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Hidráulica Geral A

Prof. Dr. Victor Deantoni

PUC Campinas

Campinas, 2019
1. Introdução ............................................................................................................. 3
2. Condutos Forçados, Energia no escoamento. ....................................................... 4
Energia no Escoamento ................................................................................. 4
Perda de Carga .............................................................................................. 6
3. Tubulações Equivalentes e Traçado da Tubulação............................................. 15
Tubulações ligadas em série ....................................................................... 15
Tubulações ligadas em paralelo .................................................................. 16
Traçado das Tubulações .............................................................................. 17
Malhas ......................................................................................................... 18
4. Estações Elevatórias ........................................................................................... 21
Bombas Centrífugas .................................................................................... 21
Associação de Bombas................................................................................ 25
Cavitação em Bombas ................................................................................. 28
5. Transientes Hidráulicos ...................................................................................... 30
6. Canais ................................................................................................................. 33
Cálculo da altura da lâmina em uma seção transversal ............................... 33
Eficiência Hidráulica em canais .................................................................. 35
7. Energia em Canais .............................................................................................. 40
Estudo de uma seção retangular .................................................................. 41
Transições em Canais.................................................................................. 44
Canais de forma qualquer ........................................................................... 46
8. Ressalto Hidráulico ............................................................................................ 48
Considerando um canal retangular com vazão específica 𝒒, tem-se: ......... 48
Ressalto em canais com seções quaisquer: ................................................. 49
9. Remanso Hidráulico ........................................................................................... 50
Equacionamento .......................................................................................... 50
10. Orifícios, bocais e vertedores .......................................................................... 53
1. Introdução

A disciplina Hidráulica Geral A, contempla todo o conteúdo teórico necessário para o


desenvolvimento de futuras disciplinas práticas da Engenharia Civil como: Instalações
Hidráulica, Saneamento e Drenagem Urbana. Esse conteúdo será complementado pela
disciplina Hidráulica Geral B que contemplará a parte prática dos assuntos.
Seu conteúdo pode ser dividido em dois blocos principais, que até o ano de 2018
consistiam em duas distintas disciplinas.
O primeiro bloco apresenta o estudo do escoamento em tubulações à seção plena, ou
também chamado de escoamento em condutos forçados, onde o escoamento se dá dentro de
paredes que impõem pressões ao escoamento: cobrindo os tópicos de perda de cargas
(tubulações e acessórios), situações de malhas e associações e também o tópico de elevatórias,
a utilização de dispositivos mecânicos para o transporte de fluidos.
O segundo bloco, que é iniciado no capítulo 5 apresenta o escoamento a superfícies
livre, quando o escoamento apresenta parte ou todo o seu contorno em contato com a pressão
atmosférica.
O presente material foi desenvolvido com a intenção de complementar as aulas teóricas
e presenciais da disciplina, não substituindo as leituras de demais bibliografias recomendadas.
Os conteúdos desenvolvidos nesta disciplina em muito serão continuidade dos
conteúdos já vistos na mecânica dos fluidos, na disciplina de Fenômenos de Transporte.
2. Condutos Forçados, Energia no escoamento.

Energia no Escoamento
O escoamento em tubulações pode ser modelado através da equação de energia ou
Equação de Bernoulli, que contempla as parcelas necessárias para os estudos da disciplina.
Na Figura 1 é apresentado um esquema hipotético para apresentação da equação:

Perda de Carga Unitária

Parcela Cinética (1) Perda de Carga


L. Carga Total (Energia)
Parcela Cinética 2
L. Piezométrica

Parcela de Pressão (2)


Piezômetro
Parcela de Pressão (1)
Tubulação Eixo da Tubulação

Parcela Geométrica (2)

Parcela Geométrica (1)

Plano Horizontal de Referênicia

Na Figura temos três parcelas que correspondem a Energia Total;


𝑣2
• Parcela Cinética (taquicarga): 2.𝑔
𝑝
• Parcela de Pressão: 𝛾
• Parcela Geométrica: 𝑧
Desta forma temos:

𝑝1 𝑣12
𝐸1 = 𝑧1 + +
𝛾 2. 𝑔

𝑝2 𝑣22
𝐸2 = 𝑧2 + +
𝛾 2. 𝑔
A Cota Piezométrica é dada pela soma das Parcelas Geométrica e de pressão, apenas.
𝑝1
𝐶𝑃1 = 𝑧1 +
𝛾
𝑝2
𝐶𝑃2 = 𝑧2 +
𝛾

Exercício: Uma tubulação de 4” de diâmetro (externo) e com espessura de 2 mm está


sendo utilizada para transportar água a 1,20 m/s, o eixo ad tubulação está na cota 30 m e a um
piezômetro inserido neste ponto apresenta leitura de 1,40m. Qual a energia neste ponto e qual
a cota piezométrica?

Em sistemas reais o escoamento apresenta diminuição da energia no sentido do


escoamento, é a chamada perda de carga, que é a diferença entre o valor da energia entre dois
pontos (no sentido do escoamento), a perda de carga é denotada por (Δ𝐻).

Logo

𝐸1 = 𝐸2 + Δ𝐻

A preda de Carga também pode ser apresentada de forma unitária:


Δ𝐻
𝐽=
𝐿
A obtenção do valor da perda de carga pode ocorrer empiricamente (conhecidas as
energias), porém para projetos e estudos hidráulicos há a necessidade de determinação de seus
valores previamente de forma teórica.
O estudo da perda de carga em tubulações perpassa pelo nome de diversos pesquisadores
que ao longo do tempo apresentaram (cientificamente) equações e experimentos para
estabelecer o valor da perda de carga.
Um dos principais trabalhos para iniciar este tópico e o Experimento de Reynolds
(Osborne Reynolds, 1888). Em síntese esse experimento permitiu estabelecer três zonas
distintas de escoamento, que podem ser definidas utilizando o adimensional 𝑅𝑒𝑦.
𝐷
𝑅𝑒𝑦 = 𝑣 ∗
𝜈
Onde:

𝑣: velocidade do escoamento (m/s);

𝐷: Diâmetro interno da tubulação (m)


1.10−6 𝑚2
𝜈: viscosidade cinemática do fluido (água 20ºC )
𝑠
Os três modos de escoamento são:

• Escoamento Laminar: 𝑅𝑒𝑦 < 2000


• Escoamento Transitório: 2000< 𝑅𝑒𝑦 < 2200
• Escoamento Turbulento: 𝑅𝑒𝑦 > 2200

Vale ressaltar que na grande maioria dos estudos aplicados a situações hidráulicas
envolvendo engenharia civil o escoamento será turbulento.

Perda de Carga
2.2.1. Equação Universal
Para determinação da perda de carga uma das expressões mais utilizadas é a expressão
universal, desenvolvida por Darcy-Weisbach.

𝐿 ∗ 𝑣2
Δ𝐻 = 𝑓 ∗
𝐷∗2∗𝑔
Onde:

𝐿: Comprimento da tubulação (m)

Δ𝐻: Perda de Carga distribuída (m.c.a.)

𝑔: aceleração gravitacional (𝑚/𝑠 2 )

𝑓: fator de atrito

Como:
𝑄
𝑣=
𝐴
e

𝐷2
𝐴=𝜋∗
4
A equação também pode ser convenientemente apresentada por:

𝐿 ∗ 𝑄2
Δ𝐻 = 8 ∗ 𝑓 ∗ 5
𝐷 ∗ 𝜋2 ∗ 𝑔

Em ambos os casos é crucial o conhecimento do valor do fator de atrito para


determinação da perda. Com isso apresentamos o segundo experimento que permitiu a
continuidade no desenvolvimento.
A experiência da de Nikuradse (também se destacam Von Karmann e Pandtl) permitiu
estabelecer uma relação entre o fator de atrito, o número de Reynolds e as propriedades físicas
do material da tubulação, a chamada rugosidade relativa (𝑒/𝐷).

A rugosidade relativa é calculada como uma relação entre a rugosidade média de uma
tubulação e o diâmetro.
Esse experimento teve como resultado um gráfico que ficou conhecido com Harpa de
Nikuradse (1933), entretanto seus resultados são limitados a condutos com rugosidades
artificiais, que diferem do s materiais disponíveis no mercado.
Para atender as necessidades de projeto utilizaremos o diagrama de Moody (Moody,
1944), que foi desenvolvido a partir dos estudos de Colebrook e White (1939).
Equação de Colebrook e White:

1 𝑒 2,512
= −2 ∗ 𝐿𝑜𝑔 (( )+( ))
√𝑓 𝐷 ∗ 3,715 𝑅𝑒𝑦 ∗ √𝑓

Sendo que 𝑒é a rugosidade e é tabelado por material.

Material Rugosidade (mm)


Concreto 0.25
Plástico 0.0025
Aço 0.15
Ferro 1
Manilhas 2

O Diagrama fica então:


Para permitir a utilização em situações computacionais favoráveis (implementação de
softwares e rotinas automatizadas) recomenda-se a utilização da equação de Colebrook-White
feita por Koide (1993):
−2
𝑒 5,02 𝑒 14,5
𝑓 = (−2 ∗ 𝐿𝑜𝑔 ( − ∗ 𝐿𝑜𝑔 ( + )))
3,7 ∗ 𝐷 𝑅𝑒𝑦 3,7 ∗ 𝐷 𝑅𝑒𝑦

Em Caso de condutos não circulares, utiliza-se o conceito de Raio Hidráulico:


𝐴
𝑅𝐻 =
𝑃𝑚
𝐴: área molhada

𝑃𝑚: Perímetro Molhado

O procedimento consiste em encontrar o valor do Raio Hidráulico da seção e converte-


la em uma seção circular virtual, sendo que para o conduto circular:
𝐷
𝑅𝐻 =
4
Para uma figura de forma qualquer, denotada por X, é possível encontrar o diâmetro
equivalente fazendo:

𝐷 = 4 ∗ 𝑅𝐻𝑋

Exercício: Para a instalação a seguir, determine a pressão no ponto mais alto da rede. Em
seguida altere o diâmetro de forma a obter uma pressão de 0,8 m.c.a. neste ponto, calculando a
vazão transportada. Considere a rugosidade do material 0,1 mm.

R1 100,0m
99,00m R2
75,00m
75mm
75mm
0,5km

1,5km

2.2.2. Equações Empíricas


Além dos trabalhos apresentados, alguns engenheiros hidráulicos focaram no
desenvolvimento de equações práticas, baseadas totalmente em estudos de laboratório e na
prática das construções. Desta forma essas equações podem não ser dimensionalmente corretas
e em alguns casos limitadas a situações específicas.

A. Hazen-Williams:

Possivelmente a equação mais conhecida entre as fórmulas práticas:

𝐿
Δ𝐻 = 10,65 ∗ 𝑄1,85 ∗
𝐶 1,85 ∗ 𝐷4,87
Onde:

𝑄: é a vazão (𝑚3 /𝑠)

𝐶: Coeficiente de Hazen-Williams (tabela)

Coeficientes para expressão de Hazen Williams


Material da Tubulação C
Aço corrugado (chapa ondulada) 60
Aço com juntas lock-bar, novos 130
Aço galvanizado (novos e em uso) 125
Aço rebitado, novos 110
Aço rebitado, em uso 85
Aço soldado, novos 120
Aço soldado, em uso 90
Aço soldado com revestimento
especial, novo e em uso 130
Chumbo 130
Cimento amianto 140
Cobre 130
Concreto com bom acabamento 130
Concreto com acabamento comum 120
Ferro fundido, novos 130
Ferro fundido, em uso 90
Ferro fundido, revestido de cimento 130
Crés cerâmico vidrado (manilha) 110
Latão 130
Madeira em aduelas 120
Tijolos em condutos bem executados 100
Vidro 140
Plástico 140

Esta equação pode ser utilizada para diâmetros entre 50mm e 3500 mm, com
velocidades máximas de 3,0 m/s.
Exercício: Uma tubulação de 100 m e comprimento com diâmetro de 0,2 m e de PEAD
transporta uma vazão de 31 L/s. Determine a perda de carga ao longo do tubo.

B. Fair-Whipple-Hsiao:

𝑄𝑊
Δ𝐻 = 𝐾 ∗ 𝐿 ∗
𝐷𝑍
Com os valores Tabelados:

Material K W Z
Aço Galvanizado 0,00202 1,88 4,88
Cobre/Latão – Água 0,00086 1,75 4,82
Fria
Cobre/Latão – Água 0,000693 1,75 4,82
Quente
PVC Rígido 0,000824 1,75 4,75
FoFo – Água Fria 0,0014 1,75 4,75
FoFo – Água Quente 0,00113 1,75 4,75
Unidades no Sistema internacional.

C. Flammant:

𝑣 1,75
Δ𝐻 = 4 ∗ 𝐹 ∗ 𝐿 ∗ 1,25
𝐷
• F = 0,00023 para tubos de ferro ou aço;
• F = 0,000185 para tubos novos;
• F = 0,000185 para tubos de cobre;
• F = 0,000140 para tubos de chumbo;
• F= 0,000135 para tubos de PVC

2.2.3. Perdas de Carga Localizadas

Adicionalmente ao cálculo da perda de carga ao longo de tubulações é necessário o


conhecimento da perda que ocorre em válvulas, registros, acessórios, contrações, expansões,
curvas, conexões e demais componentes hidráulicos existem perdas de carga pontuais.
Essas perdas ocorrem da turbulência causada pela geometria da peça no escoamento,
que pode ocasionar alteração da velocidade, formação de fluxos espirais dentre outros.
Para a determinação destas perdas de carga existem dois métodos:
Perda Localizada

Registro

A. Método da componente Cinemática:

Neste método a perda é calculada em função da parcela cinemática do escoamento:

𝑣2
Δ𝐻 = 𝐾 ∗
2∗𝑔
Os valores de K variam peça a peça e podem ser encontrados em tabelas.
Perda de Carga Método Cinemático
Peça K
Ampliação Gradual 0.3
Bocais 2.25
Comporta aberta 1
Controlador de Vazão 2.5
Cotovelo 45º 0.4
Cotovelo 90º 0.9
Crivo 0.75

Curva de 22,5 0.1


Curva de 45 0.2
Curva de 90 0.4
Entrada de Borda 1
Entrada normal 0.5
Junção 0.4
Redução gradual 0.15
Registro Borboleta Aberto 0.3
Registro de Pressão aberto 5
Registro Gaveta Aberto 0.2
Saída de canalização 1
Tê passagem direta 0.6
Tê saída bilateral 1.8
Tê saída de lado 1.3
Válvula de Globo Aberta 10
Válvula de pé 1.75
Válvula de retenção 2.5
Venturi 2.6

Exercício: Uma tubulação de FoFo descarrega uma determinada vazão na atmosfera, essa
tubulação apresenta dois diâmetros distintos (25 cm e 15 cm) interligados por uma redução
gradual, adicionalmente no trecho de jusante (15 cm) há uma válvula globo. Qual a vazão?

B. Método do Comprimento Equivalente:

Neste método a perda é calculada convertendo a conexão em um trecho equivalente de


tubulação, e assim sendo este comprimento é adicionado ao comprimento real da tubulação.
Esse é o método recomendado pela NBR5626 para instalações prediais de água fria e quente.
Esses comprimentos são apresentados em tabelas.
𝐿𝑉 = 𝐿𝐸𝑄 + 𝐿𝑅𝐸𝐴𝐿

𝐿𝑉 :Comprimento virtual da tubulação


Pesos - Comprimento Equivalente
Diâmetro Norma Referência Diâmetro Tê - Tê - Entrada Entrada Válvula Registro
Joelho 90 Joelho 45 Curva 90 Curva 45 tê lateral
Comercia (mm) (pol) Interno direto bilateral Normal de borda crivo Gaveta
20 15 1/2 17 1.1 0.4 0.4 0.2 0.7 2.3 2.3 0.3 0.9 8.1 0.1
25 20 3/4 21.6 1.2 0.5 0.5 0.3 0.8 2.4 2.4 0.4 1 9.5 0.2
32 25 1 27.8 1.5 0.7 0.6 0.4 0.9 3.1 3.1 0.5 1.2 13.3 0.3
40 32 1 1/4 35.2 2 1 0.7 0.5 1.5 4.6 4.6 0.6 1.8 15.5 0.4
50 40 1 1/2 44 3.2 1.3 1.2 0.6 2.2 7.3 7.3 1 2.3 18.3 0.7
60 50 2 53.4 3.4 1.5 1.3 0.7 2.3 7.6 7.6 1.5 2.8 23.7 0.8
75 60 2 1/2 66.6 3.7 1.7 1.4 0.8 2.4 7.8 7.8 1.6 3.3 25 0.9
58 75 3 75.6 3.9 1.8 1.5 0.9 2.5 8 8 2 3.7 26.8 0.9
110 100 4 97.8 4.3 1.9 1.6 1 2.6 8.3 8.3 2.2 4 28.6 1

Exemplo: Qual a pressão no chuveiro, sabendo que a vazão de uma ducha é de 0,4 L/s. (PVC)

1,0m
Diâmetro
¾ PVC
0,5m
2,0m
RG

CH
2,0m
1,50m
RP

0,50m
0,50m
Plano Horizontal de Referênicia
3. Tubulações Equivalentes e Traçado da Tubulação.

Determinadas situações de projeto ou de ampliações de redes podem envolver a


utilização de distintas tubulações (diâmetros) para condução do fluido, estudaremos
separadamente duas situações:

Tubulações ligadas em série


Situação na qual distintos trechos de um mesmo traçado apresentam diâmetros
diferentes, é possível observar esta situação na figura.

D1
D2 D3

Analisando a figura podemos estabelecer:

• A Perda de Carga é diferente em cada trecho


• A Perda de Carga total é a soma da perda de carga em cada trecho
• A vazão é a mesma em cada trecho
• A vazão total é a mesma de cada trecho
Ou seja:

𝑄1 = 𝑄2 = 𝑄3 = 𝑄

Δ𝐻1 + Δ𝐻2 + Δ𝐻3 = Δ𝐻𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿

Logo, simplificando a equação universal:


𝐿 𝐿
Δ𝐻 = 8 ∗ 𝑓 ∗ 𝑄 2 ∗ =𝐴∗
𝜋2 ∗𝑔∗𝐷 5 𝐷
Podemos escrever:
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿3
𝐴∗ 5 =𝐴∗ 5+𝐴∗ 5+𝐴∗ 5
𝐷𝑒𝑞 𝐷1 𝐷2 𝐷3

Então:
𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑠
𝐿𝑒𝑞 𝐿𝑖
5 = ∑
𝐷𝑒𝑞 𝐷𝑖5
𝑖=1
Caso utilizássemos a equação de Hazen-Williams:
𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑠
𝐿𝑒𝑞 𝐿𝑖
4,87 = ∑
𝐷𝑒𝑞 𝑖=1
𝐷𝑖4,87

Tubulações ligadas em paralelo


Situação na qual um sistema de tubulações com distintos trechos apresenta uma mesma
origem e mesmo término. Em termos hidráulicos os trechos apresentam mesmo ponto de
montante e jusante. Na figura é possível visualizar essa situação.

D 1 – L1

D2 – L2

D 3 – L3

Essa situação pode ocorrer por exemplo, para ampliar a vazão de um sistema
aumentando o número de tubulações que alimentam um ponto de consumo.

Analisando a figura podemos estabelecer:

• A Perda de Carga é igual em cada trecho


• A Perda de Carga total igual a perda de carga em cada trecho
• A vazão é diferente em cada trecho
• A vazão total é a soma da vazão em cada trecho

𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 = 𝑄𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿

Δ𝐻1 = Δ𝐻2 = Δ𝐻3 = Δ𝐻

Podemos escrever:
1 1 1 1
5 2
𝐷𝑒𝑞 𝐷15 2 𝐷25 2 𝐷35 2
(𝐵 ∗ ) = (𝐵 ∗ ) + (𝐵 ∗ ) + (𝐵 ∗ )
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿3

Então:
1 𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑠 1
5 2
𝐷𝑒𝑞 𝐷𝑖5 2
( ) = ∑ ( )
𝐿𝑒𝑞 𝐿𝑖
𝑖=1

Caso utilizássemos a equação de Hazen-Williams:


2,63 𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜𝑠
𝐷𝑒𝑞 𝐷𝑖2,63
= ∑
𝐿0,54
𝑒𝑞 𝑖=1
𝐿0,54
𝑖

Traçado das Tubulações


O traçado de uma tubulação pode impactar na forma como o escoamento ocorre, a
situação ideal ocorre sempre quando toda a tubulação está abaixo do nível de água de montante
e não apresenta variações em sua declividade ao longo do trecho, porém esta é uma situação
muito específica.
Desta forma é necessário estuda as diferentes possibilidades de traçado.
Plano de Carga Absoluto

patm/γ

Plano de Carga Efetivo

L. Carga (Energia) Absoluto

L. Carga (Energia) Efetivo

Condutos Forçado: A Tubulação está totalmente abaixo da linha de carga efeitva.

Condutos Livres: A Tubulação apresenta superfície livre abera a atmosfera – Geralmente coincidente com o terreno (natural)
Condutos Forçado, porém a tubulação corta a L. Carga efetiva, haverá pressão negativa no ponto alto e o escoamento sera
irregular, não se deve instalar ventosas neste ponto, deve ser evitado.

O Escoamento so ocorrerá se houver escorva da tubulação, caso entre ar no escoamento ele cessará;
Haverá escoamento, pois todo o nível da tubulação está abaixo do nível do reservatório, porém a vazão será inferior a
calculada.

Sifão funcionando nas piores condições, com escorva haverá escoamento irregular.
Qualquer situação acima da linha verde o escoamento é impossível

Malhas
Este tópico será futuramente revisto na disciplina de Saneamento, porém é todo baseado
nos conceitos deste capítulo.

3.4.1. Método de Hardy-Cross


Método numérico de aproximações sucessivas, que utiliza conceitos de equação da
continuidade (conservação de massa) e de energia para determinar vazão em redes malhadas.
Qa Qb Qc

a b c

I
II

d e f
Qe Qf

Da figura podemos observar:

• O Somatório de vazões em cada nó deve ser nulo


• O somatório de perda de carga em cada anel deve ser nulo
• A perda de carga no anel I no trecho e-b deve ser igual (em módulo) a perda de carga
no anel II no trecho b-e

Sequência de cálculo (facilmente adaptada a uma planilha eletrônica).


1. Atribuir valores e sentidos arbitrários para vazão em cada trecho
2. Calcula-se a perda de carga em cada trecho
3. Calcula-se a soma algébrica das perdas em cada anel
4. Corrige-se a vazão pela equação, que é obtida:
5.
∑ Δ𝐻𝑖
Δ𝑄 = −
∑Δ𝐻
𝑛∗ 𝑄 𝑖
𝑖

𝑄𝑖+1 = 𝑄𝑖 + Δ𝑄

6. Repete-se esse procedimento até a soma ser nula.

Exercício:
A Figura mostra, esquematicamente, um anel de distribuição de água em uma cidade. O
anel é alimentado através do no A, com uma vazão de 284 L/s e pressão no ponto de 45,5 m.c.a.
No ponto F será instalado um hidrante para combate à incêndio, necessitando de uma vazão de
84 L/s e pressão de 28 m.c.a. Nos nós B, C, D, E e G deverão ser retirados os seguintes valores
de vazão: 56L/s, 28 L/s, 28 L/s, 31 L/s e 57 L/s, respectivamente. Desprezando as perdas
singulares (localizadas) e admitindo C=100 (H.W.) determine as vazões em cada um dos
trechos utilizando Hardy-Cross.
4. Estações Elevatórias

As estações Elevatórias consistem na utilização de bombas hidráulicas para fornecer


energia ao escoamento, seja para aumentar a pressão disponível, a vazão ou mesmo para vencer
um desnível geométrico.
Existem diversos modelos de bombas, as que serão o foco desta disciplina são as
chamadas bombas centrífugas.

Bombas Centrífugas
Levam esse nome pela característica de que após passar pela câmara (bomba) o líquido
tende a ser acelerado e sair tangencialmente a rotação (através da força centrífuga).
Uma bomba pode ser dita: Afogada (quando está localizada abaixo do nível do
reservatório de montante), ou Não Afogada (quando está acima do nível do reservatório de
montante).

Bomba Não Afogada

Bomba Afogada

Toda bomba centrífuga apresenta uma curva característica que é fornecida pelo seu
fabricante. Neste material é possível saber o valor da Altura manométrica para cada valor de
vazão, além do rendimento da bomba.
A Figura apresenta uma curva característica de uma bomba.
4.1.1. Instalação de Recalque

O esquema a seguir é utilizado para apresentação dos conceitos hidráulicos envolvidos


no dimensionamento de uma bomba.
A partir da Figura é possível estabelecer:

𝐻𝑚: Altura manométrica

𝐻𝑔:Altura geométrica

𝐻𝑠: Altura de Sucção (pode ser positiva ou negativa)

𝐻𝑟: Altura do recalque (geralmente positiva)

𝐻𝑔 = 𝐻𝑠 + 𝐻𝑟

𝐻𝑚 = 𝐻𝑔 ∗ Δ𝐻𝑠 + Δ𝐻𝑟

Como para qualquer ponto 𝐻𝑚 a bomba apresenta uma única vazão, existe apenas uma
única solução para um encanamento de recalque e uma bomba.
Porém o cálculo da perda de carga é função da vazão do escoamento que por sua vez é
função do ponto de funcionamento, desta forma deve-se utilizar ou um método numérico ou o
tradicional método da solução gráfica.
Traçando a curva da tubulação:
Faz-se o equacionamento de montante para jusante, considerando todas as perdas e a
energia adicionada pela bomba, de forma genérica, tem-se:

𝐸1 + 𝐻𝑚 − ∑Δ𝐻 = 𝐸2
Então:

𝐻𝑚 = 𝐸2 − 𝐸1 + ∑Δ𝐻

Em posse do gráfico da bomba traça-se o gráfico da tubulação e encontra-se o ponto de


funcionamento do sistema.

Alguns fabricantes podem oferecer as curvas em forma de tabelas ou equações, neste


caso é possível transformar a solução em gráfico ou então trabalhar com interpolação linear
entre os valores fornecidos.

4.1.2. Potência de uma bomba


Como todo dispositivo mecânico a bomba apresenta perdas na conversão de energia
elétrica para energia de pressão.
Portanto existem uma Potência Hidráulica da Bomba e uma Potência do Motor Elétrico
responsável pelo funcionamento.

A potência requerida pelo fluido é dada por:

𝑃 = 𝑄 ∗ 𝐻𝑚 ∗ 𝛾

A potência necessária para o funcionamento é:


𝛾
𝑃 = 𝑄 ∗ 𝐻𝑚 ∗
𝜂

4.1.3. Gasto energético de uma instalação de recalque.


Utilizando conceitos de eletricidade podemos estabelecer:

𝐸 = ∫ 𝑃𝑜𝑡 . 𝑑𝑡
Logo:

𝐸 = 𝑃𝑜𝑡𝐵𝑂𝑀𝐵𝐴 ∗ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Que pode ser convertido em montantes financeiros caso se disponha o valor da tarifa
(kWh)

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 = 𝐸 ∗ 𝑡𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎

4.1.4. Estimativa do diâmetro para uma linha de recalque


Fórmula de Bresse: Utilizada para estimativa econômica do diâmetro de recalque

𝜙𝑟𝑒𝑐 = 1,3 ∗ √𝑄𝑟𝑒𝑐

O diâmetro de sucção é adotado em um valor acima (comercialmente).

Associação de Bombas
Para atender situações específicas pode ser necessário a utilização de duas ou mais
bombas associadas, temos as seguintes possibilidades:

4.2.1. Bombas associadas em série


Situação onde comumente se quer aumentar a altura manométrica da instalação,
atendendo assim a um desnível geométrico superior.

Esquema:
Bomba 2
Bomba 1

Procedimento para obtenção da curva característica do conjunto:


Para cada ponto (x, y), manter a ordenada x e multiplicar da ordenada y pelo número de
bombas associadas.

Bomba associada em série


110
Bomba única
100
90 Associação em série
Altura Manométrica

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Vazão

Não é recomendada a instalação de diferentes modelos de bombas em associações.


4.2.2. Bombas associadas em paralelo
Situação onde comumente se quer aumentar a vazão da instalação, atendendo assim a
uma demanda superior.

Esquema:

Bomba 2

Bomba 1

Procedimento para obtenção da curva característica do conjunto:


Para cada ponto (x, y), manter a ordenada y e multiplicar o valor da coordenada x pelo
número de bombas associadas.
Bomba associada em paralelo
55
Bomba única
50
Associação em paralelo
45
Altura Manométrica

40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Vazão

Não é recomendada a instalação de diferentes modelos de bombas em associações.

Cavitação em Bombas

A cavitação é um fenômeno que ocorre em diversas situações hidráulicas,


especificamente neste tópico avaliaremos a cavitação que ocorre em instalações elevatórias.
De forma bem simplificada pode-se entender a cavitação como o desgaste de material
que ocorre após a implosão de bombas em contato com o material (implosão causa vibrações e
tensões superficiais no material).
Essas bolhas são formadas quando o escoamento passa por um ponto de pressão
negativa (conforme cálculos posteriores), ao retornar ao estado líquido em um ponto de jusante
com pressão superior ocorre a implosão.
O local onde isso ocorre nas instalações elevatórias é na entrada da bomba, isso quando
o escoamento no trecho de sucção tem baixos valores de pressão (seja pelo valor da perda de
carga, ou então pela grande altura de sucção).

Avaliação da ocorrência do fenômeno:


Toda bomba apresenta, para cada ponto de vazão, um valor de NPSH (Net Positive
Succion Head), chamado de 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 (requerido).
O Procedimento de cálculo consiste em calcular o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 (disponível) no sistema, caso
ele seja superior a cavitação não ocorrerá, o valor é a energia à montante da bomba acima da
pressão de vapor.

Cálculo no 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 :

𝐸1 = 𝑧 + 𝑝𝐴𝑇𝑀 /𝛾

𝑝𝐴𝑇𝑀 𝑝2 𝑣22
𝐸2 = 𝑧 + − Δ𝐻12 = 𝑧 + 𝐻𝑆 + +
𝛾 𝛾 2𝑔
𝑝𝑉
𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = 𝐸2 −
𝛾
𝑝𝐴𝑇𝑀 − 𝑝𝑉
𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 = − 𝐻𝑆 − Δ𝐻𝑆
𝛾
No caso de Bomba afogada o valor de 𝐻𝑆 é negativo.

Caso:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷 > 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑅𝐸𝑄

Não ocorrerá cavitação.


5. Transientes Hidráulicos
A operação de sistemas de transporte de água, em determinadas situações, pode se
afastar do Movimento Permanente Uniforme. O Início e Parada de funcionamento de uma
bomba, Flutuações de Demanda e/ou Alimentação dos Sistemas, mau funcionamento dos
equipamentos, dentre outros tendem ao Regime variável.
O Golpe de Aríete é a variação de pressão que ocorre em uma tubulação como
consequência da mudança na velocidade média devido a uma manobra relativamente brusca
dos registros (Melo Porto, 1999). Qualquer mudança da vazão exige que o fluido seja acelerado
ou desacelerado a partir de sua velocidade inicial. Forças são exigidas para tais variações e
ocorrem na forma de pressões hidráulicas transientes.

Escoamento Escoamento
permanente permanente
inicial final

Manobra

A manobra, por exemplo de fechamento de uma válvula, cria a sobrepressão, essa onda
de sobrepressão se propagará por toda a tubulação, o amortecimento ocorre pela perda de carga
na tubulação.
Dimensionamento:
Feito em 4 etapas:
1- Calculo da Celeridade (depende da tubulação);
9900
𝐶= 1
𝐷 2
(48,3 + (𝑘 ∗ 𝑒 ))
2- 2 - Cálculo da Fase da canalização (tempo para a onda de sobrepressão (ou
subpressão) ir e voltar até um dado ponto;
𝐿
𝐹 =2∗𝑡 =2∗
𝐶

3- Cálculo do tipo de fechamento da válvula (rápido ou lento);

Caso o tempo de manobra seja inferior à fase da canalização o fechamento é dito


“rápido” (deve ser evitado), caso a manobra leve mais tempo que a Fase é uma manobra
“lenta”.

4- Estimativa da sobrepressão.
𝑉
𝐻=𝐶∗
𝑔
𝑉
𝐻 =2∗𝐿∗
𝑔∗𝑡
𝑉 1
𝐻 =2∗𝐿∗ ∗
𝑔 ∗ 𝑡 2 ∗ (1 − 𝐿∗𝑉
2 ∗ 𝑔 ∗ 𝑡 ∗ 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 )

Exercício

Uma tubulação que comunica dois reservatórios, um em cota 750 m e outro em cota 723
m tem diâmetro interno de 48 mm e diâmetro externo de 62 mm. O material desta tubulação é
aço. A distância entre os reservatórios é de 400 m.
Um registro, instalado à 50 m do reservatório inferior (mesma cota do reservatório
inferior) foi bruscamente fechado (0,5 s), calcule a sobrepressão. Em seguida calcule a
sobrepressão para uma manobra lenta de 15 s.
Utilize f= 0,022
27 m
R2

RG

350 m 50 m

48 mm 62 mm
6. Canais

O escoamento em canais apresenta duas características que o distingue do escoamento


em condutos forçados, primeiro não possui uma seção definida pela tubulação (possui
superfície livre), o escoamento ocorre apenas devido ao campo gravitacional.
Desta forma em qualquer ponto de análise na superfície não existirá a parcela de pressão
e, portanto, a cota piezométrica é igual a cota geométrica.
Antes de estudarmos a Energia em Canais focaremos nos estudos de Chezy e Manning
que permitem o cálculo da altura do escoamento ou da vazão transporta para diferentes seções
utilizando aspectos geométricos da seção transversal.
Cálculo da altura da lâmina em uma seção transversal
Conforme dito no parágrafo anterior uma das características do escoamento em canais
é a superfície livre, desta forma não possuímos de antemão a área do escoamento, sendo esta
uma componente que precisará ser calculada.

Chezy apresentou a equação que permite o cálculo altura x vazão através da equação:

𝑣 = 𝐶 ∗ √𝑅𝐻 ∗ 𝐴

Onde:

𝑣: é a velocidade do escoamento

𝐶: constante de resistência de Chezy

𝑅𝐻 : é o Raio Hidráulico (já apresentado anteriormente)

𝐴: área do escoamento
O engenheiro irlandês Robert Manning (1891-1895) utilizando dados próprios e de
outros pesquisadores alterou a fórmula para o padrão utilizada com frequência até os dias atuais.
2
𝑄∗𝑛
= 𝑅𝐻3 ∗𝐴
√𝑖
Sendo:

𝑛: rugosidade de Manning (Ganguillet e Kutter, 1969)

𝑖: declividade do canal

Sendo que os valores de 𝑛 são tabelados:


Coeficiente de
Descrição do Material Manning "n"

Canais de chapas com rebites embutidos, juntas perfeitas e águas limpas. 0.011
Tubos de cimento e de fundição em perfeitas condições.
Canais de cimento muito liso de dimensões limitadas, curvas com raios 0.012
longos e água limpa
Canais de cimento liso de dimensões limitadas, curvas com raios médios 0.013
e água não limpa
Canais de cimento liso de dimensões limitadas, curvas com raios 0.014
pequenos e água não limpa
Canais de cimento rugoso, deposto no fundo, musgo nas paredes 0.018
Canais de Alvenaria de pedregulhos bem construídos, sem vegetação e 0.02
curvas de reio longo.
Canais de terra, com vegetação rasteira no fundo e nos taludes 0.025
Canais de terra, com vegetação normal, fundo com cascalhos ou com 0.03
erosões.
Alvéolos Naturais, cobertos de cascalho e vegetação 0.035

Alvenaria de tijolos com argamassa de cimento 0.015

Superfície de cimento alisado 0.012

Superfície de argamassa de cimento 0.015

Tubos em Ferro Fundido sem revestimento 0.014

Tubos de Ferro Fundido com revestimento 0.013

Tubos de Ferro Galvanizado 0.015

Tubos de PVC 0.012

Tubos de PEAD 0.012

Tubos de Concreto 0.015

Para realização destes cálculos é necessário o conhecimento das propriedades


geométricas das seções transversais que em caso de figuras curvas pode se tornar complexa
(matematicamente).
Exercício: Calcular a altura de água em um canal, cuja seção transversal tem a forma da
figura. A vazão é 0,2 m³/s. A declividade longitudinal é 0,0004 m/m. O canal é de cimento as
curvas apresentam raio intermediário e a água não está limpa.
1
1
1,0 m

Eficiência Hidráulica em canais

Ao analisarmos a equação de Manning nota-se que para um valor constante de (𝑖, 𝐴 𝑒 𝑛)


quanto maior for o valor de 𝑅𝐻 , mais eficiente será a seção (terá maior capacidade de
transporte).
Sabe-se que o círculo possui o menor perímetro para uma determinada área, porém
devido a dificuldades construtivas essas soluções só são utilizadas quando se dispõem de
tubulações que possam ser utilizadas (diâmetros reduzidos).
Para canais longos a seção mais utilizada é a trapezoidal ou retangular, cabendo ao
projetista encontrar a solução mais eficiente e viável para cada situação.
Para se determinar para um canal retangular a seção mais eficiente podemos fazer a
seguinte abordagem:

𝐴=𝑏∗𝑦

𝑃𝑚 = 𝑏 + 2 ∗ 𝑦

Portanto:
𝐴
𝑃𝑚 = +2∗𝑦
𝑦

Considerando A uma constante podemos derivar 𝑃𝑚 em relação à y encontrar o ponto


de mínimo.
𝑑𝑃𝑚 𝐴
= − 2+2 =0
𝑑𝑦 𝑦

𝐴
=2
𝑦2
Substituindo:
𝑏
=2
𝑦
Logo para o retângulo a seção de máxima eficiência é ocorre quando a base tem o dobro
da altura da lâmina. Podemos obter essa solução também graficamente.
Vazão em função da relação (b/y) para uma área unitária, n=
0,015 e i=0,001
1.10
1.05
1.00
0.95
Vazão (m³/s)

0.90
0.85
0.80
0.75
0.70
0.65
0.60
0 5 10 15 20
Relação b/y
Perímetro Molhado Largura
Seções Área (A)
(Pm) Superficial (B)

1 1 y (𝑏 + 𝑧 ∗ 𝑦) ∗ 𝑦 𝑏 + 2 ∗ 𝑦 ∗ √1 + 𝑧 2 𝑏+2∗𝑧∗𝑦
z z
b

B
𝐷2 𝑦 𝑦
∗ (8 ∗ arccos (1 − 2 ∗ ) − 4 ∗ (1 − 2 ∗ )
8 𝐷 𝐷 𝑦
𝐷 ∗ arccos (1 − 2 ∗ ) 2 ∗ √𝑦 ∗ (𝐷 − 𝑦)
D 𝑦 𝑦 𝐷
y ∗ (√ ∗ (1 − )))
𝐷 𝐷

𝐵 𝐵
y 𝐵 ∗ (𝑦 − ) 2∗𝑦+ ∗ (√1 + 𝑧 2 − 1) 𝐵
4∗𝑧 𝑧
1 1
z z

B
𝑏 + 𝑦 ∗ (√𝑧12 + 1
1 1 y 𝑏 ∗ 𝑦 + 0.5 ∗ 𝑦 2 ∗ (𝑧1 + 𝑧2 ) 𝑏 + 𝑦 ∗ (𝑧1 + 𝑧2 )
z1 z2
b + √𝑧22 + 1)
Em seções circulares há a opção de utilizar as propriedades geométricas
descritas acima ou do uso da tabela que compara a vazão em comparação com a
vazão em uma seção plena (cálculo trivial).

Seção Circular - Geometria e Hidráulica


y/d A/(Φ^2) Rh/Φ Q/Qp y/d A/(Φ^2) Rh/Φ Q/Qp
0.01 0.0013 0.0066 0.0002 0.51 0.4027 0.2531 0.5170
0.02 0.0037 0.0132 0.0007 0.52 0.4127 0.2562 0.5341
0.03 0.0069 0.0197 0.0016 0.53 0.4227 0.2592 0.5513
0.04 0.0105 0.0262 0.0030 0.54 0.4327 0.2621 0.5685
0.05 0.0147 0.0326 0.0048 0.55 0.4426 0.2649 0.5857
0.06 0.0192 0.0389 0.0071 0.56 0.4526 0.2676 0.6030
0.07 0.0242 0.0451 0.0098 0.57 0.4625 0.2703 0.6202
0.08 0.0294 0.0513 0.0130 0.58 0.4724 0.2728 0.6375
0.09 0.0350 0.0575 0.0167 0.59 0.4822 0.2753 0.6547
0.10 0.0409 0.0635 0.0209 0.60 0.4920 0.2776 0.6718
0.11 0.0470 0.0695 0.0255 0.61 0.5018 0.2799 0.6889
0.12 0.0534 0.0755 0.0306 0.62 0.5115 0.2821 0.7060
0.13 0.0600 0.0813 0.0361 0.63 0.5212 0.2842 0.7229
0.14 0.0668 0.0871 0.0421 0.64 0.5308 0.2862 0.7397
0.15 0.0739 0.0929 0.0486 0.65 0.5404 0.2881 0.7564
0.16 0.0811 0.0986 0.0555 0.66 0.5499 0.2900 0.7729
0.17 0.0885 0.1042 0.0629 0.67 0.5594 0.2917 0.7893
0.18 0.0961 0.1097 0.0707 0.68 0.5687 0.2933 0.8055
0.19 0.1039 0.1152 0.0789 0.69 0.5780 0.2948 0.8215
0.20 0.1118 0.1206 0.0876 0.70 0.5872 0.2962 0.8372
0.21 0.1199 0.1259 0.0966 0.71 0.5964 0.2975 0.8527
0.22 0.1281 0.1312 0.1061 0.72 0.6054 0.2987 0.8680
0.23 0.1365 0.1364 0.1160 0.73 0.6143 0.2998 0.8829
0.24 0.1449 0.1416 0.1263 0.74 0.6231 0.3008 0.8976
0.25 0.1535 0.1466 0.1370 0.75 0.6319 0.3017 0.9119
0.26 0.1623 0.1516 0.1480 0.76 0.6405 0.3024 0.9258
0.27 0.1711 0.1566 0.1595 0.77 0.6489 0.3031 0.9394
0.28 0.1800 0.1614 0.1712 0.78 0.6573 0.3036 0.9525
0.29 0.1890 0.1662 0.1834 0.79 0.6655 0.3039 0.9652
0.30 0.1982 0.1709 0.1958 0.80 0.6736 0.3042 0.9775
0.31 0.2074 0.1756 0.2086 0.81 0.6815 0.3043 0.9892
0.32 0.2167 0.1802 0.2218 0.82 0.6893 0.3043 1.0004
0.33 0.2260 0.1847 0.2352 0.83 0.6969 0.3041 1.0110
0.34 0.2355 0.1891 0.2489 0.84 0.7043 0.3038 1.0211
0.35 0.2450 0.1935 0.2629 0.85 0.7115 0.3033 1.0304
0.36 0.2546 0.1978 0.2772 0.86 0.7186 0.3026 1.0391
0.37 0.2642 0.2020 0.2918 0.87 0.7254 0.3018 1.0471
0.38 0.2739 0.2062 0.3066 0.88 0.7320 0.3007 1.0542
0.39 0.2836 0.2102 0.3217 0.89 0.7384 0.2995 1.0605
0.40 0.2934 0.2142 0.3370 0.90 0.7445 0.2980 1.0658
0.41 0.3032 0.2182 0.3525 0.91 0.7504 0.2963 1.0701
0.42 0.3130 0.2220 0.3682 0.92 0.7560 0.2944 1.0733
0.43 0.3229 0.2258 0.3842 0.93 0.7612 0.2921 1.0752
0.44 0.3328 0.2295 0.4003 0.94 0.7662 0.2895 1.0757
0.45 0.3428 0.2331 0.4165 0.95 0.7707 0.2865 1.0745
0.46 0.3527 0.2366 0.4330 0.96 0.7749 0.2829 1.0714
0.47 0.3627 0.2401 0.4495 0.97 0.7785 0.2787 1.0657
0.48 0.3727 0.2435 0.4662 0.98 0.7816 0.2735 1.0567
0.49 0.3827 0.2468 0.4831 0.99 0.7841 0.2666 1.0420
0.50 0.3927 0.2500 0.5000 1.00 0.7854 0.2500 1.0000

Deve-se notar que a máxima vazão transportada por um conduto circular ocorre quando
a lâmina ocupa 94% da seção ao invés da seção plena. Já a velocidade máxima ocorre quando
a lâmina é de 81% da seção plena.
Para Canais siameses substituir por diversos canais com linhas verticais imaginárias,
essas linhas não devem ser consideradas no perímetro do Canal.
Canais com diferentes rugosidades utilizar a equação:

∑ 𝑃𝑖 ∗ 𝑛𝑖2
𝑛𝐸𝑄 = √
∑ 𝑃𝑖

Exercício: Uma galeria de águas pluviais deverá escoar uma vazão de 450 L/s,
funcionando à seção plena, sem carga de montante. A declividade possível no trecho é de 0,005
m/m. Avaliar qual a tubulação que deve ser utilizada no projeto.
Em seguida calcule qual o diâmetro supondo uma lâmina máxima de 75% do diâmetro.
Diâmetros disponíveis: 0,4; 0,6; 0,8; 1,0;1,2; 1,4 e 2,0 m.
7. Energia em Canais
A equação de Energia utilizada em condutos forçados pode ser aplicada a qualquer tipo
de escoamento, sendo assim aplicando-a no escoamento em canais (superfície) temos:

Plano Horizontal de Referênicia

𝑝 𝑣2
𝐸 =𝑧+𝑦+ +
𝛾 2𝑔

Bakmeteff (1912) estipulou que a equação poderia ser tomada em relação ao fundo do
canal, sendo assim temos:

𝑣2
𝐸 =𝑦+
2𝑔

y V2/2g
A partir desta equação é possível resolver numericamente os problemas de escoamento
em canais.

Estudo de uma seção retangular

Um conceito muito útil no estudo de canais em seções retangulares é o de vazão unitária,


que consiste em encontrar qual a vazão que escoa em uma seção unitária do canal.
𝑄
𝑞=
𝑏
Onde:

𝑞: vazão unitária

𝑄: vazão

𝑏: largura superficial

Desta forma a equação de energia pode ser escrita:

𝑞2
𝐸 =𝑦+
2 ∗ 𝑔 ∗ 𝑦2
Visualiza-se que a energia é a soma aritmética de duas parcelas:

𝑦: reta
𝑞2
: assíntota
2∗𝑔∗𝑦 2

Graficamente temos:
Pelo gráfico podemos observar o ponto de mínima energia, que é o único ponto
associado a uma única energia, essa altura é chamada de altura crítica. Fazendo:

𝑑𝐸 𝑞2
=1−
𝑑𝑦 𝑔 ∗ 𝑦3

𝑑𝐸 𝑞2
=1−
𝑑𝑦 𝑔 ∗ 𝑦3

𝑞2
1− =0
𝑔 ∗ 𝑦𝐶3
𝑔
𝑦3 =
𝑞2
1
𝑔 3
𝑦𝐶 = ( 2 )
𝑞

𝑦 = 𝑦𝐶

Diz-se então que para uma dada energia se a altura da lâmina é maior que a altura crítica
o escoamento é fluvial (subcrítico), e caso seja inferior é torrencial (supercrítico). Portanto para
uma dada energia podem existir duas formas de transporte uma com maior lâmina e mais lenta,
outra com lâmina inferior, porém com velocidade superior (vazão fixa).
Trabalhando na equação:

𝑑𝐸 𝑞2
=1−
𝑑𝑦 𝑔 ∗ 𝑦3
Podemos escrever:
𝑑𝐸
= 1 − 𝐹𝑟 2
𝑑𝑦
Sendo assim:
Se:

𝐹𝑟 > 1: Supercrítico

𝐹𝑟 = 1: Crítico

𝐹𝑟 < 1: Subcritico

No ponto crítico

Substituindo

3
𝐸𝑀𝐼𝑁 = ∗𝑦
2 𝐶

Graficamente:
Diferentes Vazões

Estado Crítico

Altura crítica (yc)

Energia Crítica

Também é possível estabelecer a velocidade crítica:

𝑣𝐶 = √𝑔 ∗ 𝑦𝐶

A importância no estabelecimento da altura crítica é que est permite que tenhamos


informações do escoamento, pois existem situações características onde essa altura ocorre:

1. Altura crítica ocorre na saída de um lago para um canal de forte declividade


2. 0,715 da altura crítica é a lâmina na saída de um lago em um canal de fraca
declividade.

Transições em Canais
7.2.1. Contração ou Alargamento lateral do canal
Situação na qual o canal tem redução na sua largura, como a largura tem alteração o
valor da vazão específica (unitária) irá variar.

𝑄1 = 𝑄2

𝑞1 ∗ 𝑏1 = 𝑞2 ∗ 𝑏2

Com isso temos a mudança nas curvas de vazão e podemos estabelecer:


b1 b2 b1 b2

Contração (planta) Alargamento (planta)

E então:

Alargamento: (b2>b1) Contração: (b2<b1)


Fluvial (subcrítico): y2>y1 Fluvial (subcrítico): y2<y1
Torrencial (supercrítico): y2<y1 Torrencial (supercrítico): y 2>y1

contração alargamento

A máxima contração possível ocorre quando a energia na seção 1 seja a energia mínima
na seção dois, uma contração superior a essa alterará as condições de montante do escoamento.
7.2.2. Alteração no fundo do Canal (degrau)
Diferentemente do que ocorria na alteração lateral do canal, a alteração no fundo irá
modificar a energia no escoamento.
y1 y2
ΔZ

Degrau (corte)

𝐸2 + Δ𝑍 = 𝐸1

Nesta situação a não alteração na largura mantém a vazão específica (unitária) no canal,
com isso permanece-se com uma única curva.

y1
y2
ΔZ

ΔZmáx
yC

y1
y2

Caso ocorra a alteração lateral e de fundo ao mesmo tempo, deve-se somar o efeito das
duas parcelas.

Canais de forma qualquer


Para situações onde a seção não corresponde a uma seção quadrada pode-se estabelecer:

𝑄2
𝐸 =𝑦+
2 ∗ 𝑔 ∗ 𝐴(𝑦)2
Sendo a derivada:

𝑑𝐸 𝑄 2 𝑑𝐴 1
= 1+ ∗ ∗
𝑑𝑦 2 ∗ 𝑔 𝑑𝑦 𝐴2
(Regra da Cadeia)

𝐴 = ∫ 𝐵 ∗ 𝑑𝑦

𝑑𝐸 𝐵
= 1 − 𝑄2 ∗
𝑑𝑦 𝑔 ∗ 𝐴3
Onde:
B: largura Superficial de uma seção de forma qualquer

Na condição crítica:
𝐵
𝑄2 ∗ =1
𝑔 ∗ 𝐴3
8. Ressalto Hidráulico
O Ressalto hidráulico (também chamado de salto hidráulico) é um fenômeno que pode
ocorrer em canais naturais, porém é mais comum em estruturas hidráulicas, como por exemplo
em dissipadores de energia (aproveitam o ressalto para remover energia do escoamento).
O Ressalto hidráulico converte um escoamento torrencial em um escoamento fluvial,
com aumento da lâmina líquida e diminuição da velocidade. No ponto onde o ressalto ocorre a
superfície fica caracterizada por uma turbulência que é mais intensa quanto mais forte o
ressalto.

perda

v12/2g
v22/2g

y1 y2
yC

Para que seja possível ocorrer o ressalto hidráulico é necessário que o escoamento seja
torrencial (lâmina abaixo da crítica)
A determinação entre a altura a montante do ressalto e a jusante não pode ser feita
através de equações de energia, pois não se sabe qual o valor da energia dissipada no ressalto,
para estabelecer as lâminas conjugadas utiliza-se equilíbrio de forças hidrostáticas.

Considerando um canal retangular com vazão específica 𝒒, tem-se:

𝐹1 − 𝐹2 = 𝜌 ∗ 𝑞 ∗ (𝑣2 − 𝑣1 )
𝛾
𝐹1 = ∗ 𝑦2
2 1
𝛾
𝐹2 = ∗ 𝑦22
2
𝑞
𝑣1 =
𝑦1
𝑞
𝑣2 =
𝑦2
Logo:
𝑦2 1
= ∗ (√1 + 8 ∗ 𝐹𝑟12 − 1)
𝑦1 2

Sendo:
𝑣
𝐹𝑟 =
√𝑔 ∗ 𝑦

A perda de carga que ocorre no canal pode ser calculada, fazendo:

Δ𝐸 = 𝐸1 − 𝐸2
Substituindo:
(𝑦2 − 𝑦1 )3
Δ𝐸 =
4 ∗ 𝑦2 ∗ 𝑦1

Exercício: Em um canal de seção retangular, com 2,50 m de largura e com 9,25 m³/s de
vazão, forma-se um ressalto hidráulico. Conhecendo-se a profundidade de montante (0,90 m),
determinar a altura do ressalto. R: 0,47 m. (Azevedo Netto, 1973)

Ressalto em canais com seções quaisquer:


Da mesma forma que na situação anterior o equilíbrio de forças permite estabelecer:

𝑄2 𝑄2
+ ℎ𝐶𝐺 1 ∗ 𝐴1 = + ℎ𝐶𝐺 2 ∗ 𝐴2
𝑔 ∗ 𝐴1 𝑔 ∗ 𝐴2
9. Remanso Hidráulico
Também chamado de fluxo gradualmente variado, é diferente do fluxo uniforme e do
fluxo rapidamente variado (ressalto hidráulico) pois a variação no nível da lâmina ocorre em
grandes distâncias, podendo facilmente se estender por quilômetros.
Duas situações típicas de ocorrência do fenômeno é quando a aumento na lâmina (por
exemplo chegada a um reservatório) ou queda brusca.

Remanso

Remanso

O equacionamento do regime gradualmente variado pode ser estabelecido com auxílio


de equações diferenciais e que podem ser implementadas em métodos numéricos simples.

Equacionamento
Como a declividade de canais apresente valores muito baixos podemos considerar:

𝑦 ∗ cos(𝜃) = 𝑦

Por exemplo, um canal de forte declividade: 0,5% apresenta cos(𝜃) = 0,999975~1


Desta forma podemos considerar a altura da lâmina como a altura vertical a partir da
base do canal.
Em relação ao PHR.

𝐻(𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎) = 𝑧 + 𝐸
𝑑𝐻 𝑑𝑧 𝑑𝐸
= +
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑𝐻
= −𝐼𝑓 :Declividade da linha de energia (transição)
𝑑𝑥

𝑑𝑧
= 𝐼0: Declividade de fundo do canal
𝑑𝑥

Logo:
𝑑𝐸
= 𝐼0 − 𝐼𝑓
𝑑𝑥
Já sabemos que:
𝑑𝐸
= 1 − 𝐹𝑟 2
𝑑𝑦
Novamente, pela regra da Cadeia:
𝑑𝐸 𝑑𝑦 𝑑𝐸
∗ =
𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑𝑦
1 − 𝐹𝑟 2 ∗ = 𝐼0 − 𝐼𝑓
𝑑𝑥
Portanto:
𝑑𝑦 𝐼0 − 𝐼𝑓
=
𝑑𝑥 1 − 𝐹𝑟 2
Sendo:

𝐼𝑓 : Perda de Carga unitária no escoamento

Por Manning:

2
𝑄2
𝐼𝑓 = 𝑛 ∗ 4
𝐴2 ∗ 𝑅ℎ3
Finalmente:

𝑄2
(𝐼0 − 𝑛2 ∗ 4)
𝑑𝑦 𝐴2 ∗ 𝑅ℎ3
=
𝑑𝑥 𝑄2 ∗ 𝐵
(1 − )
𝑔 ∗ 𝐴3
Método Numérico (STEP METHOD):

Considerando a equação diferencial por diferenças finitas (quanto menor a diferença


considerada, mais preciso será o modelo):
Δ𝐸
Δ𝑥 =
𝐼0 − 𝐼𝑓
E2 − 𝐸1
Δ𝑥 =
𝐼0 − 𝐼𝑓

Como é um método numérico convém-se utilizar o ponto médio entre (1) e (2) para o
valor da lâmina:
𝑦1 − 𝑦2
𝑦𝑚 =
2
Com esse valor de lâmina é possível calcular o valor da declividade de fundo e então
tem-se o valor de Δ𝑥 para cada intervalo considerado.

Exercício: Em um canal retangular com 2,40 m de largura e 0,001 m/m de declividade,


o escoamento normal ocorre com uma profundidade de 0,65 m com 1,04 m³/s. Neste mesmo
canal, construiu-se uma pequena barragem de 0,75 m de altura. Determinar o remanso causado.
Obs.: A água verte sobre o vertedor de 2,40 m de largura. (R: 1000 m).
10. Orifícios, bocais e vertedores

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