por válvulas
6.0 - SUBESTAÇÕES ELEVADORAS

As subestações elevadoras estão sendo padronizadas


para facilitar a manutenção e obtenção de peças
sobressalhentes de disjuntores.
Ver Figura 4.
34,5 KV
ZZ Dj
G1 ZZ
ZZ Dj

ZZ Dj
G2 ZZ
ZZ

FIGURA 4.

7.0 - BIBLIOGRAFIA

(1) INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL


COMISSION. Electromagnetic compatibili-
4
ty for industrial-process measurement and
control equipment. Publication IEC 801-2

(2) INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL


COMISSION. Electromagnetic compatibili-
ty for industrial-process measurement and
control equipment. Publication IEC 801-3

(3) INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL


COMISSION. Electromagnetic compatibili-
ty for industrial-process measurement and
control equipment. Publication IEC 801-4

(4) COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA


Compatibilidade Eletromagnética e Controle de
Interferências em instalações elétricas
LTEC 077.001.

7.0 - DADOS BIOGRÁFICOS

- Nome: Nelson Reis Minku;


- Local e data de nascimento: Curitiba, 16.07.55;
- Engenheiro Eletrônico, PUCRS, 1978;
- Curso Avançado de Controle do Sistema Elétrico,
UFSC, 1979;
- Acionamentos Industriais, CEFET Curitiba, 1987;
- Experiência profissional:
trabalha na COPEL desde 1979

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