Você está na página 1de 6

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Psicologia Histórico-Cultural e Educação

Nome: Leonardo Felipe Ferreira nº USP 8571350


Docente: Teresa Cristina Rebolho Rego de Moraes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO VISITAÇÃO VIRTUAL DE MUSEUS

SÃO PAULO
2018
INTRODUÇÃO

Como uma forma de refletir sobre outros possíveis espaços de constituição de processos de ensino-
aprendizagem para além do escolar, principalmente diante da conjuntura atual. O presente relatório de
estágio busca analisar, descrever e refletir sobre a visitação virtual de três espaços educativos “não
formais”, tecendo algumas considerações teóricas e práticas maturadas ao longo do semestre e debates
em aula. As reflexões aqui perpassam a disciplina Psicologia da Educação da faculdade de Educação
da Universidade de São Paulo ministrada pela professora Teresa Cristina Rebolho Rego de Moraes no
primeiro semestre de 2020.
Os espaços visitados devido à conjuntura de adversidade pela pandemia de COVIDE-19 foram
acessados por meio virtual, o que também será considerado na elaboração das reflexões quanto às
propostas educativas ali presentes diante a necessidade de acessibilidade a distância do público.
Foram eles o site da Pinacoteca do Estado de São Paulo e a sua proposta de tour virtual, o site oficial
do Museu do Imigrante com foco especial ao acervo virtual e por fim o site do Museu do Futebol com
um foco às exposições virtuais.
As páginas dos museus foram acessados no dia 9 de Julho de 2020 e o tour virtual na Pinacoteca
ocorreu no dia 10 de Julho de 2020

PINACOTECA

dentre os espaços escolhidos esse foi o único espaço que já havia conhecido previamente e
presencialmente e é o único que possui em seu site através do setor #pinadecasa uma proposta de tour
virtual em que reproduz virtualmente o espaço arquitetônico do prédio. Isso em si já gerou um efeito
interessante tanto em nível pessoal como a reflexões possíveis de se tirar a partir disso.
Esse conhecimento prévio contribui para traçar uma espécie de contrastação do espaço real com o
virtual bem como tecer alguns comentários sobre como as possíveis propostas educativas do prédio
pode se dar nessas diferentes formas de acesso à suas exposições.

É também notável o caráter mais estruturado que o site, exposições e dinâmicas educativas possuem
em si diante do fechamento físico decorrente a pandemia. A secção #pinadecasa possui subseções
inteiras dedicadas a essa condição das contingências do isolamento social e a impossibilidade de
visitações físicas. São elas ; distância: uma seleção de vídeos da pinacoteca, pina Ação, tour virtual,
instagram pinacoteca, jogos educativos.
Uma coisa que vale ressaltar é como esses espaços de acesso possui primeiramente uma variabilidade
de formas de acessar os conteúdos das exposições da instituição, mas também possui seções inteiras
com um alto grau de interatividade. A seção Jogos educativos em si já se explica, nela existem
diversos jogos diferentes que se relacionam com o acervo, há a página de nome aprenda brincando-
com jogos de interpretação como, símbolos, qual é a obra?, caça detalhes - e a página brincar
aprendendo - para jogos mais competitivos com possibilidade de jogar em mais pessoas, jogos como
quebras cabeças digitais com obras de arte da Pinacoteca, jogos da memória, ache os erros, imagem e
som e etc…
A outra seção mais interativa é o tour virtual pela pinacoteca, é o mais impressionante, mostra-se um
alto investimento em preparo para esse tour virtual, com uma réplica bem detalhada da reprodução do
espaço arquitetônico e da exposição permanente do prédio.
O software nos coloca no controle da navegação do espaço bem como também possuí uma espécie de
navegação guiada em que o usuário pode pausar quando quiser e interagir com as obras que se
encontram na exposição. Tendo já conhecido o espaço anteriormente, realmente impressiona a
capacidade de reprodução fidedigna daquele espaço, com sua arquitetura oitocentista histórica, bem
como a reprodução em alta qualidade de imagem das obras. O fator instigante para percorrer os
corredores da exposição permanente da pinacoteca é realmente muito forte, dado o bom
funcionamento do programa, para os que possuem smartphone é possível fazer uma espécie de
realidade virtual em que o câmera olha pra onde o smartphone aponta. Encontrando uma obra e
clicando no balão que dela surge, podemos as vezes ouvir um áudio que a explica, tendo informações
breves sobre o autor e a obra, as vezes vídeos ou até mesmo textos, no entanto nem todas as obras
possui interação, bem como nem todos os textos ao lado delas é possível ser lido.
Ou seja, quanto a interatividade e acessibilidade essa estrutura de tour e de jogos educativos se mostra
uma boa proposta de ensino-aprendizagem para além da escolar em turma de adolescentes,
principalmente na necessidade de evitar aglomerações decorrente a pandemia. A exposição como de
costume da pinacoteca constitui-se em basicamente do acervo de pinturas da Pina adquiridas pelo
acervo do Estado.
A exposição permanente foi organizada em temas das obras por salas fazendo uma espécie de
percurso pela história do Brasil através das representações da vida brasileira pela pintura, a sala 1
começa com a tradição colonial, e já nas últimas salas são especialmente composta por obras feitas na
virada do século XIX para o XX. vale ressaltar um áudio em especial de apresentação da sala 7 em
que o tema era retratos domésticos desse período e a voz propõe uma brincadeira com o usuário de
reproduzir aquela cena doméstica em casa com a família e enviar para equipe, uma espécie de jogo
interativo no meio da exposição guiada.
O conteúdo dessa exposição é um ótimo exemplo de como podemos constituir e exercitar o
imaginário dos alunos à medida em que entram em contato com diferentes exemplos de dar forma
material e simbólica aos temas brasileiros contidos nas obras. Angel Pino ressalta o caráter
materialista desse tipo de atividade em que coisas como imaginário e simbólico fazem parte de
atividades produtivas criadoras 1. Essa capacidade criadora que pode advir desse contato com a
exposição poderia ser mais explorada pela instituição.
Pois, o fato de ser interativo pode animar no começo mas a medida em que o tour oferece basicamente
uma reprodução da experiência mais clássica de visitação de museus; a saber, entra-se numa sala, tem
uma série de quadros e algumas informações para se ler na entrada, é de se supor que tal forma de
proposta de ensino-aprendizagem possuiria os seus limites quanto ao engajamento dos alunos. Talvez
ao se valer de outras formas de interatividade digital entre aluno-professor associadas a essa
plataforma de visitação virtual seja uma opção mais efetiva.
De todo modo esse tour pode ser um ótimo instigador para uma visitação presencial às instalações,
uma vez que muitas outras exposições não constam no site e no tour virtual, não esgotando de modo
algum as possibilidades que a Pinacoteca oferece.

MUSEU DO FUTEBOL

O museu do futebol nunca foi visitado previamente e seu site possui a opção de exposições virtuais,
no entanto pouco passa de informação a respeito de suas instalações e espaço. O que mais me
interessa é o futebol em si, além de pessoalmente ser um amante do esporte, é fato a importância dele
para a constituição da história brasileira em seus diversos desdobramentos, bem como da identidade
brasileira. é no futebol também que muitos alunos de periferia possui extremo interesse, logo, articular

1 Texto 14: PINO, Angel. A produção imaginária e a formação do sentido estético. Reflexões úteis
para uma educação humana. Pro-Posições, [S.l.], v. 17, n. 2, p. 53-4
o interesse pelo esporte com um projeto de ensino-aprendizagem de história e cultura se torna uma
ótima oportunidade..
No entanto o site se mostrou pouco adaptado de maneira efetiva para atividades com alunos, apesar de
ter como norteador uma espécie de organização educativa para diversos públicos, tendo como o
futebol, o centro de interesse, as exposições são todas organizadas e dispostas em formato de slides
com textos e fotos históricas, às vezes pequenos vídeos documentários, não possuindo em si muitos
atrativos para quem não gosta de futebol ou da história do esporte no Brasil.
No entanto para os que aderem a essa forma mais formal de exposição de informação as exposições
fazem um bom apanhado, particularmente o que me instigou mais ainda a visitar o espaço em si foi a
exposição sobre o projeto do estádio do Pacaembu. explicando o nome, curiosidades da construção e
as disposições espaciais ali presentes que dá vontade de ver de perto.

MUSEU DA IMIGRAÇÃO

Sendo também um espaço do qual não possuo a referência pessoal, o site não transmite muito sobre o
espaço físico e as instalações, porém possui a propostas de atividades online no formato de apostilas
de leitura com jogos, sem o elemento interativo digital.
As exposições se mostraram bem superficiais, tendo apenas banners com uma pequena galeria para
cada uma das exposições do museu. Há apenas três exposições completas para o formato virtual, nelas
é possível navegar a exposição pelo formato de slides com fotos e textos.
O conteúdo das exposições em si são bem sensíveis no sentido de constituir um olhar de aproximação
empática com o fenômeno histórico da imigração aqui no brasil, a que mais despertou interesse foi a
exposição de nome Viagem, sonho e destino em que traça esse aspecto humano de vidas que mudaram
radicalmente por conta desse deslocamento. Na exposição também há relatos de pessoas vindas de
diferentes partes do mundo lembrando em muito as discussões sobre o curta O mundo cabe numa
cadeira de barbeiro, do brasileiro José Roberto Torero, em que a mesma perspectiva de
narrativização pessoal de viagem, dos sonhos e destinos de vida das pessoas imigrantes é traçada e
mostra como elas constituíram grande parte da história da cidade de São Paulo.
Algo que vale a pena navegar também é o acervo digital com um sistema de busca aprimorado bom
para achar documentos antigos e fotos, seja de imigrantes de diferentes partes do mundo que vieram
para cá, como fotos históricas de diferentes lugares relacionados ao tema. Há também uma biblioteca
digital com livros e vídeos restaurados de época.
No entanto a experiência digital está longe esgotar a visita em si, além de ser não muito instigantes
para atividades educativas para alunos de ensino médio e fundamental devido a falta de interatividade.
BIBLIOGRAFICA

Texto 14: PINO, Angel. A produção imaginária e a formação do sentido estético. Reflexões úteis para
uma educação humana. Pro-Posições, [S.l.], v. 17, n. 2, p. 47-69, fev. 2016. ISSN 1982-6248.
Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643628/11147

Você também pode gostar