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Autor: Anônimo
Fonte: A Catholic Response Inc. (http://users.binary.net/polycarp)
Tradução: Carlos Martins Nabeto
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A expressão "Deus Mãe" vem se tornando popular, mesmo entre cristãos. Esta
linguagem possui diversas origens. Nos últimos anos, o Paganismo e o Gnosticismo,
com suas divindades masculinas e femininas, tornaram-se mais populares. Também
feministas, perturbadas por um Deus que é Pai, tentaram criar um deus à sua
própria imagem. Embora alguns possam enfatizar excessivamente as imagens maternas
de Deus encontradas na Bíblia, por outro lado, "Deus Mãe" pode ser confundido com o
título de Maria "Mãe de Deus", que é uma outra questão [totalmente] diferente.
Um exemplo que promove [a expressão] "Deus Mãe" é o livro intitulado "Heart Talks
to Mother God" [="O Coração fala a Deus Mãe"]. Este livro afirma ser baseado nas
imagens maternas de Deus na Bíblia. Foi escrito para crianças, para que elas
pudessem experimentar uma outra metáfora de Deus: "Deus Mãe, que as ama
incondicionalmente". Infelizmente, isso parece implicar que os pais, incluindo Deus
Pai, não podem amar incondicionalmente. O livro reduz a Criação ao "nascimento",
onde Deus não cria mais a partir do nada, mas tem um útero. Também Jesus parece ter
tido duas mães: Maria e Mãe Deus! Este título para Deus tem muitas implicações
estranhas. Assim, uma pergunta importante a ser feita é: temos licença para alterar
os títulos revelados de Deus, de acordo com as nossas opiniões e sentimentos?
Pois bem: temos de perceber que Deus não está na nossa imagem, mas nós somos feitos
à imagem de Deus. Podemos rejeitar a Deus, mas não podemos mudar ou redefinir Deus.
Deuses criados por nós são meros ídolos (cf. CIC 2779). O Catecismo da Igreja
Católica (CIC) declara:
- "Deus não é de modo algum à imagem do homem. Não é nem homem nem mulher. Deus é
puro espírito, não havendo Nele lugar para a diferença dos sexos. Mas as
'perfeições' do homem e da mulher refletem algo da infinita perfeição de Deus: as
de uma mãe (cf. Isaías 49,14-15; 66,13; Salmo 131,2-3) e as de um pai (cf. Jó
31,18; Jeremias 3,4-20) e esposo (cf. Jeremias 3,6-19)" (CIC 370).
O Catecismo continua nos lembrando que Deus transcende ambos os sexos, paternidade
e até criação. A linguagem da fé enraizada na experiência humana nunca pode
expressar completamente a Deus (cf. CIC 40).
Na Bíblia, o título de "Mãe" nunca é aplicado para Deus. No Antigo Testamento (AT),
Deus emprega para Si mesmo o título de "Pai", ainda que raramente:
- "Ele (=Rei Davi) me invocará (=Deus), clamando: 'Tu és meu Pai, meu Deus, a Pedra
da minha salvação'" (Salmo 89,26; v.tb.: 2Samuel 7,14; Salmo 68,6).
Os títulos do AT para Deus são principalmente políticos (Senhor, Rei, Mestre) ou
militares (Fortaleza, Pedra, Escudo). Foi Cristo quem primeiramente desenvolveu por
completo o título "Abba" para o Deus de Israel. "Abba" é o [vocábulo] aramaico para
"pai" e não para "mãe ou pai" (cf. Marcos 14,36). Jesus no Evangelho se refere ao
Deus de Israel como "meu Pai" (Lucas 2,49) e "Pai Nosso", como consta na oração do
Senhor (cf. Mateus 6,9; 23,9). Nas Epístolas do Novo Testamento (NT), os títulos de
"Deus Pai" (cf. Gálatas 1,1; Efésios 5,20) e "Deus nosso Pai" (cf. Romanos 1,7;
1Coríntios 1,3) são frequentemente empregados. Às vezes, Deus pode descrever as
Suas ações em termos maternos, assim como Moisés e São Paulo também se autocomparam
às mães (cf. Números 11,12; Gálatas 4,19).
A Natureza Divina é Espírito puro (cf. João 4,24), mas a 2ª Pessoa da Trindade (cf.
Mateus 28,19) também tomou sobre Si uma natureza humana. Esta doutrina é chamada de
"Encarnação". Deus Filho, veio em carne como Jesus Cristo. Como está escrito no
Evangelho:
- "O Verbo era Deus (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João
1,1.14).[1]
- "Mas quando chegou a hora, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher" (Gálatas
4,4).
O Deus de Israel é o Pai de Jesus (cf. Mateus 11,27), enquanto que Maria tornou-se
a mãe humana de Jesus (cf. Lucas 1,43).[2] Jesus não tinha vergonha de chamar o
Deus de Israel como Seu Pai. Ele foi acusado de blasfêmia e acabou morrendo por
essa alegação (cf. João 5,18; 19,7-8).
Algumas feministas afirmam que a Bíblia é tendenciosa já que foi copiada ao longo
dos séculos por escribas do sexo masculino. Mas essa afirmação não explica os
versículos que apresentaam Deus em termos maternos (p.ex. Isaías 42,14; 49,14-15;
66,13). Certamente os escribas "fixados no patriarcal" teriam se escandalizado por
essas passagens e eventualmente as teriam excluído. E essas metáforas, ainda que
raras, poderiam ter sido facilmente removidas da Bíblia. No AT, o título "Pai" é
raramente usado para Deus; então aqui, mais uma vez, deveríamos esperar que os
"escribas patriarcais" empregassem esse título com mais frequência no AT.
Pois bem: se Jesus realmente não chamou o Deus de Israel de Seu Pai, os escribas
posteriores teriam que falsificar muitas das palavras de Jesus nos Evangelhos. Como
os Evangelhos chegaram até nós através de várias tradições de manuscritos,
juntamente com alguns manuscritos primitivos que sobreviveram, tal revisão radical
deveria ter sido feita muito no início, ainda no século I, quando os cristãos que
pessoalmente ouviram Jesus ainda estavam vivos. E os Apóstolos também teriam que
mentir e depois serem martirizados por essa mentira! Mas na verdade, esses escribas
estavam realmente mais motivados a preservar a Palavra de Deus do que a promover o
"chauvinismo machista". De fato, esses escribas eram bem cuidadosos ao transcrever
precisamente a Palavra de Deus.
Nossa palavras humanas nunca poderão expressar adequadamente a Deus, que é Santo
(cf. Salmo 99,9) e Amor (cf. 1João 4,16). Diferentemente das palavras humanas,
Jesus Cristo é o Verbo Encarnado, que pode expressar completamente a Deus (cf. CIC
102; Hebreus 1,1-3; Mateus 11,27). Os cristãos podem chamar Deus de "Pai" porque
Jesus nos deu tal permissão (cf. Gálatas 4,6; CIC 2780), caso contrário estaríamos
cometendo um sacrilégio ou até mesmo idolatria.
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Nota:
[1] Algumas referências à divindade de Cristo são: João 5,18; 10,30; 20,28-29; Atos
20,28; Colossenses 2,9; Tito 2,13 etc.
[2] É por isso que a Igreja Católica chama Maria de "Mãe de Deus" (cf. CIC 495),
pois ela é a mãe da 2ª Pessoa divina, Deus Filho. Maria não é uma "deusa mãe", pois
é apenas humana, uma criatura de Deus. Ela também não é o lado feminino de Deus,
nem a mãe das demais pessoas divinas: Deus Pai e o Espírito Santo.